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Tipos de argumentos e de falacias informais

1.Argumentos não-dedutivos
Existem argumentos dedutivos e não dedutivos:
Os argumentos dedutivos podem ser validos ou inválidos, a sua validade depende exclusivamente da sua
forma logica.
Os argumentos não-dedutivos, podem ser fortes ou fracos, não são detetáveis pela sua forma logica, a
verdade das premissas torna apenas provável a verdade da conclusão.
Dentro dos argumentos não-dedutivos, destacam-se as inferências indutivas.
Existem 2 tipos de inferências indutivas: generalização e previsões.
Generalização
Os A observados são X
Formato do argumento Logo, todos A são X

Critérios- A amostra deve de ser ampla, representativa e diversificada. Não devem de ser omitidos
contraexemplos conhecidos.

Quando estamos perante um mau argumento indutivo, isso significa que foi cometida alguma falácia
informal. Este tipo de falácia não decorre de falhas na forma ou estrutura logica dos argumentos, pelo
contrário, o seu caracter enganador deve-se pelo seu conteúdo.
Falácia da generalização precipitada ou apressada
Acontece quando os indícios de que partimos são insuficientes ou quando ignoramos contraexemplos que
comprometem a conclusão.

Previsão
Os A observados são X
Formato do argumento Logo, o próximo A será X

Critérios- A amostra deve de ser representativa e diversificada. Não devem de ser omitidos contraexemplos
conhecidos.
Falácia da amostra não representativa
Os estereótipos veiculados sobre, por exemplo, alguns povos, etnias ou comunidades são generalizações
muitas vezes formuladas no âmbito das relações socias. Frequentemente, são exemplo de falacias da amostra
não representativa. O facto de uma parte de um grupo social ou étnico partilhar uma característica não
implica que todos os membros desse grupo tenham essa mesma caraterística. Maus trabalhos estatísticos são
também ilustrativos desse tipo de falácia.
2. Argumentos por analogia
Um argumento por analogia baseia-se na comparação entre duas ou mais coisas semelhantes para atribuir a
um deles uma característica observada no outro. Por exemplo, um argumento de analogia como o seguinte
parece bom:
1) O José tem tosse, dor de garganta, febre alta, tremores e suores, dor de cabeça, dor muscular,
cansaço.
2) As pessoas com esses sintomas normalmente têm gripe.
3) Logo, o José provavelmente tem gripe.

A é como B em x e y.
Formato do argumento B inclui z.
Logo, A também inclui z
Critérios- As semelhanças apontadas devem de ser relevantes para a conclusão. Não deve de haver
diferenças importantes entre o que está a ser comparado.
Falácia da falsa analogia
Um mau argumentos por analogia acontece quando as semelhanças observadas não são relevantes para a
característica em causa ou existem diferenças relevantes entre os dois elementos da comparação que não
estão a ser devidamente tidas em conta.
Por exemplo:
1) Tal como os homens, as mulheres também têm pulmões, fígado e rins.
2) Os homens têm próstata.
3) Logo, as mulheres também têm próstata.

3. Argumento de autoridade
Um argumento de autoridade recorre-se à opinião de um perito ou de um especialista para reforçar a
aceitação de uma determinada proposição.
X (uma pessoa ou uma organização que tem obrigação de saber) diz A.
Formato do argumento Logo, A é verdade.

Critérios- As fontes devem de ser citadas; as fontes devem ser qualificadas para o assunto; as fontes devem
de ser imparciais; deverá existir acordo relativamente à informação.
Quando os critérios de construção de um argumento desta natureza não são observados, estamos perante
uma falácia da falsa autoridade.
Por exemplo:
1) Platão é um filosofo de renome e defende que existem almas imortais.
2) Logo, existem almas imortais.
Ainda que Platão seja um especialista competente, há outros especialistas igualmente competentes que
disputam seriamente essa tese sobre a existência de almas imortais. Assim o argumento em questão nãos
satisfaz as condições de um bom argumento de autoridade.
4. Outras falácias informais
Falácia da petição de princípio
A. Logo, A.
Também conhecida como círculo vicioso, a petição de princípio é a falacia que envolve pressupor nas
premissas o que se afirma provar na conclusão, isto é, tomamos por garantido aquilo que, precisamente, está
em causa.
Ex. Tirar a vida de alguém é errado. Logo, matar é imoral.
Falácia do falso dilema
A ou B. Não é A. Logo, B.
Acontece quando se apresenta uma simplificação enganadora das alternativas possíveis e se reduzem as
opções a apenas duas, mutuamente exclusivas, ignorando outras possibilidades.
Ex. Ou és vegetariano ou és carnívoro. Não és vegetariano. Logo és carnívoro.
Falácia da falsa relação causal
B aconteceu depois de A. Logo A é a causa de B.
É um erro indutivo que consiste em concluir que há uma relação de causa-efeito entre dois acontecimentos
A e B que ocorrem sempre em simultâneo ou em que B ocorre imediatamente após A.
Ex. Sempre que o José entra com o pé direito na sala de aula tira positiva no teste de filosofia. Logo, a
positiva que o José tira no teste é causada por entrar com o pé direito.
Falácia de ataque à pessoa (ad hominem)
X afirma A. X tem uma dada característica.
Logo, A é falso.
Procura-se descredibilizar uma determinada proposição ou argumento atacando a credibilidade do seu autor.
Ex. Diz-me para ter paciência com minha esposa, mas é padre.
Falácia do apelo ao povo (ad populum)
A maioria afirma A. Logo, A é verdadeiro.
Consiste em apelar à opinião da maioria ou “ao povo” para se sustentar a verdade de alguma afirmação. O
problema desta inferência é que a maioria das pessoas pode estar equivocada.
Ex. As sondagens indicam que os socialistas vão ter a maioria no parlamento. Logo deves de votar nos
socialistas.
Falácia do apelo à ignorância
Não foi possível provar que A é verdadeiro. Logo, A é falso.
Não foi provado que A é falso. Logo, A é verdadeira.
Consiste em tentar provar que uma proposição é verdadeira porque ainda não se provou que é falsa, ou que é
falsa porque ainda não se provou que é verdadeira.
Ex. Até hoje ninguém conseguiu provar que temos liberdade. Logo, a liberdade é uma ilusão.
Falácia do espantalho
X afirma que A é verdadeiro.
Y transforma A em B e refuta B.
Pretende-se mostrar que se refutou um determinado argumento, ou teoria, através da refutação de uma
versão distorcida e enfraquecida do(a) mesmo(a).
Ex. O evolucionismo afirma que os seres humanos não são diferentes dos macacos. No entanto, os seres
humanos são diferentes dos macacos porque são muito mais inteligentes do que eles. Logo, o evolucionismo
está errado.
Falácia da derrapagem (bola de neve)
Se A, então X. Se X, então Y. Se Y, então Z (consequência inaceitável).
Logo, se A, então Z.
Consiste em tentar mostrar que determinada proposição é inaceitável porque a sua aceitação conduziria a
uma cadeia de implicações com um desfecho inaceitável, quando, na realidade, ou um dos elos dessa cadeia
de implicações é falso ou a cadeia no seu todo é altamente improvável.

Ex. Nunca deves jogar. Uma vez que comeces a jogar verás que é difícil deixar o jogo. Em breve estarás a
deixar todo o teu dinheiro no jogo e, inclusivamente, pode acontecer que te vires para o crime para suportar
as tuas despesas e pagar as dívidas.

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