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CONCEITOS DE INSTRUMENTOS E MEDIDAS

MEDIDAS DE CORRENTE, TENSÃO E RESISTÊNCIA EM CORRENTE


CONTÍNUA (CC) E BAIXA FREQUÊNCIA (BF)

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO MAIS USUAIS

- DESCRIÇÃO GERAL:`
O instrumento empregado na medição das grandezas elétricas (corrente, tensão e
resistência) são denominados VOM (volt-ohm-milliammeter), ou Multitestes. Existem
dois tipos básicos de VOM: os analógicos que utilizam um mostrador baseado no
deslocamento de um ponteiro e os digitais que apresentam o valor medido em um
mostrador digital.

Tanto os multitestes analógicos quanto os digitais são capazes de executar medidas de


tensão e corrente em CC ou em baixa frequência (em torno de 400 HZ). Estudaremos
mais adiante, técnicas que nos permitam utilizar os medidores de CC para efetuar
medidas de tensão e corrente em frequências mais elevadas.

Da mesma forma, a resistência elétrica medida por um multiteste expressa um valor que
não leva em consideração certos efeitos que surgem à medida que a frequência
aumenta. Veremos mais adiante que, quando colocamos um resistor em um circuito por
onde há a circulação de frequência alta, este resistor comporta-se de uma forma
inteiramente diferente quando comparado com a sua aplicação em circuitos de CC ou
baixa frequência.

Figura 1a: VOM analógico típico Figura1b: VOM digital típico


(DVM)

Veremos também que um multiteste, na realidade, é somente um medidor de corrente e


que as medições das outras grandezas (tensão e resistência elétrica) são derivadas
desta. Se analisarmos a Figura 1 que mostra um VOM analógico típico, veremos que é
formado pelo medidor propriamente dito (galvanômetro) e por uma chave de seleção de
medidas. Esta é a configuração básica de todos os instrumentos deste tipo.

Os galvanômetros empregados nos VOM, são medidores de corrente chamados


“amperímetros de bobina móvel”. Vamos analisar a Figura 2 e descrever o
funcionamento do amperímetro de bobina móvel.

Figura 2a: O amperímetro de bobina móvel (Vista em perspectiva).

Figura 2a: O amperímetro de bobina móvel (Vista


frontal).

Acompanhe o raciocínio:

Preso ao eixo do conjunto móvel está um ponteiro que se desloca na frente de uma
escala graduada, em valores da grandeza que medirá o instrumento.
A corrente contínua i a ser medida, percorre a bobina B a qual gera um campo
magnético. Este campo magnético interage com o campo magnético gerado por um imã
permanente.

O resultado da interação dos dois campos magnéticos descrita acima, faz com que o
conjunto móvel se desloque para a direita ou para a esquerda, dependendo da
polaridade da corrente que é aplicada à bobina móvel, provocando também um
deslocamento no ponteiro.

O deslocamento sofrido pelo ponteiro, isto é, a intensidade da interação entre os dois


campos magnéticos, é proporcional à corrente i que circulou pela bobina. Assim, se a
escala mostrada na Figura 2 for devidamente graduada, ela irá indicar o valor da
corrente que circulou pela bobina e que nos interessa medir.

Retirada a corrente i, a interação dos campos magnéticos deixa de existir. Nesta


situação, o ponteiro voltará ao seu valor de repouso (indicação 0 [zero] da escala) pela
ação de um mola presa de um lado ao eixo do conjunto móvel e do outro à carcaça do
instrumento, como mostrado na Figura 2.

Caso a corrente aplicada no galvanômetro não fosse contínua, a interação entre o imã
permanente e a bobina trocaria constantemente de sentido, fazendo com que o ponteiro
se deslocasse ora para a direita ora para a esquerda, dependendo da polaridade da
corrente. Para freqüências acima de 30Hz, este efeito é absorvido pela própria inércia do
conjunto móvel, e o ponteiro pareceria parado.

- CARACTERÍSTICAS BÁSICAS:

Os instrumentos de medida CC e de baixa freqüência possuem algumas características


comuns. Abaixo listaremos algumas dessas características mais importantes.

 Natureza do instrumento: é a característica que identifica o instrumento


segundo o tipo de medida que este executa. Exemplo: Amperímetro, Ohmímetro,
Voltímetro ou o VOM.

 Calibre do instrumento: é o valor máximo da grandeza mensurável que o


instrumento é capaz de medir. Por exemplo: um voltímetro que pode medir no
máximo 200Volts, diz-se que seu calibre é 200Volts.

Dizemos que um instrumento é de um só calibre, quando o valor máximo da grandeza a


ser medida é único. Assim, um amperímetro cuja maior leitura seja 200μA é um
instrumento de um só calibre. O calibre é, portanto, o fundo de escala do instrumento.

Os instrumentos de múltiplos calibres, por outro lado, possuem chaves seletoras de


medidas e podem ajustar as leituras de fundo de escala para diversos valores. Os VOM
ou DVM, que acabamos de estudar, são exemplos de instrumentos de múltiplos calibres.

 Classe de exatidão: é o erro máximo introduzido pelo instrumento. Este erro é


expresso em termos percentuais do calibre do instrumento.

Exemplo: Um instrumento cujo calibre seja 200 µA e classe de exatidão de 1.5,


apresentará um erro de 3 µA ([200µA*1.5]/100) para qualquer valor medido. Note
que, quanto menor o valor da corrente que está sendo medida, maior é o erro
percentual cometido e, reciprocamente, quanto mais próximo do calibre o valor a
ser medido se situar, menor será o erro percentual cometido na medida. Uma
prática comum é selecionar um instrumento, de tal forma, que o valor da grandeza
a ser medida se situe no último terço da escala.

 Discrepância: é a diferença entre os valores medidos para uma mesma


grandeza.

Exemplo: Utilizamos um voltímetro para medir uma fonte de alimentação de


10Volts: a primeira leitura indicou 10Volts e a segunda leitura indicou
10,5Volts. Diz-se que entre as medidas há uma discrepância de 0,5Volts.

 Sensibilidade: é a característica de um instrumento de medição que exprime a


relação entre o valor da grandeza medida e o deslocamento da indicação.

Exemplo: Dois instrumentos são utilizados para se fazer a medida de uma


mesma grandeza. Um deles indicou o valor da grandeza deslocando-se até a
metade de sua escala e o segundo deslocou-se até ¾ de sua escala. Neste
caso, o segundo medidor tem 50% mais sensibilidade que o primeiro.

 Resolução: é a menor divisão marcada na escala de um instrumento, isto é,


resolução é o menor incremento que se pode assegurar numa leitura feita.

Exemplo: Se a escala de um amperímetro é marcada de 0,5 em 0,5 amper,


a resolução deste amperímetro será 0,5 amper.

 Perda Própria: é a potência dissipada dentro do instrumento quando este


instrumento é utilizado para medir uma grandeza correspondente ao seu calibre.

Exemplo: Um amperímetro de calibre 5A e resistência própria de 0,5 Ohms,


terá uma Perda Própria de 12,5Watts(R*I2) . É desejável que a perda
própria de um instrumento seja mínima, para que a sua introdução no
circuito, não perturbe o funcionamento deste circuito.

