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1.14.

1 MEDIDAS ELÉTRICAS
Para garantir a segurança do trabalho e para garantir a economia de recursos é
necessário verificar as grandezas elétricas em que os circuitos e sistemas elétricos
irão trabalhar. Existem inúmeras metodologias teóricas que utilizam a matemática
como meio para definir os valores destas grandezas, entretanto, a verificação real se
faz necessária através de instrumentos adequados: por um lado para a confirmação
do correto comportamento do circuito como o planejado; por outro lado pela falta de
informações prévias.

Para medir as grandezas elétricas corretamente é importante entender três definições


básicas:

 Medição: é o ato de medir, conjunto de procedimentos e técnicas utilizadas


para obter a informações desejada;
 Medida: é o resultado da medição, o valor obtido;
 Instrumento: é o equipamento utilizado capaz de verificar a grandeza a ser
medida.

Segundo os professores Fábio Bertequini Leão e Sérgio Kurokawa, tem-se que:

“Medir é estabelecer uma relação numérica entre uma grandeza e


outra, de mesma espécie, tomada como unidade. Medidas elétricas só
podem ser realizadas com a utilização de instrumentos medidores,
que permitem a quantificação de grandezas cujo valor não poderia ser
determinado através dos sentidos humanos.”

Pelos entendimentos mostrados acima, fica claro que os erros são comuns em
medições, entretanto com os procedimentos adequados eles podem ser tão pequenos
quanto possível. Ainda segundo os mencionados professores, em medidas elétricas,
costuma-se considerar três categorias de erros:

a) Grosseiros: são atribuídos aos profissionais que realizam as medições.


b) Sistemáticos: podem ser instrumentais, quando ocorrer por conta dos
equipamentos de medição; ou ambientais, quando ocorrer por fatores externos,
presentes no ambiente em que a medição é realizada.

c) Aleatórios: são erros acidentais e imprevisíveis, inerentes a qualquer processo de


medição.

Eles ainda salientam que:

“No tratamento de erros os termos exatidão e precisão - embora sejam


muitas vezes usados como sinônimos - têm significado diferentes:

• Exatidão: é a propriedade que exprime o afastamento que existe


entre o valor lido no instrumento e o valor verdadeiro da grandeza que
se está medindo.

• Precisão: característica de um instrumento de medição, determinada


através de um processo estatístico de medições, que exprime o
afastamento mútuo entre as diversas medidas obtidas de uma
grandeza dada, em relação à média aritmética dessas medidas
(Norma P-NB278/73, da ABNT). A precisão é, portanto, uma qualidade
relacionada com a repetibilidade das medidas, isto é, indica o grau de
espalhamento de uma série de medidas em torno de um ponto.”

Observe a ilustração a seguir:


1.14.1.1 Classificação dos Instrumentos de Medidas Elétricas

Os instrumentos utilizados para a realização de medições elétricas recebem


classificações de acordo com o parâmetro analisado, observe a seguir:

 Grandeza a ser medida: amperímetro (corrente); voltímetro (tensão);


wattímetro (potência ativa); varímetro (potência reativa); fasímetro ou
cossifímetro (defasagem entre tensão e corrente ou cosϕ); ohmímetro
(resistência); capacímetro (capacitância); frequencímetro (frequência).
 Forma de apresentação dos resultados: analógicos, a leitura é realizada
através do posicionamento de um ponteiro sobre uma escala; digitais, fornecem
a leitura em um display.

 Capacidade de armazenamento das leituras: os indicadores são aqueles


que mostram a medida apenas no momento em que ela está sendo realizada;
registradores são aqueles capazes de realizar um certo número de leituras; os
totalizadores são aqueles que têm a capacidade de apresentar o valor
acumulado da grandeza medida.
 Finalidade de utilização: para laboratórios em que a exatidão e precisão são
desejadas; para indústrias em que a robustez é desejada.
 Portabilidade: de painel, fixos ou de bancadas, portáteis.

