Você está na página 1de 5

Argumentos e Falácias Informais

1.Argumentos indutivos:

Um argumento diz-se indutivo quando algo que está para além do conteúdo das premissas é
de alguma forma apoiado por elas ou é provável em consequência destas.

As inferências indutivas são sempre extrapolações: a conclusão ultrapassa as premissas, no


sentido em que a verdade conjunta das premissas não garante a verdade da conclusão.

É sempre logicamente possível, mesmo quando é improvável, que as premissas sejam


verdadeiras e a conclusão falsa.

Generalização e previsão são dois casos particulares de argumentos indutivos.

Alguns A são X.
Generalização
Logo, todos os A são X.
Dois
tipos Previsão
No passado ocorreu X.
Logo, no futuro ocorrerá X.

Exemplos:

Generalização: Até hoje não foram observados lobos que não fossem
carnívoros. Logo, todos os lobos são carnívoros.

Previsão: Até hoje não foram observados lobos que não fossem carnívoros.
Logo, o próximo lobo que observarmos será carnívoro.

Força dos argumentos indutivos:


Para garantirmos que os argumentos indutivos são fortes, isto é, para
acautelarmos que o vínculo que une premissas e conclusão está baseado num
forte grau de probabilidade:
-A amostra deve ser ampla.
-A amostra deve ser relevante, representativa do universo em questão.
-A amostra não deve omitir informação relevante.
2.Argumentos por analogia:
A inferência por analogia decorre do estabelecimento de uma relação entre o
que se pretende argumentar e um elemento que se vai procurar a outra
dimensão do real. Pode ser um tipo de argumento extremamente persuasivo,
principalmente quando aquilo que se pretende estabelecer na conclusão é do
domínio do complexo ou invisível. Argumentar por analogia é argumentar que,
uma vez que A e B são idênticos em alguns aspetos conhecidos, então sê-lo-ão
também noutros.
A é como B em x e y. B inclui z. Então A também inclui z.
Exemplo: cabo que liga a pessoa ao barco no ski aquático é resistente e fiável,
conseguindo suportar muito peso durante bastante tempo.
O fio de pesca é como o cabo que liga a pessoa ao barco no ski aquático.
Logo, o fio de pesca é resistente e fiável, conseguindo suportar muito peso
durante bastante tempo.

Força dos argumentos por analogia:

Argumentar por analogia pode parecer, à primeira vista, uma forma de


raciocínio segura, mas para que um argumento por analogia possa ser
considerado forte devemos poder responder afirmativamente às duas
primeiras perguntas do conjunto que se segue e negativamente à terceira.
As semelhanças apontadas são relevantes para a conclusão?
A comparação tem por base um número razoável de semelhanças?
Não haverá diferenças importantes entre o que está a ser comparado?

3.Argumentos de autoridade:

Uma vez que a vida é demasiado breve e as nossas capacidades intelectuais são
limitadas, não nos é possível investigar e descobrir tudo sozinhos. Somos, por
isso, frequentemente levados a argumentar apoiando-nos no trabalho e
opinião de especialistas. Sem eles ser-nos-ia impossível reunir toda a
informação e conhecimento que temos sobre o nosso mundo.
X (uma pessoa ou uma organização que tem obrigação de saber) diz A. Logo, A
é verdade.

Exemplo: De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a menos


que façamos algo imediatamente, o tigre estará extinto em 2022 (em 1998 a
população de tigres em liberdade rondava os 7600 indivíduos; no início da
década, o número de tigres em liberdade caiu para menos de metade). Logo, é
seguramente verdade que, caso não façamos alguma coisa, o tigre estará
extinto no início da próxima década.

Força dos argumentos de autoridade:


Para que um argumento de autoridade possa ser considerado forte:
As fontes devem ser citadas.
As fontes devem ser qualificadas para a afirmação.
As fontes devem ser imparciais.
Deverá existir acordo relativamente à informação.

Falácias:
O que é uma falácia informal?
Uma falácia é um erro de raciocínio, intencional ou não, associado ao
conteúdo das proposições do argumento ou a deficiências de linguagem.
Geralmente o erro não é óbvio. Um argumento pode ser formalmente válido e
ainda assim incluir uma falácia informal.

Tipos de falácias:

Falácia da generalização precipitada: mostrar banda desenhada feita pelos


alunos

Falácia da amostra não representativa: mostrar banda desenhada feita pelos


alunos

Falácia da falsa analogia: mostrar banda desenhada feita pelos alunos

Falácia da falsa autoridade: mostrar banda desenhada feita pelos alunos

Ad hominem: Consiste em atacar pessoalmente o opositor e não as suas


afirmações.
X afirma A. X tem alguma característica reprovável. Logo, A é falso.
Exemplos: discussões políticas e debates jurídicos.

Apelo à ignorância: Consiste em argumentar que uma afirmação é verdadeira


(ou falsa) só porque não se mostrou o contrário.
Ninguém provou que A é falso. Logo, A é verdadeiro.
Ninguém provou que A é verdadeiro. Logo, A é falso.
Exemplo: Nenhum dos argumentos a favor da existência de Deus é
indiscutivelmente sólido; logo, deus não existe
Petição de princípio: Consiste em usar implicitamente a conclusão do
argumento como premissa.
A. Logo, A.
Exemplo: “Sócrates quando discursa não mente. Sócrates está a discursar neste
momento. Logo, Sócrates diz a verdade”:

Falso dilema: Consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas.


Ou A ou B (ignorando-se outras alternativas). Não é A. Logo, B.
Muito comuns na política. “Ou votam em mim ou será o caos”, “Ou temos
armas nucleares ou corremos o risco de ser atacados”.

Derrapagem ou bola de neve: Consiste em assumir que se dermos um


pequeno passo numa dada direção, não conseguiremos evitar ser conduzidos a
um passo muito mais substancial na mesma direção.
X defende a posição A. Y encadeia de forma exagerada consequências que
podem resultar se se aceitar A.
Exemplo: se não praticarmos desporto, engordamos. Se engordamos
desenvolvemos problemas de saúde (diabetes, etc), estaremos condenados a
ter pouca qualidade de vida, acabando por morrer…

Boneco de palha ou espantalho: Consiste em caricaturar uma opinião oposta


para que assim seja mais fácil refutá-la.
X defende a posição A. Y apresenta a posição B (que é uma perspetiva
distorcida da posição A). Y ataca a posição B. Logo, A é falso/incorreto.
Exemplo: contra um oponente que se apresenta como defensor da preservação
de uma floresta começa-se por enfraquecer a sua posição apresentando-a
como o desejo d e converter todo o planeta num lugar exclusivamente natural
onde não há lugar para a industrialização. Este boneco de palha, anunciado
como se fosse de facto a posição defendida pelo oponente, é seguidamente
derrubado sem grande esforço argumentativo.

Falsa relação causal: consiste em concluir que há uma relação de causa e efeito
entre dois acontecimentos que ocorrem sempre ao mesmo tempo ou que em
que A ocorre imediatamente após B

Exemplo:
(A) Sempre que a Maria entra com o pé direito na sala de aula tira boa nota a
Filosofia
(B) Logo, a positiva que a Maria tira no teste é causada por entrar com o pé
direito

Ad populum: consiste em apelar à opinião da maioria, para se sustentar a


verdade de alguma afirmação
(A) A maioria das pessoas vota nos grandes partidos políticos
(B) Logo, não deves desperdiçar o teu voto noutro partido

É o falso argumento do “voto útil”, muito comum entre as forças partidárias maiores,
na altura da campanha eleitoral.

A Professora: Ana Oliveira

Você também pode gostar