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net/publication/333572582

PLANEJAMENTO EM ÁREA ESTETICA DE IMPLANTE INSTALADO


TARDIAMENTE PÓS EXODONTIA – RELATO DE CASO CLINICO

Chapter · June 2019


DOI: 10.22533/at.ed.82819010621

CITATIONS READS

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6 authors, including:

Edith Umasi Ramos Luan Pier Benetti


São Paulo State University São Paulo State University
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Luiz Gustavo Cavalcanti Bastos Ana Paula Farnezi Bassi


Universidade Federal da Bahia São Paulo State University
4 PUBLICATIONS   1 CITATION    102 PUBLICATIONS   373 CITATIONS   

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Avaliação longitudinal da formação óssea na região de implantes instalados imediatamente ao levantamento de seio maxilar sem utilização de biomaterial View
project

Cell analysis evaluation of osseointegration in two different surfaces of titanium implants placed in bone defects filled or not with biomaterial View project

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Nayara Araújo Cardoso
Renan Rhonalty Rocha
Maria Vitória Laurindo
(Organizadores)

A Produção do Conhecimento
na  Engenharia Biomédica

Atena Editora
2019
2019 by Atena Editora
Copyright © Atena Editora
Copyright do Texto © 2019 Os Autores
Copyright da Edição © 2019 Atena Editora
Editora Executiva: Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira
Diagramação: Geraldo Alves
Edição de Arte: Lorena Prestes
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
P964 A produção do conhecimento na engenharia biomédica [recurso
eletrônico] / Organizadores Nayara Araújo Cardoso, Renan
Rhonalty Rocha, Maria Vitória Laurindo. – Ponta Grossa (PR):
Atena Editora, 2019.

Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7247-382-8
DOI 10.22533/at.ed.828190106

1. Biomedicina – Pesquisa – Brasil. 2. Robótica. I. Cardoso,


Nayara Araújo. II. Rocha, Renan Rhonalty. III. Laurindo, Maria
Vitória.
CDD 610
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
Atena Editora
Ponta Grossa – Paraná - Brasil
www.atenaeditora.com.br
contato@atenaeditora.com.br
 

 
APRESENTAÇÃO
A obra “A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica” consiste em
um livro de publicação da Atena Editora, com 21 capítulos em volume único, nos quais
apresentam estratégias para as técnicas e tecnologias na produção de trabalho em
saúde. 
As Tecnologias em Saúde é um processo abrangente, por meio do qual são
avaliados os impactos clínicos, sociais e econômicos das tecnologias em saúde,
levando-se em consideração aspectos como eficácia, efetividade, segurança, custos,
custo-efetividade, entre outros, a mesma deve ser compreendida como conjunto de
ferramentas, entre elas as ações de trabalho, que põem em movimento uma ação
transformadora da natureza. Desse modo, além dos equipamentos, devem ser incluídos
os conhecimentos e ações necessárias para operá-los: o saber e seus procedimentos.
Entretanto, o sentido contemporâneo de tecnologia, portanto, diz respeito aos
recursos materiais e imateriais dos atos técnicos e dos processos de trabalho, sem,
contudo, fundir estas duas dimensões. Além disso, dado o grande desenvolvimento do
saber técnico-científico dos dias atuais, este componente saber da tecnologia ganha
qualidade estatuto social adicionais. Assim, novas tecnologias são lançadas no
mercado todos os dias e com isso as demandas pela incorporação pelo sistema de
saúde geradas pelas indústrias, pacientes e profissionais de saúde, têm crescido e
continuará crescendo. 
Com o intuito de colaborar com os dados já existentes na literatura, este volume
traz atualizações sobre novas tecnologias que implementam melhores estratégias
terapêuticas, que podem inovar o tratamento dos pacientes de um modo mais prático
e resolutivo, assim esta obra é dedicada tanto à população de forma geral, quanto aos
profissionais e estudantes da área da saúde. Dessa forma, os artigos apresentados
neste volume abordam: aplicabilidade da robótica em terapia para reabilitação de
pacientes com perdas de membros; jogo educativo para avaliação cognitivo-motor
de deficientes intelectuais, avaliação da resposta da frequência cardíaca de adultos
durante teste cardiopulmonar; tecnologias aplicadas à oftálmica como forma de
melhorar a qualidade de vida; exposição á radiação ionizante em cirurgias ortopédicas;
considerações sobre o espectro luminoso da descarga eletrocirúrgica; desenvolvimento
de hidrogéis de quitosana associados a Ibuprofeno para liberação controlada; sistema
de identificação de alimentos baseado em imagens de porções alimentares; a hemólise
como fator interferente em parâmetros bioquímicos; planejamento em área estética de
implante instalado tardiamente pós exodontia - relato de caso clinico e epidemiologia
do Alzheimer.
Sendo assim, almejamos que este livro possa colaborar com informações
relevantes aos estudantes e profissionais de saúde sobre diferentes tecnologias e
técnicas aplicada á saúde, que podem ser usadas para aprimorar a prática profissional,
e também para a população de forma geral, apresentando informações atuais sobre
técnicas e tecnologias aplicadas á saúde.

Nayara Araújo Cardoso


Renan Rhonalty Rocha
Maria Vitória Laurindo

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1................................................................................................................. 1
APLICABILIDADE DA TERAPIA ROBÓTICA NA REABILITAÇÃO EM PÓS-
OPERATÓRIO DE ESOFAGECTOMIA
Daniela Santana Polati da Silveira
Jéssica Peixoto de Araújo
Maria Lúcia Pedroso Lourenço
Pedro Melhado Trovo
Renata Carvalho Cardoso
DOI 10.22533/at.ed.8281901061

CAPÍTULO 2................................................................................................................. 5
ADAPTAÇÃO DE UM PROJETO DE ROBÔ HUMANOIDE IMPRESSO EM 3D EM
UMA PRÓTESE SENSORIAL DE MEMBRO SUPERIOR
Gustavo Pasqua de Oliveira Celani
Roberto Luiz Assad Pinheiro
Mariana Brandão Silvério
Rani Sousa Alves
Elisa Rennó Carneiro Dester
Fabiano Valias de Carvalho
DOI 10.22533/at.ed.8281901062

CAPÍTULO 3............................................................................................................... 14
MAO3D - PROTETIZAÇÃO E REABILITAÇÃO DE MEMBRO SUPERIOR ADULTO
COM A TECNOLOGIA DE IMPRESSÃO 3D
Maria Elizete Kunkel
Patrícia Bettiol Abe
Marcelo Pasqua
Israel Toledo Gonçalves
Lucas de Macedo Pinheiro
Sandra Maria Rodrigues
DOI 10.22533/at.ed.8281901063

CAPÍTULO 4............................................................................................................... 30
SISTEMA COMPUTADORIZADO PARA APRESENTAR AS VARIAÇÕES NO
CENTRO DE MASSA NO DISCO PROPRIOCEPTIVO DE FREEMAN
André Roberto Fernandes da Silva
Antônio Vinícius de Morais
Leandro Lazzareschi
Silvia Regina Matos da Silva Boschi
Terigi Augusto Scardovelli
Alessandro Pereira da Silva
DOI 10.22533/at.ed.8281901064

CAPÍTULO 5............................................................................................................... 40
ESPECTROSCOPIA RAMAN APLICADA NA OBSERVAÇÃO DE PRINCÍPIO ATIVO
DE REPELENTE DE INSETOS NA PELE
Michele Marin da Costa
Landulfo Silveira Jr.
Renato Amaro Zângaro
Marcos Tadeu Tavares Pacheco
João Dias da Costa
DOI 10.22533/at.ed.8281901065

SUMÁRIO
CAPÍTULO 6............................................................................................................... 54
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO-MOTOR DE DEFICIENTES
INTELECTUAIS COM JOGO EDUCATIVO
Letícia Gonçalves Segatto
Mariana Cardoso Melo
DOI 10.22533/at.ed.8281901066

CAPÍTULO 7............................................................................................................... 68
UM NOVO ALGORITMO DE EVOLUÇÃO DIFERENCIAL BASEADO EM SIMULATED
ANNEALING PARA RECONSTRUÇÃO DE IMAGENS DE TOMOGRAFIA POR
IMPEDÂNCIA ELÉTRICA
Reiga Ramalho Ribeiro
Priscila Dias Mendonça
DOI 10.22533/at.ed.8281901067

CAPÍTULO 8............................................................................................................... 79
SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO TÉCNICA
DE EQUIPAMENTOS MÉDICOS APLICADO EM RAIOS-X
Walter Lima Ramirez Filho
Lourdes Mattos Brasil
DOI 10.22533/at.ed.8281901068

CAPÍTULO 9............................................................................................................... 87
A NEW MEASURE TO EVALUATE SUBTHRESHOLD RESONANCE IN NEURONS
Rodrigo Felipe de Oliveira Pena
Vinicius Lima Cordeiro
Cesar Augusto Celis Ceballos
Renan Oliveira Shimoura
Antônio Carlos Roque da Silva Filho
DOI 10.22533/at.ed.8281901069

CAPÍTULO 10............................................................................................................. 94
REPEATABILITY OF GAIT RANGES OF MOTION IN THE PRESENCE OF STROKE
Vanessa Lucas dos Santos
Gisele Francini Devetak
Elisangela Ferretti Manffra
DOI 10.22533/at.ed.82819010610

CAPÍTULO 11........................................................................................................... 107


AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE ADULTOS DURANTE
TESTE CARDIOPULMONAR
Elisângela de Andrade Aoyama
Vera Regina Fernandes da Silva Paz
Marília Miranda Forte Gomes
DOI 10.22533/at.ed.82819010611

CAPÍTULO 12........................................................................................................... 113


ASSISTIVE TECHNOLOGY OF OPHTHALMIC MEMBRANE OCCLUSIVE FROM
NATURAL LATEX
Jaqueline Alves Ribeiro
Suélia de Siqueira Rodrigues Fleury Rosa
DOI 10.22533/at.ed.82819010612

SUMÁRIO
CAPÍTULO 13........................................................................................................... 121
VALORES DE EXTINÇÃO TOPOLÓGICOS PARA ANÁLISE DE QUALIDADE DE
IMAGENS DE FUNDO DE OLHO
Alexandre Gonçalves Silva
Marina Silva Fouto
Angélica Moises Arthur
Rangel Arthur
DOI 10.22533/at.ed.82819010613

CAPÍTULO 14........................................................................................................... 131


EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE EM CIRURGIAS ORTOPÉDICAS
Celso Júnio Aguiar Mendonça
Frieda Saicla Barros
Bertoldo Schneider Júnior
DOI 10.22533/at.ed.82819010614

CAPÍTULO 15........................................................................................................... 141


CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPECTRO LUMINOSO DA DESCARGA
ELETROCIRÚRGICA
Elton Dias Junior
Evaldo Ribeiro
Bertoldo Schneider Junior
DOI 10.22533/at.ed.82819010615

CAPÍTULO 16........................................................................................................... 149


DESENVOLVIMENTO DE HIDROGÉIS DE QUITOSANA ASSOCIADOS A
IBUPROFENO PARA LIBERAÇÃO CONTROLADA
Amanda de Castro Juraski
Sônia Maria Malmonge
Nasser Ali Daghastanli
Juliana Kelmy Macário Barboza Daguano
DOI 10.22533/at.ed.82819010616

CAPÍTULO 17........................................................................................................... 159


SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE ALIMENTOS BASEADO EM IMAGENS DE
PORÇÕES ALIMENTARES
Yuri Malinowsky Shiga
Kristy Soraya Coelho
Joao da Silva Dias
Giselle Lopes Ferrari Ronque
DOI 10.22533/at.ed.82819010617

CAPÍTULO 18........................................................................................................... 169


A HEMÓLISE COMO FATOR INTERFERENTE EM PARÂMETROS BIOQUÍMICOS
Luma Carolina Santos da Silva
Graziéli Ferreira Carmargo
Camilla Lazzaretti
DOI 10.22533/at.ed.82819010618

SUMÁRIO
CAPÍTULO 19........................................................................................................... 177
DOENÇA DE ALZHEIMER: ESTIMATIVAS EM USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE DO MUNICÍPIO DE OSÓRIO/RS
Cristiano Serrano Tubelo Filho
Gabriel Corteze Netto
Camilla Lazzaretti
DOI 10.22533/at.ed.82819010619

CAPÍTULO 20........................................................................................................... 187


UPPER LIMB EXOSKELETON BY PNEUMATIC MUSCLES
Filipe Loyola Lopes
Larissa Guimarães Veríssimo
Elton Silva de Morais
Raphael Sander de Souza Pereira
Rani de Souza Alves
DOI 10.22533/at.ed.82819010620

CAPÍTULO 21........................................................................................................... 190


PLANEJAMENTO EM ÁREA ESTETICA DE IMPLANTE INSTALADO TARDIAMENTE
PÓS EXODONTIA – RELATO DE CASO CLINICO
Edith Umasi Ramos
Luan Pier Benetti
Luiz Gustavo Cavalcanti Bastos
André Carlos de Freitas
Tainara Tejada Camacho
Ana Paula farnezi Bassi
DOI 10.22533/at.ed.82819010621

SOBRE OS ORGANIZADORES............................................................................... 203

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
doi
APLICABILIDADE DA TERAPIA ROBÓTICA NA
REABILITAÇÃO EM PÓS-OPERATÓRIO DE
ESOFAGECTOMIA

Daniela Santana Polati da Silveira Robótica, com o intuito de esclarecer


Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil as alterações funcionais decorrentes da
Jéssica Peixoto de Araújo esofagectomia. A paciente apresentava dor no
Hospital de Câncer de Barretos, Barretos, Brasil membro superior direito (MSD), diminuição de
Maria Lúcia Pedroso Lourenço força muscular, anestesia na borda medial do
Hospital de Câncer de Barretos, Barretos, Brasil 5° dedo e na face medial/proximal do braço
Pedro Melhado Trovo e hipoestesia na face medial do antebraço
Hospital de Câncer de Barretos, Barretos, Brasil direito, diminuição da amplitude de movimento
Renata Carvalho Cardoso (ADM) no MSD, dispnéia e dores musculares
Hospital de Câncer de Barretos, Barretos, Brasil generalizadas. Com a terapia robótica a
paciente apresentou uma melhora significativa,
mostrando que a terapia é capaz de auxiliar no
REESUMO: O câncer esofágico é uma das processo de reabilitação.
neoplasias mais graves, mas ao longo dos anos PALAVRAS-CHAVE: Esofagectomia, Robótica,
seu prognóstico tem melhorado cada vez mais. Câncer.
Com o avanço da tecnologia conseguimos
acompanhar novas estratégias terapêuticas, APPLICABILITY OF ROBOTIC THERAPY
que podem inovar o tratamento fisioterapêutico ON POSTOPERATIVE REHABILITATION OF
para essas pacientes submetidas ao tratamento ESOPHAGECTOMY
cirúrgico do câncer de esôfago. O objetivo do
trabalho é Identificar as principais alterações
funcionais ocasionadas pela esofagectomia e INTRODUÇÃO
detalhar a reabilitação robótica escolhida pela O câncer esofágico é uma das neoplasias
equipe. Trata-se de um relato de caso, de um mais graves, mas ao longo dos anos seu
paciente que foi submetido ao tratamento da prognóstico tem melhorado cada vez mais. É
reabilitação em específico a terapia robótica, de difícil diagnóstico, por esse motivo quando
no período de março a junho do ano de 2018, diagnosticado já está em um estado mais
realizada no Hospital de Câncer de Barretos, avançado, fazendo com que a escolha pelo
através de uma avaliação detalhada de todas
procedimento cirúrgico seja a melhor opção.
as informações do prontuário, e da avaliação
A neoplasia esofágica é a 15° mais
realizada pelo Armeo Spring da Reabilitação

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 1 1


frequente em mulheres e a 6° em homens, para os anos de 2018 e 2019 estima-se
8.240 novos casos em homens e 2.550 em mulheres. Com o avanço da tecnologia
conseguimos acompanhar novas estratégias terapêuticas, que podem inovar o
tratamento fisioterapêutico para essas pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico
do câncer de esôfago.
O objetivo da reabilitação convencional é manter e recuperar a funcionalidade
através de exercícios terapêuticos realizados por um terapeuta onde ele move o corpo
do paciente. A terapia robótica tem sido utilizada com forma de reabilitação, e tem se
mostrado muito promissora para melhora da função do membro superior.
A realidade virtual oferece um ambiente totalmente diferente, atingindo a
capacidade de alcançar os objetivos da reabilitação, através da utilização de
feedbacks em tempo real, com táticas adaptativas em diferentes graus de dificuldade.
O objetivo do trabalho é Identificar as principais alterações funcionais ocasionadas
pela esofagectomia e detalhar a reabilitação robótica escolhida pela equipe.

MÉTODOS
A pesquisa foi constituída de um relato de caso e posteriormente uma busca
literária para esclarecimento do tema abordado nas bases de dados BVS, Pubmed
e Cochrane. Em seguida um estudo do tratamento da reabilitação em específico a
terapia robótica, no período de março a junho do ano de 2018, realizada no Hospital
de Câncer de Barretos, através de uma avaliação detalhada de todas as informações
do prontuário, e da avaliação realizada pelo Armeo Spring da Reabilitação Robótica,
com o intuito de esclarecer as alterações funcionais decorrentes da esofagectomia.
A coleta de dados foi realizada dentro das normas do ministério da saúde e
conselho nacional de ética em pesquisa com embasamento na resolução n° 196/96
versão 2012. Foi solicitada a autorização da instituição, para realização da pesquisa,
com consentimento da paciente, tendo livre escolha de participar ou desistir da mesma,
mantendo total anonimato e sigilo das informações coletadas. A pesquisa foi aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição, o qual foi cadastrado sob o
número 0157/2018.

RESULTADOS
Paciente 41 anos, sexo feminino, casada, ex-tabagista, portadora de câncer de
esôfago (leiomioma com pinçamento diafragmático), foi indicada a esofagectomia como
proposta de tratamento, sendo realizada a dissecção do terço médio do esôfago com
ressecção de seguimento de pleura parietal e linfadenectomia infra – carinal em bloco
com preservação dos nervos laríngeos, apresentando estabilidade hemodinâmica.
A paciente apresentava dor no membro superior direito (MSD), diminuição de
força muscular, anestesia na borda medial do 5° dedo e na face medial/proximal do

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 1 2


braço e hipoestesia na face medial do antebraço direito, diminuição da amplitude de
movimento (ADM) no MSD, dispnéia e dores musculares generalizadas. A tabela 1
demonstra a avaliação dos seis meses de tratamento com a terapia robótica utilizando
o Armeo Spring para promover melhora da força muscular, amplitude de movimento,
coordenação motora e estabilidade do membro superior.

Função Avaliação janeiro Avaliação Junho


Em toda amplitude do ombro Em toda amplitude do ombro
ADM a paciente conseguia suportar a paciente conseguiu suportar
20% do peso do braço. 40% do peso do braço.
Melhora da coordenação mo-
Coordenação mo- tora grossa, mesmo com o
Déficit de motricidade grossa
tora aumento da dificuldade dos
exercícios.
Nível difícil muito bem supor-
Exercícios Nível fácil
tado.
Força Apresentou grau III Apresenta grau V
O alcance nos planos transver-
Planos de movi- O alcance nos planos transver-
sal, sagital e frontal: está em
mentos sal, sagital e frontal: foi de 80%
90%
Dor EVA: 8 EVA: 6

TABELA 1 – Avaliação da terapia robótica

DISCUSSÃO
O Armeo® é um sistema usado para a reabilitação dos membros superiores
segundo El-Shamy et., al (2017) é um exoesqueleto que fornece suporte gravitacional
para o membro superior afetado por meio de um mecanismo de mola e magnifica
qualquer movimento residual ativo do braço hemiparético.
A terapia robótica tem se demonstrado muito eficaz na reabilitação oncológica a
utilização da realidade virtual ajuda positivamente o paciente a sentir mais confortável
e perder o medo do exercício, todo o movimento é coordenado e monitorado, não
proporcionando nenhum dano ao paciente. Portanto após a reavaliação da paciente
foi possível observar melhoras significativas, tanto na amplitude de movimento quanto
na força muscular, e ainda apresentou melhora na dor.
É uma tecnologia que tem se demonstrado muito eficaz, que precisa de novos
estudos, para divulgação da terapia, ele pode ser utilizado, para qualquer alteração
de movimentação, amplitude de movimento, e força, do membro superior, trabalhando
desde o ombro até o punho.

CONCLUSÃO
Os estudos com a terapia robótica são poucos, mas seus resultados são positivos,
isso incentiva pesquisadores a entender mais profundamente o aparelho e testar em
outros tipos de patologias. O Armeo está sendo reconhecido como um recurso inovador

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 1 3


utilizado pela equipe como facilitador no processo de recuperação físico funcional no
tratamento cirúrgico do câncer de esôfago.

REFERÊNCIAS
Chiara Sicuri, Giuseppe Porcellini e Giovanni Merolla. Robotics in shoulder rehabilitation. Muscles,
Ligaments and Tendons Journal 2014; 4 (2): 207-213.

El-Shamy S, Alsharif R. Effect of virtual reality versus conventional physiotherapy on upper extremity
function in children with obstetric brachial plexus injury. J Musculoskelet Neuronal Interact. Dezembro
de 2017;17(4):319–26.

Guinan EM, Dowds J, Donohoe C, Reynolds JV, Hussey J. The physiotherapist and the esophageal
cancer patient: from prehabilitation to rehabilitation: Physiotherapy and esophageal cancer. Diseases
of the Esophagus. 2017; 30, 1–12.

Nerz C, Schwickert L, Becker C, Studier-Fischer S, Müßig JA, Augat P. Effectiveness of robot-


assisted training added to conventional rehabilitation in patients with humeral fracture early after
surgical treatment: protocol of a randomised, controlled, multicentre trial. Trials [Internet]. [Acesso
em 6 de março de 2018]. 2017; 18:589. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC5719790/.

Silva JAG. Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil. Coordenação de Prevenção e Vigilância. –
Rio de Janeiro: INCA, 2017.

Vaccarezza H, Ardiles V, Resio N, Bersano F, Moriconi G, Lenz M, et al.


Resecciónquirúrgica con intencióncurativa del colangiocarcinomahiliar. Nuestraexperiencia.
ActaGastroenterológicaLatinoamericana. 2012;42(4).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 1 4


CAPÍTULO 2
doi
ADAPTAÇÃO DE UM PROJETO DE ROBÔ HUMANOIDE
IMPRESSO EM 3D EM UMA PRÓTESE SENSORIAL DE
MEMBRO SUPERIOR

Gustavo Pasqua de Oliveira Celani de dois tipos de sensores (piezoelétrico e


Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) resistivo) no qual o resistivo se mostrou mais
Guaxupé – MG eficiente para a proposta.
Roberto Luiz Assad Pinheiro PALAVRAS-CHAVE: Prótese de antebraço,
Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) sensoriamento, impressão 3D.
Niterói – RJ
Mariana Brandão Silvério ABSTRACT: This article discusses the
Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) possibility of adapting an open source project
Bom Repouso – MG arm of a humanoid robot in a printed prosthesis
Rani Sousa Alves in 3D. Hand, wrist and forearm were printed
Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) in white ABS filament that was introduced into
Barra Mansa – RJ a sensing system that captures the touch and
Elisa Rennó Carneiro Dester software responsible for presenting the reading
Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) of the information. We made a prototype of the
Santa Rita do Sapucaí – MG resistance test, which bore an average of 3.86
Fabiano Valias de Carvalho ± 0.22kg and uptake test two types of sensors
Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) (piezoelectric and resistive) at which the resistor
Santa Rita do Sapucaí – MG is more efficient for the proposal.
KEYWORDS: Forearm prosthesis, sensoring,
3D printer.
RESUMO: Este artigo aborda a possibilidade de
adaptar um projeto open source do braço de um
robô humanoide em uma prótese impressa em 1 | INTRODUÇÃO
3D. Foram impressas a mão, pulso e antebraço
em filamento de ABS branco, aos quais foi Por definição, amputação é a perda
introduzido um sistema de sensoriamento para segmentar ou total de um membro. Suas
captação do toque e desenvolvido um software consequências não se restringem ao
responsável por apresentar a leitura das comprometimento anatômico, sendo causas
informações captadas. Realizou-se um teste também das alterações de imagem corporal e
de resistência do protótipo, que suportou uma desempenho funcional do amputado (Spence,
média de 3,86 ± 0,22kg e um teste de captação 2000).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 5


As próteses possuem funções muito além da restauração física e sua necessidade
foi percebida há milhares de anos. Os relatos das primeiras próteses de membro
superior (mmss) datam de cerca de 200 d.C., feitas em aço (Silva, 2008). No ano de
2011, Ivan Owen desenvolveu uma prótese para uma criança sul afriacana e percebeu
que logo teria que trocá-la emdecorrência do seu crescimento. Por este motivo, Ivan
começou a estudar impressoras 3D para desenvolver próteses que pudessem ser
impressas. Ele desenvolveu o primeiro modelo funcional de prótese impressa em 3D.
Desde então, uma série de estudos foram iniciados mundialmente e percebeu-
se que o elevado custo de produção poderia ser reduzido a partir da utilização da
impressão 3D na confecção das partes mecânicas das próteses. Atualmente, na
internet, existem diversos projetos abertos para impressão de próteses de mmss de
baixo custo, como por exemplo a ONG Enabling the Future, que disponibiliza alguns
tipos de próteses com acionamento mecânico, em sua maioria para pessoas com a
articulação do punho intacta.
Diante do exposto, o objetivo foi adaptar um projeto de braço mecânico de um
robô humanóide impresso em 3D para ser utilizado como uma prótese sensorial.

