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Percurso metodológico do

projeto "Itinerário
Terapêutico em serviços de
saúde mental: perspectiva de
usuários e seus familiares"

Beatriz Lie Miyazaki


Profa. Dra. Marina Simões Flório Ferreira Bertagnoli
Laboratório de Pesquisa em Políticas Públicas em Saúde

Apresentação da disciplina Metodologias de


Pesquisa em Psicologia, do PPG em
Psicologia - FFCLRP/USP
Percurso da apresentação

Abordagens
Quantitativa e Pesquisa Abordagens Coleta de Análise Temática
Qualitativa Social Compreensivas Dados Reflexiva

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Pesquisa Objetivo Hermenêutica- Análise de Referências


Qualitativa Dialética Dados
Quanti
x
Quali

Abordagens Quanti e Quali


Quantitativa Qualitativa
Teoria Ponto de partida Ponto final

Seleção Representatividade estatística, Intencional de acordo com


de caso amostragem aleatória fecundidade teórica

Coleta de
Padronizada Aberta
dados

Análise Estatística Interpretativa

Sentido estatístico para a


Generalização Sentido teórico
população

(Flick, 2013)
Pesquisa
Quali

peSQUISA Qualitativa
Pluralização das esferas de vida
Abordagem qualitativa
Limitações da pesquisa quantitativa

Características gerais das pesquisas qualitativas (Flick,


2009)
Apropriabilidade de métodos e teorias
Diversidade de perspectivas
Reflexividade do pesquisador
Variedade de abordagens e métodos

(Flick, 2009)
Pesquisa
Social

A Pesquisa Social

Características da Pesquisa Social para Minayo (2014):


Objeto histórico
Consciência histórica
Identidade entre sujeito e objeto
Caráter ideológico
Objeto essencialmente qualitativo

(Minayo, 2014)
Pesquisa
Social

A Pesquisa Social
"(...) manejar ou criar (ou fazer as
duas coisas ao mesmo tempo) teorias
e instrumentos capazes de promover
a aproximação da suntuosidade e da
diversidade que é a vida dos seres
humanos em sociedade, ainda que de
forma incompleta, imperfeita e
insatisfatória." (p.42-43)

(Minayo, 2014)
Objetivo

OBjetivo

Compreender, pela perspectiva de


usuários de serviços de saúde
mental e de seus familiares, a
vivência do Itinerário Terapêutico
experienciado na busca pelo
cuidado.
Objetivo

Objetivo
Itinerário Terapêutico (IT): processo de busca por
alívio e tomada de decisão que o indivíduo faz diante
do adoecimento
Engloba diversos âmbitos de cuidado (redes formais
de atenção à saúde, espaços comunitários,
religiosos, entre outros)
IT é influenciado pelo contexto sociocultural em que
se dá

(Alves & Souza, 1999)


Objetivo

Objetivo
O objetivo é compreender como é a vivência do Itinerário
Terapêutico pela perspectiva dos usuários e de seus
familiares no percurso dentro da rede formal de serviço de
saúde mental, ou seja, a Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS)
Conhecer o que há de semelhante entre as vivências
destes usuários e familiares e o que está previsto na
proposta da RAPS
Conhecer o que há de singular e específico na
experiência destes usuários e familiares, quais foram
facilitadores e dificultadores no percurso dentro da rede
Ab.
Compreensivas

Abordagens Compreensivas

Fenomenologia Etnometodologia

História de Vida Interacionismo


Simbólico

Estudo de Caso Hermenêutica


Dialética
Crítica à categorização de Minayo: História de Vida e Estudo de
Caso se adequam mais à categorização como procedimentos de coleta
de dados, diferenciando-se das demais teorias citadas, que apresentam
distintas fundamentações teóricas

(Minayo, 2014)
Ab.
Compreensivas

Abordagens Compreensivas

Fenomenologia Etnometodologia

História de Vida Interacionismo


Simbólico

Estudo de Caso Hermenêutica


Dialética

(Minayo, 2014)
Hermenêutica
Dialética

Hermenêutica
Hermenêutica é a arte da interpretação (de textos)
Origem na Grécia Antiga (hermenéia)
Desenvolveu-se em duas correntes: foco em escritos
clássicos e foco em escritos bíblicos
Construção de regras para compreensão, buscando uma
interpretação com validade universal (fragmentação em
interpretação gramatical, histórica, estético-retórica e
de conteúdo)

(Dilthey, 1900/1999)
Hermenêuti
Hermenêutica
ca
Dialética
Dialética

Hermenêutica
Caminha da interpretação literária para compreensão
do mundo histórico (filologia)
Schleiermacher:
Raciocínio circular e limite da interpretação

Particular Todo

(Dilthey, 1900/1999; Minayo, 2013)


Hermenêutica
Dialética

Hermenêutica
Schleiermacher:
Interpretação gramatical e a interpretação
psicológica

A relevância da realidade para a hermenêutica:


liberdade humana X necessidade (liberdade
condicionada pela necessidade)

(Dilthey, 1900/1999; Minayo, 2013)


Hermenêutica
Dialética

Hermenêutica
Compreensão é entendimento
A linguagem nem sempre é transparente em si mesma,
estranhamento;
Compreensão do que é comum e do específico
A categoria básica da compreensão é o senso comum, a
tradição

Compreensão "é a revelação do que 'o outro'


