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PROJETO DE MELHORIA DO SISTEMA DE EXCITAÇÃO DAS BOMBAS DA

BARRAGEM DE HARMONIA

Pissinini, Robson Carlos Iastremski (robson.pissinini@klabin.com.br)1

ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO

MOTORES SÍNCRONOS

Motores síncronos são maquinas elétricas alimentadas com uma tensão


alternada que produzem em seu enrolamento do estator um campo magnético
girante no entreferro. No rotor, o campo magnético produzido no entreferro,
alimentado por uma tensão contínua, é constante no tempo.
São chamados de maquinas síncronas em função da sincronia da velocidade
angular do rotor e a velocidade síncrona, velocidade do campo magnético girante
produzido nas bobinas do estator, esse, construído com seus enrolamentos
defasados 120 graus geométricos. A velocidade síncrona é apresentada pela
equação 1.

120.f
Ns = (1)
P

Ns - velocidade síncrona, em rpm;


F - frequência, em Hz;
P - número de polos;
Nm - velocidade do rotor;
Nm = Ns para máquinas síncronas.

A corrente contínua aplicada ao rotor, que produz um campo magnético


constante, damos o nome de corrente de excitação, obtida através de uma excitatriz,
essa, acoplada ao eixo do motor.
A interação entre o campo magnético girante produzido nos enrolamentos do
estator e o campo magnético constante no rotor geram conjugado, ou torque,

1 Engenheiro Eletricista Jr na Manutenção de recuperação e utilidades Monte Alegre.


esforço gerado pelo eixo do motor quando realiza movimento, tentará alinhar os dois
campos. Como máquina síncrona, o rotor gira na mesma velocidade do campo
girante do estator, porém com atraso angular.
A corrente que é absorvida pelos enrolamentos do estator está em função da
corrente de excitação para cada unidade de carga adicionada ao rotor. Em casos em
que o motor esteja rodando a vazio, a corrente absorvida pelo circuito do estator é
de intensidade próxima a corrente de magnetização.
Se acoplada uma carga ao motor, a corrente absorvida pelo estator
aumentará de acordo com a carga, é nesse momento que o motor produz conjugado
de intensidade suficiente para vencer o conjugado resistente, sendo esse o
conjugado da carga, que se opõe a sua movimentação em qualquer sentido.
Dizemos que um motor é subexcitado quando a corrente de excitação é de
valor reduzido. Nesse cenário, a força eletromotriz induzida no circuito do estator é
de baixo valor, implicando na necessidade do sistema em absorver potência reativa
da rede de alimentação. Lembrando que a força eletromotriz (fem) é um potencial
induzido ao circuito elétrico quanto este é atravessado por um fluxo magnético
variável.
2. COMPONENTES

2.1 ABB REM615

Diversas nomenclaturas são usadas para definir os inúmeros problemas


relacionados à falta da qualidade da energia: SAG, SWELL, SURGE, flicker usando
alguns termos em inglês ou então outros termos em português como: afundamento e
elevação de tensão, surto, ruído, interrupção, harmônica, entre outros. Todos estes
termos expressam algum distúrbio em relação à qualidade da energia elétrica e,
consequentemente, passam a ser alvo de preocupação dos profissionais que se
encarregam de manter o sistema funcionando e obter o máximo de eficiência deles
(MARTINHO, 2013).
Embora problemas de qualidade de energia sejam mais comuns em
consumidores de grande porte, como indústrias e locais com maior potência
instalada, com o aumento da demanda e com sistemas modernos instalados em
prédios e residências, esse segmento do mercado contribui para distúrbios de
energia e consequentemente sofrem com os resultados (HOLETZ, 2017, p. 2).
Segundo o PRODIST (2021) o controle de qualidade de energia segue os
seguintes indicadores:

 Tensão em Regime Permanente;


 Fator de Potência;
 Distorções harmônicas;
 Desequilíbrios de Tensão;
 Flutuações de Tensão;
 Variações de Frequência;
 Variações de Tensão de Curta Duração.

No processo de inicialização de um sistema elétrico, em Corrente Alternada


(CA) ou Corrente Contínua (CC), quando ocorre a energização desse, é comum
falar-se em transitórios e regime permanente. É entendido como transitório o
momento decorrido em um circuito no qual as tensões e correntes se ajustam até
atingir o instante de estabilidade, dito aqui como regime permanente. O tempo gasto
pelo transitório dependerá dos elementos que compõem o circuito e de seus valores
(na prática, esse tempo é, geralmente, da ordem de poucos milissegundos). Após o
transitório, temos o regime permanente, que só é quebrado quando ocorre alguma
falta ou interrupção do sistema. Também conhecido por transiente ou surge, o
transitório pode ter diversas origens: (i) Retorno de energia elétrica; (ii) Descarga
atmosférica nos condutores da rede de distribuição primária ou secundária
(conhecido, geralmente, por spike ou surto de tensão); (iii) Chaveamento de cargas;
e (iv) Mau funcionamento de equipamentos elétricos (PINTO,2013).
Segundo o PRODIST (2021, p.9-10), o conjunto de leituras para gerar os
indicadores individuais deve compreender o registro de 1008 leituras válidas obtidas
em intervalos consecutivos de 10 minutos cada. No intuito de se obter 1008 leituras
válidas, intervalos adicionais devem ser agregados, sempre consecutivamente.
Após a obtenção do conjunto de leituras válidas, devem ser calculados o
índice de duração relativa da transgressão para tensão precária (DRP), presente na
equação 1 e o índice de duração relativa da transgressão para tensão crítica (DRC)
como mostrado na equação 2 (PRODIST, 2021).

nlp (1)
DRP= .100 [%]
1008

nlc
DRC= . 100[% ] (2)
1008

Onde:
Nlp representa o maior valor de leituras de tensão precária;
Nlc representa o maior valor de leituras de tensão crítica.
Os valores de referência dos índices para transgressão para tensão precária
DRP e para tensão crítica DRC estão na Tabela 1.

