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1.

MEDIDAS ELÉTRICAS

1.1 Introdução

A medição é um conjunto de operações, manuais ou automatizadas, que visa


comparar uma grandeza com outra da mesma espécie, a qual é tomada como
unidade padrão, e determinando o seu valor momentâneo.

Em função do exposto, mede-se para estabelecer a extensão, o grau, a


qualidade, as dimensões ou a capacidade com relação a um padrão, ou seja, para
estimar. Para toda grandeza, existe um padrão básico correspondente, ou seja, para
o tempo, velocidade, luminosidade, força, comprimento, corrente elétrica, etc.

Sendo assim, como a existência de tais grandezas não podem ser constatada
pelos sentidos humanos, elas devem ser detectadas e avaliadas qualitativa e
quantitativamente.

Desta forma, um instrumento de medição elétrica é um dispositivo que permite


um estado de um fenômeno físico (intensidade da corrente elétrica, por exemplo)
corresponda a outro (movimento, aquecimento, etc.), sendo esse, porém, accessível
aos sentidos humanos (à visão, geralmente).

A operação de medição elétrica constitui-se, basicamente em:

Portanto, um instrumento é um dispositivo utilizado para uma medição, sozinho


ou em conjunto, com dispositivo(s) complementar(es), sendo um conjunto completo
destes instrumentos e outros equipamentos acoplados para executar uma medição
específica denominado de sistema de medição. O método de medição, por sua vez,
é uma sequência lógica de operações, descritas genericamente, aplicadas na
execução das medições.

1.2 Categorias Básicas de Instrumentos


De uma forma geral os instrumentos de medição elétrica podem ser:

a) analógicos, nos quais o sinal de saída ou a indicação apresenta uma


variação contínua no tempo da grandez a que está sendo medida ou do sinal de
entrada; ou

b) digitais, nos quais o sinal de saída ou a indicação apresenta uma variação


com valores fixos em períodos de tempo da grandeza que está sendo medida ou do
sinal de entrada.

Voltímetro Analógico Voltímetro Digital

É importante ressaltar que os termos analógico e digital referem-se à forma de


apresentação do sinal ou da indicação e não ao princípio de funcionamento do
instrumento. Tem-se que os instrumentos de medição elétrica se dividem em duas
categorias básicas, ou seja, em instrumentos eletromecânicos, os quais são sempre
analógicos, e eletrônicos, os quais podem ser analógicos ou digitais (ou ambos).

1.3 Classificação dos Instrumentos de Medição

Os instrumentos de medição eletromecânicos ou os eletrônicos são


usualmente classificados quanto:

a. Grandeza a ser medida: Amperímetro (Corrente), Voltímetro (Tensão),


Ohmímetro (Resistência), Wattímetro (Potência).
b. Apresentação da medida:
a. Instrumentos indicadores apresentam os valores de uma ou mais
grandezas simultaneamente no instante em que ocorrem, não os
retendo no seguinte. Podem, também, fornecer um registro;
b. Instrumentos com mostrador, os quais apresentam uma indicação,
como no caso de um voltímetro analógico ou um frequencímetro digital,
entre outros;
c. Instrumentos registradores - apresentam o valor da medida no instante
em que está sendo feita e registra-o de modo que ele não seja perdido.
Os registros podem ser analógicos (linha contínua ou descontínua) ou
digitais. Naturalmente, várias grandezas podem ser registradas
simultaneamente e, também, apresentar uma indicação;
d. Instrumentos integradores - apresentam o valor acumulado das
medidas efetuadas em um determinado intervalo de tempo, como um
medidor de energia elétrica (kWh), por exemplo;
e. Instrumentos totalizadores que determinam o valor medido através da
soma dos valores parciais da grandeza, obtidos, simultânea ou
consecutivamente, de uma ou mais fontes, como, por exemplo, um
medidor totalizador de potência elétrica (medidor de demanda).
c. Tipo de Uso: Industriais ou de Laboratório.
d. Tipo de Corrente: Corrente Contínua (CC) e Corrente Alternada (CA)