2 | PROTÓTIPO

Para a construção do protótipo foi escolhido o projeto open source de um robô


humanoide INMOOV (Langevin, 2015). O protótipo foi totalmente impresso em 3D
utilizando-se a impressora prt1 (B3D). Usou-se como material a acrilonitrilabutadieno
estireno (do inglês, acrylonitrilebutadienestyrenes – ABS), sendo gastos 884g de ABS,
sendo necessárias aproximadamente 67h de impressão. O protótipo da prótese possui
50cm de altura, 13cm de largura e 22cm de mão, como pode ser observado na Figura
1.

Figura 1 – Dimensões do protótipoe disposição de 5 servo motores no antebraço, responsáveis


pela movimentação dos dedos.

Para realizar os movimentos dos dedos e do pulso, foram utilizados, ao todo,


6 servo motores (Tower Pro®). Cinco foram fixados no antebraço (Figura 1) e eram

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 6


responsáveis pela movimentação dos dedos de forma independente (um motor
para cada um dos cinco dedos) e o sexto motor, responsável pela movimentação do
pulso, foi fixado no próprio pulso. Quando o motor é configurado para 0º, o dedo fica
completamente estendido, enquanto a configuração de 180º o flexiona por completo,
nas configurações entre 0º e 180º o dedo fica em uma posição intermediária.
Presos aos eixos dos motores existem fios de nylon (Dourado®), com espessura
de 0,6mm constituídos 100% de poliamida com resistência de 17kgf, responsáveis
por ligar os dedos aos seus respectivos motores para que ocorra o movimento. Já no
processo de junção dos dedos foi utilizada uma solução preparada (Tigre®) constituída
de acetona dissolvida em ABS.
O teste de resistência foi realizado em quintuplicata utilizando novos conjuntos
de dedos impressos nas mesmas condições, sendo: 70% de densidade e 0,84mm de
camada. Foram gastos 62g e 20,28m de filamento de ABS totalizando 9h44min para
imprimir cada conjunto. O teste se consistiu na aplicação de massas sobre os dedos
simulando o ato de carregar uma sacola plástica.
Com o protótipo ortogonal ao chão segurando uma sacola plástica de massa
desprezível foram adicionadas, gradualmente, massas de 50g. Para cada adição de
massas, o protótipo era submetido a 3 minutos ininterruptos de suporte, com intervalo
de 1 minuto de descanso. Durante o descanso, a sacola contendo as massas era
totalmente removida e o protótipo permanecia na mesma posição com os dedos
completamente flexionados. Foram anotados a massa suportada e o tempo do teste a
cada alteração estrutural (trincas no ABS). O teste foi continuado até a impossibilidade
estrutural do protótipo de segurar a sacola.
No experimento foram estudados os seguintes parâmetros: a massa suportada
até o trincamento de pelo menos um dos dedos (massa de trincamento), massa total
suportada até a queda da sacola, bem como os tempos nos quais ocorreram cada
evento e os comprimentos dos fios de nylon.
Os valores relacionados à massa de trincamento e a máxima massa suportada
passaram por estatística descritiva e foram comprovados pelo teorema de Chebyshev.
Os dados referentes ao comprimento dos fios apresentaram distribuição normal e
foram comparados por meio do teste t-student com intervalo de confiança de 5% (p ≤
0,05).

3 | SENSORIAMENTO

Para o sensoriamento do protótipo foram estudados dois tipos de sensores


de pressão, o sensor piezoelétrico MEAS®, normalmente, utilizado para mensurar
flexão, toque, vibração ou choque e com um menor custo, e o sensor resistivo
InterlinkEletronics® (do inglês, force sensing resistor - FSR). Os sensores possuem,
respectivamente, 3,125cm² (Measurement, 2008) e 3,23cm² (Bebionic, 2016) de área
tátil.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 7


Para definir qual sensor se adequaria melhor a proposta, foi realizado um teste
no qual, gradualmente, foram aplicados corpos de prova de ferro com massas de 50g
sobre a área sensitiva do sensor. Cada corpo de prova permaneceu em contato com
o sensor por 1 minuto e analisou-se a média da tensão de sua resposta em uma faixa
de 50g até 950g. Para analisar uma possível diferença de comportamento, os testes
foram realizados com dois tipos de materiais. O ferro foi utilizado para representar
materiais condutores, e para a simulação de materiais isolantes, foi colocada uma fina
borracha de massa desprezível entre o sensor e o corpo de prova.
Para quantizar o toque, a variação de tensão sobre o sensor foi lida pelo
microcontrolador (Arduino® Due®) analogicamente.

4 | SOFTWARE

Foi desenvolvido um software em Java que permite o acompanhamento de


cada sensor. Ele fornece informações como o status do sensor (ativo ou inativo) e a
intensidade do toque em uma escala de 0 a 100, sendo 0 a ausência de toque e 100
a intensidade máxima captada pelo sensor (Figura 2).
Na Figura 2, à esquerda, tem-se a disposição dos sensores (numeração feita para
facilitar a identificação e tornar a interface gráfica do software mais clara ao usuário),
sendo que em vermelho são sensores inativos, enquanto em verde, aqueles que estão
em contato com alguma superfície. A representação da intensidade também é feita
por meio de esferas na região do toque, que têm raios proporcionais à intensidade
aplicada.

Figura 2 - Interface gráfica do software.


Exemplo de ativação dos sensores 2, 4, 8 e 10 com diferentes intensidades.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 8


5 | RESULTADOS

O protótipo tem uma massa total de 902g, sendo capaz de movimentar


independentemente seus 5 dedos e punho utilizando 6 servo motores. Isto possibilita
o manuseio de inúmeros objetos.
Em todos os cinco experimentos observou-se que o dedo mínimo trincou (Figura
3), sendo que em três, o dedo chegou a soltar a sacola.
Pela estatística descritiva, constatou-se que o protótipo resiste a uma carga
média de 3,86 ± 0,22kg (mediana de 3,90kg). O tempo total médio para que a sacola
viesse ao chão foi de 2h52min42s, com desvio padrão de 13min46s.

Figura 3 - Distribuição desigual da tensão da carga sobre os dedos da prótese.

Na Tabela 1, apresentam-se os valores das massas e os tempos de trincamento


do dedo mínimo, a carga máxima e o tempo total em que a carga foi suportada pelo
protótipo para cada teste.

Massa de trin- Tempo de trin- Carga máxima Tempo total su-


Número do
camento dedo camento dedo suportada portado
Teste
mínimo (Kg) mínimo (h) (Kg) (h)
1 3,55 2:35:10 3,95 2:59:10
2 3,25 2:15:17 3,50 2:30:17
3 3,65 2:40:25 3,90 2:55:25
4 3,90 2:55:02 4,10 3:07:02
5 3,60 2:36:35 3,85 2:51:35

Tabela 1: Teste de resistência do protótipo. Apresenta-se a massa e o tempo de trincamento do


dedo mínimo, o tempo e valor da carga máxima suportada e o tempo total de duração do teste.

A média da carga máxima suportada pelo protótipo foi 3,86Kg, com desvio
padrão de 0,22Kg e variância de 0,05Kg². Utilizando o intervalo das massas obtidas
no teorema de Chebyshev (3,50Kg a 4,10Kg), constatou-se uma confiabilidade dos
resultados de 89,48% (Figura 4).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 9


Figura 4 - Gráfico de análise das cargas máximas suportadas.

Onde Mx é a média (3,86Kg), Sx é o desvio padrão (0,22Kg) e K é a constante proveniente do


teorema de Chebyshev (1,39 para este caso).

Os dados referentes ao comprimento dos fios apresentaram distribuição normal


e suas variações não foram significativas.
No que se refere ao sensoriamento, quando em contato direto com apenas 1
corpo de prova de 50g (condutor), o sensor piezoelétrico atingiu seu máximo de tensão
mensurável. E quando colocado um material isolante (borracha) entre o sensor e o
corpo de prova, não houve resposta do sensor.
Entretanto o sensor resistivo, apresentou um comportamento logarítmico
semelhante para os ambos tipos de materiais (isolante e condutor). As respostas
médias medidas no intervalo de tempo dos dois tipos de sensores são demonstradas
na Figura 5.

Figura 5 - Comportamento dos sensores de pressão resistivo e piezoelétrico.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 10


6 | DISCUSSÃO

Houveram alguns parâmetros passados pelo projeto que foram alterados para
uma otimização do protótipo. Dentre eles, dois se destacam: a densidade, que precisou
ser aumentada de 30% (Langevin, 2015) para 80% devido à fragilidade e deformação
das peças impressas; e as espessuras de algumas peças que tiveram que variar de
0,84mm a 1,68mm, dependendo da necessidade.
Como a configuração de posição dos dedos pode ser feita de 0º a 180º, existem
180 posições diferentes em que o dedo pode se encontrar. Isto proporciona uma maior
precisão em seus movimentos.
Com a realização do teste de resistência, observou-se que este modelo do
protótipo não está adequado para um modelo funcional. A partir da visualização da
Figura 3, pode-se constatar que a anatomia da prótese fez com que a carga não se
distribuísse igualmente entre os quatro dedos, tensionando mais os dedos indicador e
mínimo. Possivelmente, o rompimento da articulação proximal do dedo mínimo se deu
ao fato deste dedo ser menos resistente que o dedo indicador, uma vez que possui
menos material e também pelo efeito de alavanca causado pela anatomia do protótipo.
Quando comparada sua resistência com a resistência de próteses existentes no
mercado, o protótipo chega a ter uma resistência 11 vezes menor que uma prótese de
mão biônica (Bebionic, 2016). Porém, é válido levar em consideração que os materiais
utilizados em sua confecção são diferentes do protótipo testado. Isto mostra que,
possivelmente, além da anatomia do protótipo o seu material também contribuiu para
sua baixa resistência. Todavia, testes funcionais de resistência são ainda necessários
para avaliar o real desempenho do protótipo.
A partir do teste realizado com os sensores, foi constatado que o sensor resistivo
(InterlinkEletronics®) seria a melhor escolha se comparado ao sensor piezoelétrico
(MEAS®). Isto se deu ao fato do sensor resistivo apresentar um comportamento
logarítmico preciso (Interlink Eletronics, 2016) para ambos os tipos de materiais,
enquanto o sensor piezoelétrico não ter respondido adequadamente aos materiais,
corroborando com a literatura (Camargo, 2008). Isto pode ter ocorrido pelo fato da
borracha possuir certa elasticidade,o que, consequentemente, amortece a deformação
do sensor e impede o efeito piezoelétrico (Massucato, 2010). A partir da determinação
do melhor tipo de sensor, serão acoplados 10 sensores resistivos no protótipo,
sendo 5 nas falanges distais e 5 nas falanges proximais a fim de conferir um amplo
sensoriamento e melhor controle dos movimentos.
A variação de tensão provocada por um dos sensores é lida pelo microcontrolador
Arduino® Due® analogicamente, ou seja, em uma escala que varia de 0 a 1023,
devido ao fato deste microcontrolador possuir um conversor analógico/digital (A/D)
de 10-bits (ATMEL). Observou-se que entre 50g e 200g o sensor resistivo obteve um
comportamento próximo de linear, indicando melhor desempenho nesse intervalo. Isto
ocorreu porque no circuito divisor de tensão, presente na leitura do sensor, foi utilizado

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 11


um resistor de 10kΩ, porém, este valor de resistência pode ser alterado a fim de se
obter uma resposta mais precisa para diferentes faixas de massa (Interlink Eletronics,
2016).
Para realizar o feedback sensitivo ao usuário, pretende-se usar estimulação
eletrotátil, como sugerido por Nohama, Lopes e Cliquet (Nohama, 1995). Pretende-se
também implantar um sistema de controle eletromiográfico que permitirá que o usuário
controle o protótipo por estímulos musculares. Almeja-se produzir uma nova prótese
otimizando suas características como, por exemplo, seu peso e sua resistência, além
de sua anatomia para que ela se encaixe melhor em um modelo funcional. A partir de
testes em pacientes amputados, deseja-se avaliar a funcionalidade do protótipo.

7 | CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o protótipo ainda não está adequado para substituir um
membro superior amputado. Isto se evidencia em decorrência de sua elevada massa
total e sua baixa resistência. O sensor resistivo InterlinkEletronics® foi escolhido
para o sensoriamento do protótipo uma vez que apresentou melhores resultados se
comparado ao sensor piezoelétrico MEAS®. Futuramente, o software passará por um
processo de melhorias e detalhamentos, além disso, outros testes serão realizados no
protótipo, tais como resistência mecânica, peso e funcionalidade anatômica.

8 | AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPEMIG pelas bolsas de estudo da pesquisa e ao


CDTTA (Centro de Desenvolvimento e Tratamento de Tecnologia Assistiva) pela
disponibilidade de recursos, equipamentos e infraestrutura.

REFERÊNCIAS
ATMEL, ATmega 640/V - 1280/V - 1281/V 2560/V - 2561/V 8-bit Atmel microcontroller with
16/32/64KB In-System Programable Flash Datasheet. pp. 268. 2016.

Bebionic. Techinical Information. Disponível em: http://bebionic.com/distributor/documents/


bebionic3_Tech_Manual_web.pdf. Acessado em: 29/01/2016.

Camargo DR. Desenvolvimento de um Protótipo de uma Prótese Antropomórfica para Membros


Superiores. Universidade de São Paulo. pp. 124, 2008.

Interlink Eletronics. FSR - Force Sensing Resistor, Integration Guide and Evaluation Parts
Catalog. Version 1.0. Rev D. 2016.

Langevin G. Hand and Forarm - InMoov Open Source 3D Printed Life-Size Robot. 2015.
Disponível em: http://www.inmoov.fr/hand-and-forarm. Acessado em: 18/11/2015.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 12


Massucato F, Martins GL, Silva H, Paula TR. Análise das Propriedades Mecânicas de Materiais
Poliméricos. 2010. Universidade Estadual de Campinas. Disponivel em: http://www.fem.unicamp.
br/~assump/Projetos/2010/g5. Acessado em 10/07/2016.

Measurement. S.LTD with Crimps Vibrations Sensor/Switch.LTD0-028k piezo vibration. Rev1.


2008.

Nohama P, Lopes AV, Cliquet AJr. Electrotactile Stimulator for Artificial Proprioception - Artificial
Organs. ISSN: 0160.564-X. pp. 225-230, 1995.

Silva E. Amputados de Membros Superiores, em Terapia Ocupacional. 2008. Disponível em:


https://tocupacional.wordpress.com/2008/08/10/amputa dos-de-membros-superi ores-mmss/.
Acessado em: 27/10/2015.

Spence AP. Anatomia humana básica. São Paulo: Manole, 2000.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 2 13


CAPÍTULO 3
doi
MAO3D - PROTETIZAÇÃO E REABILITAÇÃO DE MEMBRO
SUPERIOR ADULTO COM A TECNOLOGIA DE
IMPRESSÃO 3D

Maria Elizete Kunkel 3D é um princípio de fabricação utilizado


Universidade Federal de São Paulo UNIFESP, em aplicações na engenharia biomédica
Instituto de Ciência e Tecnologia como customização de órteses e próteses. O
São José dos Campos - SP Programa Mao3D da Unifesp desenvolveu um
Patrícia Bettiol Abe processo de protetização e reabilitação para
Universidade do Vale do Paraíba, UNIVAP, uma mulher adulta vitma de agressão física. Este
Faculdade Ciências da Saúde
capítulo apresenta a evolução deste estudo de
São José dos Campos - SP caso cujos objetivos foram: 1) Criar um modelo
Marcelo Pasqua feminino de prótese mecânica de mão, a partir
Marcelo Pasqua Studios de modificações estruturais de modelos open
São Paulo – SP source infantis, para manufatura por impressão
Israel Toledo Gonçalves 3D, 2) Avaliar o desempenho da prótese por
Universidade Federal de São Paulo UNIFESP, meio de uma equipe interdisciplinar e 3) Realizar
Instituto de Ciência e Tecnologia
a reabilitação da voluntária. O modelo completo
São José dos Campos - SP
da prótese de membro superior desenvolvida
Lucas de Macedo Pinheiro estará disponibilizado no site do Mao3D www.
Universidade de Brasília, UnB
mao3d.com.br. O modelo criado consiste de
Brasília – DF um novo modelo de mão com a parte do braço
Sandra Maria Rodrigues adaptada do Team Unlimbited Arm. Com o uso
Lexis Psicologia da prótese a voluntária conseguiu realizar a
São José dos Campos - SP maioria das tarefas pré-estabelecidas na etapa
de reabilitação. Mais estudos precisam ser
realizados para avaliar o uso de prótese a longo
RESUMO: Diversos tipos de traumas como
prazo.
acidentes de trabalho ou trânsito, sequelas de
PALAVRAS-CHAVE: prótese de mão,
doenças adquiridas ou casos de agressões
impressão 3D, manufatura aditiva, engenharia
físicas resultam em amputação traumáticas
biomédica, Mao3D.
de membro superior. Nestes casos, próteses
de mão podem auxiliar o usuário visando sua
ABSTRACT: Various types of trauma such as
autonomia, independência, qualidade de vida e
work or traffic accidents, sequelae of acquired
inclusão social. Manufatura aditiva ou impressão
diseases or cases of physical aggression result

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 14


in traumatic upper limb amputation. In these cases, hand prostheses can help the user
with autonomy, independence, quality of life and social inclusion. Additive manufacturing
or 3D printing is a principle used in biomedical engineering applications such as orthotic
and denture customization. The Mao3D Program of Unifesp has developed a process
of protection and rehabilitation for an adult female victim of physical aggression. This
chapter presents the evolution of this case study whose objectives were: 1) To create a
female model of mechanical hand prosthesis, from structural modifications of children's
open source models, to manufacturing by 3D printing, 2) To evaluate the performance of
the prosthesis by middle of an interdisciplinary team and 3) Rehabilitate the volunteer.
The complete model of the developed upper limb prosthesis will be available on the
Mao3D website www.mao3d.com.br. The created model consists of a new hand model
with the adapted arm part of Team Unlimbited Arm. With the use of the prosthesis, the
volunteer was able to perform most of the tasks pre-established in the rehabilitation
stage. More studies are needed to evaluate the use of prostheses in the long term.
KEYWORDS: hand prosthesis, 3D printing, additive manufacturing, biomedical
engineering, Mao3D.

1 | INTRODUÇÃO

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil


tem cerca de 25% da população com algum tipo de deficiência. Anomalias congênitas
afetam entre 1 e 2% dos nascidos vivos. Desta população, aproximadamente 10%
possuem deformidades dos membros superiores (Chung 2011; França Bisneto 2011).
A maioria dos casos de anomalia congênita da mão são resultado de malformação
do feto durante alguma fase da gestação. A brida amniótica, por exemplo, é a
consequência de traumatismo intrauterino que resultam em malformação das mãos do
feto que pode nascer com a ausência de um ou mais dedos (Matic e Komazec 2009).
Além disso, diversos tipos de traumas como acidentes de trabalho ou de trânsito,
sequelas decorrentes de doenças adquiridas ou até mesmo casos de agressões
físicas podem resultar em uma amputação traumáticas de membro superior. Com a
perda da capacidade manipulatória, o indivíduo passa a ter uma vida menos funcional,
mais dependente e com limitações para exercer atividades relacionadas com a rotina
pessoal como educação, trabalho e lazer.
A Tecnologia Assistiva abrange todo dispositivo, recurso tecnológico ou serviço
desenvolvido para proporcionar mais autonomia, independência e inclusão social à
pessoa com deficiência (Cook 2001). Próteses de mão são dispositivos de tecnologia
assistiva criados com a função de substituir o membro ausente visando a autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social do usuário. Devido à sua natureza
interdisciplinar, a criação de uma prótese de mão e a reabilitação do usuário para
o bom uso deste dispositivo, requer a integração de várias disciplinas de diferentes
áreas de conhecimento, como engenharia, medicina, terapia ocupacional, psicologia,

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 15


design e outras. Desse modo, desenvolver uma prótese de mão com custo acessível
e boa funcionalidade requer um processo inovativo e interdisciplinar.
A biomecânica da mão humana é algo ainda muito difícil de ser reproduzido,
assim, desenvolver uma prótese de mão é complexo pois este dispositivo deve ser
uma estrutura articulada que possa ser facilmente acionado, de tamanho reduzido, com
boa resistência mecânica e peso adequado (Loenert, 2018). Além disso, em muitos
casos a prótese de mão precisa ser personalizada pois cada caso tem um anatomia
diferenciada e requer um bom ajuste da prótese com o formato do coto de acordo com
a necessidade do usuário. A personalização de um dispositivo de tecnologia assistiva
eleva o custo final e o tempo de produção. Outra etapa muito importante no processo de
protetização é o processo de reabilitação pois é ele que permite que o usuário aprenda
a utilizar a prótese para realizar as tarefas do dia a dia como manipular objetos, se
alimentar, fazer higiene pessoal e etc (Loenert, 2017a).
As próteses convencionais de membro superior podem ser do tipo estética,
mecânica ou automatizadas, de modo geral os modelos mais acessíveis disponíveis
no mercado apresentam muitas limitações funcionais e uma taxa de abandono de
uso em torno 90%. Um dos motivos do abandono está no fato das próteses serem
feitas em escala industrial, ou seja, exatamente iguais. Como cada pessoa apresenta
características únicas, conhecer e levar em consideração as deformidades anatômicas,
mobilidades articulares e mesmo a condição do tecido do coto, é excencial para
se desenvolver uma boa prótese. Não levar em considerações tais fatores, inplica
diretamente na má reabilitação do usuário. Se o processo de reabilitação não for
bem concluido, inevitavelmente o usuário não conseguirá utilizar a prótese em seu
cotidiano. A prótese de membro superior estética tem a função apenas de representar
o aspecto visual do membro sendo passiva, a prótese mecânica é articulada e pode
ser acionada pelo movimento de uma articulação do braço e a prótece automatizada
por ser do tipo mioelétrica com sensores em contato com a pele para acionar motores
que irão fazer a articulação dos dedos.
A manufatura aditiva ou impressão 3D engloba um conjunto de tecnologias
que permitem a criação de objetos físicos em vários tipos de materiais a partir de
modelos virtuais em 3D (Volpato, 2017). Inicialmente, a impressão 3D foi aplicada
em áreas industriais como desenvolvimento de produtos otimizados e de qualidade.
Nos últimos anos, a impressão 3D tem sido aplicada também na área de saúde
como uma ferramenta para a criação de órteses, próteses e biomodelos para ensino,
planejamento e treinamento cirúrgico (Kunkel, 2019). O processo de impressão 3D
Moldagem por Fusão e Deposição FDM (Fused Deposition Modeling) permite que
um objeto seja construído por deposição de um polímero extrudado sobre uma mesa
com movimentação vertical. A cabeça de extrusão se movimenta no plano x-y e é
alimentada por um filamento de polímero que é aquecido para ser dispensado na
forma de filetes em estado pastoso formando a estrutura física de um objeto. Dentre
os diversos processos de impressão 3D existentes atualmente, o FDM é o mais
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 16
acessível. O mercado nacional dispõe de diversos tipos de impressoras de baixo custo
e filamentos de polímeros e diversas plataformas na internet disponibilizam modelos
em 3D de diversos tipos de objetos com licença de uso livre, os modelos open source
(Loenert 2016a, 2017b).
O primeiro modelo open source de prótese mecânica de mão infantil manufaturado
por impressão 3D foi criado no projeto Robohand, na África do Sul em 2013 (Fig.1).
Comparada com uma prótese comercial, a prótese mecânica feita por impressão 3D
tem uma produção simples e com custo mais baixo. A prótese é feita com material
plástico, o que permite que ela seja leve e viabiliza, a uma criança sem membro, a
realização de diversas atividades como escrever, brincar de bola ou bicicleta e segurar
objetos pequenos (Robohand, 2013). A Organização Não Governamental ONG e-Nable
foi criada nos EUA em 2014 baseada no projeto Robohand (Schull, 2014). A e-Nable
é formada por milhares de voluntários de todo o mundo, principalmente americanos,
que colaboram juntos com o desenvolvimento de novos modelos de próteses de mão
e braço open source, impressão e montagem de próteses para doação às crianças ou
divulgando e ensinando como as próteses podem ser feitas (e-Nable, 2014) (Fig. 1).
Em 2017 foi criado um segmento da e-Nable no Brasil, ainda são poucos os voluntário
que atuam neste contexto, se destacam a ONG Dar a Mão e o Programa Mao3D.

Fig. 1 – Prótese de mão mecânica infantil feitas por impressão 3D dos projetos Robohand e
e-Nable.
Fonte: (Robohand, 2013 e e-Nable, 2014).

O Programa Social de Extensão Mao3D do Instituto de Ciência e Tecnologia da


Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) foi criado em 2015 para reproduzir
os modelos de prótese da e-Nable e doar estes dispositivos sem custo para crianças

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 17


que precisam (Loenert 2016a e b) (Fig. 2). O Mao3D é formado por estudantes de
bacharelado em ciência e tecnologia e engenharia da UNIFESP e conta com a ajuda de
voluntários externos na área de design e saúde. O Mao3D esta alinhado com a missão
da UNIFESP de promover o avanço do conhecimento através de ações de ensino,
pesquisa e extensão. As atividades de extensão do Mao3D estão vinculadas com o
curso de Engenharia Biomédica que tem como fundamentos a interdisciplinaridade,
excelência e inclusão social (Kunkel 2017). Videos disponíveis em ww.mao3d.com.
br

Fig. 2 – Próteses de mão mecânica infantil feitas por impressão 3D do Programa Mao3D.