Tabela 1 – Limites dos indicadores de QEE para tensão crítica e precária


Indicador Limite
DRP (%) 3
DRC (%) 0.5
Fonte: PRODIST (2021).

Os limites para classificação da tensão de regime permanente estão previstos


no PRODIST e presentes na Tabela 2.

Tabela 2 – Pontos de conexão com tensão inferior a 1 kV (220/380)


Tensão de atendimento (TA) Faixa de variação da tensão de leitura (V)
Adequada (350  TL  399)/(202  TL  231)
(331  TL< 350 ou 399 < TL  403)/
Precária
(191  TL< 202 ou 231< TL  233)
Crítica (TL< 331 ou TL >403)/(TL< 191 ou TL >233)
Fonte: PRODIST (2021).

Segundo Mamede (2017, p. 154), de acordo com a equação 3 o fator de


potência pode ser definido como a relação entre o componente ativo da potência e o
valor total desta mesma potência:

Pat
Fp= (3)
Pap

Onde:
Fp é o fator de potência da carga;
Pat é a componente da potência ativa, em kW ou seus múltiplos e
submúltiplos;
Pap é a potência aparente ou potência total da carga, em kVA ou seus
múltiplos e submúltiplos.

A figura 1 representa o triângulo de potência bem como o ângulo do Fp.


Figura 1 – Ângulo do fator de potência e suas respectivas componentes.

Fonte – Mamede (2017, p. 154).

Para garantir a segurança e eficiência das instalações elétricas, são definidos


limites aceitáveis para o fator de potência. Segundo o PRODIST (2021, p. 13), para
unidade consumidora ou conexão entre distribuidoras com tensão inferior a 230 kV,
o fator de potência no ponto de conexão deve estar compreendido entre 0,92 e 1,00
indutivo ou 1,00 e 0,92 capacitivo, de acordo com regulamentação vigente.
Uma distorção de forma de onda é dita harmônica quando a deformação se
apresenta de forma similar em cada ciclo da frequência fundamental. Neste caso, o
espectro contém apenas frequências múltiplas inteiras da fundamental. Esse tipo de
deformação geralmente é imposto por dispositivos que apresentam relação não
linear entre tensão e corrente como, por exemplo, transformadores e motores, cujos
núcleos ferromagnéticos são sujeitos à saturação. Outros elementos não lineares
são as cargas eletrônicas que produzem descontinuidades na corrente devido ao
chaveamento dos conversores (PHIPPS, 1994).
A presença simultânea de cargas eletrônicas e de bancos de capacitores
usados para a correção de fator de potência e regulação de tensão pode resultar na
amplificação dos sinais de tensão e corrente por ocorrência de ressonância,
fenômeno causado pela associação de elementos capacitivos e indutivos na rede ou
circuito elétrico, proporcionando variações na impedância e, por consequência,
modificações na forma de onda da tensão e da corrente (ANTUNES, 2013).
O estudo de fluxo de carga harmônico calcula a componente fundamental e
as harmônicas das correntes de linha e tensões harmônicas de barra. Os valores
calculados são comparados aos valores limites estabelecidos em normas, e
problemas na instalação podem advir como resultado da violação de limites
(WAKILEH, 2001).
Quando um estudo do efeito de penetração de harmônicos é realizado em um
sistema, é de grande importância que os componentes do sistema sejam modelados
corretamente para garantir a precisão nos resultados obtidos (BURCH, 2003).
Os valores de referência para os níveis de distorção harmônica total estão
presentes no PRODIST e descritos na tabela 3.

Tabela 3 – Limites das distorções harmônicas totais (em % da tensão fundamental)


Indicador Limite para Vn  1,0 kV
DTT95% 10%
Fonte: PRODIST (2021).

Segundo o PRODIST (2021, p. 16), o desequilíbrio de tensão é o fenômeno


caracterizado por qualquer diferença verificada nas amplitudes entre as três tensões
de fase de um determinado sistema trifásico, e/ou na defasagem elétrica de 120º
entre as tensões de fase do mesmo sistema. O cálculo do desequilíbrio de tensão e
feito utilizando a equação 5:


FD %= (4)

Onde:
FD é o fator de desequilíbrio de tensão;
V- é a magnitude da tensão eficaz de sequência negativa;
V+ é a magnitude da tensão eficaz de sequência positiva;

Os limites para o indicador de desequilíbrio de tensão estão apresentados na


Tabela 4 a seguir:

Tabela 4 – Limites para os desequilíbrios de tensão


Indicador Limite para Vn  1,0 kV
FD95% 3%
Fonte: PRODIST (2021).