1.14.1.2 Medidores Analógicos

O trabalho dos instrumentos analógicos utiliza fenômenos eletromagnéticos ou


eletrostáticos como fonte de sua operação, por exemplo, a ação de um campo
magnético produzida pela passagem de corrente ou a repulsão entre superfícies
carregadas com cargas elétricas de mesmo sinal. A figura abaixo ilustra esta ideia:

Nos instrumentos analógicos o mecanismo de suspensão atua na fixação da parte


móvel, que normalmente é um ponteiro, proporcionando um movimento de pequeno
atrito, com isso entende-se que é a parte mais sensível destes aparelhos. De acordo
com os mencionados professores, os tipos de suspensão mais utilizados são:

• por fio, usado em instrumentos de precisão, devido ao excepcional resultado que


proporciona;

• por pivô (conhecido também como mecanismo d’Arsonval), composto de um eixo de


aço (horizontal ou vertical) cujas extremidades afiladas se apoiam em mancais de rubi
ou safira sintética;

• suspensão magnética, devida à força de atração (ou repulsão) de dois pequenos


ímãs, um dos quais, preso à parte móvel e o outro fixado ao corpo do aparelho.

Outra parte importante destes instrumentos é a escala, pois ela é quem permitirá a
leitura das medidas realizadas por eles. Nelas temos os seguintes parâmetros: fundo
de escala ou calibre, que consiste no valor máximo possível de ser medido sem
danificar o equipamento; posição do zero, que consiste na localização do ponteiro
quando o equipamento não está realizando medições, pode ser: zero à esquerda, zero
à direita, zero central, zero central ou zero suprimido.

A escala do instrumento ainda é utilizada para a determinação de seu valor fiducial,


este se refere a classe de exatidão do instrumento, ou seja, o erro máximo introduzido
pelo instrumento. Observe a imagem abaixo:
Um importante parâmetro a ser avaliado para determinar a qualidade do instrumento
analógico é a sensibilidade. Ela é definida pela relação:

1
𝑆=
𝐼𝑚á𝑥

A unidade de medida da sensibilidade é Ohms por Volts (Ω/V), ela define o impacto
do efeito da resistência interna aparelho no circuito em que ele realiza a medição,
quanto maior for o seu valor de sua sensibilidade melhor será o instrumento.

A resolução do instrumento diz respeito a capacidade do instrumento diferenciar


grandezas com valores próximos entre si, em outras palavras, é o menor valor capaz
de ser representado pelo instrumento. Por exemplo: se a escala de um amperímetro
é marcada de 0,5 em 0,5 ampere, a resolução deste amperímetro será 0,5 ampere.

1.14.1.2.1 Medidores de Bobina Móvel

Estes instrumentos são utilizados para realizarem medições em circuitos de corrente


contínua ou corrente alternada, com frequência de até 400 Hz. Como exemplo há o
galvanômetro de bobina móvel, ele suporta correntes na ordem de 𝜇𝐴 (microamperes)
ou 𝑚𝐴 (miliamperes) e para medidas em corrente alternada com frequência dentro do
limite citado é desejado que sua onda seja na forma senoidal, caso contrário sua
precisão será comprometida. A imagem a seguir ilustra o funcionamento de um
amperímetro de bobina móvel:
1.14.1.2.2 Medidores de Ferro Móvel

Estes instrumentos também são utilizados para realizarem medições em circuitos de


corrente contínua e de corrente alternada de baixa frequência, sendo que neste último
caso não é necessário que a onda seja senoidal. De modo geral são menos precisos
do que os instrumentos de bobina móvel (pior Classe de Exatidão) e com isso são
mais baratos.
1.14.1.2.3 Medidores Eletrodinâmicos

Estes instrumentos apresentam características semelhantes aos de bobina móvel,


entretanto sua construção utiliza duas bobinas: uma fixa e outra móvel. A primeira,
que substitui o imã fixo, gera um campo eletromagnético sobre a segunda que possui
o ponteiro acoplado apresentando a medida. A figura a seguir ilustra um amperímetro
eletrodinâmico:
A figura abaixo mostra a simbologia destes instrumentos:

Sobre os medidores analógicos de painel ainda cabe destacar que normalmente são
projetados para funcionar na posição vertical, apesar de em alguns casos poderem
ser utilizados em outras posições. A atenção que o profissional deve ter é a de que se
o instrumento projetado para ser usado em determinada posição for usado em outra
diversa, ele poderá incorrer em erros grosseiros de leitura. A simbologia é mostrada a
seguir:
Agora que já compreendemos os princípios de funcionamentos dos medidores
analógicos passaremos a entender os medidores digitais. Mas fique atento: no
próximo capítulo iremos tratar de medidores analógicos específicos novamente!