Atualmente, um grande número de próteses feitas por impressão 3D têm sido


doadas na maioria dos casos para crianças. No entanto, ainda faltam estudos mostrando
evidências sobre a aceitação, funcionalidade e durabilidade destes dispositivos.
A grande vantagem do uso de impressão 3D para fazer próteses de membros é a
possibilidade de personalização com variação de cores, formas, tamanhos e modelos
(Ganga 2016, ten Kate et al, 2017). No início de 2018, uma equipe do Mao3D criou uma
próteses de mão por impressão 3D para uma mulher adulta, este capítulo apresenta a
evolução deste estudo de caso. Os objetivos deste estudo foram: 1) Criar um modelo
feminino de prótese mecânica de mão a partir de modificações estruturais de modelos
open source infantis para manufatura por impressão 3D, 2) Avaliar o desempenho
da prótese por meio de uma equipe interdisciplinar e 3) Realizar a reabilitação da
voluntária.
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 18
2 | MÉTODOLOGIA E RESULTADOS
2.1 Caso estudado
A voluntária do estudo é uma mulher de 31 anos residênte em Campo Novo do
Parecis (MT) que foi agredida fisicamente com um objeto cortante adquirindo várias
lesões pelo corpo. A voluntária passou por cirurgias reparadoras de amputação nos
dois membros superiores que resultou em uma amputação de desarticulação de
punho do lado esquerdo e uma amputação transradial do terço distal no lado direito.
Em casos de amputação bilateral como este, o uso de próteses de mão pode ajudar o
usuário na realização de atividades do dia a dia. Entre janeiro e fevereiro de 2018, uma
equipe do mao3D foi formada para a criação de uma prótese de membro superior para
atender a este caso. Como a voluntária é destra a equipe optou por fazer inicialmente
uma prótese de mão para o membro superior direito.

2.2 Equipe interdisciplinar


A criação da prótese de mão personalizada e o processo de reabilitação requerem
informação de várias áreas para atender as necessidades do usuário. Neste estudo foi
formada uma equipe interdiciplinar (Fig. 3):

Nome Área de atuação Instituição Função


Maria Elizete Kunkel Biomecânica Unifesp Coordenação
Patricia Bettiol Abe Terapeu Ocupacional Univap Reabilitação
Sandra Maria Rodrigues Psicóloga Lexis Psicologia Atendimento psi-
cológico
Marcelo Pasqua Designer gráfico Marcelo Pasqua Stu- Modelagem 3D
dios
Lucas de M Pinheiro Eng. Mecâtrônica UnB Impressão 3D
Israel Toledo Gonçalves Protetista e podólogo Unifesp Montagem e re-
vestimento
Clinton A do E Santos Eng. Biomédica Unifesp Apoio na Impres-
Mariana Mineiro são 3D
Paloma Gonçalves
Viviane Mariano
Natália A dos Santos
Renato Spenser e Ever- Assessoria técnica e-Nable Brasil Assessoria téc-
ton nica
Fig. 3 – Equipe interdisciplinar do Programa Mao3D

2.3 Entrevistas com psicologa e terapeuta ocupacional para prescrição da


prótese
Inicialmente a voluntária recebeu atendimento psicológico sobre a espectativa e
aspectos emocionais com relação à aquisição e utilização da próteseo Este atendimento
visou reduzir a frustação e o risco de abandono do uso da prótese. Durante o processo
de protetização e reabilitação foram realizados mais 4 atendimentos. A voluntária
foi atendida também pela terapeuta ocupacional que é a profissional que prescreve
a prótese. Os objetivos dos encontros foram: 1) Definir o modelo de prótese mais

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 19


adequado para a voluntária com base no exame do coto e articulação do cotovelo, 2)
Realizar testes para avaliar a condição fisíca do coto em relação à força, amplitude
articular e sensibilidade e 3) Determinar as principais necessidades funcionais. Neste
caso, Um modelo de prótese mecânica de mão acionado pela articulação do cotovelo
foi definido como sendo o mais adequado. A avaliação sensitiva realizada na região
das cicatrizes para determinar possível hipersensibilidade, anestesia, sensação de
membro fantasma, mostrou que a voluntária não apresentaou nenhuma alteração. As
principais necessidades de atividades de vida diária descritas pelaa voluntária foram
alimentação, andar de bicicleta, fazer a higiene independentemente no banheiro e as
atividades de cuidado com a casa.

2.4 Definição dos requisitos e modelo da prótese de mão


Utilizando uma metodologia de design thinking, os seguintes requisitos foram
definidos para a prótese de mão desenvolvida neste estudo: Baixo custo, produção
das peças em polímero por impressão 3D, conforto e facilidade de uso, boa aparência
estética, funcionalidade, boa resistência mecânica com acionamento pelo cotovelo.
Até o momento da execução deste projeto não existiam modelos open source de
prótese mecânica de mão para adultos, todos os modelos disponíveis são lúdicos para
agradar o público infantil. Neste estudo foi idealizado a criação de um novo modelo de
mão adulta com características femininas. O designer criou um novo modelo da mão
e para a parte do braço foi utilizado um modelo open source da e-Nable originalmente
projetado para criança. O desafio aqui foi adequar o modelo de prótese infantil para o
uso adulto.

2.5 Aquisição das medidas antropométricas da usuária.


De modo geral, uma prótese de membro superior é feita baseada na medida
dimensionais do membro contralateral do usuário. Neste caso de estudo, como a
voluntária apresentava uma amputação bilateral não havia a possibilidade de fazer
a prótese com a medida exata do membro perdido. As medidas do coto da voluntária
foram adquiridas com um fita métrica (Fig. 4a) e por escaneamento 3D com o scanner
Isense (Fig. 4b). A solução encontrada pelo designer para fazer o modelo da mão foi
criar o modelo 3D baseado em fotos e medidas da mão da mãe da voluntária (Fig. 4c
e d).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 20


Fig.4 – Processo de aquisição das medidas: A) Medidas diretas com uso de fita métrica, B)
Digitalização do coto, C) e D) Mão da mãe da voluntária e suas respectivas medidas que
serviram de base para a modelagem 3D da prótese de mão.

2.6 Modelagem 3D da prótese


A modelagem da parte da mão da prótese foi feita com o software de escultura
digital ZBrush. Em relação à estética foram reproduzidos os traços da mão da mãe
da voluntária para que a peça ficasse mais delicada. Alguns critérios importantes com
a posição do polegar foram considerados no design final da prótese para permitir a
função de pinça entre os dedos. O desenho da mão da voluntária foi redimensionado
para se ajustar ao formato do coto obtido por escaneamento 3D (Fig. 5).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 21


Fig.5 – Modelagem 3D da parte da mão da prótese.

Assim como nos modelos open design da e-Nable, os dedos da mão da prótese
desenvolvida neste projeto foi projetada para serem acionados por um sistema
mecânico de fios tracionadores (Fig. 6). A extremidade proximal dos fios é fixada à
uma base na parte do antebraço da prótese e a distal à ponta de cada dedo. Os fios
são guiados da base até a ponta dos dedos pelo interior das peças proporcionando
flexão e extensão das articulações dos dedos por meio do movimento do cotovelo.

Fig.6 – Modelo 3D da prótese de mão mecânica adulta ajustado ao coto digital da voluntária.

A parte do braço do modelo open source de prótese The UnLimbited Arm v2.1
- Alfie Edition foi utilizado por atender ao tipo de amputação transradial do braço da
voluntária (Team UnLimbited Arm 2016) (Fig.7). Para permitir um melhor ajuste ao
braço da voluntária as medidas foram redimensionadas de modo que a proporção do
modelo original foi modificada.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 22


Fig.7 –
A) Modelo Team Unlimbited Arm v2.1 - Alfie Edition utilizado como base para a modelagem da
parte do braço da prótese, B) Peça original e redimensionada do antebraço.

2.7 Impressão 3D
A etapa de impressão 3D das peças que formam a prótese inclui os seguintes
passos: exportação da geometria tridimensional em STL (formato de arquivo comum
para impressão 3D); verificação da integridade do arquivo; Definição dos parâmetros
de impressão desejadas; exportação em código de máquina; impressão e pós-pro-
cessamento da peça se necessário (Fig. 8).
Neste estudo, todas as peças rígidas que formam a prótese como a palma,
falanges, conectores, antebraço e braço foram manufaturadas em material poliméri-
co termoplástico ácido Polilático (PLA) e as partes flexíveis como a articulação dos
dedos foram manufaturadas em poliuretano (TPU) em uma impressora 3D Sethi3D
Aip (Fig. 8). O PLA é um material biodegradável, rígido, leve, com pouca flexibilidade
e boa resistência em relação a absorção de impacto sendo por isso muito usado na
produção de próteses e órteses pela boa relação preço e qualidade. O TPU foi utili-
zado como filamento flexível para obter elasticidade na conexão entre as falanges e
consequentemente a eficiência no acionamento da prótese.

Fig.8 – Impressão 3D das peças que forma a prótese de mão

2.8 Moldagem, montagem e testes de ajuste da prótese


Após a impressão 3D das peças e antes da montagem da prótese em si é

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 23


realizado o processo de moldagem das peças do antebraço e braço. Para isto, as peças
do braço e antebraço foram aquecidas uma a uma com um soprador térmico com uma
temperatura entre 60°C e 80°C com uma distância das peças de aproximadamente
15 cm para não as danificar. As peças manufaturadas em PLA facilmente torna-se
maleável a esta temperatura e uma vez aquecido, as peças foram modeladas em
uma base circular cônica com dimensões similares ao da voluntária (Fig. 9). Estas
peças são impressas planas pela facilidade e são moldadas após a impressão 3D para
que possam oferecer um bom ajuste ao coto. O processo de montagem da prótese é
feito com fio multifilamento que oferecem maior resistência mecânica e mais força de
tração nos dedos e parafusos roscados para aumentar a estabilidade das articulações
(Fig. 10).

Fig.9 – Resultado do processo de moldagem e montagem da prótese

Fig.10 – Vista anterior e posterior da prótese de membro superior montada

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 24


Após a montagem da prótese foi feito o primeiro teste de ajuste com a voluntária,
durante o teste é possível observar se a prótese está bem dimensionada ou se precisará
voltar para a etapa de modelagem e impressão 3D. Nesta etapa podem ainda ser feito
pequenos ajuste por aquecimento da peça com o soprador térmico (Fig. 11).

Fig.11 – Primeiro teste de ajuste da prótese com a voluntária

Na região das pontas dos dedos foi confeccionada uma ponteira para melhorar
o contato da prótese com objetos criando mais aderência pelo aumento do atrito entre
os dedos e um objeto (Fig. 12). O aumento do atrito é importante na aplicação de
forças ao agarrar um objeto. Assim o material intervém, de maneira proporcional à
área de contato entre o objeto e a mão, evitando o deslizamento.

Fig.12 – Ponteiras foram confeccionadas para melhorar o contato dos dedos com objetos

Os testes de bancada da prótese isolada foram realizados para avaliar o


desempenho da prótese ao exercer a função de garra na realização de tarefas básicas
como agarrar, levantar e sustentar objetos com diferentes características geométricas
(forma e tamanho) e físicas (peso e material).

2.9 Revestimento interno e acessórios para fixação da prótese


O revestimento é uma cobertura feita na parte interna da prótese que entra em
contato com o coto do usuário. Este revestimento protege os pontos de pressão que
tendem a causar dor ou lesões. Para que este revestimento tenha uma boa resposta, é
necessário que o material tenha ótima resistência a abrasão e se possível, capacidade

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 25


de dispersão dos picos de pressão. Neste estudo, o Etíl Vinil Acetato (EVA) com 25%
de borracha em sua composição foi utilizado para o revestimento . O EVA foi aderido
à parte interna da prótese com cola de contato. Ainda nessa etapa foi utilizado abaixo
da camada de revestimento em EVA, o biolatex com densidade de dureza shore 5
para fazer o contato do coto com a palma da prótese (Fig. 13). O Biolátex não tem
resistência a abrasão, mas tem excelente capacidade de dispersão de força e grande
durabilidade. A junção desses materiais oferece mais resistência às forças externas e
conforto sem risco de lesão. Tais revestimentos e a devida aplicação da engenharia
dos materiais, levando em conta as características anatômicas e a biomecânica
do movimento, são essenciais para permitir uma boa reabilitação do usuário. Para
finalizar a prótese foram confeccionados acessórios para fixação da prótese no coto e
realizados mais testes de ajuste com a voluntária.

Fig.13 – Montagem final da prótese: revestimento interno e acessórios para fixação.

2.10 Reabilitação
O processo de reabilitação da voluntária com o uso da prótese desenvolvida
neste estudo foi realizado pela terapeuta ocupacional e acompanhado pela equipe
técnica e psicóloga. A reabilitação consistiu em 5 encontros com a realização de testes
de manipulação de objetos comuns no do dia a dia da voluntária (Fig. 14). A maioria
das atividades foi realizada com sucesso. Além destes testes a voluntária relatou o uso
da prótese para andar de bicicleta.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 26


Fig.14 Diferentes etapas do processo de reabilitação

3 | DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, o desenvolvimento de próteses e órteses no contexto de Engenharia


biomédica está ainda dando os seus primeiros passos. As próteses convencionais
trazem limitações funcionais e elevado custo, se tornando de difícil aplicabilidade.
Próteses mecânica desenvolvida com a tecnologia de impressão 3D são uma boa
alternativa por conta da possibilidade de customização e uso de diversos tipos de
materiais.
Somente uma equipe interdisciplinar trabalhando junto com o usuário com foco nas
suas necessidades específicas pode garantir o sucesso do processo de protetização
e melhoria da qualidade de vida e autonomia. Este estudo trouxe contribuições
importantes no sentido de aprofundar o entendimento da protetização com a utilização
de próteses produzidas por impressão 3D (Fig. 15). No entanto, mais estudos são
necessários para avalição da aceitação do modelo pelo usuário a médio e longo
prazo. Em relação à reabilitação, percebe-se a importância de um acompanhamento
longitudinal de curto e médio prazo. Durante o atendimento psicológico, os medos e
inseguranças da voluntária foram trabalhados visando a reestruturação cognitiva da
mesma e a resiliência para as dificuldades decorrentes da amputação e do processo

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 27


de reabilitação.

Fig.15 – Etapa inicial e final do projeto de protetização e reabilitação de membro superior. Da


esquerda para a direita: Psicóloga, voluntária, Coordenadora e Terapeuta Ocupacional

O modelo completo da prótese desenvolvida neste estudo estará disponibilizado


no site do Mao3D www.mao3d.com.br. Seguem algumas sugestões para estudos
futuros:
• Investigar e conhecer o perfil de qualidade, segurança e efetividade das próte-
ses por meio de ensaios laboratoriais.
• Identificar problemas críticos relacionados à fabricação do material e ao pro-
cedimento de montagem e uso.
• Realização de simulação computacional com as próteses.
• Acrescentar à prótese mecânica mecanismos robóticos com sensores e atua-
dores de modo que a prótese possa ser automatizada por sinais mioelétricos
colhidos das terminações nervosas, tenha um sistema de realimentação e
possa obedecer a um comando do usuário

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Richard Van As e Ivan Owen pela criação da primeira
prótese de mão por impressão 3D no projeto Robohand, a todos os membros da
comunidade global e-NABLE e The Unlimbited pelo desenvolvimento e divulgação
de novos modelos open source, e a todos os voluntários e apoiadores do Programa
Mao3D em especial à empresa Boa Impressão 3D.

REFERÊNCIAS
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principles. Clin Orthop Surg. 2011;3(3):172-7.

Cook AM, Hussey S. Assistive Technologies: Principles and Practices. Mosby – Year Book, Inc.,
2001

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 28


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formação. Rev. bras. Ortop. 2012, vol.47, n.5, pp. 545-552.

Ganga T. 2016. Qual modelo usar? Disponível em https://mao3d. wordpress.com/ 2016/02/18/qual-


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Kunkel ME. 2019. Fundamentos e Tendências em Inovação Tecnológica. Editora Unifesp (pré
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Kunkel, ME. (2017) iMaster. Mao3D- O programa colaborativo que reúne inovação, tecnologia e
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Volpato, N. Manufatura aditiva: Tecnologias e aplicações da impressão 3D. Blucher. 2017 São
Paulo.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 3 29


CAPÍTULO 4
doi
SISTEMA COMPUTADORIZADO PARA APRESENTAR
AS VARIAÇÕES NO CENTRO DE MASSA NO DISCO
PROPRIOCEPTIVO DE FREEMAN

André Roberto Fernandes da Silva das desordens de equilíbrio, bem como na


Universidade de Mogi das Cruzes, Núcleo de avaliação dos efeitos de intervenções clínicas
Pesquisa Tecnológica e terapêuticas. O treinamento funcional utiliza-
Mogi das Cruzes – São Paulo se de sistemas e componentes que utilizam o
Antônio Vinícius de Morais princípio da instabilidade para a aquisição da
Universidade de Mogi das Cruzes, Núcleo de coordenação e equilíbrio. Dentre as estruturas
Pesquisa Tecnológica
utilizadas no treinamento funcional o disco de
Mogi das Cruzes – São Paulo Freeman apresenta-se como um instrumento
Leandro Lazzareschi muito eficiente no auxílio da intervenção
Universidade de Mogi das Cruzes, Núcleo de proprioceptiva. O objetivo deste trabalho foi
Pesquisa Tecnológica
desenvolver um sistema computadorizado
Mogi das Cruzes – São Paulo
para apresentar as variações da distribuição
Silvia Regina Matos da Silva Boschi de massa no disco de Freeman através de um
Universidade de Mogi das Cruzes, Núcleo de
controle eletrônico e um sistema supervisório.
Pesquisa Tecnológica
Os diversos testes realizados em laboratório
Mogi das Cruzes – São Paulo
demonstram que o protótipo feito cumpre os
Terigi Augusto Scardovelli objetivos da pesquisa, demonstrando de forma
Universidade de Mogi das Cruzes, Núcleo de
fiel à posição em que está a maior concentração
Pesquisa Tecnológica
de massa.
Mogi das Cruzes – São Paulo
PALAVRAS-CHAVE: Propriocepção,
Alessandro Pereira da Silva Instrumentação, Centro de Massa.
Universidade de Mogi das Cruzes, Núcleo de
Pesquisa Tecnológica
ABSTRACT: The posture and postural control,
Mogi das Cruzes – São Paulo
can be perceived as the provision of body
segments by composition of angular set of the
RESUMO: A postura, ou controle postural, pode human body in the upright position, and upright
ser percebido como a disposição relativa dos semi-static. The analysis of dynamic postural
segmentos corporais, através da composição do is predictive for the verification of balance
conjunto angular do corpo humano, na postura disorders, as well as the assessment of the
ereta, e, ereta semi-estática. A análise da effects of clinical and therapeutic interventions.
dinâmica postural é preditiva para a verificação Functional training makes use of systems and

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 30


components that use the principle of instability for the acquisition of coordination and
balance. Among the structures used in functional training Freeman disc presents itself
as a very effective tool in helping proprioceptive intervention. The aim of this study
was to develop a computer system to display the mass distribution of variations in
Freeman disc via an electronic control and supervision system. The various tests in the
laboratory show that the prototype made meets the objectives of the research, showing
faithfully the position where it is the largest mass concentration.
KEYWORDS: Proprioception, Instrumentation, Mass Center.

1 | INTRODUÇÃO

A conservação do equilíbrio corporal durante a postura ereta é uma condição


inevitável para o desenvolvimento das atividades de vida diária (ANDRADE et al.,
2011).
A estabilidade é gerada pelos momentos de força sobre as articulações corporais,
que de uma forma geral neutralizam a força da gravidade. As variáveis essenciais
relacionadas ao controle da postura ereta semi-estática determinam as possíveis
alterações que diretamente estão relacionadas com a perda da estabilidade e da
mobilidade. O estudo da dinâmica do controle postural é essencial para o diagnóstico
das desordens do equilíbrio, e com isso, possibilitar a avaliação dos efeitos das
intervenções terapêuticas (ALONSO, BRENCH e GREVE, 2010).
Para ter equilíbrio corporal são necessárias respostas neuromusculares. A
capacidade de regulação dos mecanismos que levam à execução dos movimentos é
chamada de controle motor. O controle motor estabelece direcionamentos corporais a
partir das informações dos receptores proprioceptivos sobre a condição atual do corpo
em relação ao ambiente. Este é responsável pela ativação do conjunto de músculos
responsáveis pela realização dos movimentos (OLIVEIRA et al., 2012).
As respostas neuromusculares necessárias para permitir o controle da postura
estão relacionadas à projeção vertical do centro de gravidade (CG) corporal, que deve
ser mantido dentro da base de suporte (polígono delimitado pelas bordas laterais dos
pés).
A análise da dinâmica postural é preditiva para a verificação das desordens de
equilíbrio, bem como na avaliação dos efeitos de intervenções clínicas e terapêuticas
e de propostas de reabilitação.
A análise do controle postural se dá através da atitude corporal durante dois
momentos específicos: a) durante a postura estática e b) durante a postura dinâmica,
sendo a última uma resposta a superfícies instáveis.
Para manter o equilíbrio em superfícies instáveis o corpo altera a distribuição
de massa, compensando a instabilidade e mantendo o equilíbrio, dessa forma a
distribuição de massa demonstra a resposta corporal à superfície instáveis.
O treinamento funcional em plataformas instáveis é um importante parâmetro

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 31


para a reabilitação e condicionamento neuromuscular, proporcionando a melhora
da coordenação e do padrão de recrutamento neuromuscular. Estudos recentes
concluíram que o treinamento regular em plataformas instáveis previne possíveis
danos articulares e são eficientes na melhora da força muscular, velocidade de reação
e equilíbrio (MAIOR et al., 2009).
Dentre as plataformas instáveis o disco Freeman é o mais utilizado proporcionando
um grande treinamento proprioceptivo. Entretanto, a maioria das plataformas instáveis
comerciais apenas gera instabilidade, não informando as oscilações da distribuição
da massa corporal, enquanto que, as plataformas de força que demonstram são
estáticas e apenas permitem a análise do controle postural durante a postura estática
(FREEMAN, 1965).
Dessa forma, um sistema computadorizado que apresente a distribuição da
massa em dois planos anatômicos ortogonais da articulação de tornozelo (flexão
plantar e dorsiflexão – plano sagital; inversão e eversão – plano frontal) pode fornecer
dados quantitativos e qualitativos para o profissional da saúde, gerando um melhor
aproveitamento do disco de Freeman.
Portanto, o objetivo deste estudo é desenvolver um sistema computadorizado
para apresentar as variações da distribuição de massa no disco de Freeman através
de um controle eletrônico e um sistema supervisório.

2 | MATERIAIS E MÉTODOS

A montagem mecânica para instrumentação do disco de Freeman consiste


basicamente em células de carga, que são montadas por bases acionadoras e por
suportes soldados a um disco metálico de mesmo diâmetro do disco de Freeman no
qual o indivíduo sobe para o ensaio. Esse disco é construído em Aço Carbono SAE
1020 com 2,5mm de espessura e diâmetro Ø395mm.
Os suportes foram concebidos no intuito de proporcionar fixação para os sensores
e mantê-los distantes do disco de Freeman possibilitando o acionamento das células
de carga. Os suportes foram desenvolvidos em formato “U". Esses suportes são
construídos em chapa de Aço SAE 1020 com 4 mm de espessura para que o sensor
tenha curso suficiente para que sua flexão não seja restringida.
Os suportes das células de carga são soldados no disco metálico que são
distribuídos para obter 2 conjuntos de 4 sensores principais para cada pé (Fig. 1).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 32


Figura 1 - Disposição das células de carga para soldagem.

Foi aplicada simulação de tensões no conjunto no intuito de validar as dimensões


adotadas para as partes fixas e móveis. Para a quantificação das tensões resultantes
no equipamento foi adotado o método de elementos finitos através do software
Autodesk® Inventor Professional 2015. A força peso adotada para os ensaios foi de
1200N distribuídos por toda a superfície do disco, o que resultaria em uma pessoa de
aproximadamente 120kgf sobre o equipamento.
Adotada a carga citada e considerando como apoios fixos as superfícies das
bases acionadoras dos sensores, resultou-se em tensão atuante máxima de 247,5 MPa
(Fig. 2) e fator de segurança 1,79 demonstrando que o projeto é robusto o suficiente
para suportar os esforços. A concentração de tensão ocorre na região da célula de
carga onde se encontra o straingauge o que possibilita maiores deformações nessa
área e consequentemente maiores variações de resistência elétrica.

Figura 2 - Tensão máxima atuante no equipamento referente à carga de 1200N.

Para captar as variações de força, foram utilizados sensores straingages


distribuídos na base da plataforma. Foi definido que, no estado de repouso, o sensor
possui 1kΩ e quando é aplicado força, o componente apresenta uma variação de até
5 Ω.
Para gerar o sinal foram utilizadas duas fontes de alimentação de 10 V, o positivo
da fonte 2 foi ligado no negativo da fonte 1, assim é gerado um sinal de +10 V e um sinal
de -10 V. Os dois sinais sofrem uma pequena variação que pode gerar uma imprecisão
de leitura quando amplificado, logo o sinal deve ser mantido o mais constante possível,
para eliminar essa variação foi utilizado reguladores de tensão que reduzem o sinal,

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 33


mas o mantém constante. Para reduzir o ruído no sinal foi disposto um capacitor de 47
µF em cada uma das saídas dos reguladores.
Para gerar uma variação de tensão que pode ser lida pelo controlador foi
necessário montar um divisor de tensão com tensões positiva e negativa seguida
por uma resistência variável e o sensor. A tensão negativa passa pelo sensor e varia
de acordo com a variação da resistência, a tensão positiva por sua vez passa pela
resistência variável que se altera de acordo com o valor da resistência. As duas
tensões se somam e, se o divisor estiver balanceado, se anulam. Para balancear o
divisor deve-se variar o valor da resistência variável com o sensor em repouso até que
a tensão resultante seja o mais próximo possível de zero. A resistência variável de 470
Ω foi colocada em série com um resistor fixo de 680 Ω, dessa forma é possível obter
uma boa precisão no balanceamento das cargas.
A tensão resultante é muito pequena, logo é necessário amplificá-la. Porém
nesse sinal existe um ruído que, quando amplificado, gera uma grande imprecisão na
leitura. Então é necessário implementar um filtro ativo passa-baixa de segunda ordem
de 50 Hz para filtrar esse sinal. Para montar esse filtro foi escolhido o amplificador
operacional LM741.
O sinal foi amplificado utilizando dois amplificadores inversores, um de ganho 10
e outro de ganho 4.7, logo a tensão resultante será amplificado 47 vezes, tornando
assim as alterações no sensor mais aparentes e fáceis de serem lidas e trabalhadas.
Após a amplificação, a variação de tensão fica entre 0 V a + 1.5 V sendo
necessário converter o sinal analógico em sinal digital e vincular com o LabView®. Essa
função é cumprida pela placa de aquisição de dados (DAQ) NI USB-6212 conectado
no computador por cabo USB.
O programa gerado no LabView® envolve a criação de uma área dividida em
diversos setores (Fig. 3), cada setor possui um valor numérico determinado por uma
matriz resultante da multiplicação de duas matrizes (Fig. 4), onde uma matriz determina
o número de setores verticais e as influencias dos sensores 1 e 3, enquanto que a
outra matriz determina o número de setores horizontais e as influências dos sensores
2 e 4. As influências de cada sensor são determinadas pela distância entre o setor e
os sensores, quanto mais distante for o sensor do setor, menor é a sua influência, e
quanto mais perto, maior a sua influência.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 34


Figura 3 - Área de atuação dividida em 15 setores

Figura 4 - Cálculo da influência de cada sensor.

