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Conceitos Básicos

Unidades de Medida
Notação Científica
Vetores

Mecânica
Cinemática Escalar Dinâmica
Introdução Introdução
Velocidade Princípios da Mecânica Clássica - Leis
Movimento Uniforme de Newton
Aceleração Força Peso
Movimento Uniformemente Variado Força Normal e Força de Tração
Movimento Vertical Força de Atrito
Força Elástica
Cinemática Vetorial Força Centrípeta
Sistemas de Forças
Introdução Plano Inclinado
Composição de Movimentos Trabalho de uma Força
Movimento Oblíquo Potência
Movimento Circular Energia - Introdução
Energia Cinética
Estática Energia Potencial Gravitacional e
Energia Potencial Elástica
Princípios Básicos Conservação da Energia Mecânica
Estática do Ponto Impulso
Centro de Massa Quantidade de Movimento
Momento de uma Força
Estática de um Corpo Extenso Gravitação Universal

Hidrostática Histórico
Leis de Kepler
Pressão Lei de Newton da Gravitação
Teorema de Stevin Universal
Experimento de Torricelli Aceleração da Gravidade
Teorema de Pascal Órbitas
Princípio do Empuxo Velocidade de Escape
Unidades Astronômicas
Marés

Termologia
Termometria Calorimetria
Temperatura e Equilíbrio Térmico Calor - Sensível e Específico
Medida de Temperatura Estados Físicos e Mudança de fase
Escalas Termométricas Calor Latente e Curva de
Conversões entre Escalas Aquecimento
Escala Absoluta Trocas de Calor
Capacidade Térmica
Estudo dos Gases Propagação de Calor e Fluxo de Calor
*Condução
Gases *Convecção
Transformação Isotérmica *Radiação
Transformação Isobárica
Transformação Isométrica Termodinâmica
Equação de Clapeyron
Lei Geral dos Gases Introdução
Misturas Físicas de Gases Perfeitos Energia Interna
Teoria Cinética dos Gases Trabalho
Temperatura na TC Calor
Energia Interna de um Gás Perfeito 1ª Lei da Termodinâmica
Equipartição da Energia Balanço Energético
Energia Cinética Média Molecular Transformações Termodinâmicas
Particulares
*Transformação Isotérmica
*Transformação Isométrica
Dilatação Térmica *Transformação Isobárica
*Transformação Adiabática
Linear (sólidos) Diagramas Termodinâmicos
Superficial (sólidos) Calor Específico dos Gases Perfeitos
Volumétrica (sólidos) Transformações Adiabáticas
Volumétrica (líquidos) A Energia Mecânica e o Calor
Dilatação anômala da água 2ª Lei da Termodinâmica
Volumétrica (gases) Ciclo de Carnot
Transformações Reversíveis e
Irreversíveis

Entropia
Entropi

Óptica
Fundamentos Reflexão da Luz
Luz - Comportamento e Princípios Reflexão da Luz - Princípios Básicos
Sombra e Penumbra Espelho Plano
Câmara Escura Espelhos Esféricos
Tipos de Reflexão e Refração Raios Luminosos Particulares
Ponto Objeto e Ponto Imagem Equação Fundamental dos Espelhos
Sistemas Ópticos Esféricos
Referencial Gaussiano
Refração da Luz Aumento Linear Transversal

Introdução à Refração da Luz Instrumentos Ópticos


Cor e Frequência
Luz Mono e Policromática Introdução aos Instrumentos Ópticos
Velocidade de Propagação da Luz Câmera Fotográfica
Leis de Refração Projetor
Desvio dos Raios Incidentes Lupa
Condições de Reflexão Total Microscópio Composto
Dispersão da Luz Lunetas
Refração na Atmosfera Olho Humano
Dioptro Adaptação Visual
Lâminas de Faces Paralelas Acomodação Visual
Prisma Ilusão de Óptica

Lentes Esféricas
Lentes Esféricas
Convergentes
Divergentes
Distância Focal e Pontos
Antiprincipais
Raios Luminosos Particulares
Imagens em Lentes Esféricas
Referencial Gaussiano
Equação dos Pontos Conjugados
Vergência
Equação dos Fabricantes de Lentes
Associação de Lentes

Ondulatória
MHS Ondas
MHS Visto como um Movimento Classificação das Ondas
Periódico Velocidade de Propagação das Ondas
MHS Visto como um Movimento O Som e a Luz
Oscilatório Velocidade de Propagação de Ondas
Equações Horárias do MHS Transversais em Cordas Tensas
Força no MHS Reflexão de Ondas
Oscilador Massa-mola Refração de Ondas
Pêndulo Refração e Reflexão de Ondas
Pêndulo de Foucault Transversais em Cordas
Superposição
Ressonância
Interferência de Ondas
Princípio de Huygens
Acústica Difração
Experiência de Young
Introdução à Acústica Interferência em Películas Delgadas
Som e sua Propagação
Considerações Gerais sobre o Som
Intervalo Acústico
Intensidade Sonora
Reflexão do Som
Sonar e Radar
Cordas Sonoras
Timbre de um Som
Batimento, Ressonância e Difração do
Som
Tubos Sonoros
Efeito Doppler
Sonoridade
Nível Relativo de Intensidade

Eletromagnetismo
Eletrostática Eletrodinâmica
Introdução à Eletrostática Introdução
Cargas Elétricas Corrente Elétrica
Princípios da Eletrostática Resistência Elétrica
Condutores e Isolantes Resistividade Elétrica
Processos de Eletrização Resistores
Lei de Coulomb Associação de Resistores
Campo Elétrico - Vetor e Orientação Geradores
Campo Elétrico de uma Partícula Associação de Geradores
Eletrizada Circuitos Elétricos Simples
Densidade Superficial de Cargas Corrente Contínua e Alternada
Campo Elétrico Uniforme Efeito Joule
Potencial Elétrico Potencia Elétrica
Equipotenciais Consumo de Energia Elétrica
Trabalho da Força Elétrica Capacitores
Ddp entre Dois Pontos em um Campo Associação de Capacitores
Uniforme Circuito RC
Potencial Elétrico em Situações
Particulares Força Magnética
Capacitância
Energia Potencial de um Condutor Origem do Campo Magnético
Potencial Terra Força Magnética sobre um Fio
Condutor
Campo Magnético Força Magnética sobre uma Espira
Campo Magnético em um Solenoide
Introdução ao Eletromagnetismo Propriedades Magnéticas dos
Ímãs e Magnetos Materiais
Campo Magnético Materiais Ferromagnéticos
Efeito do Campo Magnético sobre Ponto Curie
Cargas Elétricas Eletroímã
Regra da Mão Direita
Efeito Hall
Cargas em Campos Magnéticos
Uniformes
Indução Magnética
Introdução
Fluxo de Indução
Variação do Fluxo
Indução Eletromagnética
Lei de Lenz
Corrente de Foucault
Força Eletromotriz Induzida
Lei de Faraday-Neumann
Transformadores

Física Moderna
Física Quântica Relatividade

Introdução Introdução
Modelo Ondulatório Teoria da Relatividade
Radiação Térmica/Corpo Negro Dilatação do Tempo
Modelo Quântico para Radiações Contração do Comprimento
Eletromagnéticas Massa Relativística
Efeito Fotoelétrico Equivalência entre Massa e Energia
Contradições da Física Clássica ao Energia e Quantidade de Movimento
Efeito Fotoelétrico
Interpretação de Einstein para o
Efeito Fotoelétrico
Dualidade Onda-Partícula
Átomo de Bohr
Unidades de Medida
Unidades de medida são as formas adotadas para caracterizar grandezas físicas, comparando-as
com grandezas da mesma espécie, tomadas como padrões.

Há muito tempo esse conceito é utilizado para caracterizar as grandezas; porém,


antigamente cada país costumava adotar padrões próprios como, por exemplo,
as unidades de medida de comprimento e de massa abaixo:

País Nome da Unidade Valor em Metros


jarda 0,914
Inglaterra e EUA
polegada 0,025

tsun 0,060
China
jin 58,800

Rússia versta 0,660

País Nome da Unidade Valor em Quilogramas


libra 0,450
Inglaterra e EUA
onça 0,028

China pecul 71,000

Egito rotolo 0,690

Para facilitar as relações comerciais e a troca de informações científicas entre os países, optou-se
por adotar padrões internacionais, os quais foram agrupados no sistema que se nomeou Sistema
Internacional de Unidades (SI).

As unidades-base estabelecidas pelo SI são:

Grandeza Unidade Símbolo


comprimento metro m
massa quilograma kg
tempo segundo s
intensidade de corrente elétrica ampère A
temperatura termodinâmica kelvin K
quantidade de matéria mol mol
intensidade luminosa candela cd

Essas unidades combinadas formam outras unidades, denominadas unidades derivadas.

A escrita dessas unidades segue algumas regras:

• As iniciais das unidades devem ser minúsculas quando escritas por extenso, mesmo se
forem nomes ou sobrenomes de pessoas.
Ex.: ampère, kelvin, newton, etc. A única excessão à regra é o grau Celsius.
• Os símbolos que representam as unidades são escritos com letras minúsculas, exceto
quando se referem a nomes. Ex.: N (newton), A (ampère), m (metro), etc.
Notação Científica
Em problemas de Física, é bastante comum nos depararmos com números muito grandes ou
muito pequenos. Para que se evite o uso de muitos zeros, principalmente em textos e artigos
científicos, é conveniente usar um padrão de representação de números chamado de Notação
Científica.

Nesse padrão, as grandezas são representadas por um número maior ou igual a 1 e menor que
10, multiplicado por um fator de 10 elevado a uma potência adequada. Isto é:

Onde:

• m é a mantissa do número: 1 ≤ m < 10;


• n é a ordem de grandeza do número: n Z.

Quando um número é representado nesse formato, dizemos que o número está normalizado.

Frequentemente utiliza-se apenas a ordem de grandeza de uma medida para estimar ou comparar
valores que não requerem precisão muito grande, por exemplo:

A velocidade da luz, em metros por segundo, tem ordem de grandeza 8, enquanto a velocidade
do som no ar, na mesma unidade, tem ordem de grandeza 2. Conclui-se que a velocidade da luz
é muito maior que a do som no ar.

Representação de Números Maiores que 10


Para representar, por notação científica, um número não normalizado, deslocamos a vírgula para a
esquerda até que a mantissa esteja no intervalo adequado. A ordem de grandeza equivale ao
número de deslocamentos da vírgula pelas casas decimais do número.

Para voltar à notação não normalizada fazemos a operação inversa, ou seja, deslocamos a vírgula
para a direita, observando o número de casas decimais indicados pela ordem de grandeza.

Exemplos:

Representação de Números Menores que 1


A representação é equivalente a de números maiores que 10; no entanto, a vírgula é deslocada
para a direita e a ordem de grandeza é negativa.

Para voltar à notação não normalizada repetimos o procedimento, deslocando a vírgula para a
esquerda o número de vezes igual ao módulo da ordem de grandeza.

Exemplos:
Operações com Números Normalizados
Muitas vezes é necessário realizar operações com os números normalizados. Para isso, as regras
são as mesmas utilizadas na potenciação.

Esse procedimento é bastante adotado em provas que não permitem o uso de calculadoras e
geralmente simplifica os cálculos com números muito grandes ou muito pequenos.

Adição e Subtração

Para somar ou subtrair números normalizados é necessário, inicialmente, que a ordem de


grandeza deles seja igual. Depois, a operação é realizada entre as mantissas, mantendo-se a
ordem de grandeza. Por último, o número deve ser normalizado novamente, caso necessário.

Exemplo:

• Torna-se a ordem de grandeza igual, modificando-se um dos números:

• Realiza-se a operação com as mantissas, mantendo-se a ordem de grandeza:

• O número é novamente normalizado:

Multiplicação e Divisão
Para multiplicar ou dividir números normalizados, a operação com as mantissas é realizada e as
ordens de grandeza são somadas (multiplicação) ou subtraídas (divisão). Se necessário, o número
deverá ser novamente normalizado.

Exemplo:

• Realiza-se a operação com as mantissas e, neste caso, subtraem-se as ordens de


grandeza:

• O número é novamente normalizado:


Múltiplos e Submúltiplos das Unidades
Algumas ordens de grandeza, devido ao uso muito frequente, recebem prefixos que indicam seus
valores. Esses prefixos são associados aos nomes das unidades que complementam, assim como
seu símbolo é associado ao símbolo da unidade.

Os principais prefixos adotados pelo SI são:

Prefixo Símbolo Fator Multiplicado à Unidade

tera- T

giga- G

mega- M

quilo- k

hecto- h

deca- da

deci d

centi- c

mili- m

micro- μ

nano- n

pico- p

Algumas Unidades
Muitas grandezas físicas importantes costumam ser representadas por notação científica, veja
alguns exemplos:

• número de Avogadro:

• massa do próton:

• velocidade da luz no vácuo:

Saiba mais

O quilograma (kg) é a grandeza adotada como unidade-padrão do SI, mesmo sendo


um múltiplo. Ao contrário do que muitos pensam, o grama não é utilizado pelo Sistema
Internacional, sendo referido apenas como um submúltiplo da unidade-padrão de
massa.
Vetores
Vetor é um ente matemático que é determinado por um segmento de reta orientado que
representa a direção, sentido e módulo de uma grandeza.

Por exemplo:

O vetor , representado graficamente no exemplo, é o segmento de reta orientado do ponto A ao


ponto B, cujo módulo, representado por , é a distância entre os dois pontos.

O símbolo mais utilizado para representar vetores é o de uma letra abaixo de uma pequena seta,
como no exemplo. Também são utilizados uma letra em negrito ou ainda uma letra sublinhada
para representar essa grandeza.

Representação de Vetores
Essencialmente, existem três formas principais de representação de vetores: gráfica, polar e
cartesiana.

Representação Gráfica

Nesta representação, as operações com os vetores são feitas totalmente de forma gráfica, ou seja,
por meio de desenhos em escala correta, sendo possível somar, subtrair e multiplicar
vetores por números escalares.

A desvantagem da representação gráfica é que nela os valores numéricos que caracterizam os


vetores ficam sujeitos a erros de medição. Por isso, costuma-se adotar essa representação
associada à representação polar ou cartesiana, que fornecem valores mais precisos.

Representação Polar

Uma das representações mais comuns de vetores ocorre utilizando-se o módulo do


vetor associado ao seu ângulo, formado com um eixo de referência (normalmente a parte
positiva do eixo cartesiano x).

Essa representação é muito eficiente. Porém, requer bastante habilidade em trigonometria, já que
os cálculos baseiam-se em ângulos.

Representação Cartesiana

Também é possível decompor um vetor em suas componentes cartesianas, ou seja, suas


projeções nos eixos cartesianos x, y e z (caso o vetor dado tenha três dimensões). Assim, um
vetor é dado por:

Para o caso de duas dimensões, podemos utilizar as projeções gráficas dos vetores ou calcular
cada uma das projeções quando a representação polar é conhecida:

Onde θ é o ângulo entre o vetor e o eixo de referência.

Na representação cartesiana é útil adotar vetores unitários para indicar a direção das projeções.
Esses vetores têm módulo 1, por isso não alteram o vetor representado:
Dessa forma, uma representação possível para o vetor é:
Operações com Vetores
Para fazer cálculos com vetores é necessário conhecer as propriedades de suas operações e saber
como usá-las em cada uma das representações dos vetores.

Soma Vetorial
Para somar dois vetores, podemos simplesmente desenhar um vetor com a origem exatamente
sobre a extremidade do outro e traçar um novo vetor, que vai da origem do primeiro até a
extremidade do segundo.

Outra forma equivalente é a regra do paralelogramo. Nela, as origens dos dois vetores devem ser
postas na mesma posição. Feito isso, fecha-se um paralelogramo, fazendo retas paralelas entre si
a partir das extremidades dos vetores:

O vetor soma é obtido pela diagonal do paralelogramo, cuja origem é a mesma dos vetores.

Também é possível somar cada uma das projeções


dos vetores:

Exemplo com números:

Subtração Vetorial
A subtração de vetores pode ser analisada como uma soma em que um dos vetores tenha o seu
sentido invertido, ou seja:
Dessa forma, os métodos de resolução tornam-se idênticos à soma vetorial.

Produto de um Vetor por um Número Escalar


Ao multiplicar um número escalar por um vetor, cada um de seus componentes é multiplicado, ou
seja, a direção do vetor não é alterada, o sentido pode continuar igual (se o escalar for maior que
zero), ou ser invertido (se o escalar for menor que zero), e o módulo do vetor é multiplicado pelo
módulo do número escalar. Assim:
Produto Escalar
O produto escalar, também chamado de produto interno, é a multiplicação de dois vetores que
resulta em um número escalar.

Fisicamente, indica o quanto um vetor influencia em outro, como, por exemplo, no trabalho
mecânico de uma força, analisando seu efeito em uma trajetória.

Esse produto pode ser calculado de duas formas:

• Utilizando o ângulo θ entre os dois vetores:

• Utilizando as projeções nos eixos cartesianos:

Produto Vetorial

O produto vetorial, também chamado de produto externo, é a multiplicação de dois vetores


que resulta em um terceiro vetor, perpendicular a ambos.

É muito utilizado em Física para cálculos de Mecânica que envolvem rotações e para o estudo de
forças e campos magnéticos.

De forma análoga ao produto escalar, temos duas formas de cálculo:

• Utilizando o ângulo θ entre os dois vetores:

Onde o vetor unitário n indica a direção perpendicular aos vetores a e b.

• Utilizando as projeções nos eixos cartesianos:


MECÂNICA
Cinemática Escalar Dinâmica
Introdução Introdução
Velocidade Princípios da Mecânica Clássica - Leis
Movimento Uniforme de Newton
Aceleração Força Peso
Movimento Uniformemente Variado Força Normal e Força de Tração
Movimento Vertical Força de Atrito
Força Elástica
Cinemática Vetorial Força Centrípeta
Sistemas de Forças
Introdução Plano Inclinado
Composição de Movimentos Trabalho de uma Força
Movimento Oblíquo Potência
Movimento Circular Energia - Introdução
Energia Cinética
Estática Energia Potencial Gravitacional e
Energia Potencial Elástica
Princípios Básicos Conservação da Energia Mecânica
Estática do Ponto Impulso
Centro de Massa Quantidade de Movimento
Momento de uma Força
Estática de um Corpo Extenso Gravitação Universal

Hidrostática Histórico
Leis de Kepler
Pressão Lei de Newton da Gravitação
Teorema de Stevin Universal
Experimento de Torricelli Aceleração da Gravidade
Teorema de Pascal Órbitas
Princípio do Empuxo Velocidade de Escape
Unidades Astronômicas
Marés

Cinemática - Introdução
Cinemática é o ramo da Física que estuda os movimentos, ocupando-se da sua descrição, sem
ênfase nas suas causas. Normalmente, os objetos em deslocamento são tratados como partículas,
indicando que as suas características físicas (dimensões, massa, etc.) são desprezíveis na
compreensão do movimento.

A forma mais didática de abordagem da Cinemática é utilizando conceitos unidirecionais e, mais


tarde, expandindo-os para mais de uma direção simultânea. Essa será a forma como abrodaremos
o conteúdo, iniciando com a Cinemática Escalar e, mais tarde, generalizando os movimentos
com a Cinemática Vetorial.

Alguns conceitos são fundamentais para o estudo da Cinemática. São eles:

Móvel
É o foco de estudo principal da Cinemática. Seu movimento é descrito pelas equações da
Cinemática.

Conforme a abordagem utilizada sobre as dimensões de um corpo em um fenômeno de estudo,


podemos classificar os móveis como:

• Ponto material: as dimensões do corpo são desprezíveis no fenômeno descrito. Também


é muito utilizado como aproximação de casos reais. Por exemplo: um pássaro que viaja
entre duas cidades.
• Corpo extenso: as dimensões do corpo são relevantes no fenômeno. Por exemplo: um
carro manobrando em uma vaga de estacionamento.

Obs.: podemos notar que não há sentido falar em rotação de pontos materiais.

Posição
Normalmente é representada pela letra s minúscula. Outra forma comum é por meio de
coordenadas cartesianas, ou seja, a localização de um ponto no plano xy.

Indica o local onde se encontra o objeto de estudo. Para isso, utiliza-se a distância de algo tomado
como referência, por exemplo, uma fruta localizada a 2 m do chão.

Para o estudo da Cinemática Escalar costumamos utilizar posições sobre uma reta no espaço, de
modo que seja possível observar mudanças de posição em uma única direção.

Movimento
É o fenômeno em que um corpo muda sua posição no decorrer de um intervalo de tempo.

Repouso
É o fenômeno no qual o corpo mantém a sua posição no decorrer de um intervalo de tempo.

Referencial
É a referência de um movimento. Dependendo da escolha de um referencial, o mesmo corpo pode
estar em repouso ou em movimento. Por exemplo, uma pessoa dentro de um ônibus viajando está
em repouso em relação ao próprio ônibus; porém, está em movimento em relação à estrada.

Trajetória
É o conjunto de todas as posições ocupadas por um móvel durante um intervalo de tempo. No
estudo de Cinemática Escalar, as trajetórias sempre são apresentadas como retilíneas.

Deslocamento
É a diferença algébrica entre as posições final e inicial em um movimento. Para sua representação,
adota-se a letra grega Δ (delta maiúsculo) na frente do símbolo de posição, o que indica a
variação sofrida em um intervalo de tempo.
Velocidade Escalar
A velocidade de um móvel é a relação entre o seu deslocamento e o intervalo de tempo em que
se realiza. Pode ser considerada a grandeza que mede o quão rápido um corpo se desloca.

A análise da velocidade é dividida em dois tópicos principais: velocidade média e velocidade


instantânea.

Para problemas onde há deslocamento apenas em uma direção, o chamado movimento


unidimensional, tratamos a velocidade como uma grandeza escalar (com apenas valor
numérico). A unidade de velocidade adotada pelo SI é o metro por segundo (m/s). Outra unidade
muito utilizada é o quilômetro por hora
(km/h).