1.14.1.3 Medidores Digitais

Estes medidores se diferem dos analógicos por obterem as medidas a partir de


circuitos comparadores, eles utilizam os chamados Conversores Analógico-Digital
(ADC). Seu princípio de funcionamento consiste em converter um sinal de tensão
analógico em um código digital que será devidamente tratado e apresentado em um
display LCD (Liquid Crystal Display). A figura a seguir apresenta a estrutura de
funcionamento dos medidores digitais, particularmente de um voltímetro digital:
Primeiramente, é importe definir que o ADC opera em um nível máximo de tensão,
dessa forma o papel da chave seletora é escolher a estrutura que apresenta um divisor
resistivo de forma que a tensão de entrada a ser medida seja transformada em um
valor menor do que a tensão máxima suportada pelo ADC. O Amplificador de Entrada
e Conversos AC-DC cumpre o papel de amplificar o sinal de tensão quando for muito
baixo e de convertê-lo de corrente alternada para corrente contínua.

Pelo fato de serem mais precisos, eficientes, conseguirem trabalhar em altas


frequências e terem um custo relativamente baixo são os medidores mais utilizados.
Entretanto é necessário tomar cuidados com o ambiente em que as medições estão
sendo realizadas para que não haja interferência eletromagnética, por exemplo.
1.14.2 INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS

A partir de agora os instrumentos de medição elétricas serão estudados


separadamente, levando em consideração a grandeza de interesse a ser medida.

.1.14.2.1 Galvanômetro

Este aparelho tem como função a medição de corrente elétrica e isto é possível pelo
seu efeito magnético. Além disso, o galvanômetro é a parte fundamental dos
aparelhos analógicos que medem corrente e tensão que são comumente utilizados
nos laboratórios a partir de associações com resistores. Veremos como fazer isto em
breve!
O valor da corrente é indicado por este medidor através da deflexão de uma agulha
sobre uma escala. LEMBRE-SE: o valor máximo de corrente possível de ser
representado é a corrente de fundo de escala, quanto maior este valor, menor será a
sensibilidade do instrumento.
O galvanômetro é essencialmente um medidor de corrente e pode ser usado
diretamente para medir correntes que não ultrapassem a corrente máxima IFE (Figura
2a). Correntes maiores, além de não poderem ser indicadas pelo aparelho, podem
danificá-lo e portanto não podem ser medidas diretamente. Correntes muito menores
do que IFE também não podem ser medidas por um aparelho de sensibilidade finita.

1.14.2.2 Amperímetro

Um amperímetro é construído pela associação em paralelo de um resistor (chamado


de "shunt") com um galvanômetro. A corrente total IA que atravessa a associação se
divide na corrente IG que atravessa o galvanômetro, e é por ele medida, e na corrente
IS que é desviada atravessando o "shunt", na razão inversa de suas resistências. A
corrente IG que atravessa o galvanômetro é apenas uma fração da corrente total IA;
sabendo em que proporção a corrente total IA se divide entre IG e IS poderemos
determinar quanto vale a corrente total I medindo a parte dela que atravessa o
galvanômetro.

Pela associação em paralelo é fácil observar que:

𝐼𝑠 𝑅𝑔
=
𝐼𝑔 𝑅𝑠

E que:

𝐼 = 𝐼𝑔 + 𝐼𝑠
𝑅𝑔
𝐼 = (1 + )𝐼
𝑅𝑠 𝑔

A resistência do amperímetro na nova escala é Ra enquanto a corrente máxima que


se pode medir é igual a

𝑅𝑔 𝐼𝑓𝑒
𝐼𝑚𝑎𝑥 =
𝑅𝑎

O produto da resistência numa escala pela corrente máxima nessa escala é igual para
todas as escalas e corresponde à máxima queda de potencial no amperímetro. Esse
valor é uma característica do galvanômetro utilizado no amperímetro, e é igual ao
produto da resistência do galvanômetro Rg pela corrente de fundo IFE:

queda de potencial máxima no amperímetro = RGIFE (em ΩA).

1.14.2.3 Voltímetro

Um voltímetro é construído pela associação em série de um resistor RS com um


galvanômetro. A diferença de potencial total UV aplicada sobre a associação se divide
entre o resistor e o galvanômetro na razão direta de suas resistências RS e RG. A
tensão UG aplicada sobre os terminais do galvanômetro é apenas uma fração da
tensão total UV aplicada sobre a associação; se soubermos em que proporção UV se
divide entre UG e US poderemos determinar quanto vale a tensão total UV medindo
a parte dela que atua sobre o galvanômetro.
Pela associação em série é fácil observar que:

𝑈𝑠 𝑅𝑠
=
𝑈𝑔 𝑅𝑔

E que:

𝑈 = 𝑈𝑔 + 𝑈𝑠

𝑅𝑔
𝐼 = (1 + )𝑈
𝑅𝑠 𝑔

A resistência do voltímetro na nova escala é RV enquanto a tensão máxima que se


pode medir é igual a RV x IFE. A relação entre a resistência numa escala e a tensão
máxima nessa escala é a sensibilidade do voltímetro, uma "resistência específica" que
é característica do galvanômetro utilizado, igual ao inverso da corrente de fundo de
escala:

sensibilidade do voltímetro = 1/IFE (em Ω/V).

