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CARACTERÍSTICAS E COMPORTAMENTOS DO EFEITO PELICULAR(1)

Diego Brum Chaves(2), Natalia Braun Chagas(3)


(1)
Trabalho Vinculado ao Grupo de Pesquisa EIRE – Exploração Integrada de Recursos Energéticos;
(2)
Estudante: Universidade Federal do Pampa; Alegrete, RS; diegobchaves@hotmail.com
(3)
Orientadora; Universidade Federal do Pampa; Alegrete, RS; nataliachagas@unipampa.edu.br

Palavras-Chave: efeito pelicular, efeito proximidade, perdas no condutor.

INTRODUÇÃO

Efeito Pelicular (Skin Effect, no inglês) é um comportamento de corrente alternada em condutores


filiformes, que faz a corrente circular na superfície do condutor. Quando o condutor é percorrido por corrente
contínua, não há Efeito Pelicular. A consequência prática do Efeito Pelicular é o aumento da resistência
elétrica, já que a área efetiva para a condução de corrente se torna menor (HAYT, 2003).
Devido ao aumento das perdas por condução decorrentes desse efeito, este trabalho procura
apresentar o mesmo. Também são apresentados métodos para diminuir as perdas geradas pelo efeito,
comparando suas efetividades.

METODOLOGIA

Para a confecção deste trabalho, foram utilizados métodos analíticos, por meio do uso de equações já
conhecidas na literatura, e simulações feitas no software Maxwell. Para abrir discussões e debates, foi
necessário um estudo sobre princípios do eletromagnetismo, dado que os efeitos discutidos neste trabalho
são profundamente difundidos no tema.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao ser percorrido por uma corrente alternada, os condutores produzem um campo magnético
variável em sua volta, cuja orientação é dada pela regra da mão direita. Este campo, quando considerado
seus efeitos no interior do próprio condutor, gera uma corrente parasita, que faz com que a corrente
alternada no condutor passe pela periferia do mesmo. Quando mais intenso for o campo magnético, mais
elevadas serão as correntes parasitas, deslocando mais a corrente do condutor para sua periferia.
A profundidade de penetração pelicular “d”, determina o ponto onde a corrente é apenas 37%
(SHORES, 2016) daquela na superfície do condutor, dada pela equação (1):
2
d (1)

Onde “ω” é a frequência angular da corrente, “μ” a permeabilidade magnética do material e “ρ” é a
resistividade do material.
Observando a equação (1) é possível notar que, quanto maior frequência e permeabilidade
magnética, maior será o Efeito Pelicular. Também é possível observar que, materiais mais condutores (“ρ”
baixo) possuem Efeito Pelicular mais intenso. Para visualizar essas características, foram realizadas
simulações no software Maxwell utilizando solução em elementos finitos, figura 1. O condutor simulado tem
raio de r = 0,1 cm e é excitado por uma corrente de I = 1 A.
Cobre 60 Hz Cobre 100 kHz Alumínio 60 Hz Alumínio 100 kHz

Maxwell2DDesign1 ANSOFT Maxwell2DDesign1 ANSOFT Maxwell2DDesign1 ANSOFT


ANSOFT

318457.00 8.75E+005 318456.00 7.50E+005


Curve Info
Curve Info Curve Info
JAtPhase
318456.50 Setup1 : LastAdaptive
Freq='60Hz' Phase='0deg'
JAtPhase
Setup1 : LastAdaptive 318455.75
JAtPhase
Setup1 : LastAdaptive 6.25E+005 Curve Info
JAtPhase [A_per_m2]

JAtPhase [A_per_m2]
JAtPhase [A_per_m2]

JAtPhase
JAtPhase [A_per_m2]

Freq='100kHz' Phase='0deg' Freq='60Hz' Phase='0deg'

318456.00 6.75E+005 Setup1 : LastAdaptive


Freq='100kHz' Phase='0deg'

318455.50 5.00E+005
318455.50
318455.00 4.75E+005 318455.25 3.75E+005
318454.50 318455.00 2.50E+005
2.75E+005
318454.00
318454.75 1.25E+005
318453.50 7.50E+004
318453.00 318454.50 0.00E+000