A conversão entre essas duas unidades é feita frequentemente na resolução dos problemas de
Cinemática. Por isso, convém encontrarmos um valor que converta uma unidade em outra. Assim,
podemos escrever a igualdade:

A partir daí, é possível extrair o seguinte fator de conversão:

, ou de forma equivalente:

Assim, basta utilizar a regra de três simples para converter as velocidades.

Exemplos:

1. A velocidade máxima permitida em uma rodovia é 80 km/h. A quanto equivale este valor em
metros por segundo?

Para fazer esse cálculo, utilizamos uma regra de três simples:

Basta isolar o termo desconhecido:

2. Um corredor chega atingir 8 m/s durante uma competição. Qual é a sua velocidade em
quilômetros por hora?
A resolução desse problema é análoga ao exemplo anterior:

Isolando o termo desconhecido:


Velocidade Escalar Média
Imagine um automóvel que viaja em uma estrada e que sai da uma cidade de origem O em
direção a uma cidade destino D. Provavelmente, a velocidade desse veículo não será igual durante
todo o trajeto; porém, podemos tratar seu movimento de forma aproximada, não detalhando as
condições em cada ponto da estrada.

A abordagem traz uma aproximação dos movimentos que, para condições como a do exemplo
acima, costuma ser razoavelmente boa. Podemos, então, definir um valor médio para velocidade
partindo dessa abordagem global do movimento:

A velocidade média indica a média de todas as velocidades do percurso, ou seja, representa a


velocidade que o móvel deveria manter constante para que, descrevendo a mesma trajetória, o
tempo gasto fosse exatamente igual. É calculada pela razão:

Onde:

= Velocidade Média
= Deslocamento
= Intervalo de tempo. Muitos autores utilizam simplesmente a letra t.

Exemplo:

Um carro se desloca de Florianópolis a Curitiba. Sabendo que a distância entre as duas cidades é
de 300 km e que o percurso teve início às 7 horas da manhã e terminou ao meio-dia, calcule a
velocidade média do carro durante a viagem.

Sabemos que:

= (posição final) – (posição inicial)


= (300 km) – (0 km)
= 300 km

E que:

= (tempo final) – (tempo inicial)


= (12 h) – (7h)
=5h

Então:

Se você quiser saber qual a velocidade em m/s, basta converter o resultado:


Velocidade Escalar Instantânea

Quando consideramos um intervalo de tempo infinitamente pequeno, ou seja, quando o


intervalo de tempo tende a zero ( ), a velocidade escalar média passa a se
chamar velocidade escalar instantânea (v). Nesse caso, a velocidade depende do instante de
tempo considerado.

Um exemplo de velocidade instantânea é o velocímetro de um carro, que indica a velocidade no


momento em que a leitura é feita.

Tipos de Movimento
Dependendo do sinal da velocidade, podemos classificar os movimentos
em progressivos e retrógrados. Devido ao intervalo de tempo ser sempre um valor positivo,
essa classificação depende apenas do sentido do deslocamento.

Movimentos Progressivos:

O deslocamento acontece no mesmo sentido da orientação da trajetória. Por


exemplo, se considerarmos a trajetória sendo uma reta graduada, o movimento
acontece no sentido crescente dela.

Movimentos Retrógrados:

O deslocamento acontece no sentido oposto da orientação da trajetória. Dado o


mesmo exemplo anterior, o movimento aconteceria no sentido decrescente da
graduação da reta.
Movimento Uniforme
Quando um móvel se desloca com uma velocidade escalar constante, diz-se que esse móvel está
em um movimento uniforme (MU). Isso implica que ele percorre distâncias iguais em intervalos
de tempo iguais.

Um caso particular de MU é quando a trajetória é retilínea, pois nele a velocidade é constante


mesmo se abordada vetorialmente. Nessa situação, utilizamos uma nomenclatura
particular: movimento retilíneo uniforme (MRU).

Uma observação importante é que, ao se deslocar com velocidade constante em uma trajetória, a
velocidade instantânea do corpo será igual à velocidade média, pois o movimento será uniforme
em todo o percurso.

Assim, podemos escrever um função que calcula a posição final de um móvel em função de um
intervalo de tempo, chamada de equação horária da posição:

Da definição de velocidade média:

Podemos isolar o deslocamento:

Mas:

Isolando a posição final:

Que também pode ser escrito, sem alteração do significado dos termos:

Exemplo:

Um automóvel descreve um movimento retilíneo uniforme com velocidade 12 m/s. Após 10 s, qual
a distância percorrida por ele?

Como não nos interessa as posições inicial e final do automóvel, mas apenas a distância
percorrida, utilizamos a equação:

Sendo que a velocidade e o tempo são dados no problema:


Ou seja, o automével percorre 120 metros em 10 segundos.

Observação: é importante não confundir o s que simboliza a posição final do s que


significa segundo.
Diagrama s x t
Há diversas maneiras de se representar o deslocamento em função do tempo. Uma delas é por
meio de gráficos, chamados diagramas deslocamento versus tempo (s x t). No exemplo a
seguir, temos diagramas que mostram um movimento progressivo e um retrógrado:

Analisando o gráfico, é possível extrair dados que


deverão ajudar na resolução dos problemas:
s (m) t (s)
0 0
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7

s (m) t (s)
5 0
4 1
3 2
2 3
1 4
0 5
-1 6
-2 7
Considerando os gráficos com escalas iguais nos
dois eixos.

Do primeiro gráfico sabemos, por exemplo, que a posição inicial do movimento


será quando o tempo for igual a zero. Também sabemos que a posição final
ocorrerá quando . A partir daí, fica fácil utilizar a equação horária do espaço e encontrar a
velocidade do corpo:

Saiba mais

A velocidade será numericamente igual à tangente do ângulo formado em relação à


reta em que está situada, desde que a trajetória seja retilínea uniforme.
Diagrama v x t
Em um movimento uniforme, a velocidade se mantém constante no decorrer do tempo. Portanto,
seu gráfico é expresso por uma reta:

Dado o diagrama, uma forma de determinar o deslocamento do móvel é calcular a área sob a reta
compreendida no intervalo de tempo considerado.

Velocidade Escalar Relativa


A Velocidade Escalar Relativa é a velocidade de um móvel em relação a outro que também se
encontra em movimento.

Imagine dois carros em uma rodovia, um deles anda com velocidade de 80


km/h e o outro a 100 km/h. Esses valores são dados em relação a um
referencial fixo, como a rodovia, por exemplo. Mas e se você estiver
observando o movimento em um dos carros?

É exatamente isso que a velocidade escalar relativa descreve.

Para calcular a velocidade relativa entre dois móveis, temos que considerar duas possibilidades:

• Os dois se deslocam na mesma direção

A velocidade relativa será igual à diferença entre a velocidade do móvel considerado em


movimento e a do móvel considerado como referencial.

No exemplo:

Se tomarmos o carro que se move a 80 km/h como referencial:

Tomando o carro que se move a 100 km/h como referencial:


• Os dois se deslocam em direções opostas

A velocidade relativa será igual à soma das velocidades dos móveis, e o sentido será oposto ao da
velocidade do referencial.

No exemplo:
Aceleração Escalar
Normalmente dizemos que acelerar é o ato de aumentar a velocidade de algo ou de alguma ação.
No entanto, o sentido físico de aceleração é um pouco diferente.

Dizemos que existe aceleração quando um móvel tem sua velocidade alterada, ou seja, quando
aumenta ou diminui sua intensidade, direção ou sentido. Podemos dizer ainda que a aceleração
escalar é a variação na intensidade da velocidade durante um intervalo de tempo.

A unidade adotada pelo SI para aceleração é o metro por segundo ao quadrado (m/s²).

Outras unidades menos utilizadas são cm/s² (centímetro por segundo ao


quadrado), km/s² (quilômetro por segundo ao quadrado) e km/h² (quilômetro por hora ao
quadrado).

Aceleração Escalar Média


De forma análoga à velocidade, podemos definir uma aceleração média que leva em conta a
variação de velocidade em um intervalo de tempo considerado, ou seja:

Onde:

= aceleração média;

= variação de velocidade no intervalo de tempo considerado;

= intervalo de tempo. Muitos autores utilizam simplesmente a letra t.

Exemplo:

Um corredor, partindo do repouso, atinge uma velocidade igual a 12 m/s em 10


s. Qual a sua aceleração escalar média?

Movimento Acelerado e Retardado


Podemos classificar um movimento confome sua aceleração. Quando o valor é nulo, o movimento
é uniforme, como já foi visto.

Considerando um movimento progressivo:

• Quando a aceleração é positva, o movimento é chamado de acelerado.


• Quando a aceleração é negativa, o movimento é chamado de retardado.

Para um movimento retrógrado vale o inverso, ou seja, o movimento é acelerado quando a


aceleração é negativa e retardado quando positiva.

Aceleração Escalar Instantânea


É a aceleração considerada em cada instante de tempo. Normalmente são estudados os
movimentos com aceleração constante, o que implica que a velocidade escalar instantânea seja
igual à velocidade escalar média em todo o trajeto.
Movimento Uniformemente Variado
Até o momento, estudamos apenas movimentos em que não há variação de velocidade, ou seja,
nos quais a aceleração é nula. A partir de agora voltaremos nossa atenção para os movimentos
em que existe aceleração, mais precisamente para aqueles em que ela tem valor constante e
diferente de zero. Quando essa condição é verificada, dizemos que o movimento
é uniformemente variado.

Como consequência do movimento ser uniformemente variado, verifica-se que a aceleração


instantânea é igual à aceleração média em qualquer instante de tempo.

Assim, podemos escrever uma equação para o cálculo da velocidade instantânea em função do
tempo: a equação horária da velocidade. Considerando o tempo inicial sendo zero, ou
simplesmente usando a letra t para descrevê-lo, tem-se:

Exemplo:

Em um torneio de ciclismo, um dos competidores parte do repouso com aceleração igual a 2 m/s².
Considerando que essa aceleração seja mantida constante, qual será a velocidade dele após 10 s?

Dizer que um móvel parte do repouso indica que sua velocidade inicial é nula. Assim, podemos
utilizar a equação horária da velocidade, já que todas as suas variáveis são conhecidas. Portanto:

A velocidade do ciclista após 10 s será 20 m/s.

Diagrama a × t
Como a aceleração é constante e diferente de zero, no MUV o gráfico a × t é representado por
uma reta paralela ao eixo que representa o tempo, podendo ter valor positivo ou negativo:

Aceleração Positiva
Aceleração Negativa

Nessa representação, observe que a variação da velocidade é numericamente igual à área


compreendida pela curva da aceleração, ou seja:

A partir dessa igualdade também é possível chegar à equação horária da velocidade no movimento
uniformemente variado.

Exemplo:

A aceleração de um móvel é descrita pelo gráfico abaixo. Qual a variação da velocidade entre os
instantes t = 5 s e t = 10 s?

A variação da velocidade será igual à área sob a curva no intervalo de tempo que se pede:

Sendo a igual a 3 m/s² e o intervalo de tempo igual a 5 s:

Observe que não é possível calcular a velocidade instantânea nesse exemplo, pois não se conhece
nenhum valor de velocidade relacionado a um instante de tempo.

Diagrama v × t
No MUV a velocidade varia linearmente em função do tempo; por isso, é representada por uma
reta com inclinação constante.

Nesse gráfico a aceleração é numericamente igual à tangente da reta e o deslocamento do móvel


é igual à área compreendida entre a reta e o eixo do tempo.

Usando a segunda propriedade, podemos escrever a função horária da posição no movimento


uniformemente variado:

Se pensarmos na figura geométrica formada sob a reta teremos um trapézio, cuja área é
calculada por:

Mas podemos utilizar a função horária da velocidade final nessa equação:

Substituindo v na primeira equação:

Que pode ser reescrita como:

Ou de forma equivalente:

Exemplo:
Um motociclista inicia seu deslocamento, partindo do repouso, com aceleração constante igual a
1,5 m/s². Considerando que a sua posição inicial é a origem do movimento, qual a sua posição
após 10 s?

Como o movimento parte do repouso, temos:

Considerando a posição inicial como origem do movimento:

Dada a aceleração constante do motociclista:

Assim, podemos escrever a função horária da posição:

Aplicando o instante pedido no problema:

quando

Saiba mais

Para realizar o cálculo de velocidade instantânea, ou seja, quando o intervalo de tempo


for muito próximo a zero, utiliza-se um cálculo de derivada:
Derivando a equação do deslocamento no movimento uniformemente acelerado em
função do tempo:

Para um maior estudo sobre cálculo de derivadas, acesse:


http://www.somatematica.com.br/superior.php
Diagrama s × t
A equação horária da posição é uma função do segundo grau; portanto, seu gráfico é uma
parábola cuja concavidade depende do sinal da aceleração.

O vértice da parábola indica a posição em que a velocidade é nula.

Aceleração Positiva

Aceleração Negativa

Já a inclinação da curva depende do sinal da velocidade. Assim, a velocidade é positiva quando o


gráfico é crescente e negativa quando decrescente. No exemplo seguinte dividimos os dois casos,
ambos em um movimento com aceleração negativa:

Velocidade Positiva
Velocidade Negativa
Equação de Torricelli
Frequentemente nos deparamos com problemas de Cinemática em que não são expressos os
valores de tempo, ou simplesmente não são necessários para a compreensão de certo fenômeno.
Nesses casos, torna-se útil definirmos uma equação que não dependa do tempo. Essa equação
é chamada equação de Torricelli — em homenagem ao físico Evangelista Torricelli — e relaciona
a velocidade instantânea com o deslocamento do móvel.

Para obter a equação, utilizamos as funções horárias da velocidade e da posição:

(1)

(2)

Isolando a variável t da equação (1):

Substituindo o valor na equação (2):

Fazendo operações algébricas com a equação:

Reescrevendo como a forma conhecida da equação de Torricelli:

Exemplo:

Um carro entra em um túnel com velocidade igual a 20 m/s e sai dele a 40 m/s. Desconsiderando-
se as dimensões do carro e sabendo-se que ele manteve uma aceleração constante igual a 2
m/s², qual é o comprimento do túnel?
O problema nos fornece os valores:

Analisando os valores e sabendo que é solicitada uma distância, verifica-se que podemos resolver
o problema usando a equação de Torricelli:

Isolando ΔS:

Assim, basta aplicar os valores:


Movimento Vertical
É um movimento que se dá apenas na direção vertical. Quando ocorre unicamente devido à ação
da gravidade, o movimento é denominado queda livre.

O valor da gravidade (g) varia de acordo com a latitude e a altitude do local, mas para a maioria
dos fenômenos, nas proximidades da superfície do planeta é tomado como constante. Seu valor
médio ao nível do mar é de:

g = 9,80665m/s²

Considera-se um bom arredondamento para a gravidade:

g = 10m/s²

Uma característica desse movimento é que ele independe da massa


ou da forma dos objetos. Porém, não é isso o que realmente se
observa no cotidiano. Por exemplo: se largarmos uma pena e uma
pedra de uma mesma altura, observaremos que a pedra chegará
antes ao chão.

Esse exemplo nos leva a pensar que quanto mais pesado for o corpo,
maior será a velocidade alcançada por ele em um movimento. Porém,
se colocarmos a pedra e a pena em um tubo sem ar (vácuo),
observaremos que ambos os objetos levam o mesmo tempo para
cair.

Assim, concluímos que se desprezarmos a resistência do ar,


todos os corpos, independente de massa ou formato, cairão com
aceleração constante: a aceleração da gravidade.

A orientação da gravidade é sempre na direção vertical, com sentido


de aproximação ao planeta.
Lançamento Vertical
Um arremesso de um corpo, com velocidade inicial, na direção vertical, recebe o nome
de lançamento vertical.

Sua trajetória é retilínea e vertical, e, devido à gravidade, o movimento classifica-se


como movimento uniformemente variado.

As equações que regem o lançamento vertical, portanto, são as mesmas do movimento


uniformemente variado, revistas com o referencial vertical (h), onde antes era horizontal (S) e
com aceleração da gravidade (g). Ou seja:

Sendo g positivo ou negativo, dependendo da direção do movimento:

• Lançamento vertical para cima

g é negativo

Como a gravidade "aponta" sempre para baixo, quando jogamos algo para cima, o movimento
será acelerado negativamente, até parar em um ponto, o qual chamamos de altura máxima.

• Lançamento vertical para baixo

g é positivo

No lançamento vertical para baixo, tanto a gravidade como o deslocamento "apontam" para baixo.
Logo, o movimento é acelerado positivamente.
Exemplo:

Uma bola é lançada verticalmente para cima com velocidade inicial de 15 m/s. Considerando g=10
m/s² e desprezando o atrito do ar no movimento:

a. escreva as equações horárias da posição e da velocidade no movimento;


b. calcule o tempo de subida da bola;
c. calcule a altura máxima atingida pela bola;
d. calcule o tempo total do percurso da bola, desde o lançamento até a chegada ao solo;
e. calcule a velocidade da bola ao atingir o solo.

Solução:

a. As equações horárias do movimento de subida se dão "contra" a gravidade, por isso têm
aceleração negativa. Utilizando os dados do exercício:

Posição:

Velocidade:

]
b. Para calcular o tempo de subida da bola, basta utilizar a equação horária da velocidade no
tempo de subida, sabendo que a velocidade será nula no ponto de altura máxima:

c. Sabendo o tempo de subida, basta utilizá-lo na equação horária da posição, na subida:

d. O tempo de descida será calculado pela equação horária da posição, sabendo que o solo
representa a posição h = 0:
O tempo zero indica o momento do lançamento, no qual a bola também estava no solo. Portanto,
o tempo total do percurso é t = 3 s.

e. A velocidade da bola ao atingir o solo pode ser calculada pela equação horária da velocidade,
considerando-se o tempo total do percurso:

A velocidade negativa indica que ela tem sentido oposto ao que foi tomado como positivo, que no
caso foi o sentido do lançamento, ou seja, a velocidade de chegada tem mesmo módulo da inicial
e sentido oposto.
Cinemática Vetorial
A abordagem escalar da Cinemática descreve apenas movimentos unidirecionais, restringindo o
seu estudo. Para a maioria dos movimentos reais, em que acontecem duas ou até três dimensões
simultaneamente, é necessário utilizar grandezas vetoriais.

Vetor Posição
Em uma abordagem vetorial, a posição é descrita como um vetor que liga a origem da trajetória
ao ponto em que o móvel se encontra no instante de interesse.

O vetor posição é matematicamente expresso como a


diferença das coordenadas da posição instantânea e do
ponto tomado como origem da trajetória, ou seja:

Em um movimento bidirecional, geralmente adotam-se as


coordenadas cartesianas x e y na representação dos eixos.
Já para três dimensões, também é preciso considerar a
direção cartesiana z.

Um das formas de representar um vetor é colocando suas


coordenadas entre parênteses:

Ou, de forma equivalente, utilizando vetores unitários nas


direções cartesianas:

A representação do vetor posição é análoga para outros


sistemas de coordenadas.

Exemplo:

Em determinado instante, um objeto encontra-se no ponto P(x, y) = (2, 1) m. Qual é o vetor


posição, tomando como origem o ponto (0, 0)?

O ponto P pode ser representado graficamente como:

Assim, o vetor posição liga a origem ao ponto P:


E as coordenadas do vetor serão:

Vetor Deslocamento
De forma análoga à forma escalar, o deslocamento é tido como a variação da posição; porém,
neste caso, do vetor posição, ou seja:

Graficamente, esse vetor liga a extremidade do vetor à extremidade do vetor , isto é:


Velocidade Vetorial
A velocidade vetorial, de forma análoga à escalar, é definida como o deslocamento de um móvel
em determinado tempo.

A direção e sentido do vetor velocidade serão iguais aos do vetor deslocamento.

Velocidade Vetorial Média

Se considerarmos um intervalo de tempo em que um móvel


se desloca em sua trajetória, a velocidade vetorial média
deste será dada pelo quociente do vetor deslocamento e o
intervalo de tempo, ou seja:

Velocidade Vetorial Instantânea

A velocidade vetorial instantânea é obtida quando se


consideram intervalos de tempo muito pequenos, de tal
forma que o deslocamento tenda a zero. Essa consideração
implica em haver uma velocidade associada a cada posição
da trajetória.

O vetor velocidade vetorial instantânea é tangente à


trajetória do móvel, no mesmo sentido do movimento.

Aceleração Vetorial
A aceleração vetorial, da mesma forma como a velocidade, é análoga ao caso escalar, ou seja, é
definida como a variação de velocidade em determinado tempo.

A direção e sentido da aceleração são iguais aos da variação de velocidade.

Aceleração Vetorial Média

A aceleração vetorial média é dada pela variação da velocidade em um


intervalo de tempo, ou seja:

A figura ao lado representa a variação de velocidade e a aceleração média


do caso mostrado na velocidade vetorial instantânea.

Aceleração Vetorial Instantânea

É a aceleração de um móvel em determinado instante, ou seja, é o valor para o qual tende a


velocidade média quando considerado um intervalo de tempo próximo a zero.

Em uma trajetória retilínea, a aceleração instantânea é igual à aceleração média.


Em uma trajetória não retilínea, a aceleração tem uma
componente na direção tangente e outra normal à trajetória.
Essas componentes são chamadas aceleração
tangencial e aceleração centrípeta, respectivamente.

A aceleração tangencial é responsável pela variação do módulo


do vetor velocidade, já a aceleração centrípeta é responsável
por sua mudança de direção.
Abordagem Vetorial dos Movimentos
Introduzidas as grandezas cinemáticas em sua forma vetorial, podemos descrever movimentos em
duas e três dimensões utilizando as equações vetoriais da Cinemática.

Movimento Retilíneo Uniforme

Nesse movimento o vetor velocidade é constante ao longo do percurso, ou seja, a intensidade e a


direção não se alteram.

Função horária da velocidade:

Movimento Uniformemente Variado

É o movimento que acontece quando a aceleração é constante ao longo do tempo, neste caso:

Equação horária do posição

Equação horária da velocidade

Equação de Torricelli

Exemplo:

Uma formiga desloca-se sobre uma folha de papel milimitrado. Ela parte do ponto de coordenadas
(3,2) mm até o ponto (2,5) mm. Se o movimento tiver sido retilíneo e uniforme, com duração de
5 segundos, determine a velocidade da formiga.