1.4 Escala dos Instrumentos

Escala, range ou faixa de indicação são termos empregados como sinônimos


e referem-se ao conjunto de valores compreendidos entre os de máximo e os de
mínimos capazes de serem medidos por um determinado instrumento.
A amplitude entre os valores final e inicial da escala é conhecida por span. Para
ilustrar o exposto, considere-se o instrumento da figura acima, o qual é empregado
na medição de frequência (frequencímetro). Note-se que o frequencímetro apresenta
um valor mínimo de leitura igual a 55 Hz e, como máximo, 65 Hz. Dessa forma, tem-
se:

a) escala (range): 55 a 65 Hz;

b) span: 10 Hz

1.5 Erros em Medidas

Considerando-se um determinado instrumento analógico, por exemplo, tem-se


que para que ele responda à grandeza que se quer medir, é necessário que o sistema
medido forneça ao medidor a energia necessária para deslocar suas partes móveis.
Isso indica que o processo de medição frequentemente provoca uma perturbação na
grandeza a ser avaliada. Sendo assim, uma vez que não se pode evitar a modificação
introduzida pelo instrumento de medida, procura-se minimizá-la.

Pelo exposto, verifica-se que a leitura ou indicação de um medidor sempre


estará sujeita a erros e incertezas, tanto nos instrumentos analógicos, quanto nos
digitais.

Define-se erro (ou erro absoluto da medição) à diferença entre o valor real
(verdadeiro) e o medido.
Os erros, por sua vez, podem ocorrer de forma sistemática (erros sistemáticos),
os quais aparecerão em todas as medidas e sempre com o mesmo valor. Eles
surgem, em geral, devido às características inerentes da fabricação do instrumento
(tais como, tolerâncias de componentes) ou, também, como resultado do método
utilizado na medição, emprego inadequado do instrumento e distúrbios ambientais.
Em princípio, os erros sistemáticos podem ser reduzidos a valores desprezíveis por
aferição com um padrão.

Os erros também podem ser acidentais, surgindo de forma aleatória para cada
medição, ou seja, variam de leitura para leitura e afetam as medidas de modo
imprevisível. Em função desses aspectos, eles são de difícil eliminação. Em
instrumentos analógicos, por exemplo, eles podem surgir em função do atrito
mecânico e desbalanço do sistema móvel, entre outros motivos.

Erros classificados como grosseiros surgem devido a erros do ser humano.


Como exemplo tem-se a má utilização dos instrumentos (instrumentos não
adequados ou conectados de forma errada) e erros de leitura em equipamentos
analógicos (paralaxe), dentre outros. Estes, geralmente, são os maiores erros
encontrados em medições e são possíveis de serem diminuídos ou eliminados.

O termo incerteza indica, genericamente, a presença de erro em resultados,


ou seja, o resultado real ou correto deve estar dentro da faixa delimitada pela
incerteza. O resíduo dos erros sistemáticos e as incertezas são somados na incerteza
total.

Observe-se que, em termos práticos, as medidas são classificadas em função


do chamado erro relativo, o qual se refere ao erro de medição dividido pelo valor real
ou verdadeiro, ou seja:

A tabela 1.1 ilustra a classificação das medidas.


1.6 Classe de Exatidão

É possivelmente facilmente concluir que o valor da medida será tanto mais


exato (ou seja, com valor mais próximo do real), quanto menor for o erro. Sendo
assim, é conveniente conhecer-se o erro em cada ponto da escala de um instrumento
para se ter exatidão na medida.

Naturalmente, isso é impraticável nas medições cotidianas, o que leva à ideia


de se conhecer, ao menos, uma ordem de grandeza dos erros cometidos. Desta
forma, emprega-se a chamada classe de exatidão, a qual se constitui em uma
classificação dos instrumentos que estabelece a exatidão de uma medida dentro de
uma faixa de valores. Observa-se que o erro que define a citada faixa é sempre
expresso em relação ao valor final da escala, ou ao valor nominal ou a um campo
nominal.

Como se nota na tabela 1.2, um instrumento da classe 1 poderá ter, no máximo,


um erro de +1% sobre o valor final da escala.
No caso, por exemplo, de um voltímetro com escala 0-100 V, o erro em uma
medida é de, no máximo, +1V em qualquer ponto da escala, pois: +1% de 100V =
+1V.