318452.50 -1.25E+005 318454.25 -1.25E+005


0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
Distance [mm] Distance [mm] Distance [mm] Distance [mm]

Figura 1 – Simulação realizada pelo programa computacional Maxwell


Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
A tabela 1 apresenta os valores de profundidade de penetração calculados para os casos simulados
na figura 1.
Tabela 1 – Profundidade de Penetração Pelicular
Cobre 60 Hz Cobre 100 kHz Alumínio 60 Hz Alumínio 100 kHz
dCobre60Hz = 0,85 cm dCobre100kHz = 0,21 mm dAlumínio60Hz = 1,05 cm dAlumínio100kHz = 0,26 mm
Observando-se os dados apresentados pela figura 1, juntamente com aqueles da tabela 1, pode-se
concluir que o efeito é bastante tímido para baixas frequências, se tornando mais intenso para altas
frequências. Note que, para 60 Hz, a profundidade de penetração pelicular é maior que o raio dos
condutores, justificando os motivos para o efeito ser pouco efetivo nesta frequência.
Existem dois principais métodos para diminuir as perdas causadas pelo efeito pelicular: utilizar
condutores de menor raio em paralelo ou aumentar o raio do condutor para diminuir a resistência elétrica.
Para o primeiro método, a utilização de condutores em paralelo acarreta o surgimento do efeito de
proximidade. O efeito acontece pelos mesmos motivos que geram o efeito pelicular, porém decorre da
interação do fluxo magnético gerado por um condutor em relação a outro condutor. Está interação causada
pelo efeito faz com que a densidade de corrente presente nos condutores se concentre em uma de suas
extremidades, dependendo da orientação da corrente. Seguindo o padrão da primeira simulação, foram
realizadas outras duas simulações dividindo o condutor em dois e três condutores menores paralelos,
mantendo a mesma secção transversal total e corrente total da primeira simulação.

r = 0,71 mm r = 0,58 mm
I = 0,5 A/cond I = 0,33 A/cond

(a) Densidade de carga em dois condutores (b) Densidade de carga em três condutores
Figura 2 – Simulação densidade de carga em dois e três condutores

Observe que, já que ambos os condutores foram excitados por corrente positiva, as densidades de
corrente são maiores nas bordas mais distantes. Se alguma das excitações possuísse uma orientação
contrária, isto é, sinal negativo, as maiores densidades de corrente seriam nas bordas mais próximas.
No segundo método, o condutor é substituído por um de maior bitola, onde a resistência elétrica do
novo condutor, considerando apenas a área efetiva de condução, é igual à resistência a corrente contínua
do condutor original. O raio do novo condutor é obtido através da equação (1).
2
rdc  d2
rac  (1)
2d
Usando novamente o software Maxwell, foram calculadas as perdas ôhmicas em alguns modelos
apresentados acima. Para o condutor de cobre de r = 0,1 cm, a 100 kHz, as perdas foram de 7,30 mW/m.
Para este mesmo condutor, em corrente contínua, as perdas são de 2,74 mW/m. Para manter as perdas no
mesmo valor, porem a uma frequência de 100 kHz, o novo condutor deve ter r = 0,25 cm, dado a equação
(2). As perdas para os dois e três condutores simulados na Figura 2, foram respectivamente: 6,90 mW/m e
7,13 mW/m.

CONCLUSÕES

Como visto, é possível amenizar as perdas decorrentes do efeito pelicular com dois métodos,
dividindo os condutores, ou aumentando a bitola do mesmo, a fim de diminuir sua resistência. Se usado o
primeiro método, os custos decorrentes do uso de material serão os mesmos, porém as perdas diminuíram
apenas 5,48%, usando dois condutores. No segundo método, as perdas foram 62,46% menores, porém a
área da seção transversal do condutor foi 624,99% maior que a área do condutor original. Portanto, para o
emprego de um dos dois métodos, as necessidades do projeto devem ser avaliadas.

REFERÊNCIAS

HAYT, W. Eletromagnetismo. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.

SHORES, K. Model Railroad Wire Ampacity Derivation. Disponível em:


<http://www.sumidacrossing.org/LayoutElectricity/MRRWire/WireAmpacityDerivation/ >. Acesso em: 24 de set. de 2016.
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa

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