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UNIVALI

Instalações Elétricas

Prof. Raimundo C. Ghizoni Teive

Versão 09 - 2022
INSTALAÇÕES PREDIAIS II - Prof. Raimundo Teive

Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 3
2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ELETRICIDADE .......................................................................... 4
2.1 Eletrização ................................................................................................................................................................ 4
2.2 Conceitos Básicos ..................................................................................................................................................... 4
3. POTÊNCIA EM CIRCUITOS ELÉTRICOS ............................................................................................ 11
3.1 Introdução ............................................................................................................................................................... 11
3.2 Potência de um Circuito Série................................................................................................................................. 11
3.3 Circuito aberto e Curto-circuito .............................................................................................................................. 12
3.4 Potência em Circuitos Paralelos.............................................................................................................................. 13
3.5 Exercícios de Potência Elétrica ............................................................................................................................... 14
3.6 Potência e Correção de Fator de Potência ............................................................................................................... 15

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1. INTRODUÇÃO

O átomo é composto por um núcleo circundado por elétrons. O núcleo por sua vez é composto por
prótons e neutrons. Os elétrons são partículas carregadas e sua carga é convencionada negativa, em unidades
físicas vale 1,6 X 10-19 C, mas é frequentemente tomada como unidade. Por outro lado, os prótons tem carga
numericamente igual a do elétron, só que de sinal oposto. Os Neutrons são eletricamente neutros.
Os elétrons são muito mais leves que prótons ou nêutrons, sendo a sua massa 0,05% da massa de um
próton ou nêutron. A massa de um elemento é chamada de massa atômica, sendo expressa em gramas por
átomo-grama. Um átomo-grama sempre contém 6,02 X 1023 átomos (número de Avogadro).

Massa do átomo = massa atômica g / átomo grama


6,02 . 1023 átomo / átomo-grama

O número de elétrons que circundam o núcleo de um átomo eletricamente neutro é chamado de


número atômico, sendo igual ao número de prótons no núcleo.
Os elétrons, particularmente os mais externos, especialmente áqueles localizados na última camada
do átomo, chamada de camada de valência, afetam a maior parte das propriedades de interesse na
engenharia:

- determinam a propriedades químicas;


- estabelecem a natureza de ligação inter-atômica;
- características mecânicas e de resistência;
- controlam o tamanho do átomo e afetam à condutividade elétrica dos metais;
- influenciam nas características ópticas.

Ex.:

Cu Ag
29 prótons 47 prótons
29 elétrons 2 8 18 1 47 elétrons 2 8 18 18 1

Conforme o exemplo acima, tanto o átomo de cobre (Cu), quanto de prata (Ag) apresentam um
elétron na camada de valência, caracterizando serem bons condutores. Entretanto, o elétron na última camada
da prata está mais fracamente ligado ao núcleo, podendo ser mais facilmente deslocado; caracterizando assim
a prta como melhor condutor elétrico do que o cobre. Assim, os bons condutores elétricos precisam de pouca
energia para transportar este elétron para um átomo vizinho, sendo que esta energia pode ser fornecida em

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forma de calor, luz, tensão elétrica, etc. Os materiais considerados bons isolantes, por sua vez, apresentam
em geral sete elétrons na camada de valência.

2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ELETRICIDADE


2.1 Eletrização

É o processo a partir do qual um corpo eletricamente neutro passa a apresentar um desequilíbrio de


carga, seja com a perda ou ganho de elétrons. Existem três tipos de eletrização:

Eletrização por contato – Se dá quando um corpo eletricamente carregado entra em contato físico com um
corpo eletricamente neutro, carregando este.

++ ++ +
++++++ +++ + +
++++++ ++ +
++

Corpo carregado Corpo neutro Deslocamento de elétrons


positivamente

-- -
-----
- -
- - - - -
-----
-- - - -
Corpo carregado
negativamente Deslocamento de elétrons

Eletrização por indução – Se dá sem contato físico, mas a partir da atração e repulsão de cargas.

