Você está na página 1de 58

1.

0 TRANSFORMADORES

Antes de iniciarmos o estudo sobre os fundamentos de transformadores,


vamos mostrar alguns conceitos básicos que podem servir como suporte no
entendimento de alguns tópicos deste material.

1.1 – Conceitos básicos

1.1.1 – Correntes parasitas ou correntes de Foucault


"Quando houver variação de fluxo magnético num condutor, surgirá entre
seus terminais uma f.e.m. induzida".
Quando uma corrente elétrica circula por uma bobina, cria-se um campo
magnético. Se inserirmos uma barra de material ferromagnético (núcleo) no interior
dessa bobina, os seus domínios magnéticos se orientarão de acordo com o fluxo
magnético gerado, e as linhas de indução circularão por este material. Este processo
é utilizado para vários fins, como, por exemplo, os eletroímãs e na conversão
eletromagnética de energia (máquinas elétricas girantes e transformadores).
Como o material ferromagnético (núcleo de ferro) usado nas máquinas
elétricas e transformadores é bom condutor de eletricidade, toda vez que houver
fluxo variável passando por ele, haverá uma f.e.m. induzida; e como a resistência é
muito baixa, causa circulação de correntes induzidas muito elevadas, chamadas de
correntes de Foucault, como mostra a figura 5.1.

Quando ocorre este fenômeno, há dissipação de considerável quantidade


de energia, em forma de calor, causando o aquecimento do núcleo.
De acordo com o princípio de Lenz, o campo magnético das correntes de
Foucault desmagnetiza o campo indutor e provoca distribuição desigual do fluxo no
núcleo.
Em alguns casos esta corrente parasita tem aplicação útil, como nos fornos
de indução. Mas em transformadores e máquinas em geral, esta corrente é nociva
ao funcionamento.
As correntes de Foucault podem ser minimizadas, modificando-se o modo de
construção do núcleo. Como a resistência de um material é inversamente
proporcional à seção transversal, diminui-se a seção do núcleo, laminando-o em
chapas finas. Após laminado, monta-se o pacote de chapas isoladas de acordo com
o formato do núcleo. A isolação pode ser feita pelo próprio óxido do material ou, em
alguns casos, uma fina camada de verniz. Não se pode esquecer que a laminação
deve estar no sentido do fluxo magnético.
Então, para construir o núcleo de uma máquina elétrica não basta escolher
um condutor de linhas de indução; tem que ser um material ferromagnético e que
não sofra muita perda, devido às correntes de Foucault.

1.1.2 – Histerese magnética

O termo histerese vem do grego histeresis, que significa atraso.


Quando um material ferromagnético está desmagnetizado, seus domínios
magnéticos estão dispostos de maneira aleatória. Idealmente, é assim que se
deveria comportar o material que forma o núcleo das máquinas elétricas.
Vimos que as máquinas elétricas são constituídas de bobinas e, em seu
interior, o núcleo auxilia na conversão eletromagnética. Quando estes enrolamentos
são percorridos por uma corrente alternada, verifica-se que o fluxo magnético
produzido tem o mesmo comportamento, ou seja, variável no tempo. É exatamente
este fluxo que irá direcionar os domínios magnéticos do material que forma o núcleo.
O direcionamento dos domínios magnéticos consiste no processo de magnetização
de um material ferromagnético, que será analisado a partir de um núcleo, colocado
no interior de uma bobina ligada a uma fonte, que permite variar o
valor da corrente e inverter o seu sentido (simulando a CA).
A análise deve partir do ponto em que o material que constitui o núcleo não
esteja magnetizado e que os domínios magnéticos estejam voltados a direções
diversas.
A curva do gráfico 5 será analisada em função de dois eixos ortogonais,
sendo que o eixo horizontal representará o campo magnético H produzido pela
bobina, que, de acordo com a corrente alternada, pode ser positivo ou negativo. O
eixo vertical representará a densidade de fluxo magnético B no núcleo.
Partindo de um material ferromagnético desmagnetizado, ao analisar a curva,
perceberemos a partir da origem (ponto 0) que, com o aumento do campo magnético
indutor H, aumenta também a densidade do fluxo S, quase à mesma proporção, até
atingir a saturação magnética no ponto x.
O ponto de saturação magnética indica que todos os domínios magnéticos do
núcleo estão alinhados no sentido do campo magnético H.
Diminuindo-se o campo magnético H, através da redução de corrente, a
densidade de fluxo magnético S no núcleo também decresce; porém, o seu retorno
não acontece sobre a linha original.
Quando o campo indutor anula-se, devido à corrente, percebe-se que ainda
existe uma densidade de fluxo S no núcleo, ou seja, mesmo sem campo H alguns
domínios magnéticos continuam orientados. Diz-se, então, que existe um
magnetismo residual ou magnetismo remanescente no ponto B r.
Invertendo-se a fonte (simulando o outro semiciclo da CA) à corrente, inverte-
se o seu sentido. Percebe-se que, ao aumentar o campo magnético, anula-se o
magnetismo residual, e os seus domínios magnéticos ficarão desorientados. O
campo indutor capaz de zerar o magnetismo remanescente é chamado de força
coercitiva, ponto Hc.
Continuando a aumentar o campo indutor -H, percebe-se que os domínios
magnéticos estarão se alinhando em sentido contrário até atingir a saturação
inversa, no ponto -X.
Reduzindo-se a excitação da bobina magnetizadora, através da corrente, a
densidade de fluxo B diminui, e quando a corrente é nula, ainda existem alguns
domínios magnéticos alinhados, ou seja, um magnetismo residual, no ponto -Br.
Invertendo novamente a corrente (outro semiciclo da CA) e aumentando a sua
intensidade, novamente irá desmagnetizar o material, e continuando a aumentar o
campo H chega-se novamente à saturação positiva. A partir deste ponto, o ciclo se
repete.
A perda por histerese se deve ao trabalho de orientação e desorientação dos
domínios magnéticos. Quanto maior for a força coercitiva, mais difícil se tornará a
desmagnetização do material; portanto, mais perdas ocorrerão.

1.2 - Transformador

Transformador é um equipamento elétrico que, por indução


eletromagnética, transforma tensão e corrente alternada, entre dois ou mais
enrolamentos, com a mesma frequência e, geralmente, com valores diferentes de
tensão e corrente.
O enrolamento ou circuito ligado à rede elétrica é chamado de primário.
Dependendo do acoplamento magnético entre os dois circuitos, a energia elétrica do
enrolamento primário é transferida para o outro circuito ou enrolamento, denominado
secundário.

Se os dois circuitos são frouxamente acoplados, como no caso do


transformador a núcleo de ar, pouca energia é transferida do primário para o
secundário. Se os dois enrolamentos estão num núcleo comum de ferro, eles estão
fortemente acoplados e, nesta situação, toda energia do primário será transferida
para o secundário, por ação transformadora. A figura 5.3 representa um
transformador.
A transferência de energia nos transformadores pode elevar a tensão,
quando a tensão do primário for menor que no secundário. Diz-se, então, que o
transformador é elevador. O mesmo transformador pode ser usado de forma a
reduzir a tensão; neste caso é chamado transformador abaixador.
O transformador pode ser classificado quanto ao número de fases, quanto
ao núcleo e quanto à aplicação.

Quanto ao número de fases:


 Monofásico;
 Polifásico.
Quanto ao núcleo:
 núcleo envolvido - utilizado para altas tensões, em consequência tem muitas espiras
e uma boa isolação para alta tensão. É caracterizado por correntes de pequena
intensidade e pequeno fluxo magnético;
 núcleo envolvente - usado para baixas tensões e, por isso, tem poucas espiras,
baixa isolação, correntes elevadas e grande quantidade de fluxo magnético.
Quanto à aplicação:
 transformadores de instrumentos - usados para isolar circuitos de alta-tensão
e alta-corrente, são os transformadores de corrente (TC) e os transformadores de
potencial (TP);
 transformadores de potência - são utilizados normalmente em subestações
abaixadoras e elevadoras de tensão; denominados transformadores de força e
normalmente constituídos para potência acima de 500kVA. Os transformadores
abaixo desta potência são denominados de distribuição e utilizados para abaixar
tensão, distribuindo energia a centros de consumo. Existem outras características de
aplicação, tais como: transformadores para lâmpada de descarga, transformadores
de comando e sinalização, transformadores de isolamento, autotransformadores etc.

1.2.1 - Construção

Basicamente, o transformador é constituído de núcleo e enrolamento,


conforme a figura 5.4:
O núcleo, constituído de chapas de aço silício laminado, é utilizado como
circuito magnético para a circulação do fluxo criado nos enrolamentos.
Os enrolamentos são constituídos por bons condutores, cobre ou alumínio,
com esmalte sintético, papel ou algodão.

