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Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

1. Conceitos gerais e terminologia


Do ponto de vista de um sistema de medida um transdutor pode ser visto
como um sensor, caso monitorize uma dada grandeza física e a converta
numa grandeza elétrica (e.g. sensor de luz), enquanto um transdutor que
converte uma grandeza elétrica numa grandeza física pode ser visto como
um atuador (e.g. lâmpada).
Portanto… na engenharia eletrotécnica um transdutor estabelece a
interface entre os domínios elétricos e os não elétricos !

O domínio elétrico pode ser dividido em 3 subdomínios:


i- domínio analógico que é mais sujeito a interferências eletromagnéticas;
ii- domínio temporal cuja variável codificada não pode ser medida
diretamente, i.e., é convertida para um dado valor numérico;
iii- domínio digital cujas grandezas são facilmente tratadas.

Medida direta – quando a informação sobre uma grandeza física ou ação é


obtida por comparação direta com uma quantidade de referência (e.g.
balança, régua graduada).
Medida indireta – a grandeza física a medir é calculada pela aplicação de
uma equação que descreva uma determinada lei relacionando diferentes
grandezas mensuráveis (e.g. R=U/I).

Os sensores podem ser classificados em 3 grupos distintos:


i) tipo de alimentação, i.e. a necessidade (ou não) de serem alimentados
por uma fonte externa (power supply),
ii) no tipo de sinal de saída e
iii) no tipo de operação.

Os sensores podem ser classificados como:


sensores ativos (Self-generating) caso gerem autonomamente uma dada
tensão na saída (e.g. termopar-thermocoupler) ou sensores passivos no
caso de necessitarem de uma alimentação externa para gerarem a saída a
medir (e.g. termístor NTC/PTC).
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Os sinais de saída dos sensores podem ser:


i) analógicos; ii) digitais… e iii) quasi-digital.
Os sensores com saída analógica variam sempre de forma contínua e o
tratamento do sinal é mais complexo comparativamente aos sensores com
saída digital.
Os sensores com saída digital não necessitam de conversões A/D, são mais
fáceis de transmitir; permitem uma maior repetibilidade na aquisição das
grandezas físicas; são mais precisos (accurate)… no entanto a maioria das
grandezas físicas são impossíveis de obter com sensores digitais !
Os sensores cuja grandeza física a adquirir é traduzida à saída pela variação
da frequência, duty-cycle, fase, etc.. são denominados por quasi-digital
(a informação sobre a grandeza a medir é obtida num período temporal).
As saídas têm um formato de uma onda quadrada (podendo ser confundida
com o tradicional formato digital). Não necessitarão de nenhuma conversão
A/D !

Nos sensores com deflexão a grandeza a medir produz um efeito numa


outra grandeza permitindo relacionar esse efeito com a grandeza a medir
(e.g. um dinamómetro, utilizado para quantificar a grandeza Força, pode ser
construído com base num motor DC que para rodar numa dada direção
pode pedir mais ou menos corrente mediante a força contrária que lhe é
imposta ao veio….gerando a relação F Vs I) ou (o forçar a extensão de uma
mola....)
Os sensores sem deflexão têm por base o mesmo princípio mas não são
exercidos efeitos que se opõem à deflexão imposta, procura-se
sim o equilíbrio, permitindo medir a grandeza física através de uma
comparação de referência (e.g. balança de pesos…).
Os efeitos das interferências num sistema de medida podem ser reduzidos
através de técnicas de compensação (alterações do próprio sistema ou
adicionando novos elementos):
i) realimentação negativa; ii) filtragem; iii) compensação
O método de realimentação negativa é usualmente utilizado para reduzir
o efeito de interferências que promovam mudanças nas entradas de um
sistema. é usualmente utilizado para reduzir o efeito de interferências que
promovam mudanças nas entradas de um sistema.
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A filtragem é um outro método para reduzir interferências indesejadas. Os


filtros podem ser colocados no próprio local de medida (e.g. num sistema
mecânico para reduzir vibrações) ou em estágios mais avançados no
tratamento de sinal (e.g. filtragem eletrónica).
Por fim, podem ser utilizados sensores de referência (compensação)
como um outro método para reduzir interferências no sinal a medir (e.g.
utilização de uma ponte de medida em que num dos braços é utilizado o
sensor principal e num outro um sensor para compensar, por exemplo,
efeitos de temperatura indesejados).

Características estáticas: Exatidão (Accuracy); Precisão (Precision);


Repetibilidade (Repeatability); Reprodutividade (Reproducibility);
Sensibilidade (Sensitivity); Linearidade (Linearity); Resolução (Resolution);
Histerese (Hysteresis), etc… algumas destas características são
quantificadas por erros !
Características dinâmicas- Erro dinâmico (Dinâmic error) e velocidade de
resposta (Delay).
Exatidão (Accuracy) Capacidade de um sensor/sistema fornecer
resultados próximos do valor real (valor exato ou ideal) de uma dada
grandeza.
Precisão (Precision) Capacidade de um sensor reproduzir o mesmo
resultado após várias medições obtidas nas mesmas circunstâncias
(temperatura, processo, etc…)

Repetibilidade (Repeatability) Capacidade de um sensor reproduzir


várias medições num curto espaço de tempo nas mesmas circunstâncias
(quantificando-a; é o mínimo valor que excede com determinada
probabilidade o valor absoluto resultante da diferença entre duas leituras
consecutivas obtidas num curto espaço de tempo e sob as mesmas
circunstâncias).
Reprodutividade (Reproducibility) Grau de correspondência entre duas
medições quando uma dada quantidade é medida sob determinadas
circunstancias, eventualmente com diferentes sensores, ou obtidos por
diferentes métodos (neste caso as medidas podem ser obtidas em intervalos
temporais alargados, quantificando-as como o mínimo valor que excede
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com determinada probabilidade o valor absoluto resultante da diferença


entre duas leituras consecutivas ).
Sensibilidade (sensitivity) Representa a variação mais ou menos
acentuada de um conjunto de medições obtidas ao longo de um espaço
temporal. A sensibilidade está diretamente relacionada com a linearidade !
Um sensor diz-se com boa sensibilidade quando uma pequena variação
na sua entrada origina uma grande variação na sua saída.
Linearidade (linearity) Relação entre a curva de calibração e uma linha
reta. Sempre que possível dever-se-á procurar linearizar a saída de um
dado sensor/sistema. A linearização pode ser feita no domínio analógico
ou digital !
Resolução (resolution) A variação mínima de uma entrada que pode ser
detetada à saída.
Histerese (hysteresis) Trata-se da diferença de dois valores de saída
distintos referentes a uma entrada idêntica. Se essa diferença existir,
significa que o sensor tem histerese !

Durante uma medição o mesmo valor de uma dada grandeza é afetado


sempre da mesma forma, sendo por isso denominados por erros
sistemáticos.
Podem ser causados pelo sensor/instrumento ou método de medida
utilizado e descobertos pela utilização de vários sensores, comparando os
sinais nas saídas. Muitas vezes podem-se utilizar métodos estatísticos para
os caracterizar.
Os erros aleatórios são aqueles que se mantêm quando os erros
sistemáticos são eliminados (também se chamam erros acidentais).
O comportamento dinâmico é caracterizado pelo erro dinâmico (dynamic
error) e velocidade de resposta (speed of response) ou atraso (delay).
Erro dinâmico – é obtido num dado instante de tempo e trata-se da
diferença entre o valor indicado e o verdadeiro valor da medida, quando o
erro estático é zero.
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Velocidade de resposta – representa a velocidade de reação de um dado


sensor à variação de uma dada grandeza a medir à entrada desse mesmo
sensor.
A caracterização dinâmica de um dado sensor é obtido através da
aplicação de diferentes sinais à entrada do mesmo:
- resposta a entradas transientes (transitórias) – impulso, degrau, rampa
- resposta a sinais periódicos – sinusoidal;
- resposta a entradas aleatórias – ruído branco (trata-se de um sinal
aleatório com igual intensidade a diferentes frequências).
Tradicionalmente um dado sensor (ou sistema) é caracterizado por uma
função matemática no domínio de Laplace. A função de transferência de
um sensor estabelece a relação entre a sua entrada e a sua saída.
Geralmente estas funções são de uma dada ordem 1ª, 2ª ou superior.
Tradicionalmente modelos matemáticos de 2ª ordem são suficientes para
caracterizar um dado sensor. A descrição de um sensor através de uma
função de transferência no domínio de Laplace pressupões que o mesmo
tenha uma característica Linear e Invariante no tempo !
Sistemas de ordem zero: Não contêm qualquer elemento que retenha
energia. Têm uma sensibilidade constante independente da frequência com
que um dado sinal é aplicado à sua entrada.
Sistemas de 1ª ordem : Têm sempre um elemento que retém energia.
São descritos por equações diferenciais e podem ser representados pela
função de transferência no domínio de Laplace. Um filtro passa-baixo
analógico é um sistema de 1ª ordem, pois só contém um polo !
Sistemas de 2ª ordem : Têm sempre dois elementos que retêm energia.
São descritos por equações diferenciais de segunda ordem e podem ser
representados pela função de transferência no domínio de Laplace. O
comportamento dinâmico de um sistema de 2ª ordem é tradicionalmente
descrito por uma resposta ao degrau.

