Você está na página 1de 21

USP – FFLCH – DLM - Pós-Graduação

FLM 5406-2
Questões Atuais sobre Línguas, Culturas e Políticas
2º Semestre 2022

Questão 2: As Pluralidades Culturais e Linguísticas na Educação:


a construção de sentidos na perspectiva dos Letramentos

Profa Dra Walkyria Monte Mor


Universidade de São Paulo

Projeto Nacional de Letramentos:


Letramentos e Decolonialidade
[Linguagem, Cultura, Educação, Tecnologia]

GT ANPOLL: Transculturalidade, Linguagem e Educação

USP- University of Illinois at UC Pilot Project - Knowledge Exchange and Research:


Literacies and Languages in Teacher Education

Projeto: Tecnologias Digitais, Sociedade e Cultura: Interfaces Educacionais


sob a Perspectiva dos Letramentos – PUCC – USP - UNICAMP
Aula 3
Leituras sugeridas - Aula 3- 18/10/2022
RICOEUR, P. 1978. O Conflito das Interpretações. Introdução: “Existência e Hermenêutica” e Cap. I: “Hermenêutica e
Estruturalismo” (p. 07-68)
KRESS, G. 2010. Multimodality: a social semiotic approach to contemporary communication. Chapter 3: Communication: shaping
the domain of meaning (p 32-53)
MONTE MOR, W. (2021). Os estudos de Kress em foco: gramática visual, construção de sentidos e design. Cadernos de Linguagem e
Sociedade, 22(1), 300–320. https://doi.org/10.26512/les.v22i1.37249 Acesso:
https://periodicos.unb.br/index.php/les/article/view/37249/30243

Outras leituras:
RICOEUR, P. 1977. Da Interpretação. Cap 1: Da Linguagem, do símbolo e da Interpretação. Cap 2: O Conflito das Interpretações. (p
15-40). Cap 3: Método hermenêutico e filosofia reflexiva. (p 41-45)
MONTE MÓR, W., 2006. Reading Dogville in Brazil: image, language and critical literacy. Menezes de Souza (ed) Language and
Intercultural Communication, Special edition: Language, Culture, Multimodality and Dialogic Emergence. London: Multilingual
Matters.
MONTE MÓR, W., 2007. Investigating Critical Literacy at the University in Brazil. Critical Literacies. London:
www.criticalliteracy.org.uk
MONTE MÓR, W., 2008. Critical literacies, meaning making and new epistemological perspectives, Matices en Lenguas Extranjeras
Revista Electronica. Bogota: Universidad Nacional de Colombia http://www.revistamatices.unal.edu.co/numero2.html ISSN
2011-1177.
MONTE MÓR, W, 2007. Linguagem digital e interpretação: perspectivas epistemológicas. Trabalhos em Linguística Aplicada,
volume 46(1). Campinas: Ed. IEL/UNICAMP, p 31-44.
RICOEUR, P. 1978. O Conflito das
Interpretações.
Introdução: “Existência e Hermenêutica” e
Cap. I: “Hermenêutica e Estruturalismo”
(p. 07-68)
O Conflito das Interpretações

“Enfim, o próprio trabalho da interpretação revela um


desígnio profundo: o de superar uma distância, um
afastamento cultural , o de equiparar o leitor a um
texto que se tornou estranho e, assim, incorporar seu
sentido à compreensão presente que um homem
pode obter dele mesmo”

(RICOEUR 1978, p 8)
O Conflito das Interpretações

“Dessa forma, a compreensão histórica põe em jogo


todos os paradoxos da historicidade: como um ser
histórico pode compreender historicamente a
história?
Por sua vez, tais paradoxos remetem a uma
problemática muito mais fundamental:
 como a vida, ao se exprimir, pode objetivar-se?

 Como, ao objetivar-se, elucida significações

suscetíveis de serem retomadas e compreendidas por


outro ser histórico, que supera sua própria situação
histórica?”

(RICOEUR 1978, p 9)
O Conflito das Interpretações

“Encontra-se posto um problema maior [que iremos


descobrir ao término de nossa investigação]:
 o da relação entre a força e o sentido, entre a vida

portadora de significação e o espírito capaz de


encadeá-lo numa sequência coerente.

Se a vida não for originariamente significante, a


compreensão será sempre impossível.”

(RICOEUR 1978, p 9)
O Conflito das Interpretações

Problema Hermenêutico:

“A questão – a que condição um sujeito cognoscente pode


compreender um texto ou a história? – pode ser
substituída pela questão: o que é um ser cujo ser consiste
em compreender? O problema hermenêutico torna-se,
assim, um domínio da analítica desse ser, o Dasein, que
existe compreendendo” (p 9)

Ontologia da compreensão (via curta)- refere-se ao plano


da ontologia do ser finito, para aí encontrar o
compreender; compreender = um modo de ser.