Segundo Martinho (2013, p. 61), a flutuação de tensão ou flicker, pode ser


notado pela sensação visual de que a luminosidade varia no tempo. Esse efeito é
também conhecido como cintilação.
A cintilação luminosa pode causar desconforto visual e está presente em
instalações elétricas de iluminação em baixa tensão.
O módulo 8 do PRODIST (2021) determina os procedimentos para avaliação
dos índices de cintilação luminosa, que são calculados através de métodos
estatísticos e baseados na tensão de fase. O Pst representa a severidade dos níveis
de cintilação luminosa associados à flutuação de tensão verificada num período
contínuo de 10 minutos. Da mesma forma, a Plt representa a severidade dos níveis
de cintilação luminosa associados à flutuação de tensão verificada num período
contínuo de 2 horas.
No Brasil, atualmente, a frequência padronizada é 60 Hz. Isso é equivalente a
dizer que a forma de onda do sinal de tensão, para cada segundo, tem 60 ciclos de
uma função seno (senoide) ou cosseno. Em outros países, como Argentina e
Paraguai, no Mercosul, é adotado 50 Hz. Um sistema elétrico síncrono, isto é, ligado
a uma mesma rede elétrica CA, tem uma mesma frequência nominal. Essa
diferença, no entanto, não constitui restrição para que sistemas elétricos com
diferentes frequências possam ser interligados (ANEEL 2021).
Os circuitos e equipamento são frequentemente concebidos para funcionar
numa frequência fixa ou variável. O equipamento concebido para operar a uma
frequência fixa funciona de forma anormal se operar a uma frequência diferente da
especificada. Por exemplo, um motor CA concebido para operar a 60 Hz funciona
mais lentamente se a frequência diminuir abaixo dos 60 Hz, ou mais rapidamente se
a frequência exceder os 60 Hz. Para motores CA, qualquer alteração na frequência
causa uma alteração proporcional na velocidade do motor. Outro exemplo é: uma
redução de 5% na frequência produz uma redução de 5% na velocidade do motor
(FLUKE, 2021).
O módulo 8 do PRODIST (2021) especifica que em regime permanente, a
frequência entregue deve estar compreendida nos intervalos de 59,9 Hz e 60,1 Hz.
Em casos de distúrbios ou perturbações, a faixa de valores aceitáveis se estende
entre 59,5 e 60,5 Hz.
As variações de tensão de curta duração são caracterizadas pelo fenômeno
de aumento ou redução da tensão em relação à tensão nominal. Ocorre com
frequência nas instalações elétricas, ocasionada por chaveamento de cargas de alta
potência, ou banco de capacitores, por exemplo, ou mesmo descargas atmosféricas
(MARTINHO, 2013).
De acordo com o PRODIST (2021, p. 21) a equação 6 representa o cálculo
dos indicadores associados com as variações de tensão de curta duração.

Vres
Ve= ×100 (5)
Vref

Onde:
Ve é amplitude do evento de VTCD (%);
Vres é tensão residual do evento de VTCD (V);
Vref é tensão de referência (V).

Segundo Martinho (2013, p. 41), um afundamento de tensão, SAG, define-se


como uma redução no valor eficaz da tensão, entre 0,1pu e 0,9pu, na frequência
fundamental, com duração entre 0,5 ciclo a um minuto. Já as elevações de tensão
de curta duração, SWELL, são caracterizadas pelo aumento no nível de tensão
eficaz acima do valor nominal entre 1,1 e 1,8pu, com duração entre 0,5 ciclo a um
minuto e deve ocorrer na frequência fundamental.
O PRODIST (AGÊNCIA...,2010) estabelece que equipamentos de medição
devem proporcionar a apuração de informações como valores calculados dos
indicadores, tabelas de medições, histogramas e exportação dos dados para
análises computacionais.

3 METODOLOGIA

O item 9 do modulo 8 do PRODIST descreve a instrumentação e metodologia


de medição para que o estudo atenda as normas nacionais vigentes da ANEEL bem
como o padrão de análise de dados recomendado. A pesquisa e levantamento de
dados para o trabalho contempla uma metodologia quantitativa e promove um
estudo de caso sobre os dados levantados.
O Electric Power Research Institute (2021), desenvolve uma metodologia
internacional para a análise de QEE, orientando seguir etapas pré-estabelecidas, as
quais consistem na obtenção da documentação do sistema a ser analisado,
pesquisa de campo, monitoramento do sistema elétrico, análise dos dados coletados
e a devida correlação dos resultados obtidos as cargas presentes no sistema. 
A documentação do sistema elétrico foi necessária para avaliar os pontos de
conexão do equipamento de análise bem como criar uma rotina de medições de
energia. A documentação obtida inclui os projetos elétricos dos painéis e sistemas
de medição, projetos unifilares e a lista de cargas conectadas ao sistema.

O quadro 1 apresenta as principais cargas conectadas aos painéis das caixas


de germinação.