Solução:

Primeiramente é necessário calcular o vetor deslocamento da formiga:

mm ou, de forma equivalente:

mm

A partir daí, basta calcular a velocidade. Como o movimento é retilíneo uniforme, a velocidade
média será igual à velocidade instantânea:
Composição de Movimentos
Uma forma comum de caracterizar os movimentos mais complexos ocorre por meio da composição
de movimentos simples que resultem na situação de interesse.

Imaginemos um barco que navega em um rio onde há


correnteza. A velocidade com a qual o barco, de fato,
desloca-se, dependerá do movimento que ele estiver
executando. Isso quer dizer que a velocidade em
relação a terra dependerá se o barco estiver a favor ou
contra a correnteza. Dizemos, portanto, que a trajetória
do barco em relação a terra será a combinação entre a
velocidade com a qual ele se move na água e a
velocidade da correnteza do rio.
Desse modo, se o movimento do barco em relação a
terra for na mesma direção que o movimento do barco
em relação à água, poderemos estudá-lo como um
movimento relativo escalar. Caso a direção não seja a
mesma, as grandezas como o deslocamento, a
velocidade e a aceleração resultantes deverão ser
obtidas por soma vetorial.

Se o barco desloca-se com velocidade igual a 60 km/h em relação à água, na mesma direção da
correnteza, que tem velocidade 5 km/s em relação a terra, então a velocidade do barco em
relação a terra será calculada por:

Onde:

é o módulo da velocidade do barco em relação a terra;

é o módulo da velocidade do barco em relação à água;

é o módulo da velocidade da água em relação a terra.

Supondo agora que o barco desloque-se na direção perpendicular às margens do rio, visando
atravessá-lo:

Nesse caso, a velocidade do barco em relação a terra é dada por:


Quando o barco desloca-se na direção ortogonal à correnteza, podemos utilizar a tela como plano
de referência: a velocidade do barco em relação à água deverá estar sobre o eixo y, enquanto a
velocidade da água em relação a terra estará sobre o eixo x, obtendo-se:

Graficamente:
Movimento Oblíquo
Um movimento oblíquo é um movimento bidirecional que tem uma parte vertical, sujeita à
aceleração da gravidade, e uma parte horizontal, cujo movimento é uniforme.

São exemplos de movimentos oblíquos:

• uma pedra sendo arremessada em um certo ângulo com a horizontal;


• uma bola sendo chutada formando um ângulo com a horizontal;
• um projétil atirado por um canhão.

A composição de um movimento
uniformemente variado na direção vertical com
um movimento vertical faz a trajetória de um
movimento oblíquo ser uma parábola.

É comum classificar os movimentos oblíquos conforme o ângulo de lançamento com a horizontal


em duas formas: lançamento horizontal e lançamento vertical.

Lançamento Horizontal
É o caso particular do movimento oblíquo em que o projétil é lançado horizontalmente a partir de
uma altura inicial.

Por exemplo, ao atirarmos uma bola pela janela


de um prédio, estamos executando um
lançamento horizontal, conforme o gráfico ao
lado.

No lançamento horizontal, o vetor velocidade


inicial só tem componente na direção
horizontal, ou seja, a parte vertical do
movimento se dá a partir do repouso.

Equações desse movimento:

Exemplo:
Em uma plataforma de saltos ornamentais de 10 metros de altura, um competidor de salto tenta
alcançar um ponto horizontalmente distante do trampolim. Para isso, ele salta na direção
horizontal com velocidade inicial igual a 5 m/s. Responda:

(a) Quanto tempo ele demora para atingir a superfície da água?

(b) Qual a distância no eixo horizontal alcançada por ele?

(c) Qual o módulo da velocidade do saltador no momento em que ele atinge a superfície?

Solução:

(a) Para calcular o tempo do salto, podemos utilizar a equação:

Pela interpretação do problema, temos y(t) = 0 m e y(0) = 10 m, e utilizando a gravidade g = 10


m/s²:

(b) A distância horizontal é facilmente encontrada utilizando o tempo calculado na equação:

Considerando x(0) = 0 m e pelo valor dado no problema v(0) = 5 m/s:

(c) Para calcular o módulo da velocidade do saltador no momento da chagada à superfície da água
precisamos conhecer a sua componente vertical, utilizando uma das duas equações disponíveis:

ou

Como já conhecemos o tempo de chegada à superfície, utilizaremos a primeira equação:

Dessa forma, podemos escrever o vetor velocidade:

Cujo módulo é:
Lançamento Oblíquo
É o caso geral do movimento oblíquo, onde o lançamento é feito com um ângulo a partir do eixo
horizontal. Nesse lançamento, o vetor velocidade inicial tem um componente vertical e um
componente horizontal.

Em um lançamento cujo ângulo com a horizontal


éθ
tem-se:

Onde:

No eixo horizontal (x), o movimento se dá sem aceleração; portanto, é um movimento retilíneo


uniforme.

No eixo vertical (y), o movimento sofre influência da gravidade da Terra, ou seja, é um


movimento vertical.

A composição dos dois movimentos torna a trajetória parabólica.

Podemos dividir o movimento em duas componentes, cujo parâmetro em comum é o tempo:

Parte Horizontal do Movimento Parte Vertical do Movimento

Dentre as informações que são obtidas por essas equações, destacam-se o cálculo da altura
máxima atingida e do alcance horizontal.

Altura Máxima:
A condição utilizada para se encontrar a altura máxima em um movimento oblíquo é que a parcela
vertical da velocidade se anule nesse ponto, considerando que o movimento inicia sendo
desacelerado pela gravidade, até chegar a um ponto de velocidade nula, na altura máxima. Então,
começa a ser acelerado positivamente pela gravidade enquanto desce.

Utilizando a equação de Torricelli para a parte vertical do movimento obtemos:

Se considerarmos a altura inicial sendo a origem, temos:


Alcance Horizontal:
O alcance máximo ocorre quando o corpo lançado retorna ao solo. Se o lançamento dá-se a partir
da referência, temos que y=0 no instante de interesse. Dessa forma, podemos calcular esse
tempo:

Por essa equação observamos que o instante t=0 satizfaz a condição; porém, não é o valor que
buscamos. Assim:

Substituindo esse valor na equação do movimento horizontal:

Se o movimento parte da posição x = 0 m:

Lembrete:

Considerando a identidade trigonométrica ao lado:

Exemplo:
Um jogador de futebol chuta uma bola com velocidade inicial = 20 m/s, formando um ângulo de
30° com o campo. Desprezando o atrito do movimento da bola e considerando g = 10 m/s²,
responda:

(a) Qual a altura máxima atingida pela bola?

(b) Qual a velocidade da bola na altura máxima?

(c) Qual o alcance horizontal da bola?

Solução:

(a) Para calcular a altura máxima, basta aplicar a equação, utilizando os dados do exercício:

(b) A velocidade na altura máxima será representada apenas por sua componente no eixo
horizontal, que é constante, e, por isso, igual à componente da velocidade inicial nesse eixo:

(c) Uma das formas de obtermos o alcance horizontal da bola é aplicando os dados do problema
na equação reduzida. Assim:

Aplicando-se os valores fornecidos pelo problema:


Movimento Circular
Um movimento circular é caracterizado por sua trajetória em forma de circunferência. Tal
característica faz o movimento ser descrito por meio de grandezas angulares e o tempo
relacionado pelo período e pela frequência.

As grandezas angulares são relações análogas às lineares (deslocamento, velocidade e


aceleração), considerando o espaço representado pelo ângulo formado entre um ponto adotado
como origem e o arco descrito pelo móvel.

Nos movimentos circulares, é conveniente utilizar as medidas de ângulos em radianos, já que sua
relação com o tempo se dá de forma direta, sem que sejam necessárias conversões.

Saiba mais

A medida de um ângulo em radianos é definida como o quociente entre o arco descrito


e o raio de uma circunferência:

Onde R é o raio da circunferência.

Dessa definição é possível obtermos a relação:

A partir dessa definição, é possível saber que o arco correspondente a 1 radiano é o


ângulo formado quando o arco descrito S tem o mesmo comprimento do raio R.

Espaço ou Posição Angular (φ)


O espaço ou localização angular caracteriza a localização de um móvel, em uma trajetória circular
de raio R, pelo ângulo formado entre a posição de interesse e a adotada como origem:

O ângulo central, que é correspondente ao arco s, é o


espaço angular, também chamado de ângulo de fase,
que caracteriza a posição angular do móvel.

Podemos calculá-lo por:


Deslocamento Angular (Δφ)
Assim como para o deslocamento linear, temos um deslocamento angular se calcularmos a
diferença entre a posição angular final e a posição angular inicial:

Por convenção:

• No sentido anti-horário o deslocamento angular é positivo.


• No sentido horário o deslocamento angular é negativo.

A relação entre os deslocamentos angular e linear é dada por:


Velocidade Angular (ω)
Velocidade Angular Média (ωm)
Analogamente à velocidade linear, podemos definir a velocidade angular média como a razão
entre o deslocamento angular pelo intervalo de tempo do movimento:

A unidade de velocidade angular, no Sistema Internacional,


é: rad/s (radiano por segundo).

Sendo também encontradas: rad/min (radiano por minuto), rad/h (radiano


por hora),...

A velocidade angular média é relacionada à velocidade linear média por:

Velociadade Angular Instantânea (ω)


A velocidade angular instantânea se dá quando o intervalo de tempo considerado tende a valores
muito próximos de zero. Nesse limite:

Assim, a relação da velocidade angular com a linear:

Aceleração Angular (α)


A aceleração angular é definida como a razão entre a velocidade e o intervalo de tempo, sendo
dada como um valor médio (αm) para intervalos de tempo consideráveis e um valor instantâneo
(α) quando o intervalo de tempo tende a zero.

A aceleração angular tem relação com a aceleração linear tangencial:


A unidade de aceleração angular, no Sistema Internacional,
é: rad/s² (radiano por segundo ao quadrado).

Resumo das Relações das Grandezas Lineares e Angulares

Linear Angular
S = φR
v = ωR
a = αR
Período (T)
Na natureza existem diversos fenômenos que se repetem após um intervalo de tempo,
denominados fenômenos periódicos.

Um movimento periódico é caracterizado por repetir sua posição, velocidade e aceleração após um
determinado tempo, chamado período e representado pela letra T.

Em um movimento circular periódico, o período é o tempo necessário para que o móvel dê uma
volta completa, voltando à posição inicial, de modo que:

A unidade de período, no Sistema Internacional, é a mesma utilizada para


representar tempo: s (segundo).

Sendo também encontradas: min (minuto), h (hora), etc.

Frequência (f)
Assim como o período, a frequência é uma grandeza que representa fenômenos periódicos.

A frequência é a grandeza que relaciona a repetição de um fenômeno em determinado intervalo de


tempo, ou seja, é o inverso do período.

Para os movimentos circulares periódicos, a frequência equivale ao número de voltas completadas


em um intervalo de tempo, ou seja:

A unidade de frequência, no Sistema Internacional, é: Hz (hertz), que


equivale a s-1.

Sendo também encontradas: rpm (rotações por


minuto), kHz (quilohertz), MHz (megahertz), etc.

Exemplo:

Qual o período e a frequência de cada um dos ponteiros de um relógio analógico?

Solução:

• Ponteiro dos segundos:

O ponteiro maior (dos segundos), completa uma volta a cada 60 segundos, logo:

E a frequência:
• Ponteiro dos minutos:

O ponteiro intermediário (dos minutos), completa uma volta a cada hora, ou seja:

E a frequência:

• Ponteiro das horas:

O ponteiro menor (das horas) completa uma volta a cada 12 horas em um relógio analógico
simples, ou seja:

E a frequência:
Movimento Circular Uniforme
Um movimento circular é dito uniforme quando sua aceleração angular é nula, ou seja, se a
sua velocidade angular for constante.

A velocidade instantânea é igual à média para todo instante nesse movimento. Assim:

De onde podemos definir a equação horária da posição angular no movimento circular uniforme:

Embora a velocidade angular seja constante, não se observa o mesmo com a velocidade linear, já
que esta é sempre tangente à trajetória, o que implica em uma mudança de direção do vetor.

Como há variação na velocidade, é necessário que haja uma aceleração — a Aceleração


Centrípeta —, que é responsável pela mudança de direção do vetor velocidade linear, embora não
modifique seu módulo.

A aceleração centrípeta é calculada:

Da relação entre velocidade linear e angular:

Podemos escrever:

Os diagramas da velocidade e deslocamento angular no tempo do MCU são análogos aos do MRU:

Posição Angular x Tempo: Velocidade Angular x Tempo:

Ainda é possível relacionar a velocidade angular com o período do movimento, dado que o
deslocamento angular para se completar uma volta é 2π:
Exemplo:

Em um parque de diversões, uma roda gigante leva 2 minutos para chegar ao ponto mais alto,
partindo da parte mais baixa. Sabendo que o módulo da velocidade das pessoas que estão no
brinquedo é 0,655 m/s, qual é o raio da roda gigante? Qual a aceleração centrípeta no
movimento?

Solução:

Utilizando a equação horária do deslocamento angular podemos calcular a velocidade angular da


roda:

Dessa forma, basta relacionar a velocidade angular com a velocidade linear, encontrando o raio da
roda:

A aceleração centrípeta pode ser calculada por:

ou
Movimento Circular Uniformemente Variado
Um movimento circular uniformemente variado ocorre quando a velocidade angular de um
movimento circular varia com o tempo de forma constante, ou seja, há aceleração angular
constante e diferente de zero.

É possível deduzir, da forma como foi feito no movimento linear, as equações que relacionam a
velocidade angular e a posição angular com o tempo.

Equação Horária da Velocidade Angular:


Partindo da condição de haver aceleração angular constante, a velocidade angular pode ser
derivada da definição de aceleração angular média:

Outra forma de obtermos a mesma equação é partir da equação horária da velocidade linear e
dividi-la pelo fator 1/R, utilizando a relação entre grandezas lineares e angulares para reescrever a
equação:

Equação Horária do Deslocamento Angular:

Assim como no caso anterior, a equação horária do deslocamento angular pode ser obtida por sua
dedução geral, em que se considera a área do gráfico da velocidade angular no tempo (área do
trapézio), ou dividindo-se a equação horária do deslocamento linear pelo raio da trajetória
circular:

Equação de Torricelli:
Assim como nos casos anteriores, a equação de Torricelli tem uma forma equivalente para o
movimento circular, onde as grandezas angulares aparecem de forma análoga às lineares, na
equação original:

Exemplo:

Um móvel em movimento circular uniformemente variado parte do repouso, com aceleração


angular 4π rad/s2. Quanto tempo ele leva para completar uma volta? Qual a sua velocidade
angular neste momento?

Solução:

Para calcular o tempo necessário para que se complete uma volta utiliza-se a equação horária do
deslocamento. Considerando o ponto de partida como posição angular igual a zero e sabendo que
uma volta completa corresponde ao deslocamento angular de 2π radianos:

Conhecendo o tempo necessário para o movimento, é possível aplicá-lo na equação horária da


velocidade angular:
Movimento Circular Uniformemente Variado
Um movimento circular uniformemente variado ocorre quando a velocidade angular de um
movimento circular varia com o tempo de forma constante, ou seja, há aceleração angular
constante e diferente de zero.

É possível deduzir, da forma como foi feito no movimento linear, as equações que relacionam a
velocidade angular e a posição angular com o tempo.

Equação Horária da Velocidade Angular:


Partindo da condição de haver aceleração angular constante, a velocidade angular pode ser
derivada da definição de aceleração angular média:

Outra forma de obtermos a mesma equação é partir da equação horária da velocidade linear e
dividi-la pelo fator 1/R, utilizando a relação entre grandezas lineares e angulares para reescrever a
equação:

Equação Horária do Deslocamento Angular:

Assim como no caso anterior, a equação horária do deslocamento angular pode ser obtida por sua
dedução geral, em que se considera a área do gráfico da velocidade angular no tempo (área do
trapézio), ou dividindo-se a equação horária do deslocamento linear pelo raio da trajetória
circular:
Equação de Torricelli:

Assim como nos casos anteriores, a equação de Torricelli tem uma forma equivalente para o
movimento circular, onde as grandezas angulares aparecem de forma análoga às lineares, na
equação original:

Exemplo:

Um móvel em movimento circular uniformemente variado parte do repouso, com aceleração


angular 4π rad/s2. Quanto tempo ele leva para completar uma volta? Qual a sua velocidade
angular neste momento?

Solução:

Para calcular o tempo necessário para que se complete uma volta utiliza-se a equação horária do
deslocamento. Considerando o ponto de partida como posição angular igual a zero e sabendo que
uma volta completa corresponde ao deslocamento angular de 2π radianos:

Conhecendo o tempo necessário para o movimento, é possível aplicá-lo na equação horária da


velocidade angular:
Introdução
A Estática é a parte da Física que estuda os corpos e estruturas em equilíbrio, sendo o ramo que
permite o projeto e execução das construções cada vez mais grandiosas e elaboradas.

Corpos em equilíbrio são aqueles que não sofrem atuação de nenhuma força resultante, no
caso geral, e nenhum momento de força resultante, no caso dos corpos extensos.

Analisando a segunda lei de Newton, um sistema de forças onde a resultante é nula implica que a
aceleração do sistema seja igual a zero, ou seja, ele deve estar parado (equilíbrio estático)
ou se movimentando com velocidade constante (equilíbrio dinâmico).

Além das grandiosas aplicações da Estática, é por meio dela que se explicam fenômenos como:

• Por que em uma mesa sustentada por dois pés, estes precisam estar em determinada
posição para que a estrutura não balance?
• Por que a maçaneta de uma porta sempre é colocada no ponto mais distante em relação
às suas dobradiças?
• Por que um quadro pendurado em um prego precisa estar preso exatamente em sua
metade?
• Por que é mais fácil quebrar um ovo pelas laterais do que por suas extremidades?

No estudo de Estática costuma-se dividir o conteúdo em duas partes:

• Estática de um ponto material: analisa as condições de estaticidade de um corpo


adimensional, ou seja, que só tem possibilidade de ser transladado.
• Estática de um corpo extenso: analisa as condições de estaticidade de corpos com
dimensões relevantes, que podem girar, além de ser transladados.

Para aplicarmos a fundamentação teórica vista em Dinâmica e Cinemática, é necessário que se


parta de alguns conceitos de ordem prática:

Princípio da Transmissibilidade das Forças


O efeito de uma força não é alterado quando esta é aplicada em diferentes pontos do corpo, desde
que seja aplicada ao longo de sua linha de ação (ou atuação). Por sua vez, a linha de ação
representa a direção na qual o corpo se movimenta (ou tende a se movimentar), devido à
aplicação da força.

A figura mostra a mesma força sendo aplicada em diferentes pontos do corpo, sobre a linha de
atuação. Em todos os casos o efeito observado devido à aplicação da força é o mesmo.
Centro de Gravidade (G)
Os corpos extensos podem ser analisados como uma sistema de infinitas partículas, cada qual com
mesma massa, concentrada em apenas um ponto.

A resultante dos pesos de cada uma das partículas do sistema resulta no peso do próprio corpo,
que pode ser representado como uma única força aplicada a um ponto que representa todo o
corpo: o centro de gravidade.

Para os corpos homogêneos, isto é, aqueles que têm distribuição uniforme de massa e que
apresentam simetria em relação a algum eixo (cubos, esferas, cilindros, etc.), o centro de
gravidade está localizado sobre este eixo.

Corpos que não apresentam simetria podem ter seu centro de gravidade determinado de forma
prática: suspende-se o corpo por um fio e traça-se um reta vertical, na posição em que o corpo
mantém o equilíbrio. Suspende-se novamente o corpo, em outra posição, e repete-se o
procedimento. O ponto onde ocorre o cruzamento das duas retas traçadas corresponde ao centro
de gravidade do corpo:

Para os casos gerais, o centro de gravidade coincide com o centro de massa do corpo. Tal
consideração não poderia ser feita se as dimensões do corpo fossem extremamente grandes, de
modo que a orientação do vetor gravidade não fosse a mesma para todos os pontos do corpo.

Ainda existem casos particulares em que o centro de gravidade e de massa do corpo não se
localizam "dentro" dele, como, por exemplo, uma esfera oca, que tem o centro de gravidade
localizado no espaço vazio de seu interior.
Estática de um Ponto Material
Ponto material é a forma como são tratados os corpos com dimensões que não são relevantes em
consideração ao sistema analisado. Essa consideração implica numa simplificação dos cálculos de
estaticidade, já que o "ponto" tem apenas a liberdade de ser transladado.

Para que um ponto material esteja em equilíbrio, é necessário que todas as forças que atuam
sobre ele se anulem entre si, de modo que a força resultante seja nula. Tal condição é expressa
matematicamente como:

A representação acima indica que a soma vetorial de todas as forças aplicadas a um ponto estático
é igual a zero. Tal soma pode ser feita utilizando-se dois métodos, equivalentes entre si:

• Método das decomposições cartesianas.


• Método do polígono fechado.

Metodo das Decomposições Cartesianas


Esse método consiste em decompor cada força em componentes na direção dos eixos cartesianos
e, então, aplicar a condição de equilíbrio em cada uma das direções.

Para forças que atuam em duas dimensões (plano x-y):

No sistema de forças abaixo, por exemplo:

Verifica-se que duas das forças já estão sobre os eixos coordenados (F2 e F3), então só é
necessário decompor a força aplicada no segundo quadrante. Essa decomposição é feita em
termos do ângulo entre a força e um dos eixos, ou seja:
A partir das relações trigonométricas de seno e cosseno:

logo:

Da mesma forma:

logo:

Ao analisar as condições de equilíbrio:

Ou seja, supondo que o problema fornecesse os módulos de cada força e pedisse a direção do
vetor F1, aplicando-se essas equações seria possível calcular as duas componentes de tal vetor.
Método do Polígono Fechado
Esse método consiste em ligar os vetores aplicados ao ponto, colocando o início de um no final do
outro. Para que o vetor soma seja nulo, é necessário que a extremidade do útimo vetor encontre a
origem do primeiro, de modo que se forme um polígono fechado.

Por exemplo, no mesmo sistema de forças do exemplo anterior:

Dispondo os vetores da forma como indicada pelo método:

Conclui-se que o sistema de forças está em equilíbrio, já que o vetor soma é nulo.