Epistemologia da interpretação (via longa)


O Conflito das Interpretações

A fenomenologia de Husserl e a Hermenêutica


1º Husserl: epistemologia da interpretação – repensada à
luz do objetivismo - significação - intencionalidade
2º Husserl: da Krisis - crítica do objetivismo - “mundo da
vida”, substitui uma epistemologia de interpretação por
uma ontologia da compreensão

Psicanálise: destitui o sujeito como consciência; retoma a


existência do desejo

E, então, Heidegger: edifica/consolida a teoria da


compreensão; reeducação do olhar
O Conflito das Interpretações

Hermenêutica: compreensão de si mesmo mediante a


compreensão do outro; “o enxerto transforma a muda”

Semântica: pode abrigar as significações equívocas,


unívocas (semântica léxica, semântica estrutural);
conceito de verdade ligado ao conceito de método

Reflexão = através da crítica (a reapropriação do Cogito


mediante a decifração de documentos da vida); Cogito e
falso cogito
INTERPRETAÇÃO, ESTRUTURA, HERMENÊUTUCA

Influência do Estruturalismo
na Hermenêutica

Modelo Linguístico - nele há uma inversão entre


sistema e história
Sistema (língua = sistema)
Relação diacronia-sincronia
Nível inconsciente (não reflexivo, não histórico)
Historicismo - compreender = encontrar a
gênese, a forma anterior, as fontes, o sentido
da evolução

3 Historicidades (Estruturalização da História)


 Tempo oculto - acontecimentos fundadores

 Tradição - interpretação viva pelos escritores

sagrados
 Historicidade da hermenêutica - historicidade

da compreensão
INTERPRETAÇÃO, ESTRUTURA, HERMENÊUTUCA
Influência do Estruturalismo
na Hermenêutica

Hermenêutica e tradição – viver e operar o


tempo.
2 temporalidades:
 uma que transmite;

 outra que renova.

Uma terceira, que seria o entrecruzamento das


duas?
(como na concepção ‘origem e suplemento’ de
Derrida?)
INTERPRETAÇÃO, ESTRUTURA, HERMENÊUTUCA
Influência do Estruturalismo
na Hermenêutica

Mito – relato de um tempo


Símbolos – envoltos na confissão do mal, em 3
níveis:
 Simbólico primário (sujeira, pecado, culpa)

 Mítico (Relatos)

 Dogmatismos mitológicos (gnose e pecado

original)
INTERPRETAÇÃO, ESTRUTURA, HERMENÊUTUCA
Influência do Estruturalismo
na Hermenêutica

Tempo fundador: diacronia e sincronia


Linguística sincrônica - ciência dos estados em
seus aspectos sistemáticos
Linguística diacrônica - ciência das evoluções,
aplicada ao sistema
Fonologia – método fonológico (p. 32-3)
Sistema de comunicação - sistema de
parentesco (antropologia)
INTERPRETAÇÃO, ESTRUTURA, HERMENÊUTUCA
- CRÍTICAS –
Interpretação - mantém viva a tradição; tradição não é pacote
fechado que passa de mão em mão

Linguagem – as coisas ditas não têm necessariamente uma


arquitetura semelhante à da linguagem, enquanto instrumento
universal do dizer (p35)

Método - uma opção pela sintaxe, contra a semântica

Estruturalismo - luta da estrutura contra o acontecimento


(desejo de sobrevivência da estrutura anulando a ação da
história)
Coloca o ancestral fora da história; faz da história uma cópia
do ancestral; preserva um sistema

Símbolo – impossibilidade do “denominador comum”; a


polissemia é a sua lei
INTERPRETAÇÃO, ESTRUTURA,
HERMENÊUTUCA
- CRÍTICAS –
Método – opção pela sintaxe contra a semântica

Antropologia estrutural -abriga o conceito de suspeita


apenas quando se transforma em filosofia

O Pensamento Selvagem – é o pensamento da ordem


(inconsciente, como sistema de diferenças, suscetível de
ser tratada objetivamente, “independente do
observador”), mas é um pensamento que não se pensa (p
37)

Inteligência estrutural - só atinge seu nível lógico por


“empobrecimento semântico”; tem algum grau de
inteligência hermenêutica. Ex: homologia entre regras de
casamento e proibições alimentares; comer e casar; jejum
e castidade.
O Problema do Duplo Sentido
Maneiras de tratar o simbolismo – níveis
diferentes

Hermenêutica (textos) vs. Semântica (dos


linguistas)

O nível hermenêutico – problema do sentido múltiplo;


A diversidade das hermenêuticas?
Nas regras internas da interpretação (decifração psicológica;
exegese bíblica; tradição);
trata-se de uma diferença epistemológica
Em hermenêutica, não há enclausuramento do universo
dos signos; abertura; explosão
O Problema do Duplo Sentido
Maneiras de tratar o simbolismo – níveis
diferentes

Hermenêutica (textos) vs. Semântica (dos


linguistas)

Semântica Léxica – problema do sentido múltiplo: polissemia =


conceito sincrônico; em diacronia = mudança de sentido
O Problema do Duplo Sentido
Maneiras de tratar o simbolismo – níveis diferentes

Hermenêutica (textos) vs. Semântica (dos linguistas)

Semântica estrutural– sentido múltiplo (funcionamento


simbólico) = “efeito de sentido”, manifesta-se no discurso,
mas sua razão está em outro plano;
Linguagem-objeto
Linguagem das estruturas elementares
Linguagem dos conceitos operadores
“cientificidade” / “universal”:
1) unidades do discurso, com textos;
2) semântica do léxico, com sentidos da palavra;
3) semântica estruturalista, com constelações sêmicas

Você também pode gostar