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Universidade Federal de Uberlândia

Faculdade de Engenharia Elétrica

Operação em Paralelo de Transformadores

Walisson Martins Teixeira


11511EEL024
Turma UC
24/09/2020

Uberlândia 2020

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Sumário
1. OBJETIVOS DO RELATÓRIO: ..................................................... 3
2 INTRODUÇÃO AO PARALELISMO DE TRANSFORMADORES:... 3
2.1 CONDIÇÕES PARA O PARALELISMO .................................................... 4
3 ESQUEMA DO PARALELISMO SIMULADO ATPDRAW: .............................. 4
4 PREPARAÇÃO DO ENSAIO: ............................................................ 5
4.1 MATERIAIS E FERRAMENTAS ................................................... 5
4.2 MONTAGEM ................................................................................. 5
5 CÁLCULOS E ANÁLISES DOS RESULTADOS ............................................... 6
6 PARALELISMO ................................................................................ 9
7 QUESTÕES ...................................................................................... 12
8 CONCLUSÃO .................................................................................. 15
9. REFERÊNCIAS ............................................................................ 16

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1. Objetivos do relatório:

Temos por objetivo nesse relatório ensaiar um transformador de 1500 VA,


220/190-110 V delta - estrela, faremos a operação em paralelo de transformadores e
ensaiar em simulação usando o software ATPDraw para verificar as condições de
paralelismo e calcular e analisar os principais parâmetros como a relação de
transformação, se possuem a mesma impedância percentual, se possuem a mesma relação
entre resistência e reatância equivalentes e por fim se os transformadores possuem o
mesmo defasamento angular.

2 Introdução ao paralelismo de transformadores:

Temos a ligação de dois transformadores ligados em paralelo quando suas bobinas


do primário e secundário são conectadas às mesmas linhas primária e secundária, de modo
que a carga que estiver conectada seja alimentada pelos dois transformadores de forma
que a mesma é dividida.
Algumas vantagens de se ligar os transformadores em paralelo é principalmente
pela confiabilidade do fornecimento onde no caso de defeito em qualquer um dos
transformadores os demais podem continuar trabalhando, diversas industrias utilizam
esse método para garantir a continuidade do fornecimento de energia elétrica e não ter
prejuízos em suas linhas de produção, outra vantagem do paralelismo é que os
transformadores possuem facilidade de transporte, por serem construídas nas fabricas eles
não podem exceder determinadas medidas e pesos, além da manutenção sem interrupção,
aumento da potência disponível e operações perto dos pontos de máximo rendimento.

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2.1 Condições para o Paralelismo

Para que haja um bom paralelismo de transformadores o ideal é não haver corrente
de circulação entre os dois transformadores, a corrente que circulará na carga deverá ser
igual a soma das correntes nos dois transformadores em módulo e ângulo e a corrente que
circula deverá ser nula. Outra condição de paralelismo é que o defasamento angular entre
os dois trafos sejam iguais, e a possuem a mesma relação de transformação no caso de
transformadores trifásicos em paralelo que é o estudo nesse relatório.
Não basta apenas as condições de paralelismo serem cumpridas para viabilizar a
ligação, pois ela não garante uma distribuição de potência de forma ideal e para isso
ocorrer duas condições devem ser atendidas, uma delas é que haja mesmo módulo da
impedância percentual e a outra é que possuam o mesmo ângulo da impedância
percentual.
Quando as condições do paralelismo são cumpridas os dois transformadores
trabalham de forma ideal, e para isso as contribuições percentuais de cada um devem ser
iguais.

3 Esquema do Paralelismo Simulado ATPdraw:

Figura 1 Circuito de Paralelismo simulado no ATPdraw

4
4 Preparação do ensaio:

4.1 Materiais e ferramentas

Quando realizado em laboratório temos os seguintes equipamentos para a


realização do ensaio:
 2 voltímetros CA;
 2 wattímetros CA;
 3 amperímetros CA;
 1 varivolt trifásico;
 2 transformadores trifásicos;

4.2 Montagem
Em laboratório o ensaio é feito como a Figura 2 a seguir, para verificar as
condições de operação e analisar as correntes de circulação nas conexões secundárias e
da tensão secundária do transformador.

Figura 2 Exemplo de montagem em laboratório

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5 Cálculos e análises dos resultados
Utilizamos nesse ensaio um transformador trifásico de potência nominal de 1,5
KVA, 220/190-110 V, frequência de 60 Hz, onde iremos verificar a condição de
paralelismo no software de simulação ATPDraw como segue abaixo:

 Verificação da relação de transformação:

Com os valores medidos no primário e secundário do ensaio obtivemos 311,1 V


no primário e 264,79 V no secundário, ambas tensões de pico, dividindo por raiz de 2
tivemos 219,98 Vrms e 187,23 Vrms valor próximo de 220 V e 190 V teóricos, a relação
entre essas tensões foi de acordo com o esperado.

