Você está na página 1de 120

Conceitos Básicos

Unidades de Medida
Notação Científica
Vetores

Mecânica
Cinemática Escalar Dinâmica
Introdução Introdução
Velocidade Princípios da Mecânica Clássica - Leis
Movimento Uniforme de Newton
Aceleração Força Peso
Movimento Uniformemente Variado Força Normal e Força de Tração
Movimento Vertical Força de Atrito
Força Elástica
Cinemática Vetorial Força Centrípeta
Sistemas de Forças
Introdução Plano Inclinado
Composição de Movimentos Trabalho de uma Força
Movimento Oblíquo Potência
Movimento Circular Energia - Introdução
Energia Cinética
Estática Energia Potencial Gravitacional e
Energia Potencial Elástica
Princípios Básicos Conservação da Energia Mecânica
Estática do Ponto Impulso
Centro de Massa Quantidade de Movimento
Momento de uma Força
Estática de um Corpo Extenso Gravitação Universal

Hidrostática Histórico
Leis de Kepler
Pressão Lei de Newton da Gravitação
Teorema de Stevin Universal
Experimento de Torricelli Aceleração da Gravidade
Teorema de Pascal Órbitas
Princípio do Empuxo Velocidade de Escape
Unidades Astronômicas
Marés

Termologia
Termometria Calorimetria
Temperatura e Equilíbrio Térmico Calor - Sensível e Específico
Medida de Temperatura Estados Físicos e Mudança de fase
Escalas Termométricas Calor Latente e Curva de
Conversões entre Escalas Aquecimento
Escala Absoluta Trocas de Calor
Capacidade Térmica
Estudo dos Gases Propagação de Calor e Fluxo de Calor
*Condução
Gases *Convecção
Transformação Isotérmica *Radiação
Transformação Isobárica
Transformação Isométrica Termodinâmica
Equação de Clapeyron
Lei Geral dos Gases Introdução
Misturas Físicas de Gases Perfeitos Energia Interna
Teoria Cinética dos Gases Trabalho
Temperatura na TC Calor
Energia Interna de um Gás Perfeito 1ª Lei da Termodinâmica
Equipartição da Energia Balanço Energético
Energia Cinética Média Molecular Transformações Termodinâmicas
Particulares
*Transformação Isotérmica
*Transformação Isométrica
Dilatação Térmica *Transformação Isobárica
*Transformação Adiabática
Linear (sólidos) Diagramas Termodinâmicos
Superficial (sólidos) Calor Específico dos Gases Perfeitos
Volumétrica (sólidos) Transformações Adiabáticas
Volumétrica (líquidos) A Energia Mecânica e o Calor
Dilatação anômala da água 2ª Lei da Termodinâmica
Volumétrica (gases) Ciclo de Carnot
Transformações Reversíveis e
Irreversíveis

Entropia
Entropia e 2ª Lei da Termodinâmica

Óptica
Fundamentos Reflexão da Luz
Luz - Comportamento e Princípios Reflexão da Luz - Princípios Básicos
Sombra e Penumbra Espelho Plano
Câmara Escura Espelhos Esféricos
Tipos de Reflexão e Refração Raios Luminosos Particulares
Ponto Objeto e Ponto Imagem Equação Fundamental dos Espelhos
Sistemas Ópticos Esféricos
Referencial Gaussiano
Refração da Luz Aumento Linear Transversal

Introdução à Refração da Luz Instrumentos Ópticos


Cor e Frequência
Luz Mono e Policromática Introdução aos Instrumentos Ópticos
Velocidade de Propagação da Luz Câmera Fotográfica
Leis de Refração Projetor
Desvio dos Raios Incidentes Lupa
Condições de Reflexão Total Microscópio Composto
Dispersão da Luz Lunetas
Refração na Atmosfera Olho Humano
Dioptro Adaptação Visual
Lâminas de Faces Paralelas Acomodação Visual
Prisma Ilusão de Óptica

Lentes Esféricas
Lentes Esféricas
Convergentes
Divergentes
Distância Focal e Pontos
Antiprincipais
Raios Luminosos Particulares
Imagens em Lentes Esféricas
Referencial Gaussiano
Equação dos Pontos Conjugados
Vergência
Equação dos Fabricantes de Lentes
Associação de Lentes

Ondulatória
MHS Ondas
MHS Visto como um Movimento Classificação das Ondas
Periódico Velocidade de Propagação das Ondas
MHS Visto como um Movimento O Som e a Luz
Oscilatório Velocidade de Propagação de Ondas
Equações Horárias do MHS Transversais em Cordas Tensas
Força no MHS Reflexão de Ondas
Oscilador Massa-mola Refração de Ondas
Pêndulo Refração e Reflexão de Ondas
Pêndulo de Foucault Transversais em Cordas
Superposição
Ressonância
Interferência de Ondas
Princípio de Huygens
Acústica Difração
Experiência de Young
Introdução à Acústica Interferência em Películas Delgadas
Som e sua Propagação
Considerações Gerais sobre o Som
Intervalo Acústico
Intensidade Sonora
Reflexão do Som
Sonar e Radar
Cordas Sonoras
Timbre de um Som
Batimento, Ressonância e Difração do
Som
Tubos Sonoros
Efeito Doppler
Sonoridade
Nível Relativo de Intensidade

Eletromagnetismo
Eletrostática Eletrodinâmica
Introdução à Eletrostática Introdução
Cargas Elétricas Corrente Elétrica
Princípios da Eletrostática Resistência Elétrica
Condutores e Isolantes Resistividade Elétrica
Processos de Eletrização Resistores
Lei de Coulomb Associação de Resistores
Campo Elétrico - Vetor e Orientação Geradores
Campo Elétrico de uma Partícula Associação de Geradores
Eletrizada Circuitos Elétricos Simples
Densidade Superficial de Cargas Corrente Contínua e Alternada
Campo Elétrico Uniforme Efeito Joule
Potencial Elétrico Potencia Elétrica
Equipotenciais Consumo de Energia Elétrica
Trabalho da Força Elétrica Capacitores
Ddp entre Dois Pontos em um Campo Associação de Capacitores
Uniforme Circuito RC
Potencial Elétrico em Situações
Particulares Força Magnética
Capacitância
Energia Potencial de um Condutor Origem do Campo Magnético
Potencial Terra Força Magnética sobre um Fio
Condutor
Campo Magnético Força Magnética sobre uma Espira
Campo Magnético em um Solenoide
Introdução ao Eletromagnetismo Propriedades Magnéticas dos
Ímãs e Magnetos Materiais
Campo Magnético Materiais Ferromagnéticos
Efeito do Campo Magnético sobre Ponto Curie
Cargas Elétricas Eletroímã
Regra da Mão Direita
Efeito Hall
Cargas em Campos Magnéticos
Uniformes
Indução Magnética
Introdução
Fluxo de Indução
Variação do Fluxo
Indução Eletromagnética
Lei de Lenz
Corrente de Foucault
Força Eletromotriz Induzida
Lei de Faraday-Neumann
Transformadores

Física Moderna
Física Quântica Relatividade

Introdução Introdução
Modelo Ondulatório Teoria da Relatividade
Radiação Térmica/Corpo Negro Dilatação do Tempo
Modelo Quântico para Radiações Contração do Comprimento
Eletromagnéticas Massa Relativística
Efeito Fotoelétrico Equivalência entre Massa e Energia
Contradições da Física Clássica ao Energia e Quantidade de Movimento
Efeito Fotoelétrico
Interpretação de Einstein para o
Efeito Fotoelétrico
Dualidade Onda-Partícula
Átomo de Bohr
Introdução à Eletrostática
O filósofo e matemático Tales de Mileto (640-546 a.C.), no século VI a. C, deu início à história da
eletricidade ao verificar que o atrito entre uma resina fóssil, o âmbar, e um tecido ou pele de
animal conferia a essa resina a propriedade de atrair pedaços de palha e penas de aves.

Como no grego o termo utilizado para se referir à palavra âmbar é élektron, dela derivaram as
palavras elétron e eletricidade. Abaixo há uma pedra de âmbar que, na verdade, não se trata
de uma pedra, mas de uma forma cristalinizada, ou petrificada, de seiva vegetal.

No século XVI, o médico da rainha Elizabeth I da Inglaterra, William Gilbert (1540-1603),


reproduziu o experimento e concluiu que também era possível realizá-lo com outros materiais.
Após realizar vários outros experimentos, Gilbert publicou o livro De magnete, no qual também
havia um estudo sobre os ímãs.

Nessa obra, Gilbert deixava claro a diferença entre a atração exercida por materiais eletrizados
por atrito e a atração exercida por ímãs, além de propor um modelo no qual a Terra é considerada
um grande ímã.

William Gilbert

Por volta de 1729, o inglês Stephen Gray (1666-1736) demonstrou que a propriedade de atrair ou
repelir poderia ser transferida de um corpo para outro por meio do contato, e não apenas por
atrito (como se acreditava até então).
Na mesma época, Charles Du Fay (1698-1739) fez uma experiência na qual percebeu que era
possível atrair uma fina folha de ouro com um bastão de vidro atritado e que, se encostasse o
bastão na folha, esta era repelida. Com isso, teve a ideia de que existiam duas espécies de
eletricidade: a eletricidade vítrea e a eletricidade resinosa.

Em 1747, Benjamin Franklin (1706-1790), um político e cientista norte-americano que, mais


tarde, criou o para-raios, sugeriu que a carga elétrica se tratava de um fluido elétrico que podia
ser transferido de um corpo para outro. Isso significa que o corpo que perdia esse fluido ficava
com falta de carga elétrica (negativo), enquanto o corpo que recebia, ficava com excesso de carga
(positivo).

Benjamin Franklin

Hoje, sabemos que um corpo com "excesso" de cargas negativas está eletrizado negativamente.
Já um corpo com "falta" de elétrons, está eletrizado positivamente.
Cargas Elétricas
Toda matéria que conhecemos é formada por moléculas. A matéria constitui-se de átomos, os
quais são compostos por três tipos de partículas elementares: os prótons, os nêutrons e os
elétrons.

Os átomos possuem um núcleo, onde se localizam os prótons e nêutrons, e uma eletrosfera, onde
os elétrons permanecem, em órbita.

Os prótons e nêutrons têm massa praticamente igual, enquanto os elétrons têm massa milhares
de vezes menor. Sendo m a massa dos prótons, podemos representar a massa dos elétrons
como:

Isso quer dizer que a massa dos elétrons é aproximadamente duas mil vezes menor do que a
massa dos prótons. Embora esteja fora de escala, a ilustração abaixo representa um átomo:

Se pudéssemos separar os prótons, nêutrons e elétrons de um átomo e lançá-los em direção a um


ímã, os prótons seriam desviados para uma direção, os elétrons a uma direção oposta a do desvio
dos prótons e os nêutrons não seriam afetados. Essa propriedade de cada uma das partículas é
chamada carga elétrica. Os prótons são partículas de cargas positivas, os elétrons de carga
negativa e os nêutrons de carga neutra (ou nula).

As cargas elétricas dos prótons e dos elétrons têm valores absolutos iguais, embora sejam de
sinais opostos. O valor da carga de um próton ou de um elétron é chamado de carga elétrica
elementar e é simbolizado pela letra e.

A unidade de medida adotada internacionalmente para a medida de cargas elétricas é


o coulomb (C).

A carga elétrica elementar é a menor quantidade de carga encontrada na natureza. Comparando


esse valor com o de um coulomb (1 C), temos a seguinte relação:

A unidade coulomb é definida partindo-se do conhecimento de densidades de corrente elétrica,


medida em ampère (A), já que suas unidades são interdependentes. Um coulomb é definido como
a quantidade de carga elétrica que atravessa, em um segundo, a secção transversal de um
condutor percorrido por uma corrente contínua de um ampère.
Além disso, é importante deixar claro que a quantidade de carga elétrica de 1 C corresponde a um
valor muito grande para essa grandeza. Portanto, o que costumamos fazer é utilizar submúltiplos
dessa quantidade. Observe:

Submúltiplo Símbolo Valor

milicoulomb mC 10-3C

microcoulomb μC 10-6C

nanocoulomb nC 10-9C

picocoulomb pC 10-12C
Eletrização de Corpos
A única modificação que um átomo pode sofrer sem que haja reações de alta liberação e/ou
absorção de energia é a perda ou o ganho de elétrons.

Um corpo é denominado neutro se ele tiver número igual de prótons e de elétrons, sendo,
portanto, um corpo com carga elétrica nula. Analogamente, podemos definir corpos eletrizados
positivamente e negativamente. Um corpo eletrizado negativamente tem maior número de
elétrons do que de prótons e apresenta carga elétrica negativa. Um corpo eletrizado
positivamente tem maior número de prótons do que de elétrons e possui carga elétrica positiva.

Fique atento:

É comum haver certa confusão sobre o verdadeiro significado de "corpos positivamente


carregados". Isso ocorre, principalmente, porque há uma tendência a pensarmos que,
para que o corpo tenha carga elétrica positiva, ele deva receber carga elétrica positiva,
ou seja, ganhar prótons.

Na verdade, um corpo está positivamente carregado se ele perder elétrons, ficando


com menor quantidade de carga elétrica negativa.

Para que durante os cálculos você não se confunda, lembre-se de que a Física vista no
ensino médio estuda apenas reações elementares e cotidianas, como o movimento dos
elétrons. As reações em que as partículas intranucleares (nêutrons e prótons) podem
ser modificadas são estudadas na parte da ciência conhecida como Física Nuclear, que
costuma ser abordada no nível superior de ensino.

Eletrizar um corpo significa, basicamente, alterar o seu número de prótons e de elétrons,


adicionando ou reduzindo o número de elétrons. No dia a dia, só é possível eletrizar um corpo pelo
fornecimento ou pela extração de elétrons deste, já que as modificações no núcleo são possíveis
apenas com a utilização de sofisticados equipamentos, como os aceleradores de partículas.

Quantização da Carga Elétrica


A carga elétrica de um corpo é quantizada, ou seja, é sempre um múltiplo inteiro da carga
elétrica elementar e. É fácil entendermos isso porque, ao eletrizarmos um corpo, ele sempre
recebe ou perde um número inteiro de elétrons.

Desse modo, definimos a quantidade de carga elétrica de um corpo (Q) pela relação matemática
apresentada abaixo:

Onde:

Q = carga elétrica, medida em coulomb no SI;

n = quantidade de cargas elementares, que é uma grandeza adimensional e tem sempre valor
inteiro (n = 1, 2, 3, 4...);

e = carga elétrica elementar ( ).


Princípios da Eletrostática
Basicamente, a Eletrostática é descrita por dois princípios fundamentais. São eles:

1) Princípio da Atração e da Repulsão

"Partículas de cargas elétricas de sinais iguais se repelem, enquanto as partículas de sinais


contrários se atraem."

2) Princípio da Conservação de Cargas Elétricas

"Em um sistema isolado, a soma algébrica de todas as cargas elétricas existentes é sempre
constante, ou seja, não ocorrem trocas de cargas elétricas com o meio exterior."

Condutores e Isolantes Elétricos


Alguns corpos têm certa facilidade ou dificuldade de conduzir energia elétrica, devido à liberdade
de movimentação de elétrons nesses corpos.

Se um corpo possui grande liberdade de movimentação de elétrons, é chamado de condutor


elétrico. Se possui grande oposição ao movimento dos elétrons livres, é chamado de isolante
elétrico ou dielétrico.

Alguns exemplos de isolantes elétricos são a borracha, o vidro, as resinas, a água (pura), etc. Já
os condutores elétricos são divididos em três grupos:

• condutores de primeira espécie: os portadores móveis são os elétrons livres, como,


por exemplo, o cobre, o ferro (e os demais metais) e a grafita.
• condutores de segunda espécie: os portadores móveis são os íons (positivos ou
negativos) encontrados em soluções eletrolíticas (ácidos, bases e soluções salinas).
• condutores de terceira espécie: os portadores móveis podem ser tanto íons como
elétrons livres, encontrados nos gases ionizados.
Processos de Eletrização
Um corpo é considerado eletrizado quando tem número diferente de prótons e elétrons, ou seja,
quando não está neutro. O processo de retirar ou acrescentar elétrons a um corpo neutro para
que ele passe a estar eletrizado denomina-se eletrização. Veremos a seguir alguns dos processos
de eletrização mais comuns.

Eletrização por Atrito


Esse processo foi o primeiro de que se tem conhecimento. Foi descoberto por volta do século VI
a.C. pelo matemático grego Tales de Mileto, que concluiu que o atrito entre certos materiais era
capaz de atrair pequenos pedaços de palha e penas.

Posteriormente, o estudo de Tales foi expandido, comprovando que se dois corpos neutros, feitos
de materiais distintos, forem atritados entre si, um deles ficará eletrizado negativamente (ganhará
elétrons) e o outro, positivamente (perderá elétrons). Quando há eletrização por atrito, os dois
corpos ficam com cargas de mesmo módulo, porém, com sinais opostos.

Essa eletrização depende também da natureza do material, por exemplo, atritar um material

com um material pode deixar carregado negativamente e , positivamente. Enquanto

isso, o atrito entre o material e outro material é capaz de deixar carregado

negativamente e , positivamente.

Convenientemente, elaborou-se uma lista em dada ordem que, um elemento, ao ser atritado com
o sucessor da lista, fica eletrizado positivamente. Essa lista é chamada série triboelétrica:
Eletrização por Contato
Outro processo capaz de eletrizar um corpo é feito por meio do contato entre eles. Isso significa
que, se dois corpos condutores, sendo pelo menos um deles eletrizado, forem postos em contato,
a carga elétrica tende a se estabilizar, sendo redistribuída entre os dois, deixando ambos com a
mesma carga e o mesmo sinal. O cálculo da carga resultante é dado pela média aritmética entre a
carga dos condutores em contato.

Exemplos:

• Um corpo condutor A, com carga , é posto em contato com outro corpo

neutro . Determine a carga em cada um deles após serem separados.

• Um corpo condutor A, com carga , é posto em contato com outro corpo

condutor B, com carga . Após serem separados, o corpo A é posto em contato


com um terceiro corpo condutor C, de carga . Qual a carga em cada um após
serem separados?