 Eficiência: É a relação entre seu calibre e a perda própria.

Exemplos:

1- Um amperímetro com calibre de 5A e perda de 12,5Watts tem eficiência


igual a 5A/12,5W, isto é, 0,4 A / W (Veremos adiante que um amperímetro é
conectado em série com o circuito).

2- No caso de um voltímetro, o calibre é especificado em Volts enquanto a


perda própria (potência dissipada dentro do instrumento) em Watts. Como
veremos adiante, um voltímetro é colocado em paralelo com o ponto do
circuito a se medir a tensão (ver Figura3), desta forma as seguintes relações
são válidas:
Figura 3: Conexão do voltímetro em paralelo com o ponto a ser medido.

Onde:

R: Resistência interna do instrumento

V: É a tensão a ser medida

I: Corrente que flui para dentro do instrumento (idealmente I=0)

Volt: Voltímetro utilizado para se realizar a medida

Então, um voltímetro que apresente 200.000Ohms/Volt (200KOhms/Volt) é menos


eficiente que outro que apresente 1.000.000Ohms/Volt (1MOhms/Volt).

- CONCEITOS DE EXATIDÃO E PRECISÃO:

Exatidão: é a característica de um instrumento de medição que exprime o afastamento


entre a medida feita por este instrumento e a absolutamente correta, dada por algum
padrão de referência. Por isso, a exatidão de um instrumento tem que ser determinada
através de um padrão de calibração. A exatidão de um instrumento de medida vem
indicada através de sua Classe de Exatidão, conceito já estudado anteriormente.

Precisão: característica de um instrumento de medição que, através de um processo


estatístico, define o afastamento mútuo entre as diversas medidas de uma grandeza dada,
em relação a media aritmética dessas medidas. Em outras palavras a precisão de um
instrumento está ligda ao conceito de Discrepância, definido anteriormente.

Conclui-se dos dois conceitos acima que, um instrumento PRECISO não é


necessariamente EXATO, embora isto ocorra, na maioria das vezes.
- CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE UM
INSTRUMENTO DE MEDIDA:

1. Utilize um instrumento de teste somente se tiver certeza que o está utilizando de forma
correta. Para tanto, leia os manuais de operação do instrumento antes de utilizá-lo.

2. Escolha o instrumento correto para medir a grandeza desejada, seja ela corrente,
resistência elétrica ou tensão ( CC ou CA).

3. Estime o valor da grandeza a ser medida, de modo a selecionar corretamente o calibre


do instrumento a ser utilizado. Por exemplo: se for desejado medir a corrente por um
circuito onde uma lâmpada de 200Watts e 220Volts está conectado, deve-se escolher um
Amperímetro com calibre de 1A. Caso não seja possível fazer esta estimativa, utilize o
instrumento de maior calibre possível. Nos VOM ou DVM, selecione a maior escala
disponível para medir a grandeza desejada.

4. O instrumento utilizado deve ter a classe de exatidão compatível com a qualidade da


medida a ser feita.

5. Deve-se utilizar um instrumento com o melhor rendimento possível e sempre considerar


o distúrbio introduzido quando este é inserido no circuito que se está medindo. Desta
forma, obteremos o valor da grandeza a medir descontando a influência das perdas
internas do instrumento utilizado. Para fixarmos a importância deste conceito, vamos
medir a corrente máxima fornecida por uma bateria de tensão contínua de 10Volts com
resistência interna de 1Ohm. Como será visto mais adiante, para medir a corrente em um
circuito, temos que inserir o amperímetro em série com este circuito. Veja a Figura 4 para
detalhes da conexão do amperímetro com a bateria.

Figura 4: Medida da corrente fornecida por uma bateria.


Da Figura 4, tiramos os seguintes fatos:

1. Um amperímetro é um instrumento que tem uma resistência interna muito baixa,


normalmente desprezada (1Ω no exemplo).

2. A bateria tem resistência interna também de 1Ω.

3. Se o amperímetro fosse ideal (resistência interna de 0 Ohm), a corrente medida seria


igual a 10A, que é a corrente real que a bateria pode fornecer.

4. A corrente lida no amperímetro A da Figura 4 seria de 5A, um valor correspondente à


metade do valor real.

5. Neste caso, teríamos que descontar a resistência interna do amperímetro (distúrbio


introduzido pelo instrumento), para obtermos o valor correto da capacidade da bateria.

- MEDIDORES DE BOBINA MÓVEL:


As figuras 2 e 3, ilustram a construção de um GALVANÔMETRO DE BOBINA MÓVEL.

O galvanômetro é um instrumento destinado a medir corrente contínua ou corrente


alternada de baixa freqüência (até 400Hz).

Os galvanômetros de bobina móvel são feitos para suportarem correntes muito


pequenas da ordem de µA ou mA. Para ampliar o calibre destes instrumentos, tornando-
os capazes de medir elevadas correntes, são conectados resistores em paralelo com
eles. Estes resistores são denominados RESISTORES SHUNT OU RESISTORES DE
DERIVAÇÃO. Veremos mais adiante como dimensioná-los.

Outro fator a considerar: a leitura de CA baixa freqüência apresentada por um


galvanômetro de bobina móvel, apresenta erros consideráveis caso a forma de onda da
CA não seja senoidal. Veja, por exemplo, a forma de onda de saída de um estabilizador
de tensão de núcleo saturado: neste caso, deverá ser utilizado um medidor de ferro
móvel cujo funcionamento será descrito no próximo tópico.

Então: utilize um galvanômetro de bobina móvel somente para medir CC e CA de


baixa freqüência cuja forma de onde seja senoidal.

- MEDIDORES DE FERRO MÓVEL:

Os medidores de ferro móvel podem ser utilizados para medir CC ou CA de baixa


freqüência, podendo ainda ser utilizados para medir formas de onda não senoidais. Estes
medidores possuem Classe de Exatidão pior do que os medidores de bobina móvel e, por
isso, são medidores mais baratos. É comum encontrá-los nos painéis de equipamentos
como estabilizadores, geradores elétricos, entre outros.

Analisemos o funcionamento do galvanômetro de ferro móvel:

Partes Componentes:
1- Parte móvel conectada ao ponteiro

2- Elemento ferro-magnético fixo

3- Elemento ferro magnético móvel

Bobina fixa que recebe a corrente a ser medida

Figura 4: Medidor de Ferro Móvel

FUNCIONAMENTO DO MEDIDOR DE FERRO MÓVEL:

A bobina de excitação é a parte 4: nos terminais desta bobina é aplicada a corrente a


ser medida.

A parte 2 é um tubinho de material ferroso, sobre o qual a bobina (4) é enrolada. A


parte 2 é, portanto, fixa. Quando uma corrente circula a bobina, o tubinho (2)
transforma-se num eletro-imã gerando um campo magnético, que aparece ao redor e
por dentro do tubinho.

A parte 3 é um segundo tubinho também de material ferroso, com diâmetro menor


que a parte (2). A parte 3 é inserida por dentro da parte (2), tendo liberdade de girar
em seu interior.

