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Faculdade de Ciências e Tecnologia Instrumentação e Medidas Eléctrica

TEMA 1:
OS MÉTODOS E OS INSTRUMENTOS DE MEDIDA. A MEDIDA E O
ERRO DE MEDIDA.

Objecttivos:
Conhecer as generalidades das medições assim como alguns dos elementos principais
associados aos instrumentos de medida.

1. Introdução
Os instrumentos de medição são dispositivos utilizados para realizar medições nos mais
variados ramos de actividades, seja no comércio nas áreas de saúde, segurança e meio
ambiente.
Como existem varias grandezas a serem medidas, os instrumentos variam conforme a
sua complexidade e utilização, no que se refere a sua conexão e funcionamento.
O processo de medição, em geral, envolve a utilização de um instrumento como o meio
físico para determinar uma grandeza ou o valor de uma variável. O instrumento actua
como extensão da capacidade humana e, em muitos casos, permite que alguém
determine o valor de uma quantidade desconhecida, o que não seria realizável apenas
pela capacidade humana sem auxílio do meio utilizado. Um instrumento pode então ser
definido como o dispositivo de determinação do valor ou grandeza de uma quantidade
ou variável.
Assim, a instrumentação é uma ciência que aplica e desenvolve técnicas para
adequação de instrumentos (de medição, de transmissão, de indicação…) em
equipamentos nos processos industriais.

2. Conceitos sobre instrumentação e medidas


O uso de intrumentos em processos industriais visa a obtenção de um produto de melhor
qualidade com menor custo, menor tempo e com quantidade reduzida de mão de obra.
Todos os instrumentos servem funções comuns que é o de medir e transmitir
informação sobre uma grandeza. Neste caso concreto, entende-se por medida o
processo de determinar a quantidade ou a capacidade de uma grandeza por comparação
(directa ou indirecta) com um padrão do sistema de unidades utilizado. Por padrão
entende-se o valor de referência a ser utilizado, no acto de medir.
Assim, ao selecionarmos um dado instrumento de medida, deve-se ter em conta o seu
campo de aplicação e as características que este deve ter para dar informação sobre a
grandeza a medir. Em particular, o grau de exactidão de uma medida depende do tipo de
transdutor usado. Isto é, do dispositivo que converte uma forma de energia numa outra
forma.
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3. Constituição de um sistema de medição.


Podemos apresentar um sistema de medição no esquema seguinte:

O Sensor da grandeza à medir, esta em contacto com o sistema sob medição e produz
um sinal de saída que dependa da variável sob medição. E tem como característica
principal uma elevada sensibilidade a variável que se quer medir e uma baixa
sensibilidade as variáveis que possam perturbar essa medição.
Exemplo: Um termopar, em que a f.e.m aos seus terminais dependem da temperatura.

O Bloco de elaboração de medida, converte o sinal que vem do sensor em uma forma
de sinal conveniente para o uso a que se destina. Pode conter elementos destinados a
compensar a sensibilidade indesejável do sensor as grandezas que não se quer medir e
elementos que combinam mais de uma grandeza directamente medida para gerar sinais
correspondentes a grandeza composta.
Bloco de condicionamento de sinal, converte o sinal que sai do sensor numa forma
apropriada para posterior processamento. Exemplo: Amplificador operacional, ponte de
Wheatstone.
Bloco de processamento de sinal, converte o sinal que recebe numa forma mais
apropriada para apresentação. Exemplo: Conversor analógico-digital.

Dispositivo de apresentação de dados, geralmente destinado a leitura, apresenta o


valor medido numa forma facilmente perceptível pelo utilizador.
Exemplos: Indicador de ponteiro, mostrador alfanumérico, …

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4. Classificação dos instrumentos de medida


a) Quanto ao emprego (ou função) podemos dividi-los em:
• Instrumentos indicadores ou mostradores
São instrumentos que indicam em qualquer momento o valor instantâneo, eficaz, médio
ou de pico da grandeza a ser medida.
Um instrumento de medição indicador também pode fornecer um registo.

• Instrumentos registadores
São instrumentos que registaram os valores da grandeza, permitindo que mesmo após o
instrumento ter sido desligado possamos fazer uma análise da variação da grandeza
medida durante o período em que o instrumento permaneceu ligado.

• Instrumentos integradores
São instrumentos cujo mostrador apresenta o valor acumulado da grandeza medida,
desde que os mesmos foram instalados até o presente momento.
Exemplos: Medidor de energia eléctrica.
Nestes instrumentos o valor da grandeza é obtido pela diferença entre a leitura no fim
do período, chamada “leitura actual” e a leitura feita no início do período, chamada de
“leitura anterior”.