Impedância de entrada (Zi): A impedância de entrada de um


sensor/sistema pode influenciar as medidas ! (pois pode extrair energia da
grandeza a adquirir, i.e. influenciá-la!). Trata-se do denominado erro de
carga (Loading Error).
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Confiabilidade (reliability): Um sensor é dito confiável desde que


funcione sem falhas, sobre determinadas condições, num determinado
período temporal. Idealmente um sensor deverá ser de alta confiabilidade,
significando isto que existe uma probabilidade próxima dos 100% do
sensor trabalhar conforme o desejado. Um parâmetro para caracterizar a
confiabilidade de um sensor é a taxa de falha (failure rate).

Sensores primários – variação da Temperatura: Um sensor é classificado


como primário quando a grandeza física a quantificar (mensurada) é
convertida noutras formas. Os sensores primários podem ser classificados
com base na grandeza física a quantificar. E.g.: Um dado bimetal constituído
por materiais com diferentes coeficientes térmicos ( ) e com uma dada
espessura (t) se influenciado por uma diferença de temperatura (T) origina
uma deformação do seu raio de curvatura (r).

Sensores primários – variação da Pressão: Sensores de pressão de gazes


e líquidos são muito comuns (e.g. medir a pressão sanguínea). A pressão é
definida pela quantidade de força exercida por unidade de área. Logo, uma
pressão pode modificar um dado sensor (deformando-o, variando um
líquido que o percorre, etc.) Ex: LVDT

Sensores primários – velocidade do fluxo: Sensores de pressão de gazes e


líquidos são muito comuns (e.g. medir pressão sanguínea). A pressão é
definida pela quantidade de força exercida por unidade de área. Logo, uma
pressão pode modificar um dado sensor (deformando-o, variando um
líquido que o percorre, originando diferentes pressões, etc.)
Sensores primários – variação de nível
Sensores primários – aceleração
Sensores primários – inclinação
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2. Sensores resistivos
Potenciómetros
É um sensor resistivo composto por um contacto que desliza de forma
linear ou rotativa entre dois terminais permitindo, desta forma, variar a sua
resistência. Trata-se de um sistema de 1ª ordem pois não retém energia. A
variação de R, idealmente, deverá ser linear. A temperatura (T) também
influência o valor de R ! (flutuações de T e o próprio aquecimento de R
devido à dissipação de potência a que estará sujeito). Características a
considerar: boa resolução, durabilidade, alto coeficiente de temperatura,
capacidade de dissipação suficiente, largura de banda (max. Frequência de
funcionamento), custo baixo.

Extensómetros (Strain Gages)


Têm por base a variação de R quando sujeitos a esforços mecânicos.
Efeito Piezoresistivo– trata-se da mudança da resistividade de um material
devido à aplicação de uma forma mecânica. A extensão do metal vai levar a
que os eletrões tenham menos mobilidade e consequentemente origina um
aumento da resistividade. P. W. Bridgman estabeleceu essa relação para os
metais:
p - resistividade; V- volume; C- constante de Bridgman
A resistência é proporcional ao produto da resistividade com o
comprimento, e inversamente proporcional à área onde a força é exercida.
Algumas das limitações é a sua possível sensibilidade a variações da
temperatura (afeta a resistividade, dimensões, bem como o suporte do
próprio sensor); a força aplicada nunca deve exceder um dado limite !

RTD (resistance temperature detector)


Têm por base a variação de R quando sujeitos a variações da temperatura.
O material usualmente utilizado na sua construção é a Platina, usualmente
denominado por PRT (“Platinum Resistance Thermometer”). Comporta-se
como um filtro passabaixo de primeira ordem (os materiais que o compõem
têm uma grande capacidade de suportar aquecimento).
Apresentam um coeficiente de temperatura positivo, significando que um
aumento da temperatura promove um aumento da sua resistência elétrica.
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Existem sempre algumas restrições na sua utilização:


i) não permitem medir T próximas da temperatura de fusão
(temp. fusão: temperatura para a qual uma substância passa do estado sólido ao estado líquido)
ii) dever-se-á evitar o seu auto-aquecimento causado pelo circuito de
medida que poderá influenciar a T que realmente se pretende medir (ter
em consideração o parâmetro denominado constante de dissipação de
calor (heat dissipation constant ou heat dissipation factor) δ (mW/K)

Termístores (Thermistors)
Têm por base a variação de R quando sujeitos a variações da temperatura.
Ao contrário dos RTDs, que são construídos com base em metais, os
Termístores são construídos com semicondutores.
NTC (Negative Temperature Coefficient) – têm um coeficiente de
temperatura negativo significando que um aumento da temperatura irá
corresponder a uma diminuição da sua resistência.
PTC (Positive Temperature Coefficient) – têm um coeficiente de
temperatura positivo significando que um aumento da temperatura irá
corresponder a um aumento da sua resistência.
A variação da temperatura origina uma variação da resistência do
semicondutor utilizado na sua construção, devido à variação do número de
portadores disponíveis e consequentemente da sua mobilidade no próprio
semicondutor.
Nos NTC: se T aumenta o número de portadores também aumenta e
consequentemente a sua R diminui (esta relação depende sempre das
impurezas do material e se a dopagem for elevada o semicondutor pode
atingir propriedades de um metal, passando a comportar-se como um PTC).
A linearidade dos termístores não é muito elevada. Mas são muito sensíveis.
O comportamento dinâmico é idêntico a um RTD: filtro passa-baixo de
primeira ordem. Os termístores não suportam temperaturas tão altas como
os RTDs (o auto aquecimento pode ser um problema) e são menos estáveis
comparativamente aos RTDs apesar de ser possível melhora-la se se
utilizarem métodos artificiais (cobertura com vidro)).
A linearização é importante mas pode originar uma redução da
sensibilidade.
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Magneto-resistivos (Magnetoresistors)
Um condutor que é percorrido por uma corrente elétrica (causada pela
movimentação de eletrões) quando sujeito a um campo magnético origina
que esses eletrões desviem-se da sua trajetória original. Isso vai resultar
num decréscimo da corrente ! (i.e. aumenta a sua resistência elétrica).
Também irá originar o denominado Efeito de Hall - Quando um fio
condutor, percorrido por uma corrente elétrica, é colocado na presença de
um campo magnético, as cargas deste condutor sofrerão uma força. A
relação entre R e o campo magnético H não é linear !
Aplicações: medidas de grandezas relacionadas com campos magnéticos…

LDRs (Light Dependent Resistor)


Podem ser fotoresistências ou fotocondutores que se baseiam na variação
da resistência elétrica devido à incidência de radiação ótica (comprimentos
de onda de 1mm a 10 nm).
A condutividade do material depende do número de cargas na banda de
condução de um material. Muitos dos eletrões encontram-se na banda de
valência. Quando a temperatura aumenta o movimento desses eletrões
também aumenta libertando-os para a banda de condução ! (esse aumento
da temperatura será provocado pela radiação ótica).
São não lineares, e sensíveis à temperatura ! Comprimentos de onda muito
longos (baixas energias) e devem ser colocados a baixas temperaturas.

Higrómetro (Resistive Hygrometers)


Permitem medir humidades. A sua resistência varia consoante o nível de
humidade existente. A sua variação tem por base reações químicas
provocadas pelo nível de humidade existente (por exemplo, no cloreto de
lítio LiCl um aumento da humidade origina uma considerável redução da
sua resistividade).

A medida da humidade tem por base a humidade relativa (RH – relative


humidity), definida como a relação entre a pressão parcial da água contida
no ar e a pressão de vapor da água à temperatura do ar. Por outras palavras
a humidade relativa do ar é a relação entre a quantidade de água existente
no ar (humidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver à
mesma temperatura (ponto de saturação).
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Um possível método (aproximado) de calibração:


Considerar que um vaso com terra seca terá um determinado peso X Kg.
Adicionando água (sabemos que 1l=1kg) e misturando bem a terra com a
água adicionada poderemos determinar um novo peso do vaso (agora com
terra molhada o peso será Xf Kg).

Sensores de Gás
Geralmente têm por base a medição da concentração de Oxigénio num filme
de óxido de metal. Pouco linear e é sempre dependente da temperatura !

Sensores de Condutividade Líquida


Geralmente têm como base a condutividade de um dado líquido – eletrólise.