Os valores calculados de cada setor passam por um processo que gera um


número de 0 a 510 em que a cor vermelha é o ponto de maior força calculado através
da soma dos quatro sensores (ST=S1+S2+S3+S4), valor este dado pelo centro de
pressão deslocado, azul claro é o ponto de repouso dos sensores, ou seja, quando
não existe força no sensor e branco representa metade da pressão total (Fig. 5).

Figura 5 - Representação de cores para o ponto de repouso (0) até o ponto máximo (ST).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 35


A matriz de cores é calculada através de um diagrama de blocos montado para
multiplicar os sensores com suas respectivas influencias e então somar os quatro
valores obtidos para descobrir o valor de cada setor. Este diagrama deve ser repetido
com os valores numéricos adequados para cada setor até houver até ter um diagrama
com valores diferentes para cada setor.
Para calcular a massa em kg em cada sensor é necessário inserir a massa em
quilogramas do objeto que será colocado no disco, sabendo a massa total que está
sobre o disco e sabendo a diferença entre cada sensor, é possível calcular a massa em
cada sensor, por exemplo, sabendo que sobre o disco tem uma massa de 100 kg e que
em um sensor tem 20% do valor de tensão da soma de todos os sensores, utilizando
essa proporção é possível calcular que neste sensor tem 20% da massa total, logo
nesse sensor tem 20 kg. Para calcular essa proporção foi utilizada a equação 1.

(1)

Onde:
PS = massa no sensor;
M = massa total no disco;
SL = soma do valor em volts dos quatro sensores do lado em que se deseja
encontrar a massa;
VS = tensão no sensor em que se deseja encontrar a massa;
SS= soma do valor em volts de todos os oito sensores.
Para tornar o sistema mais preciso foi disposto um botão que quando pressionado
vai subtrair os valores do sensor pelo valor do próprio sensor no momento em que o
botão é pressionado, dessa forma qualquer valor lido será zero, isso elimina problemas
como o peso do disco de aço sobre os sensores e diferenças de valores entre os
circuitos.

3 | RESULTADOS

Após todo o processo de simulação e de construção do sistema supervisório,


foi montado o circuito de forma real em uma placa padronizada utilizando as mesmas
condições da simulação. Após os primeiros testes, o dispositivo de sensoriamento
permitiu registros idênticos aos realizados na simulação, para tal a comunicação do
sistema supervisório foi feita através de uma placa de aquisição de dados (DAQ).
Utilizando uma chapa de aço carbono foi produzido um disco com as mesmas
medidas de um disco de Freeman, o disco de aço foi então cortado no meio para
isolar as leituras de cada pé, dessa forma um pé não interfere no outro. As células
de carga (straingauge) removidas das balanças digitais foram então fixadas no disco

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 36


de Freeman e no disco de aço através de suportes dispostos de forma que, quando
aplicar força na chapa de aço, os sensores serão acionados de acordo com a força
aplicada.
A conexão do disco com as placas foi feita através de cabos rede devido a sua
resistência e sua montagem (quatro pares de fio no seu interior), cada par é ligado em
um sensor de um lado, e na placa do outro. A placa é então ligada em uma DAQ, que
por sua vez é ligada em um computador executando o programa por meio de um cabo.
O sistema supervisório foi dividido em três abas. A primeira permite inserir alguns
dados pessoais do voluntário, tais como: nome, idade, sexo e peso.
A segunda aba permite equalizar a distribuição de massa. Esta tela contém
também o botão que zera e calibra a leitura dos sensores para cada voluntario.
A terceira aba apresenta os dados de tensão elétrica em cada sensor, na forma de
valor numérico e de gráfico. Esses dados possibilitam a regulagem dos potenciômetros
sem a necessidade de remover os circuitos da caixa para realizar medições.
O primeiro teste foi verificar se a distribuição de massa está correta, para tanto foi
colocado corpos de prova de massa conhecida (5 kg) em diversas posições no disco
e verificar se o sistema supervisório responde adequadamente. Após, foi realizado um
teste com o autor da pesquisa, visando constatar se o sistema apresentava o mesmo
comportamento com valores de massa de uma pessoa (aproximadamente 70 kg).
A Figura 6a apresenta a utilização do disco na posição flexão plantar. A Figura
6b mostra a resposta do sistema supervisório oriunda da posição flexão plantar
evidenciando que a área onde há maio concentração de carga está no quadrante
superior. A Figura 6c apresenta a utilização do disco na posição dorsiflexão. A Figura 6d
mostra a resposta do sistema supervisório oriunda da posição dorsiflexão evidenciando
que a área onde há maio concentração de carga está no quadrante inferior.
Os testes com os corpos de prova de massa conhecida, bem como o teste utilizando
a massa do autor demonstraram de maneira adequada o posicionamento em que a
força é aplicada, independentemente de sua posição, forma e intensidade. Não houve
alteração no formato do disco de Freeman com isso, não houve comprometimento em
relação ao seu uso normal.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 37


Figura 6 - Teste utilizando a massa do autor. a) Disco na posição flexão plantar; b) Resposta
do supervisório a posição flexão plantar; c) Disco na posição dorsiflexão; d) Resposta do
supervisório a posição dorsiflexão.

4 | CONCLUSÃO

O objetivo desta pesquisa era criar um sistema eletrônico, que agindo em


conjunto com um supervisório produzido no Labview® pudesse demonstrar a
distribuição de massa no disco proprioceptivo de Freeman. Os diversos testes
realizados em laboratório demonstram que o protótipo feito cumpre os objetivos da
pesquisa, demonstrando de forma fiel à posição em que está a maior concentração
de massa. O aprendizado desenvolvido nesse projeto foi possível colocar em prática
muitos conhecimentos teóricos da engenharia elétrica, tais como: desenvolvimento e
simulação do sensoriamento eletrônico, desenvolvimento do sistema supervisório. E
com isso poder contribuir com o aprimoramento de um dispositivo que será utilizado
no processo de treinamento e reabilitação. Uma próxima etapa do estudo poderia
ser o aperfeiçoamento do protótipo de forma que o examinador tenha controle sobre
a plataforma, visando obter diversas inclinações controladas e analisar a reação do
paciente a essas variações por meio do sistema supervisório.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 38


5 | AGRADECIMENTOS

A Universidade de Mogi das Cruzes e a FAPESP (Fundação de Amparo à


Pesquisa do Estado de São Paulo – Processo nº 2013/22947-0) pelo apoio e incentivo.

REFERÊNCIAS
ALONSO, A.C.; BRENCH, G.C.; GREVE, J.M.D.A. Técnicas de avaliação proprioceptiva do
ligamento cruzado anterior do joelho. Acta Fisiátrica, São Paulo, v.17, n. 3, p. 134-140, 2010.

ANDRADE, L. P.; STELLA, F.; BARBIERI, F. A.; RINALDI, N. M.; HAMANAKA, A. Y. Y.; GOBBI, L.
T. B. Efeitos de tarefas cognitivas no controle postural de idosos: Uma revisão sistemática.
Motricidade. Portugal, v.7, n.3, p. 19-28, 2011.

FREEMAN, M.A. Instability of the foot after injuries to the lateral ligaments of the ankle. The
Journal of Bone & Joint Surgery, Londres, v.47B, n.4, p.669-677, 1965.

MAIOR, A.S.; SIMÃO, R.; SALLES, B.F.; MIRANDA, H.; COSTA, P.B. Neuromuscular activy during
the squat exercise on an unstable plataform. Brazilian Journal of Biomotricity. Rio de Janeiro,
v.3, n.2, p. 121-129, 2009.

OLIVEIRA, D.C.S.; REZENDE, P.A.M.S.L.; SILVA, M.R.; LIZARDO,F.B.; SOUSA, G.C.; SANTOS, L.A.;
GUIMARÃES, E.A.; CHACUR, E.P. Análise eletromiográfica de músculos do membro inferior
em exercícios proprioceptivos realizados com olhos abertos e fechados. Revista Brasileira de
Medicina do Esporte, São Paulo, v. 4, n. 18, p.261-266, 2012.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 4 39


CAPÍTULO 5
doi
ESPECTROSCOPIA RAMAN APLICADA NA OBSERVAÇÃO
DE PRINCÍPIO ATIVO DE REPELENTE DE
INSETOS NA PELE

Michele Marin da Costa antebraço de 15 voluntários, considerando


Centro de Inovação, Tecnologia e Educação – um sítio controle (sem aplicação) e dois com
CITE, Universidade Anhembi Morumbi – UAM, aplicação de spray e loção, respectivamente.
São José dos Campos, SP
Nos espectros de spray e loção identificou-
Landulfo Silveira Jr. se picos Raman correspondentes ao princípio
Centro de Inovação, Tecnologia e Educação –
ativo (diethyl toluamide – DEET), conforme
CITE, Universidade Anhembi Morumbi – UAM,
identificados na literatura especializada (picos
São José dos Campos, SP
em 524, 690, 1003, 1297, 1460 e 1606 cm-1)
Renato Amaro Zângaro
com pouca sugestão de picos referentes aos
Centro de Inovação, Tecnologia e Educação –
CITE, Universidade Anhembi Morumbi – UAM, excipientes. Nos espectros dos sítios onde
São José dos Campos, SP houve aplicação, foram observados, além
dos picos da pele (proteínas e lipídios), picos
Marcos Tadeu Tavares Pacheco
Centro de Inovação, Tecnologia e Educação – do DEET, comparando-se aos espectros do
CITE, Universidade Anhembi Morumbi – UAM, controle. A análise ANOVA com pós-teste
São José dos Campos, SP de Tukey pareado (p < 0,05) indicou que os
João Dias da Costa picos 526 e 1003 cm-1, referentes ao DEET,
Agência Nacional de Aviação Ciivl – ANAC, São apresentaram intensidade significativamente
José dos Campos, SP maior nos grupos pele com produto versus
controle, evidenciando a presença do repelente
na pele. Concluiu-se ser viável a utilização
RESUMO: A avaliação de repelentes de insetos da espectroscopia Raman para identificação
é criticada por empregar pessoas nos protocolos do princípio ativo de repelentes de insetos
de testes (in vivo). Técnicas que evidenciem a aplicados na pele e, que a metodologia, pode
presença do princípio ativo na pele podem ser ser utilizada para a identificação de outros
usadas para reduzir esse uso de voluntários. produtos tópicos com características similares
A espectroscopia Raman é uma opção para a e mesma avaliação quantitativa do princípio
identificação in vivo e quantificação dos princípios ativo na pele.
ativos na pele. Neste estudo foram obtidos PALAVRAS-CHAVE: espectroscopia Raman;
espectros de apresentações (spray e loção) de protetor solar; repelente de insetos; detecção in
repelentes de inseto de marca líder de mercado. vivo.
Outros espectros foram obtidos de sítios do

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 40


ABSTRACT: Testing for insect repellents is criticized for employing people in test
protocols (in vivo). Techniques that evidence presence of active ingredients in the skin
can be used to reduce the use of volunteers. Raman spectroscopy is an option for in
vivo identification and quantification of active ingredients in skin. In this study, Raman
spectra of insect repellent (spray and lotion) were obtained from the market leader
brand. Spectra were also obtained from sites located on forearm of 15 volunteers,
including one control site (no product application) and two sites with spray and lotion
application, respectively. In spray and lotion spectra, Raman peaks corresponding to
active ingredient DEET (diethyl toluamide) were identified, corresponding to peaks found
in literature (peaks at 524, 690, 1003, 1297, 1460 and 1606 cm-1) with little suggestion
of peaks from excipients. In spectra of sites where products were applied, intensities
of DEET peaks were compared to those of control spectra. ANOVA with paired Tukey
post-test (p <0.05) indicated that the peaks at 526 and 1003 cm-1, related to DEET,
showed significantly higher intensity in the groups with product (spray and lotion)
versus control, evidencing presence of repellent in skin, besides skin peaks (proteins
and lipids features) occurs at the same positions. The use of Raman spectroscopy
for identification of insect repellent active ingredient applied topically on the skin was
conclusive and showed that the methodology can be used to identify topical products
with similar characteristics and even evaluate quantitatively active ingredient in the
skin.
KEYWORDS: Raman spectroscopy; insect repellent; diethyl toluamide (DEET); in vivo
detection.

1 | INTRODUÇÃO

Repelentes de insetos são produtos cosméticos que se apresentam como


produtos que combatem os riscos trazidos pela ação de artrópodes, reduzindo o risco
de transmissão de doenças infecciosas e reações imunoalérgicas decorrentes das
picadas destes insetos. Para tanto, os repelentes comercialmente disponíveis possuem
formulações capazes de produzir nos insetos uma reação de desencorajamento à
aproximação de áreas tratadas como a pele do usuário, suas roupas ou superfícies
quaisquer. O diethyl toluamide (DEET) é o princípio ativo de repelentes de insetos
mais usado ao redor do mundo (RIBAS; CARREÑO, 2010).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), classifica os repelentes
de insetos como cosméticos de nível 2 (ANVISA, 2015) que requerem a aprovação
da agência segundo um protocolo definido pela agência. De acordo com a Resolução
RDC no. 19/2013 da ANVISA (ANVISA, 2012), os protocolos indicados pela United
States Environmental Protection Agency (US EPA) (US EPA, 2010) e pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) (OMS, 2009) constituem-se como protocolos capazes
de fornecer aos fabricantes os meios necessários para conduzir investigações que
comprovem a capacidade protetiva dos repelentes de insetos. Em linhas gerais, ambos

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 41


os padrões indicados pela ANVISA se constituem como metodologias que envolvem
a exposição de indivíduos à ação de insetos de modo a comparar o efeito do produto
aplicado a áreas específicas da pele do indivíduo com áreas sem aplicação (controle).
Tais abordagens experimentais levantam questões éticas em virtude do uso de
seres humanos como sujeitos de pesquisa (SARDENBERG, 1999). Observa-se como
agravante a necessidade a realização de novos ensaios a cada nova formulação
proposta pelos fabricantes, o que exige uma nova rotina de exposição de diversos
indivíduos aos insetos. Soma-se a isto as críticas apontadas por vários estudos
(BARNARD, 2005; CARROLL et al., 2010; LUPI; HATZ; SCHLAGENHAUF, 2013;
RODRIGUEZ et al., 2015) com respeito aos protocolos estabelecidos para avaliação
da capacidade protetiva dos repelentes de insetos. Barnard (BARNARD, 2005) faz
uma discussão sobre os diferentes protocolos de avaliação de repelentes, incluindo
os indicados pela US EPA e pela OMS, e destaca que essas metodologias trazem
incertezas que afetam a precisão dos resultados devido a características como por
exemplo o aparato de testes utilizado e o apetite dos mosquitos utilizados nos testes.
Outras pesquisas, que baseiam seus protocolos de avaliação no comportamento
dos insetos, também tratam das dificuldades relatadas por Barnard (2005), sem, no
entanto, propor soluções para diminuir estas incertezas (RODRIGUEZ et al., 2015;
CARROLL et al., 2010; LUPI; HATZ; SCHLAGENHAUF, 2013).
É a partir deste contexto que surge a demanda por um meio que minimize o uso
dos testes que exponham indivíduos às picadas de insetos. A espectroscopia Raman
no infravermelho próximo é uma técnica que seria capaz de indicar a presença na
pele de um determinado princípio ativo e isso pode servir de evidência da capacidade
protetiva do produto.
A espectroscopia Raman é uma técnica de análise óptica capaz de identificar
compostos químicos presentes tanto em formulações quanto em aplicações tópicas na
pele. Tem como vantagens o fato de ser um método não invasivo, que permite rápida
aplicação, não implica em destruição da amostra e é capaz de trazer resultados com
especificidade molecular in vivo (HANLON et al., 2000). Esses aspectos propiciam
o desenvolvimento de protocolos de pesquisa simples, confiáveis e precisos para a
determinação da presença de princípios ativos de repelentes aplicados topicamente à
pele, bem como sua quantificação.
A espectroscopia Raman baseia-se no efeito Raman, que é o espalhamento
inelástico da luz por uma molécula polarizável (HANLON et al., 2000). Simplificadamente,
nas moléculas polarizáveis (em geral apolares, como a maioria das moléculas
orgânicas), a incidência de um fóton promove a polarização da nuvem eletrônica, criando
um dipolo induzido pelo campo elétrico da radiação incidente, e que vibra na mesma
frequência desta radiação (Figura 1). Este dipolo induzido emite, então, radiação no
mesmo comprimento de onda da radiação incidente (espalhamento Rayleigh). Porém,
as vibrações moleculares podem alterar a polarizabilidade da nuvem eletrônica deste
dipolo induzido durante a vibração, refletindo-se em mudanças discretas na energia
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 42
dos fótons espalhados (decorrentes da polarização induzida) e que tem relação direta
com a energia das vibrações moleculares, caracterizando o espalhamento Raman.
Isso é expresso na forma de um espectro de luz espalhada com picos característicos,
que possuem posições dependentes das vibrações moleculares e intensidades
dependentes da polarizabilidade, e que coletado através de um espectrômetro, se
apresenta como uma assinatura espectral ou “impressão digital” do composto químico
em análise (HANLON et al., 2000).

Figura 1: Diagrama esquemático da irradiação de uma molécula orgânica por uma luz monocromá-
tica (n0) e dos fótons espalhados elasticamente (nRayleigh = n0 – espalhamento Rayleigh) e inelastica-
mente (nRaman = n0 - nvibr – espalhamento Raman).

Diversos autores exploraram a aplicação da espectroscopia Raman como


meio de verificar a ação de um princípio ativo sobre a pele. Chrit et al. (CHRIT et al.,
2007) fez uma investigação sobre o efeito de princípio ativo de hidratação; Mélot et
al. (MÉLOT et al., 2009) investigou a ação de melhoradores de penetração na pele,
como o propilenoglicol; Jentzsch et al. (JENTZSCH; RAMOS; CIOBOTĂ, 2015) fez
uma avaliação do uso da espectroscopia Raman na identificação de óleos essenciais
na formulação de produtos tópicos em uma aplicação para a indústria de cosméticos.
Portanto, a espectroscopia Raman tem um histórico de aplicações na identificação
de compostos tópicos na pele e tem potencial para atendimento dos requisitos para
identificação e quantificação de princípios ativos de repelentes in vivo.
Este trabalho tem como o objetivo a análise, através da espectroscopia Raman,
de repelentes de insetos disponíveis comercialmente em apresentações spray e loção,
para a identificação dos picos principais do princípio ativo presente nas formulações
destes produtos. O trabalho também objetiva a determinação da presença, in
vivo, destes produtos aplicados topicamente em regiões da pele de voluntários
comparativamente às regiões de controle, visando obter uma metodologia óptica para
avaliação da presença do princípio ativo destes produtos na pele.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 43


2 | MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade


Anhembi Morumbi (Processo no. CAEE 69573917.9.0000.5492). Os voluntários que
concordaram em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
– TCLE.
Participaram da pesquisa 15 voluntários (6 homens e 9 mulheres) para aplicação
das formulações comerciais de repelentes de insetos. Os critérios de inclusão foram:
voluntários sadios, com idade entre 18 e 60 anos, sem lesões benignas ou malignas de
pele, e a ausência de reações alérgicas conhecidas a componentes dos produtos após
anamnese. Os critérios de exclusão foram reações alérgicas aos produtos durante a
realização do experimento e sensibilidade dolorosa à potência do laser usado para
coletar os espectros Raman.
Foram utilizados no estudo repelentes de insetos comercialmente disponíveis,
nas apresentações spray e loção (identificado como SPR e LOC), de uma marca líder
de mercado. Os repelentes de insetos possuíam composição química (formulação)
conforme Tabela 1.

Presença na fórmula
Repelente – componentes**
SPR LOC
X X
DEET*
(6,65%) (7,125%)
Aqua X
Polyacrylic acid X
Stearate-2 X
Stearyl alcohol glyceryl stearate X
PEG-100 stearate X
Methylparaben X
Triethanolamine X
Parfum X X
Aloe barbadensis flower extract X X
Benzyl salicylate X X
Coumarin X X
Hydroxycitronellal X X
Limonene X X
Linalool X X
Butylphenyl methylpropional X X
Alcohol benzyl methylpropional X

Tabela 1: Componentes dos repelentes de insetos considerados no estudo conforme


informações do rótulo.
(*) princípio ativo do produto – Os valores indicados na tabela correspondem a proporção em volume.

(**) os componentes indicados têm nomenclatura conforme a INCI

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 44


Aplicação dos produtos na pele dos voluntários
Inicialmente, nos locais em que ocorreu a aplicação, houve a higienização com o
auxílio de um tecido embebido em álcool 96°GL para a remoção de gordura, sujidade,
contaminantes químicos e microbiológicos.
A aplicação dos repelentes de insetos foi realizada na região ântero-medial dos
antebraços de cada indivíduo, considerando-se este em posição anatômica (BETTS
et al., 2013). A aplicação ocorreu em 2 marcações circulares com 25 mm de diâmetro,
identificados por sítio spray - SPR e loção - LOC, conforme mostra a Figura 2 (uma
em cada antebraço), e uma terceira marcação não recebeu produto (sítio de controle,
identificado como CTR em um dos antebraços). O repelente de insetos em spray foi
aplicado na região do antebraço direito, de modo a evitar contaminação com as outras
regiões do antebraço esquerdo (CTR e repelente LOC). A aplicação do repelente de
insetos em spray foi feita diretamente na pele do indivíduo, através de uma única
borrifada a uma distância de 15 cm da superfície da pele, e a aplicação do repelente
de insetos em loção foi feita inicialmente medindo-se uma quantidade padronizada
(10 mg) com auxílio de uma microespátula, e espalhando-se o produto pela área
demarcada com esta mesma microespátula. No estudo foram usadas quantidades
compatíveis com as instruções contidas nos rótulos dos produtos utilizados, uma
vez que as metodologias de teste recomendadas pela ANVISA não são baseadas na
avaliação dos produtos finais, mas na avaliação do princípio ativo diluído em etanol
(OMS, 2009).

Figura 2: Marcações no antebraço dos voluntários para a aplicação dos repelentes. CTR –
controle; LOC – loção; SPR – spray.

A aplicação no antebraço procurou facilitar a descontaminação do local e evitar


a presença de pelos que pudessem dificultar as leituras Raman. Considerando que
os produtos agem preferencialmente sobre o estrato córneo da pele, não é esperada
diferença significativa em resultados tomados em outras porções do braço.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 45


Ambos os produtos foram aplicados na pele dos voluntários e aguardou-se pelo
menos 30 minutos antes da realização da coleta dos espectros Raman.

Obtenção dos espectros Raman


Inicialmente os espectros foram obtidos dos produtos sem preparação ou diluição
acondicionados em um porta-amostra em alumínio. Estes espectros foram identificados
como: grupos REF_SPR e REF_LOC correspondentes aos repelentes spray e loção.
A seguir, os espectros foram obtidos da pele dos voluntários, de cada uma das regiões
com os repelentes aplicados (sítios repelentes em spray e em creme) e também da
região sem tratamento (controle). A Tabela 2 mostra a quantidade de coletas por sítio.
Os espectros Raman foram coletados com um espectrômetro Raman dispersivo
(modelo Dimension P-1, Lambda Solutions Inc., MA, EUA), com cabo de fibras ópticas
“Raman probe” (modelo Vector Probe, Lambda Solutions Inc., MA, EUA) conforme
esquematizado na Figura 3. O espectrômetro utilizado é equipado com laser de diodo
multimodo estabilizado, sintonizado em 830 nm, com potência máxima de 450 mW. A
extremidade distal do “Raman probe” foi colocada em contato com a pele, no momento
da coleta dos dados, sendo utilizada uma ponteira cônica de alumínio a fim de
padronizar a distância focal entre o “Raman probe” e a pele. O uso do “Raman probe”
permite repetibilidade da geometria de excitação e coleta do espectro e garantia da
distância focal de excitação e coleta. O ajuste do equipamento e metodologia para
coleta seguiram detalhes adotados por Silveira et al. (2015). Em cada sítio foram
obtidos 3 espectros, sendo utilizado o tempo de leitura de 20 s (2 s, 10 acumulações)
e potência do laser de 250 mW na extremidade do “probe”.

Região de Aplicação Número de coletas Grupo


Spray 42 SPR
Loção 39 LOC
CTR 43 CTR

Tabela 2: Sítios de aplicação dos produtos, número de coletas espectrais e nomenclatura dos
agrupamentos na pele dos voluntários.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 46


Figura 3: Diagrama esquemático do sistema Raman dispersivo que foi utilizado na coleta dos
dados espectrais, similar ao apresentado por Costa et al. (2018).

