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Instituto Médio Agro-Industrial de Gurúè

CURSO DE ELECTRICIDADE INDUSTRIAL ZAMBÉZIA-GURÚÈ-2020

Medir e Calcular de Grandezas Eléctricas em Corrente Alternada (C.A.)


MUC055VC34

Formador: João Carlos Cumbane Modalidade de Ensino a Distancia CV3EI


Introdução ao Modulo
1.0 O SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES

O valor de uma grandeza (comprimento de uma sala, por exemplo), necessitamos de considerar uma unidade para essa grandeza.
Definindo uma unidade (comprimento de um pé, por exemplo), podemos quantificar o valor (25 unidades, por exemplo) da grandeza
que pretendemos medir.
Obviamente que é fundamental que as unidades sejam aceites e utilizadas em todo o mundo, daí a necessidade de normalizar as
unidades. Já no século 18 foram estudadas propostas para substituir todos os sistemas de unidades vigentes então por um único
sistema ([Helfrick, 1991]). Só em 1960, na 11ª Edição da Conferência Geral dos Pesos e Medidas (CGPM) foi finalmente adoptado o
sistema internacional de unidades - SI, que é sucintamente abordado neste capítulo.
1.1 UNIDADES DE BASE
O Sistema Internacional de Unidades - SI - define sete unidades de base para normalizar sete grandezas ([Cabral,
1995]):

PADRÕES DE MEDIÇÃO

A palavra inglesa standard pode ser traduzida para Português como norma ou padrão. No âmbito da metrologia, é comum utilizar-se o
termo measurement standard para denominar padrão de medição, que é explicado a seguir.
No Vocabulário Internacional de Metrologia ([IPQ, 1996]), padrão de medição é definido como “medida materializada, instrumento de
medição, material de referência ou sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade, ou um ou
mais valores de uma grandeza, para servirem de referência”.

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2.0 UNIDADES DERIVADAS
A partir das unidades descritas atrás é possível definir as unidades derivadas, com nome especial ([Cabral, 1995]):

Os padrões estão organizados numa hierarquia de qualidade: Padrões Internacionais, Padrões Primários, Padrões Secundários e Padrões
de Trabalho. Esta hierarquia de padrões está representada na imagem abaixo.

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3.0 PADRÕES DE TRABALHO

Num laboratório de medição, é fundamental a existência de um (ou vários) padrão de trabalho. Estes, em geral, são utilizados em
testes e calibrações de outros instrumentos de laboratórios ou instrumentos de aplicações industriais ([Helfrick, 1991]).
Uma caixa de décadas de alta exactidão (incerteza menor do que 0,1%), um potenciómetro, um calibrador digital ou uma Ponte de
Wheatstone de alta exactidão (incerteza menor do que 0,1%) são exemplos de padrões de trabalho.

4.0 MÉTODOS DE MEDIÇÃO

Quando se fala de grandeza, no domínio da metrologia, referimo-nos a grandezas mensuráveis, isto é, aquelas grandezas (físicas)
que podemos quantificar, tais como por exemplo o comprimento, a velocidade, o peso e a intensidade da corrente eléctrica. Existem
outras grandezas, denominadas de psicológicas ([Paredes, 1991]), tais como a inteligência, a vontade e a criatividade, que, apesar de
poderem ser qualificadas qualitativamente, não são mensuráveis (quantitativamente). Os métodos de medição podem classificar-se
de diversas formas, mas as classificações mais relevantes para a área de electrotecnia são métodos directos e indirectos e os
métodos de medição por comparação (substituição e zero).

4.1 MÉTODOS DE MEDIÇÃO INDIRECTOS

Um método de medição indirecto, é aquele em que o valor da grandeza a medir é obtido a através da medição de
outras grandezas funcionalmente associadas com a grandeza a medir. Podem citar-se como exemplos a medição
indirecta de potência através da medição de tensão e corrente (P = U.I) ou a medição indirecta de velocidade através da
medição de distância e de tempo (v = d.Dt).

Ilustração 4.1 Medição indirecta de potencia

4.2 MÉTODOS DE MEDIÇÃO DIRECTOS

Quando o valor da grandeza é obtido directamente, isto é, o valor da grandeza a medir é obtido de forma imediata como
resultado da medição, o método de medição diz-se directo. Analogamente, refere-se a utilização de um Wattímetro para a
medição directa de potência e de um velocímetro para a medição directa de velocidade.
Podem ainda considerar-se os métodos de medição por comparação como variantes do métodos de medição directos.
Num método de medição por comparação, a grandeza a medir é comparada com outra grandeza (ou mais) da mesma
natureza que tenha um valor conhecido.

Ilustração 4.2 Medição directa da tensao

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TRÊS PASSOS PARA A MEDIÇÃO

O objectivo deste capítulo é ensinar, de uma forma simples, segura e eficaz, quais os três passos fundamentais para se efectuar uma
medição de tensão ou corrente eléctricas:
1º - Ter uma ideia do valor da grandeza.
2º - Instrumento que temos = Instrumento que precisamos?
3º - Proceder à medição

1º - Ter uma Ideia do Valor da Grandeza

Uma regra fundamental em metrologia, nomeadamente na medição de grandezas eléctricas, é que nunca se procede a uma medição
sem ter uma ideia (mesmo que aproximada) do valor da grandeza que se pretende medir. Isto poderá evitar a ocorrência de
consequências nocivas para pessoas, equipamento e meio ambiente.
Isto pode ser conseguido tendo em conta o tipo de fonte de alimentação que está em jogo, bem como a potência dos receptores.

2º - Instrumento que temos = Instrumento que precisamos?


É fundamental verificar se o instrumento de medição de que dispomos é adequado à medição que pretendemos efectuar,
fundamentalmente em quatro aspectos:
1. Mede a grandeza pretendida?
É mais que trivial que se pretendemos medir uma dada grandeza, o instrumento de medição tem de permitir medir essa grandeza. No
caso particular da medição de tensão e corrente eléctricas, é fundamental ainda saber se o instrumento mede grandezas contínuas
e/ou alternadas e se eventualmente permite medir o verdadeiro valor eficaz de um dado sinal de tensão ou corrente para definir o
sistema de corrente,’).
2. Tem o alcance necessário?
É também lógico que o instrumento deve ter o alcance (valor máximo numa dada escala) adequado à medição que pretendemos
efectuar. Isto aplica-se tanto nos casos em que o alcance é inferior ao valor que pretendemos medir, como aos casos em que o
alcance é muito superior ao valor medido. O primeiro caso é mais fácil de perceber, pois não podemos medir uma corrente de 30 A
com um amperímetro que permite apenas medir até 10 A. No segundo caso, trata-se de um problemas de sensibilidade e resolução
do instrumento. É óbvio que, se dispusermos de um amperímetro que mede até 10 A (quer seja analógico ou digital), se formos medir
correntes na ordem dos µA ou mesmo mA, não vamos obter qualquer desvio do ponteiro, no caso de um instrumento analógico, nem
um número aceitável de algarismos significativos (se tivermos algum), no caso de um instrumento digital.

3º - Proceder à medição
Este terceiro e último passo engloba todas as operações necessárias na execução de uma dada medição. Fazem parte destas
operações a montagem do circuito eléctrico adequado à aplicação do método de medição pretendido, tendo em conta aspectos como
a ligação correcta do instrumento de medição (nomeadamente a escolha correcta dos terminais, escala e polaridade) e a
determinação do intervalo de incerteza, de forma a apresentar correctamente o resultado da medição.

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