1.14.2.4 Ohmímetro

O Ohmímetro é um instrumento de medição eletrônico que tem a função de medir a


resistência elétrica de um componente ou circuito eletrônico. O funcionamento básico
do ohmímetro é simples, através de duas pontas de medição ele aplica uma tensão à
uma “resistência”, o resultado da corrente elétrica que passou através da resistência
é medida por um galvanômetro.

A escala do medidor do ohmímetro é marcada em ohms, porque a tensão fixa da


bateria garante que, conforme a resistência diminuísse, a corrente através do medidor
aumentaria. Ou seja ele mede a resistência elétrica, a oposição a uma corrente elétrica
(medidor de Ohm ).
O ohmímetro pode medir o valor de um resistor, a condutividade de um fio, circuito ou
fusível, provar o filamento de uma válvula eletrônica, a situação de um capacitor ou
indutor, verificar as condições das junções de semicondutores como diodos,
transistores, SCR, etc.

1.14.2.5 Wattímetro ou varímetro

O wattímetro (ou medidor de energia) é o dispositivo que permite a medição de watts


que estão numa corrente elétrica. Ele também é conhecido como varímetro, neste
caso, sua aplicação é para a medida da potência reativa (VAr)
Os wattímetros são compostos por uma bobina de tensão e bobina de corrente. A
bobina de tesão está ligada ao circuito elétrico em paralelo, enquanto a bobina de
corrente tem uma ligação em série.

Quando a corrente elétrica flui através da bobina de corrente, ocorre um campo


eletromagnético com uma intensidade proporcional à corrente. A bobina de tensão,
por sua vez, tem uma resistência que minimiza a corrente que flui através do mesmo.
Através de um voltímetro agulha na bobina, o contador indica o circuito de potência.

Há que destacar que a sobrecarga pode danificar as bobinas do medidor de energia


e as medições deixarão de ter a mesma precisão.
1.14.2.6 Cossefímetros ou fasímetros

O cossefímetro é um instrumento com a finalidade de medir o fator de potência dos


circuitos elétricos. Como o FP é uma função direta da defasagem entre tensão e a
corrente, ele deve possuir pelo menos uma bobina de corrente e uma bobina de
tensão, sendo o torque sobre as bobinas diretamente proporcional a intensidade de
campo nelas e a desafazem entre as duas grandezas.

Este instrumento possui junto com a bobina de tensão um circuito defasado composto
por um resistor R um indutor L, conforme o esquema acima. Como o fator de potência
dos circuitos elétricos pode ter comportamento resistido, indutivo ou capacitivo a
deflexão do ponteiro pode ocorrer nos dois sentidos da escala.
1.14.2.7 Frequêncímetro

A medição da frequência da corrente alternada pode efetuar-se por comparação com


uma ou outra frequência conhecida e através de métodos denominados de
ressonância. Os métodos comparativos são variados e de atenção a medidas de
laboratórios. Os métodos de ressonância são usados na indústria e nas aplicações
comuns, permitindo os instrumentos deste tipo realizar leituras diretas.

Os frequêncímetros eletrodinâmicos são construídos com circuitos eletricamente


ressonantes. Como regra geral possuem dois circuitos sintonizados: um deles em uma
frequência menor que pode indicar o instrumento, estando o segundo circuito, em uma
frequência ligeiramente superior à máxima. Estes sistemas ressonantes são
combinados com sistemas eletrodinâmicos de bobina cruzadas. Funcionam baseado
no fato de que a corrente que circula através de uma reatância diminui ao aumentar a
frequência, ao passo que aumenta ao circular por uma reatância capacitiva.
1.14.2.8 Terrômetro e megômetro

O megômetro (um medidor de resistência de isolação da ordem de mega ohms) e o


terrômetro (earth megger – um medidor de resistência de aterramento) são
comumente chamados de megger. No livro de Geraldo Kindermann, “Aterramento
Elétrico”, 3.a edição, pág. 164, diz: O termo “Megger” é uma marca registrada de um
fabricante de aparelhos de medição.