Assim, se em uma medição, a indicação do instrumento for: 98 V O valor real


estará compreendido na faixa entre: 98 - 1 = 97 V; e 98 + 1 = 99 V. Ou seja, o valor
real correspondente à leitura de 98 V está entre: 97 e 99 V.

Observe-se que, como o erro absoluto é sempre menor ou igual a + 1 V, o erro


cometido em relação à medida (erro relativo) é:

Dessa forma, no exemplo, tem-se:

O exemplo apresentado mostrou claramente que, quanto menor é a


quantidade a ser medida em relação ao fim da escala do instrumento, tanto maior é
o erro cometido. O fato físico é lamentável, mas, infelizmente, inevitável. Em função
do exposto, emprega-se para os instrumentos analógicos uma regra pratica
fundamental, ou seja: “O valor da grandeza a ser medida não deve ser inferior ao
valor da metade da escala do instrumento”.

2. Instrumentos Analógicos de Bobina Móvel

2.1 Introdução

Os instrumentos de bobina móvel são dos mais utilizados em medições elétricas. São
também chamados de instrumentos de imã permanente, imã fixo ou magneto
elétricos. Eles também são conhecidos por instrumentos que utilizam o sistema
D’Arsonval por ter sido o físico francês de mesmo nome que o desenvolveu.

Estes equipamentos são desenvolvidos tendo como base o seguinte princípio


do eletromagnetismo: “na presença de um campo magnético B, um condutor de
comprimento l, fica submetido a uma força F cujo sentido é dado pela regra dos três
dedos da mão esquerda e cujo módulo é dado por:

𝐹 = 𝐵. 𝑖. 𝐿. 𝑠𝑖𝑛𝜃

2.2 Constituição do Medidor de Bobina Móvel

Os instrumentos de bobina móvel são constituídos, basicamente, dos


elementos mostrados na figura 2.2. São eles:

a) Um imã permanente que fornece um campo magnético constante;

b) Um núcleo cilíndrico de ferro doce que além de concentrar as linhas do fluxo


magnético sobre a bobina móvel também as torna radiais;

c) Um quadro de formato retangular, geralmente de alumínio, onde é enrolada


a bobina. Este quadro também possui a finalidade de produzir um amortecimento do
sistema móvel por correntes de Foucault;

d) Uma bobina móvel de fio de cobre através do qual ocorrerá a circulação da


corrente que se deseja medir. Este fio de cobre é enrolado no quadro de alumínio
descrito acima;

e) Sapatas ou pernas polares com a finalidade de concentrar as linhas de força


do imã

2.3 Princípio de Funcionamento

Dentro do campo magnético B produzido pelo imã permanente está colocada


a bobina enrolada sobre o quadro de alumínio. Ao circular por esta bobina uma
corrente i que se deseja medir, irá ser desenvolvida uma força F conforme o teorema
anterior, ou seja:

𝐹 = 𝐵. 𝑖. 𝐿. 𝑠𝑖𝑛𝜃

Devido ao aspecto construtivo do aparelho, as linhas de fluxo são sempre


perpendiculares à direção da corrente que circula nos condutores da bobina enrolada
no quadro de alumínio. Como consequência deste fato, as forças F são sempre
tangenciais ao cilindro de ferro doce e podemos escrever:

𝐹 = 𝐵. 𝑖. 𝐿
Na realidade, a bobina possui n espiras de comprimento l e a expressão
anterior passa a ser:

𝐹 = 𝑛. 𝐵. 𝑖. 𝐿

O instrumento de bobina móvel é apropriado para medir corrente contínua, pois


o campo magnético desenvolvido pelo imã permanente é também contínuo.

O que aconteceria se a corrente ao invés de ser contínua fosse alternada?


Notamos que se a corrente que percorre os condutores da bobina mudasse de
sentido, as forças F também fariam o mesmo (Fig. 2.4).

A consequência desta mudança no sentido das correntes se reflete no sentido


do deslocamento da bobina: de 0 para +15 ou de 0 para -15. É importante ressaltar
que se a corrente mudar de sentido muito rapidamente (por ex. 60[Hz]) o ponteiro,
devido a sua inércia natural, não irá sair do lugar. Estes instrumentos podem ser
usados para correntes alternadas de frequência industrial através do uso de
retificadores que a transformam em corrente contínua.