Ou seja:

Após o segundo contato, temos que:

Assim:

Após os contatos, a carga elétrica no corpo A será de +1 C, no corpo B será de -2 C e no corpo C


será
de +1 C.

Um corpo eletrizado, em contato com a terra, será neutralizado, pois se ele tiver falta de elétrons,
estes serão doados pela terra e, se tiver excesso de elétrons, serão descarregados na terra.
Eletrização por Indução Eletrostática
Esse processo de eletrização é totalmente baseado no princípio da atração e repulsão, já que a
eletrização ocorre apenas com a aproximação de um corpo eletrizado (indutor) a um corpo neutro
(induzido). O processo é dividido em três etapas:

Primeiramente, um bastão eletrizado é aproximado de um condutor inicialmente neutro. Pelo


princípio da atração e repulsão, os elétrons livres do induzido são atraídos ou repelidos,
dependendo do sinal da carga do indutor.

O próximo passo é ligar o induzido a terra, ainda na presença do indutor.

Depois, desliga-se o induzido da terra, de modo que a única carga seja a do sinal oposto ao
indutor.
Feito isso, o indutor poderá ser retirado das proximidades. O induzido estará eletrizado com sinal
oposto à carga do indutor e as cargas serão distribuídas por todo o corpo.

Lei de Coulomb
Essa lei, formulada por Charles Augustin de Coulomb, refere-se às forças de interação (atração e
repulsão) entre duas cargas elétricas puntiformes, ou seja, cujas dimensões e massas são
desprezíveis.

Lembrando que, pelo princípio de atração e repulsão, cargas de sinais opostos são atraídas e
cargas de sinais iguais são repelidas, essas forças de interação, portanto, têm intensidades iguais,
independentemente do sentido.

A Lei de Coulomb pode ser enunciada da seguinte forma:

"A intensidade da força elétrica de interação entre cargas puntiformes é diretamente proporcional
ao produto dos módulos de cada carga e inversamente proporcional ao quadrado da distância que
as separa."

Matematicamente:

A expressão acima pode ser substituída por uma igualdade se introduzirmos uma constante k, a
qual depende do meio em que as cargas se encontram. Considerando que essa interação ocorra
no vácuo, o valor de k, denominado constante eletrostática, corresponde a:

Assim, podemos escrever a equação da Lei de Coulomb como:


Desse modo, para determinarmos se as forças são de atração ou de repulsão, utilizamos o produto
de suas cargas. Portanto:
Campo Elétrico
Assim como a Terra possui um campo gravitacional, uma carga Q também tem um campo que
pode influenciar as cargas de prova q nele colocadas. Usando essa analogia, podemos encontrar:

Analogamente ao cálculo do campo gravitacional, definimos a intensidade do campo elétrico pelo


quociente entre a força de interação entre as cargas envolvidas (carga geradora e carga de prova)
e a carga de prova. Mais adiante, definiremos matematicamente o cálculo do vetor campo elétrico.

Assim, chama-se campo elétrico o campo estabelecido em todos os pontos do espaço sob a
influência de uma carga geradora de intensidade Q, de forma que qualquer carga de prova de
intensidade q fica sujeita a uma força de interação (de atração ou de repulsão) exercida por Q.

Outra definição importante é a de carga de prova, que, para os fins que nos interessam, é
definida como um corpo pontual de carga elétrica conhecida, utilizado para detectar a existência
de um campo elétrico e, em caso afirmativo, a intensidade deste.

Vetor Campo Elétrico


Voltando à analogia com o campo gravitacional da Terra, o campo elétrico é definido como um
vetor com a mesma direção do vetor da força de interação entre a carga geradora Q e a carga de
prova q. Além disso, o vetor campo elétrico terá o mesmo sentido da força elétrica se a carga de
prova for positiva e, sentido oposto, se a carga de prova for negativa. Matematicamente:
A unidade adotada pelo SI para o campo elétrico é o N/C (newton por coulomb). Mais adiante,
veremos que a unidade oficial é o V/m (volt por metro).

Podemos concluir que o campo elétrico descreve o valor da força elétrica que atua por unidade de
carga, para as cargas colocadas em seu espaço de atuação.

Orientações do Vetor Campo Elétrico


Quando o campo é gerado por apenas uma carga, o vetor campo elétrico pode ter pelo menos
quatro orientações diferentes, devido aos sinais de interação entre as cargas. São elas:

Saiba mais

Quando a carga de prova tem sinal negativo (q < 0), os vetores força e campo elétrico
têm a mesma direção, mas sentidos opostos. Quando a carga de prova tem sinal
positivo (q > 0), ambos os vetores têm a mesma direção e o mesmo sentido.

Porém, quando a carga geradora do campo tem sinal positivo (Q > 0), o vetor campo
elétrico tem sentido de afastamento das cargas. Quando possui sinal negativo (Q < 0),
tem sentido de aproximação, não variando com a mudança do sinal das cargas de
provas.
Campo Elétrico de uma Partícula Eletrizada
Quando uma única partícula é responsável por gerar um campo elétrico, este é gerado em um
espaço que a circunda, embora não esteja presente no ponto em que a partícula é encontrada.

Imaginemos que uma partícula eletrizada com carga Q seja colocada em uma determinada região
do espaço, existindo aí um campo elétrico criado por essa carga. Para calcularmos a intensidade
do vetor campo elétrico em um ponto P, situado a uma distância d da carga geradora Q,
imaginemos que há uma carga de prova q nesse ponto. Como vimos, a carga de prova sofre ação
de uma força elétrica que pode ser determinada pela Lei de Coulomb:

Como sabemos determinar o módulo do campo no ponto P, uma vez que já o vimos na definição
de vetor campo elétrico, podemos reescrevê-lo da seguinte forma:
A equação acima possibilita algumas conclusões sobre o módulo do vetor campo elétrico. São
elas:

* a intensidade do campo elétrico depende apenas da carga elétrica geradora do campo Q, do


meio e da distância d do ponto considerado à carga fonte;

* o módulo do vetor campo elétrico não depende da carga de prova q;

* a intensidade do campo elétrico decai com o quadrado da distância entre o ponto P e a carga
geradora do campo.

Campo Elétrico Gerado por Mais de uma Partícula Eletrizada


Quando duas ou mais cargas elétricas estão próximas o suficiente para que os campos gerados
por cada uma delas interfiram entre si, podemos determinar o campo elétrico resultante em um
ponto dessa região.

Para tanto, analisaremos, isoladamente, a influência de cada um dos campos gerados sobre um
determinado ponto e, na sequência, faremos a soma vetorial dessas quantidades.

Exemplo:

Imaginemos duas cargas postas arbitrariamente em dois pontos distintos, A e B, com

cargas e , respectivamente. Imaginemos também um ponto P sob a influência dos


campos gerados pelas duas cargas simultaneamente. O vetor do campo elétrico resultante será

dado pela soma dos vetores e no ponto P, como é ilustrado na figura a seguir:
Como as duas cargas geradoras do campo têm sinal positivo, cada uma delas gera um campo
divergente (de afastamento). Logo, o vetor campo elétrico resultante terá módulo igual à
diferença entre os valores dos vetores, e a direção e o sentido do maior valor absoluto.

Assim como no exemplo anterior, ambos os campos elétricos gerados são divergentes. No
entanto, como há um ângulo formado entre esses campos, a soma vetorial é calculada pela regra
do paralelogramo, ou seja, traça-se o vetor soma dos dois vetores, obtendo-se, assim, o módulo,
a direção e o sentido do vetor campo elétrico resultante.
Como ambas as cargas que geram o campo têm sinais negativos, cada componente do vetor
campo resultante é convergente, ou seja, tem sentido de aproximação. O módulo, a direção e o
sentido desse vetor são calculados pela regra do paralelogramo, assim como ilustra a figura.

Nesse último exemplo, as cargas que geram o campo resultante têm sinais diferentes; então,

umdos vetores converge em relação à sua carga geradora ( ) e o outro diverge ( ).Assim,
podemos generalizar essa soma vetorial para qualquer número finito de partículas, de modo que:
Linhas de Força
São representações geométricas convencionadas para indicar a presença de campos elétricos,
sendo representadas por linhas, as quais jamais se cruzam, que tangenciam o vetor campo
elétrico resultante em cada ponto.

Por convenção, as linhas de força têm a mesma orientação do vetor campo elétrico. Assim, para
campos gerados por cargas positivas, as linhas de força são divergentes, ou seja, afastam-se das
cargas geradoras do campo. Já os campos gerados por cargas negativas são representados por
linhas de força convergentes, ou seja, que se aproximam das cargas.

Quando trabalhamos com cargas geradoras de dimensões desprezíveis, as linhas de força são
representadas radialmente, como podemos ver abaixo:

Cabe ressaltar uma propriedade importante a respeito da intensidade do campo elétrico: ele será
mais intenso nas regiões de maior densidade de linhas de força, e menos intenso nas regiões de
menor densidade de linhas de força.
Densidade Superficial de Cargas
Um conceito importante referente ao processo de eletrização de condutores é o equilíbrio
eletrostrático, fenômeno em que ocorre a movimentação dos portadores de carga elétrica e a
posterior redistribuição destes na superfície externa do condutor.

Assim, um corpo em equilíbrio eletrostático pode ser caracterizado por sua densidade

superficial média de cargas que, por definição, é expressa matematicamente pela razão
entre a carga elétrica Q e a área de sua superfície A.

A unidade adotada no SI para a densidade superficial de cargas é o C/m².

Observe que, para cargas negativas, a densidade superficial média de cargas também é negativa,
já que a área sempre é positiva.

Vale salientar que utilizamos o termo "média" para caracterizar a densidade superficial de cargas
porque, dificilmente, as cargas elétricas se distribuem uniformemente por toda a superfície de um
corpo. Desse modo, é possível constatar que o módulo dessa densidade de cargas depende da
geometria do corpo, fenômeno que será detalhado mais adiante.

O Poder das Pontas


É possível verificar, experimentalmente, que o módulo da densidade superficial de cargas em um
condutor eletrizado é maior nas regiões em que ele possui menor raio de curvatura.

A densidade superficial de cargas é ainda maior nas regiões pontiagudas, o que lhes confere o
comportamento denominado poder das pontas. Assim, devido à maior concentração de cargas
elétricas, o campo elétrico é maior nas regiões pontiagudas do que nas demais regiões do
condutor.

Esse princípio é aplicado na construção de para-raios, uma vez que, por estar mais intenso, esse
campo elétrico é capaz de ionizar o meio, como, por exemplo, o ar, tornando-o também condutor.
Campo Elétrico Uniforme (CEU)
Dizemos que um campo elétrico é uniforme em uma região quando suas linhas de força são

paralelas e igualmente espaçadas umas das outras. Isso implica que seu vetor campo elétrico ,
nessa região, tenha, em todos os pontos, a mesma intensidade, a mesma direção e o mesmo
sentido.

Uma forma comum para obtermos um campo elétrico uniforme é utilizando duas placas
condutoras planas e iguais. Se as placas forem postas paralelamente, tendo cargas de mesma
intensidade, mas de sinais opostos, o campo elétrico gerado entre elas será uniforme.

Campo Elétrico Criado por um Condutor Eletrizado


Como vimos, um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostático tem o seguinte comportamento:

* O vetor campo elétrico é nulo nos pontos internos do condutor. Se o campo elétrico não fosse
nulo, surgiriam forças nos portadores de cargas elétricas livres existentes nessas regiões, de modo
que ocorreria o deslocamento dessas cargas de um lado para outro, o que contraria a hipótese
inicial de um condutor em equilíbrio eletrostático.

* Em cada ponto da superfície do condutor, o vetor campo elétrico é perpendicular à superfície e


possui intensidade proporcional ao módulo da densidade superficial de cargas da região em
questão.
* O campo elétrico nas vizinhanças externas da superfície também é perpendicular a ela, com
intensidade igual ao dobro da intensidade do vetor campo elétrico nessa superfície.
Potencial Elétrico
Imaginemos que na região de atuação de um campo elétrico gerado por uma carga Q é colocada
uma carga de prova q. É possível perceber que, de acordo com a combinação de sinais entre as
duas cargas elétricas, a carga de prova será atraída ou repelida, adquirindo movimento e,
consequentemente, energia cinética.

Lembrando do conceito de energia cinética estudado em Mecânica, sabemos que, para que um
corpo adquira energia cinética, é necessário que haja uma energia potencial armazenada de
alguma forma. Quando essa energia está ligada à atuação de um campo elétrico, é

chamada energia potencial elétrica ou energia potencial eletrostática, simbolizada por e


expressa, matematicamente, pela relação abaixo:

Onde d é a distância entre a carga de prova e a carga geradora do campo elétrico.

A unidade usada para a é o joule (J).

É possível dizer que a carga geradora produz um campo elétrico que pode ser descrito por uma
grandeza chamada potencial elétrico ou potencial eletrostático.

De forma análoga ao campo elétrico, o potencial pode ser descrito como o quociente entre a
energia potencial elétrica e a carga de prova q. Ou seja:

Logo:

A unidade adotada, no SI, para o potencial elétrico é o volt (V), em homenagem ao físico italiano
Alessandro Volta. O volt designa a razão entre joule e coulomb (J/C).

Quando existe mais de uma partícula eletrizada gerando campos elétricos em um ponto P, sujeito
a todos esses campos, o potencial elétrico é igual à soma de todos os potenciais criados por cada
carga, ou seja:
Equipotenciais
Uma maneira muito utilizada para se representar potenciais é por meio de equipotenciais, que
são linhas ou superfícies perpendiculares às linhas de força e que, portanto, representam um
mesmo potencial. Logo, o potencial assume o mesmo valor algébrico em todos os pontos.

Para o caso particular em que o campo é gerado por apenas uma carga elétrica, essas linhas
equipotenciais são circunferências, já que o valor do potencial diminui uniformemente em função
do aumento da distância.

Vale ressaltar que a representação descrita acima é válida apenas para as representações em
duas dimensões. Caso as representações sejam tridimensionais, as equipotenciais serão
representadas por esferas ocas, o que constitui o chamado "efeito casca de cebola", no qual
quanto mais interna for a casca, maior será o potencial elétrico.
Trabalho da Força Elétrica
O trabalho que uma carga elétrica realiza é análogo àquele realizado por outras forças já
estudadas quando analisamos os fenômenos mecânicos. Para entendermos melhor esse conceito,
consideraremos a seguinte situação:

Imaginemos dois pontos em um campo elétrico. Cada um deles terá energia potencial dada por:

O trabalho realizado entre os dois pontos é dado pela expressão a seguir, já vista em nosso
estudo de Mecânica:

Quando a força considerada é a eletrostática, então:

Diferença de Potencial entre Dois Pontos


Considere dois pontos de um campo elétrico, A e B, cada um posto a uma distância diferente da
carga geradora, ou seja, com potenciais diferentes. Caso desejemos saber a diferença de potencial
entre esse dois pontos, devemos considerar a distância entre cada um deles.
Então, sua tensão ou ddp (diferença de potencial) será expressa por U e calculada pela seguinte
equação:
Diferença de Potencial entre Dois Pontos de um Campo Elétrico Uniforme
Lembrando que um campo elétrico uniforme caracteriza-se por linhas de força igualmente
espaçadas e que a força elétrica é, portanto, constante, tem-se a expressão abaixo:

Desse modo, o trabalho realizado pela força elétrica no deslocamento da carga de prova q, para
movê-la de uma equipotencial localizada em um ponto P1, para uma equipotencial localizada em
um ponto P2, pode ser calculado pela equação:

Como:

Assim, o trabalho pode ser reescrito como:

Lembremos ainda que, conforme vimos no estudo da Mecânica, o trabalho pode ser expresso da
seguinte forma:

Agrupando as últimas equações, temos:

Substituindo a expressão matemática da força elétrica (apresentada no início dessa discussão) na


equação acima, obtemos:

Simplificando os termos semelhantes, passamos a ter:

Obs.: o valor da ddp deve ser sempre utilizado em módulo, ou seja, em valor absoluto.
Potencial Elétrico em Situações Particulares
A partir de agora, dedicaremos nossa atenção à análise de algumas situações especiais de
potenciais eletrostáticos.

Potencial Elétrico Criado por um Condutor Eletrizado


Primeiramente, vale lembrar que partículas eletrizadas, abandonadas sob a influência exclusiva de
um campo elétrico, movimentam-se espontaneamente entre dois pontos quaisquer somente se
houver uma ddp não nula entre esses pontos.

Ao fornecermos elétrons a um condutor, eletrizamos, inicialmente, apenas uma parte dele. As


cargas elétricas negativas produzem, nessa região, uma redução no potencial um pouco mais
acentuada do que a que ocorre nas regiões mais distantes. É essa diferença de potecial (ddp)
estabelecida a responsável por promover a movimentação dos elétrons para regiões mais
distantes. Isso provoca um aumento no potencial do local onde se encontravam e uma diminuição
no potencial do local para onde foram.

Caso tenhamos uma eletrização positiva, a situação é análoga: os elétrons são retirados de
alguma região, aumentando o potencial desse local. Como resultado disso, os elétrons livres das
regiões mais afastadas começam a se movimentar para a região inicialmente eletrizada. Além
disso, surgem cargas positivas em regiões que estavam, inicialmente, neutras, o que acaba por
diminuir a quantidade de cargas positivas na região eletrizada. Assim como ocorre na eletrização
negativa, aqui, após o condutor atingir o equilíbrio eletrostático, as cargas positivas (ou os
elétrons, no primeiro caso) encontram-se distribuídas na superfície externa do condutor.

Portanto, a diferença de potencial entre dois pontos quaisquer de um condutor em equilíbrio


eletrostático é sempre nula. Desse modo, tanto nos pontos internos quanto nos pontos externos
de um condutor em equilíbrio eletrostático, o potencial elétrico possui o mesmo valor; em pontos
externos ao condutor, o potencial assume valores diferentes.

Potencial Elétrico Criado por um Condutor Esférico Eletrizado


Consideremos, por ora, um condutor esférico em equilíbrio eletrostático, de raio r e eletrizado com
carga Q. Desse modo, conforme já sabemos, para pontos externos à esfera, o potencial elétrico
varia com a distância d do ponto em questão até o centro do condutor.