1.3. - Princípio de funcionamento

1.3.1 – Transformador ideal

Para análise do princípio de funcionamento dos transformadores é


necessário considerá-los, num primeiro instante; como aparelhos ideais, nos quais
são nulas as resistências elétricas dos enrolamentos, as dispersões magnéticas e as
perdas do núcleo. Para a análise dos diagramas fasoriais, serão consideradas as
correntes devido à histerese e Foucault (IHF), responsáveis pela perda no núcleo.
O funcionamento do transformador baseia-se no princípio de que a energia
pode ser transferida entre dois circuitos devido à indução eletromagnética.
Será considerado o transformador funcionando a vazio e depois com carga.
Funcionamento a vazio - Para análise do transformador a vazio deve-se imaginar
que o enrolamento primário é conectado à rede e o enrolamento secundário está
aberto. Daí dizer que está a vazio.
Ao aplicar uma tensão V1 no enrolamento primário, surge uma corrente no
circuito primário denominada corrente de excitação, I a. Esta corrente de excitação
faz Ia surgir um fluxo magnético que corta o enrolamento do secundário, induzindo
uma f.e.m. E2, que pela lei de Lenz é oposta a V1. Este mesmo fluxo, denominado
fluxo mútuo, corta também os condutores do enrolamento primário induzindo a
tensão E1, também oposta a V1, de acordo com a figura 5.5.
A corrente Ia é resultante da soma das duas correntes, a corrente de
magnetização, Im com a corrente de histerese e Foucault, IHF, ou seja:
Ie = Im + IHF, de acordo com a figura mostrada.
A corrente de histerese e Foucault IHF é a componente da corrente Ie,
responsável pelas perdas por histerese e Foucault (perdas jaulicas), que vão
acontecer no núcleo do transformador devido à circulação do fluxo magnético, e está
em fase com a tensão aplicada V1.
A corrente de magnetização Im é a componente responsável pelo
surgimento do fluxo magnético do enrolamento primário; está atrasada de 90° em
relação à tensão aplicada V1.
Devido ao enrolamento secundário estar aberto, só existe o fluxo gerado no
primário. Este fluxo enlaça ambos os circuitos, concatenando as bobinas de primário
e secundário. Daí ser chamado de fluxo mútuo m. A corrente medida no primário le,
quando em vazio, é a corrente de primário I1,

1.3.2 - Funcionamento com carga - A análise de funcionamento do transformador


com carga é feita a partir da análise a vazio, acrescentando uma carga qualquer no
secundário, conforme a figura a 5.6.
Pode-se observar que surge, no enrolamento secundário, uma corrente I2
com característica de carga, por exemplo, indutiva. Esta corrente I2 vai gerar um
fluxo magnético, no secundário, que devido à Lei de Lenz é contrário ao fluxo
produzido pelo enrolamento primário. Portanto, I2 cria um fluxo desmagnetizante,
que reduz o fluxo do primário e as tensões induzidas E1 e E2 instantaneamente.
A redução da tensão induzida E1 produz uma componente da corrente do
primário denominada I'1, que circula no enrolamento, aumentando o fluxo,
restabelecendo o fluxo mútuo m ao seu valor original, de acordo com a figura 5.7.

1.4 – Relação de transformação

No estudo do transformador com carga, observa-se que os amperes-


espiras do secundário N2.I2 tendem a produzir um fluxo desmagnetizante que reduz
as tensões induzidas e o fluxo mútuo. Como conseqüência, surge uma componente
da corrente do primário denominada I'1, que produz os ampéres-espiras de tal forma
que o fluxo mútuo tenha o seu valor original, ou seja:
N1 . I’1 = N2 . I2

N1 = I2 = 
N2 I’1
Onde
 - é a relação de transformação
I’1 - é a componente de carga da corrente primária
I2 - é a corrente secundária ou de carga
N1 e N2 - são os números de espiras do primário e secundário, respectivamente.

Como a tensão induzida pode ser definida pela lei de Faraday, tem-se:
E1 = N1 . d e E2 = N2 . d
dt dt
Dividindo-se as duas equações, conclui-se que:
E1 = N1 = I2 = 
E2 N2 I’1

Considerando a corrente de excitação Ia muito pequena a ponto de


desprezá-la, e desconsiderando as quedas de tensão nos dois circuitos, pode-se
definir que:
 = E1 = N1 = I2 = V1
E2 N2 I1 V2

Quando se tratar de um transformador real, a relação de espiras N1 coincide


N2

com as relações E1 e I2 diferindo-se V1 e I2.


E2 I’1 V2 I’1

Pode-se concluir que: E1 . I’1 = E2 . I2

Desprezando-se a corrente de excitação Ie, tem-se:


E 1 . I1 = E 2 . I2
Para um transformador ideal sem perdas, não havendo fluxos dispersos primários
nem secundários, pode-se dizer que:
V 1 . I1 = V 2 . I2
Através desta equação verifica-se a definição fundamental de um transformador que
transfere energia de um circuito para outro, ou seja:
V 1 . I1 = P 1
V 2 . I2 = P 2
V 2 . I2 = P 2
Onde
P 1 - Potência do primário
P 2 - Potência do secundário
Então: P1 = P2 (idealmente)
Estas equações também estabelecem um meio de especificar um
transformador em volt-ampères (VA). Daí a potência do transformador ser indicada
em VA ou seus múltiplos.

1.5 – Tensão induzida

A lei de Faraday estabelece a f.e.m. média induzida numa bobina de N


espiras da seguinte forma:

Eméd = N . máx . 10-8 (V)


t

Onde t é o tempo que o fluxo mútuo leva para elevar-se de zero ao valor
máximo, sendo o fluxo  expresso em maxwells (1 weber = 108 maxwells), tornando-
se uma forma de onda senoidal qualquer, tendo uma frequência de F ciclos por
segundos, o fluxo eleva-se ao máximo em um quarto de ciclo:

t = 1 T onde T é o período de oscilação


4

F=1
T

E méd = N . máx . 10-8 = 4F . máx . 10-8 (V)


1/4T

Como a relação do valor eficaz para o valor médio é igual a 0,707/0,636 = 1,11, tem-
se:
E = 1,11Eméd E = 4,44F. N . máx . 10-8 (V)
Donde a relação volts/espira é E/N = 4,44 F máx . 10-8 (V/esp)

E1 = E2 = 4,44 F . máx . 10-8 = K . máx . F


N1 N2

Sendo o fluxo máx = Bmáx . A


Onde
Bmáx – é a máxima densidade de fluxo permissível
A – a área do núcleo do transformador
Tem-se:
E = K . Bmáx . A . F

Esta equação estabelece o máximo fluxo permissível ou a máxima


densidade de fluxo permissível a certa frequência e a certa tensão. Assim, os
transformadores projetados para operação a uma dada frequência não podem ser
operados a outra frequência sem as correspondentes alterações da tensão aplicada.
É possível fazer alterações da frequência de trabalho de um transformador,
desde que sejam obedecidas as mesmas alterações nas tensões. Se a frequência e
a tensão forem reduzidas, a potência em VA do transformador é reduzida e vice-
versa; porém, ao aumentar as tensões, deve-se verificar se a elevação não é maior
que o valor máximo permissível pelo enrolamento.
2.0 – MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

Define-se máquina de corrente continua aquela máquina elétrica que


pode trabalhar como gerador ou como motor de corrente contínua.

2.1 – Componentes Básicos

A máquina CC é composta, basicamente, de duas partes:


uma parte fixa chamada de estator;
 e uma rotórica chamada de armadura ou rotor.
 A figura 2.1 identifica os diversos componentes da máquina que serão descritos nos itens a
seguir. escovas duras ou amorfas;
escovas de baquelite-grafite ou grafite especial;
 escovas de grafite natural, grafite ou carvão-grafite;
escovas de eletrografite;
escovas metálicas
2.1.1 – Estator

O estator é formado por:

Carcaça - Serve como estrutura da máquina e como parte do caminho do fluxo ma-
gnético de um pólo para o outro.

Sapatas polares ou peças polares - São montadas em chapas de aço laminado,


que formam o núcleo para diminuir as perdas por correntes de Foucault.

Enrolamento de campo ou bobina de campo - Instalada em cada sapata polar,


esta bobina é alimentada por corrente contínua, para fornecer o fluxo magnético
responsável pela excitação da máquina. O enrolamento pode ser de dois tipos:
 série - fios grossos e poucas espiras;
 shunt (paralelo ou derivação) - fios finos e muitas espiras.
Os enrolamentos de campo série e shunt podem ser encontrados
individualmente ou juntos nas máquinas CC.