Quadro 1 - Lista de cargas significativas nas caixas de germinação


Detalhes
Setor
Cargas
Ventilador com variador de frequência 150cv
228A
Motor de elevação 0,75cv 1,67A
Motor da rosca 40cv 58,3A
Caixa de germinação 1 Revolvedor 1 1,5cv 2,56A
Revolvedor 2 5,5cv 8,77A
Revolvedor 3 10cv 15,3A
Revolvedor 4 15cv 22,7A
Motor de translação 0,75cv 1,67A
Ventilador com variador de frequência 150cv
228A
Motor de elevação 0,75cv 1,67A
Motor da rosca 40cv 58,3A
Caixa de germinação 2 Revolvedor 1 1,5cv 2,56A
Revolvedor 2 5,5cv 8,77A
Revolvedor 3 10cv 15,3A
Revolvedor 4 15cv 22,7A
Motor de translação 0,75cv 1,67A
Caixa de germinação 3 Ventilador com variador de frequência 150cv
228A
Motor de elevação 0,75cv 1,67A
Motor da rosca 40cv 58,3A
Revolvedor 1 1,5cv 2,56A
Revolvedor 2 5,5cv 8,77A
Revolvedor 3 10cv 15,3A
Revolvedor 4 15cv 22,7A
Motor de translação 0,75cv 1,67A
Motor dos elevadores 1,2 e 3 40cv 58,3A
Motor dos transportadores de corrente 10, 11 e
12 7,5cv 11,5A
Motor dos transportadores de corrente 4, 5 e 6
7,5cv 11,5A
Motor dos transportadores de corrente 7, 8 e 9
7,5cv 11,5A
Ventilador com variador de frequência 150cv
228A
Motor de elevação 0,75cv 1,67A
Motor da rosca 40cv 58,3A
Revolvedor 1 1,5cv 2,56A
Caixa de germinação 4
Revolvedor 2 5,5cv 8,77A
Revolvedor 3 10cv 15,3A
Revolvedor 4 15cv 22,7A
Motor de translação 0,75cv 1,67A
6 bombas de alta pressão 32kW 62,19A
Fonte: O autor (2021).

Os painéis ainda contam com diversos equipamentos de acionamento e


controle, como soft-starters, inversores, nobreaks, centrais lógicas programáveis e
transformadores de corrente e tensão que não estão disponíveis nos diagramas de
força e controle.
Segundo Dorr (1997), a CEA (Canadian Electricity Association) recomenda o
monitoramento energético do painel de entrada do circuito elétrico, que fornece
dados de qualidade de energia elétrica de toda instalação conectada.
O levantamento de informações sobre paradas de equipamento,
disponibilidade de horários para coleta de dados e as devidas permissões para
medição foram executadas durante o período análise.
A empresa em que foram realizadas as análises possui três locais destinados
a germinação de grãos. O local escolhido para a análise apresentava instabilidade
de leituras nos medidores de energia bem como quedas frequentes de tensão que
ocasionavam paradas de processo.
Todo estudo em campo foi realizado com o auxílio do medidor de energia
elétrica Fluke 1735 disponibilizado pela empresa. Os dados coletados são
visualizados através do programa Fluke Power Log Classic.
Para evitar perda de dados, um nobreak foi instalado junto ao equipamento de
medição. Os dados são registrados em intervalos pré-definidos pelo utilizador. As
configurações do equipamento e a forma de medição seguiram as recomendações
presentes no item 9 do modulo 8 do PRODIST (2021).
O manual do analisador de energia (FLUKE, 2010) especifica a maneira em
que o equipamento deve ser conectado a rede para a realização desse estudo. O
equipamento possui 4 pinças de corrente e 4 pinças de tensão para obtenção de
dados do barramento. A conexão é realizada em Y trifásico.
A forma de conexão à rede está descrita na figura 2.

Figura 2 – Conexão em rede trifásica.

Fonte - Fluke (2010).

Seguindo as recomendações do manual de utilização da Fluke, após realizar


a conexão foi necessário verificar se as fases estão invertidas ou as pinças de
corrente foram conectadas de maneira irregular, ocasionando uma leitura de tensão
negativa.
A figura 3 exemplifica o modo de configuração correto que deve ser
visualizado no equipamento após a conexão.

Figura 3 – Tela de informações de tensão e corrente.


Fonte - Fluke (2010).

O método de medição escolhido para levantamento dos dados foi ajustado


para o modo potência no analisador de energia Fluke 1735. Segundo a FLUKE
(2010), a configuração de medição quando setada no modo potência, fornece o
maior número de dados possível para o equipamento utilizado.
O processo de identificação dos distúrbios de energia elétrica acontece com o
auxílio das planilhas de dados geradas pelo software Fluke Power Log Classic. A
exportação dos dados para o Excel proporcionou a análise necessária bem como a
possibilidade de cálculo dos indicadores de qualidade de energia propostos pelo
PRODIST.
Os distúrbios de energia classificados como tensão em regime permanente,
fator de potência, distorções harmônicas e variação de frequência foram calculados
e obtidos através da planilha de dados. Todos os cálculos de fator de potência
médios, máximos e mínimos e máximas distorções harmônicas de tensão foram
realizados com o auxílio do Excel. Os valores absolutos de variação de frequência e
percentil de todos os indicadores foram calculados automaticamente pelo software
da Fluke. Os indicadores de DRP e DRC foram calculados separadamente utilizando
calculadoras.
A distribuição de cargas nas caixas de germinação é disforme e pode causar
distúrbios de diferentes intensidades em cada uma delas. A análise buscou
identificar se a causa das perturbações de energia tem relação direta com as cargas
do sistema ou se estão ligadas a problemas de QEE.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A seguir, estão apresentados os dados obtidos pelo analisador de energia