Para simplificar os cálculos na determinação desse potencial, supomos que toda a carga elétrica da
esfera esteja concentrada no seu centro. É importante lembrar que esse raciocínio é válido em
função da simetria que esse condutor possui.

Assim, sendo K a constante eletrostática do meio, para um ponto externo P, o potencial


eletrostático é dado por:
Para obtermos o potencial na superfície dessa esfera condutora, basta fazermos d = r na
expressão matemática acima.

Observando essa equação, vemos que o potencial na superfície da esfera é exatamente igual ao
potencial em seus pontos internos. No gráfico abaixo podemos ver o comportamento do potencial
elétrico em função da distância ao centro da esfera eletrizada.
Capacitância
Verificações experimentais demonstram que o potencial adquirido por um condutor elétrico possui
uma relação direta de proporcionalidade com a sua carga elétrica. Em outras palavras, isso quer
dizer que um condutor eletrizado com carga Q apresenta um potencial V; por conseguinte, se for
eletrizado por uma carga 2Q, seu potencial elétrico será de 2 V.

Com base, portanto, nesses experimentos, desenvolveu-se o conceito de capacitância (ou


capacidade elétrica), expresso, matematicamente, pela razão entre a carga elétrica Q recebida por
um condutor e o potencial V atingido por ele:

O conceito de capacitância remete à ideia de que o condutor tem a propriedade de armazenar


cargas elétricas. Isso significa que, caso dois condutores neutros e isolados atinjam o mesmo
potencial elétrico, aquele de maior capacitância é que poderá armazenar uma quantidade maior de
carga elétrica. Além de depender da quantidade de carga armazenada e do potencial, a
capacitância dos condutores também é função da geometria dos condutores e do meio em que
estão inseridos. No SI, a unidade para essa grandeza é o farad (F), devido ao cientista inglês
Michael Faraday.

É importante lembrar que, ao estudarmos Lei de Coulomb, vimos que a quantidade de 1 C é


extremamente grande e, portanto, usávamos submúltiplos dessa grandeza, como, por exemplo, o
milicoulomb (10-3 C) e o microcoulomb (10-6 C). Do mesmo modo, aqui, a quantidade equivalente
a 1 F também é muito grande; logo, usaremos novamente submúltiplos de farad. Observe:

1 milifarad (1 mF) 10-3 F

1 microfarad (1 µF) 10-6 F

1 nanofarad (1 nF) 10-9 F

1 picofarad (1 pF) 10-12 F

Capacitância de um Condutor Esférico


No caso de uma superfície condutora de geometria esférica, valem as seguintes expressões:

(I)

E, portanto:

(II)

Substituindo (II) em (I), obtemos:

Uma vez definida a geometria do condutor, nesse caso, esférica, verificamos claramente na
equação acima que a capacitância depende diretamente do tamanho do raio da esfera.
Energia Potencial Eletrostática de um Condutor
Já sabemos que para eletrizar negativamente um condutor neutro, é necessário fornecer elétrons
a ele. Entretanto, para adicionar uma nova carga elétrica negativa, é preciso vencer as forças
repulsivas exercidas pelos elétrons já existentes. Isso quer dizer que será necessário realizar um
trabalho eletrostático contra as forças de repulsão, o qual estará armazenado no condutor sob a
forma de energia potencial eletrostática (ou elétrica).

Define-se, matematicamente, a energia potencial eletrostática adquirida por um condutor ao qual


foi fornecido uma carga Q por:

Onde v é o potencial atingido pelo condutor.

Como:

Assim, podemos reescrever a expressão da energia potencial elétrica da seguinte forma:

Exemplo:

Determine a energia potencial elétrica de um condutor que foi eletrizado por uma carga de 8 µC e
que possui uma capacitância de 5 nF.
Potencial Terra
Nossa atmosfera ioniza, permanentemente, raios cósmicos e radiações ultravioleta existentes na
crosta. O resultado disso é a predominância de cargas positivas, cujo valor é estimado em
6x105 C. Já na superfície terreste, há uma distribuição de cargas negativas de mesmo módulo.

Essas distribuições de carga (da crosta e da atmosfera) conferem, em determinado ponto da terra,
um potencial que, a rigor, é negativo. No entanto, costumamos atribuir valor zero a esse
potencial, uma vez que o utilizamos como referência.

Desse modo, o potencial de um corpo em relação a terra é exatamente igual à diferença de


potencial (ddp) entre esse corpo e a terra. Matematicamente:

Nas residências, por exemplo, é feito um aterramento da caixa de entrada de energia elétrica para
evitar que os moradores sofram choques elétricos. Abaixo, podemos ver uma representação
esquemática de um aterramento feito em um corpo qualquer.
Introdução ao Magnetismo
Ao estudarmos a Eletrodinâmica, analisamos situações em que as cargas elétricas encontravam-se
em movimento ordenado, produzindo corrente elétrica, e os efeitos produzidos por elas em
condutores. A partir de agora, concentraremos nossa atenção no estudo do Eletromagnetismo,
mais especificamente, no Magnetismo.

O termo magnetismo originou-se na Grécia Antiga, pois foi na cidade de Magnésia que se
encontrou um minério de ferro capaz de atrair objetos de ferro. Esse minério ficou conhecido
por magnetita.

Hoje sabemos que eletricidade e magnetismo são aspectos do mesmo fenômeno,


o Eletromagnetismo. Entretanto, há uma diferença importante entre eles: no magnetismo, não
existe o conceito equivalente ao de carga elétrica, ainda que haja o conceito de polo magnético,
cujas propriedades são similares às da carga elétrica.

Enquanto na eletricidade existem cargas elétricas opostas (positivas e negativas), e partículas


elementares portadoras dessas cargas, no magnetismo não existem polos magnéticos isolados,
tampouco partículas portadoras de polos magnéticos. Esse fato evidencia um fenômeno bastante
importante no Eletromagnestimo: a divisão de qualquer ímã dará sempre origem a outros ímãs,
por menores que sejam. E do mesmo modo que ao redor de um corpo eletricamente carregado
existe um campo elétrico, na região em que há um ímã haverá um campo magnético.

Assim, o estudo do Eletromagnetismo auxilia-nos a compreender fenômenos como o


comportamento de ímãs e a ocorrência das auroras polares. Além disso, a medicina atual está
repleta de tecnologias que aplicam os conceitos do Eletromagnetismo nos diagnósticos dos
pacientes, como, por exemplo, os exames de ressonância magnética nuclear.
Ímãs e Magnetos
Um ímã é definido com um objeto capaz de provocar um campo magnético à sua volta. Pode ser
natural ou artificial.

Um ímã natural é feito de minerais com substâncias magnéticas, como, por exemplo, a
magnetita. Já um ímã artificial é feito de um material sem propriedades magnéticas, mas que
pode adquirir permanente ou instantaneamente características de um ímã natural.

Os ímãs artificiais são subdivididos em:

• ímã permanente: feito de material capaz de manter as propriedades magnéticas mesmo


após cessar o processo de imantação. Esses materiais são chamados
de ferromagnéticos.

• ímã temporal: tem propriedades magnéticas apenas enquanto se encontra sob ação de
outro campo magnético. Os materiais que possibilitam esse tipo de processo são
chamados de paramagnéticos.

• eletroímã: dispositivo composto por um condutor (por onde circula corrente elétrica) e
um núcleo (normalmente de ferro). Suas características dependem da passagem de
corrente pelo condutor; ao cessar a passagem de corrente, cessa também a existência do
campo magnético.

Propriedades dos Ímãs


Os ímãs apresentam certas propriedades que merecem atenção especial. Abaixo, estão listadas as
principais.

Polos Magnéticos
São as regiões onde se intensificam as ações magnéticas. Um ímã é composto por dois polos
magnéticos, norte e sul, normalmente localizados em suas extremidades, exceto quando o ímã é
em forma de disco. Por essa razão, são chamados de dipolos magnéticos.

Para determinarmos os polos, devemos suspender o ímã pelo centro de massa, de forma que se
alinhe, aproximadamente, na direção Norte-Sul geográfica do local. Dessa forma, o polo norte
magnético deverá apontar para o polo norte geográfico, e o polo sul magnético, para o polo sul
geográfico.

Atração e Repulsão

Ao manusear dois ímãs, percebemos, claramente, que existem duas formas de posicioná-los de
modo que sejam repelidos, e duas formas para que sejam atraídos. Isso se deve ao fato de que
polos com mesmo nome se repelem, mas polos com nomes diferentes se atraem, como podemos
verificar nas figuras abaixo:
Essa propriedade leva-nos a concluir que os polos Norte e Sul geográficos não coincidem com os
polos norte e sul magnéticos. Na verdade, eles se encontram em pontos praticamente opostos,
como mostra a figura a seguir.
A inclinação dos eixos magnéticos em relação aos eixos geográficos é de aproximadamente
191°, de modo que os polos magnéticos são praticamente invertidos em relação aos polos
geográficos.

Interação entre Polos

Dois polos se atraem ou se repelem, dependendo de suas características, à razão inversa do


quadrado da distância entre eles. Isso quer dizer que se uma força de interação F é estabelecida a
uma distância d, ao dobrarmos essa distância, a força observada será igual à quarta parte da
anterior, ou seja, F/4. E assim sucessivamente.

Inseparabilidade dos Polos de um Ímã

Essa propriedade garante que é impossível separar os polos magnéticos de um ímã, já que toda
vez que ele for dividido serão obtidos novos polos. Por isso, dizemos que qualquer novo pedaço
continuará sendo um dipolo magnético.
Campo Magnético
É a região próxima a um ímã que influencia outros ímãs ou materiais ferromagnéticos e
paramagnéticos, como cobalto e ferro. Comparando o campo magnético com o campo
gravitacional ou com o campo elétrico, veremos que todos têm características equivalentes.

Também é possível definir um vetor que descreva o campo magnético, denominado vetor
indução magnética, simbolizado por . Se pudermos colocar uma pequena bússola em um ponto
sob ação do campo, o vetor terá a direção da reta em que a agulha se alinha e sentido para
onde aponta o polo norte magnético da agulha.

Se pudermos traçar todos os pontos em que houver um vetor indução magnética associado,
teremos as linhas de indução do campo magnético. Essas linhas são orientadas do polo norte
em direção ao sul e, em cada ponto, o vetor as tangencia.

As linhas de indução existem, também, no interior do ímã. Logo, são linhas fechadas cuja
orientação interna ocorre do polo sul ao polo norte. Assim como as linhas de força, as linhas de
indução não podem se cruzar e são mais densas onde o campo é mais intenso.
Campo Magnético Uniforme e Constante
De maneira análoga ao campo elétrico uniforme, o campo magnético uniforme é definido como
o campo, ou a parte dele, onde o vetor indução magnética é igual em todos os pontos. Em
outras palavras, o campo magnético deve ter o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo
sentido. Assim, sua representação por meio de linha de indução é feita por linhas paralelas e
igualmente espaçadas.

Observação: a parte interna dos ímãs em forma de U aproxima um campo magnético uniforme.
Efeitos do Campo Magnético sobre Cargas Elétricas
Como os elétrons e os prótons possuem características magnéticas, ao serem expostos a campos

magnéticos, eles interagem e são submetidos a uma força magnética .

Nas seguintes suposições:

• os campos magnéticos são estacionários, ou seja, o vetor campo magnético em cada


ponto não varia com o tempo;
• as partículas possuem uma velocidade inicial no momento da interação;

• o vetor campo magnético no referencial adotado é .

Podemos estabelecer que:

Carga Elétrica em Repouso


"Um campo magnético estacionário não interage com cargas em repouso."

Havendo um ímã em um referencial arbitrário R, se abandonarmos uma partícula com carga q e


velocidade nula, não será observado o surgimento de força magnética sobre essa partícula, seja
ela positiva, negativa ou neutra.

Carga Elétrica com Velocidade na Mesma Direção do Campo


"Um campo magnético estacionário não interage com cargas que tenham velocidades não nulas e
na mesma direção do campo magnético."

Sempre que uma carga se movimenta na mesma direção do campo magnético, sendo no mesmo
sentido ou no sentido contrário, nenhuma força eletromagnética atua sobre ela. Um exemplo disso
é uma carga que se movimenta entre os polos de um ímã. A validade dessa afirmação é
assegurada, independentemente do sinal da carga estudada.
Carga Elétrica com Velocidade em Direção Diferente do Campo
Quando uma carga com velocidade é abandonada nas proximidades de um campo magnético
estacionário, sendo a direção da velocidade diferente da direção do campo, este interage com a

carga. Essa força de interação é dada pelo produto entre os dois vetores, e , e resultará em
um terceiro vetor, perpendicular a ambos. Esse procedimento é denominado produto vetorial.

Podemos dividir esse estudo em dois casos particulares: o primeiro deles refere-se a uma carga
que se move em direção perpendicular ao campo, e o segundo, ocorre quando a direção do
movimento é qualquer (exceto igual à do campo).

• Carga movimentando-se perpendicularmente ao campo

Experimentalmente, pode-se observar que, se aproximarmos um ímã de cargas elétricas com


movimento perpendicular ao campo magnético, esse movimento será desviado de forma
perpendicular ao campo e à velocidade, ou seja, para cima ou para baixo. Essa será a orientação
do vetor força magnética.

Para cargas positivas, o desvio acontece para cima:

Para cargas negativas, o desvio ocorre para baixo:


A intensidade de será dada pelo produto vetorial que, para o caso particular em

que e são perpendiculares, é calculado por:

(I)

A unidade adotada para a intensidade do campo magnético é o tesla (T), que denomina a razão

em homenagem ao físico iugoslavo Nikola Tesla. Consequentemente, a força será


calculada por:

(II)

Assim como os demais tipos de força já estudados, a força magnética é medida em newtons (N).

• Carga movimentando-se com direção arbitrária em relação ao campo

Como citado anteriormente, o caso em que a carga tem movimento perpendicular ao campo é
apenas uma peculiaridade de interação entre carga e campo magnético. Para os demais casos, a

direção do vetor será perpendicular ao vetor campo magnético e ao vetor velocidade .

Para o cálculo da intensidade do campo magnético, consideramos apenas o componente da


velocidade perpendicular ao campo.

Sendo o ângulo formado entre e , podemos substituir v por sua componente


perpendicular na equação (I) e passamos a ter:
Aplicando essa equação para os demais casos que estudamos anteriormente, veremos que:

• se v = 0, então F = 0.
• se = 0° ou 180°, então sen = 0 e, portanto, F = 0.

• se = 90°, então sen = 1 e, portanto, .

Regra da Mão Direita


Um método usado para determinar o sentido do vetor força eletromagnética é a regra da mão
direita, também conhecida como regra do tapa, uma vez que a orientação desse vetor é dada
pela direção e pelo sentido de um "empurrão" dado com a palma ou o dorso da mão.

Com a mão aberta, apontamos o polegar no sentido do vetor velocidade e os demais dedos na
direção do vetor campo magnético.

Para cargas positivas, o vetor terá a direção de uma linha que atravessa a mão, e o sentido
será o de um vetor que sai da palma da mão.

Para cargas negativas, o vetor terá a direção de uma linha que atravessa a mão, e o sentido
será o de um vetor que sai do dorso da mão, isto é, o vetor que "entra" na palma da mão.

Na figura abaixo, podemos observar uma esquematização da regra da mão direita para uma carga
positiva.
Efeito Hall
Em 1879, durante experiências feitas para medir diretamente o sinal dos portadores de carga em
um condutor, Edwin H. Hall percebeu um fenômeno peculiar.

Na época já se sabia que, quando o fio percorrido por corrente elétrica é exposto a um campo
magnético, as cargas presentes nesse condutor são submetidas a uma força que faz alterar seu
movimento.

No entanto, o que Hall descreveu foi o surgimento de regiões com carga negativa e regiões com
carga positiva no condutor, criando um campo magnético perpendicular ao campo gerado pela
corrente principal.

Em sua homenagem, esse efeito ficou conhecido como Efeito Hall.


Cargas em Campos Magnéticos Uniformes
A partir de agora, concentraremos nossos estudos nos possíveis movimentos que uma partícula
com carga elétrica pode efetuar em um campo magnético uniforme e constante. Analisaremos os
dois principais movimentos considerando diferentes orientações do vetor velocidade da partícula
eletricamente carregada.

• Velocidade na mesma direção do campo magnético

Se a partícula for lançada na mesma direção do campo magnético, ou seja, paralelamente (ou
antiparalelamente) ao campo, a força magnética será nula, já que, como vimos, a força magnética
depende de sen θ, e sen 0º = sen 180º = 0.

Desse modo, a partícula realizará um movimento retilíneo uniforme (MRU), como está
ilustrado na figura.

• Velocidade perpendicular ao campo magnético

Suponhamos que uma partícula, com carga positiva q e massa m, seja lançada
perpendicularmente em um campo magnético uniforme e constante, conforme indicado na figura.

Sendo a força magnética perpendicular à velocidade, o movimento da partícula será uniforme. Em


outras palavras, a força magnética só será capaz de mudar a direção da velocidade se a fizer
descrever uma trajetória curvilínea plana.

Assim, a força magnética será uma força centrípeta, e o ângulo entre os vetores campo magnético
e velocidade será 90º. Substituindo esse resultado na equação da força magnética, temos:
Como todos os parâmetros da equação acima são constantes, é possível afirmar que o raio da
trajetória da partícula será igual em todos os pontos. Isso quer dizer que a trajetória é uma
circunferência, indicando, portanto, um movimento circular uniforme (MCU).

Desse modo, é possível determinar, também, o período desse MCU. Assim:

Como o movimento ocorre em uma circunferência:

Igualando as expressões da velocidade:

Por fim:

De acordo com a equação acima, concluímos que o período do movimento não depende da
velocidade da partícula, tampouco do raio da trajetória descrita por ela.
Introdução à Indução Eletromagnética
Após constatarem que correntes elétricas podiam criar campos magnéticos, os cientistas passaram
a verificar se o fenômeno inverso também ocorria, isto é, se os campos magnéticos eram capazes
de criar correntes elétricas. Foi então que, em 1831, Michael Faraday conseguiu provar que o
fenômeno inverso também era possível. Esse fenômeno, denominado indução eletromagnética,
é responsável pelo funcionamento dos geradores de energia elétrica.

Basicamente, a indução eletromagnética permite converter energia mecânica em energia elétrica.