Esse método é eficaz para calcular, graficamente, uma força que precisa ser aplicada para que o
corpo fique em equilíbrio.

Por exemplo:

Que força F3 deve ser aplicada ao sistema para que este esteja em equilíbrio?

Utilizando o método do polígono fechado:


Logo, a força que deve ser aplicada ao sistema é:
Centro de Massa
Muitos corpos não podem ser representados por apenas um ponto sem dimensões consideráveis,
no qual se concentra toda a massa do sistema. Para contornar esse empecilho, utiliza-se um
artifício: divide-se o corpo em partes, as quais podem ser representadas por pontos materiais.
Então analisa-se o corpo como um sistema de partículas, cada uma com massa independente da
outra e localizada em uma posição diferente. Por exemplo:

Sendo cada um dos pontos descritos no plano acima um ponto material com massa determinada,
é necessário calcular o ponto que representa a massa de todo o sistema. Esse ponto é chamado
de centro de massa.

O centro de massa é descrito formalmente como o ponto geométrico no qual se pode considerar
toda a massa do sistema concentrado.

O cálculo do centro de massa dá-se pela média ponderada da massa dos pontos, avaliada em cada
direção do plano cartesiano. Assim, para um sistema em duas dimensões:

A posição do centro de massa (CM) é:


Onde cada um dos componentes é calculado:

Essas equações podem ser generalizadas para uma quantidade N de partículas, de modo que:

Exemplo:

Sendo a massa dos pontos 1, 2 e 3 iguais a 2 kg, 6 kg e 4 kg, respectivamente, determine o


centro de massa do sistema abaixo, considerando cada divisão do plano quadriculado igual a 1 m.

Solução:

A posição do centro de massa será determinada:


Logo, a posição do centro de massa:

No plano:

Saiba mais

Para calcular o centro de massa de corpos que não podem ser simplificados,
como nos casos vistos, considera-se que cada ponto do corpo seja um ponto
material e, então, calcula-se o centro de massa.

Porém, ao se considerarem partículas infinitamente próximas umas das


outras, tem-se uma distribuição contínua de massa, de modo que a soma
ponderada é reescrita como uma integral.
Momento de uma Força
Quando uma força é aplicada a um corpo com dimensões consideráveis, ele adquire tendência de
giro, caso a aplicação no ocorra no centro de massa. Esse efeito é frequentemente observado no
cotidiano: ao abrirmos uma porta, ao girarmos um cilindro, ao apertarmos um parafuso com uma
chave, etc.

Para que essa tendência de giro seja analisada matematicamente, define-se uma grandeza
chamada Momento de Força (M).

O Momento de uma Força é a relação entre a força aplicada e a distância perpendicular da sua
linha de atuação ao eixo de rotação do corpo. Caracteriza-se como a capacidade da força em
realizar um giro.

Na figura, o ponto O é o eixo de giro do movimento, chamado de polo do


momento e d representa a distância entre o ponto de aplicação da força e o polo.

Essa distância é chamada de braço do momento (ou braço de alavanca), e sempre é tomada a
partir da direção da aplicação da força. Por exemplo, se a chave da figura fosse inclinada, mudaria
o valor de d:

A forma matemática do módulo do Momento de Força é:

Onde o índice do Momento refere-se à força F, com polo O.

A unidade de medida adotada pelo SI para o Momento de Força


é N.m (newton vezes metro).

O Momento de Força representa um vetor, localizado em direção ortogonal à força e à direção


do braço de momento, ou seja: se a força atua na direção x e o braço de momento tem direção y,
então a direção do Momento de Força será no eixo cartesiano z. Porém, por conveniência,
constuma-se representar o Momento como um "vetor de giro" no plano cartesiano:

O Momento pode ser positivo ou negativo, dependendo do sentido do giro. Geralmente, adota-se o
seguinte padrão:

• Momento positivo: rotação no sentido anti-horário;


• Momento negativo: rotação no sentido horário.

O Momento de um sistema de forças é equivalente à soma dos momentos de cada força, ou


seja, o seu Momento resultante.

Exemplo:

Para abrir uma porta é necessário aplicar a ela um Momento de Força igual a 60 N. Supondo que a
força seja aplicada perpendicularmente à porta, calcule a intensidade da força necessária para
abri-la quando a força é aplicada:

a) a 20 cm das dobradiças da porta.

b) na maçaneta, que se localiza a 80 cm das dobradiças da porta.

Solução:

Analisando o enunciado do problema, verifica-se que a força é aplicada perpendicularmente ao


braço de momento, que é a própria porta. Também conclui-se que o polo de momento é o ponto
onde se localizam as dobradiças da porta.

Utilizando o módulo do momento pode-se encontrar a força necessária para cada braço de
momento especificado, ou seja:

a)

b)

Conclui-se, portanto, que a força necessária é reduzida ao ser aumentado o tamanho do braço de
momento.
Binário

Um binário é um sistema constituído de duas forças de mesmas intensidade e direção aplicadas


em sentidos opostos em diferentes pontos de um corpo. Esse sistema tende a produzir rotação
apenas no corpo em que é aplicado. Além disso, só pode ser anulado pela aplicação de outro
binário, cuja tendência de giro seja oposta. Outra característica do binário é que a força resultante
sobre ele é nula.

O momento do binário é dado pelo módulo do momento resultante:

Assim, o momento do binário equivale ao produto do módulo da força pela distância entre os dois
pontos de sua aplicação, independente da posição em que fique o polo de momento de cada um
deles.

Ainda se utiliza a distância entre os pontos da aplicação das forças, referida como b, medida a
qual se dá o nome de braço de binário, ou seja:

A aplicação de binários de forças é verificada em diversos dispositivos, como no giro de um botão


de controle e na rotação de uma chave na fechadura, por exemplo.
Estática de um Corpo Extenso
Um corpo é caracterizado por corpo extenso quando não é possível desprezar suas dimensões
para fins de cálculos, de modo que esse corpo não pode ser descrito simplesmente por pontos.

Um corpo extenso é dito em equilíbrio quando estiver em repouso completo (não houver
translação nem rotação) ou quando estiver em translação retilínea uniforme e/ou rotação
uniforme. Para que tais condições sejam satisfeitas, é necessário que além da força resultante
sobre ele seja nula, como no caso do ponto material, seja satisfeita a condição que não exista
aceleração angular atuando sobre o sistema, ou seja, a soma dos momentos de força atuantes
deverá ser nula. Dessa forma:

A determinação das forças de equilíbrio ocorre da mesma forma que no caso do ponto material,
pelo método da decomposição cartesiana ou do polígono fechado. Considera-se que a atuação de
forças (como a peso) acontece em posições determinadas pelo centro de massa dos corpos.

Na determinação dos momentos de equilíbrio podem ser consideradas as operações escalares,


para o caso de sistemas planos.

Com as condições acima, podemos obter um sistema de três equações:

• soma das forças na direção x;


• soma das forças na direção y;
• soma dos momentos de forças atuantes sobre o polo do sistema.

Esse sistema possibilita resolver problemas variados que contenham até três incógnitas.

Exemplo:

O sistema da figura encontra-se em equilíbrio estático. O ponto A representa uma articulação na


qual uma barra homogênea de 1,5 m de comprimento e 15 kg de massa é presa e pode girar.
Ainda existe um fio preso entre a barra e a parede, no ponto B, localizado a 1 m do ponto A, que
forma um ângulo de 30° com a direção da barra. Um corpo de massa 2 kg é preso ao extremo do
sistema (ponto C).

Determine a força que age sobre a barra no ponto A e a tração no fio, no ponto B.

Solução:

Representando todas as forças presentes no sistema:


Buscamos calcular os valores dos componentes da força na articulação (Fx e Fy) e o valor do
módulo da tensão.

Inicialmente, analisa-se a resultante dos momentos, já que o polo de momento do sistema é o


ponto A. Dessa forma, elimina-se as forças Fx e Fy do cálculo, pois o braço de momento dessas
componentes é nulo.

O componente Tx também não produz momento, pois sua linha de atuação está sobre o polo.
Assim:

Conhecendo esse componente, é possível calcular o módulo da tração no fio:

Com isso, o componente Tx é determinado pelo teorema de Pitágoras:


Para encontrar os componentes da força na articulação, basta aplicar a condição de soma das
forças nulas em cada direção cartesiana:

Assim, o vetor da força de reação da articulação tem intensidade:

Ou seja, a tração na corda tem módulo:

T = 285 N

E a força de reação da articulação tem módulo:

F = 248,3 N
Hidrostática
É a parte da Física que estuda os fluidos em repouso, sendo derivada da Mecânica de Fluidos.
Abrange o estudos das condições nas quais os fluidos em repouso mantêm o equilíbrio estático.

Apesar do termo "Hidrostática" se referir à água, uma vez que o início de seu estudo remonta a
experiências com água, essa ciência trata dos fluidos em geral, tanto os líquidos como os gasosos.
Os fluidos de interesse são considerados ideais.

Dado que a maioria das atividades humanas ocorrem submersas em fluidos (ar e a água, por
exemplo) o estudo da Mecânica de Fluidos é de grande importância, em especial o da Hidrostática
(ou Fluidostática). Existem três variáveis de maior interesse em um
fluido: densidade, pressão e volume.

Fluido

Um fluido é uma substância que tem a capacidade de escoar e que, ao


ser submetido a forças tangenciais, deforma-se de modo contínuo.
Simplificadamente, pode ser considerado um material que, ao ser
colocado em um recipiente, adquire o seu formato.

Tanto gases como líquidos são considerados fluidos. Porém, o foco de


discussão deste tópico é o equilíbrio dos líquidos.

Define-se como fluido líquido ideal aquele que é incompressível (tem


volume definido), não apresenta viscosidade (atrito entre as moléculas)
e não adere à superfície do recipiente que o contém. Fluido líquido contido em
um recipiente.

Densidade
A densidade, também chamada de massa específica, é uma propriedade da matéria que relaciona
a massa de um corpo ao seu volume. Para uma substância homogênea:

O conceito de densidade é bastante presente no cotidiano. Considerando-se, por exemplo, dois


blocos de mesmo volume, porém feitos de materiais diferentes: provavelmente, eles terão massas
diferentes. Sendo assim, o que diferencia esses dois materiais é a sua densidade. É possível
interpretar a densidade como a concentração de massa por unidade de volume.

A unidade de densidade adotada pelo SI é o kg/m³ (quilograma por metro


cúbico), embora também sejam muito utilizadas as unidades g/cm³ (grama
por centímetro cúbico) e kg/ℓ (quilograma por litro).

Tais unidades têm a seguinte relação:

Também é possível calcular a densidade de substâncias não homogêneas. Geralmente se


diferencia esse caso, chamando a relação da massa total do corpo e seu volume de densidade
volumétrica ou densidade média. A diferenciação é feita porque o corpo normalmente é
formado por diversas substâncias puras que, agrupadas, formam o material. Dessa forma, é
possível calcular a densidade de um planeta, por exemplo, mesmo sabendo que existem variadas
substâncias em sua composição.
Existem ainda duas formas principais de se representar a densidade: densidade
absoluta e densidade relativa.

• Densidade absoluta (d) é a que trata da substância diretamente, sendo calculada pela
relação acima.
• Densidade relativa (dR) é a relação da densidade absoluta por um valor tomado como
referência (geralmente se usa a densidade da água d = 1g/cm³ = 1000 kg/m³), de modo
que a medida expresse a relação entre a densidade da substância considerada com a de
referência. Essa forma é muito utilizada quando se necessita comparar duas densidades.

A densidade relativa é um valor adimensional, sendo obtida pelo quociente de duas grandezas de
mesma unidade. A relação entre densidade absoluta e relativa é:

O quadro abaixo traz o valor e a densidade absoluta de algumas substâncias e misturas:

Substância ou Mistura Densidade (g/cm³)


ar (0° C e 1 atm) 0,0013
álcool 0,79
gelo 0,92
água pura 1,00
alumínio 2,70
ferro 7,85
chumbo 11,3
mercúrio 13,6
platina 21,4

Exemplo:

Uma esfera de ferro, cuja densidade absoluta é 7,85 g/cm³, tem massa de 125,6 g. Determine o
volume e o raio da esfera.

Solução:

Para encontrar o volume da esfera em questão aplica-se os valores na relação da densidade


absoluta:

Para calcular o raio da esfera, utiliza-se a relação de volume de uma esfera:

Ou seja:
Pressão
Ao se observar uma tesoura, verifica-se que no lado em que ela corta, a lâmina é mais fina que no
restante. Sabe-se ainda que quanto mais fino for o que chamamos o "fio da tesoura", menor será
a força necessária para realizar o corte. Isso acontece porque, ao se aplicar uma força, provoca-se
uma pressão. A intensidade da pressão é diretamente proporcional a essa força e inversamente
proporcional à área da aplicação. No caso da tesoura, quanto menor for o "fio da tesoura" mais
intensa será a pressão de uma força aplicada.

A pressão é expressa, matematicamente, como o quociente da componente da resultante das


forças aplicadas, que é perpendicular à superfície pela área dessa superfície, ou seja:

Força aplicada perpendicularmente à


Força aplicada com ângulo θ em relação à
superfície.
direção perpendicular à superfície.

A pressão é uma grandeza escalar. Porém, frequentemente se representa a direção perpendicular


à área em ilustrações, com o objetivo de ilustrar a atuação da pressão no meio.

A unidade adotada pelo SI para a pressão é o Pa (pascal), que homenageia


o matemático e físico francês Blaise Pascal, e representa N/m² (newton
por metro quadrado).

O pascal é uma unidade considerada pequena para representar a maior parte


das aplicações de interesse; por isso, são utilizadas outras unidades, tais
como: cmHg (centímetro de mercúrio), mmHg (milímetro de
mercúrio), atm (atmosfera), bar, mbar (milibar)...

Existem relações importantes entre as unidades, por exemplo:

• 1 atm = 100000 Pa
• 1 Pa = 10 bar
• 1 mmHg = 133,33 Pa
• 1 mbar = 100 Pa

Algumas situações requerem que, ao se aplicar uma força, seja observada a maior pressão
possível, como no caso da tesoura, de um prego martelado contra uma parede ou de um corte
feito com uma faca, por exemplo. Para esses casos, utilizam-se áreas pequenas. Outros casos,
porém, necessitam que certa força não cause tanta pressão, como no caso dos esquis, carretas
com vários pneus, tanques de água e de gás, etc. Essas aplicações requerem que se utilizem
grandes superfícies de atuação das forças.

Pressão Hidrostática
Assim como os corpos sólidos, os líquidos exercem pressão, uns sobre os outros, devido ao seu
peso. Tal efeito é evidenciado ao se considerar um recipiente que contém um líquido de
densidade d, o qual preenche o recipiente até uma altura h, em um local em que a gravidade atue
com valor g:
A pressão exercida pela coluna de líquido na base do recipiente será:

Porém, a massa pode ser reescrita em termos de sua densidade, considerando que:

Substituindo na equação da pressão:

O volume da coluna de líquido está relacionado com a área da superfície e a altura da coluna, de
modo que:

Assim, reescrevemos a pressão em função da densidade do líquido, da altura da coluna e da


gravidade, de modo que:

Essa pressão pode ser referida a um ponto qualquer do fluido, considerando sua posição em
relação à superfície. É chamada de pressão hidrostática ou pressão efetiva.

A pressão hidrostática depende apenas da densidade do líquido, da aceleração da gravidade e da


altura de líquido acima do ponto considerado, não sofrendo influência do tamanho ou do formato
do recipiente.
Pressão Absoluta
Todo fluido confinado tem associado a si uma pressão, a qual depende de sua densidade e da
altura de fluido sobre o ponto de interesse.

Diante disso, é posível concluir que o ar contido na atmosfera, que também é um fluido, tem uma
pressão, a qual depende da altitude do local onde se está.

Assim, define-se como pressão absoluta ou pressão total a soma da pressão efetiva de um
fluido com a pressão atmosférica do local.

Onde p0 representa a pressão atmosférica.

Pressão Atmosférica
A atmosfera é a camada de gases que envolve a Terra, formada principalmente por oxigênio e
nitrogênio. Considera-se que a maior parte do ar contido na atmosfera está em altitudes menores
que 18 km do nível do mar. Em altitudes maiores, o ar existente é extremamente rarefeito. Assim,
o ar contido nessa região tem massa (devido às partículas contidas nele) e peso, o que implica no
aparecimento de uma pressão sobre a superfície do planeta, denominada pressão atmosférica.

O valor da pressão atmosférica varia conforme a altitude do local em que se mede, já que esta
influencia na "altura de fluido" sobre o ponto de interesse. Dessa forma, verifica-se que a pressão
atmosférica no Rio de Janeiro, localizado ao nível do mar, é maior do que a pressão atmosférica
no Distrito Federal, localizado a cerca de 1170 m de altitude.

Para medir a pressão atmosférica utiliza-se um equipamento chamado barômetro. O experimento


que possibilitou a medição da pressão atmosférica foi desenvolvido por Evangelista Torricelli em
1643.

A fundamentação teórica desse experimento será feita posteriormente, pois requer o


entendimento do teorema de Stevin.
Teorema de Stevin
Seja um líquido de densidade d contido em um recipiente arbitrário. A pressão absoluta em dois
pontos (A e B) serão expressas:

Ainda é possível evidenciar a diferença de


pressões entre o ponto A e B:

Assim, pode ser enunciado o teorema de Stevin:

"A diferença entre as pressões de dois pontos de um fluido em equilíbrio é igual ao produto entre
a densidade do fluido, a aceleração da gravidade e a diferença entre as profundidades dos
pontos."

Esse teorema tem duas implicações principais. A primeira delas é que dois pontos situados no
mesmo nível de um fluido em equilíbrio estão submetidos a pressões iguais. E a segunda é que a
superfície livre de um líquido sempre é plana e horizontal, já que a pressão a que ela é submetida
é a pressão atmosférica, não podendo haver diferença de alturas entre os pontos.

Vasos Comunicantes
Chama-se vasos comunicantes o sistema formado por dois ou mais recipientes interligados por um
duto fechado.
Quando o sistema contém um único líquido, apresenta duas características:

• As alturas das colunas de líquido são iguais em todos os vasos. Isso acontece porque a
pressão na superfície de cada um deles é a pressão atmosférica.
• Os pontos situados em alturas iguais, dentro do líquido, estão submetidos à mesma
pressão.

Essas características tornam a utilização de sistemas de vasos comunicantes eficiente na rede de


distribuição de água, em medidores de nível de líquido, na medição de pressão de tubos fechados,
etc.

Exemplo:

Um recipiente cilíndrico contém um líquido de densidade igual a 1,2 g/cm³. Considerando a


gravidade 10 m/s², qual a pressão efetiva a 50 cm da superfície do líquido? E qual a diferença de
pressões entre esse ponto e outro a 60 cm da superfície?

Solução:

A pressão efetiva na coluna de líquido é calculada diretamente, utilizando-se a equação da pressão


hidrostática. É importante ter o cuidado de converter as unidades de densidade e altura da coluna
de líquido para kg/m³ e m, respectivamente.

A diferença de pressões entre os dois pontos pode ser calculada pelo teorema de Stevin ou
calculando-se a pressão efetiva do outro ponto (de forma análoga ao caso anterior) e então
subtraindo-a do valor já conhecido no primeiro ponto.

Vamos utilizar o teorema de Stevin, sempre atentando às unidades de medida:


Barômetro de Torricelli
O barômetro é o equipamento utilizado para medir a pressão atmosférica, tendo como princípio a
comparação de uma coluna de líquido com a pressão exercida pela atmosfera. Nele, um tubo de
vidro é enchido com mercúrio e emborcado em outro recipiente, também contendo mercúrio.

Verifica-se que a coluna de mercúrio é estabilizada a 76 cm da superfície de mercúrio no


recipiente (ao nível do mar).

Como a configuração do experimento não permite a entrada de


ar no tubo, Torricelli pensou que o espaço vazio que havia na
extremidade do tubo deveria ser vácuo. Porém, mais tarde
chegou-se à conclusão de que aquele espaço era ocupado por
vapor de mercúrio, que pode ser verificado em pressões muito
baixas. Entretanto, a região ficou conhecida como "vácuo de
Torricelli".

Utilizando a lei de Stevin, sabe-se a pressão da superfície livre de mercúrio no recipiente é igual à
pressão contida em um ponto do tubo na mesma altura e, ainda, igual à pressão atmosférica.

É possível calcular a pressão exercida pela coluna de mercúrio conhecendo-se a densidade do


mercúrio (d = 13,6 g/cm³), a aceleração da gravidade (g = 9,8 m/s²) e a altura da coluna de
mercúrio (h = 0,76 m).
Na extremidade do tubo, devido ao vácuo de
Torricelli:

No pontos localizados na superfície livre do


recipiente:

A pressão nesse ponto também é expressa pela


pressão na coluna de mercúrio:

Com isso, conclui-se que a pressão atmosférica é


equivalente à pressão da coluna de líquido.

Esse valor de pressão atmosférica, denominado pressão normal, é considerado um valor


padrão, sendo geralmente referenciado pela unidade atm (atmosfera) ou então pela altura da
coluna de mercúrio equivalente no barômetro de Torricelli (mmHg ou cmHg), de modo que:

O valor da pressão atmosférica é influenciado pela altitude. A tabela abaixo traz alguns valores de
pressão atmosférica, em mmHg, referenciados à altitude:

Altitude Pressão Atmosférica


(m) (mmHg)
0 760,0
200 741,1
2000 593,8
10000 193,0
16200 73,0
20000 40,0
Princípio de Pascal
Quando uma pressão é exercida sobre um corpo sólido, existe a tendência de deformá-lo, devido à
trasmissão desigual dessa pressão pela estrutura das moléculas do sólido. Porém, quando uma
pressão é aplicada a um líquido, sua distribuição é integral e se dá de forma uniforme por todas as
direções e sentidos.

Essa característica permite utilizarmos um líquido para


transmitir forças em direções que não sejam lineares, pela
trasmissão da pressão. Seu emprego é denominado Princípio
de Pascal, em homenagem ao matemático e físico francês
Blaise Pascal.