3. Instrumentos Analógicos de Ferro Móvel

3.1 Introdução

Os instrumentos de ferro móvel, ferromagnéticos ou eletromagnéticos são


bastante utilizados em medições industriais, por possuir em uma construção simples
além de serem econômicos e de fácil manutenção. Devido a seu aspecto construtivo,
são instrumentos que possuem certa resistência às vibrações ou choques mecânicos.

3.2 Constituição do Medidor de Ferro Móvel

Os instrumentos de ferro móvel são constituídos, basicamente dos elementos


mostrados na figura 3.1. São eles:

a. Bobina Fixa: A bobina fixa pode ser projetada para suportar correntes de
valor elevado ou ter seu valor reduzido através do emprego de um transformador de
corrente. Os medidores que usam este sistema podem funcionar como amperímetros
ou como voltímetros. Quando é usado como voltímetro coloca-se um resistor em série
com a bobina fixa para reduzir o valor da tensão aplicada.

b. Conjugado Móvel: O mecanismo móvel é formado pelo ferro móvel, mola


espiral, amortecedor de ar (ou palheta do amortecedor) e do ponteiro.

c. Conjugado Amortecedor: Nos instrumentos de bobina móvel, o


amortecimento do ponteiro era realizado pelo princípio das correntes parasitas de
Foucault, enquanto nos instrumentos de ferro móvel ele pode ser mecânico ou
magnético. O amortecimento mecânico é formado pelo freio de ar. O amortecimento
pode também ser obtido através de imãs permanentes.
3.3 Princípio de Funcionamento

O princípio de funcionamento dos medidores de ferro móvel se baseia na ação


do campo magnético criado pela corrente que se deseja medir quando a mesma
percorre uma bobina fixa. Um dos tipos destes medidores se caracteriza pela atração
do ferro móvel para dentro da bobina fixa.

Este sistema de atração pode ser usado na medição de corrente alternada ou


de corrente contínua, pois qualquer que seja o tipo decorrente ocorrerá na bobina fixa
uma polaridade que irá atrair o núcleo de ferro móvel. Esta força de atração é
proporcional ao quadrado da corrente que circula na bobina.

Exemplo de simbologia de medidores analógicos


4. Medição de Corrente e Tensão

4.1 Medição de Tensão

Voltímetro

O voltímetro tem como objetivo medir a diferença de potencial entre dois pontos
quaisquer de um circuito. Existem voltímetros para medições em corrente contínua e
alternada. Em qualquer caso, eles devem ser ligados sempre em paralelo com o
circuito entre os dois pontos nos quaisquer se medir a diferença de potencial.

A medida será ideal se o instrumento tiver resistência interna infinita, isto é, se ele
constituir um circuito aberto entre os pontos do circuito em que se encontra instalado,
pois somente nesta condição é que as correntes e tensões do circuito não serão
alteradas pelo instrumento.

O voltímetro comum, esquematizado na Figura 4.2, utiliza um galvanômetro tipo


quadro móvel que, através de uma chave seletora, é posto em série com resistores
internos convenientemente dimensionados denominados “resistências
multiplicadoras” permitindo, desse modo, que se varie a escala de leitura de tensão.
Quando se utiliza um voltímetro em um circuito de corrente alternada, não é
necessário preocupar-se com a sua polaridade, isto é, qualquer um dos seus
terminais pode ser conectado à fonte ou à carga. No entanto, em tensão contínua, é
necessário verificar os polos, para que não haja inversão da leitura e respectivo
deslocamento do ponteiro abaixo do zero da escala.

Esta característica dos instrumentos de bobina móvel permite a construção de


amperímetros com zero central, ou seja, que podem indicar a corrente em ambos os
sentidos.

Aumento de Faixa de Medição com Resistência em Série com o Voltímetro

Com o auxílio de um resistor inserido em série com o voltímetro é possível


obter-se leituras superiores ao fundo de escala do instrumento (divisor de tensão).
Desta forma, caso o voltímetro deva ser utilizado para uma faixa de medição n vezes
superior a existente (fator de amplificação n), então uma parte da tensão será nele
aplicada e (n-1) partes na resistência.

Para que seja possível a ampliação, a resistência shunt (Rs) deve ser:

𝑅𝑠 = (𝑛 − 1). 𝑅𝑣
Onde: 𝑅𝑣 – Resistência interna do voltímetro.