3.Condicionamento de sinal : sensores resistivos


Um sensor resistivo apresenta como saída um valor de resistência
proporcional a uma dada grandeza física. Usualmente essa resistência
deverá ser convertida para uma tensão (ou transmitida como uma corrente
e mais tarde convertida para tensão) que poderá ser aplicada, por exemplo,
a um conversor A/D para o tratamento digital do sinal ou para monitorizá-
lo através de um PC. Por isso…. existe a necessidade de escolher circuitos de
condicionamento de sinal com boas características (linearidade, velocidade
de resposta, precisão.
Medida da resistência
Influência da resistência dos cabos/fios de ligação:
As variações de T originam variações da resistência dos fios. A maioria dos
sensores resistivos apresentam valores muito baixos à sua saída
(resistência na ordem das dezenas de Ohms), pelo que será importante
considerar a influência dos próprios fios de ligação ao circuito de
condicionamento de sinal. Se considerarmos os seguintes circuitos que
medem a tensão fornecida por um sensor com saída em corrente, o
primeiro demonstra a grande influência nos cabos de ligação enquanto o
segundo procura atenuar esse efeito.
Para medir uma resistência (por exemplo a variação de um sensor), podem
ser considerados dois métodos:
i) Métodos de deflexão - são medidas as correntes ou as tensões
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diretamente no sensor (e.g. um simples divisor de tensão);


ii) Métodos nulos – têm por base a utilização de pontes de medida (e.g.
Wheatstone bridge… ou de Kelvin).
Divisor de tensão (só deve ser utilizado para medir valor de R altos).
Divisor de tensão (só deve ser utilizado para medir sensores com altas
variações de R e em sensores não lineares - NTC):
A própria não linearidade do circuito pode compensar a não linearidade do
sensor !
Montagem inversora – pode ser utilizado se pretendermos inverter a
tensão de saída !
Ponte de Wheatstone (medida balanceada). Ao ligar os sensores é
importante ter em consideração a influência do valor resistivo dos fios
de ligação.
Ponte de Wheatstone (medidas por deflexão): Geralmente estas pontes
são usadas para medidas por deflexão, i.e. a medida de R é efetuada
com base na tensão ou corrente obtida por via de um desequilíbrio
provocado pela variação da resistência do sensor.
Medida da resistência - Regulação de tensão nas pontes
A tensão de alimentação deve ser estável, caso contrário irá ser
amplificada. A utilização da mesma tensão de referência para alimentar a
ponte e o ADC permite eliminar os erros de referência provocados por
eventuais oscilações da tensão de entrada. Uma outra solução, idealmente
complementar à utilização da mesma tensão de alimentação, é a utilização
de reguladores de tensão com estabilização de T!
Quando os sensores são colocados distantes do circuito amplificador de
sinal é necessário ter em consideração a queda de tensão !
Idealmente o sensor deverá ser alimentado por uma fonte de corrente, mas
nem sempre isso é possível. Após a amplificação de Vo, esta é utilizada para
ajustar a tensão de alimentação da ponte (irá compensar possíveis
diferenças provocadas pelas quedas de tensão nos fios !)
As pontes podem ser alimentadas por fontes AC ou DC !
DC – pode provocar um efeito termoelétrico nas junções dos metais
provocando variações no circuito.
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AC – evita o efeito termoelétrico mas existe o efeito capacitivo podendo


levar a um não balanceamento da ponte.
Medida da resistência – Amplificador Diferencial

Amplificador diferencial pode ser utilizado quando o sinal a adquirir do


sensor não está referenciado à massa (é uma saída diferencial).
…mas tradicionalmente os sinais resultantes dos sensores (…de circuitos
de condicionamento de sinal) têm uma baixa amplitude e estão sujeitos a
várias interferências provocadas por ruídos. Por outro lado, a impedância
de saída dos transdutores pode ser muito elevada originando efeitos de
carga consideráveis quando são ligados a circuitos amplificadores com
baixa impedância de entrada.
Adicionalmente, a tensão à saída de pontes de medida podem ter sinais
em modo comum que são amplificados (algo indesejável !) pelo que é
importante eliminá-los ou, pelo menos, atenuá-los !
A capacidade de um amplificador diferencial eliminar sinais em modo
comum é quantificada pelo fator de rejeição em modo comum, designado
por CMRR (Common Mode Rejection Ratio), geralmente expresso em dB.
Medida da resistência – Amplificador de Instrumentação

Os amplificadores de instrumentação, são amplificadores diferenciais


tradicionalmente com um CMRR alto, Zi alta e Zo baixo !!
Além disso permitem o ajuste do ganho através da variação de uma simples
resistência (normalmente mais estável com variações de T).
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4.Sensores capacitivos e indutivos


Este tipo de sensores têm como princípio de funcionamento a variação da
reactância XL ou Xc, sendo esta muitas vezes variada sem qualquer contacto
físico ! Também permitem medir deslocamentos lineares e rotativos. A
utilização destes sensores deve ter em consideração a frequência das
medidas, uma vez que a própria saída está intrinsecamente relacionada
com a variação da reactância ! (existe sempre um limite na frequência de
funcionamento).
O seu princípio de funcionamento tem por base a variação da capacidade e
da carga de um elemento capacitivo.
A Carga do condensador (C) depende dos aspetos construtivos do mesmo e
é constituído por ‘n’ placas paralelas distanciadas a uma distância ‘d’
formando uma área ‘A’.
A utilização de sensores capacitivos pode apresentar limitações,
nomeadamente devido a fugas do campo elétrico.
A solução é blindar o sensor, mas vai provocar uma perda da sensibilidade.
A linearidade (ou não linearidade) destes sensores depende do parâmetro a
variar !
Estes sensores têm uma alta impedância de saída (Zo) o que pode ser uma
limitação ! (dependerá sempre do circuito de condicionamento de sinal a
utilizar). Zo diminui se a frequência de funcionamento aumentar !
Não exigem contacto físico;
Boa estabilidade e repetibilidade nas medidas;
Podem ser muito influenciados pela temperatura (depende do dialético
considerado, no ar essa influência é mínima);
Alta resolução (até 10 pm), particularmente para medida de
deslocamentos;
Devem ser blindados contra campos elétricos externos !
A aplicação mais comum é a medida de deslocamentos lineares e rotativos.
Outras aplicações comuns: Detetores de proximidade, detetam não só
metais mas também dialéticos tais como papel, vidro, madeira, plástico..
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Podem medir pressões (diafragma que se desloca consoante a pressão


imposta); força e binário (usando elementos elásticos no lugar dos
elétrodos); aceleração (tendo por base a inércia inicial num deslocamento).
Um sensor diferencial capacitivo baseia-se na variação de duas
capacidades ajustadas de modo a que tenham a mesma variação em
direções opostas.
Possibilidade de se obter uma saída linear (variando z) e de aumentar a
sensibilidade através da variação de Vr !

Sensores indutivos
O seu princípio de funcionamento baseia-se na variação da indutância (L)
e da indutância mútua (M).
A capacidade de uma bobina de N espiras em criar o fluxo (Ф -Weber)
com determinada corrente i que percorre o circuito é denominada
indutância (símbolo L) medida em "henry“, cujo símbolo é H.
O fluxo magnético é uma medida do campo magnético total que atravessa
uma área específica. Este está relacionado com a Força magneto-motriz
(Fm), ampére-espira, e com a relutância magnética (ℜ), ampére-espira por
Weber.
ℜ pode ser vista como a oposição de um dado material à passagem das
linhas de força (equivalente à resistência num circuito elétrico).
A maioria dos sensores magnéticos baseiam-se na variação da relutância
magnética ℜ, através da variação:
- do entre-ferro (lo e Ao) – sensores de entre-ferro variável (variable gap
sensors);
- da permeabilidade (μ) – sensores de deslocamento do núcleo (moving
core sensors)
Alguns dos problemas dos sensores indutivos são:
Dispersão das linhas de força (fluxo magnético) que afeta L, sendo por
vezes necessário blindar o sensor para garantir que as variações no sensor
devem-se exclusivamente à variação do fenómeno a medir !
A relação entre L e ℜ não é constante, podendo variar nas extremidades de
um dado deslocamento, pois o campo magnético não é uniforme (nas
extremidades é tipicamente mais reduzido).
Este tipo de sensores funcionam sempre abaixo da temperatura de Curier.
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Algumas vantagens são:


- Não são afetados pela humidade ou por outros aspetos ambientais que
afetavam os sensores capacitivos;
- Alta sensibilidade, e não existem contactos (desgaste diminuto).
A permeabilidade magnética varia com a intensidade de corrente limitando,
por isso, o valor eficaz do circuito de alimentação usado para estes sensores
(tipicamente até 15 V).
Comparativamente a núcleos de ar, os sensores com núcleos ferro-
magnéticos são menos suscetíveis a interferências externas, uma vez que
orientam melhor as linhas de força reduzindo influências externas. As
variações das indutâncias são maiores (1mH a 100mH). São mais
resistentes e volumosos.