-- + - -- + - Deslocamento de
----- ++ -- ----- ++ -- elétrons para a
----- ++ -- ----- ++ --
terra
-- + - -- + -

Eletrização por atrito – Atritando dois materiais com número de elétrons na camada de valência diferentes,
algumas partículas eletricamente carregadas são transferidas de um material para o outro. Ex. caneta
esfregada no cabelo, depois tem a propriedade de atrair pedacinhos de papel.

2.2 Conceitos Básicos

 Carga Elétrica

A carga elétrica é uma grandeza mensurável e sua unidade no sistema de medidas MKS é o Coulomb
(C). A variação de carga não se dá de forma contínua, mas em múltiplos da carga de um próton (que é igual
em módulo a carga de um elétron), que é a menor fração de carga existente.

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Lei de Franklin (Benjamin) – “Entre dois corpos carregados haverá uma força de atração ou repulsão,
conforme o sinal das cargas. Assim como a quantidade de cargas nos corpos é quantificável, a força
consequente destas cargas também o é.”

Considere duas cargas puntiformes imersas no vácuo e separadas por uma distancia “d”. A intensidade da
força que atua sobre estas cargas é dada por:

Onde: Ko = 1
F = Ko . q1 . q2
2 4o
d

E o - Constante de permissividade elétrica

( no vácuo ko= 9.109 Nm2 C2 )

 Campo Elétrico

É a região vizinha a uma carga elétrica que sofre a sua influência. O valor do campo elétrico na vizinhança
de uma carga elétrica puntiforme q1, imersa no vácuo, pode ser calculado pela expressão abaixo:

E= 1 q1 F = E . q2
4 o
* d2

Obs. 1) Se uma carga em repouso sofre ação de uma força de natureza elétrica, pode-se afirmar que há uma
ou mais cargas em sua proximidade ocasionando esta força;
2) Para produzir um campo elétrico basta uma única carga elétrica;
3) Um elétron pode ser arrancado de sua órbita e deslocado, se a força exercida por um campo elétrico
superar a força de atração do núcleo do átomo;
4) Unidade do campo elétrico no sistema MKS - V/m.

 Diferença de Potencial Elétrico (DDP)

Sejam dois pontos no espaço A e B. A diferença de potencial elétrico entre esses dois pontos (VAB) é
definida formalmente como o trabalho necessário para deslocar uma carga de 1 Coulomb do ponto A ao
ponto B. A DDP entre dois pontos A e B de um campo elétrico pode ser obtida pela expressão abaixo:

VAB = E . d

Para que haja diferença de potencial entre dois pontos é necessário que estes estejam imersos em um
campo elétrico. Portanto, o agente causador da ddp é o campo elétrico. DDP também pode ser chamada
de diferença de tensão, e potencial elétrico de tensão elétrica.

Unidade: MKS V
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 Corrente Elétrica
A corrente elétrica pode ser definida como um fluxo direcionado de cargas elétricas através de um
elemento condutor qualquer. Matematicamente, a corrente elétrica pode ser expressa através do operador
derivada.

i = dq
dt

A DDP, resultante de um campo elétrico, é o agente deslocador de cargas e o seu efeito – o


deslocamento de cargas em si – é a corrente elétrica.
A corrente elétrica é sempre medida a partir de um referencial e seu valor consiste na quantidade de
cargas que ultrapassa esse referencial num determinado sentido, por unidade de tempo. Dois elétrons
atravessando o mesmo referencial em sentidos opostos, por exemplo, constituem uma corrente nula.

Unidade: MKS A

Obs. Todos os aparelhos elétricos e eletrônicos utilizam uma ou mais propriedades de corrente elétrica, tais
como o calor e eletromagnetismo.

Calor – Podemos fazer um fio ficar incandescente simplesmente fazendo passar uma corrente por
ele.(Ex. lâmpadas incadescentes, resistências elétricas).

Eletromagnetismo – Quando a corrente passa por um fio, dá origem a um campo magnético. Esse
campo produz uma força eletromagnética. Ex. motores elétricos, alto-falante.