• Instrumentos Reguladores ou controladores:


Indicam a grandeza do instante medido e tem a capacidade de influir no processo para
adequa-la as necessidades pré estabelecidas.

b) Quanto ao tipo de aplicação de Sistemas de medição


Os tipos de aplicação de instrumentos e sistemas de medição a considerar são:
Monitoria de processos e operações
Nas aplicações deste tipo, os valores medidos não são directamente usados para
controlar o processo ou a operação, mas são usados para algum propósito relacionado.
Como exemplo temos os postos de monitoramento ambiental ou climatológico.

Controle de processos e operações


Se a grandeza medida é utilizada directamente para o controle automático da variável de
interesse, o instrumento passa a fazer parte da dinâmica da cadeia de controlo. Neste
género de aplicações não basta levar em conta as características estáticas dos
instrumentos de medição, já que as características dinâmicas influenciarão a
estabilidade e a controlabilidade do sistema. São exemplos deste tipo de aplicação o uso
de termóstatos para controlar a temperatura de ambiente, uso de sensores de pressão
para controlar o nível de reservatórios.

Análise experimental (processo e produto)


A análise experimental é importante para aquisição de certo tipo de conhecimento de
materiais de engenharia ou de pesquisa científica, tais como:

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Determinação de propriedades, parâmetros e características de comportamento de


materiais e sistemas.
Determinação da presença e/ou teor de produtos químicos.

5. Características estáticas e dinâmicas


O estudo das características de desempenho de um instrumento de medida e dum
sistema de medição em geral é normalmente feito em termos da análise de suas
características estáticas e dinâmicas.
As características estáticas descrevem a actuação dos dispositivos em regime
permanente (não são funções do tempo) enquanto as características dinâmicas
descrevem o comportamento do instrumento durante o intervalo de tempo em que a
grandeza medida varia até o momento em que o seu valor é apresentado (por isso, a
forma como a variável muda o seu valor é um aspecto importante).

Algumas características estáticas


1. Faixa de medida (range): Conjunto de valores da variável medida que estão
compreendidos dentro do limite superior e inferior da capacidade de medida ou
de transmissão do instrumento. Expressa-se determinando os valores extremos.
Exemplo: 100 a 500 m3 ou 0 a 20 psi.

2. Alcance (span): É a diferença algébrica entre o valor superior e o inferior da


faixa de medida do instrumento, ou seja o módulo da diferença entre os limites
superior e inferior da faixa de medida do instrumento.
Exemplo: Para um aparelho com escala: 45Hz a 65Hz, o valor do alcance é 20Hz.

3. Zona Morta: Máxima variação que uma grandeza pode sofrer sem ocasionar
alteração na indicação do instrumento de medida.
Exemplo: Se um voltímetro tem escala máxima de 100V (0→100V) e a zona morta é de
2% significa que (2% de 100V é 0,2V) o voltímetro indicara ou alterara de valor se a
tensão variar num valor superior a 0,2V.

4. Sensibilidade: É a mínima variação que a variável pode ter, provocando


alteração na indicação ou sinal de saída de um instrumento.
Exemplo: Um instrumento com range de 0 a 500°C e com sensibilidade de 0,05% terá
valor de sensibilidade de 0.25°C.

5. Tensão de isolação: É o valor máximo da tensão que um instrumento pode


suportar entre suas partes condutoras e isoladoras.

6. Histerese: É o erro máximo apresentado por um instrumento para um mesmo


valor em qualquer ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a
escala nos sentidos ascendente e descendente.
Expressa-se em percentagem do span do instrumento.

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Exemplo: Num instrumento com range de –50ºC a 100ºC, sendo sua histerese de ±
0,3%, o erro será 0,3% de 150ºC = ±0,45ºC.

