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Questões FILOSOFIA:

1. Por que razão é o conhecimento uma relação?


Porque afirmar que conhecemos ou sabemos equivale a dizer que temos consciência
de certos aspetos de uma determinada parte da realidade e, assim sendo, o
conhecimento envolve uma relação entre o sujeito que conhece e o objeto que é
conhecido.

2. Qual destes 3 tipos de conhecimento são diretamente transmissíveis? Porquê?


Apenas o proposicional é transmitido quando o conhecimento é uma proposição
verdadeira, possibilitando ao recetor, um saber idêntico ao emissor.
Por maior que seja o esforço pela transmissão do conhecimento por contacto, o
melhor que se consegue é transmitir algum conhecimento proposicional. A pessoa que
o recebe, só terá conhecimento por contacto quando percecionar a informação pelos
sentidos. Por outro lado o conhecimento prático só é possível quando o executamos e
nunca antes.

3. Sem crença, haverá conhecimento?


Não, pois não faz qualquer sentido dizer que se sabe algo no qual não se acredita.

4. As proposições verdadeiras ligam o sujeito cognoscente com a realidade de modo


adequado?
Sim, pois, visto que o conhecimento é factivo, só se podem conhecer factos.
Uma proposição que não corresponda aos factos nunca pode constituir conhecimento.

5. Será que para termos conhecimento é suficiente ter uma crença verdadeira?
Porquê?
Não, porque podemos acreditar numa proposição verdadeira por mero acaso, não
constituindo isso conhecimento.
Para que essa crença pudesse constituir-se como conhecimento seria necessário que,
para além de ela ser verdadeira, tivéssemos boas razões para acreditar nela.
6. A justificação é condição suficiente para o conhecimento? Porquê?
Não, porque ter uma justificação para acreditar em algo significa que é apenas racional
fazê-lo, mas nalgumas situações, pode ser racional acreditar numa falsidade.
Visto que o conhecimento é factivo, uma crença só se constituirá como conhecimento
se, para além de estar justificada, for verdadeira.

7. O que significa afirmar que a justificação é um conceito normativo?


Porque para além de descrever as coisas como são e em que acreditamos, sugere
aquilo em que devemos acreditar.
Isto significa que quando temos boas razões para acreditar numa proposição, temos o
dever epistemológico de acreditar nela, ainda que se venha a revelar falsa, e de a
rejeitar, ainda que verdadeira, se não houver boas razões para nela acreditar.

8. Que tese defende Gettier no artigo – É a Crença Verdadeira Justificada,


Conhecimento? - Porquê?
Sustenta-se que a crença verdadeira justificada, não é conhecimento. Porque pode
acontecer que tenhamos crenças verdadeiras justificadas, sem que isso seja
conhecimento.
Crença – justificação – verdade – são dimensões que se revelam insuficientes para a
definição do conhecimento.

9. O facto de um relógio parado estar certo duas vezes por dia, constitui um
contraexemplo de Gettier? Porquê?
Sim, porque alguém que ignore o facto de ter o relógio parado às 12H00 do dia
anterior pode, por acaso, usar, o mesmo para consultar as horas, ao meio-dia,
formando injustificadamente, com base na informação dada pelo mostrador do
relógio, a crença verdadeira de aquela informação é certa.

10. O que se entende por “cético” em filosofia?


Um cético é alguém que desafia a nossa pretensão de que sabemos, com certeza, seja
o que for, pondo em causa a possibilidade do conhecimento.

11. O que significa suspender o juízo?


Significa abster-se de ajuizar quanto à verdade ou falsidade de uma proposição.
12. Distingue ceticismo radical de ceticismo moderado.
Enquanto o ceticismo radical põe em causa a possibilidade de todo e qualquer
conhecimento, o moderado limita o ceticismo a certos tipos ou domínios do
conhecimento – Deus.

13. Qual a diferença entre ceticismo positivo e negativo?


O Positivo é aquele que perspetiva a ideia de que existem boas razões / argumentos
que nos levam a acreditar que o conhecimento não é possível. O Negativo é aquele
que se limita a refutar toda e qualquer tentativa de demonstrar que sabemos alguma
coisa.

14. O que é uma cadeia de justificações?


É um encadeamento de crenças que se justificam sucessivamente umas às outras.

15. Por que razão se diz que quando tentamos justificar as nossas crenças caímos
numa cadeia de justificações?
Porque justificamos as nossas crenças com base noutras, mas para que estas sirvam de
justificação, precisam, também elas, de estar justificadas por outras crenças e assim
sucessivamente.

16. Em lógica formal, em que consiste um trilema destrutivo?


Em lógica formal, um trilema destrutivo é uma forma argumentativa que assume a
existência de 3 possibilidades alternativas – p, q, r.
Uma vez que todas elas implicam a negação de uma quarta proposição – s – conclui-se
validamente que essa negação é verdadeira.

17. Segundo alguns céticos com que alternativas somos confrontados quando
iniciamos uma cadeia de justificações?
1. Ou a cadeia de justificações termina arbitrariamente numa crença injustificada –
porque sim;
2. Ou volta-se para si mesma de modo viciosamente circular – A justifica-se com B, B
com C e C com A;
3. Ou regride infinitamente – A justifica-se com B, B com C, C com D e assim
sucessivamente.
18. Por que razões essas alternativas conduzem à suspensão do juízo?
Porque:
1. Nenhuma crença injustificada serve seja para o que for;
2. Nenhuma justificação circular é eficaz porque aquilo que pretende justificar está a
ser usado na própria justificação;
3. Nenhuma cadeia infinita de justificações pode ser abarcada por seres limitados
como nós, pelo que um encadeamento infinito de justificações não serve para justificar
coisa alguma.