 Analogia com um Sistema Hidráulico x Sistema Elétrico

Analogicamente, pode-se dizer que a DDP (diferença de tensão) é equivalente a diferença de altura
(potencial) entre duas caixas d’água, o que produz uma diferença de pressão d’água, fazendo com que a água
flua pelas tubulações. O fluxo d’água nesta analogia é equivalente ao fluxo de elétrons (corrente elétrica). Na
tabela mostrada a seguir, é apresentada a analogia completa entre os dois sistemas.

Sistema Elétrico Sistema Hidráulico


Tensão ou potência elétrico Pressão
Diferença de potencial Diferença de pressão
Fluxo de elétrons ou corrente elétrica Fluxo d’água
Resistência elétrica (comprimento e bitola do fio) Comprimento e bitola da tubulação

Na figura mostrada a seguir, é apresentado um desenho esquemático de duas caixas d’águas


interligadas por tubulações. A lâmina d’água da caixa A sofre uma pressão atmosférica maior do que a

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lâmina d’água da caixa B, pois a altura do ponto A é maior que a altura do ponto B. Assim, quando a válvula
é aberta, ocorre o fluxo d’água da caixa A para a caixa B.

Com relação a nossa analogia, entende-se que o fluxo de elétrons (corrente elétrica) entre dois pontos
somente ocorre quando existe DDP entre estes dois pontos. Havendo DDP ≠ 0 e um caminho fechado entre
estes dois pontos, o fluxo de elétrons ocorre do ponto de maior tensão para o ponto de menor tensão
(potencial).

Como aumentar ou diminuir a vazão (corrente elétrica)?

- Variar a altura da caixa (variar a tensão)


- Alterar a tubulação (variar a resistência elétrica)

Obs. : a) com relação a analogia anterior, existe uma diferença entre a corrente nos fios e a água nos canos.
A água pode sair de um cano quebrado, mas a corrente não pode sair de um fio partido. Quando o fio se
rompe, a corrente vai cessar.
b) Existem duas condições para haver corrente elétrica entre dois pontos A e B: DDP não nula entre
estes pontos (o potencial de A deve ser diferente do potencial de B), e um caminho fechado entre os pontos
A e B, ou seja, deve haver um circuito fechado entre os pontos A e B.

 Condutores e Isolantes Elétricos

Os materiais chamados condutores são aqueles que apresentam pouca oposição ao deslocamento de
cargas através de si. No caso dos metais – que são bons condutores – esta propriedade se deve ao fato dos
elétrons da última camada de seus átomos apresentarem uma fraca ligação com o núcleo, sendo facilmente
deslocáveis pela ação de um campo elétrico.
Os materiais chamados de isolantes, por sua vez, apresentam uma forte oposição ao fluxo de cargas, por
seus elétrons estarem fortemente ligados ao núcleo.
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 Propriedades Elétricas

Resistência ( R ) – É a maior ou menor dificuldade que um condutor oferece à passagem de corrente. É


na verdade uma constante que depende da natureza e das dimensões do corpo
empregado.
Unidade: (  )

Resistividade (  ) – É a resistência de um corpo cujo comprimento na direção em que está sendo


percorrido pela corrente, e a seção normal a esta direção, são iguais à unidade
de comprimento (L) e de seção circular (S).
Unidade : .m

= R.S  m2
L m

 Condutância ( G ) – É o inverso de resistência, ou seja:


Unidade: MHO ou SIEMENS ( S )

Obs. 1) Condutividade = 1 /  ;
2) Condutividade elétrica - É o movimento de cargas elétricas de uma posição para outra. A carga
tem de ser carregada por íons ou elétrons, cuja mobilidade varia de material para material. Na
condutividade iônica as portadores de carga são os cátions ou ânions, enquanto que na
condutividade elétrica as portadores são os elétrons ou buracos;
3) A resistência e resistividade dos condutores metálicos aumentam com a temperatura ( e 
positivos);

1 = Coeficiente de variação de resistência à massa


R2 = R1 [ 1 + 1 (2 - 1 ) ]
constante e dilatação livre para a temperatura 1.
2 = 1 [ 1 + 1 (2 - 1 ) ]
1 = Coeficiente de variação de resistividade em função
da temperatura.
4) De acordo com o valor da resistividade dos materiais, os mesmos são classificados em
condutores, semi-condutores e isolantes.