No espectrômetro, a luz espalhada pela amostra é coletada pelo “probe”,


dispersada pelo espectrógrafo e direcionada ao detector tipo câmera CCD (“charge-
coupled device”) (câmera CCD “back thinned, deep-depletion”, 1340×100 pixels,
refrigerada por elemento Peltier) com temperatura de trabalho de -75 °C. O elemento
dispersor de luz, integrado ao espectrômetro, possui resolução de 6 cm-1 na faixa
espectral útil compreendida entre 400 e 1800 cm-1.
A aquisição e o armazenamento dos espectros são realizados por um
microcomputador PC utilizando o software RamanSoft (Lambda Solutions, Inc.,
MA, EUA), que controla a potência do laser, o tempo de exposição do detector e o
número de aquisições por amostra, armazenando os espectros para posterior análise
e interpretação.
A calibração do espectrômetro foi verificada por comparação das bandas Raman
principais do naftaleno, que possui picos na região espectral de 500 a 1700 cm-1.
A calibração da resposta espectral (calibração em intensidade) foi realizada pelo
fornecedor do equipamento e consiste na coleta do espectro de uma lâmpada de
filamento de tungstênio com espectro rastreado pelo “National Institute of Standards
and Technology” (NIST).

Pré-processamento dos espectros e análise estatística


Os espectros Raman provenientes dos produtos acondicionados sobre o porta-
amostra e sobre a pele foram pré-processados em conjunto e da mesma maneira
conforme detalhado por Silveira et al. (2015). Primeiramente foram retirados os raios
cósmicos a partir da identificação de pontos com alta intensidade e que não são
característicos de picos, foi feita a retirada da fluorescência de fundo (“background”)
a partir do ajuste e subtração de um polinômio de ordem 7 à linha de base de cada
espectro, e foi feita a normalização de cada espectro pela área sob a curva [“1-norm”

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 47


ou “taxicab norm” (BOCKLITZ et al., 2011)]. Após o pré-processamento, foi calculado o
espectro médio de cada um dos grupos considerados visando comparação estatística
das intensidades dos picos.
Com o auxílio da literatura Raman de compostos químicos, foram identificados
picos mais significativos (mais intensos) correspondentes aos componentes: princípio
ativo e excipientes, nos espectros dos produtos sem diluição conforme discriminados
nos rótulos dos repelentes (Tabela 1). Foi então realizada a identificação dos picos mais
intensos do princípio ativo nos espectros Raman dos sítios da pele, nos respectivos
grupos de repelentes spray e loção. Estes picos foram submetidos à análise estatística
a fim de verificar se existe diferença estatisticamente significativa na intensidade
destes picos nos sítios da pele onde os produtos foram aplicados comparativamente
às regiões de controle. A análise estatística considerada foi a análise de variância
(ANOVA) pareada.
Primeiramente, realizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov para verificar se as
intensidades dos picos nas posições do princípio ativo nos espectros da pele com os
produtos eram compatíveis com uma distribuição normal. Verificada esta condição,
foi aplicado o teste ANOVA pareado com pós-teste de Tukey-Kramer para obtenção
da significância estatística, considerando nível de significância de 5% (valor p < 0,05)
como valor limite para a rejeição da hipótese nula (WEAVER et al., 2017). A hipótese
considerada é de que a aplicação do produto sobre a pele resulta em um espectro
com picos que apresentam diferença nas intensidades em comparação a um espectro
obtido na pele sem o produto.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Espectros Raman dos produtos não aplicados à pele e picos mais
significativos
A Figura 4 apresenta os espectros Raman dos repelentes em formulações spray
e loção sobre o porta-amostra (grupos de espectros SPR e LOC), onde destacam-
se os picos em 526, 690, 1003, 1295, 1458 e 1608 cm-1 nas duas formulações. A
Tabela 3 relaciona o princípio ativo indicado no rótulo do produto, os picos Raman
identificados na literatura, e a indicação se estes picos estão presentes nos espectros
das formulações. Pode ser observado que estes picos correspondem ao princípio ativo
DEET presente na formulação dos repelentes. Não são observados picos intensos dos
excipientes das formulações.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 48


0.018

1003
0.016 R epelente S pray
R epelente Loção

Intens idade (un. arb.)


0.014
0.012
0.01

690
0.008

1458

1608
526

1295
0.006
0.004
0.002
0
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-1
Des loc . R aman (c m )

Figura 4: Espectros Raman dos repelentes nas formulações spray (REF_SPR) e loção (REF_
LOC). Os picos indicados representam o princípio ativo DEET.

Presença no Picos Raman característicos (cm1)


rótulo
SPR LOC Da literatura Da Figura 4
Sim Sim 524, 690, 1003, 1297, 1460 e 1606 526, 690, 1003, 1295,
1458 e 1608
(BÓRIO; FERNANDES; SILVEIRA, 2016)

Tabela 3: Picos Raman característicos do princípio ativo DEET nas amostras dos repelentes
spray e loção conforme identificados em literatura.

Na Figura 5 são apresentados os espectros Raman médios in vivo de pele com


repelente nas apresentações spray (SPR) e loção (LOC) e de pele sem aplicação
de repelente (CTR). Os picos Raman indicados na Figura 5A são os principais do
princípio ativo DEET. Nas Figuras 5B, 5C e 5D estão destacados os picos em 527,
690 e 1003 cm-1, que indicam sobreposição entre os picos Raman da pele e do DEET.
Em 527 cm-1 há a sobreposição do pico do DEET com o pico em torno de 540 cm-1 da
pele normal, atribuído à vibração de estiramento da ponte disulfeto (S-S) em proteínas
da pele (actina, colágeno e elastina) (SILVEIRA et al., 2012); em 609 cm-1, o pico do
DEET está em um “vale” entre picos da pele em 640 e 720 cm-1, também atribuídos
a proteínas (C-C twisting da fenilalanina e tirosina e estiramento C-S das proteínas,
respectivamente, com contribuição da vibração C-N da colina dos fosfolipídios para
o pico em 720 cm-1) (SILVEIRA et al., 2012); e em 1003 cm-1 há sobreposição do
DEET com o pico atribuído a proteínas em 1004 cm-1 (vibração do anel aromático da
fenilalanina e tirosina).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 49


0.010
P ele S P R
P ele LOC
(a)

Intens idade (arb. un.)


0.008 P ele C TR

1003
690
527
0.006

0.004

0.002

0.000
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-1
Des loc . R aman (c m )

0. 0011 0. 0006 0. 0015


(c ) (d)
527

(b) 0. 0014

690

1003
0. 0010 0. 0005
0. 0009 0. 0013
0. 0004
0. 0012
0. 0008 0. 0003
0. 0011
0. 0007 0. 0002 0. 0010
0. 0006 0. 0001 0. 0009
0. 0005 0 0. 0008
500 520 540 560 580 650 670 690 710 730 980 990 1000 1010 1020 1030
-1
Des loc . R aman (c m )

Figura 5: A) Espectros Raman médios de pele com repelente nas apresentações spray (SPR)
e loção (LOC) e de pele sem aplicação de repelente (controle, CTR); B), C) e D) apresentam
plotagem dos picos em 527, 690 e 1003 cm-1, respectivamente, com ampliação que permite
observar a sobreposição dos picos referentes ao DEET com os picos comuns à pele referentes
aos sítios SPR, LOC e CTR

Análise estatística dos picos dos repelentes identificados na pele


A Figura 6 apresenta o valor médio e o desvio padrão das intensidades dos
picos Raman do DEET encontrados nos espectros da pele nos três grupos da Figura
5. O teste ANOVA pareado com pós-teste de Tukey-Kramer identificou significância
estatística nestas intensidades nos sítios com aplicação dos repelentes relativa ao
grupo controle. Em função da significante maior intensidade, principalmente dos picos
em 527 e 1003 cm-1, é possível afirmar que estes picos indicaram a presença do DEET
na pele dos voluntários.

0.0014 -1 0.0018
(a) P ico 527 cm
-1
0.0005
(b) P ico 690 cm (c ) P ico 1003 cm
-1

0.0012
* * * 0.0016
* *
0.0004
0.0010 0.0014
0.0003
0.0008 0.0012
0.0006 0.0002 0.0010
0.0004 0.0001 0.0008
0.0002 0.0000 0.0006
C TR S PR L OC C TR S PR L OC C TR S PR L OC
G rupos G rupos G rupos

Figura 6: Plotagem das intensidades médias e desvios padrão dos picos Raman do princípio
ativo DEET encontrados nos espectros da pele. As letras (a) e (b) indicam significância
estatística dos grupos SPR vs CTR (a) e LOC vs CTR (b) pelo teste ANOVA/Tukey-Kramer
(valor p < 0,05)

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 50


Na região dos picos em 527 e 1003 cm-1 (Figuras 5B e 5D, respectivamente), onde
há a sobreposição dos picos da pele [540 e 1004 cm-1 – proteínas (ponte dissulfeto
e fenilalanina/tirosina)] com o do DEET, a aplicação do teste estatístico pareado é
importante devido a existência da sobreposição, haja vista que a região de controle
é no mesmo indivíduo e que testes pareados são capazes de identificar diferenças
estatísticas entre os valores das intensidades dos picos quando os indivíduos são os
mesmos antes e depois da aplicação dos produtos, o que torna possível a associação
destes picos ao princípio ativo dos produtos.
Os resultados apresentados mostraram picos que podem ser utilizados como
indicadores da presença dos produtos estudados na pele. A espectroscopia Raman,
como técnica não invasiva e que pode ser aplicada in situ e in vivo, não provoca
alteração no material em estudo, mostra-se como meio versátil e rápido para a
identificação destes produtos na pele.
Com estas características é possível vislumbrar a aplicação da espectroscopia
Raman como um coadjuvante no processo de avaliação da capacidade protetiva
de repelentes de insetos. É possível elaborar um contexto em que, como parte do
protocolo de testes de repelentes, verifique-se que os princípios ativos presentes na
pele, com o tempo, mantêm-se presentes. Outra possibilidade seria a verificação e
eficácia de um produto a partir da confirmação da sua presença na pele a partir de
uma leitura com o espectrômetro Raman da leitura da pele tratada.
A partir dos resultados foi possível concluir que os procedimentos adotados
durante o trabalho para a aquisição, coleta e análise dos espectros, constituem-se em
metodologia que pode ser adotada para a avaliação de produtos que sejam de uso
tópico e cuja eficácia dependa da presença dos princípios ativos na pele.

4 | CONCLUSÃO

Este trabalho apresentou uma metodologia baseada na espectroscopia Raman


para a determinação da presença de repelentes de insetos aplicados na pele de
voluntários, o que possibilitou a observação dos picos relacionados ao princípio
ativo presente nos produtos em teste (spray e loção), utilizando-se as intensidades
dos picos do princípio ativo de cada produto (DEET), e a identificação dos picos
referentes a este princípio ativo pela pesquisa dos espectros dos compostos químicos
na literatura especializada. Através de análise estatística (ANOVA com pós-teste de
Tukey-Kramer, valor p < 0,05), foi possível estabelecer a existência de uma diferença
estatisticamente significativa dos picos em 527 e 1003 cm-1 (relacionados ao DEET),
quando comparada a pele com os produtos aplicados topicamente comparativamente
com a pele sem os produtos (controle), o que é indicativo da presença destes produtos
na pele dos voluntários. Os picos dos princípios ativos em 1003 cm-1 estão na mesma
posição dos picos da pele em 1004 cm-1 (atribuído à fenilalanina), e mesmo assim foi

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 51


possível a diferenciação estatística da pele tratada em relação à não tratada.

5 | AGRADECIMENTOS

M. M. da Costa agradece à Universidade Anhembi Morumbi (UAM) pela concessão


da bolsa de mestrado e L. Silveira Jr. agradece à Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio na aquisição do espectrômetro Raman
(Processo nº 2009/1788-5).

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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 5 53


CAPÍTULO 6
doi
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO-MOTOR DE
DEFICIENTES INTELECTUAIS COM JOGO EDUCATIVO

Letícia Gonçalves Segatto indicar quais recursos tecnológicos mais


Departamento de Engenharia Elétrica adequados para potencializar o processo de
Uberlândia – Minas Gerais aprendizagem do deficiente intelectual. O jogo
Mariana Cardoso Melo de memória conta com uma interface gráfica e
Universidade Federal de Uberlândia protótipo de joystick, caracterizado por uma caixa
Uberlândia – Minas Gerais acrílico e nove botões com diferentes cores. É
apresentada ao voluntário uma sequência de
imagens coloridas. Após a apresentação, o
RESUMO: Indivíduos com deficiência intelectual participante deve selecionar o botão com a cor
(DI) apresentam dificuldades em habilidades correspondente da sequência apresentada. O
que requerem atenção, memorização e jogo foi aplicado em voluntários com DI e pôde-
compreensão de conceitos. Dessa forma, a se observar considerável redução de erros entre
utilização de Tecnologias Assistivas aplicada as sessões, evidenciando os jogos educacionais
na área da educação, permite a criação de como potencial tecnologia assistiva para
novas estratégias para estimular e quantificar auxiliar no aprendizado e no desenvolvimento
o aprendizado.  Apesar dos jogos serem cognitivo dessas pessoas. Trabalhos futuros
considerados um recurso eficiente para facilitar serão necessários para identificar o estímulo
o aprendizado, a literatura existente de técnicas mais eficiente para potencializar o aprendizado.
e protocolos de experimentos com deficientes PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia Assistiva.
intelectuais ainda são limitados.  Esta pesquisa Deficiência Intelectual. Cognição. Jogos.
visa verificar a eficiência dos jogos educacionais Educação Inclusiva.
como potenciais tecnologia assistiva, para
auxiliar no desenvolvimento cognitivo desse ABSTRACT: Individuals with Intellectual
público.  O jogo foi dividido em níveis de Disability (ID) present difficulties in activities
dificuldades e, além disso, possui três categorias that require attention, memorization and
que se diferenciam pelo tipo de estímulo que o understanding of concepts. In this way, the use
jogador está recebendo, que pode ser visual, of Assistive Technologies applied in the area
auditivo, ou com ambos. Com isso, poderá ser of education, allows the development of new
analisada a evolução dos jogadores baseado strategies to stimulate and quantify learning.
quantidade de acertos durante toda etapa do Although games are considered an efficient
jogo e o tempo total para execução. E também resource to help on the learning process,

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 54


the existing literature on techniques and protocols for experiments involving people
with  Intellectual Disability  is still limited. This research aims to verify the efficiency
of educational games as potential assistive technology, to assist in the cognitive
development of this public. The game was divided into levels of difficulty and, in addition,
has three categories that differ by the type of stimulus that the player is receiving, which
can be visual, auditory, or both. With this, it is possible to analyze the evolution of the
players based on the number of correct colors selected during the whole stage of the
game and the total time to execute. And also indicate which technological resources
are most adequate to enhance the learning process of the people with  Intellectual
Disability. The memory game has a graphical interface and a prototype joystick,
characterized by an acrylic box and nine buttons with different colors. A sequence of
colored images is presented to the volunteer. After the presentation, the participant
must select the button with the corresponding color of the presented sequence. The
game was applied to volunteers with  ID  and it was possible to observe a considerable
reduction of errors between the sessions, evidencing the educational games as potential
assistive technology to aid in the learning and the cognitive development of people with
Intellectual Disability. Future work will be needed to identify the most effective stimulus
to enhance learning.
KEYWORDS: Assistive Technology, Intellectual Disabilities Cognitive, Educational
Technologies, Inclusive Education.

1 | INTRODUÇÃO

O Aprendizado é o processo de aquisição de novas informações que vão ser


retidos na memória, a partir de técnicas utilizadas no processo de memorização.
Aprendizagem e memória são recursos complementares, uma vez que a memória
é o processo de armazenamento de informações que foram aprendidas, as quais
podem ser evocadas posteriormente. A formação da memória indica que ocorreu o
aprendizado e, para que ocorram novos aprendizados, a memória é fundamental para
processar conexões com informações já retidas. [18]
Para gerar memórias duradouras requer tempo e envolve três processos principais
para formação: codificar, consolidar e relembrar. Todas as informações adquiridas e
experiências vivenciadas são armazenadas em memórias utilizadas posteriormente,
ou seja, construímos nossa identidade por causa de hábitos, de habilidades que são
aprendidas, lembradas e vivenciadas. [4, 5,6,8,18]
Segundo Medina et al. (2008) há diferentes tipos de memórias as quais
envolvem diferentes regiões encefálicas, podendo ser classificadas quanto ao tempo
de retenção, que podem ser sensoriais, de curto ou longo prazo, ou  em relação à
natureza da informação armazenada, que são memórias explícita (declarativas) ou
implícita (não declarativas). [4,5,6,8,18]
A aprendizagem e a memória relacionadas ao processo de cognição do ser

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 55


humano é uma área amplamente investigadas por diversos campos da ciência. Quando
este tema é abordado no contexto de disfunções cognitivas, formas de mensurar
aprendizado se tornam subjetivas. [18]
Segundo Saridaki et al.(2012), deficiência intelectual é um termo que referencia
certas limitações de crianças e adultos em desenvolvimento mental, comunicação e
habilidades sociais. Essas limitações levam a um aprendizado mais lento, além disso,
crianças com deficiência intelectual podem demorar a falar, andar e ter dificuldades
com cuidados pessoais como se vestir ou comer. Além de referenciar a falta ou
atraso de habilidades comportamentais adaptativas, como: linguagem expressiva e
recíproca, notoriedade de dinheiro, direções, responsabilidades, entender e seguir
regras, atividades cotidianas, autoestima e habilidades ocupacionais. [16]
Embora o conhecimento a respeito dos fatores causais da deficiência intelectual
ainda seja limitado, as condições consideradas são: genética, adquirida (congênita
ou desenvolvida) ou sociocultural. Da mesma forma, em relação ao nível de função
intelectual anormal, a definição de deficiência cognitiva tem uma classificação genérica.
Assim, na proporção em que o indivíduo demonstra incapacidade ou dificuldade para
realizar determinadas tarefas adquiridas houve a discriminação dos quatro graus de
deficiência: profundo, grave, moderada e leve. [7]
Sendo assim, as características dos indivíduos com deficiência intelectual, podem
ser visto pela Tabela 1, na qual está classificado por idade e por grau de severidade.
É importante distinguir as limitações e habilidades de cada grupo, a fim de estabelecer
corretas intervenções e auxílios. [7]

0 a 5 anos 6 a 20 anos 21 anos e mais velho

Maturação e Desenvolvimento Treinamento e Educação

Severidade Maturidade e Desenvolvimento. Pode interagir com a socie- É a capacidade de adquirir


dade. habilidades sociais e de
trabalho.
Médio Comunicação geralmente de- Dificuldade de conhecer Pode ser capaz de se man-
senvolvida e habilidade social. objetos escolares. ter a si mesmo economi-
Provavelmente pode não ser camente em condições de
identificado até o início escolar. trabalho superprotegido.
Moderado Pode falar e aprender para co- Pode falar e aprender para Pode ser empregado no
municação. Algumas dificulda- comunicação. Pode apren- trabalho sob condições de
des com habilidades motoras. der cuidados pessoais e proteção.
hábitos saudáveis.
Severo Expressivas limitações em habi- Podem falar e aprender Pode contribuir parcialmente
lidades motoras. a comunicar-se. Podem para manter-se economica-
aprender a ter cuidados mente sobre total supervi-
pessoais e hábitos. são.
Profundo Delay significativo, mínima área Indivíduos que não podem Algum desenvolvimento
funcional de habilidades moto- cuidar de si mesmo, ne- motor e linguagem. Podem
ras. cessita de auxílio a todo o aprender cuidados pessoais
momento. limitados.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 56


Tabela 1 - Classificação de deficiente intelectual dividido em três grupos.

Nesse sentido, a educação inclusiva desenvolve e adapta técnicas como tentativa


de reduzir tais limitações e promover o desenvolvimento desse público com o uso de
Tecnologia Assistivas. [11]
Tecnologia Assistiva (TA) é a aplicação do conhecimento e habilidades
relacionadas aos Assistive Products (AP), que incluem dispositivos, equipamentos,
instrumentos ou software. Esses dispositivos podem ser planejados ou adaptados
para ajudar pessoas deficientes intelectuais na comunicação diária, na independência,
no aprendizado e nas atividades sociais como os jogos, por exemplo. [1, 3, 12, 13, 20]
O objetivo da Tecnologia Assistivas, quando aplicado na área da educação, é
uma estratégia para o aluno realizar o que precisa. Valoriza o seu jeito de fazer e
criar novas alternativas para comunicação, mobilidade, interação social, resolução de
problemas e brincadeiras. [11,12, 14]
Estudos recentes mostram o impacto positivo da TA na qualidade de vida de
pessoas com deficiência intelectual. Com isso, tem-se dado uma maior atenção ao
potencial que a tecnologia assistiva tem em propiciar independência e autonomia para
deficientes intelectuais, por meio de jogos educacionais.   [1,3,12,13,20]
Nesse contexto, os jogos educacionais digitais são considerados como ferramenta
de apoio ao aprendizado de Pessoas com Necessidades Educativas Especiais (PNEE).
Os jogos se destacam como uma eficiente ferramenta pedagógica por estimular o
interesse, atenção, a concentração e memória do usuário. E, com a utilização de som
e imagens, se tornam visualmente atrativos contribuindo assim para uma maior fixação
dos conteúdos trabalhados. Além disso, alguns jogos possuem características lúdicas,
que ativam a imaginação e propiciam o exercício cognitivo. [9, 19]
Martins. et al (2011) desenvolveram um jogo com uma interface simples e
claramente organizada,em que utilizaram a tela de um computador, som e um
controlador. O controlador é um tipo de comando para o jogo em que foi disposto três
botões nas cores azul, amarelo e verde, para indivíduos sem dificuldades motoras.
O objetivo do trabalho foi avaliar a evolução de pessoas deficientes intelectuais ao
utilizar jogos sérios. [10]
Nos primeiros testes realizados, os voluntários mostraram-se motivados, focados,
se divertindo e interessados em repetir o jogo para obter melhores pontuações. No
primeiro momento os testes foram realizados com a finalidade de validar o jogo com o
público alvo e avaliar o interesse dos mesmos com os recursos utilizados no jogo. [10]
Silva (2012), especialista em métodos e técnicas de ensino, avaliou a utilização
do lúdico como recurso pedagógico no processo de ensino das crianças deficientes
intelectuais. Na pesquisa realizada durante 28 dias em uma escola que atende 84
pessoas com DI, o autor destacou a importância do jogo no processo de aprendizado
em sua pesquisa, analisando a contribuição do Jogo de Xadrez como tal recurso. [17]

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 57


   Segundo Silva (2012), foi possível constatar nos resultados da pesquisa
a melhoria das habilidades como a autonomia e percepção, que obteve uma melhora
em 80% dos casos analisados. O raciocínio lógico desenvolveu-se em 60% dos casos.
cerca de 40% dos voluntários obtiveram um bom desempenho na tomada de decisão,
memória, socialização e 20% dos casos apresentou melhoria na agilidade. [17]
Outro trabalho foi realizado por Chang et al.(2014) com três participantes
deficientes intelectuais adultos com grau moderado. Um dos estudantes tinha
capacidade limitada de comunicação oral e o outro tinha epilepsia leve. O sistema de
jogo que combinava som e imagens foi criado para treinar as habilidades de reciclagem
de produtos que foram divididos em quatro categorias: plástico, metal, vidro e papel O
jogo fornecia resposta imediatas caso o jogador colocasse os itens na caixa incorreta
ou não obedecia à indicação do desenho na tela, uma vez que era necessário colocar
na caixa o item no mesmo formato do desenho que aparecia na tela. [2]
O estudo avaliou a eficácia de um sistema para jogo com estímulos de tarefas
vocacionais, em que foi constatada a evolução das habilidades adquiridas durante o jogo,
uma vez que durante a fase de manutenção, realizada após quatro semanas da última
sessão, a taxa média de sucesso de todos os participantes foi de aproximadamente
85%. [2]
Pereira (2013) constatou que as crianças que possuíam grau leve de deficiência
intelectual, após repetidas sessões, obtiveram um bom desempenho. Foi ressaltado
que estratégias de ensino que utilizam jogos como recurso no aprendizado, auxiliam
no processo de memorização, assim como técnicas para que o aluno desenvolva a
habilidade de tomar decisões e resolver problemas. Mas apesar dos jogos serem
considerados um recurso eficiente para facilitar o aprendizado, a literatura existente
de técnicas e protocolos de experimentos com deficientes intelectuais ainda são
limitadas. [15]
Apesar dos jogos serem considerados um recurso eficiente para facilitar o
aprendizado, a literatura existente de técnicas existente de técnicas e protocolos
de experimentos com deficientes intelectuais ainda são limitados. Poucos estudos
apresentam a efetividade dos mesmos para aprendizagem utilizando outros métodos
de quantificação além de índices no próprio jogo e a percepção do acompanhante.
Para tanto, nesse estudo foi elaborado um jogo de memória, com diferentes
níveis de dificuldade, baseada na quantidade de cores a serem memorizadas, com
três categorias, nas quais um grupo receberia estímulo visual das cores, outro,
auditivo e outro receberia tanto o estímulo auditivo quanto visual. Sendo assim, deseja-
se comprovar a eficiência dos jogos educacionais de quantitativa a fim de criar um
índice de aprendizado em características de desempenho, baseado quantidade de
acertos durante toda etapa do jogo e o tempo total para execução. E verificar também
qual categoria apresenta melhor resultado, indicando recursos tecnológicos mais
adequados para potencializar o processo de aprendizagem do deficiente intelectual.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 58


2 | MATERIAIS E MÉTODOS

O procedimento experimental utilizado adotado para realizar a análise quantitativa


da aprendizagem será composta de 4 etapas:
(a) elaboração do jogo (b) recrutamento dos voluntários (c) validação do jogo
(d) análise e classificação de dados.
A fim de cumprir o objetivo e avaliar o potencial do jogo da memória como
tecnologia assistiva para deficientes intelectuais, foi desenvolvido uma interface que
permitirá que o jogador possa interagir com o protótipo do joystick. Primeiramente
o usuário visualiza numa interface gráfica uma sequência de figuras coloridas e, ao
finalizar a apresentação, indicará no protótipo qual a sequência de cores memorizadas,
pressionando botões com cor correspondente.

