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AULA 8

LINGUAGEM JURÍDICA:
ARGUMENTAÇÃO
Professor: Vicente Mota de Souza Lima
O que é argumentação?
Argumentação consiste em uma atividade discursiva (falada ou
escrita) utilizada no intuito de influenciar determinado interlocutor
por meio de argumentos. Os argumentos demandam uma
estrutura composta por:

a) apresentação e organização de ideias

b) estruturação do raciocínio em defesa de um ponto de vista


(tese).

A argumentação, nesses termos, pode ser entendida como um


processo em que, em diferentes contextos, o indivíduo precisa
defender uma tese e persuadir o seu interlocutor.
CARACTERÍSTICAS PECULIARES DO ARGUMENTO
• Em primeiro lugar, usamos argumentos quando temos
que justificar a verdade de determinada crença.
• Nesse ato de justificação, apresentamos razões sobre as
quais se sustenta a verdade dessa crença.
• Assim, procuramos dar convicção a outra pessoa ou a
nós mesmos de que a crença justificada é verdadeira.
Elementos do argumento
Um argumento é formado por dois componentes apenas. Em
primeiro lugar, um argumento está formado por um conjunto de
premissas. As premissas de um argumento são as razões de que
lançamos mão no ato de justificação. Um argumento geralmente
possui duas ou mais premissas (uma demonstração matemática,
por exemplo, frequentemente possui dezenas de premissas!), mas
também pode ser o caso de encontrarmos um argumento que
possui apenas uma premissa. Além disso, um argumento está
formado por uma conclusão. A conclusão é justamente a crença cuja
verdade queremos justificar.
Notemos, contudo, que, se por um lado um argumento pode
conter mais de uma premissa, ele sempre contém apenas uma
única conclusão.
Como saber quais são as premissas de um argumento
e qual é a sua conclusão?”
Ora, é possível aprender a reconhecer as premissas e conclusão de
um argumento seguindo algumas regras bastante simples. No
português existem certas palavras cuja função gramatical é
precisamente indicar quando estamos diante de uma conclusão ou de
uma premissa.

vejamos uma lista de expressões indicadoras de conclusão:


“Portanto”
“Logo”
“Dessa forma”
“Por conseguinte”
“Assim”
Por outro lado, temos também expressões que indicam a presença
de premissas. Algumas dessas expressões estão apresentadas na
seguinte lista:

“Porque”
“Pois”
“Isso se segue de”
“a razão é que”
Tipos de argumento:

dedutivo;
 indutivo;
 abdutivo;
 por analogia.
O argumento dedutivo
ARGUMENTO DEDUTIVO: é válido quando suas premissas,
se verdadeiras, a conclusão é também verdadeira. Ou seja, a
conclusão se segue necessariamente das premissas, Assim, suas
premissas dão absoluta convicção de que a conclusão é
verdadeira.

Premissa : "Todo homem é mortal."


Premissa : "João é homem."
Conclusão : "João é mortal."
Fundamentalmente, argumentos dedutivos são argumentos em
que a conclusão se segue necessariamente das premissas. Desse
modo, no exemplo acima, se aceitamos as premissas dos
argumentos necessariamente devemos aceitar a sua conclusão.
Argumento Indutivo
ARGUMENTO INDUTIVO: a verdade das premissas não basta para
assegurar a verdade da conclusão, mas apenas provavelmente.
Nesse sentido, costuma-se dizer que os argumentos indutivos são
produto de uma “generalização”, na medida em que sua conclusão se
baseia na expectativa de que as coisas continuarão ocorrendo tal como
ocorreram nos casos verificados. A seguir podemos ver qual é a
estrutura básica de um argumento indutivo.

Premissa : "É comum após a chuva ficar nublado."