Até aqui temos uma bobina enrolada num tubo metálico e um segundo tubo coaxial ao
primeiro. Agora analisemos o que ocorre quando a corrente elétrica percorre a bobina
(4): o campo magnético gerado pela parte 2 induz um campo magnético com a mesma
polaridade na parte 3. Isto faz com que a parte 3 desloque-se dentro da parte 2. Como
as partes 2 e 3 são coaxiais a parte 3 girará dentro da parte 2. A parte 3 é acoplada a
um ponteiro que gira na frente de uma escala graduada e a estrutura deste ponteiro é
preso a uma mola fixa. Desta forma, quando a corrente é aplicada à bobina de
excitação, provocará o giro do ponteiro até o ponto em que a força aplicada ao ferro
móvel for equilibrado pela reação da mola. Neste ponto o ponteiro pára e a leitura
poderá ser feita. Quando a corrente é retirada da bobina de excitação, a mola exercerá
uma força no ponteiro, trazendo-o de volta à origem.

Figura 5 abaixo, mostra o aspecto de um medidor de ferro móvel encontrado na


prática.
A escala graduada em mV, mostra a utilização de um amperímetro como voltímetro

- MEDIDORES DIGITAIS
Os medidores digitais baseiam-se na utilização de conversores Analógico-Digital
(ADC). Estes conversores transformam um nível analógico de tensão num código digital
de comprimento fixo que, após tratamento conveniente, é apresentado em um medidor
de cristal líquido (LCD – Liquid Crystal Display).

O ADC tem um nível de tensão máximo que pode operar. A função da chave seletora
de medidas (Figura 1B) é escolher um divisor resistivo adequado, de tal forma que a
tensão de entrada a ser medida, seja reduzida a um valor menor do que a máxima
tensão do ADC.

A Figura 6 mostra um diagrama em blocos básico de um DVM.

Figura 6: Diagrama simplificado de um voltímetro digital (DVM)

O bloco Amplificador de Entrada e Conversor AC – DC serve para transformar a tensão


alternada de entrada num tensão contínua, além de aplicar ganho adequado quando o
nível de tensão a ser medido for muito baixo. A combinação do divisor resistivo escolhido
pela chave seletora de medidas em conjunto com o ganho do primeiro bloco, faz com
que na entrada do ADC seja aplicado um nível de tensão adequado.

Algumas vantagens da utlização de DVM são:

 Elevada eficiência.
 Precisão na leitura apresentada.
 Pode medir freqüências tão altas quanto 10KHz.

Algumas desvantagens da utilização de DVM são:

 Apresentar leituras erradas quando houver campo eletromagnético presente


no circuiro que se está medindo. Esta situação aparece quando se está
medindo tensões CC de polarização de circuitos que compõem
transmissores, osciladores e outros circuitos que gerem campo
eletromagnético.
 Dificuldade de efetuarmos a medida de uma grandeza que varia lentamente
com o tempo. Esta situação é agravada se, por exemplo, quisermos
determinar os valores máximo e mínimo desta grandeza.

Pela prática podemos dizer que um VOM analógico é a melhor opção em 80% das
necessidades de medidas no campo das telecomunicações.

- MEDIDAS EM CORRENTE CONTÍNUA (CC) E BAIXA


FREQÜÊNCIA (BF):

Como foi mencionado anteriormente as medidas de tensão e resistência eram medidas


derivadas. Isto significa que os medidores de tensão e resistência são construídos
sempre a partir de um amperímetro.

Acompanhe os parágrafos abaixo:

Medidor de Tensão: Um medidor de tensão é, na realidade, um medidor de corrente


com uma resistência em série com o galvanômetro e uma escala devidamente calibrada.
O valor da resistência depende do calibre do amperímetro e do valor da tensão que se
quer medir.

A Figura 7 mostra esta situação esquematicamente: o medidor de tensão


(galvanômetro + escala graduada + resistência interna) sempre será aplicado em
paralelo com o ponto que se quer medir.

Concluímos então que, para minimizar o distúrbio causado por um medidor de tensão,
e conseqüentemente aumentar sua eficiência, a resistência série deste medidor deve ter
o maior valor possível.
Figura 7: Representação esquemática da utilização de um amperímetro como voltímetro

- MEDIDOR DE RESISTÊNCIA (Ohmímetro):


Um ohmímetro é constituído pelos seguintes elementos:

 Galvanômetro de bobina móvel.


 Bateria.
 Resistência de Calibração (Rc).
 Escala graduada.

A Figura 8 mostra esquematicamente um ohmímetro.

Figura 8: Representação esquemática da utilização de um amperímetro como


ohmímetro

A bateria que compõem o ohmímetro envia uma corrente attravés do resistor a ser
medido. Esta corrente é indicada pelo galvanômetro de bobina móvel em série com o
circuito. O instrumento mede, naturalmente, a corrente que circula através do resistor R.
Como a corrente circulante é relacionada de forma inversa com a resistência a ser
medida, pode-se graduar a escala para que o valor da resistência R seja lida
diretamente.

Para que o zero da escala seja calibrado, coloca-se um curto-circuito no lugar da


resistência R. A resistência de calibração Rc deverá ser ajustada para a indicação do
valor 0. Observe que a corrente de curto circuito, deverá ser igual ao calibre do
amperímetro. No outro extremo da escala, a indicação de resistência infinita deverá ser
mostrada, no caso da substituição de R por um circuito aberto. É importante observar
que o sentido da escala do ohmímetro é inverso relativamente ao voltímetro e ao
amperímetro.

Passemos agora a algumas considerações sobre as técnicas de medidas de corrente,


resistência e tensão.

- MEDIDAS DE CORRENTE:
Para se medir a corrente em um determinado ponto do circuito com um VOM:

 Escolha a escala de medida de corrente no VOM através da chave de


seleção de medidas. Ainda nesta chave, escolha um valor de fundo de
escala para a medidor compatível com o valor a ser medido.

Como visto anteriormente, caso não seja possível fazer uma estimativa deste valor,
escolha o maior fundo de escala disponível no instrumento. Veja Figura 9.

Figura 9: VOM com a chave de seleção de medida em CC.

Note que a maior escala de corrente é escolhida, evitando danos ao instrumento:

 Coloque o amperímetro em série com o circuito a ser medido.


 Coloque sempre o polo positivo do amperímetro conectado ao ponto de
maior potencial do circuito, como na Figura 10 abaixo.
Figura 10: Conexões do VOM num circuito para medição de corrente.

 Leia diretamente o valor da corrente em Amper ou miliAmper na escala de


corrente do instrumento.

O procedimento acima deve ser utilizado sempre um VOM estiver disponível. No


entanto algumas vezes este não é o caso. Suponhamos que esteja disponível para medir
uma corrente de 600mA um galvanômetro de bobina móvel com 100μA de calibre e
alguns resistores. Como poderíamos executar a medida sob estas condições?

Respondendo: Para estender o calibre de um galvanômero, sempre colocamos


resistência em paralelo com ele, que como mencionado anteriormente, chama-se
derivador (shunt). Esta é a técnica! Mas de quanto deve ser o valor do derivador?