Esse princípio de funcionamento é muito empregado nos geradores das hidrelétricas, uma vez que
eles transformam a energia mecânica de uma queda d'água em energia.

Além dos geradores elétricos, os captadores de som das guitarras, os microfones dinâmicos, entre
outros, são o exemplos de aplicação da indução eletromagnética.
Fluxo de Indução
Para entendermos o que é e como se origina a indução magnética, é necessário definirmos uma
grandeza física chamada fluxo de indução magnética ou fluxo magnético. Essa grandeza é
vetorial, sendo simbolizada pela letra grega Φ.

Mesmo que haja fluxo de indução magnética sobre qualquer corpo, independente da forma ou do
material do qual ele seja feito, iremos defini-lo apenas para o caso particular de uma superfície
plana de área superficial A, estando a área delimitada por uma espira imersa em um campo
magnético uniforme, conforme a figura abaixo:

Assim, podemos escrever o fluxo de indução magnética como o produto do vetor indução

magnética (campo magnético) pela área da superfície A e pelo cosseno do ângulo θ, formado

entre e uma linha perpendicular à superfície, chamada reta normal. Matematicamente:

A unidade adotada pelo SI para medir a intensidade do fluxo de indução magnética é o weber
(Wb), em homenagem ao físico alemão Wilhelm Weber. Essa unidade caracteriza o produto tesla-
metro quadrado (T.m²).

É possível também associar o fluxo de indução magnética à quantidade de linhas de indução que
atravessam a superfície em forma de espira. Desse modo:

• Se a reta normal à superfície for perpendicular ao vetor indução magnética, nenhuma


linha de indução atravessará a espira, portanto, o fluxo será nulo. Isso pode ser
comprovado pela equação do fluxo magnético, uma vez que .
• Se a reta normal à superfície for paralela ao vetor indução magnética, a espira será
atravessada pelo número máximo de linhas de indução. Logo, o valor do fluxo será
máximo, já que .

Se a intensidade do vetor indução magnética e a área são valores constantes, e apenas o ângulo
θ é livre para variar, é possível montarmos um gráfico de Φxθ, onde veremos uma senoide

defasada de (gráfico do cosseno).


Variação do Fluxo Magnético
Para que haja indução eletromagnética, é necessário que o fluxo magnético que atravessa uma
superfície varie com o tempo. Lembrando que o fluxo magnético é calculado pela expressão:

Como podemos observar na equação acima, o fluxo depende de três grandezas, B, A, e θ.


Portanto, para que Φ varie,é necessário que pelo menos uma das três grandezas varie, como
veremos a seguir.

Variação do Fluxo Devido à Variação do Vetor Indução Magnética


Imagine um tubo capaz de conduzir em seu interior as linhas de indução geradas por um ímã. Se
em um ponto do tubo houver uma redução na área de sua seção transversal, todas as linhas que
passavam por uma área A terão de passar por uma área A', menor que a anterior. A única forma
de todas as linhas de indução passarem, ou seja, de o fluxo por essa área menor ser mantido, é
se o vetor indução aumentar. Isso nos leva a concluir que as linhas de indução devem estar mais
próximas entre si nas partes em que a área é menor. Como as seções transversais no tubo são
paralelas entre si, essa afirmação pode ser expressa matematicamente como:

Assim, é possível inferir que o campo magnético em um ímã qualquer é mais intenso nas
proximidades de seus polos, já que as linhas de indução são mais concentradas nesses pontos.
Uma forma de fazer Φ variar é aproximar ou afastar a superfície da fonte magnética, variando a

quantidade de linhas de que a atravessam.

Variação do Fluxo Devido à Variação da Área


Outra maneira utilizada para variar Φ é utilizando um campo magnético uniforme e uma superfície
de área A.

Como o campo magnético uniforme é bem delimitado, é possível variar o fluxo de indução
magnética movimentando-se a superfície perpendicularmente ao campo, entre a parte sob e fora
de sua influência. Dessa forma, a área efetiva por onde há fluxo magnético varia.

Variação do Fluxo Devido à Variação do Ângulo θ

Ainda é possível variar Φ fazendo variar o ângulo entre a reta normal à superfície e o vetor .
Uma maneira prática e, possivelmente, a mais utilizada para se gerar indução magnética é fazer
girar a superfície por onde o fluxo passa, ou seja, fazendo o ângulo θ variar.
ndução Eletromagnética
Quando uma área delimitada por um condutor sofre variação de fluxo de indução magnética,
surge entre seus terminais uma força eletromotriz (f.e.m) ou tensão. Se os terminais
estiverem ligados a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente, essa força eletromotriz irá
gerar corrente elétrica, denominada corrente induzida. Esse fenômeno é chamado de indução
eletromagnética, pois é causado por um campo magnético e gera correntes elétricas. A corrente
induzida só existe enquanto há variação do fluxo, denominado fluxo indutor.

Indutores
São dispositivos elétricos capazes de armazenar energia na forma de campo magnético.
Geralmente, essa energia é armazenada por meio da combinação de vários loops da corrente
elétrica.

Nos circuitos, os indutores costumam ser empregados como filtros "passa-baixa", ou seja,
funcionam como dispositivos que rejeitam altas frequências. São construídos com uma bobina de
material condutor, como, por exemplo, fios de cobre.

Uma característica importante dos indutores é a indutância, um parâmetro que relaciona a


tensão induzida por um campo magnético variável à corrente elétrica responsável por esse
campo. No SI, essa grandeza física é medida em henry (H), sendo representada nos circuitos por
um fio helicoidal, simbolizado pela letra L, como podemos ver na figura abaixo.

Ainda é possível medir a energia armazenada em um indutor, que igual à quantidade de trabalho
necessária para estabelecer o fluxo de corrente através dele. Essa energia é dada por:

Onde i é a corrente elétrica que atravessa o indutor.


Lei de Lenz
Segundo a lei proposta pelo físico russo Heinrich Lenz, baseada em resultados experimentais, a
corrente induzida tem sentido oposto ao sentido da variação do campo magnético que lhe deu
origem. Assim:

• se houver diminuição do fluxo magnético, a corrente induzida irá criar um campo


magnético com o mesmo sentido do fluxo.
• se houver aumento do fluxo magnético, a corrente induzida irá criar um campo magnético
com sentido oposto ao sentido do fluxo.

Imaginemos uma espira posta no plano da página. Se a submetermos a um fluxo magnético que
tem direção perpendicular à página e com sentido de entrada na folha, poderemos ter as
seguintes situações:

• se for positivo, ou seja, se o fluxo magnético aumentar, a corrente induzida terá


sentido
anti-horário;
• se for negativo, ou seja, se o fluxo magnético diminuir, a corrente induzida terá
sentido
horário.

As situações acima são consequências da Lei de Lenz.

Corrente de Foucault
Quando um fluxo magnético varia através de uma superfície sólida, e não apenas delimitada por
um condutor (como foi visto em indução eletromagnética), há a criação de uma corrente induzida
sobre a corrente sólida, como se toda a superfície fosse composta por uma combinação de espiras
muito finas justapostas.O nome dado a esse tipo de corrente, a saber, corrente de Foucault,
trata-se de uma homenagem ao físico e astrônomo francês Jean Bernard Léon Foucault, que foi o
pioneiro a demonstrá-la.Devido às dimensões consideráveis, a superfície sofre dissipação de
energia por efeito Joule, causando grande aumento de temperatura, o que torna possível utilizar
essas correntes como aquecedores. Um exemplo de aplicação desse conceito ocorre no forno de
indução (ver figura), que tem a passagem de correntes de Foucault como princípio de
funcionamento.

Basicamente, um forno de indução é composto por uma bobina percorrida por corrente alternada.
A bobina envolve um recipiente no qual são colocadas as peças metálicas que desejamos fundir.
fluxo variável, portanto, é produzido pela corrente alternada que atravessa os componentes,
induzindo correntes de Foucault.

Em circuitos eletrônicos, onde a dissipação por efeito Joule é altamente indesejável, uma vez que
pode danificar seus componentes, é frequente a utilização de materiais laminados ou formados por
pequenas placas isoladas entre si, a fim de diminuir as perdas por dissipação de energia.
Força Eletromotriz Induzida
Consideremos que um fio condutor retilíneo, cujo comprimento é l, atravesse um campo
magnético uniforme com velocidade de módulo v. No intuito de simplificar o raciocínio, iremos
considerar que todos os ângulos envolvidos são retos, conforme a figura abaixo.

Desse modo, os portadores de carga do condutor estarão sujeitos à ação de uma força magnética
cujo módulo é dado pelo produto qvB, a qual atua na direção do condutor.

A força magnética em questão tende a realizar um trabalho sobre os portadores de carga, fazendo
surgir uma força eletromotriz induzida nas extermidades do condutor. A intensidade dessa f.e.m
induzida é dada pela seguinte expressão matemática:

Onde:

B = módulo do vetor campo magnético;

l = comprimento do condutor;

v = módulo da velocidade do condutor.

De acordo com a equação acima, a força eletromotriz induzida é função do módulo da velocidade;
logo, se a velocidade variar, a f.e.m também varia.
Lei de Faraday-Neumann
Também chamada de lei da indução magnética, sendo elaborada a partir de contribuições de
Michael Faraday, Franz Ernst Neumann e Heinrich Lenz, entre 1831 e 1845, essa lei quantifica a
indução eletromagnética.

A lei de Faraday-Neumann relaciona a f.e.m gerada entre os terminais de um condutor sujeito à


variação de fluxo magnético com o módulo da variação desse fluxo e o intervalo de tempo em que
essa variação acontece. Matematicamente:

O sinal negativo da expressão é uma consequência da Lei de Lenz, a qual diz que a corrente
induzida tem sentido tal que gera um fluxo induzido oposto ao fluxo indutor.

Exemplo:

Do instante t1= 1,0 s ao instante t2= 1,2 s, o fluxo de indução eletromagnética através de uma
espira variou de Φ1= 2,0 Wb para Φ2= 8,0 Wb. Determine a força eletromotriz média induzida na
espira nesse intervalo de tempo.

Solução:

Partindo da lei de Faraday-Neumann:

Substituindo os dados do problema na equação acima, temos:

Assim, em módulo, a força eletromotriz média induzida na espira é:


Transformadores
Os transformadores de tensão, geralmente chamados apenas de transformadores, são
dispositivos capazes de aumentar ou reduzir valores de tensão, como o próprio nome sugere.

Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um material altamente imantável, e duas


bobinas com número diferente de espiras isoladas entre si, denominadas primário (bobina que
recebe a tensão da rede) e secundário (bobina em que sai a tensão transformada).

O funcionamento de um transformador baseia-se na criação de uma corrente induzida no


secundário, a partir da variação de fluxo gerada pelo primário. A tensão de entrada e de saída são
proporcionais ao número de espiras em cada bobina. Matematicamente, podemos expressar esse
princípio pela seguinte equação:

Onde:

• = tensão no primário;

• = tensão no secundário;

• = número de espiras do primário;

• = número de espiras do secundário.

De acordo com a proporcionalidade acima, concluímos que um transformador reduz a tensão se o


número de espiras do secundário for menor que o número de espiras do primário. Nesse caso,
tem-se um transformador abaixador de tensão.

Analogamente, quando o número de espiras do secundário for maior que o número de espiras do
primário, teremos um transformador que aumenta a tensão, ou seja, um elevador de tensão.

Se considerarmos que toda a energia é conservada, a potência no primário deverá ser exatamente
igual à potência no secundário. Desse modo:
Introdução à Eletrodinâmica
Até o momento, ao estudarmos a Eletrostástica, nos detemos a observar o comportamento de
condutores em equilíbrio eletrostático, ou seja, condutores nos quais os portadores de carga não
se moviam em nenhum sentido preferencial. Nesse caso, portanto, o único movimento possível
para esses portadores de carga é a agitação térmica — movimento desordenado, sem direção e
sentido privilegiados.

É importante salientar o porquê de todas as direções e sentidos serem possíveis: como o campo
elétrico no interior de um condutor em equilíbrio eletrostático é nulo, o potencial elétrostático é o
mesmo em todos os pontos, o que significa que não há diferença de potencial entre quaisquer dois
pontos do condutor.

A partir de agora, estudaremos situações nas quais os portadores de carga movimentam-se em


determinado sentido preferencial. Nessas condições, dizemos que os condutores são percorridos
por correntes elétricas.

A Eletrodinâmica, ramo da Física que estuda as correntes elétricas, suas causas e seus efeitos,
será nosso objeto de estudo nos próximos tópicos.

Temos conhecimento da importância das correntes elétricas no mundo moderno, já que são
fundamentais para o funcionamento de eletrodomésticos e computadores, por exemplo, além de
terem importante papel nos sistemas de iluminação em residências. Sabemo também dos danos
que as correntes elétricas podem causar, como os choques elétricos, ou até mesmo as eventuais
correntes excessivas que danificam e, por vezes, destroem nossos aparelhos eletrodomésticos.

Os raios que observamos e os trovões que ouvimos durante as tempestades são resultado de
intensas correntes elétricas na atmosfera.
Corrente Elétrica
A partir de agora, deixaremos de estudar situações em que as partículas eletricamente carregadas
estão em equilíbrio eletrostático e passaremos às situações em que há deslocamento dessas
cargas para direção e sentido determinados. Esse deslocamento ordenado de portadores de cargas
é o que chamamos de corrente elétrica.

Normalmente, utiliza-se a corrente causada pela movimentação de elétrons em um condutor, mas


também é possível haver corrente de íons positivos e negativos (em soluções eletrolíticas ou gases
ionizados).

A corrente elétrica é causada por uma diferença de potencial (ddp) e pode ser explicada pelo
conceito de campo elétrico. Para tanto, consideremos duas cargas, uma positiva (A) e outra
negativa (B). Há, portanto, um campo orientado da carga A para a carga B. Ao ligarmos um fio
condutor entre essas cargas, os elétrons livres tendem a se deslocar no sentido da carga positiva,
uma vez que possuem cargas negativas, seguindo a máxima "cargas de sinais opostos de
atraem".

Desse modo, cria-se uma corrente elétrica no fio, com sentido oposto ao do campo elétrico,
denominado sentido real da corrente elétrica. No entanto, convencionou-se que a corrente
tenha o mesmo sentido do campo elétrico, o que não altera em nada seus efeitos (exceção para o
fenômeno chamado Efeito Hall). Assim, tem-se o sentido convencional da corrente.

A intensidade da corrente elétrica (i) pode ser calculada se considerarmos o módulo da carga
elétrica que atravessa a secção transversal de um condutor em determinado intervalo de tempo.
Matematicamente:

Sendo: |Q| = ne (Onde e é a carga elementar, cujo módulo é 1,6x10-19 C)

A unidade adotada para a intensidade da corrente no SI é o ampère (A), em homenagem ao físico


francês Andre Marie Ampère, e designa coulomb por segundo (C/s).

Assim como vimos ao estudarmos a carga elétrica e a capacitância, costumamos usar os


submúltiplos de ampère. Os mais utilizados são:
Continuidade da Corrente Elétrica
Para condutores em que não há dissipações, a intensidade da corrente elétrica é sempre igual,
independentemente da seção transversal. Essa propriedade é chamada de continuidade da
corrente elétrica.

Como consequência disso, caso haja "opções de caminho" em um condutor, como, por exemplo,
uma bifurcação do fio, a corrente anterior a ela será igual à soma das correntes em cada parte
dessa bifurcação, ou seja:
Resistência Elétrica
Ao aplicar-se uma tensão U em um condutor qualquer, estabelece-se nele uma corrente elétrica
de intensidade i. Para a maior parte dos condutores, essas duas grandezas são diretamente
proporcionais, ou seja, conforme uma aumenta, o mesmo ocorre a outra.

Dessa forma:

Essa constante de proporcionalidade chama-se resistência elétrica, que depende de fatores


como, por exemplo, a natureza do material do qual o condutor é feito. Quando essa
proporcionalidade é mantida de forma linear, chamamos o condutor de ôhmico, tendo seu valor
dado por:

Sendo R constante, conforme enuncia a Primeira Lei de Ohm:

"Para condutores ôhmicos a intensidade da corrente elétrica é diretamente proporcional à tensão


(d.d.p) aplicada em seus terminais."

Graficamente, isso significa que, para todos os condutores ôhmicos, a dependência entre a d.d.p e
a corrente elétrica será sempre linear, dentro de um intervalo de tensão, obviamente.

A resistência elétrica também pode ser caracterizada como a "dificuldade" encontrada para que
haja passagem de corrente elétrica por um condutor submetido a uma determinada tensão. No SI,
a unidade adotada para esta grandeza é o ohm (Ω), em homenagem ao físico alemão Georg
Simon Ohm.

Costuma-se definir, também, uma grandeza chamada condutância elétrica (G) como sendo a
facilidade que uma corrente tem em passar por um condutor submetido à determinada tensão.
Essa grandeza é, portanto, o inverso da resistência elétrica:
A unidade de condutância elétrica adotada pelo SI é o siemens (S), onde:

Com certa frequência, observamos o emprego dos múltiplos da unidade ohm. Os mais utilizados
são:

- quiloohm (kΩ)= 103 Ω

- megaohm (MΩ)= 106 Ω


Segunda Lei de Ohm
A Segunda Lei de Ohm descreve as grandezas que influenciam na resistência elétrica de um
condutor, conforme o enunciado abaixo:

"A resistência de um condutor homogêneo de seção transversal constante é proporcional ao seu


comprimento e à natureza do material de sua construção, e é inversamente proporcional à área de
sua seção transversal. Em alguns materiais também depende de sua temperatura."

Matematicamente, pode ser expressa por:

Onde:

ρ = resistividade do material (é a constante de proporcionalidade da equação);

L = comprimento do condutor;

A = área da seção transversal.

Portanto, resumidamente, a Segunda Lei de Ohm fornece a resistência elétrica de um condutor em


função do material de que ele é feito, de seu comprimento e da sua área de seção transversal.

Em outras palavras, pela equação acima, podemos observar que a resistência elétrica de um
condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento, inversamente proporcional a sua área
de seção transversal, além de depender do tipo de material do qual ele foi fabricado, grandeza
chamada de resistividade elétrica, característica intrínseca do condutor.