Premissa : "Está chovendo."
Conclusão: "Ficará nublado.“
O argumento Abdutivo
ARGUMENTO ABDUTIVO: O argumento abdutivo, por sua vez,
constitui um caso de argumento por “suposição”. Nesse tipo de
argumento, de saída já possuímos a conclusão, de modo que o
processo argumentativo consiste em buscar uma premissa que
justifique a conclusão dada.
Consideremos o seguinte exemplo:
Conclusão: a rua estava molhada hoje de manhã.
Premissa (obtida por abdução): mas é possível que tenha chovido
ontem, e isso justifica a rua estar molhada hoje pela manhã.
O argumento Abdutivo

Notemos que a premissa obtida por abdução é plausível,


mas não podemos ter confiança absoluta que ela é verdadeira.
Nesse sentido, tal como no caso dos argumentos indutivos, os
argumentos abdutivos não têm o caráter de necessidade
encontrado nos argumentos dedutivos. Argumentos abdutivos
são usados principalmente em investigações, assim você pode
encontrar bons exemplos de argumentos abdutivos lendo boas
histórias de detetive.
O argumento Analógico
ARGUMENTO ANALÓGICO: Como o seu nome revela, a
estrutura de um argumento analógico baseia-se em analogias.
Analogia é um tipo de semelhança que duas ou mais coisas
podem manter entre si.
Vejamos a seguir um exemplo de argumento analógico:

Toda pessoa possui o direito constitucional à propriedade.


Ora, empresas são como pessoas.
Logo, toda empresa tem o direito constitucional à propriedade

No quadro a seguir, indicamos as principais características dos


quatro tipos de argumentos apresentados ANTERIOMENTE:
Tipo de Argumento Principais características

1) Dedutivo Suas premissas justificam de modo absoluto


a conclusão.

2) Indutivo Suas premissas não justificam de modo


absoluto a conclusão, mas apenas com certo
grau de probabilidade. A passagem das
premissas para a conclusão envolve um
procedimento de “generalização”.

3) Abdutivo Esse processo argumentativo consiste em,


dada certa conclusão, obter uma ou mais
premissas faltantes no argumento. Esse
processo de argumentação também envolve
certo grau de probabilidade.

3) Analógico Processo argumentativo baseado em


analogias. Assim como nos argumentos
indutivos e abdutivos, nesse modo de
argumentação não se mantém uma relação
de necessidade entre premissas e conclusão.
AUTOATIVIDADE
Considere a passagem a seguir:
A possibilidade de descobrir e entrar em contato com civilizações extraterrestres certamente nos fascina. Se um
dia chegássemos a alcançar isso, provavelmente aprenderíamos algo de valioso sobre a nossa vida e o destino
de nossa sociedade. No entanto creio que nunca devemos tentar entrar em contato com sociedades
extraterrestres, pois, até hoje na história da humanidade, encontros entre diferentes civilizações tenderam a ser
fatais para as civilizações menos desenvolvidas.
Essa passagem contém um argumento. Sobre esse argumento, responda às seguintes questões (e justifique sua
resposta):
1 Indique a(s) premissa(s) e a conclusão desse argumento:
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________.
2 Que tipo de argumento é esse? Trata-se de um argumento dedutivo, indutivo, abdutivo ou analógico?
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________.
Referências
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
ALMEIDA, Marco Antônio de. Raciocínio lógico. Florianópolis:
Conceito Editorial, 2009.
AZEREDO, Vania Dutra de. Introdução à lógica. Ijuí: INIJUÍ, 2004.
BRANQUINHO, J. et al. (Org.). Enciclopédia de termos lógico-
filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
PINTO, Paulo Roberto Margutti. Introdução à lógica simbólica. Minas
Gerais: UFMG, 2006.
FISHER, A. A lógica dos verdadeiros argumentos. Trad. Rodrigo
Costa. São Paulo: Novo Conceito, 2008.
FREGE, G. Lógica e filosofia da Linguagem. São Paulo: EDUSP,
2009.
HEGENBERG, L. Lógica: o cálculo de predicados. São Paulo: EPU,
2001.
KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valerio Rohden, Udo Baldur
Moosburger. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
KNEALE, W.; KNEALE, M. O desenvolvimento da lógica. 3. ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
MORTARI, Cezar A. Introdução à lógica. São Paulo: UNESP, 2001.
PLATÃO. República. Trad. Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural,
1997.
OBRIGADO.

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