Antes de respondermos a esta pergunta, temos que recordar o tópico onde tratamos
de Eficiência de um galvanômetro.

Neste tópico foi dito que todo instrumento tem uma resistência interna de perda que
aparece em série com o instrumento e que o ideal é que essa perda fosse nula, fato que
nunca acontece. Fisicamente a resistência interna do galvanômetro é a resistência
apresentada pelo fio da bobina por onde circula a corrente a ser medida.

O primeiro passo para calcular o valor do derivador é determinar o valor da resistência


de perda do instrumento que será utilizado.

Vamos analisar um método experimental fácil de implementar para a determinação da


resistência interna (de perda) de um galvanômetro. Primeiramente montamos o circuito
abaixo:
Figura 11: Circuito inicial para medida da resistência interna do galvanômetro

Rs é uma resistência variável (potenciômetro) que deve ser ajustado para que o
galvanômetro mostrado indique uma leitura de fundo de escala.

Para exercitar: qual deve ser o valor de Rs para que tenhamos uma leitura de fundo
de escala no galvanômetro? Se você respondeu 25 KOhms, acertou. Caso você tenha
dúvida, estude a Lei de Ohm.

No circuito acima, o galvanômetro pode ser visto através de sua resistência


equivalente, ou seja, como uma resistência por onde circula uma corrente de 200mA.

Agora, no mesmo circuito da Figura 11, vamos acrescentar um segundo potenciômetro


como mostrado na Figura 12.

Figura 12: Circuito da Figura 11, com o acréscimo do potenciômetro Rp.

Ajustemos Rp, de forma que a leitura no galvanômetro caia para a metade. Agora
responda: se Rp for retirado do circuito e medido num ohmímetro, qual será o
significado de seu valor?

Isso mesmo, o valor medido de Rp será exatamente igual à resistência interna do


galvanômetro, que é o que estamos procurando. Ajustamos Rp de modo a dividir a
corrente pelo galvanômetro por 2. Isto acontecerá se, e somente se, Rp for igual à
resistência interna do galvanômetro.

O método acima pode ser aplicado na prática sempre que não dispusermos do valor da
resistência interna de um galvanômetro.

Agora, retornemos à nossa questão inicial sobre os derivadores. Já sabemos como


medir a resistência interna do galvanômetro. Suponhamos que o valor medido em nosso
galvanômetro seja 2 Ohms. Agora podemos calcular um derivador ou resistência de
shunt a ser colocado em paralelo com o nosso galvanômetro de 100mA para medirmos
uma corrente de 600mA.

Esta situação é mostrada na Figura 13.


Figura 13: Determinação do derivador ou Resistência Shunt para multiplicar o calibre de
um galvanômetro

Vemos que a queda de tensão sobre o galvanômetro pode ser calculada por:

onde:

 Ri = Resistência Interna do galvanômetro.


 Vab = Queda de tensão nos extremos do galvanômetro.
 Ic = Corrente de fundo de escala do galvanômetro correspondente ao seu Calibre.

Como a tensão Vab também está presente nos extremos de Rs (derivador ou Resistência
Shunt), o valor deste pode ser calculado pela seguinte relação:

onde:

 Rs = Resistência Shunt ou derivador


 Is = Corrente pelo derivador
 Im = Corrente a ser medida, neste caso 600mA
Note que a relação entre o valor do derivador e a resistência interna do galvanômetro,
é igual à relação entre o calibre do galvanômetro e a corrente a ser medida.

Aplicando este conceito ao que foi calculado no exemplo anterior, temos:

 Relação entre a corrente a ser medida e o calibre do galvanômetro:


600mA/0.1mA =6000.
 Resistência Interna do galvanômetro: 2 Ω.
 Valor do derivador: 2 Ω/6000 => 0.333m Ω.

Você pode estar se perguntando, na prática, como se consegue valores de resistência


tão baixos, da ordem de Ω ou m Ω?

Estes valores são obtidos utilizando-se pedaços pequenos de fio com resistividade
(resistência elétrica por unidade de comprimento) bem definida, e com um bom
coeficiente de temperatura (variação de resistividade com a temperatura).

- MEDIDAS DE TENSÃO:
Para se medir a tensão em um determinado ponto do circuito com um VOM, escolha a
escala de medida de tensão no VOM através da chave de seleção de medidas. Ainda
nesta chave, escolha um valor de fundo de escala para o medidor compatível com o
valor a ser medido.

Como visto anteriormente, caso não seja possível fazer uma estimativa deste valor,
escolha o maior fundo de escala disponível no instrumento. Veja Figura 14 .

Figura 14: VOM com a chave de seleção de medida em VDC.

Coloque o voltímetro em paralelo com o circuito a ser medido. Coloque sempre o polo
positivo do voltímetro conectado no ponto de potencial mais positivo do circuito. Veja a
Figura 15 abaixo.
Figura 15: Conexões do VOM num circuito para medição de tensão.

Neste caso, estamos medindo a tensão de uma bateria de 1.5 Volts. Observe a
coerência da escala escolhida no instrumento. Leia diretamente o valor da tensão da
bateria emVolts na escala de tensão do instrumento.

O procedimento acima deve ser utilizado sempre um VOM estiver disponível. No


entanto algumas vezes este não é o caso: suponhamos que esteja disponível para medir
a tensão da bateria da Figura 15 um galvanômetro de bobina móvel com 100µA de
calibre e alguns resistores.

Como poderíamos executar a medida sob estas condições? Lembra-se de quando


dissemos que as medidas de tensão e resistência são derivadas da medida de corrente?
Pois é: chegou a hora de executarmos a medição de uma tensão elétrica utilizando um
amperímetro (ou galvanômetro).

Vamos à resposta de nossa questão: vimos que um voltímetro deve ser conectado em
paralelo com o circuito a ser medido e, como tal, quanto maior for sua resistência
interna menor será o distúrbio causado pelo instrumento no circuito que está sendo
medido.

Este conceito já foi visto quando falamos em Eficiência do voltímetro. Para


transformarmos um amperímetro em um voltímetro, basta acrescentarmos uma
resistência em série ao amperímetro. E que valor seria este?

Analise o raciocínio abaixo:

 Tensão a ser medida: 1,5Volts.


 Calibre do galvanômetro: 100mA ou 0,1mA.
 Resistência interna do galvanômetro: 2Ohms.

Para que 1,5Volts provoque o deslocamento do galvanômetro até o fundo de escala,


deverá ser conectada em série com este uma resistência de 15 KOhms, menos a
resistência interna do galvanômetro que vale 2 Ohms, ou seja, um valor total de 14998
Ohms (15000 Ohms-2 Ohms). Analise esta situação na Figura 16.
Figura 16: Utilização de um amperímetro para efetuar uma medida de tensão

O que ocorreria se ao invés de medirmos a tensão de uma bateria, como colocado no


exemplo anterior, quiséssemos medir os mesmos 1,5 Volts mas num circuito onde o
valor da resistência entre os dois pontos considerados seja 50KOhms ?

A eficiência deste medidor seria adequada à execução da medida?

Porquê?

O QUÊ VOCÊ FARIA PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA DO VOLTÍMETRO?

