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Sistema sensor de passagem composto por um emissor e

um detetor de radiação de infravermelho próximo


Ana Gomes (92957), João Marques (93065), Rita Moreira (93375)
Departamento de Física, Universidade de Aveiro

Auto-avaliação: Ana Gomes - 33,33(3)%; João Marques - 33,33(3)%; Rita Moreira - 33,33(3)%;

1. RESUMO
Neste trabalho pretendeu-se montar um sistema sensor de passagem constituído
por um emissor e detetor de infravermelho próximo que permita controlar os movimentos de
expansão e retração de um atuador linear, simulando o abrir e fechar de um portão/cancela.
Em seguida, realizaram-se alguns testes com o sistema para aferir as suas características
de funcionamento e se estas correspondiam às especificações. De modo a enriquecer o
conhecimento acerca de sensores e atuadores, foi efetuada ainda uma pesquisa
bibliográfica acerca do princípio físico e tipos de sensores e atuadores, com o foco nos
sensores infravermelhos.

2. INTRODUÇÃO
Um sensor é um dispositivo capaz de receber estímulos, tanto por movimento,
pressão, calor, luz, entre outros [1], e responder com um sinal elétrico que será interpretado
por outros componentes [2], tais como microprocessadores [1]. Um atuador distingue-se de
um sensor na medida que um atuador converte o sinal elétrico num outro sinal qualquer. Por
exemplo, motores elétricos convertem energia numa ação mecânica, ou um atuador
pneumático que é ativado por um sinal elétrico e converte a pressão do ar em força [3].
Os sensores podem ser de dois tipos: passivos e ativos. Os sensores passivos são
sensores diretos, ou seja, geram um sinal de saída como resposta a um estímulo externo de
entrada, não necessitando de uma fonte de energia adicional. Os termopares e fotodíodos
são alguns exemplos deste tipo de sensores. Já os sensores ativos, também chamados de
paramétricos, necessitam de uma fonte de energia extra, isto é um sinal de excitação
modulado pelo sensor para produzir o sinal de saída. Um exemplo destes sensores é o
termistor [3].
Um exemplo de sensor bastante utilizado é o sensor infravermelho. Os sensores
infravermelhos ativos emitem radiação infravermelha mas também funcionam como
recetores deste tipo de radiação. No caso dos sensores infravermelhos passivos estes não
emitem radiação infravermelha, apenas recebem, funcionando pela deteção de calor. Assim
este tipo de sensor infravermelho é útil como sensor de presença noturno, uma vez que
deteta o calor e não a luz e, por outro lado, como se sabe, o olho humano não é capaz de
detetar radiação infravermelha emitida [2]. Também pode ser utilizado para sistemas de
abertura de portões, cancelas, controlo de entrada e saída de pessoas, etc [1].
Os sensores infravermelhos também se podem classificar como térmicos ou
quânticos. Os sensores térmicos utilizam energia infravermelha como calor para deteção e
são independentes do comprimento de onda. Os sensores quânticos detetam os fotões
absorvidos no material do dispositivo ao invés da energia total, sendo dependentes do
comprimento de onda e mais sensíveis. Têm a vantagem de terem uma resposta mais
rápida relativamente aos térmicos, pelo que são mais utilizados em situações que seja
necessário alta sensibilidade, alta resolução e/ou tempos de resposta curtos para um
comprimento de onda específico. Contudo apresentam custos mais elevados pois para
funcionarem corretamente necessitam de estar a temperaturas criogénicas de modo a
reduzir o ruído térmico [4].
Existem ainda duas formas dos sensores infravermelhos operarem. A deteção pode
ser feita por reflexão, em que o sinal de radiação infravermelho emitido é refletido num
objeto em direção ao recetor. A deteção também poderá ser feita pela interrupção da
passagem de radiação infravermelha através de um objeto, estando o emissor do sinal e o
recetor alinhados [1].
O sensor utilizado neste trabalho foi o sensor de passagem composto por um
emissor e detetor de radiação de infravermelho próximo. Neste tipo de sensor é emitida
radiação infravermelha continuamente até ao detetor. Se passar um obstáculo entre os dois
sensores, a passagem de radiação será interrompida. Esta informação será interpretada
pelo atuador, que neste caso é um motor que vai simular o abrir e fechar de um portão.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Inicialmente, verificou-se como funcionava o motor e os sensores, individualmente.
O motor roda para um lado ou para o outro conforme a polaridade das ligações. Daí ter-se
um relé que alterna a alimentação entre +15 V ou -15 V. Consoante o sentido de rotação do
motor, o seu braço irá subir ou descer até atingir o seu máximo/mínimo.
Na figura 1 estão representados os constituintes do sensor recetor.