Pólos de comutação ou interpolos - São instalados na região interpolar;


compostos por fios grossos e poucas espiras, são ligados em série com armadura,
com o objetivo de compensar o efeito da reação de armadura.

Conjunto porta-escovas - Tem a função de permitir a instalação das escovas, além


de garantir o posicionamento das mesmas para a comutação.

Escovas - São constituídas de material condutor, que adiante será tema de


discussão, e deslizam sobre o anel comutador quando em movimento,
proporcionando a ligação elétrica entre a parte móvel (armadura) e o exterior da
máquina.
2.1.2 – Armadura

A armadura é formada por:

Eixo - Elemento que transmite a potência mecânica da ou para a máquina (motor e


gerador, respectivamente).

Núcleo - Constituído de um pacote de chapas magnéticas sobre o eixo. Têm, em


sua periferia, ranhuras onde são colocadas as bobinas.

Enrolamento da armadura - É colocado nas ranhuras existentes na periferia do


rotor, no qual vai surgir, por indução magnética, a f.e.m. que dá origem à corrente da
máquina.

Anel comutador ou simplesmente comutador - É constituído de lâminas de cobre


duro ou bronze isoladas entre si e montadas no eixo da máquina, formando um
corpo único. É o comutador que faz a retificação da f.e.m. gerada no enrolamento da
armadura. É, também, responsável pela alimentação de todas as bobinas para fazer
circular a corrente que produzirá a ação motora.
O anel comutador é uma parte importantíssima, pois além de retificar a
tensão gerada na armadura é ainda o elo entre a armadura e a parte estacionária da
máquina. Entre a armadura e as sapatas polares existe um espaço chamado de
entreferro, que deve ser o menor possível, de modo a deixar que o núcleo gire
livremente sem encostar na sapata polar.

2.2 – GERADOR DE CORRENTE CONTÍNUA

E uma máquina, que, por meio de indução eletromagnética, transforma a


energia mecânica em energia elétrica sob forma de tensão e corrente contínua.

Princípio de funcionamento

O princípio de funcionamento do gerador CC se baseia na lei de Faraday,


que já foi citada e diz:
"Um condutor imerso num campo magnético, desde que haja movimento relativo
entre eles (condutor e campo), induz em seus terminais uma d.d.p. ou tensão indu-
zida".

Este enunciado é para o gerador elementar, que tem apenas um condutor e


um par de pólos.
A realidade é que o gerador CC dispõe de vários condutores, que formam a
armadura, e não necessariamente tem de apresentar um par de pólos; mas isto não
é razão para que se deixe de lado o gerador elementar para continuar a explicação
apenas do gerador comercial, pois a diferença estará exatamente na quantidade
destes elementos.
A figura 3.1 analisa a ação da espira em seu movimento de rotação no
campo. Pode-se observar que a armadura (neste caso, a espira dentro do campo
magnético) é constituída de dois condutores, um que sobe e o outro que desce para
estabelecer o movimento giratório; daí a apresentação da espira com um condutor
preto e o outro branco.

2.2.1 – Tensão alternada

A tensão gerada pelas espiras das máquinas girantes é alternada. Para


comprovar que a espira gera uma tensão alternada, mostraremos um gerador que
tem anéis coletores.
Para analisar o funcionamento do gerador elementar CA ou CC, deve-se
considerar a posição da espira definida pelo vetor perpendicular ao seu plano. É
importante, também, não esquecer que a tensão gerada depende de:
Eg = B . I . v . sen
Onde:
Eg - tensão gerada
B - densidade do fluxo magnético
I - comprimento ativo do condutor
v - velocidade do movimento relativo
 - ângulo formado entre o condutor retilíneo e os sentidos das linhas de indução
Tomando-se como referência sempre o condutor preto, por exemplo, e a
espira na posição A, zero grau, como indica a figura 3.2, observa-se que a tensão
induzida na espira é zero. Neste ponto diz-se que a bobina não é "cortada" pelas
linhas de indução.

Da posição A para a posição B houve um giro de 90°, em sentido horário.


Devido à intensidade do campo magnético, e ao comprimento ativo do material e a
velocidade serem constantes, a tensão e a corrente variarão com o seno do ângulo
formado, isto é, aumentando positivamente de zero volt até o máximo ou valor de
pico. Em 90° diz-se que a espira está sendo "cortada" por um número máximo de
linhas de indução.
Da posição B para C a espira girou de 90° para 180°; de acordo com os
mesmos valores constantes, o valor da tensão e corrente foi decrescendo do valor
máximo (de pico) para zero volts, quando em 180°.
Da posição C para posição D, a espira girou de 180° para 270°. Tomando-
se como referência o mesmo condutor preto, percebe-se que o valor da tensão e/ou
corrente começa a crescer, porém agora negativamente, atingindo o máximo em
270°.
Da posição D para posição A, a espira girou de 270° para 360°. Como o
seno está aumentando negativamente, o valor da f.e.m. induzida na espira também
irá decrescer negativamente, voltando para zero em 360°.

2.2.2 – Conversão da tensão alternada em contínua

Como já vimos, as máquinas girantes produzem tensão alternada nos


terminais da armadura. Quando se refere ao gerador de corrente contínua, significa
que é usado um dispositivo mecânico para fazer a conversão desta tensão alternada
em tensão contínua, chamado de anel comutador.
O anel comutador do gerador elementar (possui uma espira e dois pólos)
consiste de dois segmentos ou semi-anéis isolados um do outro, bem como do eixo
e do pacote magnético que compõem a armadura. Os dois terminais condutores que
constituem a espira são ligados a cada semi-anel, e as escovas devem estar
apoiadas sob pressão para fazer o contato deslizante entre a armadura e a caixa de
ligação ou circuito externo, conforme a figura 3.3:

Na posição A não existe f.e.m. induzida, pois o ângulo formado entre as


linhas de indução e os condutores é 0°. Pode-se observar, também, que os dois
semi-anéis, ou simplesmente os dois condutores da armadura, estão sendo curto-
circuitados pela escova.
Da posição A para posição B, observa-se que o condutor preto está
descendo e sendo "cortado" cada vez mais pelas linhas de indução, isto é, o ângulo
formado por ele, em relação ao campo magnético, está crescente. Em
conseqüência, a tensão e a corrente também estão crescentes, pois E g = B.l.v.sen.
De acordo com a regra da mão direita, o potencial deste condutor será positivo e
atingirá seu valor máximo em 90°.
Da posição B para a posição C, o seno do ângulo decresce e tanto a tensão
quanto a corrente acompanham, tornando-se zero em 180°. Neste instante pode-se
observar, na figura 3.3, que as escovas estão curto-circuitadas os segmentos do
anel comutador, ocasionando então a comutação. De 0° até 180° a escova indicada
como positiva deslizou sobre o segmento que está conectado ao condutor preto, e a
escova indicada como negativa deslizou sobre o segmento que está conectado ao
condutor branco. A partir de 180° até 360° haverá uma troca: o condutor branco
definirá a polaridade positiva da tensão e corrente, de acordo com a regra da mão
direita.
Da posição C para posição D, de 180° a 270°, a análise é idêntica àquela
da posição A para B; a única diferença é que agora o condutor branco está
descendo, será ele o responsável pela geração do potencial positivo e o preto pelo
potencial negativo, conforme a regra da mão direita.
Da posição D para a posição A, ou seja, de 270° a 360°, a análise também
é idêntica àquela da posição B para posição C. O condutor branco continua
descendo e o seno do ângulo agora está diminuindo, fazendo com que a tensão e a
corrente atinjam em 360° o valor zero.
A partir deste ponto, o que se observa é a repetição de todo o ciclo,
obtendo tensão e corrente contínua pulsante, que dificilmente será utilizada como
alimentação em CC.
Para se obter uma melhor forma de onda de saída do gerador, isto é, uma
tensão e, por conseguinte uma corrente mais contínua, com menos ondulação,
deve-se usar um número maior de espiras e, consequentemente, mais segmentos
do comutador, conforme a figura 3.4.
Portanto, quanto maior for o número de espiras que constituem a armadura,
melhor será a sua forma de onda, ou seja, mais contínua será a tensão de saída.
Para haver uma boa comutação, é necessário que as escovas estejam
localizadas onde os condutores que vão fazer a comutação não tenham diferença de
potencial, ou seja, exatamente na linha neutra.