A demonstração do Princípio de Pascal pode ser feita considerando-se uma força aplicada a um
líquido, causando um acréscimo de pressão em dois pontos (A e B).

Antes da aplicação da força, a pressão nos pontos A e B são:

A diferença de pressão entre os pontos, pela utilização do teorema de Stevin:

Quando a força é aplicada, a pressão em cada um dos pontos é acrescida de uma parcela, de
modo que:

Sendo o líquido imcompressível, a distância entre os pontos A e B deve ser mantida, de forma que
a diferença de pressão entre os dois pontos seja:
Porém, sabe-se que:

Então:

Interpretando esse resultado, chega-se ao enunciado do Princípio de Pascal:

"O acréscimo de pressão exercida em um ponto de um líquido ideal em equilíbrio se


transmite integralmente a todos os demais pontos desse líquido, bem como às paredes
do recipiente que o contém."

O Princípio de Pascal é observado em diversas máquinas mecânicas, estando presente nos


elevadores e freios hidráulicos, nas seringas de injeção, entre outros.
Prensa Hidráulica
A prensa hidráulica é uma das mais importantes e mais utilizadas aplicações do Princípio de
Pascal. Nela, dois cilindros de áreas diferentes (A1 e A2) são interligados por um tubo. No interior
desse sistema, há um líquido que sustenta dois êmbolos.

Aplicando-se uma força em um dos êmbolos, a pressão é distribuída integralmente a todos os


pontos do líquido, até atingir o outro êmbolo. Como a pressão é uma relação entre força e área, a
força resultante transmitida ao outro êmbolo será diferente da primeira.

Sendo aplicada uma força de intensidade F1 no êmbolo de área A1, a variação da pressão
hidrostática em cada ponto do líquido será:

Conforme o Princípio de Pascal, essa variação de pressão é transmitida a todos os pontos do


líquido e às paredes dos cilindros e do tubo, inclusive no extremo do segundo cilindro, onde existe
o êmbolo de área A2. Nesse caso, a variação de pressão fará com que surja um força F2 , tal que:

Assim, a força transmitida ao segundo êmbolo pode ser reescrita em função da força aplicada no
primeiro, e das áreas de cada um dos êmbolos:

Analisando a equação acima, verifica-se que a força


aplicada pode ser aumentada se a área do segundo
êmbolo for maior que a do primeiro; ou reduzida, caso
ocorra o inverso.

Outra forma comum e equivalente a essa equação é:

A forma acima refere-se à transmissão integral da variação de pressão nos dois êmbolos.

Exemplo:

Considere o sistema a seguir:


Dados:

F1 = 12 N

A1 = 10 cm²

A2 = 30 cm²

Qual a força transmitida ao êmbolo de área A2?

Quando o êmbolo é pressionado com força constante F1, a pressão aplicada no líquido é
transmitida até o outro extremo do tubo, de modo que a força transmitida seja obtida:

Nesse caso, não é necessário converter as unidades de área para o SI, pois elas serão
simplificadas no cálculo:
Empuxo
Uma modalidade de exercício aquático muito indicada a pessoas que
não podem sofrer grandes impactos durante suas atividades é a
hidroginástica. Nela, usam-se halteres feitos de um material leve,
nos quais a principal característica que dá o "peso" do equipamento
não é a sua massa, mas o seu volume.

A possibilidade de se criar um haltere cuja massa seja


extremamente pequena, mas que, quando submerso, tenha um
peso muito maior, deve-se ao entendimento de uma grandeza
chamada empuxo.

O empuxo é a força vertical para cima que um líquido exerce sobre um corpo imerso, devido ao
efeito resultante da pressão do líquido.

Devido à sua configuração, o empuxo tem tendência de anular o peso de um corpo. Sendo assim,
um corpo imerso, total ou parcialmente, tem um peso aparente, dado pela subtração do peso
com o empuxo.

Diferentemente da força Peso, o empuxo não depende da massa do corpo, mas sim, do seu
volume e da densidade do líquido no qual é imerso. Para calcular o empuxo em um corpo, utiliza-
se um pirncípio enunciado pelo filósofo grego Arquimedes: o Princípio de Arquimedes.

O empuxo é uma força. Portanto, sua unidade de medida no SI é o N (newton).

Princípio de Arquimedes
Foi por volta do século II a.C. que o filósofo e matemático grego
Arquimedes descobriu, por meio de experimentos, como era possível
calcular o empuxo.

Considerando-se um corpo hipotético dentro de um líquido em


equilíbrio, esse corpo é composto pelo próprio líquido e deve ter
massa mC e volume VC.

Arquimedes

Para que o corpo esteja em equilíbrio, é necessário que o empuxo seja


igual ao peso do corpo. Assim:
Porém, a massa pode ser expressa em função do volume e da densidade do líquido:

Os experimentos de Arquimedes demonstravam que o empuxo não dependia da massa ou


densidade do corpo imerso, mas apenas do volume de líquido que a imersão deslocava. Logo, seu
princípio é enunciado:

"Todo corpo imerso, total ou parciamente, em um líquido, sofre a atuação do empuxo,


o qual tem intensidade igual ao peso da porção de líquido deslocada pelo corpo."

Onde:

E é a intensidade do empuxo;
dliq é a densidade do líquido;
Vliq desl é o volume de líquido deslocado;
g é a gravidade.

No caso de o corpo estar completamente imerso no líquido, o volume de líquido deslocado é igual
ao volume real do corpo. Já no caso de haver apenas uma porção imersa, o volume de líquido
deslocado equivalerá ao volume dessa porção.

Exemplo:

Ao colocar um cubo de gelo com 3 cm de aresta na água, ele fica completamente imerso,
permanecendo na parte superior do líquido. Sabendo que a densidade da água é 1 g/cm³, a
densidade do gelo é 0,92 g/cm³ e considerando a gravidade igual a 10 m/s², qual é o empuxo
exercido pela água sobre o cubo de gelo?

Solução:

Primeiramente, deve-se fazer uma análise dos dados do exercício, a fim de verificar se todos eles
são fornecidos diretamente e se é preciso converter as unidades.

Nesse caso, verifica-se que é preciso calcular o volume do cubo e que as unidades de
comprimento e de densidade não se encontram no SI. É possível converter essas unidades antes
do cálculo ou depois (recomenda-se manter as unidades durante o cálculo para que seja possível
analisar a unidade da resposta final).

Resolveremos o exercício das duas formas:

• Convertendo as unidades inicialmente:

As arestas do cubo têm medida 3 cm = 0,03 m. Portanto, o volume do cubo é 0,000027 m³.

Se o cubo é completamente imerso na água, esse volume equivale ao volume de líquido


deslocado.

A densidade da água é 1 g/cm³, convertendo para o SI tem-se 1000 kg/m³. Assim, a intensidade
do empuxo sofrido pelo cubo de gelo é:
• Convertendo a unidade da resposta final:

O volume do cubo de gelo é 27 cm³. Se o cubo é completamente imerso na água, esse volume
equivale ao volume de líquido deslocado. Assim, a intensidade do empuxo sofrido pelo cubo de
gelo é:

Deseja-se converter essa unidade para newton, ou seja, é necessário que a resposta seja
encontrada em kg.m/s². Comparando com a resposta obtida, verifica-se que a única divergência
entre os resultados é a unidade de massa. Para que se faça a conversão, reescreve-se 1 grama (1
g) como 0,001 quilograma (0,001 kg), ou seja:

Os dois métodos são equivalentes (e válidos para a maior parte dos problemas). Convém que o
estudante teste os dois e verifique qual é o mais adequado aos seus estudos.
Equilíbrio de Corpos Imersos e Flutuantes
Quando um corpo é imerso em um líquido, ele sofre a ação de duas forças: o empuxo e seu
próprio peso.

A condição de equilíbrio deve ser observada se:

Porém, a massa do corpo pode ser escrita em função de sua densidade e de seu volume.

No caso em que o corpo está completamente submerso, seu volume é igual ao volume de líquido
deslocado, de modo que se anulam:

Sendo assim, existem três possibilidades de atuação dessas duas forças. São elas:

• O Peso é maior que o Empuxo (P > E):

Nesse caso, o peso aparente é positivo (tem mesma direção da força


peso); com isso, o corpo tende a afundar. A condição de equilíbrio não
se observa e tem-se:

Essa situação é verificada quando um objeto metálico maciço é colocado


em um recipiente com água, por exemplo. Nesse caso, o corpo tende a
permanecer no fundo do recipiente.

• O Peso é menor que o Empuxo (P < E):

Nesse caso, o peso aparente é negativo (tem direção oposta à força


peso); com isso, o corpo tende a flutuar. A condição de equilíbrio não se
observa e tem-se:

Um exemplo dessa situação é uma esfera de isopor colocada em um


recipiente com água: o isopor tende ficar na superfície do líquido.

• O Peso e o Empuxo são iguais (P = E):


Nesse caso, o peso aparente é nulo; com isso, a condição de equilíbrio do
corpo é satisfeita e há a tendência de que ele fique parado no ponto em
que é abandonado. Tem-se:

Essa situação geralmente é verificada em objetos compostos de mais de


um material, que têm densidade média igual à do líquido.

Centro de Empuxo
Da mesma forma como um corpo extenso tem um centro de massa, definido principalmente a
partir de sua geometria, um corpo flutuante tem um centro de empuxo que, de forma simplificada,
equivale ao centro de massa do líquido deslocado pelo objeto.

Um objeto completamente imerso tem o centro de empuxo que coincide com o seu centro de
massa. O estudo do centro de empuxo é importante para a construção de objetos flutuantes, já
que sua posição, em comparação com o centro de massa do objeto, é utilizada para determinar a
estabilidade da flutuação.

Utilizando como exemplo um barco: parte dele localiza-se submersa,


enquanto o restante fica acima da água. Espera-se que essa configuração se
mantenha (o barco não deve virar). Verifica-se que o barco deve ter
estabilidade suficiente para que ele não vire facilmente com as perturbações
do meio. Tal estabilidade será atingida se o centro de empuxo do barco
estiver localizado acima do seu centro de massa.

No caso em que o centro de massa localiza-se acima do centro de empuxo, o objeto é dito
instável, pois não é capaz de flutuar sem virar. Se o centro de massa e de empuxo forem
coincidentes, então haverá uma situação de estabilidade crítica: sem a ação de forças externas o
objeto será estavel; porém, será instabilizado com qualquer perturbação que venha a ocorrer.
Dinâmica
É a parte da Mecânica que busca explicar as causas dos movimentos, estudando-os como efeito de
uma força. Dessa forma, o estudo da Dinâmica é focando em duas situações:

• Conhecendo o movimento de um corpo, determinar as forças que atuam sobre ele.


• Conhecendo as forças que atuam sobre um corpo, determinar seu movimento.

Para a compreensão dos movimentos e suas causas, alguns conceitos deverão ser apresentados,
como energia, trabalho, potência, impulso e quantidade de movimento.

Força ( )
O conceito de força é, de certa forma, intuitivo, já que essa palavra é usada com outros
significados em nosso idioma. Em Física, a força é definida como a interação entre dois corpos,
podendo aparecer devido ao contato ou à ação de um campo.

A principal forma de observar uma força é pela análise de seus efeitos, que podem ser o
de deformação dos objetos ou ainda o de imprimir a eles aceleração, fazendo-os se
movimentarem.

A unidade adotada para força, no SI, é o newton (N), que indica kg.m/s².

Outras unidades utilizadas são o kgf (quilograma-força) e a dyn (dina).

As relações entre as unidades são:

1 kgf = 9,8 N

1 N = 100000 dyn

A força é um vetor, ou seja, é descrito por sua intensidade, sua


direção e seu sentido.

A intensidade da força também é chamada de módulo e


descrita por
| |, ou simplesmente F.

A direção e sentido podem ser descritos pelo ângulo de Aplicação de uma força em um
abertura entre o vetor e uma referência (geralmente se adota corpo
o eixo horizontal x, no sentido positivo.)

Medida de uma Força:

O dispositivo mais utilizado para medir forças é o dinamômetro. A


medição é feita relacionando a deformação de uma mola a uma escala
calibrada, para apontar os valores da força em uma unidade específica.

A força devido à elongação da mola é chamada de força elástica.


Dinamômetro

Força Resultante ( )
Dado um conjunto de forças aplicadas a um corpo, é possível estabelecer uma única força, cujo
efeito seja equivalente à soma dos efeitos de todas as forças aplicadas. A esse equivalente único
dá-se o nome de força resultante.

O cálculo é referente a uma soma de vetores.

Por exemplo, dadas as forças aplicadas ao corpo abaixo:


Elas podem ser substituídas por uma força resultante dada pela soma das duas, de modo que:

Essa soma pode ser feita graficamente ou pela decomposição dos vetores nas direções dos eixos
cartesianos.

Exemplo:

Duas forças são aplicadas ao mesmo corpo na mesma direção e em sentidos opostos. Suas
intensidades são 50 N e 30 N, respectivamente. Determine a intensidade e o sentido da força
resultante.

Solução:

Sendo as duas forças aplicadas na mesma direção e em sentidos opostos, a sua influência
ocorrerá de modo que tendam a se anular, ou seja, a intensidade resultante será a diferença entre
as intensidades das forças aplicadas:

A direção será a mesma dos vetores das forças aplicadas e o sentido será o da maior força, em
módulo. Logo, será o sentido de F1.
Equilíbrio
Diz-se que uma partícula está em equilíbrio em relação a um referencial quando a sua velocidade
vetorial é constante em relação ao referencial em questão. Esse equilíbrio pode ser atingido em
dois casos distintos:

• Quando a velocidade é nula em relação ao referencial (equilíbrio estático).


• Quando a velocidade é constante em relação ao referencial, de modo que a partícula
descreva um movimento retilíneo uniforme (equilíbrio dinâmico).

Em ambos os casos, a aceleração do movimento é nula. De acordo com a segunda lei de Newton,
isso implica que a força resultante sobre a partícula seja nula.

O conceito de equilíbrio depende fortemente do referencial.

Por exemplo: um poste está em equilíbrio em relação à Terra, mas pode não estar em equilíbrio
em relação a um carro que descreva um movimento uniformemente variado.

Por outro lado, o passageiro de um automóvel está em repouso em relação ao veículo, mas não
em relação ao solo, caso o movimento do carro não seja retilíneo uniforme.
Princípios da Mecânica Clássica - As Leis de Newton
As três leis da Cinemática, bem como a Lei da Gravitação Universal,
constituem os pilares fundamentais da Mecânica Clássica. Essas leis,
desenvolvidas por Sir Isaac Newton, no século XVII, são capazes de
descrever os movimentos em níveis clássicos, ou seja, para velocidades
baixas (que não são comparáveis à velocidade da luz) e para partículas
de dimensões grandes o bastante (tamanhos maiores que os dos
átomos).

A determinação dessas leis tornou-se possível a partir dos experimentos de


Galileu Galilei, que introduziram a ideia de que o estado fundamental de um
corpo era o equilíbrio, sendo ele estático ou dinâmico.

As três leis de Newton relacionam o movimento à ação de forças, tornando


possível o equacionamento desses movimentos.

Primeira Lei de Newton: Princípio da Inércia


O Princípio da Inércia estabelece que, quando não há ação de forças sobre um corpo, este não
sofre alteração de velocidade. Isso significa que, se ele estiver parado, permanecerá parado; se
estiver em movimento, tenderá a manter a mesma velocidade, o que implica no enunciado
clássico:

"Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, e um corpo em movimento tende a


permanecer em movimento."

Esse efeito é observado frequentemente no cotidiano e pode ser interpretado, de forma ilustrativa,
como uma resistência à mudança no movimento.

A tendência dos corpos permanecerem parados é a mais usual. Pode ser observada, por exemplo,
quando um carro arranca a partir do repouso, fazendo os passageiros serem "empurrados" contra
o banco.

Já a afirmação de que os corpos em movimento tendem a permanecer em movimento é mais


difícil de ser observada, uma vez que movimentos livres da ação de forças (como a de atrito ou
forças de campo) não são tão comuns. Porém, se essas forças forem minimizadas ou anuladas,
observaremos que o movimento continuará ocorrendo, mesmo após ser cessada a aplicação das
forças.

Esse caso é observado nos satélites que orbitam a Terra. Eles são lançados e permanecem se
deslocando com velocidade igual à do momento em que deixaram de ser acelerados, já que,
praticamente, não existe atrito no seu movimento no espaço.

Segunda Lei de Newton: Princípio Fundamental da Dinâmica


A segunda lei de Newton é chamada de Princípio Fundamental da Dinâmica, pois permite calcular
os efeitos da ação das forças que ocorrem em um movimento. Por meio dessa lei é possível
explicar por que a mesma força, aplicada a corpos de massas diferentes, causa efeitos diferentes.

Matematicamente, essa lei é expressa por:

Ou seja, a força resultante é igual ao produto da massa pela


aceleração resultante em um movimento.

Sendo a força resultante igual à soma dos efeitos de cada


força aplicada, teremos cada força sendo:
Que pode ser expressa em módulo:

A massa (m), ou massa inercial, como é chamada formalmente, é a medida da inércia de um


corpo, ou seja: quando aplicada uma força, o efeito observado será tão maior quanto menor for a
sua massa.

Também é possível notar por meio dessa equação que os vetores força e aceleração devem ter a
mesma orientação.

Exemplo:

Ao ser submetido à ação de uma força, um bloco de massa igual a 5 kg adquire aceleração igual a
0,5 m/s². Considerando que a força aplicada seja a única que influencia no movimento, calcule o
seu módulo.

Solução:

Sabendo a aceleração obtida e a massa do objeto, basta aplicar a expressão:

É importante sempre observar as unidades das grandezas. Para que a força seja calculada em
newtons, é necessário que a aceleração seja dada em metros por segundo ao quadrado e a massa
em quilogramas.
Terceira Lei de Newton: Princípio da Ação e Reação
A terceira lei de Newton trata da atuação das forças, que acontece sempre aos pares.

Por exemplo: ao empurrarmos um bloco com a mão, a


força que a mão aplica sobre o bloco faz esse bloco se
movimentar. No entanto, ainda existe uma força que atua
sobre a mão, exercida pelo bloco, responsável pela pressão
sentida por nosso corpo.

No caso citado, a força que empurra o bloco é


chamada força de ação e a força exercida sobre a mão é
dita força de reação.

Na notação mais usual, as forças são representadas com um índice composto por dois termos. No
exemplo que vimos, tem-se B (bloco) e M (mão); o primeiro termo do índice representa o corpo
que realiza a ação e o segundo, o que sofre a ação da força. Ou seja, a força com índice B(M), ou
simplesmente BM, pode ser interpretada como a força exercida pelo bloco sobre a mão.

A relação entre a força de ação e de reação é:

Ambos os vetores têm mesmo módulo e mesma direção; porém, atuam em sentidos opostos.

Um erro comum, quando se estuda essa lei, é pensar que as forças de ação e reação se anulam,
devido a sua configuração oposta. Isso não se observa, já que as duas forças atuam em corpos
diferentes. No exemplo anterior, a força de ação atua sobre o bloco e a força de reação atua sobre
a mão.

Exemplo:

Uma bola de tênis atinge uma parede com aceleração 5 m/s². Medindo a distância atingida
quando a bola retorna, é possível determinar que a força exercida pela parede sobre a bola foi
0,25 N. Determine a massa da bola de tênis.

Solução:

Analisando o problema, é possível verificar que são envolvidas a segunda e a terceira lei de
Newton em sua resolução.

Dada a força medida da parede sobre a bola, verificamos que deve ter havido uma força de ação
da bola sobre a parede, com intensidade igual à medida, ou seja:

Da segunda lei de Newton obtemos uma relação entre essa força e a aceleração da bola:

O valor da aceleração é dado no problema:


Força Peso
Os corpos muito massivos, como os planetas e estrelas, têm um campo gravitacional cuja
intensidade depende da sua massa, conforme indica a Lei da Gravitação Universal de Newton.

Nas proximidades da Terra, o campo gravitacional faz os corpos ficarem sujeitos à ação de uma
força que atua na direção vertical, com sentido de atração à superfície. A essa força dá-se o nome
de peso ou força peso.

A forma usual de representarmos a força peso é , sendo também utilizada .

De acordo com a segunda lei de Newton é possível relacionar a força peso a uma aceleração, que
será a gravidade. Assim:

Que pode ser expressa em módulo:

Assim como para as outras forças, a unidade adotada pelo SI para peso é
o newton (N).

Se utilizarmos um modelo real, devemos considerar que o módulo da gravidade varia com a
altitude. Porém, para situações que não envolvem variações muito grandes de altura, é possível
considerar a gravidade como um valor constante, de modo que:

g=9,80665m/s²

Sendo considerado um bom arredondamento (conforme visto no movimento vertical):

g=10m/s²

A unidade quilograma-força (kgf), apesar de não fazer parte das unidades adotadas pelo SI, é
bastante utilizada em aplicações que envolvam a força peso, já que é a força equivalente ao peso
de um corpo de 1 kg:

Saiba mais

Quando falamos do peso de algum corpo, normalmente lembramos do "peso" medido


na balança. A utilização desse termo é considerada fisicamente errada, pois o que
estamos medindo, na realidade, é a nossa massa.

Exemplo:

Uma maçã encontra-se em uma macieira, localizada a 2 m acima do solo. Sabendo que a sua
massa é 150 g, qual é a força exercida pela macieira para manter a fruta presa ao galho?

Solução:
Primeiramente, analisamos que a força exercida pela macieira sobre a maçã deve ser igual à
força exercida pela maçã sobre a macieira, conforme a terceira lei de Newton.

Também é possível perceber que o módulo dessa força é igual ao peso da maçã, logo:
Força Normal
Outra força que se observa frequentemente é a força normal. Ela aparece em oposição à
deformação de uma superfície devido à ação de uma força. Sua orientação é sempre normal à
superfície e "saindo" dela.

Geralmente a força normal é representada por .

Saiba mais

Direção normal é aquela que é perpendicular a uma superfície em determinado ponto. Em


qualquer ponto de um plano, por exemplo, a direção normal é a mesma; porém, em uma esfera,
nenhum ponto tem associado a ele direção normal igual a outro.