Figura 1: Constituintes do sensor recetor. Legenda: 1 - detetor de radiação IV; 2 - relé; 3 - polo positivo; 4 - polo
negativo; 5/6 - sinal output.

Em seguida, realizou-se a montagem do sistema constituído pelos sensores de


infravermelho (𝜆 = 940 nm) e um atuador linear, neste caso o motor. O esquema da
montagem realizada está descrito na figura 2. A resistência utilizada é de 10 Ω.

Figura 2: Diagrama de ligações. Legenda: R - sensor recetor; T - sensor transmissor.

Os sensores foram alimentados por um transformador de 12 V. A resistência e o


motor estavam alimentados por uma fonte de alimentação DC de +15/-15 V. Quando os
sensores detetavam presença de um obstáculo, o sinal emitido era interrompido e o motor
parava. As especificações dos sensores encontram-se apresentadas na tabela 1.
Tabela 1: Especificações mais relevantes dos sensores de infravermelho utilizados. [5]

Alcance do sinal emitido ≤ 15 m

Frequência 1,92 kHz

Comprimento de onda 940 nm

Tensão de alimentação (DC/AC) 12 - 24 V

Temperatura de funcionamento 25 - 55 ℃

4. RESULTADOS OBTIDOS E CONCLUSÃO

Inicialmente, colocou-se um sensor a uma distância de 30 cm do outro onde ocorreu


o fenómeno de insensibilidade, conforme estava relatado no manual de instruções do
sensor infravermelho. É recomendado que a distância entre os dois aparelhos seja de pelo
menos 1 m, a uma altura de 20 cm. Nesta configuração, o sensor apenas fazia parar o
atuador quando se colocava a mão em contacto com o sensor. Posteriormente
distanciou-se os sensores o máximo possível, cerca de 2,5 m. O ideal seria 3 m [5], contudo
o cabo não possuía essas dimensões. Neste arranjo a sensibilidade do sensor aumentou
significativamente, sendo o sinal interrompido quando o objeto se encontrava a uma
distância de aproximadamente 1 m do sensor recetor. Também se verificou um ligeiro
aumento da sensibilidade quando se retirou as lentes protetoras dos sensores. Em seguida,
mediu-se com um multímetro a corrente e a tensão no motor. Obteve-se valores de corrente
entre 0,50 e 0,57 A e uma tensão de aproximadamente +9/-9 V consoante a alimentação
(+15 ou -15 V).
Uma vez que os sensores infravermelho reagem ao calor, utilizou-se um isqueiro
para tentar interromper o sinal. No entanto, como o sensor só deteta variações de
temperatura de cerca de 36,5 ºC a 40 ºC [1] (temperaturas do corpo humano) este não
interrompia o sinal visto que a chama do isqueiro se encontra a uma temperatura superior e
é de dimensões reduzidas.
Alguns aspetos a ter em conta é o facto de não colocar o sensor perto de superfícies
refletoras, fontes que produzam radiação infravermelha ou locais com variação buscar de
temperatura uma vez que vai afetar as medições.
Por fim pode-se concluir que este sensor funciona bem para a deteção de pessoas,
no entanto a sensibilidade para outras aplicações é reduzida, uma vez que a deteção
máxima obtida foi de cerca de 1 m.

REFERÊNCIAS

[1] Henrique Mattede, “Sensor infravermelho - O que é e como funciona!” Mundo da elétrica.
Disponível em:
https://www.mundodaeletrica.com.br/sensor-infravermelho-o-que-e-como-funciona/. Consultado
a 24 de novembro de 2021.
[2] António F da Cunha, Apontamentos teóricos: Part 1. Sensores e Atuadores 2021/2022.
Universidade de Aveiro, 2021
[3] F. Jacob, Handbook of Modern Sensors: Physics, Designs, and Applications, 5ª ed. Springer,
2016.
[4] Randy Frank, “What is the difference between a thermal IR sensor and a quantum IR sensor?”
Sensor Tips, 2021. Disponível em:
https://www.sensortips.com/featured/what-is-the-difference-between-a-thermal-ir-sensor-and-a-q
uantum-ir-sensor/. Consultado a 26/11/2021.
[5] Manual de instruções do sensor “single infrared beam sensor”.

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