Linha neutra ou zona neutra

É a região no interior da máquina onde os deslocamentos dos condutores


na armadura não cortam as linhas de força do campo; portanto, não possuem f.e.m.
induzida. As escovas fazem contatos com as lâminas do comutador
correspondentes aos condutores que se deslocam na linha neutra; caso contrário, as
lâminas ficariam em curto-circuito através das escovas, provocando o
centelhamento.

2.3 – Gerador comercial

A diferença do gerador comercial com o gerador elementar está na


construção. Como já foi citado, um gerador de uso industrial ou para qualquer outro
fim pode ter mais de dois pólos; para se obter uma f.e.m. induzida maior usa-se na
armadura não apenas uma espira e, sim, várias espiras ou bobinas visando
aumentar o comprimento ativo do condutor, que é citado na expressão Eg =
B.l.v.sen. Para que haja uma tensão e corrente mais contínua devem existir várias
bobinas formando a armadura e, consequentemente, o comutador com maior
número de lâminas. Além disto, não se pode esquecer que estas bobinas que
formam a armadura estão ligadas em série e no meio de um pacote de chapas
magnéticas para melhorar a permeabilidade magnética do meio e diminuir as perdas
por correntes de Foucault.

2.4 – Equação fundamental da tensão gerada

Conforme visto anteriormente, o princípio básico da tensão gerada se


resume na lei de Faraday.
A fim de calcular a f.e.m. resultante entre as escovas, é necessário
determinar a f.e.m. média induzida num condutor único em um quarto de volta, 90°
elétricos, em que o condutor se move, partindo de uma posição central da zona
interpolar para uma posição diretamente sob o centro de um dado pólo. Como
mostra a figura da forma de onda do gerador elementar, uma bobina gira até atingir
sua tensão máxima em um quarto de volta. A f.e.m. média induzida em cada
condutor pode ser derivada da seguinte forma:
Deve-se imaginar que o fluxo total, produzido entre os pólos do gerador
elementar, consiste de  linhas e que t é o tempo requerido para atingir os 90°
elétricos, isto é, a um quarto de volta. Uma vez que o fluxo magnético concatenado
variou de zero ao máximo em um quarto de volta, a f.e.m. induzida numa única
espira em uma bobina de dois condutores neste período é de:

2.5 – Circuito elétrico das máquinas CC e codificação dos terminais

As máquinas de corrente contínua podem ser classificadas de acordo com


a conexão do enrolamento de campo em:
1. máquina série - o enrolamento de campo série é constituído de poucas espiras de
fios grossos e ligado em série com o enrolamento da armadura;
2. máquina shunt ou paralela - o enrolamento do campo shunt é constituído de muitas
espiras de fio fino e ligadas em paralelo, digo shunt, à armadura;
3. máquina composta - é constituída de dois enrolamentos, série e shunt. Sua ligação é
de acordo com os enrolamentos.
As máquinas shunt e composta podem ser, ainda, de excitação
independente ou auto-excitada. No primeiro caso a tensão da armadura é
independente da tensão aplicada ao enrolamento do campo shunt; e na ligação
auto-excitada a tensão da armadura é a mesma aplicada ao campo shunt.
As figuras a seguir, 3.5 e 3.6, apresentam as simbologias dos enrolamentos
das máquinas CC, sua identificação de terminais e as ligações das máquinas série,
shunt e composta.

Identificação de terminais
DIN ABNT
Enrolamento
Armadura A–B A1 – A2
Campo shunt C–D E1 – E2
Campo série E–F S1 – S2
D1 – D2
Interpolo G–H B1 – B2
Compensação Gc - Hc C1 – C2
Shunt independente J-K F1 – F2
2.6 – Reação da armadura
Existem dois fluxos nas máquinas CC: um é produzido na armadura; o outro
é o fluxo do campo produzido pelos enrolamentos série e/ou shunt.
A interação dos dois fluxos gera a distorção do fluxo magnético - resultante,
fazendo com que o neutro magnético fique deslocado, originando uma concentração
de fluxo numa extremidade e uma redução do fluxo na outra extremidade do mesmo
pólo, fenômeno conhecido como reação da armadura. A figura 3.7 apresenta os dois
fluxos produzidos pelo campo e pela armadura com os respectivos diagramas
fasoriais.
Estando a máquina funcionando a vazio, a linha neutra geométrica coincide
com a linha neutra magnética. Ao colocar carga na máquina, a linha neutra
magnética desloca-se de um ângulo qualquer em relação à linha neutra a vazio.
Nas maquinas CC é comum a utilização de enrolamentos denominados
interpolos e enrolamentos compensadores para diminuir o deslocamento da linha
neutra e, assim, o centelhamento.
O centelhamento é proporcional à carga e, portanto, a corrente de carga
deve circular pelo interpolo e pelo enrolamento compensadores; por isso, são
ligados em série com a armadura.
Quando necessário, deve-se fazer o deslocamento das escovas no sentido
da rotação para melhor comutação.

2.6.1 – Inconvenientes de reação da armadura

A reação da armadura pode ser minimizada com a instalação dos


enrolamentos de interpolos e compensação. A utilização destes enrolamentos só
será eficiente caso as escovas estejam localizadas corretamente.
Os maiores inconvenientes da reação da armadura são:
 diminuição da tensão gerada quando estiver com carga, podendo ser compensada
com aumento de excitação;
 formação de arco elétrico em volta do comutador, podendo ser chamada de
centelhamento ou flash;
 redução da vida útil do comutador e das escovas.

2.7 – Tipos de geradores

Os geradores de corrente contínua são classificados de acordo com a


maneira de fornecer a corrente de excitação ao campo. A corrente de excitação do
gerador é contínua e pode ser fornecida por uma fonte externa ou pelo próprio
gerador.
Quando é o próprio gerador que fornece a corrente de excitação diz-se que
é auto-excitado, ou tem excitação própria. Quando a corrente é fornecida por uma
fonte externa, diz-se que a máquina é de excitação independente ou excitação em
separado.

2.7.1 – Gerador autoexcitado


Os geradores auto-excitados dependem do magnetismo residual existente
nos pólos do gerador. Para surgir f.e.m. no enrolamento da armadura, é necessário
que as espiras girem no interior do campo remanescente. O magnetismo residual do
gerador original cria uma pequena f.e.m. nas bobinas da armadura, fazendo circular
uma corrente no enrolamento de excitação, que forma um campo magnético,
fortificando o magnetismo residual.
Desta forma, o campo magnético é aumentado, desenvolvendo uma f.e.m.
maior, fazendo circular uma corrente maior no enrolamento de excitação e
aumentando o campo.
Este ciclo se repete até a obtenção de um campo normal.
As ligações de campo destes geradores exigem um cuidado especial, para
não destruir o magnetismo residual; se isto ocorrer, a bobina de campo deverá ser
alimentada por uma fonte externa de corrente para nova polarização.
Os geradores auto-excitados podem ser:
 série;
 shunt;
 composto.

2.7.1.1 – Gerador série - Possui o enrolamento de campo em série com a armadura


e transporta a corrente total da máquina. Essas bobinas são formadas, em
consequência, por condutores de fios grossos e com poucas espiras. A figura 3.8
apresenta o gerador série.
Características de tensão nos geradores série - Em vazio, o gerador série
não tem capacidade de efetuar sua auto-excitação; portanto, a tensão nos terminais
é muito pequena.
A tensão nos terminais varia acentuadamente com a carga e permanece
constante na faixa da saturação do núcleo. Se aumentarmos demasiadamente a
corrente na carga, a tensão nos terminais começa a decrescer, devido à queda de
tensão na resistência de campo e da armadura.

2.7.1.2 – Gerador shunt - Tem enrolamento de campo ligado em paralelo com os


bornes da armadura, ou ligado a uma fonte independente da armadura. Esta bobina
tem muitas espiras de fio fino e transporta uma pequena corrente. A corrente no
campo shunt depende da tensão aplicada.
A figura 3.9 apresenta o gerador elementar shunt.

Características de tensão de um gerador shunt - Em vazio, o gerador shunt


auto-excitado excita, com seu magnetismo residual, a máquina até o valor de sua
f.e.m. a plena carga, e a queda de tensão é praticamente nula.
Os geradores shunt, funcionando a vazio e em condições normais,
fornecem uma tensão praticamente constante.
Se aumentarmos a carga indefinidamente, a corrente também aumenta e a
tensão do gerador cairá rapidamente, porquê:
 o fluxo em cada pólo diminui devido à reação da armadura, que enfraquece o
campo;
 ao diminuir a tensão nos terminais do gerador, a corrente de excitação também
diminui, reduzindo mais ainda a tensão do gerador.

