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INDUSTRIAL
Conrado Ermel
Introdução aos
sensores industriais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A instrumentação é um campo muito amplo, que abrange conhecimen-
tos de três áreas completamente distintas. Inicialmente, são necessários
conhecimentos específicos sobre o processo estudado, suas caracterís-
ticas físico-químicas e as peculiaridades da aplicação. A instrumentação
também demanda saberes relacionados às propriedades mecânicas de
equipamentos como bombas, tubulações e tanques, para que as espe-
cificações mantenham a compatibilidade com as normas de segurança.
Por fim, ela guarda estreita relação com sistemas elétricos e de automação;
desse modo, é preciso conhecer sua interface.
Neste capítulo, você vai conhecer os principais sensores utilizados
em processos industriais. Além disso, você será apresentado a conceitos
básicos sobre as principais variáveis de processo que são medidas e
controladas em vários segmentos. Variáveis como pressão, temperatura,
vazão e nível constituem parâmetros básicos em diversos processos
produtivos, sendo, portanto, imprescindível o conhecimento sobre as
tecnologias disponíveis para a medição de cada uma delas.
2 Introdução aos sensores industriais
1 Sensores e transdutores
A instrumentação e o sensoriamento estão intimamente ligados à necessidade
de se medirem as condições em que se encontra um determinado processo,
no intuito de controlá-lo de maneira precisa e, dessa forma, aumentar a sua
eficiência e produtividade. Esses dispositivos são utilizados para se monitorar
e aprender com o sistema analisado (SILVA, 2016). Para tanto, lança-se mão
de sensores a fim de se mensurarem diversas variáveis de processo.
Em instrumentação de processo, é importante que se conheçam os concei-
tos de sensor, transdutor e transmissor. Segundo Thomazini e Albuquerque
(2007), apesar de muitos autores confundirem os termos, suas definições e
suas diferenças devem ser corretamente apreendidas. Na Figura 1, há uma
representação da classificação desses dispositivos.
resistivo ou condutivo;
indutivo;
capacitivo;
frequência modulada.
Esses itens são as variáveis físicas que sofrem influência de alguma energia
externa, que é a variável de processo que se deseja medir. Por exemplo, um
sensor de pressão pode ter o seu princípio de operação resistivo (em que a
resistência do sensor vai variar proporcionalmente à pressão do processo) ou
capacitivo, em que a sua capacitância sofrerá variações em função da pressão
do processo. Considerando a aplicação a que se destinam, Silva (2016) apresenta
a classificação dos sensores em: biomédicos, químicos, eletroeletrônicos,
mecânicos ou termofluidos. Para cada um desses grupos, aplicações comple-
tamente diferentes são atendidas.
Conceitos de medição
Sensores e transmissores são dispositivos que objetivam medir e transmitir
informações sobre uma variável de processo e, sendo assim, estão sujeitos
às normas e aos padrões internacionais de construção e calibração. Dentre
os documentos balizadores, destaca-se o VIM, Vocabulário Internacional de
Metrologia (BIPM, [2017]), no qual os conceitos e as definições concernentes
à metrologia são apresentados em uma base de dados única, o que facilita o
entendimento mútuo das informações relativas a procedimentos metrológicos.
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Figura 2. Erros de não linearidade. (a) Curva de ajuste. (b) Curva de ajuste a partir do ponto
de zero. (c) Linearidade dos pontos entre 0% e 100%. (d) Linha teórica de operação.
Fonte: Adaptada de Webster e Eren (2014).
Medição de pressão
Uma das variáveis de processo mais recorrentes é a pressão de um fluido, a qual
está presente em praticamente todos os tipos de indústria e é uma tecnologia
amplamente difundida. Definida como “a força exercida em uma área”, a pres-
são tem como unidade, no sistema internacional, o Pascal. No meio industrial,
no entanto, é comum se encontrarem instrumentos apresentando a pressão
do sistema em kg/m² ou Bar (DUNN, 2013). Há instrumentos de medição de
pressão manométrica, absoluta ou pressão diferencial, sendo que a escolha
do tipo de pressão é uma função da aplicação em si. A medição de pressão
pode ser feita de maneira puramente mecânica, com manômetros de tubo, ou
do tipo Bourdon, apresentados na Figura 3a e na Figura 3b, respectivamente.
(a) (b)
(a) (b)
(c)
Figura 4. Transmissores industriais de pressão. (a) Manométrico. (b) Absoluto. (c) Diferencial.
Fonte: (a) curraheeshutter/Shutterstock.com; (b) Anupong Nantha/Shutterstock.com; (c) engineer
story/Shutterstock.com.
Medição de vazão
Medir e controlar a vazão é importante em diversos processos industriais. Essa
variável de processo precisa ser medida e controlada em petroquímicas, na
indústria de alimentos, em plantas farmacêuticas, na geração de energia elétrica
e no tratamento de água. A teoria que descreve o movimento de escoamento
de um fluido envolve equações complexas; entretanto, a maioria das aplicações
é bem modelada por meio de equações simplificadas. Conforme apresentado
por Çengel e Cimbala (2015), considerando-se o princípio de conservação de
massa em um volume de controle, o escoamento de um fluido dentro de um
tubo pode ser relacionado pela Equação 1.
ṁ = ρ V A (1)
onde:
ṁ é a vazão em kg/s;
ρ é a massa específica do fluido em kg/m³;
V é a velocidade média do fluido;
A representa a área da seção transversal do tubo.