19. Formula o argumento cético da regressão infinita.

1. As crenças justificam-se com base noutras crenças;


2. Se assim é, então caímos numa cadeia de justificações;
3. Se assim é, ou:
a) Paramos arbitrariamente numa crença injustificada;
b) Ou voltamos a um ponto anterior da cadeia de modo viciosamente circular;
c) Ou regredimos infinitamente.
4. Se a) então as crenças não estão justificadas;
5. Se b) então as crenças não estão justificadas;
6. Se c) então as crenças não estão justificadas.
7. Logo, as crenças não estão justificadas;
8. Se as crenças não estão justificadas, não temos conhecimento;
9. As crenças não estão justificadas;
10. Logo, não temos conhecimento.

20. Por que razão alguns autores consideram que o ceticismo é autorrefutante?
Porque é contraditório afirmar que sabemos que o conhecimento não é possível.
Afinal, se isso fosse verdade, nem o que se acaba de dizer seria possível.

21. Será que temos boas razões para rejeitar o ceticismo com base na ideia de que
esta perspetiva é autorrefutante?
Não, pois o cético pode sempre afirmar que não se compromete com a crença de que
o conhecimento é impossível, suspendendo o juízo relativamente a todos os assuntos,
inclusive sobre o problema da possibilidade do conhecimento.
22. Segundo Russell, é possível apresentar alguma justificação para a suspensão
global do juízo? Porquê?
Não, porque qualquer argumento a favor da suspensão global do juízo tem de se
apoiar noutra crença, mas se suspendermos o juízo em relação a todas as crenças em
simultâneo, não poderemos apoiar-nos em crença alguma.
Logo, não podemos argumentar a favor da suspensão global do juízo.

23. Por que razão David Hume considera que a adoção de um ceticismo extremo
teria consequências práticas inaceitáveis?
Hume considera que um ceticismo extremo teria consequências práticas inaceitáveis
pois, se puséssemos permanentemente em causa certas ideias que no dia-a-dia
assumimos como garantidamente verdadeiras, acabaríamos por nos sentir incapazes
de tomar decisões ou de agir.

24. Qual das premissas do argumento cético é rejeitada pelos fundacionalistas e


porquê?
Os fundacionalistas rejeitam a primeira premissa do argumento cético da regressão
infinita porque acreditam que nem todas as nossas convicções se justificam com base
noutras crenças. É que existem crenças de tal modo evidentes que podemos
considerar que se justificam a si mesmas.

25. Distingue crenças básicas de crenças não básicas.


As crenças básicas ou fundacionais são autoevidentes e, como tal, não precisam de ser
justificadas por outras.
Ex: Eu existo / Estou a ter a experiência de estar a comer um gelado / 5X4=20.

As crenças não básicas não são autoevidentes, são antes inferidas a partir de outras
crenças, com base nas quais se justificam.
Ex: Existem outras mentes para além da minha / O meu livro de Filosofia tem 288
páginas / Para aprender a tocar piano preciso treinar muito.

26. Por que razão os fundacionalistas consideram que o trilema subjacente ao


argumento cético é um falso trilema?
Os fundacionalistas consideram que tal trilema é um falso trilema porque existe uma
possibilidade que não está a ser considerada – a de que as cadeias de justificações
podem desembocar numa crença básica que, justificando-se a si própria, não precisa
de ser justificada por outras crenças.
27. Em que consiste o COGITO?
O COGITO corresponde à crença – Penso, logo Existo. Esta crença possui características
muito peculiares, pois aparentemente sua verdade não pode ser posta em causa com
consistência. Quem quer que se interrogue acerca da veracidade do COGITO tem
justificação para acreditar nele.

28. Em que medida representa o COGITO um triunfo sobre o Ceticismo?


O COGITO é uma crença básica que não precisa de justificação a partir de outras
crenças, sendo tida como a primeira evidência para a construção do conhecimento.
Assim, por mais extremas que sejam as dúvidas existirá sempre, segundo Descartes,
uma coisa que saberemos com toda a certeza - EXISTIMOS.

29. É a certeza do COGITO suficiente para restaurar a nossa confiança nos sentidos?
Não, pois a única coisa que o COGITO garante é que existimos enquanto RES
COGITANS, mas não oferece nem garantias da existência da realidade sensível, nem
que as nossas experiências percetivas sejam fiáveis.

30. Em que consiste o dualismo cartesiano?


O dualismo cartesiano é a perspetiva de que existem duas esferas da realidade de
natureza diferente – uma física (corpórea) e outra imaterial (mente).
O dualismo sustenta que a essência do homem não é de natureza física, nem se
identifica com o corpo; mas sim com a natureza mental (mente / alma).

31. Qual é o critério de verdade adotado por Descartes?


É a clareza e a distinção. Se não puder estar certo daquilo que concebo clara e
distintamente, então não posso estar certo do COGITO.
Mas como posso estar certo do COGITO, posso estar certo daquilo que concebo clara
e distintamente.

32. Qual a solução apresentada por Descartes para o problema da indistinção vigília-
sono?
Descartes considera este problema afastado porque:
a) Se concebermos as coisas de modo claro e distinto, a sua verdade está assegurada
ainda que estejamos a dormir;
b) Dado que Deus existe e o Génio Maligno é expulso, podemos recorrer à memória
para determinarmos se estamos ou não a dormir. As memórias que temos acordados
articulam-se com as restantes memórias;
c) Nos sonhos é frequente acontecerem coisas demasiado
insólitas para serem reais.

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