Sensores indutivos – correntes de Eddy


Os sensores indutivos podem ainda basear-se na variação das correntes de
Eddy (Eddy currentes) ou de Foucault – Sensores de correntes de Eddy.
Trata-se de correntes elétricas induzidas localmente num condutor
(bobine) percorrido por um campo magnético, quando se aproxima um
material condutor. Estas correntes induzidas vão criar um campo
magnético, influenciando a reactância inicial (L) desse condutor.
Essa variação da proximidade pode, por isso, ser detetada através de um
circuito de condicionamento de sinal ! Quanto mais próximo o material
estiver, maior a influência na sua impedância.
Podem trabalhar a altas temperaturas (acima da temperatura de Curier) –
existem sensores aptos a trabalhar a temperaturas superiores a 600 ºC !
Não são afetados por líquidos não condutores (óleo, água suja, etc.) !
Podem trabalhar a altas temperaturas (existem sensores com T=600 ºC)
Existem sensores de correntes de Eddy diferenciais.
O condicionamento de sinal é tradicionalmente usado em circuitos em
ponte (uma bobina é ativa e a outra será passiva).

Sensores indutivos – LVDT


Os sensores indutivos denominados LVDT (“Linear Variable Diferential
Transformers”) têm como princípio de funcionamento a variação da
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indutância mútua provocada pelo deslocamento de um núcleo


ferromagnético dentro de um transformador diferencial composto por um
enrolamento primário e dois secundários.
Existem não idealidades a considerar:
- Na posição central existe sempre um erro associado, pois a tensão na
saída não é exatamente zero (deve-se a capacidades parasitas entre o
primário e o secundário e possíveis faltas de simetria do núcleo);
- Presença de harmónicos na tensão de saída, particularmente na zona
central. O mais relevante é o 3º harmónico que é causado pela saturação do
material. Esta distorção pode ser suprimida através da utilização de um
filtro passa baixo.
- Influência da temperatura na resistência do primário. Aumentando T vai
aumentar a resistência do primário reduzindo a corrente I1 e
consequentemente a tensão na saída. Uma possível solução é alimentar o
primário com uma fonte de corrente. Se aumentarmos a frequência do sinal
de entrada, a influência de R1 será reduzida quando comparada com L1.
- Existem propostas para LVDTs autocompensados com duplo secundário
para atenuar o efeito da T.
São muitas as vantagens, que justificam a sua larga utilização:
- A resolução é, teoricamente, infinita;
- Não há atritos entre o núcleo e os enrolamentos (durabilidade ilimitada,
alguns modelos podem atingir mais de 200 anos, boa fidelidade);
- Isolamento entre o primário e o secundário permitindo a utilização de
circuitos com diferentes tensões e distintas massas de referência.
-Boa repetibilidade, sensibilidade direcional, boa linearidade, boa
sensibilidade (depende da frequência da tensão no primário), larga
resposta em frequência (boa gama dinâmica de funcionamento).
A deteção de fase é fundamental na utilização de um LVDT.
Existem LVDTs que já incluem circuitos de condicionamento de sinal, quer
à entrada, quer à saída. Alguns são possíveis de alimentar em DC,
denominam-se por DCLVDTs.
Outros são rotacionais, denominam-se RVDT (Rotary Variable Differential
Transformer). Tradicionalmente têm uma linearidade entre os +- 20 graus e
uma sensibilidade de 10 mv/grau. A performance é pior que nos LVDTs.
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Os LVDTs podem ainda ser utilizados para medir acelerações, inclinações


ou deformações/pressões.
Existem ainda mais sensores indutivos:
- Magnetoestrictivos (Magnetostrictive): Baseiam-se na mudança Das
dimensões dos materiais ferromagnéticos, tais como ferro, níquel,
cobalto e suas ligas, quando sujeitos a campos magnéticos externos. Os
materiais ferromagnéticos, quando submetidos a um campo magnético,
sofrem uma distorção microscópica na sua estrutura molecular, o que
causa a variação das suas dimensões. São largamente utilizados para a
medição de líquidos. Baixo custo, simplicidade, de fácil construção,
robustez, não há contato entre o imã e o elemento sensor.
- Magneto-elásticos (Magnetoelastic): Têm como princípio as mudanças
reversíveis nas curvas de magnetização de um material ferromagnético
quando sujeitos a um esforço mecânico.

Sensores eletromagnéticos
- Baseiam-se em variações magnéticas ou elétricas sem que seja alterada
uma capacidade ou indutância.
- Baseiam-se na lei de Faraday (uma variação do fluxo, provocado por uma
corrente AC, provocará uma f.e.m).
A f.e.m pode ainda ser provocada pelo deslocamento de um núcleo quando
um dado circuito está a ser alimentado com uma corrente DC. (e.g. Existem
tacómetros DC e AC).
Exemplo de um esquema de um tacómetro AC com uma saída em tensão
com frequência constante e amplitude proporcional à velocidade de
rotação.
Tacómetros DC são geralmente utilizados no conta-rotações dos
automóveis. Mas existem mais tipos de tacómetros ….

Sensores baseados no efeito de Hall


- Efeito de Hall: Consiste na geração de uma diferença de potencial nos
lados de um condutor ou semicondutor através do qual circula uma
corrente, quando existe um campo magnético perpendicular a essa
corrente.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

• Há uma dependência da temperatura e de possíveis pressões mecânicas


que possam ser exercidas sobre o material (este último relaciona-se com o
efeito piezoresistivo e terá de ser o fabricante a ter em consideração, o
utilizador não tem de se preocupar com este aspeto).
• A temperatura (T) é mais importante no efeito de Hall ! A mobilidade dos
portadores maioritários é alterada com T, ( a própria corrente I promove
uma alteração de T).
• O material muitas vezes é não uniforme gerando uma tensão de offset
(mesmo que não haja presença de um campo magnético B).
• Apresentam como vantagem produzir uma tensão de saída independente
da variação de B, ao contrário dos sensores indutivos onde uma variação do
fluxo provocaria sempre variação da tensão.
• São insensíveis ao pó, humidade e vibração;
• São robustos e baseados em semicondutores (InSb, InAs, Ge, GaAs, Si)
onde o efeito de Hall depende da mobilidade dos portadores.

5.Circuitos - sensores capacitivos e indutivos


De forma a obter-se um sinal que represente uma variação de uma
capacidade ou indutância, será necessário, pelo menos, uma fonte de
alimentação de corrente alternada (AC), e um método para detetar essas
variações.
Tradicionalmente os sensores capacitivos têm valores inferiores a 100 pF, o
que obriga a que a fonte de alimentação tenha frequências na ordem dos 10
kHz aos 100 MHz.
Uma vez que a impedância de saída é usualmente alta, é comum usarem-se
cabos blindados para os interligar ao circuito de condicionamento de sinal
(a sensibilidade e a linearidade podem diminuir).Além disso o circuito e o
sensor deverão estar próximos (objetivo: reduzir capacidades parasitas !)
Quando o sistema de medida requer a conversão de um sinal AC para DC
podem ser considerados alguns circuitos : detetor de pico; medidor de valor
eficaz; calculo do valor médio apos retificação.
Uma solução para detetar alterações em Z pode ser efetuada pela medição
de uma alteração da corrente quando o sensor é alimentado a uma tensão
AC constante.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Os divisores de tensão são uma alternativa…


Não há linearidade → solução → Usando um sensor diferencial já temos
linearidade.
Utilização de uma ponte AC com sensor diferencial:
- Vantagem da utilização de um sensor diferencial é o cancelamento de
erros devido a temperaturas !
- As pontes AC são vistas como uma boa solução para efetuar o
condicionamento de sinal de sensores capacitivos e indutivos !
- A escolha de Z1, Z2, Z3 e Z4 depende dos sensores utilizados !
- Se os sensores forem diferenciais do tipo indutivo (e.g. LVDT) podem
ser utilizadas resistências.
Para sensores diferenciais indutivos poderíamos utilizar as seguintes
soluções (com resistências):

Para sensores capacitivos são utilizadas as pontes de Blumlein ou de


transformador. Estas pontes são adotadas para reduzir o efeito de
capacidades parasitas (Cs1, Cs2) através da utilização de braços indutivos.
Amplificadores AC
Atualmente já existem Amp-Ops que facilmente conseguem amplificar
sinais na ordem dos 10 MHz, sendo muito úteis em pontes AC.
Como o terminal central de uma ponte AC é tradicionalmente aterrado, uma
das saídas também é aterrada. Desta forma, não será necessário qualquer
amplificador diferencial, ao contrário do que sucede nas pontes DC.
Sensores que tenham como saída um sinal modelado em amplitude
requerem a utilização de um circuito que implemente uma amplificação AC,
desmodulação, filtragem (CARRIER AMPLIFIER).
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

A modelação AC é feita pelo produto da portadora pelo sinal originário do


sensor AC.
A desmodulação consiste em multiplicar o sinal modelado vo pelo sinal de
referência vr usado para excitar o sensor.
Aplicação aos LVDTs:
O sinal de saída dos LVDTs também é AC, mas como a tensão à saída de um
LVDT costuma ser suficientemente alta, a amplificação não é necessária. No
entanto, para detetar o sentido do deslocamento do núcleo é necessário
proceder à desmodulação síncrona.
A solução mais simples consiste em retificar as tensões nos secundários do
transformador e depois subtraí-la. O sinal dessa subtração indica a posição
do núcleo.

