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Engenharia Mecânica

Instrumentação
Roteiro para prática de laboratório

Informações
 Prática: Medição de Nível com Sensor de Pressão do Tipo Capacitivo e
Ultrassônico
 Objetivo: Estudo de vários tipos de sensores de nível industriais.
 Elaboração: Prof. Felipe Oliveira e Silva / André de Aguiar Braga
 Docente: Prof. Danilo Alves de Lima
 Aluno(s):
 Data:

Materiais Necessários
Fornecidos pelo professor:

 Planta didática T5552;


 Multímetro 34XR-A;
 Cabos.

Hardware Utilizado1

Sensor de pressão de capacitância variável

Um tipo de sensor de pressão elétrico é o sensor de pressão de capacitância variável.


Este sensor usa uma variação na capacitância para criar um sinal de saída elétrico que
é proporcional à pressão. A Figura 1 ilustra um exemplo de sensor de pressão de
capacitância variável típico. Os sensores de pressão de capacitância variável
caracterizam-se por possuírem um corpo redondo ou tubular, um tubo que se ajusta em
uma das suas extremidades e uma conexão elétrica instalada na outra extremidade,
como a Figura 1 também mostra.
A Figura 2 ilustra os componentes internos de um sensor de pressão de capacitância
variável. Ele contém um eletrodo estacionário e um diafragma flexível, normalmente
confeccionado em aço inoxidável. Juntos eles formam um capacitor que é o transdutor
do sensor. Este conjunto é conectado ao circuito eletrônico que opera como um
transmissor.

1 Os conceitos e considerações apresentados aqui foram extraídos de [Ama07]. Ou


seja, a presente seção está fundamentada nessa referência.

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Figura 1: Construção de um Sensor de Pressão Típico.

Quando pressão do fluido atua sobre o diafragma, ele flexiona, fazendo a capacitância
mudar. Para detectar a mudança na capacitância, este sensor usa dois circuitos
osciladores sendo um deles conectado a um capacitor fixo e o outro conectado ao
capacitor criado pelo diafragma flexível. Quando a pressão aumenta, a frequência do
circuito oscilador conectado ao diafragma muda. Um circuito comparador compara a
diferença entre a frequência do circuito oscilador conectado ao diafragma flexível e a
frequência do circuito oscilador conectado ao capacitor fixo e produz um sinal de saída
analógico proporcional, normalmente de 4 a 20 mA.

Figura 2: Construção de um sensor de pressão de capacitância variável.

O sinal de saída analógico de 4 a 20 mA do sensor de pressão de capacitância variável


varia linearmente com a pressão de entrada, como mostra a Figura 3.

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Figura 3: Relação linear entre a corrente de saída em função da pressão de entrada de um sensor de
pressão de capacitância variável.

Sensor de nível ultrassônico

Um sensor de nível ultrassônico é um dispositivo de medição baseado em radiação


que utiliza a transmissão de ondas ultrassônicas para determinar o nível de material em
um recipiente.
Os sensores de nível ultrassônicos frequentemente possuem um corpo tubular que é
constituído de plástico resistente ou aço inoxidável. As ondas ultrassônicas são
transmitidas e recebidas em uma extremidade do sensor; os fios de sinal são fixados na
outra extremidade. Os controles de ajuste de zero e faixa são usualmente localizados na
mesma extremidade que os fios de sinal, como mostra a Figura 4.
Os componentes internos de um sensor de nível ultrassônico incluem um transmissor
e um transdutor, como mostra a Figura 5. O transmissor consiste em um circuito
eletrônico que executa duas operações. Primeiramente, ele envia um sinal elétrico para
o transdutor para criar ondas ultrassônicas. Em segundo lugar, ele transmite uma saída
elétrica analógica baseada no tempo que leva para que as ondas ultrassônicas refletidas
sejam recebidas.
O transdutor consiste em cristais piezelétricos, material de suporte e eletrodos. Os
cristais piezelétricos possuem uma função dupla. Quando um sinal elétrico é aplicado
aos cristais, eles vibram e criam ondas ultrassônicas. Quando os cristais medem as
ondas ultrassônicas recebidas, eles criam um sinal elétrico. O material de suporte
amortece as vibrações do cristal para evitar pulsos infinitos das ondas ultrassônicas. Os
eletrodos recebem sinais elétricos do transmissor e enviam sinais elétricos dos cristais
para o transmissor.
Uma fonte de alimentação externa fornece uma tensão (frequentemente 20-30 VDC)
para o transmissor do sensor de nível ultrassônico. O transmissor envia pulsos de tensão
por meio de eletrodos até os cristais, fazendo-os vibrar (um efeito conhecido como
piezeletricidade reversa). A vibração dos cristais piezelétricos na sua frequência natural
cria ondas ultrassônicas em pulsos.

