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Mas qual é a diferença entre um sensor e um transdutor? São encontradas várias definições na
literatura sobre transdutores e sensores, não havendo um consenso na comunidade científica
sobre qual definição é a mais adequada e abrangente para descrever o significado destes dois
termos. É comum o leitor se deparar, em um número razoável de publicações, com o uso da
palavra “sensor” como sinônimo de “transdutor”, principalmente em aplicações envolvendo
eletroeletrônica. Nesta apostila, vamos buscar as diferenças entre um e outro partindo da origem
das duas palavras:
- A origem da palavra transdutor vem do latim “tranducere”, com o significado “de converter”.
- A origem da palavra sensor vem também do latim “sensus”, que significa “capaz de ter
sensibilidade”.
Tomando como base a origem das palavras, podemos definir os termos da seguinte forma:
- Sensores: São os elementos sensitivos (que respondem a algum tipo de estímulo) e que
fazem parte do transdutor.
- Função de transferência (T(ω)): Função matemática que estabelece a relação entre o estímulo
de entrada I e a resposta (sinal de saída) O do transdutor. Tal relação fornecerá a função
(matemática) da sensibilidade de um transdutor. A função de transferência ideal para os
sensores/transdutores é a função linear, devido à facilidade em relacionar os sinais de entrada e
saída, além de simplificar o condicionamento de sinal em um sistema de medição:
O
T=
I
- Sensibilidade (S): Razão entre a intensidade do sinal de saída ou sinal de resposta do
transdutor e o sinal de excitação (sinal de entrada), ou variável sob medição. Matematicamente, a
sensibilidade pode ser expressa como a derivada da função de transferência com relação ao sinal
de entrada (físico) de um sensor:
dO
S=
dI
- Erro de Linearidade: Máxima variação (ou desvio) entre a função de transferência real e a
função de transferência ideal do transdutor. Quanto menor o erro de linearidade (ou maior a
“linearidade”), mais o sensor/transdutor se aproxima do caso ideal:
Dif máx
Linearidad e % = 100.
FE s
Difmáx – distância máxima entre a reta e a curva real;
FEs – fundo de escala da resposta.
- Conformidade (resposta não linear): Máxima variação (ou desvio) entre a função de
transferência real e uma curva de referência ideal do transdutor. Quanto menor a conformidade,
mais o sensor/transdutor se aproxima de uma curva ou função ideal:
Dif máx
Conformida de % = 100.
FEs
- Precisão: Fornece o resultado de flutuação da resposta real do sensor para a mesma excitação;
- Faixa de Operação: Definição dos valores mínimo e máximo da grandeza a ser caracterizada e
que podem ser mensurados pelo sensor/transdutor;
- Histerese: é uma grandeza que representa a incapacidade do sensor responder da mesma forma
a um dado estímulo, efetuado em duas direções opostas de operação (Figura 1.1). O sinal de
excitação em um transdutor pode ser aplicado variando-se seu sinal de um nível baixo para um
nível elevado, ou vice-versa. Idealmente a resposta do transdutor deveria ser a mesma,
independentemente da forma de excitação, o que infelizmente não ocorre na prática.
Hist máx
Histerese % = 100.
FE s
Histmáx – histerese máxima;
- Deriva (drift): Caracteriza a mudança da resposta do transdutor com o passar do tempo, devido
ao: envelhecimento,contaminação, envenenamento;
- Saturação: Limite a partir do qual o sensor perde sua linearidade (Figura 1.2);
- Tempo de resposta (delay time): velocidade com que a medida fornecida pelo sensor alcança o
valor real do processo, ou seja, o tempo que o sensor/transdutor demora a “reagir” ou “sentir” a
variação do estímulo de entrada;
- Tempo de subida (Rise time): tempo necessário para que a resposta do sensor/transdutor passe
de 0 a 100% de seu valor final;
- Constante de tempo: Tempo necessário para um sensor chegar a x% do seu valor final
estacionário (Figura 1.4);
- Sobre sinal (Overshoot): ocorre quando o sinal de saída excede o nível estimado;
- Resposta em Frequência: a faixa do espectro (em freqüência) que determinado sistema pode
reproduzir uma medida. Qualquer sistema eletrônico, e neste contexto incluem-se os transdutores,
tem suas limitações em freqüência, ou seja, operam bem em determinadas faixas de freqüência e
em outras não.
Em termos práticos, o que mais interessa em um sistema é caracterizar qual é valor percentual do
ruído em relação ao sinal que se pretende medir (conhecido como Relação Sinal-Ruído (SNR –
Signal to noise ratio)) e não caracterizar o valor absoluto do ruído. A caracterização do parâmetro
SNR é apresentada normalmente em decibéis (dB):
potência do sinal
SNR = 10. log
potência do ruído
Para um sinal variável no tempo:
Sinal
2
SNR = 10. log RMS
Ruído RMS
Em termos gerais, um sistema de medição pode ser subdivido em três principais blocos
(Figura 1.5): o primeiro bloco (dispositivo de entrada), um bloco intermediário (dispositivo
condicionador de sinais ou processador), e o terceiro bloco (dispositivo de indicação ou registro).