Exemplo: Qual deve ser o valor de uma resistência série para ampliar o fundo de
escala de voltímetro, cuja resistência interna é de 2.000, de 10 V para 60 V.

O fator de ampliação 𝑛 é

60
𝑛 = =6
10

Ou seja, deseja-se aumentar o fundo de escala em 6 vezes. Logo:

𝑅𝑠 = (𝑛 − 1). 𝑅𝑣 = (6 − 1). 2000

𝑅𝑠 = 10000

Assim, a resistência do shunt a ser inserida em paralelo é de:

𝑅𝑠 = 10 𝑘Ω

Ponta de Prova

Uma ponta de prova é um elemento que simplesmente exibirá o valor em um


dado ponto de um circuito. Ela mesma não interage com os outros componentes.

Também chamada de ponteira de tensão ela pode ser utilizada em multímetros


e osciloscópios. No caso de ponteira de tensão para osciloscópios, esta pode
apresentar escalas de atenuação, como por exemplo, 1X, 10X, 20X, 50X, 100X,
1000X. A atenuação é a razão da amplitude do sinal de entrada da ponta de prova
até a amplitude do sinal de saída, geralmente medida em CC. Muitas pontas de prova
são chamadas de pontas de prova “10X”, significando que o sinal aplicado ao
osciloscópio é 1/10º da amplitude do sinal de entrada real. É, portanto, essencial que
o osciloscópio saiba a atenuação da ponta de prova e a leve em conta em suas
medições.

Transformador de Potencial (TP)

Uma solução para medição de valores de tensões alternada mais elevados é


utilizar um transformador especialmente construído para esse fim, ou seja, um
transformador de potencial (TP). O circuito primário de um TP é inserido entre os
terminais da rede de alimentação de uma instalação ou equipamento onde se deseja
medições. O secundário alimenta as bobinas de corrente dos aparelhos destinados
para tal fim.

4.2 Medição de Corrente

Amperímetro

O Amperímetro tem como objetivo medir a corrente elétrica que circula por um
circuito ou por um ramo do mesmo. Existem amperímetros para medições em
corrente contínua e alternada. Em qualquer caso, entretanto, eles devem ser ligados
em série no circuito cuja corrente se quer medir.
Observe-se que a medida será ideal se o instrumento não possuir resistência
interna, isto é, se ele constituir um curto-circuito entre os pontos do circuito em que
se encontra instalado, pois somente nesta condição é que as correntes e tensões do
circuito não serão alteradas pelo medidor.

Alguns amperímetros permitem que se utilizem várias escalas, como citado


anteriormente. Nesses casos, emprega-se um galvanômetro tipo quadro móvel e
resistores convenientemente dimensionados, os quais são inseridos em paralelo
(shunt ou derivador) pelo fechamento de uma chave seletora, por exemplo. A cada
posição da chave, portanto, varia-se a escala de leitura de corrente.

Quando se utiliza um amperímetro em um circuito de corrente alternada, não


é necessário preocupar-se com a sua polaridade, isto é, qualquer um dos seus
terminais pode ser conectado à fonte ou à carga.

No entanto, em corrente contínua, é necessário se ater ao sentido da corrente


se o amperímetro for de bobina móvel. A corrente sempre deve entrar no amperímetro
pelo seu polo positivo (+, normalmente indicado pela cor vermelha) e sair pelo seu
polo negativo (-, normalmente indicado pela cor preta). Caso haja a inversão, o
deslocamento do ponteiro se dará abaixo do zero da escala, podendo danificá-lo.

Esta característica dos instrumentos de bobina móvel permite a construção de


amperímetros com zero central, ou seja, que podem indicar a corrente em ambos os
sentidos.

Aumento de Faixa de Medição com Resistência em Paralelo com o


Amperímetro

Com o auxílio de um resistor inserido em paralelo com o amperímetro é


possível obter-se leituras superiores ao fundo de escala do instrumento. Tal resistor
é conhecido como shunt ou derivador. Desta forma, caso o amperímetro deva ser
utilizado para uma faixa de medição 𝑛 vezes superior a existente (fator de
amplificação 𝑛 ), então uma parte da corrente passará pelo amperímetro e (𝑛 − 1)
partes deverão passar pelo shunt.