Tabela 1. Relação de transformação

V1 (V) V2 (V) Kn = V1/V2

219,98 187,23 1,174

Figura 3. Curva de tensão no primário

350,0
[V]

262,5

175,0

87,5

0,0

-87,5

-175,0

-262,5

-350,0
0 10 20 30 40 [ms] 50
(file paralelismo_turmac.pl4; x-var t) v:X0003B-X0003A

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Figura 4. Curva de tensão no secundário

300

[V]

200

100

-100

-200

-300
0 10 20 30 40 [ms] 50
(file paralelismo_turmac.pl4; x-var t) v:X0012B-X0012A

 Verificação se os transformadores possuem a mesma impedância


percentual:

De posso do ensaio feito anteriormente nos últimos relatórios, com o mesmo


transformador de 1500 VA, 220/190 V delta – estrela, temos os seguintes resultados de
ensaio:

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Tabela 2. Impedância percentual dos transformadores

Transformador 1 Transformador 2
Potência (VA) 1500 1500
V1 (Vrms) 219,98 219,98
V2 (Vrms) 187,23 187,23
Vcc (Vrms) 12,9685 12,9685
Pcc (W) 87,736 87,736
Z% 5,8947 5,8947
R% 5,8490 5,8490
X% 0,7325 0,7325

Como os transformadores em simulação são idênticos, os valores obtidos foram


exatamente iguais, logicamente em laboratório encontraríamos medições diferentes.

Figura 5. Curva de potência dos transformadores

30

25

20

15

10

0
0 10 20 30 40 [ms] 50
(file paralelismo_turmac.pl4; x-var t) m:X0004A m:X0004B m:X0004C

 Verificação se os transformadores possuem a mesma relação entre


resistência e reatância equivalentes de acordo com os dados obtidos no
passo anterior:
8
Tabela 3. Relação entre resistência e reatância equivalentes

𝑹%
𝑿%

Transformador 1 7,9849
Transformador 2 7,9849

Valores idênticos encontrados devido aos transformadores em simulação serem


iguais.
Verificação se os transformadores possuem o mesmo defasamento angular:

Tabela 4. Medições método da comparação de tensões

Transformador 1 Transformador 2
V1 (V) 219,98 219,98

VH1-H3 (V) 141,42 141,42


VH3-X2 (V) 70,112 70,112
VH2-X2 (V) 70,71 70,71
VH3-X3 (V) 70,11 70,11
VH2-X3 (V) 186,85 186,85
Defasamento Angular 30º 30º

6 Paralelismo

Com os dados de ensaio simulados podemos verificar se há condições de ligação


em paralelo entre os dois transformadores, coletando os dados de medidas das correntes
de circulação nas conexões secundárias e da tensão secundaria correspondente.
Após ligados em paralelo temos os seguintes valores para as correntes de
circulação quando os dois transformadores estão com os neutros interligados e com os
neutros nos secundários isolados:

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Tabela 5. Corrente circulante

Neutros 1,5297 A
Interligados

Neutros 1,5297 A
Isolados

Como em simulação os transformadores são fielmente idênticos, os valores para


a corrente circulando foram iguais tanto em neutro isolado quanto em neutro interligado.

As correntes de circulação no trafo estão em fase e a corrente na carga identificada


como azul na figura abaixo nos demonstra ser a soma das duas outras.

Figura 6. Curvas de corrente circulante e corrente na carga

3,500
[A]

2,625

1,750

0,875

0,000

-0,875

-1,750

-2,625

-3,500
0 10 20 30 40 [ms] 50
(file paralelismo_turmac.pl4; x-var t) c:L2A -X0008A c:L4A -X0008A c:X0008A-LOADA

Circuito simulado com os transformadores com o neutro interligados feito no ATPDraw:

10
Figura 7. Circuito de simulação com neutro interligado

Figura 8. Circuito de simulação com neutro isolado

Agora iremos testar caso um dos trafos fosse diferente como no caso de 25% do
valor de impedância em um deles para nível de teste.

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Figura 9, Curvas de corrente de circulação com um dos trafos de característica diferente
3,500
[A]

2,625

1,750

0,875

0,000

-0,875

-1,750

-2,625

-3,500
0 10 20 30 40 [ms] 50
(file paralelismo_turmac.pl4; x-var t) c:L2A -X0006A c:L4A -X0006A c:X0006A-LOADA

Podemos notar uma diferença entre as correntes medidas de circulação, no caso


as curvas vermelha e verde são dos trafos, a curva verde é menor devido ao aumento
percentual da impedância no transformador 2, além de uma defasagem entre uma corrente
e outra.