É certo que são instrumentos com funções diferentes e bem definidas, e que o
terrômetro é específico para medições em sistemas de aterramento, mas quanto ao
princípio de funcionamento dos instrumentos, para o megômetro, existe um sistema
composto basicamente por um gerador cc, duas bobinas móveis cruzadas e um
regulador de tensão. Caso se deseje medir a resistência de isolamento de um motor,
por exemplo, elege-se a tensão para medição (cuja estabilidade o regulador de tensão
do megômetro é responsável por garantir), que é enviada aos terminais do
equipamento. Estando o motor desconectado (condição necessária para medição da
resistência de isolação), a tensão é aplicada no enrolamento do motor, através do qual
circulará uma corrente elétrica. No interior do megômetro esta corrente gerará um
campo magnético que será responsável pela deflexão de um ponteiro ajustado numa
bobina móvel (para o instrumento analógico).
No caso do terrômetro, de uma forma bem simplificada, para medição de resistência
de aterramento pelo método de Wenner (NBR 7117), utiliza-se uma configuração de
quatro eletrodos igualmente espaçados, cravados no solo a uma mesma
profundidade; então é injetada uma intensidade de corrente elétrica, a qual passa pela
primeira e última haste; então, por ação do campo eletromagnético, é induzida uma
corrente elétrica nas duas hastes centrais, em relação às quais surge uma diferença
de potencial cuja impedância pode ser obtida. É claro que várias circunstâncias irão
influenciar nos resultados obtidos, entre eles: umidade, clima, resistividade do solo…

Consultando o manual de instruções do Megômetro Digital Minipa, modelo MI-2700,


encontramos a seguinte recomendação de segurança:
“Não efetue medições em campo nem em sistemas de aterramento, durante períodos
de previsão de relâmpagos, nas áreas que cercam a estação a ser medida ou na rede
de energia conectadas às estações a serem medidas. Caso algum relâmpago ocorra,
pare a medição e isole qualquer ponta de prova temporariamente instalada no
circuito”.

Logicamente esta instrução visa orientar o operador a evitar o choque elétrico pela
passagem de corrente oriunda de uma descarga atmosférica, mas nas entrelinhas
existe uma indicação indireta de que o equipamento é utilizado para medições em
sistemas de aterramento (sendo ou não concebido especificamente para este fim).
1.14.3 SIMBOLOGIA

A Simbologia dos Instrumentos de Medidas Elétricas é um fator de extrema


importância para a realização de instalações elétricas, bem como para a correta
utilização dos equipamentos de medição. Entretanto, na maioria das vezes passam
despercebidos pelos profissionais da área.

Observe que os instrumentos se distinguem por símbolos gravados em seus visores,


cada um tem um significado importantíssimo para as medições das grandezas
elétricas, a saber: classe de precisão, tipo de corrente, tensão de ensaio, posição de
instalação e o seu princípio de funcionamento.

1.14.3.1 Simbologia quanto ao princípio de funcionamento

A seguir serão apresentadas as referidas simbologias:

Instrumento de Ferro Móvel


Na parte interna de uma bobina, uma chapa de ferro doce fixa é montada em oposição
a uma chapa móvel. Se na bobina circula corrente, então ambas as chapas são
magnetizadas identicamente em relação aos polos resultantes, e desta forma, se
repelem. Quando se dá a inversão do sentido de circulação da corrente, na bobina,
as chapas são novamente magnetizadas identicamente, e continuam se repelindo.
Por isto, os instrumentos de ferro móvel são adequados para a medição, tanto de
corrente quanto de tensão, em corrente contínua e em alternada.

Instrumento de Bobina Móvel

No campo de um imã permanente, é montada uma bobina móvel, giratória, alternada


por corrente elétrica. A corrente é levada até a bobina por meio de molas espiras, que
simultaneamente desenvolvem o conjugado de oposição ao deslocamento da bobina.

A rotação da bobina e consequente deflexão do ponteiro, são proporcionais à


corrente, o que faz com que os intervalos sobre a escala estejam igualmente
distanciados. O ponto zero da escala pode tanto ficar no meio quanto na extremidade.
Quando ocorre inversão do sentido de circulação da corrente, ocorre também a
inversão da rotação da bobina ou da deflexão do ponteiro. Disto resulta que este
instrumento apenas pode ser usado para medição de tensão ou corrente contínua.