ISOLANTES SEMI-CONDUTORES CONDUTORES


20 Quartzo 10 6
Silício puro 10 -4
Liga Cr-Ni (Platina)
10
18 2 Germânio puro -6 Cr-Ag ; Cu
10 Polietireno 10 10
1016 Borracha 10-2 Germânio impuro

1014 Mica
108 Vidro

Esses valores são apresentados a título indicativo uma vez que a resistividade depende da maior ou
menor pureza dos elementos.

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Ex. Um fio de cobre possui um diâmetro de 0,027 cm. O cobre possui uma resistividade de 1,7 10-6 cm.
Quantos metros de fio são necessários para se obter uma resistência de 3  ?

Diâmetro 0,027 cm
-4
R= . l
Área 5,72 10 cm2 S
R
3

3 () = 1,7 10-6 (cm) . l l = 1010 cm = 10,1 m


5,72 10-4 (cm2)

 Lei de Ohm

Estabelece a proporcionalidade entre as grandezas elétricas tensão, corrente e resistência elétrica. A


corrente elétrica em um condutor é inversamente proporcional a sua resistência e diretamente proporcional a
tensão aplicada a este.

I = V
R

Experiência de Ohm

Aplicou vários valores de tensão em resistores diferentes e verificou que a corrente no circuito sempre
era dada pela razão V/R. Estes resistores foram chamados de resistores ôhmicos (resistores que obedecem a
lei de ohm). Resistores cuja resistência variam com a temperatura não são considerados ôhmicos e não
obedecem a Lei de Ohm.
Ohm observou que se R (em ohms) permanecer constante e E (em volts) é multiplicada por dois, cinco
de Z, etc., então I (em ampère) será multiplicado pelo mesmo fator. Uma diminuição na função resulta em
uma diminuição proporcional na corrente. O mesmo raciocínio é válido para variação da resistência. Para
uma dada função, a corrente será duas vezes maior se a resistência for reduzida a metade. Se a resistência
aumenta quatro vezes a corrente é dividida por quatro.

Exemplo – Aplicação Lei de Ohm


Os perigos do choque elétrico são por demais conhecidos. Entretanto, nem sempre é bem compreendido
que o perigo real para o ser humano não está no valor da tensão, mas sim, na intensidade e no percurso da
corrente elétrica pelo corpo humano. Um valor elevado de corrente, mesmo por um curto intervalo de tempo,
já é suficiente para causar danos ao coração. A figura a seguir apresenta um modelo simplificado da
distribuição resistiva do corpo humano, quando submetido a uma tensão V entre uma das mãos e um pé.

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Pescoço

150 Ω

500 Ω 500 Ω

Braços

Tronco 100 Ω + V
-

200 Ω 200 Ω
Pernas

Considere que uma corrente acima de 5 mA provoca um leve desconforto, acima de 50 mA pode provocar
paralisia muscular e acima de 500 mA pode ocasionar a parada cardíaca.
a) Verificar se há risco de parada cardíaca quando uma tensão V = 300 V é aplicada conforme a figura
acima.
b) Considerado agora que as duas mãos estão juntos, verifique se há risco de parada cardíaca quando
V=300V é aplicada entre um pé e as duas mãos juntas.
c) Calcule a resistência elétrica mínima de uma luva de borracha a ser usada para evitar até mesmo o
leve desconforto, quando uma tensão V = 220V é aplicada conforme a figura.

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3. POTÊNCIA EM CIRCUITOS ELÉTRICOS


3.1 Introdução

Potência e energia são conceitos similares, mas diferentes. Enquanto potência pode ser definida como a
variação de energia no tempo, energia representa a potência consumida em um intervalo de tempo. Cada
equipamento tem a sua potência especificada de fábrica. Por exemplo, um chuveiro de 6000 W de potência,
consumirá 6 kWh de energia, caso fique ligado durante uma hora. Por outro, se o chuveiro ficar ligado
apenas 20 minutos, seu consumo de energia será de 1500 Wh ou 1,5 kWh.
Matematicamente, a potência pode ser representada pelo operador derivada, enquanto a energia pode ser
representada pela integral da potência.