7. Exactidão: É a aptidão de um instrumento em dar respostas próximas do valor


verdadeiro. A exactidão pode ser descrita de três maneiras:
Exemplo: Para um sensor de temperatura com range de 50 a 250°C e valor medindo é
de 100°C, determine o intervalo provável do valor real para as seguintes condições:
I. Exactidão 1% do Fundo de Escala, assim:
Valor real = 100ºC ± (0,01 x 250) = 100ºC ± 2,5ºC.
II. Exactidão 1% do Span, assim:
Valor real = 100ºC ± (0,01 x 200) = 100ºC ± 2,0ºC
III. Exactidão 1% do Valor Lido (Instantâneo), assim:
Valor real = 100ºC ± (0,01 x 100) = 100ºC ± 1,0ºC

8. Precisão: É uma medida do grau com qual as medições sucessivas diferem uma
das outras.

9. Classe de exactidão: É a margem de erro percentual que se pode obter na


medição de uma grandeza, estes números são chamados de Índice de Classe (IC)
𝑬𝒓𝒓𝒐 𝒂𝒃𝒔𝒖𝒍𝒖𝒕𝒐 𝒎𝒂𝒙𝒊𝒎𝒐
𝑰𝑪 = 𝒗𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒅𝒐 𝒇𝒖𝒏𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒆𝒔𝒄𝒂𝒍𝒂 (𝒐𝒖 𝒔𝒑𝒂𝒏) × 𝟏𝟎𝟎
Exemplo: Um dado instrumento tem escala (0→300V) e o valor medido é de 120V.
Se o Índice de Classe do instrumento =1,5. Quer dizer que o erro máximo que se comete
nas medições usando esse instrumento é de 4,5V. Assim o valor lido deve estar entre
115,5V e 124,5V (120 ± 4,5 V).

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6. A medida e os erros de medida


O erro será a diferença entre o valor lido ou transmitido pelo instrumento em relação ao
valor real da variável medida. Se tivermos o processo em regime permanente,
chamaremos de erro estático, que poderá ser positivo ou negativo, dependendo da
indicação do instrumento, o qual poderá estar indicando a mais ou menos. Quando
tivermos a variável alterando seu valor ao longo do tempo, teremos um atraso na
transferência de energia do meio para o medidor. O valor medido estará geralmente
atrasado em relação ao valor real da variável. Esta diferença entre o valor real e o valor
medido é chamada de erro dinâmico.
Dado que existem inúmeros factores que levam à ocorrência de erros de medição, torna
se necessário proceder à sua identificação e classificação, de modo a os poder reduzir e,
se possível, eliminar

6.1.Erros em Instrumentação
Nenhuma medição é absolutamente exacta.
Contudo, apesar da escolha efectuada, existem erros associados, quer ao desempenho
do aparelho utilizados, quer ao próprio processo de medida.
Por erro entende-se o desvio de uma leitura ou de conjunto de leituras do valor
esperado da variável medida. Por valor esperado (ou verdadeiro) é o valor mais
provável que cálculos indicam que a quantidade sob observação deve ter.

6.2.Classificação dos Erros


De acordo com a causa, ou origem dos erros cometidos nas medidas, estes podem ser
classificados em: erros do operador, erros sistemáticos e erros acidentais.

6.2.1. Erros do Operador


São erros causados por falha do operador, como por exemplo a troca na posição dos
algarismos ao escrever os resultados, os enganos nas operações elementares efectuadas,
posicionamento incorrecto da vírgula nos números decimais, ajustes e aplicações
incorrectas dos equipamentos (são os erros grosseiros) e o erro de "paralaxe". Esses
erros ocorrem normalmente pela imperícia ou distracção do operador.
O erro de paralaxe é um erro de observação que ocorre quando o olho humano não está
directamente sobre o ponteiro do medidor.
Uma visada oblíqua causa o deslocamento aparente do ponteiro para a direita ou para a
esquerda, dependendo de que lado do ponteiro o olho do observador está localizado.
A fim de reduzir o erro de paralaxe, a maioria dos instrumentos são providos de um
espelho no mostrador. Para usar a escala de espelho, um olho só deve ser empregado; o
olho deve então ser posicionado de modo a fazer com que o ponteiro e seu reflexo no
espelho coincidam.
A seguir, a medida pode ser lida com o máximo de exactidão.

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Estes erros podem e devem ser evitados com a repetição dos ensaios pelo mesmo
operador ou por outros operadores, através do cuidado e da precaução.

6.2.2. Erros sistemáticos


Este tipo de erro é geralmente dividido em duas categorias: erros instrumentais e erros
ambientais.

Erros Instrumentais
São erros inerentes aos instrumentos de medição devido à sua estrutura interna. Por
exemplo, o atrito entre as partes móveis dos instrumentos, tensão mecânica irregular da
mola de torção, consumo de energia eléctrica dos instrumentos, etc. Estes erros farão
com que o instrumento dê indicação incorrecta. Podemos também citar como exemplo
de erros instrumentais os erros de calibração, motivando indicações superiores ou
inferiores ao longo de toda a escala do instrumento. Podemos evitar esses erros através
de limpezas, manutenção priodica, correcta calibração...