Respostas:

Incorreríamos num erro muito grande, pois a resistência interna do voltímetro ficaria
menor do que a resistência dos pontos considerados. Desta forma o circuito de medição
“pesaria” no circuito que está sendo medido.

Para se resolver esta questão teríamos que utilizar um amperímetro com calibre muito
menor. Assim a resistência em série com o galvanômetro seria bastante elevada,
elevando a eficiência do medidor.

- MEDIDAS DE RESISTÊNCIA:
Para se medir a resistência elétrica em um determinado ponto do circuito com um
VOM:

 Escolha a escala de medida de resistência no VOM, através da chave de seleção


de medidas.
 A leitura da resistência indicada pelo instrumento é feita em uma escala única,
graduada de 0 a , como visto na Figura 17. O valor real da resistência será igual
ao valor lido diretamente na escala do instrumento, multiplicado pelo fator
indicado na chave seletora de medidas. Assim, por exemplo: caso a leitura feita
seja 30 e a chave de seleção de medidas esteja em x100, o valor da resistência
será 3000 Ohms ou 3 KOhms.
 Sempre que um ohmímetro for utilizado, certifique-se que todas as tensões que
alimentam o circuito a ser medido estejam desligadas. Este tipo de medida é o
que se chama, na prática, de “medida a frio”.
 Um ohmímetro é constituído por um galvanômetro, uma bateria interna e um
potenciômetro de calibração, como indicado na Figura 8.

Figura 17: VOM condicionado para leitura de resistência (ohmímetro)

 Calibrar o zero do ohmímetro, colocando as duas pontas de prova em curto


circuito, como mostrado na Figura 19.

Figura 19: Ajuste do 0 da escala do ohmímetro. As duas pontas de prova em curto


colocam uma resistência de 0 Ohms na entrada do instrumento. O ajuste ADJ deve ser
atuado para caibração do 0 da escala.

 Atuar no ajuste ADJ, de modo a deslocar o ponteiro do ohmímetro para o valor 0


Ohms.
 Responda agora: Quando colocamos o curto circuito nas pontas de prova como
mostrado acima, que corrente estará passando pelo galvanômetro?
 Ajustado o 0 da escala do ohmímetro, desligar toda a limentação do circuito que
se quer medir e aplicar o ohmímetro em paralelo com os pontos desejado. Veja a
Figura 20.

Na figura abaixo, qual seria o valor da resistência medida?


Figura 20: Medida de resistência com um ohmímetro.

Observe que quando estamos medindo uma resistência, o ohmímetro aplica uma
tensão ao elemento que se quer medir provocando, conseqüentemente, uma circulação
de corrente através deste elemento. A polaridade da tensão aplicada pelo ohmímetro é
inversa em relação a indicação de + e – mostrada (ver Figura 18).

Os tópicos acima, resumem as técnicas de medição das grandezas elétricas utilizadas


em CC e BF, bem como uma introdução aos instrumentos utilizados para implementar
estas medidas.

Apresentaremos, a seguir, um quadro com o resumo do que foi estudado até agora e
alguns exercícios de aplicação que normalmente aparecem na vida real.

Resumindo as aplicações estudada dos instrumentos de medidas.

TIPO DE
MEDIDA INSTRUMENTO CONEXÃO OBSERVAÇÃO
MEDIDA

Bobina móvel: CC e BF sen


Amperímetro ou Série com o
Corrente A quente
Galvanômetro circuito Ferro Móvel: CC e BF com
onda genéricas.

Tensão Voltímetro Paralelo A quente Verificar eficiência do instru

Ajustar o zero da escala an


Resistência Ohmímetro Paralelo A frio
executar uma medida.

OBS: Tanto o Voltímetro como o Ohmímetro são construídos a partir de um amperímetro, normalment
móvel.

EXERCÍCIOS E ESTUDO DE CASOS:

1. Calcule um derivador a ser utilizado num amperímetro de calibre 200mA e


resistência interna 50 Ohms, para medir uma corrente máxima de 1 Amper. Faça
um esboço do circuito resultante.
2. Dimensione um voltímetro para medir uma tensão de 10 volts, num ponto onde a
resistência seja de 500KOhms, a partir de um galvanômetro cujo calibre é
500mA. Determine o distúrbio causado pelo voltímetro no circuito que estamos
medindo. Proponha uma alternativa visando otimizar a medida.

Respostas:

1. Valor do derivador: 10mOhms. Quanto ao esboço do circuito, veja a Figura 13


substituindo os valores dos componentes pelos valores do exercício.
2. Utilizar um resistor de de 20 KOhms. em série com o amperímetro. Como a
resistência do voltímetro é muito menor que a resistencia do ponto de medida,
haveria uma circulação de corrente muito grande pelo interior do instrumento o
que certamente causaria dano no circuito.

Observação:

Para melhorar a situação teríamos que utilizar um galvanômetro com um calibre muito
menor, da ordem de 10mA.

MEDIDAS DE TENSÃO E IMPEDÂNCIA EM RÁDIO FREQÜÊNCIA


(RF)

- INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE RÁDIO FREQÜÊNCIA:

No item anterior, estudamos as medidas em corrente contínua e em baixa freqüência


(400Hz). Nas faixas de freqüência mais altas como áudio (freqüências até 15KHz) e
vídeo (freqüências até 6MHz), utilizamos retificadores para transformarmos estes sinais
de AC em CC e, então, utilizar os medidores CC para determinarmos seus níveis de
tensão. Note que, ao retificar o sinal alternado e medir a CC resultante, estaremos
medindo o valor de pico ou amplitude daquele sinal. Veja a Figura 21.

Figura 21: Medida da amplitude de um sinal de freqüência alta usando um retificador de


meia onda.

Normalmente, os sinais cujas freqüências situam-se entre 1KHz e 10MHz, são


denominados sinais de Bandabase. Um sinal com freqüência maior que 50MHz é
denominado sinal de Rádio Freqüência ou RF.
Exemplo: um canal de televisão que você recebe em VHF (VERY HIGH FREQUENCY),
situa-se na faixa de freqüência de 54 a 216MHz. Então, a transmissão de um canal de
televisão é feita em freqüência de RF. Ou, ainda, o VHF situa-se na faixa de freqüências
de RF. Da mesma forma, as freqüências de UHF (ULTRA HIGH FREQUENCY) e de
microondas (MICROWAVE) são todas consideradas RF.

- FORMAS DE ONDA NO DOMÍNIO DO TEMPO:


Todos os instrumentos de medidas em telecomunicações apresentam o resultado das
medidas efetuadas em um dos dois domínios: o domínio do tempo e o domínio da
freqüência.

Apesar do nome aparentemente complicado, o conceito de domínio do tempo e


domínio da freqüência é bem simples. Diz-se que, uma medida é definida no domínio do
tempo, quando ela é apresentada em um gráfico onde o eixo das coordenadas (x) é o
eixo do tempo e o outro eixo é uma grandeza qualquer (em eletrônica e
telecomunicações será tensão ou corrente).

Da mesma forma, uma medida é definida no domínio da freqüência quando ela é


apresentada em um gráfico, onde o eixo das coordenadas (x) é o eixo da freqüência e o
outro eixo é uma grandeza qualquer (em eletrônica e telecomunicações será tensão ou
corrente).