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Figura 4: Construção externa de um sensor de nível ultrassônico.

Figura 5: Construção interna de um sensor de nível ultrassônico.

Entre os pulsos (isto é, transmissões de ondas ultrassônicas), o sensor entra em


espera, até que as ondas se reflitam do material sendo medido e retornem para o sensor.

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As ondas que retornam causam uma tensão mecânica nos cristais piezelétricos,
resultando na geração de tensão (um efeito conhecido com piezeletricidade direta), vide
Figura 6. O transmissor recebe o sinal de tensão e gera uma saída analógica (tipicamente
de 4-20mA ou 0-10V) que é proporcional ao intervalo de tempo que a onda demorou
para chegar, o que depende do nível no recipiente. Se o nível no recipiente for baixo,
demora mais tempo para a onda refletida retornar ao sensor do que quando o nível está
alto.

Figura 6: Operação do sensor de nível ultrassônico.

Em grande parte dos casos, um único sensor transmite e recebe as ondas


ultrassônicas. Porém, alguns sistemas utilizam um transmissor e receptor separado. A
Figura 7 mostra o uso de um sensor à esquerda e o uso de um transmissor e receptor
separados à direita. Os sensores de nível ultrassônicos operam tipicamente na faixa de
frequência de 20 a 45 kHz. O uso de frequências mais altas (por exemplo, MHZ, GHz)
pode fazer com que as ondas penetrem na superfície do material sendo medido,
resultando em leituras falsas. Os sensores ultrassônicos que possuem um diâmetro
maior geralmente são capazes de operar em uma distância maior, porque eles enviam
ondas com uma frequência mais baixa (embora ainda na faixa de 20-45kHz). As ondas
em frequências menores tendem a viajar mais longe do que as ondas em frequências
maiores na medição de nível por que existe menor oportunidade para que as ondas
sejam absorvidas por materiais estranhos.
Quatro fatores importantes a serem considerados quando for instalar e operar um
sensor de nível ultrassônico são:
 Temperatura - A velocidade do som varia de acordo com a variação da
temperatura do meio pelo qual ele está viajando. Geralmente, à medida que a
temperatura aumenta, a velocidade do som aumenta.

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Figura 7: Exemplos de sensores de nível ultrassônicos.

 Tipo de material - Materiais diferentes absorvem, refletem e transmitem ondas


sonoras de maneira diferenciada, dependendo da frequência das ondas. As ondas
de alta frequência (por exemplo, da ordem de MHz ou maiores) tendem a penetrar
e ser transmitidas por muitos materiais ao invés de serem refletidas por eles.
Porém, estes mesmos materiais refletem ondas ultrassônicas em frequências
mais baixas.
 Dimensões do recipiente - As ondas ultrassônicas frequentemente deixam o
sensor em feixes que possuem uma largura específica. O recipiente deve ser mais
largo do que a largura do feixe, de maneira que as ondas não sofram reflexão nas
laterais do recipiente e gerem erros de medição.
 Obstruções ás ondas - Materiais estranhos e detritos devem ser removidos do
recipiente antes de utilizar um sensor ultrassônico, de maneira que as ondas não
sejam refletidas por eles e gerem erros de medição.
As especificações do fabricante listam as temperaturas de operação para o sensor,
assim como a largura do feixe ultrassônico, de maneira a evitar erros resultantes destes
fatores. Tipicamente, os recipientes devem ser, pelo menos, 1 pé (0,3m) mais largos do
que a largura do feixe.

Experimentos
Experimento 1 (Utilização do Sensor de Pressão). Este experimento tem o objetivo de
verificar a saída de um sensor de pressão usando um multímetro digital (DMM). O sensor
deverá produzir um sinal elétrico analógico (corrente) que é proporcional ao nível do
fluido no tanque de processo. À medida que o nível no tanque aumentar, o valor do sinal
de saída do sensor também deverá aumentar. Você constatará esta relação neste
procedimento. Este tipo de procedimento é geralmente usado para se diagnosticar um

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sensor com suspeita de falha. Para executá-lo, monte o módulo T5552 conforme
ilustrado na Figura 8, e siga os passos a seguir:

Figura 8: Montagem do T5552.