Por exemplo: um bloco é posto sobre uma mesa. A força peso é exercida verticalmente sobre a
superfície da mesa; consequentemente, existe uma força de reação da mesa atuando sobre o
bloco. Essa é a força normal do sistema. Considerando que a superfície não seja deformada, o
módulo da força normal será igual ao módulo da força peso.

Em princípio, dois casos de atuação da força normal


interessam bastante aos nossos estudos:

• Quando a superfície é paralela ao solo: nesse


caso, a força normal atua na direção vertical. Se a
superfície em questão não sofrer deformação, a
força normal anulará a força peso.
• Quando a superfície tem uma inclinação em
relação ao solo: nesse caso, a força normal terá
uma componente na vertical que, sob a mesma
situação do caso anterior, anulará a força peso, e
outra componente na direção horizontal. Essa
situação particular será aprofundada no item "Plano
Inclinado".

É importante não confundir: a força peso e a força normal não formam um par ação-reação,
pois atuam no mesmo corpo.

Força de Tração
Caso um dos componentes de um sistema mecânico seja
um fio ideal (isto é, sem massa, inextensível, flexível e
que transmita completamente toda força aplicada a ele),
podemos utilizar a definição de força de tração, ou força
tensora, que é a força trocada entre um corpo e um fio
ideal.

A força de tração geralmente é expressa por .

A ação da força de tração é sempre a de puxar, pois ela


só é válida para um fio esticado.

A característica que torna sua utilização mais ampla é


que um fio pode mudar a direção de uma força sem
mudar sua intensidade (por meio de uma polia, por
exemplo).

Obs.: em estudos mais avançados, como na abordagem da resistência mecânica dos mateirais,
esse conceito é expandido para outros materiais, além de fios ideais.
Força de Atrito
No ensino de Física adotam-se modelos que visam descrever e, com isso, prever os fenômenos
naturais. E o método mais comum de aprendizagem (não só em Física) é começar com o que é
mais simples e ir adicionando aos modelos as características que os tornam mais próximos da
realidade, uma a uma.

Até o momento foram vistas forças que poderiam ser analisadas isoladamente, pois compõem o
modelo mais simples da Dinâmica. Com a apresentação da força de atrito, que só existe em
oposição ao movimento, será preciso que se considerem pelo menos dois efeitos de força
simultaneamente.

Esse modelo é claramente mais próximo da realidade, já que sabemos que um corpo no qual se
aplica uma força momentaneamente não será capaz de se deslocar com a mesma velocidade
continuamente.

A força de atrito depende da natureza da interface do móvel com a superfície de deslocamento


(coeficiente de atrito) e da força normal do corpo, tendo módulo calculado por:

Onde:

μ: coeficiente de atrito (adimensional)

N: módulo da força normal (N)

A orientação do vetor força de atrito é sempre


em oposição ao movimento, conforme mostra a figura ao
lado.

Quando forem estudadas as relações de energia e força,


será visto que parte da energia do movimento é dissipada Bloco em movimento para a
na forma de calor devido à força de atrito. direita

Atrito Estático e Dinâmico


A força de atrito varia entre objetos em repouso e em movimento. Quando empurramos uma
mesa, por exemplo, observamos que até que ela entre em movimento é necessário que se aplique
uma força maior do que aquela aplicada quando o objeto já está deslizando.

As duas variações da força de atrito são o atrito estático e o atrito dinâmico.

Atrito Estático
É aquele que atua quando não há deslizamento dos corpos.

A força de atrito estático máxima é igual à força mínima necessária para iniciar o movimento de
um corpo.

Quando um corpo não está em movimento, a força da atrito é maior que a força aplicada. Nesse
caso, é usado no cálculo um coeficiente de atrito estático: .

Então:

Atrito Dinâmico (ou Atrito Cinético)

É aquele que atua quando há deslizamento dos corpos.

Quando a força de atrito estático for ultrapassada pela força aplicada ao corpo, este entrará em
movimento e passaremos a considerar sua força de atrito dinâmico.
A força de atrito dinâmico é sempre menor que a força aplicada; no seu cálculo é utilizado o
coeficiente de atrito cinético:

Então:

Conforme a análise do exemplo da mesa, é possível observar que:

Observação:

Quando um problema não diferencia o coeficiente de atrito estático do


coeficiente de atrito dinâmico costuma-se considerar:
Força Elástica
A aplicação de uma força pode causar um movimento ou uma deformação no objeto em que é
aplicada.

Enquanto Newton se dedicava a descrever os movimentos a partir da aplicação de forças, um


outro cientista inglês, Robert Hooke, estudava a elasticidade dos materiais e chegou à conclusão
de que a deformação de objetos elásticos era regida por uma lei muito simples, a qual foi
denominada Lei de Hooke.

Segundo essa lei, quando uma força é aplicada no intuito de causar deformação em uma mola,
surge uma força que a equilibra, a chamada força elástica.

Para molas ideais, a relação entre a força elástica e a deformação, a partir do ponto de equilíbrio,
é linear.
Ou seja:

Onde:

Fel é o módulo da força elástica (N)

k é a constante elástica da mola (N/m)

x é a deformação da mola, medida a partir do


repouso (m)

A força elástica tem sempre orientação oposta à


da força deformadora. Por exemplo: se uma
mola é puxada, a orientação da força elástica
será no sentido de "empurrar" a mola.

A posição de equilíbrio da mola se dá quando não há forças agindo sobre ela. A principal
característica de uma mola ideal é ela voltar a sua posição sempre que cessada a aplicação de
forças.

A constante elástica da mola depende, principalmente, da natureza do material de fabricação da


mola e de suas dimensões.

A unidade adotada pelo Sistema Internacional para a constante elástica da


mola é o N/m (newton por metro), sendo também
encontrados N/cm, N/mm, kgf/m, etc.

Outra configuração em que se estuda a atuação da força elástica é quando a


mola é presa verticalmente a um suporte, ficando no posição vertical. Para
esse caso, costuma-se utilizar um corpo de massa conhecida; assim, quando o
sistema estiver em equilíbrio, sabe-se que a força elástica terá o mesmo
módulo da força peso.

Saiba mais

No estudo da força elástica, em Dinâmica, estudam-se sistemas em que há


equilíbrio durante toda a abordagem.

Um estudo mais completo dos chamados sistemas massa-mola será visto na


abordagem do Movimento Harmônico Simples.

Exemplo:

Uma mola é presa a um suporte horizontal e então é puxada por uma força de 50 N. A
deformação da mola é medida por uma régua, na qual se lê 2,5 cm. Calcule a constante elástica
da mola.
Solução:

Considerando que apenas a força deformadora atue sobre a mola, a força elástica terá o mesmo
módulo desta:

Assim, basta calcular a constante elástica por meio do módulo da força elástica:
Força Centrípeta
Quando um móvel descreve um movimento circular, mesmo sendo uniforme, ele deve ter
associado ao movimento uma aceleração centrípeta, responsável pela mudança de direção do
movimento.

Sabendo que a aceleração é uma consequência da aplicação de uma força,


deve-se observar uma força que atue na mesma direção da aceleração
centrípeta, ou seja, que aponte para o centro da trajetória. Esta é
chamada força centrípeta.

No desenho ao lado, o atleta gira o martelo fazendo surgir uma força


centrípeta.

Utilizando a segunda lei de Newton:

Sabendo-se que o módulo da aceleração centrípeta pode ser calculado com base na velocidade
linear ou na velocidade angular do movimento, tal que:

Então o módulo da força centrípeta também pode aparecer nas duas formas:

A força centrípeta é usada em diversas aplicações. Para um automóvel que faz uma curva, por
exemplo, a força centrípeta deve ser igual à força de atrito dos pneus com o solo, para que ele
não derrape.

Outra aplicação da força centrípeta é no estudo das órbitas dos corpos celestes, já que ela está
diretamente relacionada com a força de atração gravitacional.

Exemplo:

Um bloco de massa 2 kg está preso a um fio inextensível e


descreve um movimento circular uniforme, com raio 1 m a
partir de um eixo fixo. Sabendo que a velocidade angular do
movimento é 3 rad/s, calcule:

(a) a aceleração centrípeta;

(b) a força centrípeta;

(c) a tração no fio.

Solução:

(a) Utilizando os dados do exercício, podemos calcular a aceleração centrípeta pela relação:
(b) Sabendo a massa do bloco e sua aceleração centrípeta, basta aplicarmos a segunda lei de
Newton para encontrar a força centrípeta:

(c) Analisando o movimento, é possível perceber que a tração no fio deve ser igual à força
centrípeta, logo:
Plano Inclinado
Os planos inclinados são utilizados para facilitar o deslocamento no sentido vertical. Na imagem
abaixo, é intuitivo perceber que a segunda situação requer a aplicação de uma força menor que a
primeira:

Essa facilidade de movimentação em um plano inclinado acontece porque a força a ser "vencida" é
apenas a componente da força peso, que é paralela ao plano, e não todo o peso do corpo,
como na primeira situação.

Em um corpo colocado sobre um plano inclinado temos a atuação das forças peso e normal, da
seguinte forma:

A força normal atua sempre perpendicularmente ao plano e a força peso tem direção
vertical, independente da posição do bloco. Por isso, as duas forças não se anulam. Na imagem
acima, o bloco tenderá a descer no plano, como veremos ao analisar as componentes de cada
força.

Uma forma prática de resolver problemas que envolvam planos inclinados é fazendo
uma mudança de referencial: em vez de utilizarmos as direções vertical e horizontal como
orientação dos eixos cartesianos, utilizaremos a direção paralela e perpendicular ao plano. Assim:
A vantagem dessa mudança de referencial é que as relações trigonométricas dos componentes da
força peso são simplificadas, já que o ângulo entre o eixo perpendicular e a força peso é igual ao
ângulo de inclinação do plano. Da trigonometria:

De modo que os componentes da força peso são calculador por:

Em um sistema onde não há movimentação e nem deformação na direção perpendicular ao


plano, teremos a força normal sendo anulada pela componente perpendicular do peso:

E a componente paralela ao plano será a responsável pelo movimento do bloco. Para


movimentar o bloco "rampa acima" é necessário aplicar uma força maior que a componente da
força peso, de modo que a força resultante aponte para a direção da subida do plano.

Exemplo:

Um bloco de massa igual a 5 kg é abandonado sobre um plano que tem inclinação de 30° em
relação ao plano horizontal. Desconsiderando o atrito entre a superfície e não havendo
deformação, qual é a aceleração com que o bloco irá descer o plano? (Considere g = 10 m/s²)

Solução:

Para resolver esse problema é útil desenhar o que é descrito para facilitar o entendimento do que
se pede:
Analisando apenas o bloco com a mudança de referencial adequada:

Dessa forma, temos que:

Observamos que a componente perpendicular ao plano do peso (PY) será anulada pela força
normal, de modo que o movimento do bloco acontecerá devido à componente paralela ao plano
(PX). Utilizando a segunda lei de Newton, descobrimos a aceleração do bloco:

Essa aceleração será observada com a mesma orientação da força.


Sistemas de Forças
Conhecendo os princípios da Dinâmica, é possível aplicarmos combinações de tipos diferentes de
forças para estudarmos movimentos mais elaborados e mais próximos de situações reais.

Para resolver esse tipo de problema, é necessário encontrar forças comuns a mais de um dos
móveis, e então chegar a um sistema de equações.

Um sistema com dois blocos gerará um sistema de equações com duas incógnitas; um sistema
com três blocos gerará um sistema de equações com três incógnitas e assim por diante. Isso quer
dizer, portanto, que os sistemas de equações sempre serão determinados.

A análise de cada tipo de problema torna possível definir quais as características comuns a cada
conjunto de móveis. Para isso, veremos alguns exemplos de sistemas comuns, lembrando que o
método da solução do sistema de equações de uma configuração qualquer é sempre válido, desde
que as relações entre os componentes do sistema estejam corretas.

Para cada exemplo de sistema considerado ainda é possível observar os movimentos com ou sem
a influência da força de atrito entre as superfícies.

Algumas das configurações possíveis para análise são as com corpos em contato, corpos
ligados entre si por fios ideais (com ou sem a presença de polias), entre outras.

Corpos em Contato
Quando se aplica uma força a dois ou mais corpos em contato, espera-se que ambos entrem em
movimento, sofrendo a mesma aceleração. De fato, é isso que ocorre, mesmo se os corpos
tiverem massas diferentes.

Para analisar essa situação é preciso verificar a existência de um par de forças ação-reação no
local em que há o contato, ou seja:

Se a superfície não sofre compressão, as forças verticais (peso e normal) se anulam para ambos
os blocos. Dessa forma, é possível considerar apenas a atuação das forças no sentido horizontal.

• Desprezando o atrito entre os blocos e a superfície:

No bloco A:

No bloco B:

Se considerarmos que as forças da interface dos blocos têm a mesma intensidade (FAB = FBA= F')
e que a aceleração é igual nos dois blocos (aA = aB = a), podemos montar o sistema de equações:
Somando as duas equações, obtemos:

Isolando a aceleração e aplicando-a em um das duas equações:

Analisando os resultados

- Podemos encarar os dois blocos em contato como se fossem apenas um, cuja massa é igual à
soma das massas de cada um dos blocos.

- As forças de ação e de reação serão uma fração da força aplicada.

• Considerando o atrito entre os blocos e a superfície:

Para esse caso, devemos considerar que a força de atrito depende da força normal em cada um
dos blocos e que o coeficiente de atrito será estático, caso não haja deslizamento, e dinâmico,
caso haja. Assim:

No bloco A:

No bloco B:

Se considerarmos que as forças da interface dos blocos têm a mesma intensidade (FAB = FBA= F')
e que a aceleração é igual nos dois blocos (aA = aB = a), podemos montar o sistema de equações:

Somando as equações:

Ainda podemos relacionar as duas forças de atrito a fim de simplificar a equação, considerando:

Então:

Isolando a aceleração:
Aplicando esse valor de aceleração em uma das equações, podemos obter a intensidade da força
de ação e reação:

Analisando os resultados:

- Podemos encarar os dois blocos em contato como se fossem apenas um, cuja massa é igual à
soma das massas de cada um dos blocos (também para o cálculo da força de atrito).

- As forças de ação e de reação serão uma fração da força aplicada, sem dependência do atrito
entre as superfícies.

- A aceleração adquirida pelos blocos com a consideração do atrito é igual ao caso onde ele não é
considerado, diminuído de uma parcela (µ.g).

Exemplo:

Na figura abaixo a massa de cada bloco é 3 kg e 2 kg, respectivamente. Calcule a aceleração do


sistema e a força entre os dois quando a força aplicada é de 20 N. Considere:

(a) não há atrito entre a superfície e os blocos;

(b) o coeficiente de atrito entre a superfície e os blocos é 0,2. (Utilizar g = 10 m/s²).

Solução:

Esse exemplo é resolvido utilizando as equações deduzidas nos dois casos:

(a) Sem atrito:

(b) Com atrito:


Corpos Ligados por um Fio Ideal
Outro sistema comumente utilizado é o de dois ou mais blocos ligados por um fio ideal, isto é, um
fio com massa desprezível, inextensível e flexível, de modo que toda força de tração aplicada ao
fio é transmitida para o bloco.

Esse sistema é equivalente ao caso dos blocos em contato; porém, em vez do par de forças ação-
reação, a força de tração é comum a ambos os blocos.

Da mesma forma como feito anteriormente, podemos estudar o movimento com ou sem a
consideração do atrito entre os blocos e a superfície.

• Desprezando o atrito entre os blocos e a superfície:

Se o atrito for desprezível ao movimento, cada um dos blocos terá a atuação de uma força
resultante, tal que:

No bloco A:

No bloco B:

Da mesma forma como no movimento de corpos em contato, a aceleração do movimento será a


mesma nos dois blocos. Portanto, podemos considerar aA = aB = a. Isso torna possível que
escrevamos as duas equações em um sistema:

Somando as duas equações, temos:

Substituindo o valor encontrado para a aceleração em uma das equações, chegamos ao módulo da
tração no fio:
Analisando os resultados:

- A força de tração é equivalente à força entre os blocos no caso em que o movimento acontece
com os blocos em contato.

- Esse sistema só merece nossa atenção no caso em que a força aplicada atua no sentido de
"puxar" os blocos, já que a tensão só tem significado quando o fio estiver completamente
esticado.

• Considerando o atrito entre os blocos e a superfície:

Assim como no caso anterior, a força de atrito depende da força normal em cada bloco e tem
direção oposta ao movimento. Logo:

No bloco A:

No bloco B:

A aceleração do movimento deverá ser a mesma, bem como o coeficiente de atrito entre a
superfície e o bloco. Assim:

Somando as duas equações:

Aplicando o valor da aceleração em uma das equações:

Exemplo:

Dado o sistema da figura abaixo no qual os blocos A e B tem massa 5 kg e 7 kg, respectivamente,
qual será a aceleração e a tração no fio quando a força aplicada for 36 N, considerando:

(a) o atrito não influencia o movimento;


(b) o coeficiente de atrito entre a superfície e os blocos é 0,2.

Solução:

A aceleração e a tração no fio podem ser obtidas resolvendo o sistema de equações, utilizando os
valores numéricos, ou pelas equações deduzidas acima.

(a) Se não existe atrito entre a superfície e os blocos:

(b) Se o coeficiente de atrito entre a superfície e cada um dos blocos é 0,2:


Corpos Ligados por uma Polia Ideal
Uma polia ideal é uma roldana sem atrito no giro, com raio desprezível e sem massa, que
apresenta capacidade de mudar a direção de aplicação de uma força.

A tração no fio será equivalente ao caso anterior, onde os blocos estavam na mesma direção.

No sistema da figura acima, o movimento será na direção da maior força entre a força aplicada e o
peso do bloco B. Podemos escolher uma direção qualquer e, no caso da aceleração calculada ser
negativa, o sentido arbitrado estará errado.

O bloco B não fica sujeito ao atrito de contato entre superfícies (embora pudesse ser considerado
o atrito com o ar). No bloco A pode-se considerar ou não a influência do atrito.

• Desprezando o atrito entre os blocos e a superfície:

No bloco A:

No bloco B:

A aceleração do movimento deve ser a mesma nos dois blocos, de modo que aA = aB = a. Assim,
podemos escrever o sistema de equações:

Somando as duas equações:

Aplicando o valor obtido para a aceleração em alguma das duas equações:


Analisando os resultados:

- O módulo da aceleração não depende da direção do movimento; porém, seu sinal será negativo
quando a direção considerada positiva estiver errada. Nesse caso, basta reconsiderar a direção e
inverter o sinal da aceleração.

- Se não houver a aplicação de uma força, o sistema tenderá a ir em direção do bloco que desce e
a força do cálculo será zero.

- Tanto a aceleração como a tração no fio podem ser separadas em duas parcelas: uma devido à
força aplicada (igual aos casos anteriores) e outra devido à força peso do bloco suspenso.

• Considerando o atrito entre o bloco A e a superfície:

Nesse caso, é importante que se faça uma análise mais detalhada do sistema, para que se tenha
uma boa ideia do sentido do movimento, já que o sentido da força de atrito deve ser contrário ao
do movimento.

Considerando que o movimento seja na direção da força aplicada:

No bloco A:

No bloco B:

A aceleração do movimento deve ser a mesma nos dois blocos, de modo que aA = aB = a. Assim,
podemos escrever o sistema de equações:

Somando as duas equações:

Aplicando-se a aceleração obtida em uma das duas equações:

É importante observar que, caso não haja aplicação de força, o sentido do movimento será para o
lado do bloco suspenso. Nesse caso, a força de atrito atuará para o outro sentido. Refazendo a
análise do problema, obteremos outras equações.
Trabalho Mecânico
O termo trabalho costuma ser usado pra designar uma atividade exercida. Em Física, o conceito
de trabalho está relacionado a trabalho mecânico. Assim, o trabalho é a uma grandeza que
mede energia e está associado ao movimento dos corpos. Uma força aplicada a um corpo realiza
trabalho se houver um deslocamento desse corpo.

Saiba mais

A forma correta de nos referirmos a um trabalho é como "o trabalho de uma


força" (e não "o trabalho de um móvel").

Existem duas notações principais para expressar o trabalho: a letra grega


tau minúscula ( ) e a letra dáblio maiúscula (W). Utiliza-se W devido ao
termo "work", que significa trabalho, em inglês. Essa forma geralmente é
adotada por livros escritos em língua inglesa.

Também é comum utilizar um índice subscrito, que indica o deslocamento


entre dois pontos ou em um caminho.

Formalmente, o trabalho de uma força constante é o produto entre a componente dessa força na
direção do deslocamento e o deslocamento. Fisicamente, é definido como o produto escalar entre
o vetor força e a o vetor deslocamento, ou seja:

Onde θ é o ângulo entre os vetores força e deslocamento.

A unidade de medida do trabalho, no Sistema Internacional, é o joule (J),


que significa N.m (newton vezes metro).

Essa definição pode ser utilizada para três situações diferentes:

• Caso 1: A força é exercida na mesma direção do deslocamento:

Considerando que o corpo se desloca do ponto A até o ponto B, com a aplicação da força mostrada
na figura abaixo:

O trabalho da força será igual ao produto da força pelo deslocamento, pois o ângulo entre os
vetores força e deslocamento é 0° e , ou seja, o vetor está projetado sobre a trajetória.

No caso de uma força que se opõe ao movimento, como a força de atrito, o trabalho é negativo,
pois o ângulo entre a força e o deslocamento é 180° e .

Quando a força tem o mesmo sentido do deslocamento, ele é chamado de trabalho


motor; quando tem sentido oposto, é chamado de trabalho resistente.
• Caso 2: A força é exercida perpendicularmente ao deslocamento:

O trabalho de uma força que tem direção perpendicular ao deslocamento é nulo, pois o vetor força
não tem nenhum componente projetado sobre a direção do vetor deslocamento, ou seja, o ângulo
entre a força e deslocamento é 90° ou 270° (na figura, seria o caso da força normal e da força
peso, respectivamente) e o cosseno desses ângulos é igual a zero.

• Caso 3: A força é exercida com um ângulo em relação ao deslocamento:

Quando a força aplicada não for paralela e nem perpendicular ao movimento, será preciso
decompô-la em componentes nessas direções. A parcela da força que realiza trabalho será apenas
a da componente paralela ao deslocamento.