Vamos analisar um fenômeno físico, bastante intuitivo para fixarmos o conceito de


domínio da freqüência e domínio do tempo: o movimento de um pêndulo oscilando. Esta
situação é mostrada na Figura 22.

Figura 22: Geração de um Movimento Harmônico Simples pelo movimento de um


pêndulo

Desta figura, temos as seguintes observações:

 Quando o pêndulo encontra-se em repouso ele está parada na posiçâo Origem do


Movimento.
 Ao deslocarmos o pêndulo de um ângulo d para a direita, estabelecemos que o
pêndulo está em sua posição mais extrema de sua trajetória. Estabeleceremos
que este deslocamento para a direita é associado a um deslocamento positivo.
 Ao soltarmos o pêndulo a partir da posição +d, este entrará em movimento,
passando novamente pela Origem do Movimento e irá a sua posição mais
extrema à esquerda. Diremos que o pêndulo, nesta situação, está na posição –d.
 Como estamos supondo que o atrito sofrido pelo pêndulo é nulo, este ficará
indefinidamente oscilando entre os pontos +d e –d.
 Se medirmos o tempo gasto pelo pêndulo para passar por um mesmo ponto em
sua trajetória, veremos que este tempo é constante.

Agora, podemos fazer nossa primeira caracterização do movimento do pêndulo


descrito acima:

 Pontos máximos e mínimos são iguais e simétricos. Ao módulo do valor angular


máximo assumido pelo pêndulo em sua trajetória, denominaremos de
AMPLITUDE.
 O tempo decorrido entre duas passagens consecutivas do pêndulo por um dos
pontos extremos de sua trajetória é constante. Chamaremos a este tempo de
PERÍODO.
 O número de vezes que o pêndulo passa por um mesmo ponto em sua trajetória,
por segundo, é chamado de FREQÜÊNCIA e sua unidade é ciclos por segundo ou
Hertz (HZ). Dizemos então que, um pêndulo está oscilando com freqüência de 5
Hz se ele passa por um mesmo ponto de sua trajetória 5 vezes por segundo.

Agora o conceito final: Qual será a equação matemática que relaciona o deslocamento
angular instantâneo do pêndulo em sua trajetória com o tempo?

Para respondermos a esta questão, façamos a seguinte experiência: coloquemos um


pêndulo a oscilar com um período de 1 segundo e amplitude 60˚. Disparamos um
cronômetro quando o pêndulo passar pela posição correspondente à origem do
movimento (ver Figura 22) e, a partir daí, medimos o ângulo de deslocamento do
pêndulo a cada 0,1 segundos, por exemplo. Anotamos o tempo decorrido e o
correspondente ângulo de deslocamento, construindo uma tabela.

Agora vamos construir um gráfico com o eixo das abscissas (y), sendo o ângulo de
deslocamento do pêndulo em graus e, no eixo das ordenadas (x), o valor do tempo
decorrido em intervalos de 0,1 segundos. O aspecto do gráfico é o mostrado na Figura
23.

Figura 23: Gráfico da variação do deslocamento angular do pêndulo em função do


tempo

No gráfico vemos os 10 pontos marcados em azul, com o respectivo valor instantâneo


do deslocamento angular do pêndulo. Cabe observar que, se estendêssemos o período
de registro do deslocamento angular do pêndulo para 2 segundos o gráfico, mostrado
acima, se repetiria mostrando uma periodicidade.

Pense e observe que o caráter periódico do gráfico é completamente consistente com o


fenômeno físico que representa: o movimento de um pêndulo.

O gráfico acima é a representação da variação de uma grandeza em relação ao tempo.


Dai dizermos que o gráfico mostrado REPRESENTA UMA FUNÇÃO NO DOMÍNIO DO
TEMPO.

Então guarde:

Quando qualquer fenômeno físico é estudado, através de uma representação gráfica


que mostra a variação de uma determinada grandeza em relação ao tempo, dizemos que
este fenômeno está sendo estudado no DOMÍNIO DO TEMPO.

IMPORTANTE:

 Se, ao invés do movimento de um pêndulo, estivéssemos estudando a variação


de uma tensão, corrente ou resistência elétrica com o tempo, a representação
gráfica da variação da grandeza em questão com o tempo passaria a se chamar
FORMA DE ONDA.

- FORMAS DE ONDA NO DOMÍNIO DA FREQÜÊNCIA:


Por extensão de raciocínio: se a representação no domínio do tempo é um gráfico que
mostra a variação de uma grandeza com o tempo, a representação no domínio da
freqüência seria um gráfico que, de alguma forma, mostra a grandeza física em relação
à freqüência. Se você induziu este raciocínio, parabéns!

No caso do pêndulo de nosso exemplo, como seria a representação no domínio da


freqüência da fenômeno?

Observe a Figura 24, onde a abscissa é graduada com grandeza que se quer
representar (graus de deslocamento do pêndulo) e a ordenada é graduada em
freqüências.

Figura 24: Gráfico de representação do movimento do pêndulo no domínio da


freqüência.
Note que, o movimento de nosso pêndulo é feito com uma freqüência de 1Hz
(eixo x) e amplitude de 60 graus (eixo y) e, isto é, exatamente o que mostra a
linha vertical plotada no gráfico.

A representação gráfica de um movimento, ou forma de onda no domínio da


freqüência, será sempre uma linha vertical posicionado no eixo da freqüência com o
valor da freqüência da forma de onda e, no eixo y com a amplitude da grandeza em
questão. Pelo fato da representação do movimento ou das formas de onda no domínio
da freqüência ser feita por intermédio de linhas, este gráfico também é conhecido como
espectro de linha. Você entenderá a razão deste nome mais a frente.

- SINAL SENOIDAL OU HARMÔNICO SIMPLES


Demonstra-se, matematicamente, que o movimento do pêndulo descrito
anteriormente, constitui-se no movimento mais simples encontrado na natureza. Daí ter
sido batizado com o nome de Movimento Harmônico Simples ou MHS. Poderemos dizer
que, a função matemática que descreve um MHS é a Função Senoidal, baseado no que
foi estudado no tópico anterior.

Um matemático francês chamado FOURIER demonstrou que, qualquer outro


movimento ou forma de onda diferente de um MHS poderia ser decomposta numa soma
de MHSs, com freqüência e amplitude bem determinadas. A qualquer forma de onda
diferente de um MHS, denominamos movimentos ou formas de onda complexas.

Juntando tudo isto resumidamente:

QUALQUER MOVIMENTO OU FORMA DE ONDA COMPLEXA (FORMAS DE ONDA


DIFERENTES DE UM MHS) PODE SER DECOMPOSTA NUMA SÉRIE DE COMPONENTES
HARMÔNICAS, SENDO REPRESENTADAS, MATEMATICAMENTE, COMO A SOMA DE UMA
SÉRIE DE FUNÇÕES SENOIDAIS.

O enunciado acima é a interpretação física de um teoremas dos mais importantes em


telecomunicações e na eletrônica de um modo geral, que é o Teorema de Fourier.
Certifique-se de ter entendido completamente o conteúdo deste teorema pois,
praticamente, tudo que será visto adiante se baseará nele.