Para que seja possível a ampliação, a resistência shunt (𝑅𝑠 ) deve ser:

𝑅𝑖
𝑅𝑠 =
𝑛−1

Onde: 𝑅𝑖 - Resistência interna do amperímetro.

Exemplo: Qual deve ser o valor de uma resistência shunt para ampliar o fundo
de escala de amperímetro, cuja resistência interna é de 1,8 Ω , de 1 𝐴 para 10 𝐴 ?

O fator de amplificação 𝑛 é:

10
𝑛 = = 10
1

Ou seja, deseja-se aumentar o fundo de escala em 20 vezes. Portanto:

𝑅𝑖 3,6
𝑅𝑠 = = = 0,4
𝑛 − 1 10 − 1

Assim, a resistência do shunt a ser inserida em paralelo é de:

𝑅𝑠 = 0,4 Ω

Shunt Resistivo

O denominado shunt resistivo é empregado para medições de correntes


elevadas. Ele consiste em uma resistência de manganina calibrada que é conectada
em série ao circuito através de parafusos de latão com cabeça sextavada. Desta
forma, ao circular por ele a corrente que se quer medir, pela lei de Ohm, resultará
uma tensão em seus terminais. As tensões de saída nominais, geralmente, se
encontram na faixa de 30 a 300 mV.

Para se determinar a corrente, basta medir a tensão resultante em um


milivoltimetro. Os shunts possuem uma queda de tensão padronizada para uma
determinada corrente (exemplo: 200Ac.c./60mVc.c.), permitindo que o sinal de
medição (60mVc.c., 150mVc.c. ou 300mVc.c.) seja levado a um transdutor analógico,
indicador analógico ou indicador digital.

Exemplo: Qual é o valor da corrente em circuito, se nos terminais de um shunt


resistivo de 100 A/ 30 mV obteve-se 10 mV medidos com um milivoltimetro?

Para se obter a corrente, basta aplicar uma regra de três, ou seja:

𝐼 100
=
18 30

𝐼 = 60 𝐴

Transformador de Corrente (TC)

Uma solução para medição de intensidades de corrente alternada mais


elevadas é utilizar um transformador especialmente construído para esse fim, ou seja,
um transformador de corrente (TC). O circuito primário de um TC, portanto, é ligado
em série com a alimentação de uma instalação ou equipamento onde se deseja
medições. O secundário alimenta as bobinas de corrente dos aparelhos destinados
para tal fim.

Alicate Amperímetro

Os TC’s e os shunts resistivos estão, normalmente, associados a instalações


de medição que raramente sofrem alterações. Além disso, em certas medições de
corrente não é possível abrir-se o circuito para inserir um amperímetro em série, sem
que haja o seu desligamento. Nessas situações, pode-se utilizar o chamado
amperímetro alicate.

O tipo tradicional de amperímetro alicate é, na realidade, um TC, o qual possui


um núcleo magnético separável ou basculante (garras), para facilitar o enlaçamento
do condutor (primário) por onde circula a corrente que se quer medir. No secundário,
tem-se um amperímetro conectado internamente, cuja indicação é proporcional à
corrente do primário. Naturalmente, só são possíveis medições de correntes
alternadas para que o fluxo produzido também o seja e induza tensões (igualmente
alternadas) no secundário.

Observa-se que o condutor abraçado deve ficar o mais centralizado possível


dentro das garras. Além disto, deve-se atentar a um detalhe muito importante na
utilização do amperímetro alicate, ou seja, se houver mais que uma fase, o núcleo
deve abraçar apenas os condutores da fase cuja corrente se quer medir. Em caso
contrário, as leituras apresentarão resultados falsos devido aos fluxos produzidos
pelas correntes que circulam em cada fase. Se, por exemplo, for medida as três
correntes simultaneamente em um sistema equilibrado, a leitura será nula.

Observa-se que esses instrumentos podem incorporar outras funções,


permitindo, por exemplo, a medição de tensão (voltímetro) Um segundo tipo de
amperímetro alicate é aquele que emprega um sensor com base no efeito Hall.
Naturalmente, ele é muito mais versátil que o anterior, pois permite a medição de
corrente tanto contínua, quanto alternada.

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