Fluke 1735 instalado nos centros de controles de motores das caixas de germinação
de grãos. Os resultados são apresentados separadamente para cada circuito
medido, respeitando a metodologia apresentada no capítulo 3 deste trabalho.
As medições realizadas na caixa germinação 1 (CXG1) entre os dias
25/10/2021 e 29/10/2021 tem como objetivo monitorar o centro de controle de
motores bem como os circuitos e equipamentos a ele agregados. Os equipamentos
presentes neste painel são similares ao que serão apresentados na caixa de
germinação 2. Os distúrbios analisados foram: Tensão em regime permanente, fator
de potência, distorções harmônicas e variação de frequência.
De acordo com o PRODIST (2021, p.41), tabela 5, os dados de tensão
coletados na CXG1 não apresentam níveis de tensão precária ou crítica nem mesmo
registro de quedas de tensão nas 2480 amostras coletadas, não fazendo necessário
o cálculo dos índices DRC e DRP, indicando conformidade dos dados com a norma.
A tabela 5 apresenta os níveis de tensão e corrente extremos superiores e
inferiores registrados na CXG1 durante o período:

Tabela 5 – Extremos de tensão registrados na Caixa de germinação 1


Eventos Valores registrados por fase
Extremos superiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 225,53 225,18 225,62
Corrente (A) 227,45 228 229,09
Extremos inferiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 211,71 211,41 212,40
Corrente (A) 0,273 0,273 0,273
Fonte: O autor (2021).

De acordo com a resolução normativa nº 414, de 09 de dezembro de 2010 da


Agência Nacional de Energia Elétrica, o fator de potência deve ser mantido acima de
0,92 para que não existam cobranças relativas a excedente reativo. Os dados
apresentados na tabela 6 identificam os valores médios de fator de potência total
bem como o percentil 95% da CXG1 em 2480 amostras.

Tabela 6 – Fator de potência médio registrado na caixa de germinação 1


Eventos Valor Médio Total
Fator de Potência 0,88
Percentil 95% 0,92
Fonte: O autor (2021).

Embora o fator de potência total médio registrado na CXG1 não atenda aos
requisitos da ANEEL para que não ocorram cobranças por excedente reativo, a
ferramenta estatística do percentil 95% indica que em 95% das amostras, o fator de
potência se manteve acima de 0,92. O percentil é um forte indicador de estabilidade
quando se trata de qualidade de energia, vez que leva em consideração que podem
existir leituras inválidas durante o processo.
Os indicadores de distorção harmônica total de tensão e corrente por fase
estão presentes na tabela 7. O PRODIST não prevê indicadores mínimos para
distorções harmônicas totais de corrente, porém os dados coletados pelo analisador
de energia incluem essa categoria de medição. As distorções harmônicas de
corrente atendem as normas Europeias presentes no EPRI e apresentam valores
diferentes dos encontrados nos padrões do PRODIST.

Tabela 7 – Distorções harmônicas totais de corrente e tensão na caixa de germinação 1


Limite do
Eventos Valores registrados por fase
indicador
Máximos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 9,3 9,3 9,1 10%
DTC% 80,2 83,2 85,4 -
Mínimos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 3,8 3,0 3,6 10%
DTC% 80,2 83,2 85,4 -
Percentil 95% Fase A Fase B Fase C -
DTT% 8,9 8,8 8,6 10%
Fonte: O autor (2021).

Os valores para distorções harmônicas totais na CXG1 encontram-se dentro


dos padrões de qualidade do PRODIST.
A análise e medição das frequências visa obter puramente informações de
qualidade de energia no ponto de conexão especificado. A comparação com os
padrões do PRODIST é uma forma de avaliar a qualidade da energia entregue.
A tabela 8 apresenta os valores máximos e mínimos de frequência registrados
nas 2048 medições realizadas na CXG1.

Tabela 8 – Frequência elétrica na caixa de germinação 1


Parâmetro Valor medido Limite
Frequência Máxima (Hz) 60,23 60,5
Frequência Mínima (Hz) 59,47 59,5
Percentil 95% 60,03 -
Fonte: O autor (2021).

Os valores medidos encontram-se abaixo dos limites estabelecidos pelo


PRODIST no que diz respeito a frequência mínima. O percentil 95% mostra que em
95% das amostras coletadas na CXG1 o valor se manteve muito próximo da
frequência de 60Hz.
As medições realizadas na caixa germinação 2 (CXG2) foram entre os dias
29/10/2021 e 05/11/2021 e contam com um total de 4319 amostras. Os distúrbios
analisados foram: Tensão em regime permanente, fator de potência, distorções
harmônicas e variação de frequência.
Os dados coletados nos circuitos que alimentam a CXG2 apresentaram 1
evento de transgressão para tensão precária na fase A, B e C e 6 eventos de
transgressão para tensão crítica DRC nas fases A, B e C.
A tabela 9 apresenta os níveis de tensão e corrente extremos superiores e
inferiores registrados na CXG2 durante o período:

Tabela 9 – Extremos de tensão registrados na caixa de germinação 2


Eventos Valores registrados por fase
Extremos superiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 224,75 224,62 225,23
Corrente (A) 256,90 260,18 260,86
Extremos inferiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 0,08 0,04 0,08
Corrente (A) 0 0 0
Fonte: O autor (2021).

O índice de transgressão para tensão precária da CXG2 é calculado


utilizando a equação 1 e está exemplificado na equação 6:

1
DRP= × 100=0,02 % (6)
4319

O índice de transgressão para tensão crítica da CXG2 é calculado utilizando a


equação 2 e está presente na equação 7:
6
DRC= ×100=0,13 %
4319 (7)

Os índices DRP e DRC medidos nas três fases da CXG2 encontram-se


dentro dos padrões de qualidade de energia elétrica do PRODIST. A tabela 10
apresenta os valores encontrados em comparação com a norma.