2.7.1.3 – Gerador composto. Tem, conforme o nome, uma excitação composta em


que o fluxo é criado pelo campo shunt e pelo campo série. São dois enrolamentos
independentes: um, de grande número de espiras de fios finos ligado em paralelo
com a armadura; e outro, de pequeno número de espiras de fios grossos ligado em
série com a armadura ou com o circuito externo. Estas bobinas são montadas
sobrepostas nos pólos dos geradores.
Se a excitação série for ligada em sentido inverso, isto é, de modo que se
oponha ao campo de excitação shunt, diz-se que o gerador é composto diferencial.
Mas se o campo shunt for no mesmo sentido do campo série, é chamado
de composto cumulativo.

Características de tensão nos geradores compostos - A queda de tensão


observada nos terminais de um gerador série com o aumento da carga torna-se
indesejável para aplicação onde é essencial uma tensão constante.
No gerador composto pode-se compensar a queda da tensão na armadura,
por excitação extra, obtida pela circulação da corrente de carga nas bobinas série
dos pólos. Colocando um número adequado de espiras em série, consegue-se uma
tensão normal nos terminais do gerador com carga, compensando a queda de
tensão.
Com o aumento do número de espiras em série consegue-se uma tensão a
plena carga superior à tensão a vazio; neste caso, diz-se que o gerador é
supercomposto.
Com a redução do número de espiras em série, tem-se o gerador
subexcitado.

2.7.2 – Gerador com excitação independente

O gerador de excitação independente tem a corrente de excitação fornecida


por um circuito externo, independente, que tanto pode ser de um outro gerador como
de uma bateria de acumuladores ou qualquer outra fonte.

A excitação independente responde com maior rapidez e precisão às


variações de resistência do circuito de excitação, e por isso é utilizada quando tem
importância uma resposta rápida e precisa ao controle.
Características de tensão dos geradores independentes - Considerando
constante a corrente de excitação e a velocidade, nota-se uma diminuição na tensão
dos terminais da armadura devido a:
 redução do fluxo por pólo;
 queda de tensão na armadura (Ra - Ia) provocada pela circulação de corrente de
carga nos enrolamentos de armadura, onde Ra é a resistência equivalente de todo o
circuito da armadura.
3.0 – MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA

O motor CC é uma máquina que, ligada a uma tensão e corrente contínua,


transforma a energia elétrica em energia mecânica e energia calorífica.
A construção do motor de corrente contínua é idêntica à do gerador CC.

3.1 – Princípio de funcionamento

O funcionamento do motor de corrente contínua baseia-se no princípio do eletro-


magnetismo, que diz:

"Todo condutor, percorrido por uma corrente elétrica, imerso num campo
magnético, está sujeito a uma força magnética".

No motor CC, o condutor é cada fio que compõe a armadura. Todos os fios esta-
rão alimentados por uma corrente contínua e imersos num campo magnético. O cam-
po magnético pode ser produzido pelas bobinas de campo.

A figura 4.1 apresenta o motor elementar, constituído de uma espira e um par de


pólos.
O sentido das forças, nos dois condutores, é determinado pela regra da mão es-
querda, na qual os dedos indicadores, médio e polegar devem estar perpendiculares
entre si, indicando: sentido do campo magnético, sentido da corrente na armadura e
sentido do movimento, respectivamente.
Sob a ação de cada uma dessas forças, a espira tende a se movimentar. Pode-
se observar que as forças que surgem em toda a sua extensão útil produzem um
conjugado ou torque, que é demonstrado por meio de sua equação fundamental:
T = K .  . Ia
Onde
T - é o torque ou conjugado
K - constante da máquina, refere-se à sua construção
 - fluxo produzido pelo enrolamento do campo
Ia – corrente da armadura

3.1.1 – Comutação

O anel comutador desempenha papel muito importante no funcionamento do


motor. Ele faz com que a corrente, na armadura, seja invertida no momento em que
cessa a força magnética que o fez deslocar. Isto é, quando um condutor percorrido
por uma corrente elétrica estiver dentro de um campo magnético, de acordo com a
regra de Fleming da mão esquerda, ele irá se deslocar. O deslocamento do condutor,
naquele sentido, será de 180°, conforme a figura a seguir. Após 180° a corrente será
invertida neste condutor, o que fará com que ele se desloque novamente em sentido
oposto, e a partir daí há uma sequência de deslocamentos estabelecendo a rotação
do motor.
3.1.2 – Força contra eletromotriz

A interação entre o fluxo magnético do campo principal e o fluxo magnético


criado pela corrente, na armadura, faz surgir um conjunto de forças nos condutores do
motor, originando o torque ou conjugado motor, que faz o rotor girar.
O torque desenvolvido nos condutores faz com que o vetor se movimente dentro
do campo magnético, resultando uma variação de fluxo concatenado em volta destes
condutores, induzindo assim uma f.e.m. nos condutores do motor. O sentido desta
f.e.m. induzida é comprovado pela regra da mão direita e mostrado na figura 4.3, para
os mesmos sentidos do campo e movimento.

Pode-se observar também, na figura, que a f.e.m. induzida no condutor opõe-se


à corrente que criou a força ou movimento. Assim, esta f.e.m. induzida é chamada de
força contra eletromotriz. Nota-se que o desenvolvimento desta força contra
eletromotriz, representada como linha pontilhada na figura 4.3 é uma aplicação da Lei
de Lenz.
Assim, quando quer que ocorra a ação motora, uma ação geradora é
simultaneamente desenvolvida.
3.2 – Diferença entre gerador e motor CC

Na tabela a seguir estão listadas as diferenças entre o gerador e o motor de CC.

Motor
Gerador
Transforma energia mecânica em Transforma energia elétrica em mecânica
elétrica.
A tensão gerada Eg auxilia e produz A f.e.m. (Ec) se opõe à corrente Ia e
a tensão Va
E g = V a + I a . Ra Va < Eg Va = Ec + Ia .Ra Va < Ec
O torque eletromagnético se opõe O torque eletromagnético auxilia a rotação
à rotação.

3.3 – Equação fundamental da velocidade

A corrente de partida de um motor CC depende da tensão que se aplica na


armadura e da resistência elétrica do circuito da armadura.
À medida que acontece a ação motora, surge também, devida à ação geradora,
a força contra-eletromotriz, que é expressa pela equação Ec = K..N.
Sabe-se que a força contra-eletromotriz Ec nunca se iguala à tensão aplicada Va,
pois a Ec depende de Va.
Então, a corrente Ia no motor será:

Ia = Va – (Ec + Ev)
Ra

Onde:
Ev – somatório de todas as quedas de tensão internas ao circuito da armadura
Ra – resistência equivalente da armadura
Sabe-se que o somatório de todas as quedas de tensão internas ao circuito da
armadura é de suma importância nos cálculos de motores CC. Mas com o objetivo de
simplificar e verificar os valores mais relevantes será sucumbido Ev.
3.4 – Partida dos motores CC

Ao dar a partida em um motor CC, deve-se atentar ao fato de que sua armadura
está inerte. "Então, a força contra eletromotriz, neste instante, é nula. Por isto o valor
da corrente na armadura é:
Ia = V a
Ra

O valor da resistência do circuito da armadura Ra é muito pequeno; em


consequência a corrente é elevada, o que reduz a vida útil do enrolamento e causa
problemas aos circuitos de proteção.
Para evitar esta corrente elevada, coloca-se em série com a armadura um resis-
tor, chamado de reostato de partida. Este reostado toma-se dispensável, se a fonte
CC for ajustável ou variável, pois o objetivo é variar a tensão que alimenta a
armadura, aumentando gradativamente o seu valor na partida.
O fluxo magnético também é muito importante na partida de um motor CC, pois
se ele for nulo o torque também será; então, não haverá f.e.m. e a corrente
aumentará até a queima do motor.
Portanto, durante a partida, recomenda-se, utilizar o fluxo magnético máximo,
que pode ser controlado, por meio de outra fonte variável ou simplesmente por um
reostato em série com o circuito de excitação, chamado de reostato de campo.
A figura 4.5 mostra uma armadura com o reostato de partida e um enrolamento
de campo ligado em série com um reostato.
3.5 – Características de torque dos motores CC

Para análise das características de torque dos motores CC será considerado


que o motor teve sua partida realizada e possui em seus terminais, tanto de campo
quanto da armadura, a tensão nominal. Será analisado, então, o efeito da variação de
carga sobre torques dos motores série, shunt e composto.
O estudo das características de torque e velocidade dos motores de corrente
contínua tem como objetivo apontar as grandezas responsáveis diretamente por estas
características. Não é intenção usar as expressões como fórmulas diretas para
calcular o torque e a velocidade dos motores CC.