 Encha o tanque reservatório com água;


 Feche (gire completamente no sentido horário) as duas válvulas manuais de dreno
do tanque de processo;
 Abra a válvula manual de controle de vazão;
 Ajuste o multímetro digital (DMM) para medir miliampère de CC (mA) e monte o
circuito de acordo com a Figura 9.
Este circuito lhe permitirá ativar e desativar a bomba de circulação para controlar a
vazão no tanque de processo. Ele também lhe permitirá medir a saída do sensor de
pressão (LT1) com o DMM.
O sensor de pressão de capacitância variável de 2 fios do T5552 possui uma faixa de
medição de pressão de 0-1 psi. Portanto, ele pode medir níveis de zero a 27,7 polegadas
(1/0,036 = 27,7 polegadas). O sensor de pressão produz um sinal analógico de saída de
4-20 mA. Teoricamente, um sinal de 4mA representa zero psi (zero pol). Um sinal de 20
mA representa 1 psi (27,7 pol). Porém, o T5552 não usa toda a faixa de medição do
sensor. O nível de máximo no tanque de processo é de 10 polegadas que é menos da
metade do nível máximo (27,7 polegadas) que o sensor pode detectar. Portanto, a saída
do sensor nunca alcançará o máximo de 20 mA. Dessa forma, prossiga como indicado.

1. (Valor 20%) Com o tanque vazio, observe o valor que é medido pelo multímetro.
Explique o motivo do multímetro não mostrar 4 mA como esperado.

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Figura 9: Circuito para alimentar a planta e medir a pressão de entrada.

2. (Valor 20%) Variando o nível do tanque, preencha a seguinte tabela, faça um


gráfico (Saída x Nível) e analise-o:

Nível [pol] Saída do sensor capacitivo [mA]


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Experimento 2 (Utilização do Sensor Ultrassônico). Neste procedimento, você vai


conectar um sensor de nível ultrassônico em uma fonte de alimentação e multímetro
digital (DMM). Então, você vai operar o sensor em um circuito de medição de nível e
observar as variações de valor no DMM à medida que você manipula manualmente o
nível.
Conecte o circuito mostrado na Figura 10. Este circuito permite que se meça o nível
do tanque de processo utilizando o sensor de nível ultrassônico. Ele também permite

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medir a saída do sensor ultrassônico utilizando um multímetro. O sensor de nível
ultrassônico é conectado na configuração invertida.

Figura 10: Circuito para alimentação da planta e medição de nível.

(Valor 20%) Variando o nível do tanque, preencha a tabela a seguir, sobreponha os


resultados no gráfico do experimento anterior (Saída x Nível) e compare o desempenho
dos sensores:

Nível [pol] Saída do sensor ultrassônico [mA]


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Experimento 3 (Identificação de Instrumentos). Visando relembrar alguns conceitos


relacionados à identificação de instrumentos segundo as normas ISA e ABNT, faça as
tarefas a seguir.

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1. (Valor 25%) Enumere e descreva todos os instrumentos existentes na planta
didática T5552, com base em seus TAGs.

2. (Valor 25%) Esboce um diagrama P&I para a planta didática (Sugestão: recorra
ao software Microsoft Office Visio para a representação do diagrama).

Referências
[Ama07] Amatrol. Sistemas de Controle de Processos - Pacote de Atividades de
Aprendizado 5: Elementos Finais de Controle. Amatrol, 2007.

[Amp06] Amprobe. Users Manual: 34XR - A Professional Digital Multimeter. Amprobe


2006.

[Ma11] J. B. Magalhães. XC221 - Tanque - Teoria, Caderno de Experiências e


Manual. Excto Tecnologia, 2011.

[Mor10a] R. M. Moreira. XC201 - Sensores Industriais - Teoria, Caderno de


Experências e Manual. Excto Tecnologia, 2010.

[Mor10b] R. M. Moreira. XC201 - Sensores Industriais - Teoria, Caderno de


Experências e Manual. Excto Tecnologia, 2010.

[Sci11] ScienTech. LVDT Trainer ST2303 - Learning Material. ScienTech, 2011.

[Siq13] S. L. Siqueira. XC243 - Esteira Seletora - Teoria, Caderno de experiências


e Manual. Exsto Tecnologia, 2013.

[Tek06] Tektronix. Manual do Usuário: Series TDS1000B e TDS2000B -


Osciloscópio de Armazenamento Digital. Tektronix, 2006.

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