Tabela 10 – Indicadores DRP e DRC para a caixa de germinação 2


Indicador Valor medido Limite
DRP (%) 0,02 3
DRC (%) 0,13 0.5
Fonte: O autor (2021).

Os dados apresentados na tabela 11 identificam os valores médios de fator


de potência total bem como o percentil 95% em 4319 amostras obtidas na CXG2.

Tabela 11 – Fator de potência médio registrado na caixa de germinação 2


Eventos Valor Médio Total
Fator de Potência 0,86
Percentil 95% 0,92
Fonte: O autor (2021).

O fator de potência total médio da CXG2 não atende as especificações do


PRODIST, no entanto o índice de percentil 95% é 0,92, indicando confiabilidade nas
instalações.
Os indicadores de distorção harmônica total de tensão e corrente por fase da
CXG2 estão presentes na tabela 12.

Tabela 12 – Distorções harmônicas totais de corrente e tensão na caixa de germinação 2


Limite do
Eventos Valores registrados por fase
indicador
Máximos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 99 99 99 10%
DTC% 99 99 99 -
Mínimos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 3,6 3,7 3,5 10%
DTC% 2,5 0 0 -
Percentil 95% Fase A Fase B Fase C -
DTT% 8,9 8,8 8,6 -
Fonte: O autor (2021).

Os valores para distorções harmônicas totais de tensão na CXG2 encontram-


se fora dos padrões de qualidade do PRODIST. O percentil 95% para DTT% atende
as normas nacionais para valores máximos e mínimos e indica confiabilidade no
sistema.
A tabela 13 apresenta os valores máximos e mínimos de frequência
registrados nas 4319 medições realizadas na CXG2.

Tabela 13 – Frequência elétrica na caixa de germinação 2


Parâmetro Valor medido Limite
Frequência Máxima (Hz) 68,93 60,5
Frequência Mínima (Hz) 0 59,5
Percentil 95% 60 -
Fonte: O autor (2021).

Os valores medidos na CGX2 em relação a frequência não atendem aos


requisitos do PRODIST, no entanto o percentil 95% está de acordo com os limites
para máxima e mínima frequência registrada, indicando conformidade nas
instalações.
As medições realizadas na caixa germinação 3 (CXG3) foram entre os dias
11/11/2021 e 18/11/2021 e retornaram um total de 4319 amostras. Os distúrbios
analisados foram: Tensão em regime permanente, fator de potência, distorções
harmônicas e variação de frequência.
Os dados coletados nos circuitos que alimentam a CXG3 apresentaram 1
evento de transgressão para tensão precária na fase A, B e C e 3 eventos de
transgressão para tensão crítica DRC nas fases A, B e C.
A tabela 14 apresenta os níveis de tensão e corrente extremos superiores e
inferiores registrados na CXG3 durante o período:

Tabela 14 – Extremos de tensão registrados na Caixa de germinação 3


Eventos Valores registrados por fase
Extremos superiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 228,47 229,07 229,07
Corrente (A) 364,22 365,59 376,90
Extremos inferiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 0,08 0,04 0,08
Corrente (A) 0 0 0
Fonte: O autor (2021).

O índice de transgressão para tensão precária é calculado utilizando a


equação 1 está presente na equação 9:
1
DRP= × 100=0,02 % (8)
4319

O índice de transgressão para tensão crítica é calculado utilizando a equação


2 e está presente na equação 10:

3
DRC= ×100=0,06 % (9)
4319

Os índices DRP e DRC medidos nas três fases da CXG3 encontram-se


dentro dos padrões de qualidade de energia elétrica do PRODIST. A tabela 15
apresenta os valores encontrados em comparação com a norma.

Tabela 15 – Indicadores DRP e DRC para a caixa de germinação 3


Indicador Valor medido Limite
DRP (%) 0,02 3
DRC (%) 0,06 0.5
Fonte: O autor (2021).

Os dados apresentados na tabela 16 identificam os valores médios de fator


de potência total bem como o percentil 95% em 4319 amostras registradas na
CXG3.

Tabela 16 – Fator de potência médio registrado na caixa de germinação 3


Eventos Valor Médio Total
Fator de Potência 0,87
Percentil 95% 0,93
Fonte: O autor (2021).

O fator de potência total médio da CXG3 não atende as especificações do


PRODIST, no entanto o índice de percentil 95% é de 0,93, indicando confiabilidade
nas instalações.
Os indicadores de distorção harmônica total de tensão e corrente por fase DA
cxg3 estão presentes na tabela 17.

Tabela 17 – Distorções harmônicas totais de corrente e tensão na caixa de germinação 3


Limite do
Eventos Valores registrados por fase
indicador
Máximos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 99 99 99 10%
DTC% 99 99 99 -
Mínimos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 0 0 0,1 10%
DTC% 0 0 0 -
Percentil 95% Fase A Fase B Fase C -
DTT% 8,9 8,5 8,5 10%
Fonte: O autor (2021).

Os valores para distorções harmônicas totais de tensão da CXG3 encontram-


se fora dos padrões de qualidade do PRODIST. O percentil 95% para DTT% atende
as normas nacionais para valores máximos e mínimos e indica confiabilidade no
sistema.
A tabela 18 apresenta os valores máximos e mínimos de frequência
registrados nas 4319 medições realizadas na CXG3.