6. Sensores ativos
Caracterizam-se por gerar um sinal elétrico sem necessidade de qualquer
fonte de alimentação (podem ser utilizados para medir temperaturas,
forças, pressões, etc.).
Também podem funcionar de forma inversa, i.e., obter sinais não elétricos
a partir de sinais elétricos.
Fornecem uma tensão ou corrente cujas amplitudes, frequências e
impedâncias de saída determinam o circuito de condicionamento de sinal a
utilizar.
A amplitude é geralmente baixa exigindo uma amplificação quando se
pretende ligar, por exemplo, a um ADC.
Os circuitos de condicionamento de sinal a utilizar para amplificar a tensão
de saída deverão ter em consideração que a saída do sensor é uma tensão,
e não em resistência ! (os circuitos de condicionamento de sinal a utilizar
são diferentes dos utilizados com os sensores resistivos).

Sensores ativos - termopares (thermocouples)


Baseiam-se no efeito de Seebeck que tem por base dois outros efeitos:
i) Peltier; ii) Thomson
Efeito de Seebeck: num circuito com dois metais diferentes A e B, e com
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

duas junções a diferentes temperaturas, criará uma corrente elétrica ou


uma diferença de potencial.
Coeficiente de Seebeck (relaciona a variação do potencial elétrico com
a temperatura). SA e SB representam a potência termoelétrica absoluta.
i) Efeito Peltier: consiste no aquecimento/arrefecimento de uma junção de
dois metais diferentes quando uma corrente os percorre. Uma inversão da
corrente corresponderá a uma inversão da temperatura nas junções.
Este efeito é reversível e não depende do contacto, nomeadamente da
forma e dimensões dos metais. A dependência é linear e é caracterizada
pelo coeficiente de Peltier.
O facto da quantidade de calor transferido por unidade de área na
junção ser proporcional à corrente, em detrimento da área da junção,
torna este efeito diferente do efeito de Joule.
ii) Efeito de Thomson: consiste na absorção/libertação de calor num
condutor homogéneo a temperaturas diferentes, quando uma corrente o
percorre. O calor libertado é proporcional à corrente e não ao quadrado
desta, e muda de sinal quando a corrente muda de sentido. O calor é
absorvido quando a corrente flui de um ponto frio para um ponto quente.
O calor é libertado quando a corrente flui de um ponto quente para um
ponto frio.
Por outras palavras, o calor é absorvido quando a corrente e o calor fluem
em sentidos opostos, e o calor é libertado quando a corrente e o calor fluem
no mesmo sentido.
Para medir a temperatura com um termopar:
Deverá haver uma junção de referência (junção fria) colocada a uma T
constante. Desta forma a temperatura a medir será função da outra junção
(junção de medida).
Algumas considerações:
- deve-se manter a corrente que flui no circuito muito pequena para evitar o
efeito de Joule;
- A junção fria deve estar a uma temperatura de referência;
- Dever-se-á escolher o termopar adequado de modo a que não derreta;
- Dever-se-á ter cuidado com o ambiente a que sujeitamos as nossas
junções.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Algumas vantagens na medida de T são:


 Boa gama de medida (-270 C – 3000 C) e robustez;
 Estabilidade;
 Grande fiabilidade;
 A baixas temperaturas apresentam uma maior exatidão quando
comparados com os RTDs;
 Rápida velocidade de resposta;
 Simples e fáceis de utilizar e de baixo preço.

Alguns dos requisitos de um bom termopar: baixa resistência; alto


coeficiente de temperatura; não deve haver a oxidação das junções;
linearidade; e claro…. todas as outras…
Na maioria das vezes recorre-se a interpolações para se conseguir
alguma linearidade nas medidas. A resolução costuma ser mais importante
do que a exatidão, pois o valor de T é sempre obtido de forma relativa
(relação entre duas T).
Tipo T resistem à corrosão; daí são úteis em ambientes húmidos.
Tipo E têm a maior sensibilidade e resistem à corrosão abaixo dos 0 °C e em
ambientes oxidantes.
Tipo N resistem à oxidação e são estáveis a altas temperaturas.
Termopares baseados em metais nobres (tipo B, R, e S) são altamente
resistivos à oxidação e à corrosão.
Lei dos metais intermédios: A soma algébrica de todas as FEM num
circuito composto por diferentes metais mantém-se a zero desde que esse
circuito esteja a uma temperatura uniforme (isto significa que pode ser
colocado um amperímetro no circuito que, desde que as junções estejam à
mesma temperatura, não haverá influência).
Lei dos circuitos homogéneos: Não é possível manter uma corrente
termoelétrica num circuito formado por um simples metal homogéneo
através da aplicação de calor, nem mesmo mudando a secção desse (i.e. tem
de haver a junção de materiais distintos!).
Lei das temperaturas sucessivas ou intermédias: Se dois metais
homogéneos estão com E1 quando as suas junções estão a T1 e T2 e a
uma E2 quando estão a T2 e T3, então se as junções estiverem a T1 e T3
teremos E3=E1+E2.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Para se obter medidas de T muito exatas será necessário garantir que a


junção de referência (a junção fria) fique a uma temperatura estável. A
solução passa por mergulhá-la em gelo (solução cara que exige manutenção
constante e um fio comprido para a junção). Outra solução para reduzir ao
preço do fio utilizado para estabelecer a junção fria é utilizar fios de cobre,
mas garantir a T de referência fica dispendiosa.
Se as variações de T ambiente não forem grandes, podem-se deixar as
junções ao ar. Se pretendermos uma grande precisão da medida deveremos
compensar as flutuações de T através da utilização de um outro sensor para
as medir e compensar a T final !

Sensores ativos – sensores piezoelétricos


O efeito piezoelétrico consiste no aparecimento de uma FEM quando um
material sofre ação de uma força. O efeito contrário também é válido, i.e., se
aplicarmos uma FEM o material irá encolher !
Por exemplo, a pressão sobre um cristal de quartzo provoca uma diferença
de potencial.
Um elemento piezoelétrico (e.g. quartzo) sobre pressão, parte da energia
converte-se em potencial elétrico.
A restante energia converte-se em energia mecânica, o que faz com que o
material, quando não estiver sobre pressão, recupere a sua forma original.
São tradicionalmente utilizados para medir forças mecânicas, acelerações,
etc. (e.g. microfones).
Apresentam limitações: a resistência elétrica é muito alta; a resposta em
frequência mostra um pico de ressonância muito alto, pelo que devemos
trabalhar a frequências abaixo dessa. São sensíveis à temperatura (acima da
temperatura de Currier os materiais perdem as suas características
pieozelétricas).
Grande desvantagem: só existe tensão se houver variação das forças !
Como vantagem é a sua elevada sensibilidade.

Sensores ativos – sensores piroelétricos


É parecido com o efeito piezoelétrico mas agora uma mudança na
temperatura irá causar uma mudança espontânea na polarização,
resultando numa mudança da carga elétrica, criando por isso um potencial
elétrico no material.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

É muitas vezes utilizado para deteção de radiação térmica à temperatura


ambiente. Muitos dos materiais são cristais que possuem ambos os efeitos
piezoelétricos e piroelétricos.
Quando se atinge a temperatura de Curie o efeito piroelétrico desaparece !

Sensores ativos – sensores fotovoltaicos


Permitem obter uma tensão em função da intensidade de radiação.
O efeito fotovoltaico corresponde à geração de um potencial elétrico
quando uma radiação ioniza a região onde existe a barreira de potencial PN.
Quando a junção P (dopada de lacunas) está em contacto com a junção n
(dopada de eletrões) existirá um equilíbrio que se altera quando são
atingidos por luminosidade (fotões). Existirá, por isso, um desequilíbrio,
criando um campo elétrico oposto à barreira de potencial.
Quando comparados com fotocondutores (e.g. LDR): têm melhor
linearidade; são mais rápidos; têm menor ruído, apesar de necessitarem de
amplificação.
Podem ser utilizados em situações onde se necessite medir a intensidade de
luz, ou em aplicações onde a luz é utilizada para detetar diferentes
quantidades (cartões, detetores de fumo, etc.). Os sensores fotovoltaicos
podem ser foto-díodos ou fototransístores.