A unidade adotada no SI para a resistividade elétrica é o ohm-metro, representado por Ω.m.


Entretanto, na prática, é comum vermos essa grandeza ser mensurada em Ω.mm²/m, uma vez
que a unidade mais adequada para medir a área de seção transversal de um fio condutor é em
mm², e não em m², como sugere o SI. Desse modo:

Assim como definimos a condutância elétrica quando estudamos a Primeira Lei de Ohm, aqui
podemos definir a condutividade elétrica de um material, simbolizada por σ e definida,
matematicamente, pelo inverso da resistividade:

No SI, a unidade para a condutividade elétrica é o siemens por metro, simbolizado por S/m, como
podemos ver abaixo:
Resistores
São peças utilizadas em circuitos elétricos que têm como principal função converter energia
elétrica em energia térmica, ou seja, os resistores são usados como aquecedores ou como
dissipadores de eletricidade.

Alguns exemplos de resistores utilizados no nosso cotidiano são o filamento de uma lâmpada
incandescente, o aquecedor de um chuveiro elétrico, os filamentos que são aquecidos em uma
estufa, entre outros.

Em circuitos elétricos teóricos, costumamos considerar toda resistência encontrada proveniente


apenas dos resistores. Isso quer dizer que consideramos as ligações entre eles como condutores
ideais (que não apresentam resistência), e utilizamos as seguintes representações:

Curva Característica de um Resistor Ôhmico


Ao estudarmos a Primeira Lei de Ohm, vimos que o gráfico que relaciona a diferença de potencial
com a corrente elétrica que percorre um condutor é um segmento de reta, como mostra a figura
abaixo. Esse gráfico é chamado curva característica do resistor.

Vale salientar que nem todos os resistores possuem comportamento ôhmico, ou seja, nem todos
apresentam uma dependência linear entre a ddp e a corrente. Portanto, nos deteremos à análise
apenas de casos em que os resistores são condutores ôhmicos.

Mais adiante, quando analisarmos os circuitos elétricos, veremos algumas aplicações de


associações de resistores e algumas possibilidades de substituirmos conjuntos desses elementos
por apenas um condutor, que desempenhe um papel similar.
Associação de Resistores
Em um circuito é possível organizar conjuntos de resistores interligados, ou seja, uma associação
de resistores. O comportamento dessa associação varia conforme a ligação entre os resistores,
sendo seus possíveis tipos: em série, em paralelo e mista.

Associação em Série
Associar resistores em série significa ligá-los em um único trajeto. Simplificadamente, podemos
dizer que é como se todos os elementos estivessem "de mãos dadas", ligados sequencialmente. A
figura abaixo exemplifica essa situação.

Como existe apenas um caminho para a passagem da corrente elétrica, ela se mantém inalterada
por toda a extensão do circuito. Já a diferença de potencial nos terminais de cada resistor irá
variar conforme a resistência de cada um, de modo que a Primeira Lei de Ohm seja obedecida.
Assim:

Essa relação também pode ser obtida pela análise do circuito abaixo:

Sendo assim, a diferença de potencial entre os pontos inicial e final do circuito é igual à:

Analisando a expressão acima e tendo em vista que a tensão total e a intensidade da corrente são
mantidas, é possível concluir que a resistência total, ou resistência equivalente, será dada
por:

Resumidamente, as características de uma associação em série de resistores são:

Tensão (ddp) (U) é dividida.


Intensidade da corrente (i) é conservada.
Resistência total (RT) soma algébrica da resistência de cada resistor.
Associação em Paralelo
Ligar um resistor em paralelo significa, basicamente, dividir a mesma fonte de corrente, de modo
que a ddp em cada ponto seja conservada. Ou seja:

Usualmente, as ligações em paralelo são representadas por:

Como mostra a figura, a intensidade total de corrente do circuito é igual à soma das intensidades
medidas sobre cada resistor. Assim:

Pela Primeira Lei de Ohm:


Por essa expressão, já que a intensidade da corrente e a tensão são mantidas, podemos concluir
que a resistência total (resistência equivalente) em um circuito em paralelo é dada por:

Resumidamente, as características de uma associação em paralelo de resistores são:

Tensão (ddp) (U) é conservada.


Intensidade da corrente (i) é dividida.
Resistência total (RT) soma dos inversos da resistência de cada resistor.

Associação Mista
Uma associação mista de resistores consiste na combinação, em um mesmo circuito, de
associações em série e em paralelo, conforme a figura abaixo:

Em cada parte do circuito, a tensão (U) e intensidade da corrente serão calculadas com base no
que se conhece sobre circuitos série e paralelos. Para facilitar os cálculos, recomenda-se reduzir
ou redesenhar os circuitos, utilizando-se resistores resultantes para cada parte.

Exemplo: Dada a configuração abaixo e os dados das resistências de cada componente, encontre
a resistência equivalente do circuito.
Geradores de Corrente Elétrica
A corrente elétrica sempre existe enquanto há diferença de potencial entre dois corpos ligados por
um condutor, por exemplo. Porém, ela tem pequena duração quando esses corpos são eletrizados
pelos métodos vistos em Eletrostática, uma vez que entram rapidamente em equilíbrio.

A forma encontrada para que haja uma diferença de potencial mais duradoura é a criação
de geradores elétricos, os quais são construídos de modo que essa ddp ocorra por um intervalo
de tempo maior.

Um gerador elétrico é representado, geralmente, por duas barras paralelas, uma maior e outra
menor, indicando que a corrente flui do menor potencial (polo negativo) para o maior potencial
(polo positivo). Além disso, está associada ao gerador uma resistência à passagem de corrente
elétrica que é intrínseca a ele, chamada de resistência interna.

Na figura abaixo, há uma representação esquemática dos geradores utilizados nos circuitos
elétricos que estudaremos mais adiante.

Equação do Gerador
Observando a figura acima, percebemos que há uma grandeza que ainda não definimos, e que é
simbolizada pela letra grega ε, a força eletromotriz (f.e.m). Na verdade, não se trata
exatamente de uma força, e sim de uma diferença de potencial, uma energia responsável pela
movimentação dos elétrons de forma ordenada.

Como o gerador possui uma resistência intrínseca a ele, há uma queda de potencial quando a
corrente elétrica atravessa a resistência interna, de modo que a tensão entre dois terminais sofre
uma redução. A chamada equação do gerador torna mais claro esse raciocínio.

Matematicamente:

Caso os valores de ε e r sejam constantes, a equação do gerador pode ser entendida como uma
função linear de U e i. Desse modo, podemos representar essas grandezas em um gráfico, cujo
segmento de reta é chamado de curva característica do gerador.
O gráfico acima possibilita duas conclusões:

- A diferença de potencial máxima fornecida pelo gerador é igual à força eletromotriz quando não
há corrente elétrica circulando entre seus terminais. Nesse caso, temos um circuito aberto.

- Quando a corrente atinge a intensidade máxima, a ddp nos terminais do gerador é nula. Nesse
caso, a corrente elétrica é chamada de corrente de curto-circuito (icc) e pode ser obtida, na
prática, quando conectamos terminais diretamente com o auxílio de um fio condutor. A expressão
matemática para a icc é dada por:

Gerador Ideal
Em alguns casos, o valor da resistência interna do gerador é extremamente pequeno, podendo ser
desprezado. Dessa forma, a representação do gerador passa a ser a apresentada na ilustração
abaixo:
Tipos de Geradores
Existem diversos tipos de geradores elétricos, que são caracterizados por seu princípio de
funcionamento. Os mais comuns estão listados a seguir:

Geradores Luminosos

São sistemas de geração de energia construídos de modo a transformar energia luminosa em


energia elétrica. As placas solares feitas de um composto de silício que convertem a energia
luminosa do Sol em energia elétrica são exemplos de geradores luminosos.

Geradores Mecânicos

São os geradores mais comuns e com maior capacidade de criação de energia. Transformam
energia mecânica em energia elétrica, principalmente por meio do magnetismo. É o caso dos
geradores encontrados em usinas hidrelétricas, termoelétricas e termonucleares.

Geradores Químicos

São capazes de converter energia potencial química em energia elétrica (contínua, apenas). Esse
tipo de gerador é encontrado sob a forma de pilhas e baterias.

Geradores Térmicos

São aqueles capazes de converter energia térmica em energia elétrica diretamente, fenômeno
conhecido como efeito termoelétrico. Os termopares são exemplos de geradores térmicos.
Associação de Geradores
Quando associados dois ou mais geradores, como pilhas, por exemplo, a tensão e a corrente se
comportam da mesma forma como nas associações de resistores.

Associação em Série
Em uma associação de geradores em série, as resistências internas e as forças eletromotrizes são
somadas, conforme podemos observar na figura. Desse modo, tanto a força eletromotriz total
quanto a resistência interna total serão dadas pelo somatório das contribuições de cada grandeza.
Já a corrente elétrica será a mesma em todos os componentes, uma vez que não há bifurcações
no caminho.
Associação em Paralelo
Em uma associação de geradores em paralelo, a resistência interna total deverá ser calculada pelo
método apresentado quando estudamos associações de resistores em paralelo. Enquanto isso, a
força eletromotriz total será similar a uma média ponderada das contribuições dessas
quantidades. Por último, a corrente elétrica será dividida de acordo com os nós do circuito, de
modo que a corrente total será a soma das contribuições individuais em cada caminho.
Circuitos Elétricos Simples
Recebe o nome de circuito elétrico o caminho completo no qual se pode estabelecer uma
corrente elétrica. A parte do circuito elétrico que se encontra fora do gerador é chamada
de circuito externo.

A corrente elétrica no circuito externo fluirá sempre do polo positivo para o negativo, não
importando o tipo de condutor que estiver ligado ao gerador. Isso implica que, no gerador, a
corrente fluirá do polo negativo para o positivo.

Elementos de um Circuito Elétrico Simples


Um circuito elétrico simples é composto por um conjunto de elementos, tais como:

Resistor

Dispositivo responsável por dificultar a passagem da corrente elétrica e por transformar energia
elétrica em energia térmica por efeito Joule (esse efeito será explicado mais adiante). O material
mais comum utilizado na fabricação de resistores é o carbono. Na figura abaixo, podemos rever a
representação de um resistor em um circuito elétrico:

Gerador Elétrico

Mecanismo que transforma energia mecânica, química, ou outra forma de energia em energia
elétrica. Em outras palavras, o gerador é o agente que abastece o circuito, uma vez que fornece
energia às cargas que o atravessam. Abaixo podemos rever como simbolizamos um gerador
elétrico em um circuito, acompanhado de sua resistência interna, intrínseca a ele.

Fios Condutores

Elementos que tornam possível a passagem de corrente elétrica em um caminho fechado. Admite-
se que são ideais, portanto, suas resistências elétricas são desprezíveis. Além disso, são
representados por linhas retas nos circuitos elétricos.
Esquema de um Circuito Elétrico Simples
Os circuitos elétricos simples possuem a seguinte configuração:

Ao percorrermos o circuito da figura acima, podemos obter uma equação que descreve o
comportamento dos circuitos simples, os quais são compostos apenas por uma bateria com
resistência interna, um resistor e fios condutores. A equação em questão é a seguinte:

É importante esclarecer por que a primeira equação foi igualada a zero. A explicação está
relacionada às Leis de Kirchhoff, que regem o comportamento de circuitos elétricos.

A Primeira Lei de Kirchhoff, conhecida como Lei dos Nós, é uma consequência imediata
do Princípio de Conservação da Carga:

"A soma algébrica da intensidade das correntes elétricas em um nó é nula."

A Segunda Lei de Kirchhoff, conhecida como Lei das Malhas, é uma consequência do Princípio
de Conservação de Energia:

"A soma algébrica das variações de potencial elétrico em uma malha (caminho fechado percorrido
por corrente) é nula."
Corrente Contínua e Alternada
Se considerarmos um gráfico i x t (intensidade de corrente elétrica em função do tempo),
podemos classificar a corrente conforme a curva encontrada. Há dois tipos de corrente elétrica:
contínua e alternada.

Corrente Contínua
Uma corrente é considerada contínua quando não altera seu sentido, ou seja, é sempre positiva
ou sempre negativa.

A maior parte dos circuitos eletrônicos trabalha com corrente contínua, embora nem todos tenham
o mesmo "rendimento".

Quanto ao seu comportamenteo no gráfico i x t, a corrente contínua pode ser classificada como:

Corrente Contínua Constante

Dizemos que uma corrente contínua é constante quando seu gráfico é dado por um segmento de
reta contínuo, ou seja, não variável. Esse comportamento de corrente é comumente encontrado
em pilhas e baterias.

Corrente Contínua Pulsante

Embora não altere seu sentido, a corrente contínua pulsante passa periodicamente por variações,
não sendo necessariamente constante entre duas medidas em diferentes intervalos de tempo.
Esse comportamento de corrente geralmente é encontrado em circuitos retificadores de corrente
alternada.
Corrente Alternada
Dependendo da forma como é gerada a corrente, esta é invertida periodicamente, ou seja, ora é
positiva e ora é negativa, de modo que os elétrons executam movimentos de vai e vem. Esse tipo
de corrente é o que encontramos quando medimos a corrente na rede elétrica residencial.
Efeito Joule
A corrente elétrica é o resultado da movimentação ordenada de ânions, cátions ou elétrons livres.
Ao existir corrente elétrica, as partículas que estão em movimento acabam colidindo com as
outras partes do condutor que se encontra em repouso, causando uma excitação que, por sua vez,
irá gerar um efeito de aquecimento. A esse efeito damos o nome de efeito Joule.

O aquecimento no fio pode ser medido pela Lei de Joule, que é matematicamente expressa por:

Onde:

i = intensidade de corrente elétrica;

R = resistência do condutor;

t = intervalo de tempo no qual o condutor é percorrido por corrente.

A relação acima é válida desde que a intensidade da corrente seja constante durante o intervalo
de tempo considerado.

Para ilustrar melhor algumas aplicações do efeito Joule, consideraremos duas situações. A
primeira delas é o filamento incandescente de uma lâmpada, o qual é aquecido graças à conversão
de energia potencial elétrica em energia térmica.

Um segundo exemplo de aplicação do efeito Joule é o aquecedor elétrico, no qual ocorre a mesma
conversão de energia do que no caso anterior. É esse efeito que nos proporciona a sensação de
que os ambientes estão mais aquecidos, ou melhor, em temperaturas mais altas.
Potência Elétrica
A potência elétrica dissipada por um condutor é definida como a quantidade de energia térmica
que passa por ele durante determinado intervalo de tempo.

A unidade utilizada para energia é o watt (W), que designa joule por segundo (J/s).

Ao considerarmos que toda a energia perdida em um circuito é resultado do efeito Joule,


admitimos que a energia transformada em calor é igual à energia perdida por uma carga q que
passa pelo condutor. Matematicamente:

Mas, sabemos que:

Então:

Logo:

No entanto, sabemos que . Então, podemos escrever que:

Exemplo:

Qual a corrente elétrica que passa em uma lâmpada de 60 W em uma cidade onde a tensão na
rede elétrica é de 220 V?

De acordo com a Primeira Lei de Ohm: .


Desse modo, podemos definir duas formas que relacionem a potência elétrica com a resistência:

Utilizando-se os dados do exemplo anterior, qual a resistência do filamento interno da lâmpada?


Consumo de Energia elétrica
Cada aparelho que utiliza a eletricidade para o seu funcionamento, como, por exemplo, o
computador que você está utilizando para ler esse texto, consome uma quantidade de energia
elétrica.

Para calcular esse consumo, basta que saibamos a potência do aparelho e o tempo de utilização
dele, ou seja, o tempo que ele estiver em funcionamento. Assim, se quisermos estimar a
quantidade de energia gasta por um chuveiro de 5500 W ligado durante 15 minutos, teremos de
fazer o seguinte cálculo:

O cálculo acima demonstra que, nesse caso, o joule (J) não é uma unidade eficiente, já que se
refere à utilização do aparelho apenas em um banho de 15 minutos. Imagine o consumo desse
chuveiro em uma residência com quatro moradores que tomam banhos de 15 minutos todos os
dias do mês: para que a energia gasta seja compreendida de forma mais prática, podemos definir
outra unidade de medida, que embora não seja adotada no SI, é mais conveniente. Essa unidade
é o quilowatt-hora (kWh).

Para calcularmos o consumo do chuveiro nessa nova unidade, consideraremos sua potência em
kW e o seu tempo de uso em horas. Assim:

O mais interessante em adotar essa unidade é que, se soubermos o preço cobrado por kWh,
poderemos calcular quanto será gasto em dinheiro nesse consumo. Exemplo: Considere que em
sua cidade a companhia de energia elétrica tenha uma tarifa de 0,300710 R$/kWh. Desse modo, o
consumo de um chuveiro elétrico de 5500 W, ligado durante 15 minutos será:

Se considerarmos o caso da família de quatro pessoas que utiliza o chuveiro diariamente durante
15 minutos, o custo mensal da energia gasta será:
Capacitores
Em circuitos eletrônicos, alguns componentes necessitam que haja alimentação em corrente
contínua, enquanto a fonte está ligada em corrente alternada. Esse problema pode ser facilmente
resolvido com a inserção de um capacitor no circuito.

É importante mencionar que já havíamos feito uma análise dos capacitores e dos conceitos afins,
embora com uma abordagem do ponto de vista da Eletrostática. A partir de agora, abordaremos
conceitos relacionados, porém, utilizando as definições estudadas pela Eletrodinâmica.

Assim, capacitores são dispositivos capazes de armazenar energia potencial elétrica durante um
intervalo de tempo. Neles, utiliza-se um campo elétrico uniforme. Um capacitor é composto por
duas peças condutoras chamadas armaduras e um material isolante com propriedades
específicas, chamado dielétrico.

Observaremos, a seguir, duas possíveis geometrias de capacitores.

Capacitores Planos
Nesse caso, as armaduras são duas placas planas condutoras.

Capacitores Cilíndricos
As armaduras são dois condutores cilíndricos coaxiais, ou seja, cujos eixos são coincidentes.
Capacitância
É a capacidade de um condutor armazenar cargas elétricas quando submetido a uma diferença de
potencial.