P = dE
dt

E  P.dt
Para P constante, E = P.t ou P = E/t

Em circuitos elétricos resistivos, a potência é determinada a partir das expressões:

P = V . I = R . I2 = V2
R

Em circuitos elétricos deve ser grande o cuidado com o valor da potência de cada componente, pois a
causa mais frequente de dano de componente é o superaquecimento, ou seja, submeter o componente a uma
potência superior à máxima estabelecida pelo fabricante. Pela equação acima, fica claro que o aumento de
potência pode ser obtido, primeiramente aumentando-se a tensão aplicada ao circuito.
Diferença entre potência e energia: imaginem que se deseja ferver uma certa quantidade d’água. Para
isto pode-se utilizar um forno de microondas ou um fogão. Em ambos os casos, a energia necessária para
ferver a água será a mesma (salvo perdas no sistema), mas como o forno de microondas possui uma potência
maior, ele gastará menos tempo para ferver a água.

3.2 Potência de um Circuito Série

A potência total em um circuito série é dada pela expressão:

PT = V . I com V = Req . I PT = Req . I2

Como a potência total em um circuito série é igual à soma das potências individuais sobre cada
resistor, temos:

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PT = P1 + P2 + P3 + .... + Pn

Ex. Dado o mesmo circuito anterior:

10  Determine a potência total entregue pela fonte e as


potencias individuais.

200 V I 63 

27 

Req = 10 + 63 + 27 = 100  PT = 200 . 2 = 400 W

I = 200 = 2A P 1 = 20W; P2 = 126 W; P3 = 54 W


100
PT = P1 + P2 + P3 = 400 W

3.3 Circuito aberto e Curto-circuito

Um circuito aberto em um circuito apresenta uma resistência muito alta que impede a passagem de
corrente.

I=0 I1 I2 I3

I1 = I2 = I3 = 0
V R1 R2 R3

I
I1 I3
I2 = 0 I = I 1 + I3

V R1 R2 R3 I2 = 0

Um curto-circuito, por sua vez, é um ponto de resistência muito baixo por onde fui uma corrente
muito alta. Como a resistência do curto é aproximadamente zero, a corrente circulará, na sua totalidade, pelo
curto e a tensão entre A e B será aproximadamente zero (idealmente será zero).

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A
I2
I1 I3
Fio condutor
V R1 R2 R3
I
B

Na figura acima, existindo o curto-circuito entre A e B, os três resistores em paralelo ficarão curto-
circuitados, as correntes I1, I2 e I3 serão nulas e toda a corrente I passará pelo curto-circuito. Assim os
resistores associados em paralelo com um curto-circuito não consumirão sua corrente normal, tendo
idealmente uma corrente nula atravessando-os.

Ex. Considere o circuito abaixo:

90 V 10  30  5

a) Qual será a corrente no ramo 2 quando houver um circuito aberto entre a fonte e R1?

I2 = 0 , pois com o circuito aberto a resistência vista pela fonte será aproximadamente infinita.

b) Calcule a corrente total no circuito quando o resistor R1 estiver aberto.

I2 = 90 = 3 A ; I2 = 90 = 18 A ; IT = 3 + 18 = 21 A
30 5

c) Calcule a corrente sobre R3 quando houver um curto-circuito em R2.

I3 = 0

3.4 Potência em Circuitos Paralelos

Como cada ramo do circuito paralelo dissipa uma potência que depende da corrente fornecida pela
fonte a cada ramo, a potência total no circuito é igual a soma das potências em cada ramo.
PT = P1 + P2 + P3 + ... + Pn

A potência total também pode ser calculada pela expressão:

PT = V . IT

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A potência dissipada em cada ramo é:

Pn = V . In ou Pn = Vn = V2 . Gn ; Onde “n “ é o número do ramo.