Erros ambientais
São erros devidos às condições externas ao dispositivo de medição, incluindo o meio
circundante, como por exemplo as variações de temperatura, humidade, pressão ou
campos eléctricos e magnéticos. Alterações na temperatura ambiente causam mudanças
nas propriedades elásticas das molas e na resistência eléctrica que compõem a estrutura
interna do instrumento, afectando sua indicação. Campos magnéticos externos causam
alterações na intensidade do campo magnético interno dos instrumentos do qual
depende seu funcionamento correcto. Podemos evitar os erros ambientais tomando os
seguintes cuidados ou precauções:
 Utilização de ar condicionado (necessário apenas em medições de alto grau de
exactidão, como por exemplo medições em laboratório).

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 Uso de blindagens magnéticas (necessárias aos instrumentos electrodinâmicos


que são utilizados próximos à fontes de campos magnéticos, como por exemplo,
motores, transformadores, etc.).

6.2.3. Erros acidentais


A experiência mostra que, a mesma pessoa, realizando os mesmos ensaios com os
mesmos elementos constitutivos de um circuito eléctrico, não consegue obter, cada vez,
o mesmo resultado. A divergência entre estes resultados é devida à existência de um
factor incontrolável, o “factor sorte”. Para usar uma tecnologia mais científica, diremos
que os erros acidentais são a consequência do “imponderável” (algo que não se pode
avaliar), também chamados de erros de carácter imprevisível. Como já foi dito, são
erros essencialmente variáveis e não susceptíveis de limitação. Este tipo de erro só é
detectável em medições de alto grau de exactidão.

6.3.Tratamento de erros
Eficácia de uma medida é o grau de exactidão duma medida quando comparada com o
valor esperado (mais provável) da variável a ser medida.
Por média aritmética entende-se a soma de um conjunto de números dividido pelo
número total de dados do conjunto.

Por desvio da média (di) entende-se a diferença entre qualquer dado de um conjunto de
números (Xi) e o valor médio desse conjunto de números (𝐗̅n).

Por desvio médio absoluto (D), entende-se o grau com o qual os valores de um
conjunto de números varia à volta do seu valor médio. O desvio médio das medidas
efectuadas é definido como:

onde:

Nestas condições, o erro absoluto (E) corresponde a diferença algébrica entre o valor
verdadeiro (𝐗n) ou aceito como verdadeiro de uma grandeza e o seu valor medido um
conjunto de observações efectuadas.
𝐄 = |𝑿𝒊 − 𝑿𝒏 |

Por erro relativo (Er) entende-se a relação entre o erro absoluto e o valor verdadeiro da
grandeza medida:
𝐄
𝐄𝐫 =
𝐗𝐧

O desvio padrão (S) corresponde à razão entre a raiz quadra do somatório dos
quadrados dos desvios pelo número n de medidas efectuadas. Quando o número dessas
medidas é igual ou inferior a 30, n é substituído por n-1:

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Por limite de erro entende-se a percentagem de desvio relativo máximo admissível, em


relação ao valor de leitura máxima ou deflexão máxima (indicadores analógicos de
ponteiro).
No processo de selecção de um instrumento de medida deve-se ter em conta o meio e o
tipo de medida e erro/certeza pretendidos. Depois, antes de se ligar o instrumento
seleccionado, deve-se verificar se este foi colocado para a faixa de medida pretendido.
A prática normalmente aconselha que se inicie o processo por colocar o aparelho na
faixa de maior leitura e depois fazer-se o acerto da faixa pretendida. Em instrumentos
electrónicos, deve-se também ter a preocupação de se considerar os efeitos de carga;
garantir que em nenhuma circunstância o aparelho será curto-circuitado; adaptação da
impedância e a frequência de resposta do aparelho, comparado com a medida efectuada.
Por Calibração, entende-se o processo de aferir a certeza das medidas efectuadas,
comparando-as com as medias de um aparelho, considerado como referência.

7. Curva da distribuição Normal ou Gausiana (Estudo Individual)

8. Normalização (Trabalho).

Conclusão:
Com essa aula teórica, conhecemos alguns conceitos gerais relacionados com medidas e
instrumentos de medida, como por exemplo as características estáticas dos instrumentos
de medida e os principais elementos que compreendem o tratamento dos erros de
medição.

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