Chamando de Q a quantidade de carga armazenada pelo capacitor e de U o módulo da ddp entre


suas armaduras, definimos, matematicamente, a capacitância pela expressão:

Por uma simples análise de proporcionalidade entre as grandezas, vemos facilmente que, para
uma mesma ddp, a capacitância será tanto maior quanto maior for a carga armazenada no
capacitor.

A unidade, no SI, para a capacitância é o farad (F). Entretanto, por tratar-se de uma quantidade
muito grande, costumamos utilizar os submúltiplos dessa grandeza, analogamente ao que é feito
com o coulomb. Portanto, o mais comum é encontrarmos capacitâncias expressas em milifarad,
microfarad, nanofarad e picofarad.

Vale salientar que a capacitância é uma grandeza característica de cada capacitor, de modo que
depende de sua forma geométrica, de suas dimensões e do dielétrico entre as armaduras.

Associação de Capacitores
Assim como podemos fazer associações de resistores e de geradores, também é possível associar
capacitores. As associações podem ser em série, em paralelo e mistas. A seguir, estudaremos
cada uma delas.

Associação em Série
Inicialmente, iremos supor que n capacitores, de capacitâncias C1, C2, ..., Cn, estão
descarregados. A associação será do tipo série se os capacitores estiverem dispostos conforme a
figura abaixo.

É importante salientar que capacitores associados em série armazenam cargas iguais e que, além
disso, a diferença de potencial entre os terminais da associação é soma das diferenças de
potencial dos capacitores. Assim:
Para determinarmos a capacitância equivalente dessa associação, valeremo-nos da equação
acima. Portanto:

Sendo:

Rearranjando os termos e substituindo na equação das ddps:

Simplificando os termos semelhantes, a capacitância equivalente em uma associação em série é


dada por:
Associação em Paralelo
Imaginemos agora n capacitores, de capacitâncias C1, C2, ..., Cn, inicialmente descarregados. A
associação será do tipo paralelo se a configuração for a seguinte:

A carga total estabelecida em uma associação em paralelo é dada pela soma das cargas de todos
os capacitores. Além disso, nesse tipo de associação, os capacitores estão submetidos à mesma
diferença de potencial.

Para obtermos a capacitância equivalente de uma associação em paralelo, valeremo-nos da


equação acima. Além disso, devemos lembrar que:

Substituindo na equação das cargas elétricas:

Simplificando os termos semelhantes, obtemos a equação para o cálculo da capacitância


equivalente:
Associação Mista de Capacitores
Caso os capacitores não estejam todos conectados em série ou em paralelo, dizemos que a
associação é mista. O método mais eficiente para resolver associações desse tipo é ir reduzindo o
circuito, juntando os elementos de forma que possamos utilizar, repetidamente, as equações para
associações em série e em paralelo.

Exemplo:

Dada a configuração abaixo, determine a capacitância equivalente do circuito.

Dados:

C1 = 4 pF

C2 = 2 pF

C3 = 5 pF

Solução:

O primeiro passo é encontrarmos a capacitância equivalente para os capacitores C2 e C3, que


estão conectados em paralelo. Assim, utilizando os dados do problema, temos:

Após reduzirmos o circuito calculando C23, ficamos com dois capacitores ligados em série.
Devemos, então, utilizar as equações para esse tipo de associação. A capacitância equivalente
dessa associação é:
Circuito RC
Trata-se de um circuito composto por um resistor, um capacitor e uma fonte de tensão, tal como é
apresentado na figura abaixo:

Processo de Carga do Capacitor


Em um primeiro momento, iremos considerar um instante t = 0, no qual o capacitor está
totalmente descarregado, o que implica que o circuito encontra-se aberto, como o da figura
acima. Se fecharmos o circuito, daremos início ao processo de carga do capacitor devido ao
gerador, cuja resistência interna é desprezível.

Logo no começo desse processo, os elétrons são extraídos de uma das armaduras do capacitor e
introduzidos na outra armadura facilmente. Nesse momento, podemos dizer que o capacitor
comporta-se como um curto circuito. Sendo a carga armazenada igual a zero (Q = 0), temos:
Conforme as armaduras vão se eletrizando, e, tendo em vista que a extração e a introdução de
elétrons torna-se cada vez mais difícil, a carga Q do capacitor aumenta, enquanto a intensidade da
corrente elétrica diminui. À medida que a corrente se aproxima de zero, o processo de carga do
capacitor encerra.

Assim, a diferença de potencial no capacitor vai se aproximando do valor da força eletromotriz, e a


carga armazenada nele vai se aproximando do produto Cε.

O intervalo de tempo que o capacitor leva para ficar completamente carregado depende do
produto RC (constante de tempo do circuito). A constante indica o tempo necessário para que a
carga do capacitor atinja 63% de seu valor final. Consequentemente, quanto menor a constante,
menor será o tempo que o capacitor levará para ficar completamente carregado.

Nos gráficos apresentados a seguir, é possível observar o comportamento da corrente e da carga


armazenada no capacitor em função do tempo.
Processo de Descarga do Capacitor
Agora iremos supor que o processo de carga do capacitor está encerrado. Consideraremos, então,
um novo instante t = 0, no qual a descarga do capacitor será feita por meio do resistor.

A carga do capacitor e a intensidade da corrente elétrica em função do tempo no circuito variam


de acordo com os gráficos apresentados abaixo.
Origem do Campo Magnético
Em 1820, o professor de Física da Universidade de Copenhague, Hans Christian Oersted,
demonstrou, experimentalmente, que fenômenos elétricos e magnéticos não eram independentes,
como se acreditava na época. O cientista descobriu que se um fio percorrido por corrente fosse
colocado nas proximidades de uma bússola, ele provocaria um desvio na agulha magnética. Esse
fato serviu para evidenciar a dependência entre a eletricidade e o magnetismo.

Abaixo, é possível observar uma versão simplificada do experimento realizado por Oersted, o qual
enfatiza o desvio sofrido pela agulha magnética da bússola.

Com a experiência, foi possível constatar que a corrente elétrica criou um campo magnético que,
somado ao campo magnético terrestre, produziu um campo magnético resultante, o qual foi o
responsável pelo alinhamento da agulha. Em outras palavras:

"Correntes elétricas criam um campo magnético na região do espaço que as circunda, sendo,
portanto, fontes de campo magnético."

Para um ímã produzir seu campo magnético, ele não precisa, necessariamente, estar ligado a uma
fonte de energia, como uma pilha ou uma bateria. Logo, não é necessário que ocorra a passagem
de corrente elétrica por ele.

Para o Eletromagnetismo Clássico, a causa do campo magnético de um ímã segue fundamentada


nas correntes elétricas: são, na verdade, correntes muito pequenas, em virtude do movimento dos
elétrons dos átomos constituintes do ímã, como veremos mais adiante.
Força Magnética sobre um Fio Condutor
Sempre que uma carga é posta sobre influência de um campo magnético, ela sofre uma interação
capaz de alterar seu movimento. Se o campo magnético em questão for uniforme, vimos que

haverá uma força agindo sobre a carga com intensidade , onde é o ângulo
formado no plano entre os vetores velocidade e campo magnético. A direção e sentido do

vetor serão dados pela regra da mão direita (regra do tapa).

Se imaginarmos um fio condutor percorrido por corrente, haverá elétrons livres se movimentando
por sua seção transversal com uma velocidade . No entanto, o sentido adotado para o vetor
velocidade, nesse caso, é o sentido real da corrente ( tem o mesmo sentido da corrente). Para
facilitar a compreensão, podemos imaginar que os elétrons livres são cargas positivas.

Uma vez que todos os elétrons livres têm carga (que, pela suposição adotada, comporta-se como
se fosse positiva), quando o fio condutor é exposto a um campo magnético uniforme, cada elétron
sofre a ação de uma força magnética. Observe a figura:

Considerando um pequeno pedaço do fio (em vez de apenas um elétron), podemos dizer que a

interação continuará sendo regida pela equação da força magnética: .

Substituiremos q por Q onde a grandeza representa a carga total no segmento do fio. Como
temos um comprimento de fio percorrido por elétrons em determinado intervalo de tempo,
podemos escrever a velocidade como:

Ao substituirmos essas novas quantidades em , teremos a força magnética no segmento,

expressa pela notação :


Sabendo que indica a intensidade de corrente no fio, então:

A expressão acima, utilizada para determinar a intensidade da força magnética em um fio, é


chamada de Lei Elementar de Laplace.

A direção e o sentido do vetor são perpendiculares ao plano determinado pelos vetores


velocidade e campo magnético, e podem ser determinados pela regra da mão direita (apontando-

se o polegar no sentido da corrente e os demais dedos no sentido do vetor ).

Saiba mais

Caso desejemos determinar a força magnética que atua em um fio extenso (com
dimensões não desprezíveis), devemos fazer os comprimentos serem cada vez

menores e somarmos os vetores em cada , de modo que todo o fio seja descrito.
Uma forma avançada para realizar esse cálculo é utilizar a integral de linha,
ferramenta do Cálculo Diferencial e Integral estudado no nível superior.

Para o caso particular em que o condutor for retilíneo, todos os vetores serão iguais.

Isso possibilita reescrevermos a Lei Elementar de Laplace como ,


conforme vimos.
Força Magnética sobre uma Espira
Da mesma forma como um campo magnético uniforme interage com um condutor retilíneo, é
possível que interaja, também, com um condutor em forma de espira percorrido por corrente.

Quando a corrente passa pelo condutor nos segmentos onde o movimento das cargas são
perpendiculares ao vetor indução magnética, há a formação de um "braço de alavanca" entre os

dois segmentos da espira, devido ao surgimento de . Nos segmentos onde o sentido da

corrente é paralelo ao vetor indução magnética não surge , pois a corrente e possuem a
mesma direção do campo magnético.

Se a espira tiver condições de girar livremente, a força magnética — que é perpendicular ao


sentido da corrente e ao campo magnético — causará rotação. À medida que a espira gira, a
intensidade da força que atua no sentido vertical, que é responsável pelo giro, diminui. Assim,

quando a espira tiver girado 90°, não haverá causando giro, de modo que as forças de cada
lado do braço de alavanca entrarão em equilíbrio.

No entanto, o movimento da espira continua, devido à inércia, fazendo-a avançar contra as

forças . Com isso, o movimento segue até que as forças o anulem e voltem a girar no
sentido contrário, passando a exercer um movimento oscilatório.

Uma forma de se aproveitar essa mudança da posição de equilíbrio é inverter o sentido da


corrente, de modo que o giro continue no mesmo sentido. Esse é o princípio de funcionamento dos
motores de corrente contínua, e a inversão de corrente é obtida por meio de um anel metálico
condutor dividido em duas partes.

Para uma espira circular, o módulo do campo magnético será dado por:
Campo Magnético em um Solenoide
Um solenoide é basicamente uma bobina, ou seja, um fio condutor enrolado em formato cilíndrico,
semelhante a uma mola. Em outras palavras, um solenoide é um conjunto de espiras enroladas e
postas lado a lado.

Se o comprimento do enrolamento for desprezível em relação ao seu raio, temos uma bobina
plana. Nesse caso, como todas as espiras são aproximadamente concêntricas e têm, em média, o
mesmo raio da bobina, a configuração do campo magnético é a mesma de quando há apenas uma
espira.

Assim, se a bobina possuir N espiras, o módulo no campo magnético será simplesmente o produto
nB.

Uma bobina plana de N espiras, percorrida por uma corrente elétrica de intensidade i, terá um
campo magnético cujo módulo é dado por:

A configuração das linhas de campo do solenoide pode ser obtida a partir da união das linhas de
campo de cada espira. Esse resultado torna-se ainda melhor se aumentarmos o número de
espiras, reduzindo a distância entre elas, e se o comprimento do solenoide for muito maior do que
o raio de sua seção normal, que é o raio de cada espira.

Assim, se o comprimento L do solenoide for muito grande (infinito), o campo magnético em seu
interior será praticamente uniforme. A orientação do vetor campo magnético pode ser obtida pela
regra da mão direita. Matematicamente:

Onde N é o número de espiras e L é o comprimento do solenoide.

Se substituirmos a densidade de espiras, ou seja, o número de espiras por unidade de


comprimento (N/L) por uma nova variável n, a expressão acima poderá ser reescrita como:
Propriedades Magnéticas dos Materiais
Analisar as propriedades magnéticas dos materiais é uma tarefa bastante complexa, pois requer o
entendimento de vários conceitos de uma área da Física Quântica chamada Estado Sólido. Desse
modo, deteremo-nos a estudar essas propriedades do ponto de vista do modelo atômico
clássico, que considera o átomo sendo constituído por um núcleo central, cuja carga é positiva,
ao redor do qual orbitam elétrons.

Basicamente, faremos a seguinte simplificação: consideraremos que cada elétron na órbita,


supostamente circular, comporta-se como uma espira circular de corrente. Esta, por sua vez,
comporta-se como um ímã, uma vez que é dotada de polos magnéticos.

O elétron possui momento angular intrínseco, denominado spin. Ele é o responsável pela
produção de um campo magnético mais intenso do que o campo produzido pelo movimento
orbital. Ainda que a ideia correta de spin seja dada pela Física Quântica, adotaremos o modelo
clássico em que o elétron gira em torno de um eixo que passa por ele mesmo. A corrente
associada a esse giro confere polos magnéticos aos elétrons, fazendo surgir outro campo
magnético.

A rigor, seria necessário, nesse momento, abordar conceitos mais modernos, como o de
orbital. Orbitais são regiões da eletrosfera em que há maior probabilidade de encontrarmos
elétrons. Além disso, cada orbital suporta, no máximo, dois elétrons — situação em que está
completo.

Outro fator importante é que dois elétrons de um orbital completo devem ter spins opostos. É em
virtude disso que esses elétrons não influenciam no campo magnético do átomo. Em
contrapartida, os elétrons desemparelhados, isto é, aqueles que ficam nos orbitais incompletos,
têm parcelas não nulas no campo magnético do átomo, sendo, portanto, a principal causa da
magnetização dele.

Em resumo, o campo magnético de um átomo é gerado pelo movimento orbital de seus elétrons e,
principalmente, pelo spin dos elétrons de orbitais incompletos.
Materiais Ferromagnéticos
Chamamos de ferromagnéticos os materiais que podem ser imantados quando submetidos a
campos magnéticos e que são fortemente atraídos por ímãs. São exemplos de materiais
ferromagnéticos: o ferro, o cobalto, o níquel e algumas ligas.

Em materiais ferromagnéticos, cada átomo apresenta um campo magnético relativamente grande,


em virtude de elétrons não emparelhados em orbitais incompletos. O ferro, por exemplo,
apresenta quatro elétrons desemparelhados na terceira camada, os quais possuem spins em
concordância, pois isso diminui a energia do átomo.

Há forças interatômicas que obrigam esses átomos a se disporem de forma que os campos
magnéticos fiquem paralelos e concordantes, formando regiões denominadas domínios
magnéticos. Cada domínio é microscópico; geralmente, tem volume da ordem de 10-9 cm e
grande número de átomos.

Nos materiais ferromagnéticos que nunca foram imantados, os domínios estão dispostos de
maneira desordenada, de modo que o campo magnético resultante é nulo. Uma prova disso é que
dois pregos de ferro não interagem magneticamente. A figura abaixo esquematiza a situação em
que os domínios estão todos desalinhados.

Quando o material ferromagnético é submetido a um campo magnético externo, os domínios em


concordância com esse campo tendem a aumentar à custa da captura de átomos de domínios
vizinhos. Os demais domínios, que não estão em concordância com o campo externo, deformam-
se, tendendo à concordância. Assim, o material passa a ser imantado. A seguir, há uma ilustração
dos domínios magnéticos alinhados.

Caso o campo magnético externo seja retirado, as fronteiras dos domínios magnéticos não
retornam exatamente às posições iniciais, de forma que ainda persistirá no material uma
imantação residual.

No caso de materiais de ferro puro (ferro doce), por exemplo, essa imantação residual é
desprezível. Entretanto, pode ser bastante significativa no aço, no alnico e no permalloy.
Chamamos de histerese magnética essa retenção de campo magnético, a qual favorece a
fabricação de ímãs permanentes.
Ponto Curie
Ao aumentarmos a temperatura de material ferromagnético, a agitação térmica perturba os
domínios magnéticos, desagregando-os, até que, em uma temperatura chamada ponto Curie, o
material deixa de ser ferromagnético.

Na sequência, podemos observar o ponto Curie de alguns materiais.

Material
Ponto Curie (º C)
Ferromagnético
Ferro 770
Cobalto 1130
Níquel 358
Magnetita 580
Nicromo 300
Gadolíneo 16
Disprósio -168

Eletroímã
Um eletroímã é uma barra de ferro doce envolto por um enrolamento de fios de cobre.
Basicamente, é uma barra de ferro contida no interior de um solenoide.

Ao ser percorrida por corrente elétrica, a barra de ferro imanta-se na presença do campo gerado,
tornando-se um ímã. Se interrompermos a passagem de corrente, a barra de ferro deixa de ser
um ímã, já que o ferro doce retém pouquíssima imantação. No caso do aço isso não ocorre, de
modo que ele permanece imantado, mesmo que tenha cessado a passagem de corrente no
solenoide.

Um eletroíma atrai materiais ferromagnéticos tanto se percorrido por corrente contínua quanto se
percorrido por corrente alternada.
Introdução à Física Quântica
Até agora, todos os tópicos estudados fazem parte de uma área denominada Física Clássica.
Embora seja muito útil, a Física Clássica não é capaz de explicar corretamente alguns fenômenos
físicos importantes, como, por exemplo, o comportamento da matéria em escalas atômicas e
subatômicas.

Em 1900, os estudos da Física Quântica foram iniciados, e demoraram cerca de 30 anos para
serem "concluídos". Na verdade, ainda não podemos afirmar que essa teoria esteja totalmente
pronta, uma vez que se trata de uma área na qual os físicos desenvolvem muitos trabalhos
científicos atualmente.

A Física Quântica consegue explicar satisfatoriamente boa parte dos problemas que não tinham
respostas até o início do século XX. Além disso, essa teoria é aplicável também a sistemas
macroscópicos, tornando ainda mais evidente a sua genialidade.