O dispositivo de entrada tem como objetivo captar a informação relativa à grandeza que se deseja
medir e converte-a proporcionalmente a um sinal elétrico, que é enviado ao segundo bloco. No
segundo bloco, o sinal obtido pelo sensor poderá ser amplificado, filtrado, multiplicado, comparado,
linearizado, convertido para um sinal digital, ou seja, modificado adequadamente, a fim de ficar
compatível com as exigências requeridas pelo dispositivo que fará o registro do sinal (terceiro
bloco). O terceiro bloco tem como função registrar ou armazenar os valores da grandeza sob
medição (terminal de vídeo, um osciloscópio, uma impressora ou mesmo um computador para
armazenar os dados ou para controlar processos).
Podemos dividir ou classificar sistemas de medição em duas categorias: analógico e digital, como
descrito nas seções a seguir.
1.3.1 Sistema analógico de medição
Um sistema analógico caracteriza-se pelo percurso contínuo do sinal elétrico, da entrada até o
mostrador ou o registrador (Figura 1.6).
Mesmo que o sinal tenha um percurso contínuo, sofre alteração devido à adaptação ocorrida entre
um estágio do circuito para outro. As principais adaptações que o sinal pode sofrer são:
- Amplificação do sinal: tem por função alterar a intensidade do sinal para valores que possam
ser utilizados pelos blocos subseqüentes;
- Processamento do sinal: aqui o sinal pode sofrer várias alterações, como por exemplo filtragem,
linearização, avaliação do valor de pico, valor RMS. A função da filtragem, por exemplo, é diminuir
o ruído que o sinal apresenta;
- O armazenamento dos dados pode ser realizado de duas formas: registradores de papel onde os
dados são gravados em um papel contínuo (exemplo: sismógrafo); a outra forma é gravar os dados
em fitas magnéticas.
1.3.2 Sistema digital de medição
Um sistema digital de medição difere do sistema analógico, principalmente pela forma como o sinal
é tratado. O coração dos sistemas digitais corresponde aos conversores analógicos digitais (A/D),
pois são estes que transformam o sinal analógico (mundo real) em sinal digital. No sistema digital,
grande parte do tratamento é realizada na forma digital. O armazenamento de dados na forma
digital apresenta uma versatilidade muito maior se comparada ao armazenamento analógico,
principalmente para realizar pós-processamento dos dados.
Os dois primeiros blocos (correspondentes ao sensor e condicionamento do sinal, Figura 1.7) são
basicamente os mesmos representados no sistema analógico de medição. Porém não é necessário
que o condicionamento de sinal seja tão complexo quanto o utilizado em sistemas analógicos. Nos
sistemas digitais, muitas funções podem ser efetuadas posteriormente à amostragem do sinal. Os
dois blocos a seguir (correspondentes à amostragem (circuito denominado Sample and Hold (S/H))
e ao conversor A/D) muitas vezes aparecem como um único bloco (denominado bloco de
conversão A/D).
O armazenamento é realizado em discos magnéticos rígidos e/ou flexíveis (HDs), fitas magnéticas
(DAT), discos ópticos (CD-ROM, DVDs), etc. Apresentam alta flexibilidade, facilidade de transporte
e grande volume de armazenamento. Outro ponto importante é que o pós-processamento digital
também é facilitado com esse tipo de armazenamento dos dados.
5) Um sensor de pressão tem como saída um sinal de corrente i. Sabendo que a mesma
variou di = 250mA para uma variação de pressão de 10 bar, determine a sensibilidade deste
sensor.
6) Qual a principal vantagem de um sensor com resposta linear em relação a um sensor com
resposta não linear?
1.5 Bibligrafia
- J. FRADEN. "Handbook of modern sensor physics, designs, and applications", Springer-Verlag, 2004.
- J. G. WEBSTER. "The measurement, instrumentation and sensors handbook", Springer, 1999.
a
- A. BALBINOT, V. J. BRUSAMARELLO, "Instrumentacao e fundamentos de medidas", Volume 1, 2 ed.,
LTC, Rio de Janeiro, 2010.
- A. BALBINOT, V. J. BRUSAMARELLO, "Instrumentacao e fundamentos de medidas", Volume 2, LTC, Rio
de Janeiro, 2007.
- D. THOMAZINI, P.U.B. ALBUQUERQUE, “Sensores Industriais”, ed. Érica, 2005.
- E. GALEAZZO, M.O. PEREZ-LISBOA. “Apostila da disciplina Sensores”, Faculdade de Ciências da
Fundação Instituto Tecnológico de Osasco, 2005