(o 'tu') coloca como verdade" (p. 88)

(Minayo, 2013)
Hermenêutica
Dialética

Dialética
Dialética é a arte do estranhamento e da crítica
Grécia Antiga: método de passagem de um
conhecimento sensível para o conhecimento racional
Hegel: dialética é a forma como a realidade se
desenvolve
Marx: inverte termos de reflexão de Hegel

Dialética é "método de transformação do


real, que por sua vez modifica a mente
criando as ideias" (p.94)

(Minayo, 2013; 2014)


Hermenêutica
Dialética

Dialética
Três princípios da dialética:
Especificidade histórica: nada existe de totalmente
dado, fixo e absoluto, cada coisa é um tornar-se
Totalidade da existência humana: relação
inquestionável entre os fatos econômicos, sociais e
das ideias
União dos contrários: tudo traz em si a sua
contradição

(Minayo, 2013; 2014)


Hermenêutica
Dialética

Hermenêutica-Dialética
Crítica à hermenêutica: a tradição também é espaço da
perpetuação da violência e da dominação social
Crítica à dialética: tendência a desconsiderar a
subjetividade humana
Hermenêutica e dialética se complementam

"Uma análise hermenêutica-dialética busca


apreender a prática social empírica dos indivíduos em
sociedade em seu movimento contraditório" (p.101)

(Minayo, 2013)
Hermenêutica
Dialética

Hermenêutica-Dialética
Limitações da hermenêutica-dialética:
Não é uma análise que pode ser generalizada
A interpretação é limitada pelo seu contexto
histórico e social
A compreensão nunca estará finalizada
Coleta de
dados

Procedimentos de Coleta de dados


Entrevistas semiestruturadas
5 usuários e 5 de seus familiares, usuários dos
serviços especializados da Rede de Atenção
Psicossocial
Idealmente, uma dupla usuário-familiar de cada
unidade (CAPS II, CAPS III, CAPS Ad, Ambulatório de
Saúde Mental)

Diário de campo

(Minayo, 2014)
Análise
de dados

Análise de Dados

Teoria Análise de
Fundamentada Conteúdo
Análise Análise Temática
Fenomenológica
Análise de
Discurso

(Braun & Clarke, 2021)


Análise
de dados

Análise de Dados

Teoria Análise de
Fundamentada Conteúdo
Análise Análise Temática
Fenomenológica
Análise de
Discurso
Coding Reliability
Codebook
Reflexive / Reflexiva

(Braun & Clarke, 2021)


Análise
Temática
Reflexiva

Análise Temática Reflexiva


Teoricamente flexível (≠ ateórica)
Valoriza a subjetividade do investigador
Construção de temas ao fim da análise
Temas: histórias interpretativas e criativas sobre os
dados, construídas a partir das premissas teóricas do
pesquisador, das suas habilidades e recursos analíticos
e dos dados

(Braun & Clarke, 2019)


Análise
Temática
Reflexiva

Etapas da Análise Temática

fase 1: Familiarizando-se fase 4: Desenvolvendo e


com os dados Revisando os temas

fase 5: Refinando,
fase 2: Codificação Definindo e nomeando
os temas

fase 3: Gerando temas fase 6: Produzindo o


iniciais relatório

(Braun & Clarke, 2006; 2023)


Referências

Referências
Alves, P. C. B. & Souza, I. M. A. (1999). Escolha e Avaliação de Tratamento para Problemas de Saúde: considerações sobre o
itinerário terapêutico. In Rabelo, M. C. M., Alves, P. C. B., & Souza, I. M. A. (Orgs), Experiência de doença e narrativa (pp. 125-
138). Editora Fiocruz.
Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101.
http://dx.doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
Braun, V. & Clarke, V. (2019). Reflecting on reflexive thematic analysis. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, 11(4),
589-597. https://doi.org/10.1080/2159676X.2019.1628806
Braun, V. & Clarke, V. (2021). Can I use TA? Should I use TA? Should I not use TA? Comparing reflexive thematic analysis and
other pattern-based qualitative analytic approaches. Counselling & Psychotherapy Research, 21(1), 37–47. https://doi.
org/10.1002/capr.12360
Braun, V. & Clarke, V. (2023, 19 de maio). Doing Reflexive TA. Recuperado de https://www.thematicanalysis.net/doing-reflexive-
ta/
Dilthey, W. (1999). O surgimento da Hermenêutica (Gross, E. & Dreher, L. H., Trads.). Numen: revista de estudos e pesquisa da
religião, 2(1), 11-32. (Trabalho original publicado em 1900)
Flick, U. (2009). Pesquisa qualitativa: por que e como fazê-la. In Costa, J. E. (Trad.) Introdução à pesquisa qualitativa (3ª ed.,
pp. 20-38). Artmed.
Flick, U. (2013). Por que pesquisa social?. In Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes (pp. 15-28). Penso.
Minayo, M. C. S. (2013). Hermenêutica-Dialética como caminho do pensamento social. In Minayo, M. C. S. & Deslandes, S. F.
(Orgs.). Caminhos do Pensamento: epistemologia e método (3ª reimpressão, pp. 83-107). Editora Fiocruz.
Minayo, M. C. S. (2014). O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde (14ª ed.). Hucitec Editora.
Muito obrigada!

beatriz.miyazaki@usp.br
Laboratório de Pesquisa em Políticas
Públicas em Saúde - LAPEPPS

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