7. Circuitos - Sensores ativos


Os sensores ativos oferecem uma tensão ou corrente cujas amplitudes,
frequências e impedância de saída determinam o circuito de
condicionamento de sinal à saída.
A amplitude é geralmente baixa, exigindo uma amplificação quando se
pretende ligar, por exemplo, a um ADC. A amplificação deverá ser efetuada
de forma diferente das pontes AC ou dos divisores de tensão (aqui a saída
do sensor é uma tensão !)
Há situações em que a frequência de saída também é muito baixa
inviabilizando a utilização de amplificadores de alto ganho uma vez
necessitam de condensadores muito grandes para anular o efeito da
impedância de saída, i.e., torna difícil o ajuste das impedâncias (Zo=1/ωC).
Geralmente opta-se por amplificadores DC com baixa tensão de offset e
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

correntes de polarização.
Noutras situações a tensão de saída até pode ser suficientemente alta mas
esse Zo é muito alto, exigindo-se a utilização de circuitos específicos (e.g.
sensores de elétrodos de PH necessitam de amplificadores eletrómetros,
enquanto os sensores piezoelétricos podem usar eletrómetros,
amplificadores de transimpedância ou de carga quando as capacidades
parasitas reduzem a largura de banda do sinal).
Para se obter uma boa resolução teremos ainda de ter em consideração a
existência de correntes de polarização e a tensão de offset !

AmpOps não ideais…


Num amplificador ideal a tensão de saída é zero quando ambas as entradas
estão a zero volts, sendo também as correntes de entrada nulas.
Mas… num AmpOp real isso não acontece: existirá uma tensão à saída
diferente de zero pois o andar de entrada de um AmpOp não garante que as
entradas sejam exatamente iguais (tensão de polarização ou de offset de
entrada Vio), e haverá sempre consumo de correntes de polarização
diferentes em cada entrada (corrente de polarização ou de offset – Iio
(devido ao consumo de corrente nas entradas inversoras e não inversoras do
AmpOp).
Para garantir a tensão zero à saída será necessário introduzir uma tensão
de offset à entrada e anular as correntes de offset.
Zero-Drift Amplifiers
Corrigem automaticamente a sua tensão de offset e diminuem a densidade
de ruído. Podem ser choppers amplifiers ou auto-zero amplifiers .
Permitem atingir tensões de offset na ordem nos nano-volts (muito bom !) e
a influência com a variação da temperatura é muto baixa.
Apresentam um elevado ganho em malha aberta, elevado rejeição da tensão
em modo comum - Common Mode Rejection Ratio (CMRR) - quando
comparados com os amplificadores tradicionais.
Geralmente são utilizados em sistemas cujo requisito é um longo tempo de
vida (mais de 10 anos), e são vocacionados para amplificar sinais de muito
baixa amplitude e com baixas frequências: ganhos em malha aberta
elevados (>100) e sinais de baixas frequências(<100 Hz).
Sinais com tensões de baixa amplitude e baixas frequências são tradicionais
nos sensores ativos, pelo que a utilização de amplificadores de zero-drifs
são os mais apropriados !
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Amplificação por comutação (Chopper amplifiers). (Zero-Drift


Amplifiers)
São amplificadores DC utilizados para amplificar sinais com amplitudes
muitíssimo baixas. Se a amplitude do sinal resultante do sensor é muito
baixa, esta pode confundir-se com as tensões de polarização o que, após
amplificação, um offset relevante à saída ! Torna-se assim mais simples
construir um amplificador AC (e os choppers “quebram” o sinal de forma a
que o amplifiquem como se fossem sinais AC).
Possíveis erros dos chopper amplifiers:
ruído devido à amplificação e ruídos originários pelas comutações
(geralmente de baixa frequência). Uma importante limitação é que a
frequência máxima do sinal originário do sensor deverá ser muito inferior
ao do sinal de comutação !
Solução: Amplificador comutado estabilizado.
Auto-zero amplifiers
São AmpOps monolíticos permitem obter pequenas variações na saída (são
muito estáveis) através da medição periódica da tensão de offset
subtraindo-a ao sinal de interesse. Enquanto a tensão de offset está a ser
medida, um circuito apresenta o sinal de interesse à saída.
Composite amplifiers
São AmpOps monolíticos que combinam um ou mais amplificadores para
garantir um elevado desempenho. Exemplo de um circuito composto por
dois AmpOps, um para garantir um baixo offset à saída e um segundo com
bom desempenho para sinais AC.
Amplificadores Eletrómetros e Amplificadores de Transimpedância
Um eletrómetro é um sistema de medida caracterizado por possuir uma
elevada resistência de entrada e um baixo consumo de corrente. Existem
instrumentos com resistência de entrada (>1T Ohm) e consumo de corrente
(<1 pA). Permitem medir cargas elétricas, sendo essencialmente utilizados
no tratamento de sinais originários de sensores que tenham como saída
correntes de baixo valor e elevadas impedâncias de saída (e.g. células
fotovoltaicas, detetores de radiação, foto díodos, sensores piezoelétricos,
etc.).
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Quando se pretende tratar sinais de baixa frequência, será necessário um


conversor/amplificador de corrente para tensão (amplificador de
transimpedância) de baixa variação (low-drift).
Um eletrómetro tradicionalmente possui amplificadores de tensão com
elevada impedância de entrada que são úteis para interligar sensores que
fornecem uma tensão de saída com impedância muito elevada, e.g.
piezoelétricos, ou elétrodos de PH.
A medida de correntes pode ser feita recorrendo a dois métodos:
i) medição direta;
ii) conversão corrente-tensão (baseado numa amplificador de
transimpedância).
Medição direta da queda de tensão em R: Não permite medir fenómenos
com altas frequências devido à capacidade inerente do próprio sensor e do
cabo que o interliga ao amplificador.
Amplificadores de Carga (conversor carga-tensão)
Trata-se de um circuito cuja impedância de entrada é uma capacidade com
um valor muito elevado a baixas frequências.
Tem como objetivo obter uma tensão proporcional à carga, permitindo ter
uma baixa impedância de saída.
Baseia-se numa transferência de carga do sensor para Co, permitindo medir
a tensão aos seus terminais (conversor carga-tensão).
Uma possível utilização é no condicionamento de sinal de sensores
piezoelétricos.

8. Sensores Digitais
Simplificam o condicionamento de sinal.
Redução de interferências eletromagnéticas quando comparados com os
analógicos; Existem ainda os denominados sensores inteligentes que
possuem um circuito eletrónico associado ! (smart sensors)
Principio de sensor digital (rotativo e linear)
São incrementais e fornecem sempre uma posição relativa.
Exigem sempre uma contagem, e não detetam a direção. Podem perder
a posição no caso de uma falha de energia (exigir-se-ia um reset!)
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Exemplo de sensores magnéticos (rotativo e linear).


Exemplo de sensores capacitivo (linear).
Exemplo de sensores óticos incrementais. Não permitem detetar a posição
absoluta. São incrementais !
A existência de franjas inclinadas permitem detetar a direção do
movimento.
Descodificadores óticos detetam posições absolutas.
Sensores Quasi-digital:
Os sensores cuja grandeza física a adquirir é traduzida à saída pela variação
da frequência, duty-cycle, fase, etc.. são denominados por quasi-digital
(a informação sobre a grandeza a medir é obtida num período temporal).
As saídas têm um formato de uma onda quadrada (podendo ser confundida
com o tradicional formato digital). Não necessitarão de nenhuma conversão
A/D !

Sensores Digitais (Smart sensors)


Sensores Inteligentes (smart sensors) : são sensores que incluem algum tipo
de processador interno para facilitar o controlo e a monitorização das
grandezas adquiridas, bem como processos de inicialização ou calibração.
Normas IEEE1451.X (“Standards for Smart Transducer Interface for
Sensors and Actuators”). Estas normas pretendem uniformizar o conceito de
smart sensors fornecendo uma forma de apresentar informação sobre o
sensor e sobre o seu funcionamento., bem como permitir interligá-los em
rede. A norma IEEE1451.0 foi criada para uniformizar as diferentes normas
IEEE1451.x.