Nosso objetivo a partir de agora é explorar alguns conceitos dessa nova teoria, a fim de
introduzirmos noções básicas de Física Quântica e entendermos por que a Física Clássica não
serve para explicar os fenômenos em escalas microscópicas.

odelo Ondulatório para Radiações Eletromagnéticas


Por volta de 1860, Maxwell desenvolveu quatro equações que, basicamente, sintetizam o
comportamento dos fenômenos elétricos e magnéticos.

Maxwell

As equações de Maxwell sugerem que o campo elétrico e o campo magnético propagam-se


concomitantemente. Assim, esse conjunto de equações permite fazermos algumas inferências,
dentre elas:

• um campo elétrico variável no tempo induz o surgimento de um campo magnético;


• um campo magnético variável no tempo induz o surgimento de um campo elétrico.

Portanto, se forem gerados um campo elétrico e um campo magnético, ambos variáveis no tempo,
um será capaz de sustentar a existência do outro, de modo que será perfeitamente possível a
coexistência e a propagação de ambos. Ao se propagarem, esses dois campos constituem
as radiações eletromagnéticas, como as ondas de rádio, a luz visível, as micro-ondas, os raios
X, etc.
Por apresentarem comportamento ondulatório, as radiações eletromagnéticas também são
chamadas de ondas eletromagnéticas (OEM). Heinrich Hertz foi quem provou,
experimentalmente, em 1887, a existência das OEM ao gerar e detectar ondas de rádio em seu
laboratório.

Heinrich Hertz

De acordo com a teoria proposta por Maxwell para o Eletromagnetismo, as OEM são produzidas
por cargas elétricas em movimento acelerado. Um exemplo de aplicação desse princípio são as
antenas emissoras de rádio, que geram suas ondas a partir de elétrons oscilantes. Ao realizar um
movimento de frequência f, um elétron (ou uma partícula eletricamente carregada) emite uma
OEM cuja frequência também é f.

Na figura abaixo, podemos observar uma representação simplificada de como ocorre a propagação
de um pulso eletromagnético — uma OEM plana.

Além de serem variáveis no tempo, os campos elétrico e magnético são perpendiculares entre si e
à direção de propagação.

Uma OEM não precisa de um meio material para se propagar (como é o caso das ondas
mecânicas, por exemplo). Portanto, existe a possibilidade de ela propagar-se no vácuo. A
velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas no vácuo foi calculada por Maxwell antes
mesmo de ele saber que a luz era uma OEM. A expressão matemática que nos fornece o valor
dessa velocidade, c, é dada por:

Onde:

ε0= 8,85x10-12 F/m (permissividade elétrica do vácuo);

μ0= 4πx10-7 T.m/A (permeabilidade magnética do vácuo);

c = 2,99792x108 m/s (velocidade da luz).


Os resultados acima valem tanto para o vácuo como para o ar, e coincidem com a velocidade de
propagação da luz no ar, obtida experimentalmente. Baseado nisso, Maxwell concluiu que a luz
visível também era uma OEM.

É importante salientar que as OEM não interagem com os campos elétricos e magnéticos por onde
passam. Desse modo, a luz não sofre desvios ao passar próximo a um corpo eletrizado ou a um
polo magnético

A Radiação Térmica e a Radiação de um Corpo Negro


Dois conceitos importantes para a Física Quântica são os de radiação térmica e de corpo negro.
Estudaremos, a partir de agora, cada um deles.

A Radiação Térmica
Qualquer superfície de um corpo que esteja a uma temperatura superior ao zero absoluto emite
radiações eletromagnéticas. Como essa energia está relacionada à temperatura, é chamada
de radiação térmica.

A radiação térmica emitida pela superfície de um corpo que se encontra à temperatura ambiente é
infravermelha, uma radiação não visível. Se elevarmos a tempetura de uma placa metálica a 600°
C, por exemplo, a radiação emitida ainda será infravermelha, mas agora seremos capazes de
“percebê-la”, caso aproximemos nossas mãos da placa. Aumentando ainda mais a temperatura
até cerca de 700° C, passaremos a ter não só radiações infravermelhas intensas, mas também
poderemos observar a emissão de uma luz avermelhada.

Caso a temperatura da placa metálica continue sendo aumentada e supondo que a temperatura de
fusão não seja atendida, observaremos radiações infravermelhas cada vez com maior intensidade,
além de a placa passar, gradualmente, do vermelho para o alaranjado, depois para o amarelo, e
assim por diante, tendendo a atingir a cor branca.

À medida que a luz azul passa a ser emitida, sua mistura com as demais luzes nos dá a sensação
do branco, tal como acontece com o filamento aceso de uma lâmpada incandescente. Caso um
corpo que já atingiu a coloração branca siga tendo a temperatura aumentada, ele tenderá a
adquirir uma coloração azulada. É por essa razão que as estrelas azuis são as mais quentes.

Lei de Stefan-Boltzmann
Em 1879, Stefan obteve, empiricamente, a equação que Boltzmann demonstrou matematicamente
em 1884. A expressão é:

(Lei de Stefan-Boltzmann)

Onde:

Pot = potência total irradiada pela superfície externa de um corpo que se encontra a uma
temperatura absoluta T;

e = emissividade ou poder de emissão do corpo, dependendo da natureza da superfície emissora e


podendo assumir valores entre 0 e 1 (grandeza adimensional);

σ = constante de Boltzmann, cujo valor é σ = 5,67x10-8 W/m2K4;

A = área da superfície emissora.

É importante salientar que, de acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, a potência irradiada


depende da temperatura absoluta da superfície do corpo na quarta potência, sendo, portanto, o
fator determinante na equação.

A lei de Stefan-Boltzmann também pode ser expressa da seguinte forma:


Onde I é a intensidade total da radiação térmica emitida pelo corpo, ou seja, a quantidade total de
energia emitida por unidade de tempo e por unidade de área da superfície externa do corpo.

De acordo com a teoria eletromagnética clássica, a radiação térmica é emitida por cargas elétricas
do corpo, oscilando em várias frequências perto da superfície devido à agitação térmica. Assim, a
radiação é emitida em uma faixa contínua de frequências, ou seja, em um espectro contínuo:

Segundo a Física Clássica, ao incidir radiação térmica em um corpo, as cargas elétricas próximas à
superfície do corpo se agitam, de modo que parte da energia incidente no corpo é absorvida por
ele. Em 1859, Gustav Kirchhoff percebeu que o poder de absorção de um corpo é igual ao seu
poder de emissão. Matematicamente:

Portanto, um corpo bom absorvedor de radiação térmica (mau refletor) também é um bom
emissor. Analogamente, um mau absorvedor (bom refletor) é também um mau emissor.

Radiação de um Corpo Negro


Corpo negro é um corpo ideal que absorve toda a radiação térmica incidente. É, portanto, um
absorvedor perfeito, uma vez que seu poder de absorção é igual a 1.

Ainda que seja uma idealização, há diversas formas de obtermos corpos com comportamentos
semelhantes ao de um corpo negro. Por exemplo, podemos revestir um corpo qualquer com uma
camada irregular de pigmentos pretos.

Como, emissividade e absorvidade são iguais, de acordo com a lei de Kirchhoff, um corpo negro
também terá emissividade igual a 1. Desse modo, além de um absorvedor ideal, um corpo negro é
também um emissor ideal.

A lei de Stefan-Boltzmann para um corpo negro passa a ser:

Qualquer corpo negro, na mesma temperatura, emite radiação térmica com a mesma intensidade
total. Cada radiação de determinado comprimento de onda, na mesma temperatura, também é
emitida com a mesma intensidade por todos os corpos negros, não importando o material de que
sejam feitos.

O estudo dos corpos negros é de grande importância para a Física, já que a radiação térmica que
emitem tem comportamento universal. A análise do espectro de emissão desses corpos foi ponto-
chave para o desenvolvimento das teorias de quantização de energia.

O gráfico abaixo apresenta a intensidade da radiação emitida por um corpo negro em função do
comprimento de onda em determinada temperatura.
Analisando o gráfico acima, é importante notar que:

• a radiação térmica emitida é composta por inúmeras radiações, distribuídas em uma faixa
contínua de comprimentos de onda;
• há uma radiação, de certo comprimento de onda, que é emitida com máxima intensidade.

Lei de Deslocamento de Wien


No gráfico que veremos a seguir, podemos observar o comportamento de radiações emitidas por
um corpo negro em duas temperaturas distintas.

Ao passar da temperatura T1 para a T2, é importante notar que:

• a intensidade de cada radiação emitida, de determinado comprimento de onda, aumenta, bem


como a intensidade total da radiação emitida e da potência total irradiada;
• o ponto máximo da curva se desloca à medida que o comprimento de onda para o qual a
intensidade é máxima diminui.
Em 1893, Wilhelm Wien demonstrou que o ponto de máximo da curva I x λ desloca-se de acordo
com a expressão abaixo, denominada de lei de deslocamento de Wien:

Onde b é a constante de dispersão de Wien, cujo valor é b = 2,898x10-3 m.K


Modelo Quântico para as Radiações Eletromagnéticas
A teoria eletromagnética de Maxwell é muito útil para explicar os fenômenos relacionados à
propagação das radiações eletromagnéticas. Entretanto, não serve para explicar alguns
fenômenos que ocorrem na interação dessas radiações com a matéria, tampouco alguns fatos
relacionados à emissão.

Um exemplo disso é o espectro de emissão do corpo, que foi objeto de estudo de muitos cientistas
durante meio século, uma vez que as ideias da época apresentavam incoerências entre as
previsões teóricas e os resultados experimentais.

Legenda:
- A: curva obtida a partir de resultados experimentais;
- B: curva prevista pela teoria clássica.

O fato do comportamento do gráfico da intensidade da radiação do corpo negro em função do


comprimento de onda previsto por Maxwell ser muito diferente do obtido por meio de dados
experimentais ficou conhecido, no século XIX, como catástrofre do violeta.

Em 1900, Max Planck apresentou uma nova teoria, que entrava em conflito com a teoria clássica
aceita até então, com o objetivo de solucionar o problema. Planck supôs que, na superfície de um
corpo negro, havia osciladores harmônicos simples (OHS, representados pelas cargas elétricas
oscilantes) capazes de assumir determinados valores de energia. Matematicamente:

Onde:

n = número quântico;
h = constante de Planck (h = 6,63x10-34 J.s);
f = frequência do oscilador.

Cada valor de n representará um estado quântico diferente desse oscilador e será sempre um
múltiplo de hf, o que significa que a energia do oscilador é quantizada, isto é, só pode assumir
certos valores.

De acordo com a Física Clássica, um OHS pode ter qualquer valor de energia e não depende da
frequência, e sim da amplitude das oscilações. Isso torna a atitude de Planck de propor uma nova
teoria contrária a esses princípios bastante corajosa. Além disso, ele propôs que os OHS existentes
na superfície do corpo emitem ou absorvem energia apenas ao passarem de um estado quântico
para outro.

Assim, se o oscilador passa de um nível maior de energia para um nível menor, por exemplo, de
n=2 para n=1, ele emite uma quantidade discreta de energia, que corresponde,
matematicamente, à diferença entre as energias dos dois níveis. Caso passe de um nível de menor
de energia para um de maior, como de n=1 para n=2, ele absrove uma quantidade discreta de
energia, analogamente ao caso anterior. Isso significa que a emissão e absorção de energia
também ocorrem em quantidades quantizadas.
Cada porção discreta de energia foi denominada quantum, termo que vem do latim, cujo plural
é quanta. Em virtude isso, a teoria de Planck ganhou popularidade com o nome de teoria dos
quanta.

Utilizando-se as formulações feitas por Max Planck para a quantização de energia, foi possível
obter-se um novo gráfico de intensidade da radiação emitida pelo corpo em função do
comprimento de onda em pleno acordo com os resultados experimentais. Entretanto, uma nova
questão perturbava os físicos da época: se a energia é emitida apenas em quantidades bem
determinadas, o que implica determinados comprimentos de onda e frequências bem
estabelecidos, como o espectro da radiação térmica pode ser contínuo? A resposta é a seguinte:
como há um número muito grande de osciladores com energias distintas, a probabilidade de
serem emitidas radiações de quaisquer frequências também é muito grande.

Vale salientar que Planck nunca afirmou que as radiações eletromagnéticas se propagavam em
quantidades discretas de energia. Nesse ponto de vista, ele acreditava que a teoria proposta por
Maxwell era coerente. Portanto, para Planck, quantizados eram os osciladores, e não a radiação
eletromagnética.

É importante que saibamos que a ideia do quantum, mais tarde denominado fóton, foi muito útil
para esclarecer diversos outros fenômenos que a Física Clássica não era capaz de explicar
corretamente.

Efeito Fotoelétrico
O efeito fotoelétrico é um bom exemplo da incompatibilidade dos resultados experimentais com
a teoria eletromagnética proposta por Maxwell. Resumidamente, é o fenômeno no qual ocorre a
emissão de elétrons de uma superfície metálica ao ser exposta à radiação eletromagnética.

Heinrich Hertz foi um dos primeiros cientistas a observar esse fenômeno. Ele utilizou um
dispositivo que gerava faíscas, constituído por dois circuitos: um para gerar ondas e outro para
detectá-las, separados por certa distância. Tratava-se, basicamente, de um equipamento com
duas placas metálicas conectadas em potenciais diferentes, onde ocorriam descargas elétricas.
Acidentalmente, Hertz verificou que as faíscas da placa geradora produziam faíscas na placa
receptora. Após novas tentativas, concluiu que a luz era capaz de gerar faíscas e que o fenômeno
era observado apenas com a luz ultravioleta.

O experimento de Hertz serviu para confirmar a existência das ondas eletromagnéticas e a teoria
de Maxwell sobre a propagação da luz, uma vez que o cientista conseguiu produzir ondas
eletromagnéticas, hoje conhecidas como micro-ondas. A novidade foi o efeito da luz ultravioleta
na descarga elétrica, visto que esse fato ainda não tinha explicação.

Em 1889, Wilhelm Hallwachs mostrou que, ao serem iluminadas com radiação ultravioleta, as
superfícies metálicas como o zinco, o potássio e o sódio, ejetavam partículas de carga negativa.
Nessa época, ainda não se tinha conhecimento sobre a existência do elétron, que só foi descoberto
em 1897.

Philipp von Lenard, assim como Thomson, também mediu a relação carga/massa das partículas
ejetadas e deduziu que o aumento de faíscas que Hertz havia observado era resultado da emissão
de elétrons, aos quais deu o nome de fotoelétrons.

Na figura abaixo, tem-se a ilustração de um aparelho que possibilita observarmos o efeito


fotoelétrico:
No aparato experimental acima, certa luz com frequência f ilumina uma superfície metálica no
interior de um tubo mantido a vácuo, e elétrons são emitidos dessa superfície. As duas placas são
mantidas a uma diferença de potencial V. Caso os elétrons emitidos possuam energia suficiente
para atingir o coletor, serão capturados, e isso será observado na forma de uma corrente
elétrica i, que é registrada no amperímetro A. A frequência f, a intensidade I da luz, a diferença
de potencial V e o material do emissor podem variar.

Os resultados experimentais obtidos nesse experimento estão listados abaixo:

• A corrente elétrica medida no amperímetro surge quase instantaneamente ao processo de


iluminação da superfície emissora, mesmo que a luz incidente tenha baixa intensidade. O atraso
entre o tempo de iluminação e o surgimento da corrente elétrica é da ordem de 10-9 s e independe
da intensidade da luz incidente.
• Se fixarmos a frequência e a ddp, a corrente elétrica será diretamente proporcional à
intensidade da luz incidente.
• Se fixarmos a frequência e a intensidade da luz incidente, a corrente irá descrescer à medida
que a ddp aumentar. A corrente elétrica cessa para determinado valor de V,
denominado potencial elétrico de frenagem ou potencial elétrico de corte, V0, que
independe da intensidade da luz incidente.
• Para certo material emissor, o potencial de frenagem varia linearmente com a frequência, de
acordo com a equação:

Onde w0 é uma constante denominada função trabalho, sendo, portanto, função do material.
Lembrando que h é a constante de Planck, cujo valor é h = 6,63x10-34 Js, e e é a carga do elétron
(e = 1,6x10-19 C).

• Para cada material, existe uma frequência de corte ou limiar de frequência, abaixo da qual
os elétrons não são emitidos, não importando a intensidade da luz incidente.
Contradições da Física Clássica ao Efeito Fotoelétrico
Dos itens listados no tópico anterior, o único que está de acordo com a teoria eletromagnética
clássica é o que diz que, caso fixemos a frequência e a ddp, a corrente elétrica será diretamente
proporcional à intensidade da luz incidente. O item que fala sobre a existência de uma frequência
de corte para a qual os elétrons começam a ser emitidos nem era previsto pela teoria clássica, de
modo que foi concebido baseado apenas em resultados experimentais.

Quanto aos resultados previstos pela teoria ondulatória clássica, a energia luminosa deveria estar
uniformemente distribuída sobre a frente de onda, ou seja, a energia incidente estaria distribuída
de forma homogênea sobre a superfície metálica do emissor. Sendo assim, se a luz incidente fosse
fraca, deveria haver um intervalo de tempo considerável entre o instante que a luz começa a
incidir sobre a superfície e a ejeção do elétron. Durante esse intervalo, o elétron ficaria
absorvendo energia da frente de onda até que conseguisse acumular quantidade suficiente para
ser ejetado da placa.

A teoria clássica afirma ainda que a corrente elétrica é proporcional à intensidade da luz emissora.
Isso significa que, se fixarmos a intensidade da luz incidente, a corrente também será fixada, sem
decair. Além disso, a energia cinética dos elétrons é proporcional à intensidade da radiação, de
forma que cada intensidade corresponde a certo valor de energia cinética e a um respectivo
potencial de corte, o que não era observado nos experimentos.

Por fim, o efeito fotoelétrico deveria ocorrer para qualquer frequência de luz, desde que ela fosse
suficientemente intensa para fornecer a energia necessária à ejeção de elétrons.

Interpretação de Einstein para o Efeito Fotoelétrico


Em 1905, Einstein propôs uma nova teoria para a luz, utilizando o efeito fotoelétrico para
comprovar se suas ideias estavam, de fato, corretas.