Instrumento eletrodinâmico

O sistema de medição eletrodinâmico consiste de uma bobina móvel e uma fixa.


Perante a passagem de determinada corrente, as bobinas apresentarão a mesma
polaridade e assim levarão o ponteiro à deflexão, por repulsão. A corrente que
alimenta a bobina móvel é levada a esta por meio de 2 molas espirais, que,
simultaneamente, desenvolvem uma força contrária ao deslocamento angular. Numa
inversão do sentido da corrente, ambas as bobinas invertem ao mesmo tempo a sua
polaridade. Com isto, as condições de repulsão entre as bobinas não se alteram e a
deflexão do ponteiro se dá sempre para o mesmo lado. Por esta razão, o instrumento
pode ser utilizado tanto em corrente contínua quanto alternada. Usado como
amperímetro ou como voltímetro, ambas as bobinas são ligadas em série ou, perante
correntes muito elevadas, são ligadas em paralelo. A principal aplicação deste tipo de
instrumento é encontrada nos medidores de potência (Wattímetros).

Sistema Ressonante
O instrumento baseia o seu funcionamento nos efeitos de ressonância. Uma
determinada quantidade de Lâminas metálicas (línguas) de diferentes frequências,
próprias de ressonância, é levada a vibrar, pela ação dos impulsos magnéticos
provenientes de um eletroímã alimentado com frequência nominal da rede. Com isto,
uma das lâminas vibrará com maior intensidade, e exatamente aquela cuja frequência
própria é a mesma cômoda frequência aplicada. Lâminas adjacentes também
vibrarão, porém com menor intensidade. Esse sistema é usado nos frequêncímetros.

Sistema eletrodinâmico com bobinas cruzadas

A construção deste instrumento corresponde ao de um instrumento eletrodinâmico


blindado em invólucro de ferro, com bobinas cruzadas móveis. Os polos do núcleo de
ferro, que é fixo, são estabelecidos por meio de uma bobina de corrente. Ambas as
bobinas do sistema móvel de bobinas cruzadas são ligadas à tensão e apresentam
um comportamento em oposição. Aplicando-se corrente alternada monofásica, uma
das duas bobinas cruzadas, ligadas em paralelo, irá comandar uma indutância. A
conjugados opostos nas bobinas cruzadas, devido ao defasamento, em relação à
bobina de corrente. O conjugado que atua sobre a deflexão do ponteiro é determinado
pela bobina, cuja tensão apresenta um maior deslocamento de fase em relação à
corrente da bobina de corrente. O ponto zero do instrumento, tal como em todos os
instrumentos de bobina cruzada, é dado apenas após a ligação da tensão. Estes
instrumentos têm amortecimento por correntes parasitas. Instrumento usado para
medir fator de potência (cosseno de ⌀).

1.14.3.2 Simbologia quanto à posição de funcionamento

Os instrumentos de medidas elétricas são construídos para funcionar em três


posições: vertical, horizontal e inclinada.
1.14.3.3 Simbologia quanto ao tipo de corrente
1.14.3.4 Simbologia quanto à tensão de isolação

Tensão de isolação ou tensão de prova, é o valor máximo de tensão que um


instrumento pode receber entre sua parte interna (de material condutor) e sua parte
externa (de material isolante). Esse valor é simbolicamente representado nos
instrumentos pelos números 1, 2 ou 3, contidos no interior de uma estrela.

Note que os números significam os valores de tensão de isolação em KV.


Observação: A existência da estrela sem número em seu interior indica que o valor da
tensão de isolação é de 500V. Usar instrumentos de medidas elétricas que
apresentam tensão de isolação inferior à tensão da rede a ser medida pode causar
danos aos instrumentos e risco do operador receber um choque elétrico. O
instrumento pode ser utilizado, sempre que sua tensão de isolação for maior que a
tensão da rede.

1.14.3.5 Simbologia quanto à classe de precisão

A classe de precisão dos instrumentos é representada por números. Esses números


também são impressos no visor dos instrumentos.
Classe de precisão: a precisão do instrumento é indicada pelo seu erro em
porcentagem do seu valor, no fim da escala.

Exemplo: Qual é o erro de um amperímetro para 60A da classe 1,5 quando o


instrumento indica 40 A?

Erro de medição ± 1,5% de 60 A = 0,015 x 60 = ± 0,9 A

O valor real está entre 39,1 e 40,9 A.

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