2.1 Interface Gráfica


A interface proposta foi desenvolvida em linguagem de programação C#. O jogo
desenvolvido possui três categorias que se diferenciam pela maneira que o jogador
memorizará as cores, ou seja, se diferenciam pelo tipo de estímulo que o jogador está
recebendo, que pode ser auditivo, visual, e por meio de ambos simultaneamente.
A estrutura do jogo será demonstrada na Figura 1.

Figura 1 – Visão geral do jogo.

As etapas do jogo se dividem da seguinte forma:

a) Início e Configurações de Parâmetros

Ao iniciar o jogo, o usuário irá se deparar com a primeira tela, mostrada na Figura

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 59


2, na qual se realiza as configurações de parâmetros.

Figura 2 – Interface Gráfica inicial.

b) Categorias
O que diferencia as categorias é a forma como o jogador terá que memorizar a
cor. A Categoria 1, o jogador verá somente as imagens que estão sendo mostradas.
A Categoria 2, o jogador poderá visualizar qual imagem está sendo mostrada e será
informado a cor de cada uma por som. A Categoria 3, será informado sonoramente
a cor para o voluntário memorizar, assim, não será apresentado nenhuma imagem.
Nesse projeto, os voluntários foram selecionados para cada categoria por meio de um
sorteio.

c) Nível
O que diferencia os níveis é a quantidade de cores que o jogador terá que
memorizar. O nível 1, é composto somente de 3 imagens, o nível 2 de cinco imagens,
o nível 3 sete imagens e o nível 4 é composto de nove imagens. Ao clicar no botão
iniciar, será mostrada para outro usuário, em outra tela, a sequência de imagens para
que o mesmo memorize. A Figura 3 é correspondente ao nível 3, em que é apresentado
para o jogador uma sequência de 7 imagens. Cada imagem fica disponível para o
jogador 5 segundos. Caso a categoria seja somente auditiva, é emitido somente um
som com a cor a ser memorizada.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 60


Figura 3 – – Exemplificando a execução do Nível 3, Categoria 1.

Após 25 segundos, será mostrada uma tela (ou áudio, caso a categoria seja
somente auditiva), com uma mensagem para que o jogador pressione os botões de
acordo com a sequência apresentada, como expressada na Figura 4.

Figura 4 – Software solicitando, através de uma mensagem, que o jogador indique a sequência
de cores.

As imagens mostradas no jogo da memória atendem os seguintes critérios:


objetos do cotidiano, animais silvestres, domésticos e exóticos, itens escolares, meios
de transportes, o alfabeto oficial da língua portuguesa, diversos modelos de brinquedos,
frutas, verduras, legumes, doces e algumas figuras geométricas. Assim, é possível
facilitar a assimilação das imagens mostradas no jogo com objetos cotidianos.
A interface gráfica comunica-se com o protótipo do joystick via USB (Universal
Serial Bus), de modo que, a informação sobre cada botão pressionado é enviada para
interface sendo possível comparar a sequência correta com a sequência apresentada.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 61


Caso a sequência de cores apresentada corresponda com a sequência
selecionada nos botões, aparecerá a seguinte mensagem, “Você acertou”. Se, ao
finalizar a seleção de cores nos botões, a sequência não for correta, será apresentada
a mensagem “Vamos tentar novamente!”.
Para o desenvolvimento do protótipo do joystick foram considerados aspectos
dos estudos realizados que abordam a eficiência de dispositivos que chamam atenção
com cores no processo de desenvolvimento cognitivo. Desse modo, foi projetada uma
caixa no tamanho 40x40x20cm de material acrílico, como mostra a Figura 5, na qual
nove botões estão dispostos de maneira aleatória e devidamente espaçados para que
o usuário possa interagir com o software.

Figura 5 – Ilustração do modelo do protótipo do joystick.

3 | PROTOCOLO EXPERIMENTAL

Os dados foram coletados a partir da amostra de 5 voluntários deficientes


intelectuais de grau moderado e que também não possuem nenhum distúrbio visual,
como o daltonismo. Cada nível do jogo foi executado 3 vezes, com cada voluntário,
em dias diferentes e alternados. Em cada dia, repetiu a aplicação do nível 5 vezes com
cada jogador. Sessão, neste trabalho, referencia-se ao dia de aplicação do nível.
Foi analisado o tempo de resposta dos jogadores e o quanto isso influencia nos
resultados, se a quantidade de acertos da sequência de imagens superou os erros, se
foram desenvolvidos estratégias para memorização.
Participaram do experimento três voluntários com DI de grau leve e dois
voluntários DI de grau moderado, três do sexo feminino e dois do sexo masculino.
Foram aplicados os níveis 1, 2 e 3 para os voluntários deficientes intelectuais.
Foi realizado um sorteio para dividir dois voluntários por categoria. As voluntárias
1 e 2, foram sorteadas para participar da Categoria 1. Os voluntários 3 e 4, para

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 62


participar da Categoria 2 e a Voluntária 5 sorteada para participar da Categoria 3. A
sexta Voluntária sorteada também para participar da Categoria 3, desistiu na quarta
sessão, por esse motivo, foi excluída da pesquisa
Os deficientes intelectuais recrutados a partir da indicação da diretora e pedagoga
da Associação de Apoio ao Deficiente do Liberdade (AADL). É uma instituição cuidadora
de deficientes intelectuais, situada em Uberlândia, Minas Gerais, que atende alunos
com deficiência. Vale destacar que o projeto de pesquisa, no que se refere ao uso do
software e a eficiência dos jogos educacionais como potencial tecnologia assistiva, foi
aprovado pelo Comitê de Ética, cujo número é 79586917.8.0000.5145.

4 | RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nos dados coletados, foi analisado a redução do percentual de erro. Cada nível
foi repetido 5 vezes no mesmo dia (sessão). Os erros são contabilizados quando o
voluntário erra qual a sequência de cor memorizada. É somada a quantidade de erros
por dia e, posteriormente, é avaliada a evolução que cada voluntário teve.
Os gráficos apresentados na Figura 6 e Figura 7, mostram o desempenho individual
dos voluntários que foram sorteados para participar da Categoria 1, durantes as três
sessões realizadas de cada nível. O Voluntário 1 apresentou redução percentual de
erro nos três níveis, comparando a sessão 1 a sessão 3. O nível 1 teve uma redução
aproximada de 37,5%, o nível 2, 90% e, o nível 3, apenas 14,5%.  

Figura 6 - Quantidade total de erro(s) por nível, Categoria 1, voluntária Dl 1, em que (a)
representa nível 1, (b) representa nível 2 e (c) representa nível 3.

O Voluntário 2 também apresentou redução no percentual de erro nos três níveis.


Em relação à evolução da sessão 1 a sessão 3, o nível 1 teve redução de 60%, o nível
2, aproximadamente 33% e, o nível 3, reduziu 52%.

Figura 7- Quantidade total de erro(s) por nível, Categoria 1, voluntária Dl 2, em que (a)
representa nível 1, (b) representa nível 2 e (c) representa nível 3.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 63


Os gráficos da Figura 8 a Figura 9, indicam o desempenho dos Voluntários 3 e 4,
sorteados para participarem da Categoria 2. O Voluntário 3 , no nível 1, comparando
a sessão 1 a sessão 3, houve um aumento do erro de 40%. No entanto, houve uma
redução do percentual de erro nos níveis 2 e 3, 36% e 21%, respectivamente.

Figura 8 - Quantidade total de erro(s) por nível, Categoria 2, voluntário Dl 3, em que (a)
representa nível 1,(b) representa nível 2 e (c) representa nível 3.

O Voluntário 4, demonstrou redução de erro nos três níveis, comparando a


primeira sessão e a última, no nível 1 reduziu 14,3%, nível 2 ,16,7% e, no nível 3,
53,4%.

Figura 9 - Quantidade total de erro(s) por nível, Categoria 2, voluntário Dl 4, em que (a)
representa nível 1,(b) representa nível 2 e (c) representa nível 3.

A Figura 10, mostra o desempenho do Voluntário 5, que foi sorteada para participar
da Categoria 3 . A Voluntária 6 que foi sorteada também, desistiu de participar do jogo
no quarto dia de aplicação. Sendo assim, não foi possível analisar os resultados da
mesma. Segundo os dados coletados da Voluntária 5, houve redução de erro somente
no nível 1 e no nível 2, aproximadamente 66% e 16%, respectivamente. Porém, no
nível 3, verificou-se um aumento de 10% na sessão 3 em relação a sessão 1.

Figura 10 - Quantidade total de erro(s) por nível, Categoria 3, voluntária Dl 5, em que (a)
representa nível 1,(b) representa nível 2 e (c) representa nível 3.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 64


Além disso, a fim de analisar a qual a relação do tempo no índice de erro
dos voluntários deficientes intelectuais, foi aplicado o método de corelação, que é
qualquer relação dentro de uma ampla classe de relações estatísticas que envolva a
dependência de duas variáveis. Neste contexto, foi observado o valor de coeficiente
de correlação amostral , onde foi realizada a associação entre o erro e o tempo de
execução. O coeficiente de corelação tem a seguinte variação: , em que
valores próximos de -1 a relação inversa e o valor próximo de 1 representa a relação
direta. A Tabela 6 a correlação das variáveis foi consideravelmente fraca analisando o
valor de r.

Voluntário Valor R²
Voluntária DI 1 0.2366
Voluntária DI 2 0.0771
Voluntário DI 3 0.0337
Voluntário DI 4 0.0038
Voluntária DI 5 0.0163

Tabela 2 – Valores do coeficiente de corelação por Voluntário DI

Dessa forma, pode inferir-se que para essa amostra de dados o tempo de
execução não teve relação com o índice de erro dos voluntários deficientes intelectuais.

CONCLUSÕES
Dentre os tipos de memória trabalhadas nesse jogo, explora-se a memória
sensorial que tem habilidade de reter informações após a finalização dos estímulos
iniciais através dos dois sentidos trabalhados, visão e audição. As informações
retidas na memória sensorial são passadas para memória de curto prazo através do
processo de atenção. Neste contexto, pode-se observar que os voluntários que se
desconcentravam devido a algum distúrbio externo, erravam a sequência de cores,
principalmente as primeiras imagens apresentadas.
A memória de curto prazo é responsável por reter uma pequena quantidade de
informações recebidas, em torno de sete itens ou menos. Por isso, o índice de erro no
nível 3 é maior que o nível 1 e 2. E, de acordo com as evidências, os voluntários que
articulavam as cores em voz alta, lembravam com mais facilidade posteriormente.
Segundo as metodologias estudadas, o armazenamento e a transferência de
informações podem ser melhorados no ato da repetição. Assim, o uso repetido contribui
com a eficiência das conexões de sinapse, facilitando a passagem de impulsos
nervosos. Portanto, o esquecimento ocorre na memória de longo prazo, quando as
conexões sinápticas anteriormente fortalecidas entre os neurônios de uma rede neural
tornam enfraquecidos.
Outra memória requisitada neste tipo de jogo é um tipo de Memória Implícita:
a Memória de Procedimentos, que abrange habilidades, hábitos e comportamentos,
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 65
que podem ser agrupados devido à necessidade de repetição para que a mesma
se manifeste. Além disso, alguns voluntários, que desenvolveram algumas técnicas
de memorização, como a associação das cores a algum objeto conhecido ou até
mesmo os objetos que lhes eram apresentados, caracterizando também a memória
associativa.
A emoção foi um aspecto observado que interferiu nos resultados negativamente.
Em algumas sessões, os voluntários deficientes intelectuais mostravam-se mais
agitados e em outros tristes, sendo as sessões com maior percentual de erro. Além
disso, alguns DI não conheciam as cores que lhes foram apresentados, então em
muitos momentos confundiam as cores rosa e roxo. Além disso, quando as cores
repetiam em momentos diferentes, 80% dos deficientes intelectuais entendiam que
era para selecionar o botão quantas vezes a cor repetiu, não respeitando a sequência
de repetição.
Uma constatação relevante também foi a quantidade de informações fornecidas
ao longo das sessões. Segundo alguns voluntários, ao repetir a quinta sessão,
o acúmulo de cores memorizadas anteriormente os confundiam. Sendo assim, é
necessário atentar-se ao fato da quantidade de informações manipulados no processo
de aprendizado. Em certas situações, as interfaces computacionais desenvolvidas
não se preocupam com tal fato, disponibilizando interfaces com muitos recursos que
podem confundir o usuário.
Embora não foi possível atestar qual tipo de categoria mostrou-se mais eficiente
no processo de memorização, o jogo será testado posteriormente com um maior
número de sessões e com voluntários hígidos e deficientes intelectuais sem nenhum
distúrbio visual e auditivo. Com isso, será analisado que tipo de estímulo influencia
mais no aprendizado em geral: o visual, auditivo ou visual e auditivo simultaneamente.
Contudo, devido aos resultados apresentados e à redução de erros entre as
sessões, o jogo da memória pode ser uma potencial tecnologia assistiva para auxiliar
no aprendizado e no desenvolvimento cognitivo de pessoas com deficiência intelectual.

REFERÊNCIAS
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review to indentify barriers and facilitators. Journal of Intellectual Disability Reserch. v. 62 part IO p.
900-921, Outubro 2018.

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perform recycling tasks independently.

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Disability through Physical Activity and Edutainment Games. International Journal of Distributed
Sensor Networks (2015).

[4] FINE, Cordelia. The Britannica Guide to the Brain: A Guide Tour of the Brain – Mind, Memory and
Intelligence. 4. Ed. London: Robinson, 2008, 365 p.

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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 66


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[6] HUNT, Morton M. The universe within: a new science explores the human mind. Michigan: Simon
and Schuster, 1982. 415 p.

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diagnosis, treatment and prognosis. México, v.50, 2007

[8] MACDONALD, MATTHEW. Your Brain: The Missing Manual. Britannica Guides: Running Press,
2008. 256 p.

[9] MAFRA, Sônia R. C. O Lúdico e o Desenvolvimento da Criança Deficiente Intelectual. Secretaria


de Estado da Educação. Programa de Desenvolvimento Educacional, 2008. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2444-6.pdf Acesso em: 27 de junho 2017.

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Industrial Eletronics Department, University of Minho Guimarães, Portugal.

[11] MALAQUIAS, Fernanda Francielle de Oliveira Realidade Virtual como Tecnologia Assistiva para
Alunos com Deficiência Intelectua. Technology and Disability, v. 25, n. 2, p. 107-116, 2013.

[12] MCKNIGHT, Lorna; DAVIES, Chris. Current Perspectives on Assistive Learning Technologies. The
Kellogg College Centre for Research into Assistive Learning Technologies. University of OXFORD.
January, 2013. Disponível em: http://www.kellogg.ox.ac.uk/wp-content/uploads/2015/03/Current-
Perspectives-onAssistive-Learning-Technologies.pdf Acesso em: 27 de junho 2017.

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Intellectual Disabilities to Initiate and Complete Daily Tasks: A Literature Review. University of North
Carolina Wilmington.

[14] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC) / SINDICATOS DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DE


SÃO PAULO (SEESP). Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental.
Séries Atualidades Pedagógicas 6. Brasília,2001. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/me000463.pdf Acesso em: 27 de junho 2017.

[15] PEREIRA, J. E. A Infância e a Deficiência Intelectual: Algumas Reflexões. 2012, [S.l: s.n.], 2012.

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and Effective Practices, T. Connolly, M. Stansfield and L. Boyle (eds), Information Science Reference
Publishers, UK (2009)

[17] SILVA, João da Mata. O Lúdico como Metodologia para o Ensino de Crianças com Deficiência
Intelectual. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira – Paraná. Dezembro 2012.

[18] SILVA, Maristerlla Borges. Efeito da introdução da predição de erro durante a reconsolidação
da memória humana no desempenho de habilidades motoras. Universidade Federal de Uberlândia.
Uberlândia, MG, 2018.

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análise experimental. Brazilian Symposium on Computers in Education (Simpósio Brasileiro de
Informática na Educação-SBIE). Vol. 1. No. 1. 2011.

[20] UNITED NATIONS CHILDREN’S FUND, UNICEF; Assistive Technology for Children with
Disabilities: Creating Opportunities for Education, Inclusion and Participation. New York, World Health
Organization, 2013. Disponível em: https://www.unicef.org/disabilities/files/Assistive-Tech-Web.pdf
Acesso em: 27 de junho 2017.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 6 67


CAPÍTULO 7
doi
UM NOVO ALGORITMO DE EVOLUÇÃO DIFERENCIAL
BASEADO EM SIMULATED ANNEALING PARA
RECONSTRUÇÃO DE IMAGENS DE TOMOGRAFIA POR
IMPEDÂNCIA ELÉTRICA

Reiga Ramalho Ribeiro para todas as técnicas estudadas.


Universidade Federal de Pernambuco PALAVRAS-CHAVE: Tomografia por
Recife – Pernambuco impedância elétrica, reconstrução de imagem,
Priscila Dias Mendonça hibridização, evolução diferencial, simulated
Universidade Federal de Pernambuco annealing.
Recife – Pernambuco
ABSTRACT: Electrical Impedance Tomography
(EIT) reconstruction consists of solving an
RESUMO: A reconstrução de imagem de inverse problem and mismatch governed by the
Tomografia por Impedância Elétrica (TIE) Poisson equation, that is, there are no unique
consiste na resolução de um problema mathematical solutions to solve this equation.
inverso e mal-posto governado pela Equação In this work, a new technique based on the
de Poisson, isto é, não existem soluções hybridization of two common optimization
matemáticas únicas para resolver esta equação. techniques of EIT reconstruction was proposed,
Neste trabalho foi proposto uma nova técnica aiming at minimizing the objective function:
baseada na hibridização de duas técnicas de Simulated Annealing (SA) and Differential
otimização comuns de reconstrução de TIE, Evolution (DE). Our approach is to compare
visando minimizar a função objetivo: Simulated the results obtained by the proposed technique
Annealing (SA) e Evolução Diferencial (ED). and DE as a way to find the best technique
Nossa abordagem, trata-se em comparar os for reconstructing EIT images. The results
resultados obtidos pela técnica aqui proposta were quantitatively evaluated with respect
e a ED, como forma de encontrar a melhor to the computational cost of the algorithms,
técnica para reconstrução de imagens de showing that the proposed hybrid technique
TIE. Os resultados foram quantitativamente obtained higher computational efficiency in
avaliados, com relação ao custo computacional the reconstruction of EIT images compared to
dos algoritmos, mostrando que a técnica híbrida the DE technique. Regarding the qualitative
proposta obteve maior eficiência computacional evaluation, indicated that the results were
na reconstrução de imagens de TIE anatomically consistent and conclusive for all
comparada à técnica ED. Quanto à avaliação techniques studied.
qualitativa, indicou que os resultados foram KEYWORDS: Electrical impedance tomography,
anatomicamente consistentes e conclusivos image reconstruction, hybridization, differential

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 68


evolution, simulated annealing.

1 | INTRODUÇÃO

A Tomografia por Impedância Elétrica (TIE) é uma técnica de imagem não-


invasiva que busca reconstruir o mapa de condutividade ou resistividade elétrica no
interior de um volume, utlizando informações de injeção e medição de correntes e
voltagens em eletrodos posicionados na fronteira do volume sob estudo (BORCEA,
2002). Como a TIE é uma técnica recente com grande potencial na obtenção de
imagens para monitoração biológica, principalmente por ser não invasiva e não utilizar
de radiação ionizante, mostra-se grande necessidade de mais estudos sobre este
assunto, principalmente voltados para o desenvolvimento e melhoria de algoritmos que
sejam capazes de reconstruir imagens de TIE com melhor qualidade e alta velocidade
de obtenção. Atualmente são observados métodos de reconstrução de TIE híbridos,
ou seja, utilizando algoritmos iterativos e não iterativos para resolução do problema
inverso (GROSAN & ABRAHAM, 2007). O estado da arte dessa resolução caminha
em direção ao uso de técnicas híbridas baseadas na Inteligência Computacional onde
podem ser citados os métodos da Computação Evolucionária, tal como a Evolução
Diferencial (DAS & SUGANTHAN, 2011). Por este motivo, o presente trabalho vem
contribuir como mais um estudo dos métodos híbridos para reconstrução de imagens
de TIE.
Neste trabalho foram apresentados dois métodos de reconstrução de TIE
baseados em duas técnicas de busca e otimização: Simulated Annealing (SA)
e Evolução Diferencial (ED). O Simulated Annealing é uma meta-heurística de
otimização por busca local de escalada do monte, ou seja, ele pode pular mínimos
locais permitindo a exploração do espaço em direções que levam a um aumento
local sobre a função objetivo (KIRKPATRICK et. al., 1983). A Evolução Diferencial é
um algoritmo evolucionário de otimização baseado na teoria da evolução e seleção
natural, possuindo os operadores básicos de cruzamento e mutação, neste processo
a seleção natural é modelada pela substituição de agentes menos aptos por seu
descendente, caso seja mais apto (DAS & SUGANTHAN, 2011). O uso de algoritmos
evolucionários, tais como Evolução Diferencial e Algoritmos Genéticos, pode fornecer
métodos iterativos de reconstrução de imagens de TIE nos quais não há necessidade
de se calcular derivadas, como necessário nos métodos baseados em Gauss-Newton
comumente utilizados em TIE (VAUHKONEN et. al., 2001).
Como a ED possui mais forte o caráter de busca global, isto mostra que poucas
iterações é suficiente para encontrar uma solução próxima da ideal. No entanto, de
acordo com seu algoritmo, cada iteração requer a realização de seleção, cruzamento
e mutação dos agentes da população corrente, desta forma exigindo alto custo
computacional, neste trabalho, corresponde ao número total de cálculo da função

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 69


objetivo. Já a técnica SA, é caracterizada por ser um algoritmo de busca local com alta
velocidade de convergência e baixo custo computacional. Sendo assim, esperamos
que uma hibridização bem sucedida entre estas duas técnicas, consistindo numa
busca global através da ED seguida por uma busca local através do SA, resultará
no aumento da velocidade de convergência com redução do custo computacional
da ED. Desta forma, neste trabalho foram realizadas simulações computacionais a
fim de se obter a melhor técnica para reconstrução de imagens de TIE e avaliar a
eficiência computacional da nova técnica proposta para reconstrução de imagens de
TIE baseada na hibridização de dois métodos de busca e otimização, sendo eles:
Evolução Diferencial (ED) e Simulated Annealing (SA).
Este trabalho está organizado da seguinte forma: na seção “Materiais e Métodos”
apresentamos brevemente revisões bibliográficas e também a metodologia dos
experimentos propostos; na seção “Resultados” são apresentados os resultados dos
experimentos; e na seção “Discussão e Conclusão” são feitos comentários sobre os
resultados com uma breve conclusão do trabalho.

2 | MATERIAIS E MÉTODOS

A. Tomografia por Impedância Elétrica


As equações governantes de um problema de Tomografia por Impedância Elétrica
(TIE) são a Equação de Poisson e as expressões seguintes (BORCEA, 2002):

(1)

(2)

(3)
onde é a posição do voxel, é a distribuição de potenciais
elétricos, é a distribuição de potenciais elétricos nos eletrodos de superfície,
é a corrente elétrica, periódica com frequência para evitar efeitos elétricos de
superfície, é a distribuição de condutividades elétricas (imagem de interesse), é
o volume de interesse, também conhecido como domínio, e é a borda do domínio
(superfície). é o vetor normal de superfície na posição .
O problema de determinação dos potenciais elétricos dos eletrodos de superfície
quando dados: corrente e distribuição de condutividade é chamado
problema direto da TIE e modelado pela seguinte relação:

(4)
enquanto o problema de determinação da distribuição de condutividade
(imagem tomográfica) dado é conhecido como problema inverso da TIE,
modelado como a seguir:

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 70


(5)
B. Evolução Diferencial
Evolução Diferencial (ED) consiste em um algorítmo evolucionário de otimização
e busca, composta pelos operadores básicos de cruzamento e mutação, num processo
em que a seleção natural é modelada pela substituição de agentes por seu descendente
mais adaptado (DAS & SUGANTHAN, 2011). Basicamente, um conjunto de candidatos
à solução, nomeados agentes, é inicializado com posições aleatórias dentro do espaço
de busca. Em seguida, esses agentes são mutados e, por fim, cruzados e, no caso da
versão mutada e cruzada obtém uma aptidão melhor que os agentes originais, eles
são substituídos pelas suas novas versões. Este processo encontra-se detalhado no
algoritmo seguinte, concebida para a minimização de uma função objetivo f:
, onde PCR é a probabilidade de cruzamento:
Algoritmo ED
1) Gerar a população inicial de n = 100 agentes (S) com dimensão d, cada um
representado por um vetor , onde j = 1, 2, ...,d, i = 1, 2, ..., n e G corresponde a
geração corrente;
2) Repetir até que seja atingido o critério de parada:
a) Para i = 1, 2, ..., n faça
i) Gerar agente mutado ;
ii) Gerar agente cruzado ;
iii) Se então (minimização);
A versão da evolução diferencial (ED) usada neste trabalho contém, o i-ésimo
agente mutado, comumente conhecido como trial vector, definido como se segue:

(6)
onde , e corresponde ao agente mais apto na geração
corrente. Enquanto que, o i-ésimo agente cruzado, é definido como se segue:

(7)
onde, é o j-ésimo avaliação de um gerador de número aleatório uniforme
com resultado é um índice escolhido aleatoriamente, o que
assegura que recebe pelo menos um parâmetro de
C. Técnica Híbrida Proposta
Esta nova técnica (EDSA) proposta neste trabalho, consistiu na implementação
da ED, como detalhado em “Algoritmo ED”, no entanto adicionando o Simulated
Annealing dentro do operador de seleção para melhorar a capacidade de busca global
da ED. Esta nova técnica encontra-se detalhada no algoritmo seguinte, concebida
para a minimização da função objetivo :

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 71


Algoritmo EDSA
1) Inicialização:
Gerar a população inicial de agentes aleatórios, cada um
representado por um vetor , onde
; é a geração corrente; ( é a temperatura ambiente inicializada);
é fator de escala de mutação para cada indivíduo; é a taxa
de cruzamento.
2) A avaliação da aptidão dos agentes da população
3) Mutação da População:
A mutação da população é baseada na estratégia ED/rand-to-best/2/bin. Como
mostrada pela Eq. (6):

(8)
onde corresponde ao agente mais apto na geração
corrente.
4) Cruzamento da População:
O cruzamento da população é baseada na operação de cruzamento da ED:

(9)
5) Avaliar a aptidão:
Calcular a aptidão dos agentes da população, de acordo com a função
objetivo.
6) Seleção da população:
A seleção da população é processada comparando o vetor alvo com o
vetor de julgamento da população. Além disso, Simulated Annealing é adicionado
dentro do operador de seleção para melhorar a capacidade de busca global,
representa temperatura ambiente da geração corrente.