Para complementar, podemos citar alguns outros tipos de MHS:

 O movimento de um corpo preso a uma mola em um plano horizontal:


considerando nulo o atrito do corpo com o plano e a mola uma mola ideal,
quando esticamos a mola e a soltamos, o corpo passará a fazer um movimento
oscilatório, que é um MHS.
 Tomemos um imã fixo: este gera uma determinada quantidade de campo
magnético. Se girarmos uma bobina com velocidade angular constante, de modo
que esta corte o campo magnético do imã, induziremos uma tensão na bobina
com freqüência igual à sua freqüência angular de giro e amplitude que dependerá
da intensidade do imã permanente. Este é um bom exemplo para se entender
como uma forma de onda harmônica simples elétrica é gerada. Em
telecomunicações e eletrônica, os circuitos que geram formas de onda, são
denominados OSCILADORES, que podem ser senoidais ou não.

PARA VOCÊ PENSAR: Suponha o movimento do pêndulo descrito anteriormente: Se


este movimento fosse um movimento real, a amplitude de oscilação iria decrescer com o
tempo.
Pergunta-se:

1. O movimento acima é um MHS?


2. Faça um esboço do gráfico no domínio do tempo do movimento.
3. O que você esperaria da representação no domínio da frequência deste
movimento?

- REPRESENTAÇÃO FASORIAL E NO DOMÍNIO DO TEMPO:


Fasor é um vetor que se encontra estático com um determinado ângulo com relação
ao eixo X.

Veja a figura abaixo:

Figura 25: Representação de um fasor.

O ângulo teta na Figura 25 é chamado ângulo de fase do Fasor.

Suponha dois fasores: um com ângulo de fase de 30˚ e outro com ângulo de fase de
60˚. Neste caso, dizemos que, o segundo fasor está adiantado do primeiro de 30˚ ou
que, a diferença de fase entre o segundo fasor e o primeiro é de +30˚.

Agora suponha que o fasor da Figura 25 comece a girar com uma velocidade angular
constante. Neste caso, o fasor volta a ser um vetor pois já não está mais estacionário. À
medida que o vetor se desloca, descreve uma trajetória que é um círculo.

Observe a projeção do fasor no eixo y, representado na Figura 25 por Fy (linha


vermelha) e responda: Como Fy se comporta à medida que o vetor gira com uma
velocidade angular constante?

Pense:

 O movimento é periódico.
 Fy tem amplitude constante e simétrica cujos valores são +F e –F,
respectivamente, ocorrendo quando θ=90˚ e quando θ=270˚.
 O valor de Fy será: Fy= F*sen(θ).

Respondeu? Exatamente: Fy estará descrevendo um MHS e o valor instantâneo de Fy


será igual ao valor F que é o valor máximo que Fy poderá alcançar, multiplicado pelo
ângulo que o vetor faz com o eixo x, num dado tempo considerado. Concluindo, dizemos
que a senoide Fy, foi gerada pelo fasor F. Veja a Figura 26.
Figura 26: Representação fasorial de uma de uma senoide.

IMPORTANTE:

Observe que o ângulo de fase do fasor é diferente de 0 e que no tempo t=0, a senóide
começa também com um valor diferente de 0.

DEFINIÇÃO:

Neste tópico, vamos fazer um resumo de todas as definições vistas até aqui para que
você tenha uma completa caracterização do sinal senoidal. Nos dois últimos tópicos,
serão introduzidos os conceitos de Valor Médio e Valor Eficaz de uma forma de onda
senoidal.

Parâmetros de uma forma de onda senoidal

 Frequência (f): é o número de ciclos por segundo do MHS, isto é, é o número


de vezes por segundo que o vetor girante que está gerando o MHS passa por um
mesmo ponto. A unidade de freqüência é o Hertz.
 Período (T): é o tempo gasto, em segundos, para que o vetor girante complete
um ciclo.

Demonstre a seguinte relação:

Para exemplificar a relação acima, calcule o período de um sinal senoidal cuja


freqüencia é igual a 10Hz.Resposta: O período é igual a 100milisegundos (ms),
concorda?

 Amplitude: é o módulo do fasor que gera a senóide, isto é, o valor máximo da


senóide. Este valor assume valores positivos e negativos, dependendo do semi-
ciclo da senóide.
 Ângulo de fase: é o ângulo inicial que o fasor faz com o eixo x.
Observe a Figura 27, onde são representadas duas senóides com ângulos de fase
diferentes.

Figura 27: Dois sinais senoidais com ângulos de fase diferentes.

Velocidade angular do fasor (CONCEITO NOVO): é representada pela letra ω. Fazendo


um paralelo com a velocidade linear de um corpo, que é expressa em distância
percorrida por unidade de tempo, a velocidade angular é expressa em ângulo percorrido
por unidade de tempo. No caso da velocidade angular, o ângulo será expresso em
radianos (lembrando 360˚ = 2π radianos).

Expressando matematicamente este fato temos:

Pergunta-se:

Se na expressão, acima, substituirmos o tempo genérico t pelo tempo particular T


(período da senóide) quem deverá ser o ângulo teta? Exatamente: deverá ser 2* PI (ou
360˚).

Fazendo na expressão acima:

 t=T
 Teta=2°

teremos:

Substituindo teremos:

Valor Instantâneo (e): é o valor da senóide em qualquer instante de tempo.

Para se achar este valor utilizamos as seguintes relações:


onde:

 Emax: Amplitude da senoide (módulo do fasor que gerou a senoide)


 e: Valor instantâneo da senoide
 w: deslocamento angular em radianos
 t: Tempo

Exemplo de Aplicação:

Vamos supor um fasor com ângulo de fase igual a 0˚, módulo igual a 10 e período
igual a 100μseg. Determinar:

1. A freqüência da senóide.
2. O valor instantâneo da senóide nos tempos: t=0 e t=50 μseg.
3. Se o valor ângulo de fase do fasor fosse (30°), qual seria o valor

instantâneo da senóide para t=0? e para t=50 μseg?


4. Escreva a equação do valor instantâneo da senóide, levando em consideração um
ângulo de fase φ.

Por favor, tente resolver o exercício primeiramente sem olhar a resposta.

Solução:

1. , logo se T=100μseg

então: ou

2. Equação do valor instantâneo da senoide:

Para os valores dados a equação fica:

ou substituindo π por seu valor aproximado de 3,14,


temos:

Para t=0, temos .

Para t=50μseg,
temos: .

3. Agora consideramos um ângulo de fase de .


Para t=0, temos: , uma vez
que .

Para t=50μseg,
temos: ,
uma vez que .

4. Dos exercícios anteriores, podemos concluir a equação geral do sinal senoidal:

onde fi é o ângulo de fase do fasor que gera um


sinal senoidal.

Valor Médio de um sinal senoidal:

O valor médio de uma forma de onda senoidal é igual à área dos semiciclos positivos e
negativos da senóide. Como o sinal senoidal é simétrico, as áreas dos dois semiciclos são
iguais com valores trocados, portanto: O Valor médio de um sinal senoidal é igual a 0.