Rn

Ex. Calcule a potência total e em cada ramo para o circuito abaixo, com: R1 = 10; R2 = 30; R3 = 5 e V
= 90V.

I1 = 9A
In = V
I2 = 3A
Rn
I3 = 18A
V R1 R2 R3

P1 = 810W
Pn = V . In
P2 = 270W
P3 = 1.620W

PT = 810 + 270 + 1.620 = 2.700W

3.5 Exercícios de Potência Elétrica

a) Um farol de automóvel de 60 W está em paralelo com um desembaçador traseiro de resistência


desconhecida. Sabendo que ambos são alimentados com 12 V e que a corrente total que alimenta
estas duas cargas é de 13 A, determine a resistência do desembaçador traseiro.

b) Uma residência é alimentada com 220 V. Abaixo é apresentado a relação dos equipamentos elétricos
e o respectivo tempo de uso diário:
 Chuveiro elétrico de 4600 W – 20 minutos
 Máquina de lavar/secar roupas de 3500 W – 1 hora
 Forno de Micro-ondas 980 W – meia-hora
 Geladeira de 600 W – 12 horas
Sabendo que o disjuntor geral é de 40 A, determine quais equipamentos (máximo) abaixo podem ser
ligados simultaneamente, sem que o disjuntor geral abra.
Considerando uma tarifa de R$ 0,35/ kWh, calcule o valor da conta mensal desta residência.

c) Um chuveiro elétrico dispõe de três ajustes de temperatura da água, baseado em três resistências: 14
, 10  e 8  . Determine qual a potência máxima deste chuveiro, considerando que ele deve ser
ligado em 220 V. Especifique o disjuntor para proteção deste chuveiro, considerando um fator de
segurança de 10% e disjuntores comerciais (10 A, 15 A, 20 A, 25 A, 30 A...).

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3.6 Potência e Correção de Fator de Potência

Potência é a quantidade de trabalho executado em um intervalo de tempo. A potência instantânea é formada


por duas parcelas, denominadas potência ativa e reativa, ambas vetoriais, cuja soma é chamada de potência
aparente, medida em Volt-ampére [VA] e designada pela letra S, ou seja,

V2
Potência Aparente  S  V  I * => unidade [V.A] ou S  I  Z 
2
.
Z
A parcela P (potência ativa) quantifica o trabalho útil produzido pelo circuito, por exemplo:
 Mecânico: nos motores;
 Térmico: aquecedores;
 Luminoso: nas lâmpadas.

A potência ativa P (“pura”) é uma potência que é absorvida em circuitos cuja carga tem uma característica
puramente resistiva, sendo medida em watt [W] e expressa por:

Pmédia = V  I  cos => P  S  cos (potência ativa)

A potência reativa Q representa quanto da potência aparente foi transformada em campo magnético, ao
circular, por exemplo, através de motores de indução e reatores, ou campo elétrico (armazenado nos
capacitores), sendo medida em Volt-Ampere-reativo [Var] e expressa por:

Q = V. I . sen.

A potência reativa além de não produzir trabalho, circula entre a carga e a fonte de alimentação, ocupando
um espaço no sistema elétrico, o qual poderia ser utilizado para fornecer mais energia ativa, exigindo da
fonte e do sistema de distribuição uma potência adicional e conseqüentemente, uma corrente adicional.

Fator de Potência: É a razão ente a potência média e a potência aparente.


P
FP  cos   (adimensional)
S
Obs. 1) Para um circuito resistivo FP = 1 (P = S)

Exemplo: 1) Equipamento com potência de trabalho de 10 kVA e tensão de 220 V não deve operar
com uma corrente maior que 45,45 A (valor em módulo).
2) O valor da potência em VA de equipamento é igual a potência em Watt quando FP = 1.
Isto acontece quando a impedância total do sistema Z  ,   0o (cargas resistivas).

