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Argumentação

e Retórica

A tua vez, Jonathan Wolstenholme, 2003


Argumentar e Demonstrar

“é tão errado pedir demonstrações a um orador como aceitar


argumentos meramente persuasivos de um matemático”

Distinção entre axiomas e teoremas:

 Demonstrar um teorema é mostrar que ele é uma consequência lógica dos axiomas e dos teoremas
anteriormente demonstrados.

 O orador tem de saber falar e isso requer que ele possua diversas capacidades. Entre elas encontra-
se a capacidade de argumentar. Para ser bem-sucedido, o orador precisa de conseguir persuadir a sua
audiência, ou uma grande parte dela, daquilo que defende — e um dos elementos fundamentais para
isso consiste em apresentar razões convincentes que justifiquem a sua proposta.
Da Retórica à Teoria da Argumentação

 Retórica:

 A arte de bem falar ou de persuadir através do discurso.


 A arte de bem falar ou a arte de persuadir através do discurso.

 Os meios de persuasão:
 êthos, ou persuasão pelo caráter.
 pathos, ou persuasão pela emoção.
 logos, ou persuasão pelo argumento.

 Argumentar a partir de “opiniões reputadas”:


 Entimema: argumento com uma ou mais premissas suprimidas.
Dedução e Indução

 Do ponto de vista dedutivo, os argumentos são válidos ou inválidos;


 Do ponto de vista indutivo, os argumentos são fortes ou fracos.

 Um argumento dedutivamente inválido pode ser indutivamente forte.

 A nossa mente, quando contempla um conjunto de proposições, tem uma capacidade para
deduzir, quer dizer, para procurar proposições que sejam consequências necessárias do
conjunto inicial, e tem também uma capacidade para induzir, quer dizer, para procurar
proposições que sejam consequências prováveis do conjunto inicial.
Generalização Indutiva

 Numa generalização indutiva, parte-se de premissas que dizem que alguns objetos (isto é,
uma amostra) de uma classe tem uma propriedade, e conclui-se que todos os objetos dessa
classe (isto é, a população) tem a mesma propriedade. Como a amostra é apenas uma parte da
população, a conclusão é mais geral do que as premissas. Eis um exemplo simples de
generalização:

(1) TODOS OS CISNES QUE ATÉ HOJE SE OBSERVARAM SÃO BRANCOS.


(2) TODOS OS CISNES SÃO BRANCOS.
Generalização Indutiva

 Para uma generalização ser forte, há três condições que tem de ser satisfeitas:
 A amostra tem de ser representativa.
 A amostra não pode ser demasiado pequena.
 A amostra tem de estar bem estudada.

 Previsão Indutiva:
Numa previsão indutiva, também se parte de uma amostra que foi observada ou estudada, mas desta
vez para inferir uma conclusão a respeito do futuro. Eis um exemplo simples de previsão:

(1) TODOS OS CISNES QUE ATÉ HOJE SE OBSERVARAM SÃO BRANCOS.


 (2) O PRÓXIMO CISNE QUE OBSERVARMOS SERÁ BRANCO.
Argumentos por Analogia

 Argumento por analogia: argumentação em que se conclui que um objeto tem uma
propriedade, porque objetos semelhantes a ele tem essa propriedade.

(1) AS TUAS REAÇÕES QUANDO BATO COM O MARTELO NO TEU DEDO SÃO MUITO SEMELHANTES ÀS
QUE EU TENHO QUANDO SINTO UMA DOR INTENSA.
 (2) TU SENTES UMA DOR INTENSA QUANDO BATO COM O MARTELO NO TEU DEDO.

 Para avaliar se uma analogia é forte, precisamos de examinar se as semelhanças entre os objetos
comparados são suficientemente grandes, numerosas e relevantes para justificar a conclusão.
Argumentos de Autoridade

 Argumento de autoridade: argumentação em que se usa como premissa a opinião de um


especialista num certo assunto.

(1) SEGUNDO EINSTEIN, A MASSA DOS CORPOS ENCURVA O ESPAÇO-TEMPO AO SEU REDOR.
 (2) A DISTÂNCIA MAIS CURTA ENTRE DOIS PONTOS NÃO É UMA LINHA RETA.

 Este argumento é satisfatório, porque, de facto, Einstein é um grande físico teórico, autor da teoria
da relatividade, que refutou a explicação newtoniana da gravidade e propôs outra explicação que foi
reconhecida como melhor e com uma aplicação mais ampla.

 O apelo a uma autoridade cognitiva pode, todavia, ser usado de forma abusiva. Um argumento de
autoridade que invoque as opiniões de Einstein acerca destes assuntos não é em geral aceitável, pois
a sua autoridade cognitiva deriva dos seus conhecimentos superiores em questões de física. Einstein
não é especialista em economia ou em educação e, por isso, as suas ideias a este respeito não
possuem nenhuma credibilidade especial.
Falácias Informais

 Falácia Informal: um argumento incorreto, por razões de conteúdo, mas que pode parecer
correto.

 Petição de Princípio: argumentação falaciosa, em que se pretende mostrar que uma proposição é
verdadeira, partindo de premissas que incluem essa mesma proposição (ainda que expressa por
outras palavras).
Falso Dilema

 Falso dilema é uma falácia que ocorre quando alguém argumenta a partir de uma
disjunção P OU Q que apresenta duas opções em alternativa como se elas esgotassem
todas as possibilidades, quando, na realidade, há outras possibilidades.

Exemplo:
O RAIMUNDO DIZ SEMPRE A VERDADE OU É MENTIROSO.
ORA, ELE NÃO DIZ SEMPRE A VERDADE.
LOGO, É MENTIROSO.
Apelo à Ignorância

 Apelo à ignorância: argumentação falaciosa, em que se pretende mostrar que uma


proposição é verdadeira, partindo de premissas que dizem que não há provas de que ela
seja falsa.

Exemplo:

NÃO ESTÁ PROVADO QUE NÃO HAJA VIDA DEPOIS DA MORTE.


LOGO, HÁ VIDA DEPOIS DA MORTE.
Ad Hominem

 Ad hominem: argumentação falaciosa, em que se pretende mostrar que uma


proposição é falsa, atacando a pessoa que a defende.

Exemplo:
Boneco de Palha

 Boneco de palha: argumentação falaciosa, em que se distorce a perspetiva do


oponente para conseguir refuta-la mais facilmente. Acaba-se por criticar algo que
ninguém defende.

Exemplo:
Derrapagem

 Derrapagem: argumentação falaciosa, em que se usa como premissa o princípio de que uma
certa diferença entre duas coisas é demasiado pequena para ser significativa e, depois, se aplica esse
princípio, repetidamente, ao longo de uma série, chegando assim, por meios razoáveis, a uma
conclusão absurda. Chama-se assim porque, uma vez iniciado o processo, é difícil pará-lo a meio.

Exemplo:

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