Inicialmente, Planck havia restringido o conceito de quantização de energia apenas aos elétrons
existentes nas paredes de um corpo negro. Para ele, ao irradiar energia, ela se espalhava pelo
espaço, assim como as ondas se espalham na água. Einstein, por sua vez, propôs que a energia
estaria quantizada em pacotes concentrados que, mais tarde, passariam a ser chamados
de fótons.

Einstein concentrou sua atenção na forma corpuscular como a luz é emitida e absorvida, e não na
forma ondulatória como ela se propaga. Argumentou que a exigência de Planck de que a energia
das ondas eletromagnéticas emitidas por uma fonte fosse um múltiplo de hf implicava que, ao ir
de um estado de energia nhf para um estado cuja energia era (n-1)hf, a fonte emitiria um pulso
discreto de radiação eletromagnética com energia hf. Supôs, inicialmente, que esse pacote de
energia estaria localizado em um pequeno volume do espaço e que permaneceria localizado nesse
local à medida que se afastasse da fonte com velocidade c, a velocidade da luz.

A energia E do pacote, ou melhor, do fóton, está relacionada com a frequência f segundo a


equação:

No efeito fotoelétrico, um fóton é completamente absorvido por um elétron no fotocátodo. Assim,


ao ser emitido da superfície do metal, a energia cinética do elétron será dada por:

Onde:

hf = energia do fóton incidente absorvido;

w = trabalho necessário para remover o elétron do metal.


Alguns elétrons são mais fortemente ligados do que os outros, de modo que, no caso da ligação
mais fraca e de nenhuma perda interna, o fotoelétron vai emergir com energia cinética máxima,
Kmáx. Assim:

Onde w0, uma energia característica do metal, denominada função trabalho, é a energia mínima
necessária para que um elétron atravesse a superfície do metal e escape das forças atrativas que
o prendem a esse metal.

Já que Kmáx= eV0, podemos reescrever a equação do efeito fotoelétrico como:

Quanto à objeção de que Kmáx depende da intensidade da iluminação, a teoria do fóton concorda
integralmente com os resultados obtidos experimentalmente: dobrar a intensidade da luz
simplesmente dobra o número de fótons e, consequentemente, dobra a intensidade da corrente
elétrica, mas isso não muda a energia hf de cada fóton.

Quanto à existência de um limiar de frequências, essa ideia é facilmente eliminada quando a


energia cinética máxima for nula:

Isso quer dizer que um fóton de frequência f0 tem exatamente a energia necessária para ejetar
fotoelétrons e, portanto, nenhum excesso de energia cinética.

Já a ausência de retardamento é explicada pelo fato de que a energia necessária é fornecida em


pacotes concentrados. Desse modo, ao contrário do que se pensava, ela não é espalhada
uniformemente sobre uma área extensa, já que, se houver luz incidindo sobre o cátodo, haverá ao
menos um fóton para atingi-lo, o qual será instantaneamente absorvido por um algum átomo e
provocará a emissão imediata de um fóton.

Por fim, o modelo de Einstein afirma que um fóton de frequência f tem exatamente a energia hf, e
não múltiplos de hf. No entanto, é evidente que, se estivermos tratando de n fótons com
frequência f, a energia nessa frequência será nhf.
Dualidade Onda-Partícula
Agora que já estudamos o modelo ondulatório proposto por Maxwell, o qual afirma que a luz é
uma onda eletromagnética e cujo modelo quântico seria composto por um conjunto de partículas
chamadas fótons, nos interessa saber se, afinal, a luz é uma onda ou partícula.

A verdade é que não há uma resposta única para essa pergunta. O correto é dizer que depende do
fenômeno, uma vez que a luz ora se comporta como onda, ora como partícula. Portanto, não
podemos afirmar nada sobre o que a luz de fato é, mas sim, em como ela se comporta em
determinados fenômenos.

Alguns fenômenos físicos como, por exemplo, a interferência e a difração da luz, são explicados
pelo modelo ondulatório. Já o efeito fotoelétrico, para ser explicado corretamente, deve fazer uso
do modelo quântico de fótons. Desse modo, ambos os modelos são importantes e
complementares.

Chamamos de dualidade onda-partícula esse duplo comportamento da luz.

Vale ressaltar que tanto a luz quanto as demais radiações eletromagnéticas não exibem os dois
comportamentos simultaneamente. Esse é o Princípio da Complementaridade proposto por
Niels Bohr.

Niels Bohr
Átomo de Bohr
Em um átomo, os elétrons encontram-se em diferentes níveis de energia. Os elétrons dos níveis
de mais baixa energia estão mais próximos do núcleo; já os que estão em níveis de mais alta
energia, situam-se mais distantes do núcleo.

A figura abaixo apresenta um átomo cujos elétrons estão em diferentes níveis de energia. Para
que o elétron do nível 1 passe para o nível 2, precisamos fornecer certa energia a ele, já que o
núcleo exerce uma força de atração sobre esse elétron. Desse modo, no nível 2, o elétron
encontra-se em um nível de energia maior do que quando ocupava o nível 1.

Modelo Atômico de Bohr


O átomo sempre foi estudado por meio de modelos propostos pelos cientistas. Cada modelo
trouxe hipóteses baseadas em formulações teóricas e nos resultados experimentais obtidos pelos
seus respectivos autores, permanecendo válido até que apresentasse falhas na explicação dos
fenômenos. Caso isso ocorresse, os pesquisadores deveriam propor novos modelos ou adaptações
às teorias já desenvolvidas.

Em 1911, Ernest Rutherford propôs um modelo que descrevia o átomo como um sistema
planetário, no qual havia um núcleo central com carga positiva e elétrons em órbita ao redor.
Embora importante, o modelo de Rutherford não explicava corretamente alguns fenômenos. De
acordo com a teoria proposta por Maxwell, qualquer carga dotada de aceleração deveria emitir
radiação eletromagnética, perdendo energia. Visto que um elétron do átomo de Rutherford
descrevia uma órbita circular e, portanto, possuía aceleração centrípeta, ele deveria emitir
permanentemente radiação, reduzindo seu nível de energia. Desse modo, deveria descrever uma
trajetória espiralada até cair no núcleo, o que não ocorria, uma vez que as eletrosferas dos
átomos são estáveis.

Além disso, há outro problema no modelo de Rutherford. Segundo Maxwell, a radiação emitida
pelo elétron tem a mesma frequência do movimento. Assim, como a frequência do movimento do
elétron deveria variar continuamente na ida até o núcleo, o elétron também deveria emitir
continuamente radiação com frequência variável. Porém, a radiação emitida por um átomo deve
ter apenas frequências de determinados valores, diferentemente da radiação térmica emitida por
um corpo, a qual apresenta um espectro contínuo.

Em virtude desas incoerências, Niels Bohr desenvolveu uma nova teoria, baseada em ideias
quânticas. Bohr inferiu que, para a eletrosfera de um átomo ser mantida estável, os elétrons
desse átomo deveriam assumir certos níveis de energia, chamados estados
estacionários ou quânticos, cada um deles correspondendo a uma determinada energia. Ele
postulou que, em um estado estacionário, o átomo não emitia radiação, de modo que sua
eletrosfera se mantinha estável.

Gustav Hertz e James Franck, no ano seguinte, confirmaram a existência dos estados
estacionários. O estado estacionário, cujos elétrons estão nos mais baixos níveis de energia, é
chamado de estado fundamental; os demais estados permitidos são chamados de estados
excitados. Isso quer dizer que são permitidos apenas o estado fundamental e os demais estados
excitados — quaisquer outros estados são proibidos.

Considerando o caso particular do hidrogênio, que é constituído por apenas um elétron, os níves
de energia podem ser obtidos pela expressão abaixo:

Onde o número quântico principal é simbolizado pela letra n (= 1, 2, 3...) e En é a energia


correspondente a cada número quântico.

É importante ressaltar que n = 1 corresponde ao estado fundamental de energia. Além disso, os


valores de energia são negativos, o que significa que o elétron precisa receber energia para
chegar ao nível, deixando de interagir com o núcleo nesse momento, ou perdendo o vínculo com o
átomo.

Bohr também postulou que todo átomo, ao passar de um estado estacionário para outro, emite ou
absorve um quantum de energia exatamente igual à diferença entre as energias correspondentes
a esses estados. Esse resultado não pode ser explicado pela teoria eletromagnética clássica, uma
vez que, de acordo com ela, a frequência da radiação emitida está relacionada com a frequência
do movimento do elétron. Hoje sabemos que isso não está correto, visto que a frequência da
radiação emitida relaciona-se apenas com a diferença de energia entre os estados inicial e final.

Segundo Bohr, os elétrons descrevem trajetórias circulares ao redor de um núcleo positivo devido
à força de atração dada pela Lei de Coulomb que, nesse caso, é a força centrípeta do movimento.
Os raios dessas trajetórias só podem assumir certos valores bem determinados. Para o hidrogênio,
por exemplo, os valores permitidos para os raios são dados pela expressão abaixo:

Onde:

n = número quântico (n = 1, 2, 3...);

rn = raio da órbita correspondente ao número quântico n;

r1 = raio correspondente ao estado fundamental de energia, dado por:

Onde:

h = constante de Planck (h = 6,63x10-34J s);

K = constante eletrostática do vácuo (K = 9x109 Nm²/C²);

Z = número atômico do elemento químico;

e = carga do elétron (K = 1,6x10-19 C);

m = massa do elétron (e = 9,1 x10-31 kg).


Introdução à Relatividade
Ao estudarmos a Mecânica Clássica, vimos que a velocidade é uma grandeza relativa, uma vez
que depende do referencial em que é medida. Isso nos leva a inferir que outras grandezas que
dependem da velocidade também devem ser relativas, como a energia cinética e a quantidade de
movimento, por exemplo. A energia potencial gravitacional também é uma grandeza relativa, já
que seu valor depende do nível de referência adotado para mensurar as alturas.

Já comprimento, tempo e massa são grandezas que sempre foram tratadas como absolutas.
Isso significa que o valor dessas grandezas não depende do referencial em que são medidas. Mais
adiante, veremos que tais grandezas também podem se apresentar relativas quando a velocidade
dos movimentos em que estão envolvidas for muito alta, ou seja, não desprezíveis comparadas à
velocidade da luz (c = 300000 km/s).

Teoria da Relatividade
O surgimento da Física Quântica, no início do século XX, foi de extrema importância para explicar
alguns fenômenos que, até então, apresentavam incoerências entre a teoria clássica e os
resultados experimentais. Como algumas questões persistiam sem respostas, elas foram
solucionadas por uma nova teoria: a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein.

Essa teoria constitui-se de duas partes: a Teoria da Relatividade Restrita (ou Teoria da
Relatividade Especial), publicada em 1905, na qual os fenômenos são tratados em relação a
referenciais necessariamente inerciais, e a Teoria da Relatividade Geral, publicada em 1915, na
qual os fenômenos são tratados em relação a referenciais não inerciais. Deteremos nossa atenção
apenas ao estudo da Teoria da Relatividade Restrita.

Vale ressaltar que a Teoria da Relatividade não invalida a Mecânica Newtoniana, da mesma forma
que a Física Quântica não invalida a Teoria Eletromagnética Clássica. A teoria proposta por
Einstein apenas explica corretamente o comportamento dos fenômenos quando a ordem de
grandeza da velocidade do movimento é comparável à velocidade da luz no vácuo, algo que a
Mecânica Clássica não é capaz de explicar.

Postulados de Einstein
A Teoria da Relatividade Restrita foi construída a partir de dois postulados:

1. As leis da Física são as mesmas em qualquer referencial. Não existe um referencial


privilegiado.
2. A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor (c = 300000 km/s) em relação a
qualquer referencial inercial.

Obs.: o segundo postulado diferencia-se da formulação sobre a composição da velocidade da


Mecânica Newtoniana, visto que, de acordo com a Teoria da Relatividade, nenhuma composição de
velocidades poderá ter valor superior ao da velocidade da luz no vácuo.
Dilatação do Tempo
Para estudarmos a relatividade do tempo, iremos considerar um vagão em MRU com velocidade v
em relação ao solo. No teto do vagão, está colocado um espelho plano e, no chão, uma lanterna
está colada a uma distância d do espelho, conforme a figura abaixo:

A lanterna emite do piso um pulso de luz que vai até o espelho e volta para ela. É importante
definir, aqui, dois eventos:

1º) lanterna emitindo o pulso de luz;

2º) pulso de luz chegando e retornando à lanterna.

Vamos estabelecer dois referenciais para analisarmos o intervalo de tempo decorrido entre os dois
eventos. São eles:

• R’: referencial em repouso em relação ao local onde ocorreram os eventos. Para esse
referencial, o intervalo de tempo será simbolizado por Δt’.
• R: referencial em movimento em relação ao local onde ocorreram os eventos. Para esse
referencial, o intervalo de tempo entre os eventos será simbolizado por Δt.

Do ponto de vista do referencial R’, a luz faz o trajeto indicado na figura acima, propagando-se
com velocidade c e percorrendo a distância 2d durante o intervalo de tempo Δt’.

Assim, para R’, podemos escrever:


Já que:

Observe na figura a seguir a trajetória da luz em relação ao referencial R.

Agora, analisando do ponto de vista do referencial R, a luz também faz o trajeto em questão com
velocidade c, tendo percorrido uma distância c. Δt durante o intervalo de tempo Δt. Vale lembrar
que R viu o vagão, com velocidade v, se percorrer a distância v. Δt.

Partindo do triângulo retângulo da figura acima, podemos escrever:


Como:

Podemos substituir esse resultado, obtendo:

Já que a expressão apresentada no denominador da equação acima é menor do que 1, podemos


concluir que Δt é maior do que Δt’. Assim:

Para um referencial R que se desloca em relação ao local em que os eventos ocorrem, o intervalo
de tempo Δt entre os eventos é maior que o intervalo Δt’ medido pelo referencial R’, que está em
repouso em relação ao local dos eventos. Esse fenômeno é denominado dilatação do tempo.
Contração do Comprimento
Para estudarmos a relatividade do comprimento, analisaremos a seguinte situação: imaginaremos
o mesmo vagão do item anterior com as mesmas condições já estabelecidas. Como está
representado na figura a seguir, o vagão irá atravessar um túnel. Iremos adotar dois referenciais
para mensurar o comprimento do vagão. São eles:

• R: referencial em repouso em relação ao corpo, cujo comprimento será medido – o túnel. Para
esse referencial, o comprimento do túnel é l.
• R’: referencial móvel em relação ao túnel. Nesse referencial, o comprimento do túnel é l’.

No referencial R, o comprimento do túnel é l. Assim, enquanto o vagão passa completamente pelo


túnel, o referencial R o vê percorrer uma distância l durante um intervalo de tempo Δt. Portanto,
em relação ao referencial R, temos:

Já para o referencial R’, o túnel tem comprimento l’ e desloca-se para a esquerda com
velocidade v, conforme a figura abaixo.

Desse modo, R’ vê o túnel passar inteiramente por ele percorrendo uma distância l’ durante um
intervalo Δt’. Assim:

Como:
Podemos reescrever:

Substituindo o resultado acima na expressão do comprimento do vagão:

Sendo:

Obtemos:

Como:

O resultado é menor que 1, então l’ é menor que l. Portanto:

Para um referencial R, que se encontra em repouso em relação a um corpo, esse corpo possui
comprimento l. Já para um referencial R’ que se desloca em relação ao mesmo corpo, o
comprimento é l’, sendo l’ menor que l. Chamamos esse fenômeno de contração do
comprimento. Vale lembrar que a contração ocorre apenas na direção do movimento.
Massa Relativística
Suponhamos que um corpo, cuja massa de repouso será simbolizada por m0, encontre-se em
repouso em relação ao solo. Caso essa massa seja colocada em movimento e adquira uma
velocidade v, é possível demonstrar que, nessa situação, a massa m do corpo será dada por:

Sendo m a massa relativística.

Analogamente aos itens já estudados, o denominador da expressão acima também é menor que
1, de modo que a massa do corpo em movimento é maior que a massa do corpo em repouso.

Obviamente, o aumento da massa não implica um aumento da quantidade de partículas que


compõem a pedra, mas sim, um aumento de sua inércia. Isso significa que, caso o corpo esteja
em movimento retilíneo acelerado e sob ação de uma força resultante constante, a aceleração não
será constante: diminuirá à medida que a velocidade aumentar.
Equivalência entre Massa e Energia
Consideremos, novamente, um corpo em repouso. É possível demonstrar que sua massa de
repouso m0 equivale a uma energia intrínseca E0, expressa por:

Reações que liberam energia o fazem devido à perda de massa, que é transformada em energia.

A energia solar, por exemplo, provém de uma reação chamada fusão nuclear, em que núcleos de
hidrogênio se associam para formar um núcleo de hélio. Entretanto, a massa do hélio é
ligeiramente menor que o somatório das massas dos núcleos de hidrogênio, devido às perdas pela
energia liberada.

Outro exemplo de aplicação da fusão nuclear ocorre na explosão de uma bomba atômica. Isso nos
leva a inferir que massa é uma forma de energia.

Caso o corpo esteja em movimento em relação a um referencial no qual ele possua uma massa de
repouso m0, a energia total poderá ser obtida pela expressão:

Sendo m a massa relativística do corpo, dada por:

Assim, a energia total E será o somatório da energia de repouso do corpo, E0, com a energia
cinética EC:
Energia e Quantidade de Movimento de um Corpo
Suponhamos que um corpo esteja movendo-se com velocidade v em relação a um dado
referencial. Como a energia total E desse corpo é dada por:

E a quantidade de movimento (momentum linear) pode ser obtida por:

É conveniente enfatizar que:

Um corpo com massa de repouso diferente de zero não pode atingir a velocidade da luz no vácuo,
já que, se fizermos v tender a c, as expressões matemáticas da energia e do momentum linear
tenderão a infinito, o que é absurdo.

A expressão que relaciona a energia total com a quantidade movimento é dada por:

Suponhamos que a massa de repouso de uma partícula seja nula, a expressão acima passa a ser:

Assim, uma partícula com m0= 0 move-se com velocidade igual a c. É o caso dos fótons, que não
possuem massa de repouso. No entanto, o momentum linear dos fótons não é nulo e, portanto,
pode ser obtido pela equação abaixo:

Você também pode gostar