3.5.1 – Motor série


Como no gerador série, o motor série também tem o enrolamento ligado em
série com a armadura, conforme o diagrama de ligação a seguir.

A corrente da armadura é responsável direta pelo fluxo magnético do


enrolamento série. Quando a carga for pequena, o fluxo será menor, e quando a
carga for grande, o fluxo também o será.
3.5.2 – Motor shunt
Na partida de um motor shunt, deve-se, em primeiro lugar, alimentar o campo
para só depois alimentar a armadura, conforme o diagrama de ligação a seguir.

3.5.3 – Motor composto

Como o motor composto tem os dois enrolamentos, série e shunt, o seu torque
será, então, a combinação dos motores série e shunt, como mostra o diagrama a
seguir:
3.6 – Formas de controle da velocidade dos motores CC

De acordo com a equação fundamental da velocidade N = Va - Ia .Ra ,


K . 
observa-se que a corrente de armadura influencia, em pequena escala, a
velocidade do motor; no entanto, a corrente da armadura é uma função da carga (do
torque resistente) e nesta não se pode mexer para controlar a velocidade.
Conclui-se, então, que a velocidade do motor CC pode ser controlada por meio
de:
a ) Controle de resistência da armadura - é feito pela variação de uma
resistência externa inserida em série com o circuito da armadura; com a resistência
Ra, que é baixa, o motor trabalha com rotação alta e, à medida que aumenta a
resistência, a velocidade cai, podendo até parar. Apresenta o inconveniente da alta
dissipação de calor no reostato de controle, pois este trabalha com a corrente nominal
do motor.
b) Controle de tensão aplicada na armadura (Va) - reduzindo a tensão na
armadura a zero o motor pára; à medida que aumenta a tensão, a rotação cresce
proporcionalmente até atingir a velocidade-base (obtida com armadura e campo
alimentados com tensão nominal);
c) Controle de fluxo dos pólos - a velocidade varia de maneira inversa às
mudanças de fluxo. Com o fluxo pleno obtém-se a mínima rotação (velocidade base)
e à medida que se reduz o fluxo a velocidade cresce. É o método mais simples e
econômico no controle de velocidade para os motores shunt e composto; já no motor
série este método não é tão econômico, pois, para variar o fluxo, deve-se colocar
resistor em paralelo com o enrolamento série ou com a armadura. Como os dois
enrolamentos têm baixa resistência, apresentam perdas muito grandes pelo efeito
Joule.
Os métodos de controle de velocidade podem ser sintetizados no gráfico 3,
válido para o motor de excitação independente.
De acordo com este gráfico, para se ter boa comutação e controle estável de
velocidade, a corrente de armadura poderá ser normal somente até a velocidade má-
xima, a fim de não ocorrer uma sobrecarga térmica, pois o valor máximo da corrente
da armadura é definido pelo aquecimento da máquina e pela garantia de uma comuta-
ção perfeita.
Após a velocidade máxima do motor, enfraquecendo-se ainda mais o campo
com o aumento da velocidade, tanto o torque quanto a potência devem diminuir.
O controle de velocidade pela variação da corrente da armadura é usado para
acionamento de máquinas operatrizes, compressores, bombas a pistão etc.
O controle de velocidade através do campo é usado para acionamento de
máquinas de corte periféricos, como em tornos, bobinadeiras, máquinas têxteis etc.

3.7 - Reação da
armadura

É a interação entre o fluxo magnético produzido pelo campo (indutor) e pela


armadura (induzido) da máquina. Resulta uma distribuição de fluxo bastante diferente
da distribuição a vazio.
Quando a máquina CC está funcionando a vazio, a corrente de armadura e, por
conseguinte o fluxo é pequeno; quando motor e quando gerador, esta corrente e o
fluxo são zero.
Quando a corrente da armadura aumenta, cria-se um fluxo magnético que
produzirá uma distorção no fluxo do campo, conforme a figura 4.9.
Esta distorção produz concentração de fluxo numa extremidade do pólo, devido
ao aumento da densidade de fluxo e a uma redução do fluxo, e, consequentemente, à
diminuição da densidade do fluxo na outra extremidade do mesmo pólo.
No gerador CC, a linha neutra é deslocada no sentido da rotação, enquanto no
motor CC ela é deslocada em sentido contrário à rotação.

3.7.1 – Compensação da reação da armadura

Não se pode manter uma posição e deslocar as escovas de acordo com varia-
ções de carga, pois de acordo com a sua utilização, seja motor ou gerador, o sentido
tem de ser observado.
É necessário um método automático, no qual os efeitos da armadura sejam com-
pensados ou os fatores que a causam, neutralizados. Existem alguns métodos de
compensação para os efeitos da reação da armadura, sendo um deles a construção
da máquina com uso de chapas chanfradas, com maior relutância nas extremidades,
obrigando o fluxo de campo a ser confinado no centro de cada um dos pólos,
conforme a figura 4.10.

Outra técnica para a compensação da reação de armadura é elétrica, com a


utilização de enrolamentos que são instalados no estator e ligados em série com a
armadura, chamados de interpólos ou enrolamentos de compensação.

3.7.2 – Enrolamento de interpolo


Os enrolamentos de interpolos, também chamados de pólos de comutação, são
instalados entre os pólos principais da máquina, ou seja, os pólos criados pelo
enrolamento série e/ou shunt.
São ligados em série com a armadura da máquina CC, de tal forma que a
corrente que circula na armadura seja a mesma que circula pelo interpolo. Desta
forma, toda variação de corrente da armadura é também compensada pela variação
de fluxo no estator da máquina. A figura 4.11 apresenta o diagrama de máquina CC
com o enrolamento de interpolo.

3.7.3 – Enrolamento de compensação

No caso de grandes motores sujeitos a pesadas sobrecargas e outras situações


adversas, além dos interpolos, é necessária outra forma de compensação da reação
da armadura: os enrolamentos de compensação.

São instalados em ranhuras existentes nas sapadas polares, conforme o item nº


10 da figura 4.12.

43
Os enrolamentos de compensação também devem ser ligados em série com ar-
madura e atravessados por correntes de sentido contrário à armadura. Disto resulta
que a zona neutra fica estática e a distribuição de fluxo uniforme ao longo das faces
polares, eliminando praticamente os problemas de comutação.

3.8 – Inversão de rotação do motor CC

De acordo com a regra mão esquerda, de Fleming, o movimento de rotação é


definido pelo sentido do fluxo magnético, e o sentido da corrente da armadura
(convencional). Então, para inverter o sentido de rotação de qualquer motor CC, é
necessário inverter o sentido do fluxo magnético ou o sentido da corrente na
armadura.
A inversão, em ambos os circuitos, manterá o mesmo sentido de rotação.
Pode parecer que a corrente Ia não seja a mais indicada para fazer a reversão,
desde que o circuito da armadura carrega uma corrente maior. Porém, ao utilizar
dispositivos automáticos de reversão, o circuito da armadura é o escolhido para a
inversão em virtude de:

a) O enrolamento de campo é um circuito altamente induzido, e inversões


freqüentes produzem elevadas tensões induzidas, desgastando (queimando) os
contatos dos dispositivos de partidas.
b) No motor composto é necessário fazer a inversão nos dois campos, senão
passará de composto cumulativo para composto diferencial.
c) Normalmente, os condutores da armadura estão abertos para fins dinâmicos,
como, por exemplo, frenagem. E como essas conexões são normalmente disponíveis,
podem ser usadas para fazer a reversão.
d) Se o dispositivo de inversão estiver defeituoso e o circuito de campo não
estiver ligado, o motor pode disparar.
4.0 – MOTORES DE INDUÇÃO

Dentre os motores existentes, o de indução é o mais utilizado, devido ao


seu aspecto construtivo, velocidade praticamente constante, custo, e pelo fato de
ser ligado a uma corrente alternada, entre outros aspectos.
O motor de indução difere fundamentalmente dos outros tipos de
motores, sobretudo pelo fato de não existir, nenhuma alimentação externa ao
rotor. As tensões e correntes necessárias ali são produzidas por indução, como
num transformador, o que o caracteriza como motor de indução, podendo ser o
monofásico, que não será tema principal deste trabalho, e o trifásico (motor de
indução trifásico - MIT).

4.1 – Construção

O MIT é composto, basicamente, por duas partes:


 rotor;
 estator.
4.1.1 – Rotor
O rotor é constituído de um eixo que transmite a energia mecânica
desenvolvida; tem um "pacote" de chapas magnéticas (núcleo), cujo
objetivo é melhorar a permeabilidade magnética do meio com pequenas
perdas por histerese e Foucault. O enrolamento pode ser bobinado ou do
tipo "gaiola de esquilo".
O rotor bobinado é constituído de um enrolamento trifásico, fechado
internamente em estrela, sendo os três terminais ligados externamente em série
com uma resistência trifásica ou curto-circuitada. Conforme figura 6.2.