Valor Eficaz:

O Valor Eficaz de uma forma de onda senoidal é dada pela seguinte relação:

onde Vp é o valor de pico (amplitude) da senóide.

Existe, ainda, uma outra forma de se referir ao valor de uma senóide que é pelo seu
valor pico a pico. Veja a relação abaixo:

onde Vp é o valor de pico (amplitude) da senoide e Vpp é seu valor


pico a pico.

Exercício de fixação:

1. Seja uma senóide representada pela seguinte


equação: .

Pergunta-se sobre esta senoide:

 Qual é o seu valor de pico?


 Qual é o seu valor eficaz?
 Qual é o seu valor pico a pico?
 Qual é a sua freqüência?
 Qual é o ângulo de fase do fasor que a gerou?

Respondendo:

 valor de pico: Vp=110


 O valor eficaz:
 O valor pico a pico: Vpp=2*110 => Vpp=220
 A freqüência: f=1000Hz ou 1KHz, enquanto o período vale T=1mseg
 O ângulo de fase do fasor que gerou a senóide é pi/4 ou 45°

- MAIS CONCEITOS UTILIZADOS EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES:

Portadora: Sinal senoidal gerado por um oscilador eletrônico, na faixa de freqüência de


RF. Quando um oscilador eletrônico é projetado, uma das principais preocupações é que
este gere uma uma senóide quase ideal. Uma portadora, também, deve ter um elevado
nivel de potência pois será a responsável por transportar alguma informação, pelo ar,
cabo ou fibra ótica, aos pontos de recepção.

Por exemplo: quando você está assistindo TV no canal 13, isto significa que um
portadora de vídeo na freqüência aproximada de 210MHz transporta a informação de
vídeo até você, que é um pontos de recepção. No mesmo canal, é associado uma
portadora de áudio que transporta a informação de áudio correspondente. Observe que,
quanto maior for a potência de transmissão maior será a área coberta pelo canal.

BANDABASE OU SINAL MODULANTE: Trata-se da informação propriamente dita que


vai trafegar pelo sistema de comunicações. Esta informação pode ser vídeo, áudio,
dados ou qualquer outro sinal que se constitua em informação inteligível de alguma
forma.

O sinal de bandabase é um sinal complexo, podendo ser decomposto numa soma de


componentes senoidas, de acordo com o Teorema de Fourier visto anteriormente.

Por exemplo: um sinal de áudio transmitido por uma emissora de FM, tem
componentes que vão de 50Hz a 15KHz, isto é, se analisarmos um sinal de áudio no
domínio da freqüência, encontraremos um espectro de linha, com componentes que vão
de 50Hz a 15KHz. No caso de uma informação de vídeo, encotraremos um espectro de
linha que vai desde freqüências próximas a 0Hz (CC) até 4,2MHz. Comparando as
informações de áudio e de vídeo no domínio da freqüência, vemos que os sistemas de
transmissão de vídeo necessitam de sistemas muito mais sofisticados para trafegar que
os sistemas de áudio.

Tom de Teste: Quando se executa uma medida num sistema, normalmente não
utilizamos um sinal de bandabase. Em seu lugar utilizamos um sinal senoidal puro, cuja
freqüência pertence à faixa de freqüência de bandabase.

Por exemplo: é comum utilizar um tom de teste de 1KHz para se avaliar sistemas de
transmissão de áudio. O nível deste tom de teste é especifico do sistema que se está
avaliando.

Modulação: Termo que indica uma variação e que, quando aplicado a uma portadora,
quer dizer que um dos seus parâmetros,( amplitude, freqüência e fase) será variado.

O mecanismo da modulação é o seguinte: Um sinal de bandabase (informação a ser


transmitida ou sinal modulante, essas palavras são sinônimas e serão utilizadas sem
distinção por todo o texto), que pode ser áudio, vídeo ou dados, varia um dos
parâmetros da portadora definindo, desta forma, o tipo de modulação. As modulações
podem ser: AM (amplitude modulada), FM (frequência modulada) ou PM (phase
modulation – modulação em fase).

 Na modulação AM, a amplitude da portadora deixa de ser constante pois passa a


ser alterada pelo sinal de bandabase a ser transmitido.
 Na modulação FM, a freqüência da portadora deixa de ser constante pois passa a
ser alterada pelo sinal de bandabase a ser transmitido.
 Na modulação PM, a fase da portadora deixa de ser constante pois passa a ser
alterada pelo sinal de bandabase a ser transmitido.

O circuito que gera um sinal modulado chama-se Modulador. Um modulador pode ser
visto como um bloco com uma entrada para o sinal de bandabase ou modulante, e uma
saída que constitui-se no sinal modulado. O oscilador que gera a portadora está dentro
do modulador. Veja a Figura 28.

Figura 28: Diagrama em blocos de um modulador (serve para AM, FM ou PM)

Como o processo de modulação altera um dos parâmetros que definem o sinal


senoidal, o sinal modulado deixa de ser um MHS e torna-se um sinal complexo, podendo
ser estudado, no domínio da freqüência, como uma soma de componentes senoidais,
através de seu espectro de linha.

É extremamente importante que este mecanismo de raciocícinio no domínio do tempo


e no domínio da freqüência fique completamente claro para você. Se ainda tiver alguma
dúvida neste assunto, por favor, retorne aos tópicos correspondentes.

Foram utilizados, até aqui, exemplos de fenômenos físicos para que você entendesse a
caracterização dos sinais do domínio do tempo e da freqüência e a geração fasorial de
uma senóide. Além de uma introdução às técnicas de medidas em corrente contínua e
baixa freqüência, com a descrição dos respectivos instrumentos de teste

Para grupo de discussão:

Suponha dois fasores de mesma amplitude. Um dos fasores está girando com
frequência de 10000Hz e ângulo de fase de 0˚ e o outro com freqüência de 9000Hz e
ângulo de fase de 90˚.

1. Desenhe a representação dos dois fasores que gerarão as duas senóides.


2. Qual dos dois movimentos estará adiantado em relação ao outro?
3. Caso o referencial, segundo o qual você está observando os dois vetores girantes,
se deslocar para um referencial que esteja girando com a mesma freqüência que
o vetor de 9000Hz:

 Descreva o movimento dos dois fasores.


 Escreva a equação geral das senóides resultantes no domínio do tempo.

Dica: Imagine os vetores girantes como rodas-gigantes. Quando você se desloca de


referencial, tudo se passa como se você fosse para uma das rodas-gigantes e observasse
a outra a partir dai.

Assim, se você está no chão (referencial inercial), você verá as duas rodas girarem
com uma determinada freqüência. Se você for para uma das rodas e olhar a outra, sua
freqüência de giro não será mais a mesma que antes. Imagine que as duas rodas-
gigantes estejam girando com a mesma freqüência e você está em uma delas... Agora é
com você!
Para a forma de onda mostrada abaixo, escreva a equação do valor instantâneo de
senóide usando valores numéricos para a amplitude, fase e freqüência.

https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=medi%C3%A7%C3%A3o+de+grandezas+el%C3%A9tricas

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