7 Questões

1. Sabemos que uma das condições de se ligar transformadores em paralelo é que eles
possuam a mesma impedância interna. Explique:

Porque se for diferente, os módulos da soma de suas potências serão


maiores do que a carga exige.

2. Por que é necessário se conhecer o defasamento angular dos transformadores para


ligá-los em paralelo?

É necessário conhecer pois, aso eles tiverem o defasamento angular


diferente, suas tensões secundárias apresentaram defasamento entre elas igual à
diferença de defasamento individuais, fazendo com que tenham altas correntes de
circulação entre dois transformadores.
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3. Sabemos que transformadores com potências diferentes podem ser ligados em
paralelo, mas um engenheiro sábio não projeta sistemas desta forma. Explique o
que pode ocorrer ao se ligar em paralelo transformadores com potências diferentes.

Caso o transformador de maior potência estiver trabalhando com sua total


capacidade, o transformador de menor potência estará sobrecarregado, causando
problemas no transformador,

4. Você já observou que os transformadores de distribuição estão ligados em paralelo


apenas no primário? Por que é recomendado que os transformadores de
distribuição não sejam ligados em paralelo também no secundário?

Os trafos de distribuição não precisam de tantas exigências para operar em


paralelo, pois devido suas condições construtivas sendo menor e mais leve, pode
ocasionar correntes de circulação de altos valores.

5. Muitas vezes opta-se por vários transformadores em paralelo ao invés de somente


um com potência suficiente para atender a carga. Você como engenheiro da
empresa/concessionário de energia, como justificaria tal procedimento? Quais as
vantagens e desvantagens de se tomar tal decisão?

Ao longo do tempo quando a carga da demanda aumenta, o transformador


irá se sobrecarregá-lo ou pode haver a troca por um mais superdimensionado para
o local, com o paralelismo dos transformadores é possível controlar a demanda
para a carga, sem contar na vantagem de fazer manutenção sem precisar desligar
todo o sistema de uma indústria por exemplo.

6. Considerando a corrente circulante com neutro interligado e com o neutro isolado,


em qual das situações a corrente é menor? Por que?

A corrente circulante com o neutro interligado, pois a corrente irá circular


pelo neutro.

7. Qual é a situação real de operação em paralelo? Com neutros interligados ou


isolados? Por que?

Com os neutros interligados, como a corrente circulante resulta no


desequilíbrio da tensão, o neutro estando interligado pode diminuir esse
desequilibro.
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8. A operação satisfatória do circuito em paralelo composto pelos transformadores é
concluída após análise das leituras da Icirc e da tensão secundaria V2. Na situação
ideal, a corrente Icirc deve ser nula e a tensão V2 deve ser exatamente igual a
nominal secundaria dos dois transformadores. Justifique o porquê.

As impedâncias internas de cada transformador quando somadas limitam


a corrente circulante no trafo, quando existe uma diferença entre as tensões dos
secundários dois transformadores pelo defasamento, ela provoca corrente de
circulação alta, provocando desgaste no transformador como perdas por efeito
Joule.

9. Demonstre que no caso do paralelismo entre transformadores T1 e T2, a relação


na equação abaixo é verdadeira.

𝑆1% 𝑍2%
=
𝑆2% 𝑍1%

𝑆1
𝑆1% = × 100
𝑆1𝑛
𝑆2
𝑆2% = × 100
𝑆2𝑛
𝑆1 = √3 × 𝑉21 × 𝐼21
𝑆2 = √3 × 𝑉22 × 𝐼22

𝑆1% 𝐼21
=
𝑆2% 𝐼22
𝐼21 𝑍2%
=
𝐼22 𝑍1%

𝑍2% 5,8947 𝐼21


= =1=
𝑍1% 5,8947 𝐼22

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8 Conclusão

O ensaio de paralelismo nos permite obter dados relevantes para analisar as


condições de operação para os transformadores trabalharem com otimização e melhorar
o sistema.
Uma das vantagens é de poder fazer manutenção sem precisar interromper a
operação de uma indústria por exemplo, fazendo com que a mesma não perca dinheiro
com seu sistema parado, além de poder marcar horários específicos para manutenção
preventiva e corretiva.
Caso deseja-se aumentar a carga, no paralelismo isso ocorre sem grandes
problemas, diferente se for o caso de um trafo trabalhando sozinho, pois além de parar a
produção industrial, tem todo o tempo de instalação e logística que atrapalham.
Quando operam em paralelo, os transformadores trabalham próximos de seus
pontos de máximo rendimento, uma enorme vantagem principalmente se estamos falando
de transformadores de força.

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9. Referências
Transformadores de potência - A.L. Aguiar e J.R. Camacho, UFU – Eng. Elétrica,
2014.

Roteiro para laboratório de transformadores – J.R. Camacho: Aulas práticas e


Ensaios.

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