9. Amplificadores não lineares


Em algumas aplicações os AmpOps requerem a utilização de malhas de
realimentação não lineares, por exemplo:
i) Aproximar curvas de transferência (linearização de curvas características
de sensores);
ii) Limitar a amplitude de sinais;
iii) Realizar operações matemáticas;
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Muitas das operações são conseguidas através da característica não linear


tensão-corrente das junções de semicondutores (díodos, zeners,
transístores).
Díodo:
Is – corrente de saturação (ou corrente de escala, pois é proporcional às
dimensões do díodo). É fornecida pelo fabricante a uma dada temperatura.
É muito dependente da temperatura e tradicionalmente duplica por cada
5ºC.
Diodo Zener:
rz – resistência de zener (resistência dinâmica) fornecida pelo fabricante.
Na ordem dos ohms ou dezenas de ohms (máx.). Vz varia com a
temperatura na ordem dos 2mV/ºc e depende do coeficiente de
temperatura ou temco, expresso em mV/ºC.

Limitadores série
Vb é substituído por um díodo Zener.
Limitador duplo: Mais simples pois só utiliza dois zeners, mas tem como
inconveniente as capacidades dos zeners !

Limitadores paralelo
Limitador em ponte (permite compensar parcialmente a deriva térmica).
Os pontos de transição continuam a ser arredondados devido à
característica exponencial dos díodos.

Limitadores realimentados
Utilizando circuitos limitadores série ou paralelo na malha de
realimentação de um AmpOp realimentado obtém-se uma transição
brusca do fator de realimentação e consequentemente do ganho
realimentado.

Limitadores realimentados (com díodos zener)


São circuitos que apresentam díodos zener na malha de realimentação de
um AmpOp. Funciona satisfatoriamente a baixas frequências.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Limitadores de precisão (super díodo)


Os elementos limitadores reais (díodos normais, zeners e transístores)
têm resistência finita e características de comutação variáveis não
lineares e sempre influenciadas pela temperatura. Não há transições
abruptas mas sim arredondadas. A solução é utilizar-se limitadores de
precisão, também denominados por super díodos.
O limitador de precisão seguinte apresenta um elevado ganho em malha
aberta permitindo reduzir a não linearidade do díodo e a sua sensibilidade
com as variações da temperatura.

Limitadores de precisão (limitador com tensão não nula)


A ponte de díodos está inserida no anel de realimentação, pelo que a não
linearidade e a resistência de condução dos díodos da ponte são reduzidas
de um fator igual ao ganho em anel (as transições para os limites à saída
são feitas de forma abrupta e independente dos parâmetros dos díodos, por
isso são chamados de limitadores de precisão !)
Aplicação de limitadores realimentados
Os limitadores em série e paralelo são largamente utilizados em geradores
de funções com díodos (adiante apresentados). A principal razão para
utilizar limitadores realimentados é a de prevenir sobrecarga do andar de
saída de um amplificador. Além disso asseguram um rápido
restabelecimento do funcionamento normal de um dado amplificador,
quando este fica saturado. Podem ainda ser utilizados em circuitos
comparadores, geradores de sinais, modelação de impulsos e de ondas
quadradas, etc.

10. Amplificadores não lineares


PARTE II
Geradores de formas de onda com díodos
A aplicação de amplificadores operacionais com malhas de realimentação
adequadas permite realizar funções de transferência não lineares, de
forma aproximada.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

O método mais genérico de o fazer é utilizar a aproximação linearizada


por segmentos.
Outras soluções utilizam um limitador paralelo e um série, constituem
soluções de maior interesse prático.
As características de um díodo de silício na região de condução direta são
sempre sensíveis à temperatura, originando variações nas tensões de
quebra nas curvas de transferência !
A forma para compensar este efeito poderá ser a utilização de um circuito,
cuja solução consiste em colocar em série com o díodo, e com a fonte de
polarização, uma outra junção da mesma natureza mas com polaridade
inversa !
Uma vez que têm por base díodos ideais (ou os denominados super díodos),
os pontos de quebra são definidos com precisão e existe uma
insensibilidade à temperatura.
Aplicações dos geradores de formas de onda com díodos
a) Linearização de curvas de resposta de transdutores (e.g. termopares,
termístores, etc.). A não linearidade de um dado transdutor é “equilibrada”
pela não linearidade complementar de um dado gerador de formas de onda,
resultando numa função composta linear !

b) Geração de formas de onda a partir de uma tensão de entrada do tipo


varrimento linear, como é o caso da onda triangular. É um método
interessante para formas de onda de muito baixa frequência.

c) Geração de formas de onda específicas, tais como a quadratura e a raiz


quadrada de uma tensão de entrada (estes geradores de formas de onda
são extremamente morosos de projetar com boa precisão devido ao grande
número de pontos de quebra e aos ajustes necessários).

d) Simulação de efeitos físicos em computação analógica, sistemas de


controlo e compressão de sinais.
Amplificadores logarítmicos
Aproveitam a característica aproximadamente logarítmica dos díodos.
….mas a maior parte dos díodos tem uma gama muito limitada de
comportamento logarítmico.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Para correntes mais elevadas a queda de tensão devida à resistência óhmica


do semicondutor (RB) não pode ser ignorada, originando a que o
comportamento do díodo deixe de ser logarítmico !
É impossível obter operações logarítmicas rigorosas com díodos de uso
geral. Por outro lado, o recurso a díodos especiais (com um maior
comportamento logarítmico) não compensa do ponto de vista económico.
Atualmente existem vários CIs que implementam amplificadores
logarítmicos.
A dependência com a temperatura também deverá ser tida em
consideração (η, VT e Io estão muito dependentes de T). A utilização de
transístores a funcionar como díodos permite aumentar a relação
exponencial e o factor η é eliminado. Contudo, é na mesma necessário
compensar o efeito de T em VT e Io.
Configuração transdíodo
Configuração que utiliza um transístor bipolar a funcionar como díodo (a
relação logarítmica vbe x Ic), quando comparada com o díodo, é mais extensa
e o parâmetro η, que é alterado com T, desaparece.
Amplificador logarítmico com compensação térmica
Assim, voltando a considerar a utilização de um díodo no dimensionamento
de um amplificador logarítmico, note-se que existem 2 efeitos relacionados
com a variação de T que deverão ser compensados: o fator de escala η.VT e

o offset η.VT .ln Io. Uma solução pode ser a utilização de um circuito que
apresenta uma compensação térmica efetuada por um termístor RT.

Aplicações Amplificadores logarítmicos


Elevação da entrada a uma dada potência
Duas possíveis aplicações para os amplificadores logaritmos são:
i) Elevação da entrada a uma dada potência;
ii) Compensação/expansão de sinais.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Compressão/expansão de sinais
Duas possíveis aplicações para os amplificadores logaritmos são:
i) Elevação da entrada a uma dada potência;
ii) Compressão/expansão de sinais.

Multiplicação e divisão analógicas


Até agora estudamos circuitos não lineares com AmpOps que implementam
limitadores; geradores de formas de onda e amplificadores logarítmicos.
Outra das aplicações de circuitos não lineares com AmpOps são a
multiplicação e a divisão de sinais analógicos.
Os seis métodos mais comuns de multiplicadores são:
i) multiplicador logarítmico;
ii) multiplicador “quarto-quadrado”;
iii) multiplicador média triangular;
iv) multiplicador por divisão temporal;
v) multiplicador de transcondutância variável;
vi) multiplicador por quociente de correntes.

11. Comparadores
Modelos básicos:
i) detetor de nível zero, com se sem inversão e sem histerese;
ii) detetor de nível zero, com se sem inversão e com histerese;
iii) detetor de nível, com e sem inversão, sem histerese;
iv) detetor de nível, com e sem inversão e com histerese.
1- detetor de nível zero, com inversão e sem histerese
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

2- detetor de nível zero, sem inversão e sem histerese

3- detetor de nível zero, com inversão e com histerese

4- detetor de nível zero, sem inversão e com histerese


Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

5- detetor de nível com inversão e sem histerese

6- detetor de nível sem inversão e sem histerese

7- detetor de nível sem inversão e com histerese

8- detetor de nível com inversão e com histerese


Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

12. Sistemas de instrumentação


tualmente os sistemas de instrumentação são obrigatórios para a captura e
análise de sinais obtidos através de sensores, ou no controlo de um
qualquer atuador.
Para além da existência de diferentes barramentos de instrumentação,
controlados por comandos de software utilizando drivers e APIs, o mercado
disponibiliza diferentes linguagens de programação que permitem o
desenvolvimento de aplicações específicas.
Conjunto abrangente de instrumentos de laboratório plugand-play
portáteis baseados em computador. Reúne 8 instrumentos de laboratório
plug-and-play baseados em computador que trabalham com o LabVIEW,
incluindo um multímetro digital (DMM), osciloscópio e gerador de funções
e ainda entradas e saídas analógicas e digitais.