(a) (b)
(2)
onde:
(3)
(a) (b)
(c)
Figura 7. Placa de orifício. (a) Esquema de instalação com componentes (placa e flanges).
(b) Placa de orifício. (c) Exemplo de instalação de uma placa de orifício em tubulação de
grande porte.
Fonte: (a) Adaptada de Çengel e Cimbala (2015, p. 393); (b) Punyaton Pantong/Shutterstock.com; (c) Oil
and Gas Photographer/Shutterstock.com.
(4)
(a) (b)
(a) (b)
Figura 10. Instalação de medidores de vazão eletromagnéticos. (a) Instalação incorreta, pois
a tubulação pode não estar preenchida completamente. (b) Instalação correta e alternativa
para a instalação apresentada em (a).
Fonte: McMillan e Considine (1999, p. 4.117).
(b)
(a) Eixo de
torção
Figura 11. Medidor de vazão Coriolis do tipo tubo U. (a) Sem escoamento interno. (b) Com
escoamento interno.
Fonte: Adaptada de Webster e Eren (2014).
Sensores de velocidade
Sensores de velocidade são aplicados em máquinas rotativas, como bombas
e motores, ou seja, quando há velocidades angulares em eixos. Há também a
possibilidade de se medir a velocidade linear, como é realizado em esteiras
transportadoras, por exemplo. Os sensores utilizados para medir a velocidade
podem ser baseados no funcionamento de motores, como é o caso do dínamo
Introdução aos sensores industriais 17
(a)
(b)
Figura 13. Tecnologias de medição de velocidade em um eixo. (a) Encoder óptico. (b) Sensor
magnético de velocidade de eixo (vista explodida).
Fonte: McMillan e Considine (1999, p. 5.20).
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Termômetros
Termômetros são dispositivos conhecidos por todos e com aplicação prática
também na indústria. No cotidiano, o termômetro mais familiar é o de mer-
cúrio, em que pese a observável redução de seu uso visando à segurança das
pessoas. Porém, na indústria o tipo de termômetro mais utilizado, devido à
sua robustez, é o bimetálico, que pode ser observado na Figura 14.
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Termopares
Segundo Webster e Eren (2014), termopares são um dos tipos de sensores
mais utilizados e talvez menos compreendidos no meio industrial. Em 1821,
Seebeck identificou o efeito que posteriormente recebeu seu nome. É comum,
na literatura, encontrar-se a definição do efeito como sendo a corrente elétrica
resultante da exposição de duas juntas de materiais metálicos diferentes a
temperaturas distintas, como mostra a Figura 15, conforme apresentado por
McMillan e Considine (1999).
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Termorresistências
Outro sensor de temperatura muito difundido são as termorresistências (RTD).
Esses sensores, conforme Thomazini e Albuquerque (2007), apresentam
excelente precisão, uma ampla faixa de trabalho e, além disso, permitem que
as ligações sejam feitas com algum distanciamento do sistema de leitura.
A propriedade dos metais de ter sua resistência elétrica variável em função
da temperatura a que estão expostos é explorada para realizar-se a medida de
temperatura do meio. Segundo Dunn (2013), a resistência dos metais em uma
dada temperatura RT2 pode ser relacionada pela Equação 5.
onde:
Ferro 0,006
Níquel 0,005
Tungstênio 0,0045
Platina 0,00385
(a) (b)
Figura 18. Termorresistências. (a) Instalação em uma tubulação. (b) Arranjo construtivo
do sensor.
Fonte: (a) Webster e Eren (2014, p. 68); (b) McMillan e Considine (1999, p. 4.23).
(a)
(b)
Figura 19. Ligações de termorresistências. (a) Com dois fios. (b) Com três fios.
Fonte: Adaptada de Thomazini e Albuquerque (2007).
Sensores de umidade
Segundo Dunn (2013), diversos segmentos, como a indústria têxtil, o setor
madeireiro e o setor químico, por exemplo, têm processos de fabricação al-
tamente suscetíveis a variações na concentração da umidade. A umidade, ou
seja, a concentração de água em um líquido, gás ou sólido, pode ser definida
de duas formas. A primeira é como umidade absoluta: uma quantidade de
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moléculas em um dado volume do meio. Por outro lado, a umidade pode ser
definida também em termos relativos, isto é, o percentual de água presente no
ar em relação ao máximo de água que o mesmo volume poderia conter a uma
dada temperatura. Esse valor é conhecido como umidade relativa.
A medida da umidade absoluta, muitas vezes declarada como dew point
(ponto de orvalho), pode ser realizada utilizando-se o princípio do espelho
resfriado. Há equipamentos para se realizar o procedimento manual de medida
(Figura 20a), há também analisadores automatizados (Figura 20b). Em ambos os
sistemas, o mesmo princípio de funcionamento é adotado: o gás a ser analisado
passa por um espelho com temperatura controlada, e a temperatura do espelho
é então diminuída até que se forme uma gota de condensado. A temperatura
do espelho no momento dessa formação da condensação é denominada ponto
de orvalho (MCMILLAN; CONSIDINE, 1999).
(a) (b)
Figura 20. Sistemas de medição de ponto de orvalho. (a) Copo de medição manual
(b) Analisador on-line.
Fonte: McMillan e Considine (1999, p. 4.213 e 4.215).
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