(10)

(11)

onde é o agente mais apto da geração corrente, é o agente


mais apto da geração (G - 1) e é o agente mais apto da geração (G - 2).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 72


7) Parar se o critério de parada for satisfeito; caso contrário, voltar a Etapa 3.
D. Função Objetivo para Reconstrução-TIE
A partir da seguinte função foi possível tratar o problema da TIE como um problema
de otimização e, desta forma, utilizar uma técnica híbrida (RIBEIRO et. al., 2014):

(12)
onde V é a distribuição de potenciais elétricos medidos na borda, e U(S) é a
distribuição de potenciais elétricos calculados na borda. Sendo np o número de
eletrodos na borda e f(S) o erro médio quadrático relativo.
E. Reconstrução de Imagem usando EIDORS
EIDORS é uma ferramenta desenvolvida em código livre para MATLAB/Octave
utilizado para resolver os problemas direto e inverso de Tomografia por Impedância
Elétrica (TIE) e Tomografia Óptica baseada em Difusão a fim de compartilhar dados
e promover a colaboração entre grupos de trabalho nestes campos (ADLER &
LIONHEART, 2005). Esta ferramenta simula uma malha de elementos finitos que
representa computacionalmente uma secção tranversal de um corpo bem como sua
distribuição de condutividade interna na forma de cores.
F. Métodos e Experimentos Propostos
A fim de avaliar a nossa proposta, projetamos experimentos para 16 eletrodos,
415 elementos da malha da grade circular 2D com nível de densidade 'b' e nível de
refinamento '2' (parâmetros do EIDORS). Os problemas estudados consistem em
detectar objetos irregulares isolados em três configurações: (a) no centro, (b) entre o
centro e a borda e (b) perto da borda do domínio. Utilizou-se o erro relativo entre as
distribuições de potenciais elétricos medidos e calculados na borda como a função
objetivo para todos os métodos de otimização que usamos neste trabalho. Candidatos
a solução são vetores reais usados ​​como abstrações teóricas para distribuições
de condutividade possíveis, onde cada dimensão corresponde a um determinado
elemento finito da grade.
Tanto para o método de Evolução Diferencial (ED) quanto para a técnica híbrida
(EDSA) foi utilizado PCR = 0,9 (probabilidade de cruzamento), trabalhamos com n =
100 (número de agentes da população), ou seja, candidatos a solução, e fizemos
experimentos para critério de parada como 500 iterações.
É importante enfatizar que, todas as técnicas aqui mencionadas foram
implementadas no software MATLAB versão R2008a. Sendo usado o software EIDORS
versão 3.7.1 para resolução do problema direto da TIE.
Os dados qualitativos foram analisados através de quão próximas as imagens de
condutividade reconstruídas (Figuras 2 e 3) estão das imagens de condutividade dos

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 73


objetos de estudo (Figura 1). Já os dados quantitativos correspondem a quantidade de
cálculos da função objetivo, isto é, a quantidade de resolução do problema direto da
TIE (associada ao custo computacional de reconstrução).

3 | RESULTADOS

A Figura 1 mostra as distribuições de condutividade simuladas, em três


configurações, para objetos isolados eletricamente colocados no centro (a), entre
centro e borda (b), e perto da borda (c) do domínio circular. Figuras 2 e 3 mostram
os resultados da reconstrução obtidos a partir das técnicas estudadas neste trabalho
EDSA e ED, respectivamente, para objetos colocados no centro (a1, a2 e a3), entre
centro e borda (b1, b2 e b3) e perto da borda (c1, c2 e c3) do domínio circular para
50, 300 e 500 iterações como critério de parada, respectivamente. As Figuras 4-6
apresentam o comportamento do erro quadrático relativo (ver Eq. 12) com relação ao
número de cálculos da função objetivo para as três configurações do domínio circular.
Todos os resultados aqui mencionados foram gerados a partir de um computador HP
com processador Intel(R) Core(TM) i7 e memória RAM de 8,00 GB.

(a) (b) (c)

Figura 1. Objetos de estudo criados no EIDORS para isolante no centro (a), entre centro e
borda (b), e perto da borda (c).

(a1) (b1) (c1)

(a2) (b2) (c2)

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 74


(a3) (b3) (c3)

Figura 2. Resultados de reconstrução para objetos colocados no centro (a1, a2 e a3), entre
centro e borda (b1, b2 e b3), e perto da borda (c1, c2 e c3) do domínio circular para 50, 300 e
500 iterações usando ED, respectivamente.

(a1) (b1) (c1)

(a2) (b2) (c2)

(a3) (b3) (c3)

Figura 3. Resultados de reconstrução para objetos colocados no centro (a1, a2 e a3), entre
centro e borda (b1, b2 e b3), e perto da borda (c1, c2 e c3) do domínio circular para 50, 300 e
500 iterações usando EDSA, respectivamente.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 75


Figura 4. Erro decrescente de acordo com o número de cálculos da função objetivo para objeto
isolante no centro do domínio.

Figura 5. Erro decrescente de acordo com o número de cálculos da função objetivo para objeto
isolante entre centro e borda do domínio.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 76


Figura 6. Erro decrescente de acordo com o número de cálculos da função objetivo para objeto
isolante próximo da borda do domínio.

4 | DISCUSSÕES E CONCLUSÃO

Qualitativamente, o comportamento dos algoritmos de reconstrução pode ser


investigado pela análise comparativa dos resultados visuais mostrados pelas imagens
das Figuras 2 e 3 com as imagens dos domínios de estudo (ver Figura 1). Para
estes experimentos, todos os algoritmos de reconstrução, inclusive a técnica híbrida
proposta, mostraram bom desempenho para recontruir os objetos de estudo, em
todas as configurações, obtendo imagens anatomicamente consistentes e conclusivas
a partir de 300 iterações dos algoritmos. Como vemos, merece destaque a técnica
híbrida EDSA por reconstruir as imagens de TIE com melhores delimitações de borda
(contraste).
A partir das Figuras 4-6, é possível perceber que a técnica híbrida, como esperado,
adquiriu as melhores características das técnicas de busca e otimização ED e SA,
sendo elas:
1 - alta diversidade da população de soluções candidatas obtida possivelmente
pela técnica ED, isto consequentemente gera baixos valores do erro relativo (função
objetivo) nas primeiras iterações;
2 – capacidade de evitar mínimos locais do espaço de busca da solução através
da busca local da técnica SA, isto consequentemente gera uma queda rápida do erro
relativo (função objetivo) ao longo do processo de convergência.
É possível observar que, a partir destes resultados, a hibridização das técnicas
é uma forma eficiente de melhorar o rendimento do algoritmo de ED, em termos de
custo computacional para reconstrução de imagens de TIE, principalmente quando o

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 77


elemento isolante elétrico encontra-se no centro do domínio circular.
Enfim, estes experimentos computacionais mostraram que a técnica híbrida
proposta provou ser o melhor Método de Busca e Otimização para reconstrução
de imagens de TIE, tanto do ponto de vista qualitativo quanto quantitativo, quando
comparado com o algoritmo de Evolução Diferencial. Além disso, observa-se que
a hibridização com técnica de busca local, em particular a técnica SA, mostrou ser
uma ferramenta poderosa para melhorar o rendimento computacional da técnica de
Evolução Diferencial na reconstruir imagens de TIE.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem às agências de fomento à pesquisa CAPES pelo
financiamento parcial desta pesquisa.

REFERÊNCIAS
ADLER, Andy; LIONHEART, William RB. EIDORS: towards a community-based extensible
software base for EIT. In: 6th Conf. on Biomedical Applications of Electrical Impedance Tomography.
2005. p. 1-4.

BORCEA, Liliana. Electrical impedance tomography. Inverse problems, v. 18, n. 6, p. R99, 2002.

DAS, Swagatam; SUGANTHAN, Ponnuthurai Nagaratnam. Differential evolution: A survey of the


state-of-the-art. IEEE transactions on evolutionary computation, v. 15, n. 1, p. 4-31, 2011.

GROSAN, Crina; ABRAHAM, Ajith. Hybrid evolutionary algorithms: methodologies, architectures,


and reviews. In: Hybrid evolutionary algorithms. Springer, Berlin, Heidelberg, 2007. p. 1-17.

KIRKPATRICK, Scott; GELATT, C. Daniel; VECCHI, Mario P. Optimization by simulated annealing.


science, v. 220, n. 4598, p. 671-680, 1983.

RIBEIRO, Reiga R. et al. Reconstruction of electrical impedance tomography images using


genetic algorithms and non-blind search. In: 2014 IEEE 11th International Symposium on
Biomedical Imaging (ISBI). IEEE, 2014. p. 153-156.

VAUHKONEN, Marko et al. A MATLAB package for the EIDORS project to reconstruct two-
dimensional EIT images. Physiological measurement, v. 22, n. 1, p. 107, 2001.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 7 78


CAPÍTULO 8
doi
SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAÇÃO E
COMPARAÇÃO TÉCNICA DE EQUIPAMENTOS MÉDICOS
APLICADO EM RAIOS-X

Walter Lima Ramirez Filho Sanitária (ANVISA). O SCTEM foi capaz de


Universidade de Brasília, Faculdade Gama (UnB/ utilizar o indispensável conhecimento técnico
FGA), Brasília- DF para especificar e comparar as tecnologias de
Lourdes Mattos Brasil forma útil e simplificada para os profissionais de
Universidade de Brasília, Faculdade Gama (UnB/ saúde.
FGA), Brasília- DF
PALAVRAS-CHAVE: Comparação, Raios-X,
Engenharia Clínica, Especificação.

RESUMO: A criação de ferramentas


ABSTRACT: The creation of computational
computacionais para aperfeiçoar o cuidado
tools to improve the health care and service
em saúde e o atendimento à racionalização,
rationalization, clinical events sustainability,
sustentabilidade dos eventos clínicos,
economic and social events in health area,
econômicos e sociais da saúde possibilita
allows us to solve problems arising from
solucionar problemas decorrentes da má
mismanagement in purchasing medical
administração em adquirir Equipamentos
equipment (EMs) in the context of public
Médicos (EMs) no contexto da saúde
health. The objective of this work is to propose
pública. O objetivo deste trabalho é propor
a system of Technical Comparison of EMs
um Sistema de Comparação Técnica de
(SCTEM) based on the Web that helps technical
EMs (SCTEM) baseado na Web que auxilie
professionals of Clinical Engineering (EC),
profissionais técnicos da Engenharia Clínica
Biomedical Engineering, among others, to
(EC), Engenharia Biomédica, entre outros, em
meet the clinical demands, with the application
atender às solicitações clínicas, com a aplicação
of the system in some X-ray devices . It is
do sistema em alguns Aparelhos de Raios-X.
also estimated in this work aspects related to
Estimam-se também neste trabalho aspectos
the management of health technologies, as
atinentes ao gerenciamento de tecnologias de
they discuss the qualitative impacts of health
saúde, à medida que se discutem os impactos
when launched the process of buying EMs.
qualitativos da saúde, quando lançado o
The output of the system will be presented
processo de compra de EMs. Os resultados
through technical comparisons of X-ray devices
fornecidos pelo sistema serão apresentados por
registered in the Health Surveillance Agency
meio de comparações técnicas dos Aparelhos
(ANVISA). The SCTEM was able to use the
de Raios-X registrados na Agência de Vigilância
necessary technical knowledge to specify and

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 79


compare the technology in an useful and simple way for healthcare professionals.
KEYWORDS: Comparison, X-rays, Clinical Engineering, Specification.

1 | INTRODUÇÃO

A confiabilidade de tecnologias em saúde é um campo há muito visto como


multidisciplinar do conhecimento, pois envolve implicações clínicas, sociais, éticas,
legais e econômicas das tecnologias em saúde. O processo de compras de EMs situa-
se nesse campo de interesse, ou seja, acaso ocorra uma supervisão sem efetividade
no curso do processo de aquisição, em função do notório saber de especialistas,
desencadeia efeitos negativos no cuidado de saúde (CHANG HU et al, 2012).
O ato de compra de EMs é forte instrumento da Gerência de Tecnologia em
Saúde (GEATS), pois é capaz de causar impactos na área de atuação da EC e,
consequentemente no cuidado ao doente: especificar, adquirir, avaliar, manter e
desativar a arquitetura tecnológica (SOUZA et al, 2013; INFANTE, SANTOS, 2007).
O processo de aquisição de equipamentos hospitalares restringe-se a alguns
pormenores a serem observados: necessidades clínicas, avaliação das condições
ambientais, levantamento dos equipamentos existentes no mercado, especificações
dos equipamentos, avaliação de propostas, escolha dos fornecedores, emissão
do contrato, instalação do equipamento. Dentre estas etapas, a especificação dos
equipamentos é a mais fundamental, em função das informações básicas que nela
deverá constar e, deste modo, definirá a melhor escolha do fornecedor e a melhor
proposta para a aquisição (JACOBS, 2009).
Ao especificar um equipamento o profissional deverá identificar as informações
como o nome do equipamento, a aplicação clínica, a configuração física, o tipo de
montagem, a capacidade nominal, as dimensões e peso, os parâmetros, os dispositivos
de controle e alarmes, exatidão, precisão e sensibilidade, alimentação, entrada
e saídas, acessórios, exigências técnicas e normativas. Tudo isto concorre para
configurar o ciclo de vida de uma tecnologia e principalmente dispor sobre a segurança,
desempenho, instalação e uso de equipamentos (BRASIL, 2013; ANVISA, 2004).
Portanto, este artigo visa à aplicação de um sistema de especificação e comparação
técnica que possibilita a inserção de informações técnicas, conforme padrões legais,
que dará subsídios à velocidade e apuração de parâmetros respectivos a alguns
Raios-X já registrados na ANVISA,pelos especialistas, no momento da proposição de
incorporação da tecnologia ao parque tecnológico.

2 | MATERIAIS E MÉTODOS

Para programar a sugestão do sistema de comparação técnica de EMs foram


justificadas as ferramentas computacionais escolhidas para a desenvoltura do trabalho

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 80


e métodos de teste. A viabilidade do SCTEM foi mensurada a partir de uma bateria de
testes promovida pelo pesquisador, utilizando a própria fase de teste.
Na avaliação do Sistema de Comparação Técnica para os Raios-X, pelo
pesquisador, levantaram-se parâmetros relevantes para a presente pesquisa. Foram
anotados eventuais desvios ou contradições, em relação à especificação adequada
dos Raios-X, os quais auxiliaram a elaboração da proposta da compra de tecnologias.
Os testes finais e reunião de parâmetros, acerca dos testes, conduziram a um
diagnóstico da utilização do SCTEM, assim como direcionaram as respostas aos
objetivos propostos.
Portanto, a solução desenvolvida prevê a adoção da arquitetura típica de
aplicações com camada de apresentação via rede. O acesso ao sistema será
viabilizado através de perfis de usuários, que poderão entrar no ambiente a partir de
qualquer computador que tenha acesso à internet e browser MS Internet Explore ou
Mozilla Firefox.
O sistema permite inicialmente configurar os parâmetros, em seguida habilita
o cadastro dos produtos de forma sistemática para que suceda a comparação dos
parâmetros de forma simples e útil como apresentado na Figura 1.

Figura 1: Comparar tipos de produto

Manuais de referência fornecidos pela ANVISA - Inicialmente, desenvolveu-


se o SCTEM com interface de tabela, a partir de parâmetros técnicos preconizados em
manuais fornecidos pela ANVISA que fornecem as especificações, marcas e modelos
dos Raios-X, entre outros EMs, vigentes no mercado, para auxiliar profissionais da área
de EC e de saúde a especificar e comparar com maior precisão tais equipamentos.
Os parâmetros foram instituídos de forma a abordar as informações mínimas
e necessárias para especificação e comparação dos Raios-X escolhidos, além da
especificação completa relativa a algumas marcas. Os parâmetros de alguns Aparelhos
de Raios-X foram previamente pesquisados, analisados e dispostos como apresentado
sucintamente abaixo na Tabela 1, isto é, a mesma reúne somente especificações

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 81


mínimas na primeira coluna e nas restantes apresenta os parâmetros técnicos
retirados dos manuais de serviço dos EMs em estudo. Logo, estas representações
são essenciais ao reforço do conhecimento que profissionais da EC devem possuir
para atuar na especificação técnica de equipamentos.

Fabricante GE VMI Siemens

Compacto Plus Axiom Multix MT


Modelo Optima XR640
DR 800 (Teto)

Número de registro na ANVISA 80071260114 10238040041 10234230143


Gerador de raios-x de alta fre-
     
quência
Inversor de 50kHz ou maior; Não definido Não definido Não definido
Tensão mínima do tubo: 40 kV em
40 kV 30 kV 40 kV
passos de 1kV

Corrente mínima do tubo: 80 mA 10 mA 50 mA 0,50 mA

Gerador: 80 kW ou maior 80 kW 60 kW 80 kW

Tempo máximo de exposição: 10 s 5s 6,3 s 0,001 s


Mínimo de mAs no tubo: 500 mAs 630 mAs 500 mAs 0,5 mAs
Par de cabos de alta tensão Sim Sim Sim

Tabela 1: Algumas especificações mínimas dos Aparelhos de Raios-X.

Com base em tabelas, a equipe técnica de EC poderá prever as diferenças


consideráveis, quanto à escolha do EM conveniente às necessidades do
Estabelecimento de Saúde (EAS), logo o sistema aproveitará tais tabelas para processar
as comparações. A ideia com o lançamento desta ferramenta computacional é simular
o comportamento de um profissional gabaritado, para avaliar a melhor proposta para
aquisição de EMs. O SCTEM visa ainda o uso simples e intuitivo, fácil e inteligível,
pois transmitirá informações técnicas de forma efetiva, independente das condições
ambientais ou das habilidades dos técnicos.
SCTEM como ferramenta - A referida ferramenta computacional contém
atualização periódica de acordo com a evolução tecnológica dos EMs, por exemplo: -
Tabelas comparando parâmetros técnicos e modelos equivalentes de marcas diversas
dos Aparelhos de Raios-X.
O SCTEM em questão atende às especificações mínimas das tecnologias
hospitalares, conforme quesitos demandados pelas normas, enquanto elementos
determinantes para atender às necessidades clínicas, econômicas e, sobretudo ao
escopo social da saúde pública. A preocupação com a qualidade da saúde é uma
constante no Sistema de Comparação proposto, já que disponibiliza informações
técnicas que auxiliam na melhor escolha dos EMs, no caso em estudo dos Aparelhos
de Raios-X.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 82


3 | RESULTADOS

Os resultados são apresentados de forma resumida por meio de figuras do


sistema proposto, desde a sua concepção até a especificação e comparação dos
EMs, em especial dos Aparelhos de Raios-X.
A Figura 2 apresenta a tela inicial que indica o Tipo de Produto a ser selecionado,
no caso, o Aparelho de Raio-X Digital indicado pelo item 343, visto que a comparação
dos mesmo ocorrerá somente após a configuração dos parâmetros e o cadastramento
dos produtos.

Figura 2: Tipo de Produto.

Futuramente, o Sistema de Comparação poderá auxiliar o desenvolvimento de


um banco de dados que possibilite pesquisas diversas além de subsidiar efetivamente
a especificação e comparação de EMs por profissionais que não possuam tanto
conhecimento e experiência no contexto de EC.
A Figura 3 apresenta os campos de especificações mínimas referente aos
Aparelhos de Raios-X, ou seja, é o cadastro dos parâmetros que serão inseridos no
siste- ma no intuito de atingir o objetivo proposto de comparar os Raios-X de marcas
diferentes e modelos semelhantes. Além disso, tais parâmetros dos Aparelhos de
Raios-X podem ser comparados de acordo com os indicadores lógicos, numéricos ou
textuais.

Figura 3: Parâmetros do Produto.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 83


Após execução dos passos anteriores, tem-se na Figura 4 a comparação do tipo
de produto selecionado ao clicar no campo comparar, neste caso, em particular, tem-
se a comparação dos Aparelhos de Raios-X em estudo.

Figura 4: Comparação do Tipo de Produto (Raios-X).

A aplicação do SCTEM aos Aparelhos de Raios-X, proporcionou a especificação


mínima com a descrição das marcas, modelos, tensões, entre outras informações
técnicas. Consequentemente, a partir destes parâmetros é que o sistema compara de
forma lógica, numérica ou textual os equipamentos de marcas diferentes e modelos
semelhantes.
Ainda na Figura 4, como exemplo, tem-se na coluna da especificação que a
tensão mínima do tubo deve ser maior que 40 kV, prontamente o sistema compara de
forma lógica e numérica os parâmetros dos Aparelhos de Raios-X das marcas VMI,
GE e Siemens. Portanto, a cor verde indica que os Aparelhos de Raios-X da marca GE
e Siemens possuem o valor ideal solicitado de 40 kV, enquanto, a cor vermelha indica
que o equipamento da marca VMI não atendeu a exigência.
De tal modo, todos os parâmetros relacionados aos Aparelhos de Raios- X podem
ser facilmente especificados e comparados com maior precisão pelo sistema de forma
a auxiliar profissionais da área de EC e de saúde.

4 | DISCUSSÃO

Por meio deste estudo foram realizadas as especificações e comparações dos


Aparelhos de Raios-X envolvendo o uso de um sistema que permite a inserção dos
parâmetros que caracterizam os EMs.
Essas especificações e comparações permitiram como resultado, a proposta de
um processo de seleção de Aparelhos de Raios-X de acordo com as necessidades
previamente cadastradas e, além disso, o sistema possibilita de forma transparente a
visualização de todos os parâmetros previamente cadastrados dos EMs em estudo.
As dificuldades encontradas no processo de desenvolvimento do sistema SCTEM
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 84
refletem as dificuldades comuns a qualquer desenvolvimento de software, quando se
aplicam metodologias de Engenharia de Programação. A primeira questão enfrentada
foi à escolha da metodologia e das ferramentas de desenvolvimento a serem adotadas.
As informações encontram-se representadas em HTML 5.0, Java Script e PHP5, por
serem mais adequadas as constantes mudanças do sistema.
Na literatura atual, não foi encontrada pesquisa semelhante à realizada por este
artigo. Existem diversas pesquisas sobre sistema de informações hospitalares, mas
com outros focos, nenhuma preocupada em especificar ou comparar os EMs utilizando
o desenvolvimento em software baseado na Web, sob o ponto de vista da Engenharia
de Programa.
Dessa forma, a comparação dos resultados com outras pesquisas ficou restrita
a alguns tópicos como na realizada na Universidade de Santa Catarina (UFSC) que
resultou em apenas dois trabalhos satisfatórios. Um deles, o trabalho de Vergara, que
menciona sobre os procedimentos de aquisição de EMs de dois setores específicos de
uma EAS por meio de uma ferramenta computadorizada (GALEANO, 1999). O outro,
o trabalho de Santos, que apresenta uma proposta de sistema para substituição de
EMs (SANTOS, 2009).
Na pesquisa, detectou-se um baixo percentual de projetos na área médica
em software baseado na Web que trate de EMs, isso sugere que é necessária uma
maior divulgação da informática em saúde, tanto no meio acadêmico como no meio
empresarial.

5 | CONCLUSÃO

A proposta para o projeto do SCTEM é uma primeira versão do sistema capaz de


realizar uma solução em software que pode auxiliar na especificação ou comparação
de EMs já registrados na ANVISA, no caso deste artigo o sistema foi aplicado a alguns
Aparelhos de Raios-X. Este estudo tem como foco a apresentação da proposta de
criação de um sistema de comparação técnica de EMs para auxiliar nas especificações
ou escolhas mal feitas.
O processo de aquisição de EMs limita-se a algumas particularidades a serem
observadas, contudo a especificação bem feita é a mais essencial, visto que a
comparação técnica depende das informações básicas que nela deverá constar e,
deste modo, definirá a melhor escolha do fornecedor e a melhor proposta para a
aquisição.

REFERÊNCIAS
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. BIT – Boletim Informativo de Tecnovigilância. Boas
práticas de aquisição de equipamentos médico-hospitalares. BIT n° 1. 2004.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 85


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas: elaboração de estudos para
avaliação de equipamentos médicos assistenciais. 2013

CHANG HU, et al. Primary Discussion on Standardized Management of Purchasing Large


Equipments for Measurement Technology Institution. Physics Procedia 25. 1837 – 1844. 2012.