Tabela 18 – Frequência elétrica na caixa de germinação 3


Parâmetro Valor medido Limite
Frequência Máxima (Hz) 69,86 60,5
Frequência Mínima (Hz) 0 59,5
Percentil 95% 60,03 -
Fonte: O autor (2021).

Os valores medidos para frequência na CXG3 não atendem aos requisitos do


PRODIST, no entanto o percentil 95% está de acordo com os limites para máxima e
mínima frequência registrada, indicando conformidade nas instalações.
As medições realizadas na caixa germinação 4 (CXG4) foram entre os dias
07/12/2021 e 13/12/2021 e retornaram um total de 3592 amostras. Os distúrbios
analisados foram: Tensão em regime permanente, fator de potência, distorções
harmônicas e variação de frequência.
Os dados de tensão coletados na CXG4 não apresentam níveis de tensão
precária ou crítica nem mesmo registro de quedas de tensão nas 3592 amostras
coletadas, não fazendo necessário o cálculo dos índices DRC e DRP, indicando
conformidade dos dados com a norma.
A tabela 19 apresenta os níveis de tensão e corrente extremos superiores e
inferiores registrados na CXG4 durante o período:

Tabela 19 – Extremos de tensão e corrente registrados na Caixa de germinação 4


Eventos Valores registrados por fase
Extremos superiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 225,14 225,06 225,86
Corrente (A) 317,86 317,59 327,81
Extremos inferiores Fase A Fase B Fase C
Tensão (V) 224,06 223,89 230,93
Corrente (A) 0 0,40 0,27
Fonte: O autor (2021).

Os dados apresentados na tabela 20 identificam os valores médios de fator


de potência total bem como o percentil 95% em 3592 amostras coletadas na CXG4.

Tabela 20 – Fator de potência médio registrado na caixa de germinação 4


Eventos Valor Médio Total
Fator de Potência 0,85
Percentil 95% 0,919
Fonte: O autor (2021).

O fator de potência total médio encontrado na CXG4 não atende as


especificações do PRODIST, no entanto o índice de percentil 95% é de 0,919, muito
próximo do recomendado pela norma, indicando confiabilidade nas instalações.
Os indicadores de distorção harmônica total de tensão e corrente por fase
lidos na CXG4 estão presentes na tabela 21.

Tabela 21 – Distorções harmônicas totais de corrente e tensão na caixa de germinação 4


Limite do
Eventos Valores registrados por fase
indicador
Máximos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 9,5 10,1 9,3 10%
DTC% 99 81 99 -
Mínimos Fase A Fase B Fase C -
DTT% 3,4 3,4 3,3 10%
DTC% 0 0 0 -
Percentil 95% Fase A Fase B Fase C -
DTT% 8,4 8,4 8,2 10%
Fonte: O autor (2021).

Os valores para distorções harmônicas totais de tensão registrados na CXG4


encontram-se fora dos padrões de qualidade do PRODIST na fase B. O percentil
95% para DTT% atende as normas nacionais para valores máximos e mínimos e
indica confiabilidade no sistema.
A tabela 22 apresenta os valores máximos e mínimos de frequência
registrados nas 3592 medições realizadas na CXG4.

Tabela 22 – Frequência elétrica na caixa de germinação 4


Parâmetro Valor medido Limite
Frequência Máxima (Hz) 60,27 60,5
Frequência Mínima (Hz) 59,51 59,5
Percentil 95% 59,99 -
Fonte: O autor (2021).
Os valores medidos na CXG4 para frequência atendem aos requisitos do
PRODIST.
O primeiro distúrbio analisado, tensão em regime permanente, apresentou
eventos nas caixas de germinação 2 e 3, demonstrado de forma gráfica nos anexos
B e E respectivamente. Esse tipo de evento, caracterizado por quedas de tensão e
corrente indicam faltas de energia de longa ou curta duração.
As tabelas 5, 9, 14 e 19 contêm os dados de variação de tensão do circuito
das caixas de germinação e mostra que mesmo na ocorrência de transgressão para
tensão crítica e precária, os indicadores DRC e DRP não ultrapassaram os limites
estipulados pelo PRODIST.
O fator de potência, analisado nas 4 caixas de germinação apresentou
valores abaixo dos recomendados pelo PRODIST.
As tabelas 7, 12, 17 e 21 apresentam os índices de percentil 95% para
distorções harmônicas em conformidade com o PRODIST. Embora os eventos não
sejam frequentes e de curta duração, ainda podem causar danos nos equipamentos.
Os eventos de distorções harmônicas de corrente e tensão foram registrados
nas caixas de germinação 2 e 3 e suas evoluções temporais estão presentes nos
anexos C e F respectivamente.
As caixas de germinação 1, 2 e 3 tiveram eventos de queda de frequência
que podem ser visualizados nos anexos A, D e G. Os valores máximos e mínimos
estão presentes nas tabelas 8, 13 e 18. A caixa de germinação 4 não apresentou
nenhum evento de queda de frequência nas amostras analisadas.
Embora as caixas 1, 2 e 3 tenham apresentado quedas na frequência, os
eventos tiveram curta duração e o percentil 95%, ferramenta estatística utilizada pelo
PRODIST, mostra que em 95% das amostras a frequência se manteve próxima de
60Hz, indicando que na maior parte do tempo o circuito atende as normas de QEE.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da qualidade de energia elétrica nos painéis de energia da