Usando a relação trigonométrica cosseno:

Portanto, o componente paralelo ao deslocamento será:

Sendo assim, o trabalho dessa força será:

Trabalho Resultante
O que usualmente chamamos apenas de trabalho resultante é, utilizando-se a nomenclatura
completa, o trabalho da força resultante.

Sendo assim, para um sistema de n forças aplicadas a um móvel temos a força resultante:

Cada uma das forças aplicadas produzirá um trabalho, que terá a seguinte relação com a força
resultante:

O trabalho resultante ainda pode ser expresso como:


Onde o índice subscrito R indica resultante. O θ resultante é o ângulo formado entre a força
resultante e o deslocamento.

Exemplo:

Na figura abaixo, a massa do bloco é 5 kg e a força aplicada a ele tem intensidade 50 N. Calcule o
trabalho realizado pela força resultante do sistema, durante um deslocamento de 10 m, para os
seguintes casos:

(a) não há atrito entre o bloco e a superfície e o ângulo entre a força e o deslocamento é:

i. θ = 0°;

ii. θ = 30°;

iii. θ = 60°;

iv. θ = 90°.

(b) o coeficiente de atrito entre o bloco e a superfície é 0,1 e θ = 0°.

Solução:

(a) Quando o atrito é desprezível, a única força que realiza trabalho é a força aplicada.

i. Nesse caso, a força é paralela ao deslocamento, então:

ii. Nesse caso, a força forma um ângulo de 30° com o deslocamento, então:

iii. Nesse caso, a força forma um ângulo de 45° com o deslocamento, então:
iv. Esse é o caso em que a força tem direção perpendicular ao deslocamento, portanto não realiza
trabalho:

(b) Quando existe atrito, o trabalho resultante é a soma do trabalho da força aplicada (positivo) e
da força de atrito (negativo).

O trabalho da força aplicada foi calculado no item (a) i:

A força de atrito é calculada:

E o trabalho dessa força, que se opõe ao movimento, é negativo, ou seja:

O trabalho resultante será a soma dos trabalhos de cada força:


Trabalho de uma Força Variável
O trabalho de uma força também pode ser calculado por meio do gráfico que relaciona a força
aplicada à posição do móvel:

Conforme os casos considerados até agora, quando a força é constante, o trabalho é igual ao
produto da força pelo deslocamento (considerando que a força e o deslocamento tenham a mesma
direção). Assim, o trabalho será igual à area do gráfico acima.

Quando a força variar no tempo, essa característica será mantida. Porém, nem sempre será
possível calcular a área geometricamente, dependendo da forma como a força variar com a
posição. Nesse caso, utiliza-se um método de integração, estudado em cálculo integral.

• Trabalho da Força Elástica:

Para as curvas mais simples, como constantes e retas, é possível calcular as áreas
geometricamente. No caso da força elástica, por exemplo, a intensidade da força varia
linearmente com o deslocamento.

Como a força elástica atua na mesma direção da elongação, teremos o trabalho dessa força
calculado pela área do triângulo no gráfico, de modo que:
Trabalho da Força Peso
A força peso realiza trabalho nas situações em que o deslocamento não é na direção horizontal.
Nesse caso, convém fazer uma mudança de referencial. Em vez de analisarmos a componente da
força que tem orientação paralela ao deslocamento, utilizaremos a componente do vetor
deslocamento paralelo à força peso (pois esta tem sempre orientação vertical).

Com isso, podemos concluir que o


trabalho da força peso é proporcional
à variação de altura de um corpo,
independente do eventual
deslocamento horizontal que tenha
acontecido simultaneamente.

Assim:

Na figura acima, o trabalho da força peso é igual,


independente de qual das três posições o bloco tenha
parado após o movimento.
Potência Mecânica
O trabalho é uma grandeza que mede energia. Muitas vezes, é interessante analisar
quanto tempo uma força leva para realizar determinado trabalho.

Consideremos dois maratonistas que completam uma corrida. A distância percorrida pelos dois é a
mesma, portanto, o trabalho realizado por cada um é igual. O que determina a vitória é o menor
tempo necessário para realizar esse trabalho.

A grandeza que relaciona o trabalho realizado com o tempo necessário para sua realização é
a potência. Em se tratando de um trabalho mecânico, podemos tratá-la por potência mecânica.
Quando a energia de um sistema é transferida sob a forma de calor, tem-se a potência
térmica e, sob forma de eletricidade, tem-se a potência elétrica. É importante ter atenção ao
tipo de potência referida, já que, em cada contexto, ela geralmente é expressa apenas por
"potência", sem que seja especificado o seu tipo.

A unidade de potência adotada pelo Sistema Internacional é o watt (W),


que representa joule por segundo (J/s).

Além do watt, são utilizadas, com frequência, as seguintes unidades:

• 1kW (1 quilowatt) = 1000 W


• 1MW (1 megawatt) = 1000000 W = 1000 kW
• 1cv (1 cavalo-vapor) = 735 W
• 1HP (1 horse-power) = 746 W

É conveniente estudar dois casos particulares da potência: a potência média e a potência


instantânea.

Potência Média
A potência média é definida como o trabalho total realizado em um intervalo de tempo
considerado, de modo que:

Essa forma de cálculo da potência é adotada quando não se tem interesse em saber a potência em
cada instante, apenas a forma como ela se desenvolve em um intervalo de tempo considerado.

Ainda podemos reescrever a equação da potência média utilizando a definição de trabalho:

Considerando o caso particular em que a força é aplicada na mesma direção do deslocamento:

É possível identificar o quociente do deslocamento por um intervalo de tempo, ou seja, a


velocidade média do movimento. Com isso, podemos chegar à equação da potência média em
função da força aplicada e da velocidade:
Exemplo:

Dois halterofilistas levantam 170 kg, cada um, em uma competição.


Os árbitros da competição cronometram o tempo que cada um leva
para que o haltere atinja uma altura de 2 m. Os resultados são 2 s
e 4 s, respectivamente. Considerando a gravidade igual a 10 m/s²,
qual a potência do trabalho de cada um deles para levantar os
halteres?

Solução:

O trabalho realizado pelos halterofilistas é igual ao trabalho da força peso, ou seja, é proporcional
à altura atingida.

Considerando o tempo medido para cada um dos atletas:

• Para o halterofilista 1:

• Para o halterofilista 2:

Saiba mais

Existem diversas formas de se referir à potência média, dentre elas:

, , , ...
Potência Instantânea
Quando houver interesse na potência de um trabalho desenvolvido a cada instante de tempo, é
necessário expressá-lo como potência instantânea.

O cálculo de potência instantânea é obtido por analogia à potência média:

Considerando a velocidade instantânea, nesta equação teremos a potência instantânea:

Esse cálculo pode ser analisado como o limite da potência média quando o intervalo de tempo
considerado é muito pequeno.

Exemplo:

Um corpo realiza um movimento uniformemente variado, com equação horária da velocidade:

Sabendo que a força aplicada para manter esse movimento é de 60 N, calcule a potência
instantânea nos instantes solicitados:

a) t = 1 s;

b) t = 5 s;

c) t = 10 s.

Solução:

Analisando o problema, conclui-se que é necessário calcular a potência instantânea em cada


instante especificado.

Nesses instantes, a velocidade (instantânea) é calculada pela equação horária da velocidade.

Relacionando a velocidade instantânea em cada caso com a força aplicada, calcula-se a potência
instantânea pelo produto desses dois termos:

a)

b)

c)
Relação Gráfica entre Trabalho e Potência
Em um gráfico que relaciona a potência com o tempo, a área sob a curva representa o trabalho
realizado, isto é:

A área destacada é calculada:

Essa propriedade é utilizada para potências de


qualquer natureza, sendo elas constantes
(como na figura) ou variáveis no tempo.

Rendimento
Máquinas são dispositivos cuja finalidade é transformar energia de um tipo em outro, o qual pode
ser utilizado para a finalidade desejada.

Para que uma máquina funcione, é necessário que ela receba certa potência,
denomidada potência total. Nos casos idealizados, é possível considerar que toda a potência
injetada no sistema seja utilizada para o fim a que se propõe a máquina em questão, isto é, seja
convertida em potência útil. No entanto, nos casos reais, parte da potência total é dissipada, a
fim de superar resistências passivas como o atrito, por exemplo.

Para saber qual o aproveitamento de uma máquina em relação à potência total recebida, define-se
uma nova grandeza: o rendimento.

O rendimento (η) é definido como a razão entre a potência efetivamente aproveitada (potência
útil) e a potência total. Matematicamente:

Onde P representa potência e os índices indicam total (T), útil (U) e dissipada (D).

O rendimento é obrigatoriamente menor ou igual (no caso ideal) a 1. Quanto mais próximo da
unidade, melhor aproveitada é a potência recebida pela máquina.

O rendimento é adimensional, já que é um quociente de duas grandezas com mesma unidade.


No entanto, costuma-se multiplicar o valor obtido por 100%, a fim de que se obtenha o
rendimento percentual da máquina. Logo:
Energia
A energia é uma grandeza que se manifesta de várias formas por todo o Universo, seja como o
vento que sopra, a radiação que é emitida pelas estrelas, um objeto que se movimenta ou que fica
preso a certa altura do solo, etc.

Analisando esses exemplos, é possível verificar que a energia relaciona-se diretamente ao


trabalho: o vento faz girar aerogeradores, a radiação estelar ilumina e esquenta os planetas, um
objeto que se movimenta pode colidir, transmitindo esse movimento a outro corpo, etc.

De forma geral, um sistema que tem energia é um sistema capaz de realizar trabalho.

Existem diversas formas de energia, tais como: energia elétrica, energia térmica, energia química,
energia luminosa, energia mecânica, energia nuclear, etc.

Energia Mecânica
É a energia que se relaciona aos movimentos. O potencial de um corpo entrar em movimento é
chamado de energia mecânica. É possível dividir a energia mecânica em dois tipos principais:
energia cinética e energia potencial.

Energia Cinética
É a energia dos corpos em movimento, relacionada diretamente ao trabalho da força que desloca
o corpo.

Energia Potencial
É a energia que é armazenada devido ao campo gravitacional (energia potencial gravitacional) ou
à deformação de um corpo elástico (energia potencial elástica).

A energia mecânica pode ser definida como a soma da energia cinética com as energias potenciais
de um sistema.
Energia Cinética
A energia cinética se refere ao movimento de um corpo ou partícula, ou seja, um corpo em
movimento tem a ele associado uma energia cinética.

Sua expressão pode ser deduzida considerando-se o trabalho de uma força que desloca um móvel
a partir do repouso, tendo a força e o deslocamento o mesmo sentido, conforme indica a figura:

O trabalho realizado pela força é transferido para o bloco na forma de movimento, ou seja, como
energia cinética. Sendo o trabalho da força:

Expressando a força pela segunda lei de Newton:

Ainda podemos calcular a aceleração do sistema em função do seu deslocamento e velocidade


pela equação de Torricelli, de modo que:

Para o caso em que o móvel parte do repouso:

Substituindo na expressão do trabalho:

Esse termo é o que caracteriza a energia cinética do sistema nesse instante, ou seja:

Analisando a expressão obtida:

• A energia cinética é proporcional à massa de um corpo e ao quadrado da velocidade;


• É possível associar a energia cinética ao tempo, já que ela depende da velocidade
instantânea do movimento;
• A unidade da energia é a mesma do trabalho, o joule, no SI.
Exemplo:

Uma bola de 500 gramas é lançada com velocidade igual a 25 m/s. Qual a energia cinética da bola
nesse momento?

Solução:

A energia cinética da bola é calculada por:

Onde:

m = 500 g = 0,5 kg

v= 25 m/s

Ou seja:

Teorema da Energia Cinética


Como vimos, o trabalho da força resultante de um
movimento pode ser obtido pela expressão:

Onde a aceleração é calculada por:

De modo que o trabalho é calculado pela variação da energia cinética do sistema:

Segundo o teorema da energia cinética:

O trabalho da força resultante pode ser medido considerando-se a variação


da energia cinética.

Analisando esse teorema, chegamos a um resultado de importante aplicação:


• Quando a velocidade inicial é maior que a final, ou seja, a força aplicada tem sentido de
oposição ao movimento, o trabalho é negativo, isto é, a variação da energia
cinética produz um trabalho.
• Quando a velocidade final é maior que a inicial, ou seja, a força aplicada tem o mesmo
sentido do movimento, o trabalho é positivo, isto é, é
preciso realizar um trabalho para variar a energia cinética do sistema.

Exemplo:

Um corpo desloca-se, inicialmente, com velocidade de 2 m/s. Então é aplicada uma força no
sentido do deslocamento, que o faz alcançar 5 m/s após ter se deslocado 1 m. Sabendo que a
massa desse corpo é 20 kg, qual é a intensidade da força aplicada?

Solução:

Esse problema pode ser resolvido por meio dos conceitos da Cinemática: encontra-se a aceleração
e então utiliza-se a segunda lei de Newton.

Porém, um método alternativo é a utilização do teorema da Energia Cinética, calculando-se o


trabalho da força e, então, a intensidade da força pela definição de trabalho.

No exemplo, usaremos a segunda forma de cálculo descrita.

Pelo teorema da energia cinética:

O trabalho da força, cuja orientação é a mesma do deslocamento:

É possível resolver a grande maioria dos problemas de Cinemática e de aplicações de forças


utilizando os conceitos de energia; a escolha de um dos métodos deve ser avaliada conforme a
aplicação e dados disponíveis.

Saiba mais

Ainda existe outra forma de energia cinética associada aos movimentos de rotação, por analogia
ao caso visto: trata-se da energia cinética de translação, quando os dois casos são considerados.
A expressão dessa energia é:
Onde I é o momento de inércia rotacional do corpo e ω é a velocidade angular.

O estudo de Cinemática Rotacional é abordado no ensino superior, devido às ferramentas


matemáticas necessárias para sua resolução.
Energia Potencial
É o tipo de energia que fica armazenada em um sistema físico, podendo ser, posteriormente,
convertida em energia cinética, por exemplo.

Essa energia existe sob diversas formas. Porém, no estudo da Mecânica, dois tipos de energia
potencial são de maior interesse: a energia potencial gravitacional e a energia potencial elástica.

A energia potencial gravitacional é armazenada em corpos sob a ação do campo gravitacional e é


proporcional a sua posição vertical em relação a um nível adotado como referência (altura).

A água armazenada na barragem, a uma altura superior a do restante do leito do rio, tem energia
potencial gravitacional armazenada.

A energia potencial elástica corresponde ao trabalho da força elástica armazenado em um corpo


deformado, como uma mola comprimida ou esticada, isto é, o potencial da mola deformada em
realizar um trabalho.

Ao passar por uma imperfeição na pista, os amortecedores do carro se comprimem, armazenando


energia potencial elástica.

Energia Potencial Gravitacional


Quando um corpo está a certa altura do solo, ele tem tendência a cair, devido à atração
gravitacional da Terra. A energia associada a essa tendência é o que chamamos de energia
potencial gravitacional.

Para medir essa energia, consideramos o trabalho realizado pela força peso para movimentar um
corpo de uma altura h até o solo:

Conforme o teorema da Energia Cinética, este trabalho faz a energia cinética variar. Para que isso
ocorra, no entanto, é necessário que o corpo tenha energia armazenada que, nesse caso, está sob
a forma de energia potencial gravitacional:
Geralmente se atribui à superfície da Terra a energia potencial gravitacional nula, o que implica
que ela seja o nível de referência. Porém, é possível escolher qualquer referência para a altura.

Assim, como o trabalho da força peso, a energia potencial gravitacional não depende da forma
como o corpo chega ou se mantém a certa altura.

Exemplo:

Um estudante segura seus livros a uma altura de 1,4 m do chão. Sabendo que a
massa dos livros é 5 kg e considerando g = 10 m/s², qual a energia potencial
gravitacional dos livros?

Solução:

Basta aplicar os dados na equação da energia potencial gravitacional:

Energia Potencial Elástica


É a energia que é armazenada em deformações. De forma análoga à energia potencial
gravitacional, é equivalente ao trabalho da força elástica, ou seja:

A forma mais usual de analisarmos a energia potencial elástica é pela deformação de molas.
Embora qualquer corpo que se deforme apresente armazenamento de energia, as molas (ideais)
são utilizadas por converterem essa energia integralmente em outros tipos de energia (cinética ou
potencial gravitacional).

Exemplo:

Uma mola ideal com constante elástica 50 N/m é deformada 20 cm. Qual a energia
potencial elástica armazenada na mola?

Solução:

Aplicando a equação da energia potencial gravitacional, obtemos:


Conservação de Energia Mecânica
A energia mecânica de um corpo é igual à soma de sua energia cinética e de sua energia
potencial. Assim:

Qualquer movimento pode ser descrito em termos de sua energia mecânica, uma vez que tem-se
a conservação dessa energia em sistemas em que não há dissipação devido a forças de atrito. Isso
quer dizer que, em meios conservativos, a energia mecânica inicial é igual à energia mecânica
final:

Para exemplificar esse fenômeno, consideram-se três casos básicos, dos quais derivam todos os
demais:

• Corpo em queda livre, sem atrito com o ar:

Seja um corpo qualquer, preso a certa altura h. Devido à ação da gravidade, esse corpo tem
energia potencial gravitacional armazenada. Sabemos ainda que, se ele não se movimenta, não
tem energia cinética.

Se, em dado instante, o corpo for solto, tenderá a cair, sendo acelerado à medida que sua altura
diminuir. Em outras palavras, conforme a energia potencial gravitacional diminui (pois h diminui),
a energia cinética aumenta (pois a velocidade aumenta).

Interpreta-se essa situação como uma conversão de energia potencial em energia cinética.

No momento em que o corpo chegar ao chão (nível de referência da altura), toda a sua energia
potencial gravitacional terá sido convertida em energia cinética.

Utilizando a conservação de energia mecânica é possível, por exemplo, calcular a velocidade final
do corpo, conhecendo apenas a altura inicial do movimento.

• Corpo arremessado contra uma mola ideal:

Consideremos um corpo arremessado contra uma mola. Ao antingi-la, sua velocidade inicial é v0 e
o corpo possui apenas energia cinética. Se a mola não estiver sendo deformada, não haverá
energia potencial elástica no sistema.

Quando o corpo em movimento atinge a mola, tenderá a deformá-la, reduzindo sua velocidade e,
com isso, diminuindo sua energia cinética. Por outro lado, conforme a mola é deformada, aumenta
sua energia potencial elástica.

No instante em que o corpo fica completamente parado e que a mola atinge sua máxima
deformação, toda a energia cinética inicial do sistema terá sido convertida em energia potencial
elástica.

Ainda verifica-se que, após esse momento, a mola tenderá a voltar ao seu estado de repouso,
empurrando o corpo de modo que sua velocidade aumente. Assim, a energia potencial elástica
armazenada é novamente transferida para o corpo, na forma de energia cinética.

Se não houver nenhuma perda de energia, o módulo da velocidade do corpo ao atingir a mola e ao
ser empurrado por ela será igual (mas os sentidos serão opostos).

• Pêndulo simples, sem atrito com o ar:

Imagine um corpo preso a um fio inextensível. Ao ser segurado com uma abertura angular θ, a
altura do corpo em relação ao ponto onde o fio fica, na direção vertical, faz ocorrer um
armazenamento de energia potencial gravitacional e, como ele está parado, neste momento não
há energia cinética.

Ao ser solto, o corpo adquire velocidade, a qual aumenta até atingir a posição da referência de
altura. Nesse ponto, a energia potencial gravitacional é nula e a energia cinética é máxima.

Quando passa pelo ponto de referência, o corpo tende a subir, reduzindo sua velocidade (e,
consequentemente, a energia cinética), aumentando sua energia potencial gravitacional.

Se não há perdas de energia, o corpo atinge a mesma abertura angular da qual foi abandonado no
início do movimento, convertendo novamente toda a energia cinética em energia potencial
gravitacional.

Exemplos:

1) Um corpo é abandonado de uma altura de 45 m. Qual a sua velocidade ao atingir o solo?


Considere g = 10 m/s² e despreze a ação de forças dissipativas.

Solução:

Sem a ação de forças dissipativas, a energia potencial inicial é integralmente convertida em


energia cinética ao chegar ao solo. Assim:

Sendo a velocidade inicial e a altura final nulas:

2) Um corpo de massa m = 5 kg é lançado contra uma mola de constante elástica k = 20 N/m,


comprimindo-a 30 cm. Desprezando a ação de forças dissipativas, calcule a velocidade do corpo
ao atingir a mola.

Solução:

Sem a ação de forças dissipativas, a energia cinética inicial é integralmente convertida em energia
potencial elástica quando a mola atinge a compressão máxima, de modo que:
Impulso de uma Força
Para que um corpo inicie um movimento, é necessário que seja aplicado a ele uma força
resultante.

Durante os estudos anteriores, tratamos apenas da força aplicada, sem que nos preocupássemos
com o tempo de aplicação de tal força. É fácil perceber, entretanto, que uma força de mesma
intensidade e mesma orientação terá resultados que variam conforme o tempo de duração da
aplicação.

A fim de estudar essa interação entre a força aplicada e o tempo de aplicação, define-se uma nova
grandeza chamada impulso.

Essa grandeza vetorial é definida, para uma força constante no tempo, como o produto da força
aplicada pelo intervalo de tempo de aplicação, ou seja:

Analisando essa expressão, verifica-se que:

• O módulo do vetor impulso é dado pelo produto do módulo da força com o intervalo de
tempo de sua aplicação.
• A direção e o sentido do vetor impulso são os mesmos do vetor força.

A unidade de medida de impulso adotada pelo SI é o N.s, a qual pode ser


reescrita como kg.m/s.

Supondo que a força seja constante e que atue em um determinado instante de tempo Δt, tal que:

O gráfico da força relacionada ao tempo será:

Onde A representa a área sob curva da função no intervalo de tempo referido.

Sendo a área sob uma curva constante igual ao produto da função pelo intervalo de interesse,
verifica-se que a área do gráfico é igual ao impulso da força.

Tal relação vale também para casos em que a força não é constante; porém, geralmente, o cálculo
de áreas desse tipo requer ferramentas matemáticas mais avançadas.