LabVIEW – introdução à programação


Diferentes tipos de dados: tipo string; tipo numérico; tipo booleano; tipo
dinâmico; Arrays; Clusters; Enums. (os diferentes dados são representados
por cores e interligam-se a outros blocos por meio de fios !)
Estruturas de execução: while e for, case, if, etc...
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

13. Conversores
Analógico-Digitais (ADC)
Digitais-Analógicos (DAC)
Os fenómenos físicos (temperatura, pressão, velocidade, etc.) são detetados
por sensores e representados por um sinal elétrico contínuo (sinal
analógico).
A análise desses fenómenos requer, na maioria das vezes, a conversão dos
sinais analógicos para sinais digitais através da utilização de conversores
Analógico-Digitais - Digital-Analog Converters (DAC) - (notar que a
utilização de sensores quasi-digitais é uma alternativa !).
Essa conversão está sempre sujeita a uma perda de resolução e a sua
amostragem temporal deverá ser feita a uma dada cadência (velocidade)
para que não se perca informação.
Por outro lado, e depois de um tratamento e análise dos sinais digitais por
um computador ou microprocessador dedicado, e.g. Digital Signal Processor
(DSP), existem situações em que o sinal analógico resultante tem de ser
recuperado. Nesta situação haverá a necessidade de se utilizarem
conversores Digitais-Analógicos - Analog-Digital Converters (ADC).
Existe um conjunto de parâmetros relevantes que interessa avaliar na
escolha de um DAC/ADC: Resolução; Taxa de amostragem (critério de
Nyquist); Linearidade, ganho e erro de offset, settling time (corresponde ao
tempo de estabilização dos sinais e está relacionado com a velocidade de
operação dos ADC/DAC).

Resolução
A resolução representa a mínima variação que um ADC consegue detetar,
i.e. quantos mais degraus tiver (mais bits) melhor será a resolução (um
sinal analógico tem uma resolução infinita).
A resolução de um ADC representa a relação entre o LSB e a amplitude
correspondente. Quantos mais bits (N) tiver, mais degraus existirão e maior
será a resolução.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

Linearidade, Ganho e Erro de offset


Erro de offset – indica o grau de aproximação entre as funções de
transferência ideal e real. Num ADC poderá ser detetado variando a tensão
de 0 V até ocorrer a primeira transição. Num DAC corresponde à tensão
detetada quando o código à entrada é 0.
Erro de ganho – Indica o grau de aproximação entre o declive das funções
de transferência ideal e real. Tradicionalmente é expresso em LSBs ou
numa percentagem do valor de fim de escala (%FSR – Full Scale Range).
Pode ser calibrado por hardware ou por software. Corresponde à diferença
entre o erro de fim de escala e o erro de offset.
Erro de fim de escala (ou de ganho) – Nos DAC é a diferença entre o valor
atual e o valor ideal no fim de escala (quando corrigido o offset).
Corresponde à soma entre o erro de offset e o erro de ganho (medido em
%FSR) Nos ADC corresponde à diferença entre o valor ideal e o real
(medido em LSBs).
Linearidade - permite quantificar a resolução de um ADC/DAC.
Não linearidade diferencial (DNL - Differential Non Linearity)– trata-se
de um desvio e corresponde à diferença entre a largura de um degrau real
com a de um espectável/ideal. (geralmente expresso em desvios de LSB).
Não linearidade integral (INL – Integral Non Linearity)– representa o
máximo desvio entre a reta real e a ideal e é geralmente expresso no desvio
em LSB entre ambas.

Settling time (tempo de estabelecimento)


Num ADC o settling time representa o tempo necessário que uma dada
tensão deverá manter-se constante até que essa seja convertida para um
valor digital (os circuitos Sample & Hold têm esse objetivo, retêm a tensão
num condensador para que a mesma possa ser adquirida e convertida pelo
ADC).

Critério de Nyquist
Qualquer grandeza física é convertida para um sinal elétrico analógico
através de um sensor. Para o seu tratamento teremos então de o converter
para o domínio digital sem que haja perda de informação ! É neste contexto
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

que se torna importante relembrar o teorema da amostragem de sinais, já


lecionado na disciplina de sinais e sistemas.
Critério de NYQUIST: A frequência de amostragem (ωs) deverá ser
superior a 2x a frequência máxima do sinal a amostrar (ωm).
A frequência de Nyquist é = 2x ωm.
Só nesta situação não haverá Aliasing e o sinal poderá ser recuperado.
Geralmente colocam-se filtros anti-aliasing para garantir a não existência
de Aliasing num sinal a ser processado digitalmente.
Sampling Rate (taxa de amostragem deverá ser, pelo menos, 2 x superior
à frequência máxima do sinal a amostrar ! (caso contrário haverá erro de
Aliasing!).

Erro de quantização
Num ADC de N-bits, quando um sinal de banda limitada é periodicamente
amostrado e convertido para um sinal digital, irá existir uma incerteza
associada à amplitude desse sinal (existirá um erro de quantização), uma
vez que o número de bits do ADC é finito !

DAC- Digital to Analogue Converters


ADC- Analogue to Digital Converters
Apresenta-se de seguida algumas arquiteturas utilizadas na construção
destes conversores.
DACs:
1. Conversor baseado no peso das resistências;
2. Conversor em escada (R-2R ladder);
3. Conversor em escada invertida (Inverted R-2R ladder);
4. Funcionamento bipolar.
ADCs:
1. Conversor contador;
2. Conversor contador reversível (servo-conversor);
3. Conversor de aproximações sucessivas;
4. Conversor de comparadores em paralelo (flash converters);
5. Conversor de dupla rampa.
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

DAC- Digital-Analogue Converters


1- Conversor baseado no peso das resistências;
Requerem muitos valores de resistências, e se tiver muitos bits torna-se
impraticável obter determinados valores, por exemplo: num DAC de 10 bits
a resistência mais pequena seria de 10 kOhm e a maior de 5,12 MOhm !, 10
kOhm.29). Além disso, a sua estabilidade depende da precisão das
resistências e da sua variação com T. cresce ainda que as correntes de
polarização poderão provocar tensões consideráveis numa resistência de
valor muito elevado, afetando consideravelmente a precisão.
Por outro lado, se forem utilizadas resistências baixas, estas poderão ser
confundidas com as resistências dos interruptores.
2-Conversor em escada (R-2R ladder),
Ultrapassa muitos dos problemas referidos no circuito anterior, na medida
em que só existem dois tipos de resistências (R e 2R).
3-Conversor em escada invertida (inverter R-2R ladder)
O problema do circuito anterior são os atrasos de propagação da esquerda
para a direita, ao longo da escada (o tempo de atraso do LSB é muito
superior ao do MSB).
4-Funcionamento bipolar
Os circuitos anteriores são DAC unipolares, i.e. pressupõem uma entrada
digital correspondente a sinais só positivos ou só negativos.
Os DAC bipolares requerem fontes de referência com duas polaridades.
Um método seria utilizar um interruptor que selecionaria uma fonte de
referência positiva ou negativa consoante um bit de sinal. Contudo, a
impedância desse interruptor poderia trazer inconvenientes, pelo que o
método mais indicado consiste em utilizar um código binário com um bit
de sinal e uma corrente de desvio (IOS) constante na entrada inversora
do AmpOp.

ADC- Analogue-Digital Converters


1-Conversor contador
Este conversor realiza uma conversão estática e requer um impulso de
comando para iniciar a conversão. Baseia-se na contagem de impulsos
Resumo teórico de Eletrónica Aplicada Autoria: Paulo Cardoso

efetuada por um contador binário que irá parar quando a tensão de entrada
for idêntica ao valor resultante da contagem entretanto convertida para um
valor analógico.
2-Conversor contador reversível (servo-conversor)
Este conversor é um melhoramento do anterior e dispensa os impulsos de
comando e a porta AND. Neste conversor existe um contador UP-DOWN,
cuja contagem é controlada pela saída de um comparador com as entrada
das tensões Va (valor a converter) e Vd (valor convertido internamente por
um DAC).
3-Conversor de aproximações sucessivas
Ao contrário dos sistemas anteriores, que tinham por base um contador,
este utiliza um programador (controlador de bits suportado por um registo
de n bits e um acumulador) para efetuar a conversão. O seu princípio de
funcionamento é feito à cadência de um relógio e consiste em avaliar o
valor analógico correspondente ao peso de cada bit, gerado pelo
programador, comparado com o valor analógico a converter.
4-Conversor de comparadores paralelos (flash converters)
Conforme o nome indica baseia-se na utilização de comparadores para
avaliar o nível lógico de cada bit. É o mais rápido (limitado por cada
comparador), mas tem o grande inconveniente de necessitar de 2N-1
comparadores ! (para um DAC de 10 bits necessitaríamos de …….512
comparadores !). Por cada bit acrescentado o número de comparadores
duplicaria !
5-Conversor de dupla rampa
É uma arquitetura muito utilizada e pressupõe a utilização de um circuito
Sample & Hold.

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