No rotor gaiola de esquilo os condutores de cobre ou alumínio, em forma de


barras, estão curto-circuitados em cada terminal por anéis contínuos. Daí o nome
"gaiola de esquilo". Essas barras condutoras não são paralelas ao eixo do rotor; são
deslocadas ou colocadas segundo um pequeno ângulo em relação a ele, para
produzir um torque mais uniforme e reduzir o "zumbido" magnético durante a
operação do motor. Os condutores não precisam ser isolados do núcleo, porque as
correntes induzidas seguem o caminho de uma resistência, os condutores de
alumínio. A figura 6.3 apresenta um rotor "gaiola de esquilo".
4.1.2 – Estator

O estator é formado por uma carcaça, que é a estrutura suporte de todo


o conjunto, normalmente construído de ferro fundido. Internamente existe o
núcleo, que é um "pacote" de chapas magnéticas com a mesma função do
núcleo no rotor, ou seja, concentrar as linhas de indução criadas pelos
condutores ligados à corrente alternada. Nas ranhuras do núcleo do estator,
existe o enrolamento trifásico, constituído de três bobinas ou três conjuntos de
bobinas, de cobre ou alumínio, defasadas geometricamente de 120°, como
mostra a figura 6.4.

Estas bobinas interagem, produzindo um campo magnético girante, que só


é possível graças à construção do estator (as bobinas estão defasadas de 120°
geométricos), e por serem alimentados por correntes alternadas trifásicas, cujas
fases estão defasadas entre si de 120° elétricos. A figura 6.5 apresenta o estator de
um MIT.
4.2 – Campo magnético girante
O campo magnético gerado por uma bobina depende da intensidade da
corrente que passa por ela. Como as correntes estão defasadas de 120°
elétricos, e como variam tanto de intensidade quanto de sentido, em função do
tempo, daí serem alternadas, os campos magnéticos que produzem, têm as
mesmas características.

Os três campos magnéticos combinam-se em um único, cuja


posição varia de acordo com o tempo, para agirem sobre o rotor.

A figura 6.6 apresenta as formas de onda das correntes alternadas


que vão gerar os campos magnéticos, defasados de 120°, alimentando os
enrolamentos do estator.

8
Essas bobinas interagem, produzindo um campo magnético
girante. Isso só acontece graças à construção do estator, e por estar alimentado
por uma corrente alternada trifásica, cujas fases estão defasadas entre si de 120°
elétricos.
O campo magnético girante produzido no estator estabeleceu o sentido
horário de acordo com a ligação dos terminais na rede ABC. Se quaisquer dos
terminais da linha que alimenta o estator forem invertidos, ocorrerá uma inversão
no campo magnético girante, o que ocasionará a inversão do motor. A figura 6.7
apresenta o novo sentido do campo magnético girante, após a inversão das fases
A e C, por exemplo, no estator do motor.

A velocidade do campo magnético girante varia diretamente com a


frequência, ou seja, o campo girante está em sincronismo com a frequência da
rede. Daí ser chamada de velocidade síncrona, que pode ser deduzida da
seguinte forma:

Onde
Ns - é a velocidade síncrona
rps - são as rotações por segundo
rpm - são as rotações por minuto
F - é a freqüência da rede, em Hz.
P - são os pares de pólo do motor

p - são os números de pólos do motor p =p


2

4.3 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Ao circular uma corrente alternada nos enrolamentos do estator, surge


um campo magnético girante. As linhas de indução deste campo magnético
"cortam" os condutores do rotor, induzindo neles uma d.d.p.; devido ao circuito
estar fechado, surge uma corrente; esta corrente, induzida, gera um campo
magnético em volta dos condutores, que tende a acompanhar, ou se alinhar, com
o campo girante produzido pelo estator. Como o campo magnético do estator
"gera" à velocidade síncrona, o campo do rotor não consegue acompanhá-lo.
Portanto, o campo magnético do rotor segue o campo do estator, mas sempre
atrasado em relação a ele.
De acordo com a Lei de Lenz, qualquer corrente induzida tende a se
opor às variações do campo que a produziu. No caso do motor de indução, a
variação é a rotação do campo magnético no rotor, que é oposto ao do estator.
Esta é a razão pela qual o rotor acompanha o estator tão próximo o permitam o
seu peso e a sua carga. Se as velocidades do estator e do rotor fossem iguais,
não haveria movimento relativo entre eles e, em consequência, não haveria
f.e.m. induzida no rotor; não existindo tensão induzida não existiria torque agindo
no rotor. A velocidade do rotor deve ser inferior à do campo magnético girante,
para existir movimento relativo entre os dois.
Assim, o rotor deve "escorregar" em velocidade a fim de produzir torque.
Por isto há uma diferença de velocidades produzidas entre a velocidade síncrona
do campo girante e a do rotor, denominada velocidade de escorregamento ou
deslize. Pode ser expressa como uma porcentagem da velocidade síncrona, ou
como número decimal para o caso dos motores.
Então, o escorregamento ou deslize pode ser expresso da seguinte
forma:

S = Ns – Nr . 100
Ns
Ou simplesmente:
Nr = Ns . (1-S)
Onde
S - é o escorregamento
Ns - é a velocidade síncrona do campo magnético girante, em rpm
Nr - é a velocidade do rotor

Então, o motor de indução ou motor assíncrono é assim chamado


devido ao seu princípio de funcionamento, baseado na indução
eletromagnética. Por isso, a velocidade do rotor não é igual à velocidade do
campo magnético girante.
4.4 – Universo Tecnológico dos Motores Elétricos
4.5 - CARACTERÍSTICAS DOS MOTORES

4.5.1 – Conjugado
O conjugado, também chamado de torque ou binário, e a medida do esforço
necessário para girar o eixo. Para medir o esforço necessário para fazer girar o eixo
não basta definir a forca empregada, e preciso também dizer a que distancia do eixo
a forca e aplicada. O esforço e medido pelo conjugado, que e o produto da forca
pela distancia. A unidade utilizada para o torque no Sistema Internacional de
Unidades (SI) e o Newton.metro (N.m).

4.5.2 – Corrente nominal (In)

A corrente nominal e lida na placa de identificação do motor. E a corrente


absorvida da rede quando funcionando a potencia nominal, sob tensão e freqüência
nominais.

4.5.3 – Corrente de partida (Ip/In)

Os motores elétricos solicitam da rede de alimentação, durante a partida, uma


corrente de valor elevado, da ordem de 6 a 10 vezes a corrente nominal. Este valor
depende das características construtivas do motor e não da carga acionada. A carga
influencia apenas no tempo durante o qual a corrente de acionamento circula no
motor e na rede de alimentação (tempo de aceleração do motor).

4.5.4 – Escorregamento (s)

É a diferença entre a velocidade do campo magnético (velocidade síncrona) e


a rotação do motor, sendo chamado também de deslizamento. O escorregamento de
um motor normalmente varia em função da carga: quando a carga for zero o
escorregamento será praticamente nulo; quando for a nominal, o escorregamento
também será o nominal. Esta diferença pode ser informada em RPM ou %.
4.5.5 – Potência elétrica

Em um sistema trifásico, a potencia em cada fase e dada pela forma


Pf = Uf x If , como se tivesse um sistema monofásico independente. A potencia total
será a soma das três fases (P = 3.Pf), tanto no circuito estrela como no triangulo.
Quando se fala em circuitos trifásicos e comum usar os valores de linha, e não os de
fase, como feito anteriormente. Logo tem-se que:

Esta expressão é valida para circuitos formados por resistências.

Em circuitos reativos, como nos motores, onde existe defasagem esta deve ser
levada em conta, ficando a expressão assim:

O fator de potencia, indicado por cos φ, onde φ e o angulo de defasagem da tensão


em relação a corrente; e a relação entre a potencia real (ativa) P e a potencia
aparente S.

Assim,
・Carga Resistiva: cos φ =1;
・Carga Indutiva: cos φ atrasado;
・Carga Capacitiva: cos φ adiantado.
Os termos, atrasado e adiantado, referem-se a fase da corrente em relação a fase
da tensão.
4.5.6 – Rendimento (η)

A energia elétrica absorvida da rede por um motor elétrico e transformada em


energia mecânica disponível no eixo. A potencia ativa fornecida pela rede não será
cedida na totalidade como sendo potencia mecânica no eixo do motor.
A potencia cedida sofre uma diminuição relativa as perdas que ocorrem no motor. O
rendimento define a eficiência desta transformação sendo expresso por um numero
ou em percentagem.