Saiba mais

Considera-se um impulso ideal aquele que é aplicado em um intervalo de


tempo infinitamente pequeno, de modo que possa ser considerado que a
força é aplicada em determinado instante (em vez de um intervalo). Nesse
caso, considerando que a área do gráfico seja finita, utiliza-se uma função
especial a fim de representar o impulso. Essa função é conhecida
como Delta de Dirac, em homenagem a Paul Dirac, que fez grandes
contribuições na área da Física Quântica e Eletrodinâmica Quântica.

Essa função tem amplas aplicações na Física e na Engenharia.

O gráfico da função Delta de Dirac é representado como:

Exemplo:

Em um jogo de tênis, um atleta atinge a bola com força de 500 N durante um intervalo de 0,1 s.
Qual o módulo do impulso da força aplicada?

Solução:

O módulo do impulso é calculado como o produto da força pelo intervalo de tempo de aplicação,
ou seja:
Quantidade de Movimento (Q)
Observando a natureza, é possível perceber que alguns corpos em movimento são capazes de
transferir, de forma total ou parcial, seu movimento a outros corpos. Por exemplo: uma bola de
bilhar, ao colidir com outra; o vento, ao soprar um veleiro; o taco de beisebol, ao atingir a bola,
entre outros.

Analisando essa transmissão de movimento, os cientistas concluíram que ela depende de duas
características do sistema: a velocidade e a massa.

A fim de expressar esse fenômeno matematicamente, define-se uma nova grandeza: a quantidade
de movimento, também conhecida como quantidade de movimento linear, momento
linear, momentum, ou ainda, momentum linear.

Essa grandeza foi definida por Isaac Newton no livro Principia Mathematica. Uma forma de
expressá-la é:

Analisando a equação, é possível concluir que:

• O vetor quantidade de movimento tem módulo calculado pelo produto da massa do


sistema pelo módulo de sua velocidade.
• A orientação do vetor quantidade de movimento é a mesma do vetor velocidade.

A unidade adotada pelo SI para a quantidade de movimento é


o kg.m/s (quilograma. metro por segundo). Tal unidade é equivalente
ao N.s (newton.segundo).

O conceito da quantidade de movimento é uma forte ferramenta no estudo da Mecânica,


principalmente em colisões. Considerando-se que exista conservação na quantidade de
movimento, é possível descrever o movimento dos objetos após choques ou em casos em que
ocorram explosões com partição de massa.

Exemplo:

Uma pessoa que observa dois carros em movimento, na mesma direção, afirma: "Os dois carros
têm a mesma quantidade de movimento". Sabendo que a velocidade de uma deles é 36 km/h e do
outro é 54 km/h, qual a relação das massas dos dois carros?

Solução:

Primeiramente, escrevemos as velocidades em unidades do SI:

Considerando que o movimento dos dois carros acontece na mesma direção, é possível abandonar
a notação vetorial, considerando apenas os módulos dos vetores em questão.
As quantidades de movimento de cada carro são calculadas:

Sendo as quantidades de movimento iguais:

Conclui-se que a massa do primeiro carro é igual a 3/2 vezes a massa do segundo, ou seja, é 50%
maior.
Teorema do Impulso
O teorema do impulso traz uma forma alternativa de expressar a segunda lei de Newton.
Considerando a sua forma comum:

A aceleração pode ser reescrita:

Ou seja:

Manipulando a equação:

Analisando essa equação, verificamos que um lado representa um impulso e o outro indica uma
variação da quantidade de movimento linear, ou seja:

Segundo essa equação, que expressa o teorema do impulso, o impulso de uma força é igual à
variação de sua quantidade de movimento.

É importante verificar que as unidades dos dois lados da igualdade são equivalentes
(N.s e kg.m/s), apesar de diferentes no SI.

Saiba mais

Um fato bastante curioso é que Sir Isaac Newton apresentou a sua segunda
lei, o Princípio da Dinâmica, expressa pela taxa de variação da quantidade de
movimento, em forma muito próxima a que foi deduzida acima.

Mais tarde, a equação passou a ser representada como o produto da massa


pela aceleração, na forma como é popularmente conhecida.

Exemplo:

Qual o tempo necessário na aplicação de uma força de 200 N para fazer um corpo de 100 g,
partindo do repouso, atingir uma velocidade de 50 m/s?

Solução:
Aplicando o teorema do impulso:
Conservação da Quantidade de Movimento
Da mesma forma como a energia mecânica é conservada, sob a condição de não haver dissipação
de energia, a quantidade de movimento é conservada quando não há aplicação de forças
externas.

Forças internas são aquelas que atuam entre corpos e partículas do próprio sistema (forças de
ação e reação), ao passo que forças externas são aquelas oriundas de aplicadores fora do sistema.

A expressão que representa a conservação da quantidade de movimento é deduzida a partir do


teorema do impulso:

Sendo nulas as forças externas:

Logo:

Onde as quantidades de movimento referidas são as do sistema fechado (sem presença de forças
externas) no momento inicial e final da análise.

Esse princípio vem da combinação do Princípio da Ação e Reação (terceira lei de Newton) com a
quantidade de movimento, e torna possível a descrição matemática de diversas situações como
colisões, explosões e choques.

Colisões
O estudo das colisões é um caso particular da conservação da quantidade de movimento. Nele
considera-se que a massa dos objetos envolvidos na colisão não se altera, ocorrendo apenas
variação na velocidade.

Quando analisado vetorialmente, o estudo de colisões fornece a previsão teórica de qualquer


movimento tridimensional, já que a velocidade final é calculada com informações sobre sua
intensidade e orientação.

As colisões dividem-se em três casos:

• Colisões perfeitamente elásticas: a energia cinética é integralmente conservada e os


corpos ficam separados após a colisão.
• Colisões perfeitamente inelásticas: a energia cinética é parcialmente conservada e os
corpos ficam unidos após a colisão.
• Colisões parcialmente elásticas: é um caso intermediário em que há perda de energia
cinética e os corpos ficam separados após a colisão.

Explosões
Assim como as colisões, as explosões representam outra forma de conservação da quantidade de
movimento. Porém, nesse caso, considera-se que, após a explosão, a massa inicial é dividida em
frações, cada qual com uma quantidade de movimento, sendo a soma de todas elas igual à inicial:
Onde N é o número de partes na qual o corpo explodido se divide.

Exemplo:

Em um jogo de bilhar, a bola branca atinge outra bola exatamente em seu centro, com velocidade
5 m/s. Qual deve ser a velocidade da outra bola, sabendo-se que a bola branca segue o
movimento com velocidade 1 m/s na mesma direção? Considere a colisão perfeitamente elástica e
as massas das bolas branca e colorida 170 g e 100 g, respectivamente.

Solução:

Considerando a conservação da quantidade de movimento no sistema e que a direção de todas as


velocidades consideradas seja igual:

Substituindo os valores dados no problema:


Gravitação Universal
Desde que surgiram os primeiros registros históricos, o homem busca conhecer e entender o meio
em que vive e o Universo que o cerca, observando o céu, o Sol, a Lua e as estrelas.

Quando o ser humano abandonou a vida nômade e começou a plantar os alimentos, já havia
percebido que o clima variava de tempos em tempos. Também era conhecido o fato de que tais
características se repetiam de forma cíclica.

Ao observar o céu, o homem verificou que o movimento de alguns corpos


celestes ocorria de forma regular, em períodos equivalentes ao ciclo de
mudança do clima. Esse conhecimento auxiliou-o a ter a noção de tempo e
a saber quais eram as melhores épocas para o plantio.

A partir da observação do céu, o homem passou a associar as imagens das estrelas a animais e
objetos, formando figuras que hoje conhecemos como constelações. Muitos povos também
passaram a cultuar os objetos celestes, associando-os às suas divindades de alguma forma.

Assim, o estudo dos objetos celestes começou a despertar grande interesse prático e filosófico, de
modo que praticamente todas as civilizações, mesmo sem terem tido contato umas com as outras,
têm registros de observações e estudos astronômicos.

Geocentrismo
Apesar da existência de diversos estudos e observações sobre o assunto, atribui-se aos gregos a
primeira teoria aceita sobre o movimento dos astros: trata-se da teoria geocêntrica.

A partir da observação a olho nu dos corpos, os astrônomos


gregos concluíram que a Terra se localizava no centro do
Universo, e que os demais corpos celestes giravam ao seu redor.

Com o avanço da ciência, foi possível verificar que essa teoria


não descrevia a realidade. Porém, considerando-se as
ferramentas disponíveis na época, é plausível que ela tenha sido
desenvolvida, uma vez que só era possível estudar o movimento
dos corpos celestes "a partir" da Terra, ou seja, o planeta era
tido como referencial de movimento dos demais objetos.

Esse modelo perdurou até o século XV. As observações que não se adequavam às suas predições,
como o movimento de precessão dos planetas, por exemplo, eram explicadas pelas modificações
nas suas órbitas, e não pelo movimento da Terra.

O último astrônomo conceituado a defender o modelo geocêntrico foi o dinamarquês Tycho Brahe
(1546- 1601), para quem os planetas orbitavam o Sol, enquanto este orbitava a Terra.

Heliocentrismo
Embora a concepção do heliocentrismo já prevalecesse na Grécia Antiga, o geocentrismo perdurou
até o Renascimento. Foi Nicolau Copérnico quem retomou a ideia de colocar o Sol no centro do
Universo, além de considerar que o Universo era finito e que os planetas descreviam órbitas
circulares em torno do Sol.

Dentre as contribuições de Copérnico, fora as já citadas, estão:

* Afirmação de que a Terra é apenas um dos seis planetas (então conhecidos) girando em torno
do Sol.

* Determinação das distâncias dos planetas ao Sol, em termos da distância Terra-Sol.

* Dedução de que quanto mais perto do Sol o planeta está, maior é sua velocidade orbital.
Leis de Kepler
Quando o homem iniciou suas atividades agrícolas, fez-se necessária uma referência para que ele
identificasse as épocas de plantio e colheita.

Ao observar o céu, nossos ancestrais perceberam que alguns astros descreviam um movimento
regular, o que propiciou a eles obter uma noção de tempo e de épocas do ano.

Primeiramente, concluiu-se que o Sol e os demais planetas observados giravam em torno da


Terra. Mas esse modelo, denominado geocêntrico, apresentava diversas falhas, as quais
incentivaram o seu estudo por milhares de anos.

Por volta do século XVI, Nicolau Copérnico (1473-1543) apresentou o modelo heliocêntrico. Nele,
o Sol estava no centro do universo, e os planetas descreviam órbitas circulares ao seu redor.

No século XVII, Johanes Kepler (1571-1630) enunciou as leis que regem o movimento planetário,
utilizando anotações do astrônomo Tycho Brahe (1546-1601). Kepler formulou três leis que
ficaram conhecidas como Leis de Kepler.

1ª Lei de Kepler - Lei das Órbitas


Os planetas descrevem órbitas elípticas em torno do Sol, o qual ocupa um dos focos da elipse.

Consequência: a distância do Sol ao planeta varia ao longo de sua trajetória.

Nota: a excentricidade da elipse é dada pelo quociente entre a distância dos focos e o seu eixo
maior. Desse modo, quanto mais afastados estiverem os focos, mais oval será a elipse; quanto
mais próximos estiverem os focos, mais circular será a elipse. Assim, uma circunferência é uma
elipse cujos focos coincidem, ou seja, cuja excentricidade é zero.

2ª Lei de Kepler - Lei das Áreas


O segmento que une o Sol a um planeta descreve áreas iguais em intervalos de tempo iguais.
Essa lei leva a uma consequência: os planetas movem-se com diferentes velocidades, conforme
suas distâncias em relação ao Sol. Assim, temos:

* Periélio: ponto mais próximo do Sol, no qual o planeta move-se mais rápido.

* Afélio: ponto mais afastado do Sol, no qual o planeta move-se de forma mais lenta.

3ª Lei de Kepler - Lei dos Períodos


O quociente dos quadrados dos períodos e o cubo das distâncias médias do Sol é igual a uma
constante k, igual a todos os planetas.

Como o período de rotação de um planeta é equivalente a um ano, conclui-se que quanto mais
longe o planeta estiver do Sol, mais longo será o seu período de rotação, e, consequentemente, o
seu "ano".

Consequência: a força entre o Sol e o planeta decresce com a distância ao Sol.

IMPORTANTE: as leis de Kepler são válidas apenas para sistemas de corpos que orbitam em
torno de um corpo central, como, por exemplo, planetas em torno de uma estrela.
Força Gravitacional
Ainda que as leis de Kepler servissem para a descrição dos movimentos planetários, não havia
nenhuma formulação para explicar as razões pelas quais ocorriam esses movimentos. Foi então
que, ao estudar o movimento da Lua, Newton concluiu que a força que faz com que ela esteja
constantemente em órbita é do mesmo tipo que a força que a Terra exerce sobre um corpo em
suas proximidades. A partir daí, surge a Lei da Gravitação Universal.

Lei da Gravitação Universal de Newton:

"Dois corpos atraem-se com força proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância que separa seus centros de gravidade."

Onde:

F = força de atração gravitacional entre os dois corpos

G = constante de gravitação universal

M e m = massa dos corpos

d = distância entre os centros de gravidade dos corpos.

Nas proximidades da Terra, a aceleração da gravidade varia, mas em toda a Litosfera (camada em
que há vida) essa aceleração pode ser considerada constante. Conheça os valores para algumas
altitudes determinadas:

Altitude
Aceleração da Gravidade (m/s²) Exemplo de altitude
(km)
0 9,83 nível do mar
8,8 9,80 cume do Monte Everest
maior altura atingida por balão
36,6 9,71
tripulado
400 8,70 órbita de um ônibus espacial
35700 0,225 satélite de comunicação
Aceleração da Gravidade - Intensidade do Campo Gravitacional
Por meio da Lei da Gravitação Universal proposta por Newton, sabemos que o planeta Terra, de
massa M e raio R, exerce uma força gravitacional sobre um corpo de massa m localizado na sua
superfície. A saber, a distância entre o centro de gravidade da Terra e o corpo é igual ao seu raio
R (d = R). Se desprezarmos os efeitos de rotação da Terra, a força gravitacional será, neste caso,
exatamente igual ao peso do corpo, de modo que:

Assim, a intensidade do campo gravitacional ou a aceleração da gravidade é expressa por:

Para o caso em que o corpo encontra-se a uma altura h em relação à superfície do planeta, a
distância d da lei da gravitação universal passa a ser R + h. Dessa forma, a aceleração da
gravidade será:

Conclui-se, portanto, que para pequenas alturas (h<<R), temos:

Isso implica que, nas proximidades da superfície do planeta, a intensidade do campo gravitacional
seja constante. Observe a tabela a seguir. Ela mostra os valores de algumas acelerações da
gravidade na superfície dos planetas:

Planeta Aceleração da Gravidade (m/s²)


Mercúrio 3,6
Vênus 8,6
Terra 9,8
Marte 3,7
Júpiter 25,9
Saturno 11,3
Urano 11,5
Netuno 11,6
Órbitas
Qualquer corpo, como um satélite, por exemplo, que descreva uma órbita circular de raio r ao
redor de um planeta, sofre a ação de uma força gravitacional, sendo esta a força centrípeta.
Assim:

Resolvendo a equação para v, chegamos a uma expressão para a velocidade escalar do satélite,
que está descrevendo um MCU:

Ainda é possível determinar o período do movimento, se levarmos em conta que a trajetória é


circular e, portanto, o tamanho do percurso é exatamente o comprimento da circunferência (C =
2πr). Então, sendo o tempo de volta completa dado pela razão entre a distância e a velocidade,
temos:

Utilizando a equação obtida no parágrafo anterior para a velocidade, obtemos:

Rearranjando os termos:

A partir da equação do período recém-determinada, é possível demonstrar facilmente a 3ª Lei de


Kepler (Lei dos Períodos). Tomando o quadrado da expressão acima, chegamos a:
Juntando os termos:

Passando para o denominador (à esquerda) o termo em r³, obtém-se:

Admitindo que:

Tem-se a Lei dos Períodos:


Velocidade de Escape
A energia potencial gravitacional de um corpo, a uma distância d em relação ao centro
gravitacional de um planeta, é dada pela seguinte expressão:

Onde:

*M = massa do planeta

*m = massa do corpo

Note que o valor dessa energia é negativo, pois trata-se de um potencial atrativo, o que significa
dizer que em quaisquer pontos do campo gravitacional tem-se energia potencial gravitacional
menor do que a energia (potencial gravitacional) no infinito, definida, convencionalmente, como
sendo nula (Ep= 0). Uma vez conhecida a equação para a energia potencial gravitacional, é
possível obter uma expressão para a determinação da velocidade de escape (ve) de certo corpo
em relação a um planeta. A velocidade de escape diz respeito à velocidade mínima necessária
para que o corpo lançado da superfície do planeta "vença" a atração gravitacional desse planeta.

Considerando as energias envolvidas em cada situação, temos que:

Na superfície do planeta, há energia cinética e energia potencial gravitacional:

E, no infinito:

Aplicando a Lei de Conservação da Energia Mecânica, obtemos:


Conheça a velocidade de escape dos planetas a seguir:

Planeta ve(km/s)

Mercúrio 4,2
Vênus 10,3
Terra 11,2
Marte 5,0
Júpiter 60,5
Saturno 35,2
Urano 21,7
Netuno 24,0
Unidades Astronômicas
No estudo de astronomia, as unidades do Sistema Internacional (SI) costumam ser ineficientes,
uma vez que as distâncias a serem expressas são muito grandes.

Por exemplo: a distância da Terra até Marte é de cerca de 75 milhões de quilômetros, que, no SI,
é expresso por 75 000 000 000 metros.

Devido à necessidade de unidades mais eficientes, são utilizadas: Unidade Astronômica (UA),
Anos-luz (a.l) e Parsec (Pc).

Unidade Astronômica (UA)


É a distância média entre a Terra e o Sol. Emprega-se, principalmente, na descrição de órbitas e
distâncias dentro do Sistema Solar.

Conheça o tamanho médio da órbita dos planetas do Sistema Solar, ou seja, a distância de cada
um deles em relação ao Sol:

Planeta Distância ao Sol (UA)


Mercúrio 0,39
Vênus 0,72
Terra 1,00
Marte 1,52
Júpter 5,20
Saturno 9,53
Urano 19,10
Netuno 30,00

Ano-Luz (a.l.)
É a distância percorrida pela luz, no vácuo, no tempo de 1 ano terrestre.

Sendo a velocidade da luz c = 299 792,458 km/s, temos que:

1 a.l. = 9 460 536 207 068 016 m = 63241,07710 UA

A estrela mais próxima do Sol é a Próxima Centauri, localizada na constelação de Centauro. Sua
distância ao Sol é de 4,22 a.l.
Parsec (Pc)
É a distância na qual 1 UA é representada por 1'' (1 segundo de arco) em uma medição por
paralaxe.

Essa unidade é usada para distâncias muito grandes, como a distância entre estrelas, entre
galáxias ou de objetos muito distantes, como quasares.
Marés
Forças Gravitacionais Diferenciais
Os corpos esféricos atuam, gravitacionalmente, como massas pontuais, o que torna facilmente
calculável as suas interferências gravitacionais. Entretanto, a maioria dos corpos não são
perfeitamente esféricos.

Dentre as principais contribuições da não esfericidade dos corpos está a rotação, como ocorre, por
exemplo, com os planetas, além das forças gravitacionais diferenciais que os corpos exercem uns
sobre os outros, responsáveis por fenômenos como as marés.

A força diferencial gravitacional é, simplesmente, a diferença entre as forças gravitacionais


exercidas em duas partículas vizinhas por um terceiro corpo, mais distante. Essa diferença de
forças tende a separar as partículas, visto que, em relação ao centro de massa, ambas se
afastam. Se ambas as partículas são parte do mesmo corpo, a força diferencial tende a deformá-
lo.

É possível encontrar uma expressão para a força diferencial. Para tanto, consideremos duas
partículas como as da figura abaixo. Chamaremos de R a distância entre as duas partículas e
de r a distância de M à partícula m2, de modo que:

Sendo:

Se m1= m2= m, podemos reescrever a expressão acima como:

Fazendo o M.M.C na relação acima, obtemos:


Para r>>R:

De forma que:

Ainda é possível obter uma expressão para a força diferencial, derivando a equação da força
gravitacional:

O que são marés?


Na Terra, as marés são o resultado da atração gravitacional realizada pela Lua sobre a Terra, e
pela atração gravitacional exercida pelo Sol sobre a Terra, ainda que em uma escala bem menor.

O esperado seria que, caso o campo gravitacional da Terra fosse ideal, as águas da superfície e do
centro de massa sofressem uma aceleração de mesma intensidade. No entanto, devido à
intereferência de outros campos gravitacionais com o da Terra, essas interações provocam
diferentes acelerações, que atuam na massa do planeta com diferentes intensidades.

O que ocorre, para o caso Terra e Lua, é que a atração gravitacional em cada ponto da Terra
depende da distância desse ponto à Lua, de modo que a atração no lado da Terra que está mais
próximo da Lua é maior do que no centro da Terra, ao passo que a atração no lado mais distante
da Lua é menor do que a sentida no centro da Terra.
Já com o centro da Terra, o que ocorre é que um dos lados é atraído em direção à Lua, enquanto
que o outro é puxado na direção oposta. A maré do lado oposto não é ocasionada pelo movimento
de rotação da Terra: como a água flui facilmente, ela acaba sendo acumulada nos dois lados da
Terra, criando uma espécie de bojo de água, um na direção da Lua, e outro na direção oposta.

Quando a maré está em seu ápice, temos a maré alta; quando está em seu nível menor, temos
a maré baixa. Em geral, elas oscilam em um período de 12 h e 24 min: as 12 horas são devido à
rotação terrestre, e os 24 minutos, devido à órbita da Lua.
Questões - Gravitação Universal
Leis de Kepler
Um satélite de comunicação em órbita circular tem raio R e período T. Outro satélite de órbita
circular tem período T/3. Qual o raio da órbita do segundo satélite?

Solução:

Gravitação Universal
Qual a intensidade do campo gravitacional da Terra sobre a Lua?

Dados:
Solução:

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