germinação de grãos retornou resultados satisfatórios quanto o estado atual dos
circuitos de potência e sua eficiência energética. Os objetivos de obter informações
sobre possíveis distúrbios e relacionar cada um aos limites estabelecidos pelo
PRODIST cumpriram seu propósito.
Os dados retornaram faltas e distúrbios em todas as quatro caixas de
germinação assim como esperado para um sistema que sofre alterações a mais de
dez anos sem devida análise de cargas.
A falta de compensação de energia pode causar danos em equipamentos
sensíveis a queda brusca de tensão, a instalação de fontes independentes como
geradores e bancos de baterias evitam curtos-circuitos em motores e circuitos de
controle.
As sobretensões e subtensões, quando acompanhadas de picos de corrente,
causam deterioramento dos enrolamentos dos motores por aquecimento excessivo.
O departamento de manutenção preditiva deve fornecer estudos das cargas do
sistema, vez que cargas subdimensionadas podem causar esse tipo de distúrbio.
Embora presentes nos circuitos analisados, os bancos de capacitores
instalados não fornecem a compensação necessária para incidente reativo. Estudos
devem ser realizados a fim de adequar a quantidade de capacitores para suprir a
demanda reativa.
Alguns circuitos admitem filtros de harmônicas e são soluções que devem ser
adotadas pela empresa. A perda e alteração de parâmetros dos inversores, soft-
starters, CLPs e medidores de energia que ocorrem na empresa também são
causados por distorções harmônicas de tensão.
O maior efeito dos harmônicos em máquinas rotativas (indução e síncrona) é
o aumento do aquecimento devido ao aumento das perdas no ferro e no cobre.
Afeta-se, assim, sua eficiência e o torque disponível. Além disso, tem-se um possível
aumento do ruído audível, quando comparado com alimentação senoidal
(UNICAMP, 2021). A NBR 10152 regula os níveis de ruido audível em relação a
saúde dos envolvidos. Regular a incidência de harmônicos no sistema também é
saúde e segurança do trabalho.
O quadro 1 indica a presença de transportadores de material na caixa de
germinação 3. Esses equipamentos, os quais utilizam partida direta nos motores,
operam em velocidades pré-programadas e podem estar sofrendo variações de
velocidade por queda de frequência na rede causando falta de sincronia entre
processos. A atualização dos instrumentos de controle a ajuste de velocidade é a
solução ideal.
A disponibilidade de pessoal é baixa e dificultou o processo de coleta de
dados. Para maior segurança, foi necessário seccionar os circuitos antes da
instalação, o que pode gerar atrasos na produção e perda do processo de
germinação do grão. Por esse detalhe, o analisador de energia só pôde ser instalado
em datas e horários permitidos pela área responsável pela produção, o que gerou
espaçamento entre as datas e horários da coleta se comparadas cada caixa de
germinação, atrasando a análise dos dados.
A instalação do equipamento requer qualificação técnica em NR 10 e
vestimenta APTV nível 3, por se tratar de painéis com alta energia incidente,
delimitando a disponibilidade de horários para coleta dos dados.
O registro e análise dos dados forneceu um panorama real do funcionamento
dos equipamentos da germinação, auxiliando no processo de reconhecimento de
falhas por problemas de QEE na empresa, auxiliando o departamento de
manutenção elétrica a manter um padrão de excelência. Além dos dados
apresentados, a coleta gerou informações de consumo de energia que são uteis
para rateio de energia.
Para levantamentos de dados posteriores, além dos distúrbios analisados a
recomendação é diminuir o espaçamento entre o registro de dados e utilizar todas
as formas de medição do analisador Fluke 1735, para que se possam seguir todos
os passos de análise e coleta recomendados pelo PRODIST.
O estudo e realização de um as built de todo o módulo de germinação
analisado, aliado posteriormente a um retrofit de todo sistema elétrico proporcionará
a solução para os problemas de qualidade de energia encontrados e aumentará a
confiabilidade do sistema, gerando disponibilidade da planta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional - PRODIST. Módulo 8:
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WAKILEH, George. J. Power Systems Harmonics: Fundamentals, Analysis and


Filter Design. Springer-Verlag, 2001, p. 506. Berlin, Germany.
ANEXO A - EVENTO DE QUEDA DE FREQUÊNCIA ABAIXO DA NORMA CXG 1

Fonte: Fluke PowerLog (2021).


ANEXO B - EVENTO DE QUEDA DE TENSÃO COM SOBRECORRENTE CXG2

Fonte: Fluke PowerLog (2021).


ANEXO C - PRESENÇA DE HARMÔNICAS NO CIRCUITO DA CXG 2

Fonte: Fluke PowerLog (2021).


ANEXO D - QUEDA DE FRÊQUENCIA NA CXG 2

Fonte: Fluke PowerLog (2021).


ANEXO E - EVENTO DE VARIAÇÃO DE TENSÃO COM SOBRECORRENTE CXG 3

Fonte: Fluke PowerLog (2021).


ANEXO F - PICOS DE HARMÔNICAS DE TENSÃO E CORRENTE CXG 3

Fonte: Fluke PowerLog (2021).


ANEXO G - VARIAÇÕES DE FREQUÊNCIA CXG 3

Fonte: Fluke PowerLog (2021).

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