A potencia fornecida (disponível no eixo) e calculada por:

A potencia recebida (rede) é calculada por:

4.5.7 – Fator de serviço.

E um multiplicador que, quando aplicado a potencia nominal do motor elétrico,


indica a carga que pode ser acionada continuamente sob tensão e freqüência
nominais e com limite de elevação de temperatura do enrolamento.
Os valores de rendimento (η), fator de potencia e velocidade podem diferir
dos valores nominais, mas o conjugado, a corrente de rotor bloqueado e o
conjugado Maximo permanecem inalterados. A utilização do fator de serviço implica
numa diminuição da vida útil do motor. O fator de serviço não deve ser confundido
com a capacidade de sobrecarga momentânea, durante alguns minutos. Os motores
podem suportar sobrecargas ate 60% da carga nominal, durante 15 segundos. O
fator de serviço FS = 1,0 significa que o motor não foi projetado para funcionar
continuamente acima de sua potencia nominal. Isto, entretanto, não muda a sua
capacidade para sobrecargas momentâneas.

4.5.8 – Regime de serviço.

Cada tipo de maquina exige uma condição de carga diferente do motor. Um


ventilador ou uma bomba centrifuga, por exemplo, solicita carga continua, enquanto
uma prensa, um guindaste ou uma ponte rolante solicita carga intermitente.
O regime de serviço define a regularidade da carga a que o motor e
submetido. A escolha do tipo do motor deve ser feita pelo fabricante da maquina a
ser acionada, comprando o motor mais adequado ao seu caso. Quando os regimes
padrões não se enquadram exatamente com o perfil da maquina, deve-se escolher
um motor para condições no mínimo mais exigentes que a necessária.
Os regimes padronizados estão definidos a seguir:
- regime continuo (S1);
- regime de tempo limitado (S2);
- regime intermitente periódico (S3);
- regime intermitente periódico com partidas (S4);
-regime intermitente periódico com frenagem elétrica (S5);
- regime de funcionamento continuo com carga intermitente (S6);
- regime de funcionamento continuo com frenagem elétrica (S7);
- regime de funcionamento continuo com mudança periódica na relação
carga/velocidade de rotação (S8);
- regimes especiais.

4.9. Classe de isolamento

E a determinação da temperatura máxima de trabalho que o motor pode


suportar continuamente sem ter prejuízos em sua vida util. A classe de cada motor e
em função de suas características construtivas. As classes de isolamento
padronizadas são:

- CLASSE A – 105°C;
- CLASSE E – 120°C;
- CLASSE B – 130°C;
- CLASSE F – 155°C;
- CLASSE H – 180°C.

4.10. Categoria
Existem três categorias de conjugados definidos por norma que determinam a
relação do conjugado com a velocidade e a corrente de partida dos motores
trifásicos, sendo cada uma adequada a um tipo de carga.

Categoria N: conjugado de partida normal, corrente de partida normal, baixo


escorregamento. A maior parte dos motores encontrados no mercado pertencem a
esta categoria, e são indicados para o acionamento de cargas normais como
bombas e máquinas operatrizes.

Categoria H: conjugado de partida alto, corrente de partida normal, baixo


escorregamento. Empregado em maquinas que exigem maior conjugado na partida
como peneiras, transportadores carregadores, cargas de alta inércia e outros.

Categoria D: conjugado de partida alto, corrente de partida normal, alto


escorregamento (superior a 5%). Usado em prensas concêntricas e máquinas
semelhantes, onde a carga apresenta picos periódicos, em elevadores e cargas que
necessitem de conjugados de partida muito altos e corrente de partida limitada.
4.6 – FECHAMENTO DE MOTORES TRIFÁSICOS DE 6 E 12 TERMINAIS.

4.6.1 – Fechamento de Motores trifásicos de 6 terminais.

Os motores trifásicos de 6 terminais, somente podem ser ligados em 2 níveis


de tensão diferentes, são eles: 220 Volts de LINHA e 380 Volts de Linha

4.6.1.1 – Fechamento de Motor em TRIÂNGULO (Δ - 220 VL)

• Interliga os terminais 6+1, 2+4 e 3+5 para formar um triangulo fechado


• e os terminais 1, 2 e 3 são ligados diretamente na rede nas fases R, S e T

4.6.1.2 – Fechamento de Motor em ESTRELA ( Υ - 380 VL)

• Interliga os terminais 4,5 e 6 para formar o ponto central da Estrela


• e os terminais 1, 2 e 3 são ligados diretamente na rede nas fases R, S e T
4.6.2 – Fechamento de Motores trifásicos de 12 terminais.
Estes doze terminais de interligação referem-se a seis conjuntos de bobinas
que constituem o motor elétrico. Para cada nível de tensão requerido teremos uma
forma de realizar o fechamento de suas bobinas. São basicamente quatro tipos
de fechamento, são eles:

 4.6.2.1 – Duplo Triângulo (220VL)

 4.6.2.2 – Duplo Estrela (380VL)


 4.6.2.3 – Triângulo (440VL)

 4.6.2.4 – Estrela (760VL)


5.0 – MÁQUINAS SÍNCRONAS

As máquinas de corrente contínua tem sua principal aplicação nas condições


que exijam elevado conjugado de partida, como na tração elétrica, ou quando se
deseja controle de velocidade sobre amplas faixas, ou quando se desejam grandes
potencias com velocidade ajustável. Além disso, as maquinas de corrente continua
tem aplicação onde a fonte de tensão disponível seja de corrente continua.
Quando se deseja um conjugado de partida de leve a moderado ou quando as
variações de velocidade desejadas forem pequenas, como de 2 para 1, e a potência
desejada for de pequena a média, quase sempre se torna mais econômico um motor
de indução. É evidente que a dificuldade de escolha ocorre apenas nas faixas de
potencia, de conjugado e de variação de velocidade em que o custo e o
desempenho se equivalham. Assim, para um ventilador de até 1000 HP, não há
dúvida na escolha de um motor de indução. No entanto, mesmo para ventiladores,
em potências bem maiores, pode-se optar por um motor síncrono ou então, mesmo
para um motor de 100 HP, se houver necessidade de controlar a velocidade, a
escolha pode recair em um motor de CC. A severidade das condições de trabalho
também são fatores que influem de forma significativa na escolha de motores, tendo
também importância o custo da manutenção e o ambiente de trabalho.
As máquinas síncronas tem uma aplicação bem mais limitada. Para fins
didáticos, pode-se listar as seguintes:
a) Aplicações em potência elevada (dezenas a centenas de megawatts) com
rotação substancialmente constante. Este é o caso típico dos médios e grandes
geradores utilizados em usinas hidro e termoelétricas.
b) Aplicação em que se deseja rotação rigorosamente constante, como em
relógios elétricos, aparelhos de som, etc.
c) Também são utilizados em aplicações que requeiram variação de
velocidade em faixas não muito amplas, como as que requerem em um motor de
indução, nas quais o custo do motor seja comparável (grandes máquinas) ou o custo
do equipamento auxiliar exigido por um motor de indução seja significativo (micro-
máquina).
Embora tenha aplicação mais restrita, a máquina síncrona e sem dúvida um tipo
importante de máquina elétrica. É praticamente o único tipo de máquina utilizado nas
usinas geradoras de energia elétrica. É também praticamente o único tipo de máquina
utilizada na geração de energia elétrica em astronaves e aeronaves, até bem poucos
anos.
Deve-se enfatizar, no entanto, que é praticamente impossível encontrar, na vida
prática, uma maquina síncrona, a não ser em aparelhos de som sofisticados, em
relógios elétricos e modernamente em alguns tipos de eletrodomésticos.
Numericamente, a maioria dos motores fabricados no mundo são motores universais,
estando em segundo lugar os motores de indução. Os outros tipos são numericamente
muito raros. Em um centro industrial de grande porte, a maior parte da potencia elétrica
convertida em mecânica e feita por motores de CC, embora o numero de motores de
indução seja elevado.
Assim sendo, pode-se concluir: A análise do desempenho de um alternador
(motor ou gerador síncrono) de médio e de grande porte é importante no que concerne
a sua influência sobre o comportamento do sistema de potência. Também são
importantes certas características individuais, como rendimento, conjugado máximo,
capacidade de carga, etc. Para os pequenos motores síncronos de aplicação especial,
o que interessa são as características específicas como peso, volume, velocidade de
resposta, deixando de ter importância o rendimento e outras características que são
fundamentais nas grandes máquinas.

Você também pode gostar