Potência Reativa: Q  V  I  sin  (VAr)


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Exemplo: Equipamento No Break com 7500 VA e Fp = 0,5 consome 3750 W e 6495,19 Var.
P  7500  0,5  3750 W
Q = 7500.0,86 = 6495,19 Var

Analogia:  Caneco de Chopp

Triângulo de Potências
Cargas Indutivas Cargas Capacitivas

S  P  jQL
P  P 0o S  P  jQC
QL Encontre
Exemplo: QC  Fp
QL 90o o número total de Watts, Var e VA e o fator de potência 90
QC do o
circuito abaixo. Desenho
o triângulo de potência e encontre a corrente em forma fasorial.

Carga 1 +
-
0 Var
100 W
+

Carga 2 Carga 3
220 V 700 Var 1500 Var (C)
200 W 300 W

Carga W Var VA
1 100 0 100
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2 200 700 indutivo


2002  7002  728,00
3 300 1500 capacitivo
300 2  1500 2  1529,7
PT  600 QT  800 capacitivo ST  6002  8002  1000
1000  100  728  1529, 71

𝑃𝑇 600 𝑊
𝐹𝑝 = 𝑆𝑇
= 1000 𝑉𝐴
= 0,6 𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜 (𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜)

1000
𝐼= = 4,55 |53,130 𝐴
220

Exercício 1): Um equipamento elétrico foi projetado para consumir 5 kVA operando a 100V com Fp = 0,6
(atrasado). Qual a impedância do equipamento?
5000VA
I  50VA   arccos 0, 6  53,13o atrasado .
100
V = Z.I
Z= 100 V / 50 A = 2 Ω | 53,13o

Indutivo  I atrasado em relação a V de 53,13º (ou podemos dizer também: V está adiantado em relação a I
de 53,13º).
*************************************

Exercício 2) Para o sistema da figura abaixo

12 Lâmpadas Aquecedor Motor


208 V 60 W 6,4 kW FP=0,72
5 HP
Η=82%

a) Encontre a potência ativa, reativa, aparente e o fator de potência de cada carga.


b) Encontre a potência ativa total, pot. Reativa total e o fator de potência do sistema. Desenhe o
triângulo de potências.
c) Encontre a corrente da fonte I.
Respostas:
a) P1 = 720W, Q1 = 0, S1 = 720 VA, FP1= 1,0

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P2 = 6,4 kW, Q2 = 0 Var, S2 = P2=6,4 kW e FP2 = 1,0


P3 = 4548,78 W, Q3 = 4383,51 Var, S3 = 6317,25 VA e FP3= 0,72
b) PT= 11668,78, QT= 4383.51, ST= 12464,97 VA e FP = 0,936
c) I = 59,93 | -20,600 A

Correção de Fator de Potência


Exemplo: Um motor de 5 HP com um Fp = 0,6 atrasado e cuja eficiência é de 92% está conectado a uma
tensão de 208V e 60Hz.

a) Construa o triângulo de potência para a carga:


b) Determinar o valor do capacitor que deve ser ligado em paralelo com a carga para a mesma obter
um Fp = 1.
c) Compare a corrente de fase do circuito compensado a corrente não-compensada.
d) Determinar o circuito equivalente.
e) Determinar o capacitor para corrigir o fator de potência para 0,92.
P  5HP  5  746  3730W
3730
PConsumido   4054,35W
0,92
cos   0, 6    53,13o
a)
QL
tg   QL  5405, 78 VAR
PL

S  P 2  Q 2  6757, 25 VA

b) QC  5405,8 VAR V2 2082


QC   xc   8
xc 5405,8
1
𝐶= = 331,57 𝜇𝐹
2. 𝜋. 𝑓. 𝑋𝑐

c)
INC = 6757,25 VA / 208 V
INC = 32,49 A |53,13º
IC = 4054,35 / 208 V
IC = 19,49 A |0o

d) V = Z.I
Sistema Não compensado
Z = 208 V / 32,49 A = 6,4  |53,13º
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INSTALAÇÕES PREDIAIS II - Prof. Raimundo Teive

e) C = 225,55 µF / 400 V.

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