GALEANO, Júlio César Vergara. Procedimentos de aquisição de equipamentos médico-


assistenciais: uma ferramenta computadorizada de apoio. 1999. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Elétrica)-Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Florianópolis-SC,
1999.

INFANTE, Maria; SANTOS, Maria Angélica Borges dos. A organização do abastecimento do


hospital público a partir da cadeia produtiva: uma abordagem logística para a área de saúde.
Ciência & Saúde Coletiva. 2007; v.12, p.945- 954.

JACOBS, Genésio José. Compras e manutenções de equipamentos na área da saúde pública:


aperfeiçoamento de contratos e eficácia da utilização [internet]. 2009. Disponível em: https://
www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/19169/000734773.pdf?sequ> Acesso em: 20 Jul, 2018.

SANTOS, Francisco de Assis Souza dos. Proposta de sistema para obtenção de indicador
de apoio no processo de decisão de substituição de tecnologia médico-hospitalar. 2009.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica)- Universidade Federal de Santa Catarina, Centro
Tecnológico. Florianópolis-SC, 2009.

SOUZA, Antônio Artur de, et al. Logística Hospitalar: um estudo de caso diagnóstico das
dificuldades na gestão logística do setor de Engenharia Clínica. Revista Eletrônica de
Administração (Online). 2013; ISSN: 1679-9127 v. 12, n.1, ed. 22.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 8 86


CAPÍTULO 9
doi
A NEW MEASURE TO EVALUATE SUBTHRESHOLD
RESONANCE IN NEURONS

Rodrigo Felipe de Oliveira Pena and bottom voltage responses under the
Universidade de São Paulo, Faculdade de presence of an oscillatory current. We define
Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, two new measures, namely depolarized
Departamento de Física, Ribeirão Preto - São
impedance Z+(f) and hyperpolarized impedance
Paulo
Z-(f), which split the usual impedance profile
Vinicius Lima Cordeiro into these voltage responses and show new
Universidade de São Paulo, Faculdade de
response profiles of neurons when submitted
Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Departamento de Física, Ribeirão Preto - São to oscillatory currents. Our investigation with
Paulo these measures with a biophysical model of a
pyramidal cell present results demonstrating
Cesar Augusto Celis Ceballos
Universidade de São Paulo, Faculdade de that when the amplitude of the oscillatory
Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, current is enhanced, asymmetrical responses
Departamento de Física, Ribeirão Preto - São appear. This suggests that a neuron can be
Paulo sensitive not only to changes in the frequency of
Renan Oliveira Shimoura its synaptic inputs but also to other features not
Universidade de São Paulo, Faculdade de covered by other measures, and also that this
Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, sensitivity depends on intrinsic parameters of its
Departamento de Física, Ribeirão Preto - São
ionic currents. Our theoretical results reproduce
Paulo
such a phenomenon which has been observed
Antônio Carlos Roque da Silva Filho experimentally and we expect it to be useful in
Universidade de São Paulo, Faculdade de
further studies of resonance in neurons.
Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Departamento de Física, Ribeirão Preto - São KEYWORDS: resonance; computational
Paulo modeling; subthreshold oscillations; biophysical
model; pyramidal cell

ABSTRACT: The subthreshold resonance of a


neuron is generally identified by the frequency
by which there is a peak in the impedance
profile. However, this measure does not take
into account subtle differences among upper

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 9 87


1 | INTRODUCTION

The subthreshold resonance properties of neurons are usually measured by


submitting a neuron to the so-called ZAP function. The ZAP function is a current with
increasing frequency so that the response of the neuron can be studied systematically.
Interestingly, the neuronal response depends on the ionic combination embedded
in the neuron (see Fig. 1).

Figure 1. The problem of subthreshold resonance is usually approached with the application of
an oscillatory current with increasing frequency (ZAP). Depending on the ionic current involved
in the neuron, its response to a given input can be enhanced (resonance). Otherwise, the
neuron usually presents a low- pass filtering behavior.

From the output, the impedance amplitude profile is constructed as the ratio of
Fourier transforms of output and input: Z(f)=FFTout/FFTin (HUTCHEON and YAROM,
2000; ROTSTEIN and NADIM, 2014). The resonance frequency corresponds to a peak
in Z(f). In general, for low amplitude (~10 pA) ZAP functions the voltage response
oscillations are symmetric about a reference voltage line. However, there is evidence
of asymmetric responses to ZAP functions, with non-coincident depolarizing and
hyperpolarizing membrane resonance frequencies (FISCHER, LEIBOLD and FELMY,
2018). Here we study this effect for high amplitude ZAP functions (>10 pA). To deal with
the problem we propose two different measures than the usual Z(f).

2 | METHODS

To tackle asymmetric voltage response oscillations, we propose two different


measures than the usual ratio of Fourier transforms. We take the holding membrane
potential (Vhold) as reference voltage line, so that voltages above it will be positive and
voltages below it will be negative, and, for each frequency f, measure the magnitudes
of the maximum (peak) and minimum (trough) voltage traces normalized by the ZAP
current amplitude (Fig. 2). Let us call these two quantities, which depend on the
frequency f and have dimensions of impedance, Z+(f) and Z-(f) respectively.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 9 88


Figure 2. Method for calculation of Z+(f) and Z-(f). At the beginning of simulation the neuron is at
the resting potential (Vrest). Shortly after that, the potential changes to the holding potential (Vhold),
which is taken as reference (voltages above it are positive and voltages below it are negative).
After the ZAP current is applied, the peaks V+(f) and troughs V-(f) of the voltage response are
taken, and Z+(f) and Z-(f) are calculated as these respective quantities normalized by the ZAP
amplitude A (see text).

We characterized how different ionic currents can affect Z+(f) and Z-(f) in a
Hodgkin-Huxley type neuron model (the model was described by us elsewhere in
Pena et al. 2018 and in Zemankovics et al. 2010). Two ionic currents were considered,
delayed rectifier potassium (IKd) and hyperpolarization-activated (Ih) current, modeled
as described by Popischil et al. 2008. The problem was investigated with computational
simulations of the neuron model submitted to a ZAP current.

3 | RESULTS

In Fig. 3 we show examples of Z+(f) (solid lines) and Z-(f) (dashed lines) measured
from our simulations. For the low ZAP current amplitude (A = 10 pA; Figs. 3a and 3c),
Z+(f) and Z-(f) are identical for the two combinations of ionic currents considered (only
Ih or Ih and IKd). This corresponds to symmetric voltage oscillation envelopes and to
single resonance frequencies (coincident depolarizing and hyperpolarizing membrane
resonances). On the other hand, for the high ZAP current amplitude (A = 1 nA; Figs.
3b and 3d), Z+(f) and Z-(f) display different behavior. Not only the depolarizing and
hyperpolarizing membrane resonance peaks are different but, depending on the holding
potential, a resonance peak can exist in Z-(f) (hyperpolarizing resonance) but not in
Z+(f) (absence of depolarizing resonance). Interestingly, when IKd and Ih are present
together Z-(f) can feature two resonance peaks (see the small hump in the Z-(f) trace in

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 9 89


the zoom in Fig. 3d).

Figure 3. Z+(f) and Z-(f) curves for different ionic current combinations, ZAP current amplitudes
and holding potential values. Panels (a) and (b) refer to neuron with only Ih currents while panels
(c) and (d) refer to neuron with Ih and IKd currents. Solid lines show Z+(f) and dashed lines show
Z-(f). Colors indicate the different values of holding potential: −120 mV (blue), −90 mV (green),
−60 mV (red), and −40 mV (black). Titles above panels show ZAP current amplitude (10 pA or 1
nA). Insets show representative voltage responses to ZAP currents (colors are the same as for
the holding potentials). In panel (d) a zoom of Z+(f) and Z-(f) is shown for voltage clamped at −40
mV and frequencies in the high end of the range considered.

For the case of high ZAP current amplitude, the differences between the
depolarizing and the hyperpolarizing membrane resonance peaks and frequencies can
be quantified as shown in Fig. 4. We define the difference between the resonance peaks
of Z+(f) and Z-(f) as the resonance peak shift ΔZ = Z+(ω+res) − Z-(ω-res), and the difference
between the corresponding resonance frequencies as the resonance frequency shift
Δω = ω+res − ω-res.

Figure 4. Resonance peak shift (ΔZ) and resonance frequency shift (Δω) definitions. The figure
corresponds to ZAP current amplitude A = 1 nA (for ZAP current amplitude of 10 pA, ΔZ = Δω
= 0), and to the case with only Ih present and Vhold = −94 mV (this is the value for the largest Δω
observed by us). The resonance peak of Z+(f) is indicated by a red asterisk and the resonance
peak of Z-(f) is indicated by a red triangle.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 9 90


In our simulations, the Z+(f) and Z-(f) curves depend on the ionic currents involved
and the holding potential value. To study the combined effect of an ionic current
parameter (in this case the Ih time constant ⎮h) and the holding potential value (Vhold)
on ΔZ and Δω, we show in Fig. 5 the behavior of these two quantities in the two-
dimensional diagram spanned by Vhold (in the abscissas axis) and τh (in the ordinates
axis), the Vhold−τh diagram. Only cases where resonance peaks were observed for both
Z+(f) and Z-(f) Z+(f) for the same Vhold and τh pair were considered. One can observe that
both the current kinetics and the holding potential can change the resonance properties
of Z+(f) and Z-(f).

Figure 5. Characterization of the neuron’s resonance behavior in the Vhold−τh diagram. Only
the cases where both depolarizing and hyperpolarizing resonances where simultaneously
observed were considered. Otherwise, ΔZ and Δω were made equal to zero. (a) Behavior of the
resonance peak shift ΔZ. (b) Behavior of the resonance frequency shift Δω. Color bars indicate
the corresponding ΔZ and Δω values. Data in this figure were generated for the case with only Ih
present.

On the right-hand sides of the diagrams for ΔZ (Fig. 5a) and Δω (Fig. 5b), ΔZ ≈
0 and Δω ≈ 0. This means nearly similar hyperpolarizing and depolarizing resonance
magnitude peaks occurring at nearly the same frequency. In other words, symmetric
voltage response profiles. On the other hand, on the left-hand side of the diagram for
ΔZ, ΔZ changes from negative values to positive ones (passing through zero) as Vhold
decreases and τh increases. So, there are two regions of the Vhold−τh diagram where the
resonance profile is asymmetric: the upper part of the left-hand side and the left-hand
corner. The left-hand corner is a region with small Δω (Fig. 5b), indicating asymmetric
resonance peaks for small frequency changes. The upper part of the left-hand side
of the Vhold−τh diagram is a region where Δω is relatively large (Fig. 5b), indicating
asymmetric resonance peaks at well separated frequencies.
Therefore, there are two regions in the Vhold−τh diagram the neuron would be
able to discriminate the frequency change Δω of the input current based on its voltage
response profile. In one of them, the sensitivity (measured as the magnitude of the
asymmetric response divided by the magnitude of the frequency change) is high, and
in the other the sensitivity is lower.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 9 91


4 | DISCUSSION

Our simulation results suggest that a neuron can be sensitive to changes in the
frequency of its synaptic inputs, and this sensitivity depends on intrinsic parameters of
its ionic currents. It is known that changes in the kinetics of the Ih current are linked to
several channelopathies such as epilepsy (GEORGE, 2004). This suggests a potential
link between alterations in the Ih kinetics and alterations in neuronal sensitivity to input
frequencies by means of asymmetric hyperpolarizing and depolarizing resonance
responses.
Our theoretical results reproduce a phenomenon which has been observed
experimentally (FISCHER, LEIBOLD and FELMY, 2018) suggesting that the extraction
of the Z+(f) and Z -(f) quantities as defined here can be useful in further studies of
resonance phenomena in neurons. In particular, these quantities could be used to
characterize the differential response of neurons to inputs with different frequencies.
Lastly, our simulation results also suggest that the negative impedance profile of a
neuron can have two resonance peaks, which is a phenomenon that deserves further
exploration.

5 | ACKNOWLEDGMENT

This work was produced as part of the activities of FAPESP Research,


Dissemination and Innovation Center for Neuromathematics grant 2013/07699-0.
VLC and RFOP are recipients of the respective FAPESP scholarships: 2017/05874-0
and 2013/25667-8. CCC is supported by a CAPES PhD scholarship. ACR is partially
supported by the CNPq fellowship grant 306251/2014-0. RFOP and ACR are also part
of the IRTG 1740/TRP 2015/50122-0, funded by DFG/FAPESP.

REFERÊNCIAS
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Neurons. Frontiers in Cellular Neuroscience, v. 12, p. 8, 2018.

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ROTSTEIN, Horacio G.; NADIM, Farzan. Frequency preference in two-dimensional neural

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 9 92


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ZEMANKOVICS, Rita et al. Differences in subthreshold resonance of hippocampal pyramidal


cells and interneurons: the role of h‐current and passive membrane characteristics. The Journal
of Physiology, v. 588, n. 12, p. 2109-2132, 2010.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 9 93


CAPÍTULO 10
doi
REPEATABILITY OF GAIT RANGES OF MOTION IN THE
PRESENCE OF STROKE

Vanessa Lucas dos Santos fases da marcha e para os membros parético


Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e não parético. Para tanto, foi realizada a
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em coleta de ângulos articulares de 17 voluntários
Saúde
hemiparéticos com AVC (8 mulheres, 11
Curitiba – Paraná
hemiparéticos à direita, idade de 54,9±10,5
Gisele Francini Devetak anos) em um laboratório de marcha, utilizando
Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
o sistema Motion Analysis. A repetibilidade das
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em
ADM dos ângulos de obliquidade pélvica, flexão
Saúde
de joelho, tornozelo e quadril foi determinada
Curitiba – Paraná
utilizando-se o coeficiente de correlação intra-
Elisangela Ferretti Manffra
classe (CCI). A repetibilidade entre dias pode
Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
ser excelente, com valores de ICC acima de
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em
Saúde 0,86 para todas as ADM, em ambas as fases
Curitiba – Paraná da marcha e para os membros parético e não
parético. Porém, os valores de MMD variam
desde 0,41o até 7,0o e, para uma mesma
articulação, apresentam diferenças entre
RESUMO: Encontrar medidas quantitativas para membros. Conclui-se, portanto, que as ADM
avaliar a marcha é um desafio, especialmente analisados apresentam confiabilidade suficiente
na presença de acidente vascular cerebral para serem ser adotadas como medidas de
(AVC). Tais medidas podem ser clinicamente desfecho, na avaliação de procedimentos
úteis somente se sua repetibilidade for clínicos, desde que sejam observados os
conhecida, assim como o valor da mínima valores de MMD ao analisar as mudanças entre
mudança detectável (MMD). As amplitudes os momentos pré e pós terapia.
de movimento (ADM) dos ângulos articulares PALAVRAS-CHAVE: Acidente vascular
durante a marcha pós-AVC são possíveis cerebral; marcha; biomecânica; repetibilidade.
medidas de desfecho para avaliação do efeito
de tecnologias de reabilitação, porém sua ABSTRACT: Finding quantitative measures
confiabilidade não é conhecida. O objetivo to evaluate gait is a challenge, especially in
desse estudo é determinar a repetibilidade e the presence of stroke. Such measures might
MMD dessas amplitudes para as diferentes be clinically useful only if their repeatability is

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 94


known, as well as the minimum detectable change (MDC) value. The range of motion
(ROM) of the joint angles during gait after stroke are possible outcome measures to
evaluate the effect of rehabilitation technologies, but their reliability is not known. The
purpose of this study is to determine the repeatability and MDC of these ROM for the
different gait phases and for the paretic and non-paretic limbs. To do this, the articular
kinematic data was collected from 17 hemiparetic volunteers with stroke (8 females, 11
hemiparetic on the right, age 54.9 ± 10.5 years) in a gait laboratory using the Motion
Analysis system. The repeatability of the ROM of the pelvic angles, knee, ankle and hip
flexion was determined using the intra-class correlation coefficient (ICC). Repeatability
between days can be considered excellent, with ICC values ​​above 0.86 for all ROM,
in both phases of gait and for the paretic and non-paretic limbs. However, the MDC
values ​​range from 0.41 to 7.0 and, for the same joint, have differences between limbs.
We conclude, therefore, that the ROMs analyzed here exhibit sufficient reliability to be
adopted as outcome measures, for assessing clinical interventions, provided that the
MMD values ​​are observed when analyzing the changes between moments pre and
post therapy.
KEYWORDS: Stroke; gait; biomechanics; repeatability.

1 | INTRODUCTION

The hemiparetic gait pattern is commonly adopted after a stroke (KIM et al.,
2016; SCHMID et al., 2013)secondary mechanisms are required. The aims of this
systematic review were (1, and is associated with reduced gait velocity (YAVUZER
et al., 2008; CARMO et al., 2012) and increased risk of falls (WEERDESTEYN et al.,
2008). According to (AWAD et al., 2015)42 individuals with chronic hemiparesis (>6
months poststroke, the synergy pattern exhibited by post-stroke individuals affects the
gait in a way that the more asymmetrical the gait, the slower the speed and the higher
the energy expenditure. Furthermore, the gait after stroke exhibits reduced range of
motion (ROM) of hip, knee flexion and ankle joints on the paretic side (MACLELLAN
et al., 2013;SHEFFLER AND CHAE, 2015), in comparison to normal. The cadence,
stride length (CHEN et al., 2005)healthy controls at matched speeds. The hemiparetic
subjects walked on the treadmill at their comfortable speeds, while each control walked
at the same speed as the hemiparetic subject with whom he or she was matched.
Kinematic and insole pressure data were collected from multiple, steady-state gait
cycles. A large set of gait differences found between hemiparetic and non-disabled
subjects was consistent with impaired swing initiation in the paretic limb (i.e., inadequate
propulsion of the leg during pre-swing, increased percentage swing time, and reduced
knee flexion at toe-off and mid-swing in the paretic limb, step length and single support
are reduced (CARMO et al., 2012), while the swing phase (CARMO et al., 2012;AWAD
et al., 201542 individuals with chronic hemiparesis (>6 months poststroke,RINALDI
AND MONACO, 2013)while homologous participants walked at two fixed speeds.\\n\\

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 95


nMETHODS: Five patients with left and five with right chronic hemiparesis, characterized
by similar level of motor functioning, were enrolled. Ten non-disabled volunteers were
recruited as matched control group. Spatio-temporal parameters, and intralimb thigh-
leg and leg-foot coordination patterns were used to compare groups while walking on
a treadmill at 0.4 and 0.6 m/s. The likelihood of Continuous Relative Phase patterns
between healthy and hemiparetic subjects was evaluated by means of the root mean
square of the difference and the cross correlation coefficient. The effects of the group
(i.e., healthy vs. hemiparetics is increased on the paretic side.
Many of the abovementioned gait characteristics were observed using the
kinematic gait analysis, which allows obtaining angular and linear data to characterize
gait impairment with relatively good precision and objectivity. However, the analysis
is complex since there is a large number of joints and segments in several planes
(BAKER, 2013). In order to produce simple measures that can be useful for clinical
assessment, one can extract parameters from the trajectories of kinematic and of
kinetic variables (BAKER, 2007).
As a matter of fact, such parameters have been defined and studied in the literature
to describe the characteristics of the hemiparetic gait (CARMO et al., 2012; LUCARELI
AND GREVE, 2006; CHEN et al., 2003). The peak values of angular trajectories of
stroke subjects walking at self-selected speed have been analyzed and it has been
found that faster walkers compensated for poor knee flexion and ankle dorsiflexion with
larger amounts of circumduction (STANHOPE et al., 2015).
A previous study (KERRIGANet al., 2000) defined twelve peak parameters to
characterize circumduction and hip hiking by comparing them to those of healthy
subjects. It has been found that hemiparetic subjects had smaller range of motion
(ROM) of hip, knee and ankle angles than healthy subjects, while the range of motion
of the pelvic angle was larger (CHEN et al., 2003). More recently (CARMO et al., 2012)
assessed the ROM of upper and lower limb joint angles in the sagittal, frontal and
transverse planes during de hemiparetic gait.
The aforementioned studies have parametrized the gait angle curves using peak
values, time to peak values, or/and excursions. Such parameters might be relevant
in clinical practice, if their repeatability and minimal detectable change (MDC) are
known. Measures with high repeatability are more suitable for clinical assessments as
their changes will be less sensitive to measurement error or natural variability (WEIR,
2005). In the study of (YAVUZER et al., 2008) the authors found high repeatability
of some kinematic parameters, that include hip and knee flexion in the swing phase
and ankle flexion in both phases. However, they focused only in the paretic limb and
performed the two measurements in the same day. Previous studies that investigated
the repeatability of the summary measures from kinematic angles of stroke patients
(DEVETAK et al., 2016;CORREA et al., 2017) found out that there are differences
between repeatability of the paretic (P) and non-paretic (NP) limbs and different.
Moreover, the repeatability between days is more clinically relevant as, when assessing
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 96
the effects of an intervention, the therapists must take the patients to the lab in different
days. The repeatability of other kinematic parameters (CATY et al., 2009;KESAR et
al., 2011) have also been investigated but assessed walking on a treadmill. Given the
differences between gait patterns on ground and on treadmill (YANG et al., 2015), the
repeatability obtained observing the gait on a treadmill, cannot be assumed to be the
same over ground.
In summary, even though the ROM of lower limb joints are parameters with
potential clinical interest, as they are influenced by strength training and interventions
for spasticity, their repeatability and minimal detectable change (MDC) are not known
for gait after stroke.In this context, the main aim of this study was to determine the
repeatability and to estimate the MDC of the ROM of pelvic angle in the frontal plane,
and hip, knee and ankle in the sagittal plane for paretic and non-paretic limb during the
gait of post-stroke subjects. We also addressed the differences in the amplitudes of the
paretic and the non-paretic lower limbs.

2 | METHOD

Gait data was collected at Ana Carolina Moura Xavier Rehabilitation Center
(CHR) after approval by the Ethics and Research Committee of the Pontifical Catholic
University of Paraná.
The sample consisted of 17 subjects diagnosed with unilateral stroke, confirmed
by computed tomography or magnetic resonance imaging. Inclusion criteria were: age
above than 18 years old; understand the instructions for accomplishing gait analysis; and
to have the ability to walk 10 m without assistance from another person. Exclusion criteria
were: bilateral stroke; other neurological disease; severe musculoskeletal disorders;
and orthopedic surgery in the last 6 months. The following clinical characteristics were
assessed by a physiotherapist: spasticity of the plantar flexors of the paretic limb,
according to the modified Ashworth Scale [26]; degree of independency during gait,
evaluated with the Functional Ambulation Category (FAC) (MEHRHOLZ et al., 2007);
and functional postural control, evaluated with the Berg Balance Scale (MIYAMOTO
et al., 2004). The clinical e demographic characteristics of the sample are detailed in
Table 1.

Gender (F/M) 8/9


Age (years) 54.9 ± 10.5
Paretic side (L/R) 11/6
Stroke Etiology (I/H) 11/6
Time after stroke (months) 6.1 ± 3.5
Body mass (kg) 68.1 ± 9.0
Body height (cm) 163.0 ± 8.0
FAC Level (3/4/5) 6/6/5

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 97


Score of Berg Balance Scale 36.6 ± 11.6
Aswhorth (0/1/2/3/4) 3/6/2/5/1
Proprioception P limb (Normal/Absent) 1/13/3
Proprioception NP limb (Normal/Absent) 1/13/3

TABLE 1. Characteristics of the sample (n=17). Continuous values are expressed as mean ±
standard deviation.

Note: M. male; F. female; R. rigth; L. Left; H. hemorrhagic; I. ischemic.

Participants underwent two sessions of 3D gait analysis (test and retest), 2 to


7 days apart from each other. In each session, the same experienced rater placed
reflective markers on the anatomical landmarks of the participants, according to the
Helen Hayes marker set. The participants were, then, instructed to walk on a 10 m
walkway for six times (trials), barefoot at a self-paced speed. A rest between trials was
allowed if necessary.
Kinematic data were collected with the help of a motion capture system (Motion
Analysis Corporation, Santa Rosa, CA), with 6 infrared digital cameras at a sampling
frequency of 60Hz. Data was low-pass filtered with a cut-off frequency of 6 Hz using
a fourth-order digital Butterworth filter. All data were processed using Cortex® and
OrthoTrak® softwares.
A skilled engineer identified the instants when each foot touched and set off the
ground, by inspecting the motion of the stick figure frame by frame. Data from two
consecutive strides of the first four trials were used in the analysis.
We calculated the ranges of motion of the following angles: pelvic obliquity
(in the frontal plane), hip flexion/extension, knee flexion/extension, and ankle dorsi/
plantarflexion. Angular ROM or amplitude during each gait phase was defined as the
difference between the maximum and minimum angle values ​​reached during that
phase. Calculations were performed using a routine written in Matlab®.
Statistical analysis was performed using the SPSS statistical package, version
21.0 (SPSS Inc., Armonk, NY), with significance level of 0.05. Normality of data and
homogeneity of variances were verified using the Shapiro-Wilk and Lèvene tests,
respectively. The amplitudes ​​obtained in each phase for paretic limb (PL) and for
non-paretic limb (NPL) sides were compared using the T-Student or Wilcoxon test,
according to data normality.
The repeatability was estimated using the two-way mixed intra-class correlation
coefficient (ICC), according to (WEIR, 2005)J.P. Quantifying test-retest reliability using
the intraclass correlation coefficient and the SEM. J. Strength Cond. Res. 19(1, with a
confidence interval of 95%. The ICC was calculated for data collected on the same day
(intraday) and for data collected on different days (inter-days).
Eight strides were used for calculating de intraday ICC both for the test and for
retest session. For calculating the inter-days repeatability, we averaged the values of
the 8 strides of each day and used the averages to calculate the ICC.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 98


The presence of systematic error was investigated using ANOVA or Kruskall-
Wallis test, depending on the normality of data, as recommended by (WEIR, 2005).

The standard error of measurement (SEM) was estimated from the inter-day ICC,
according to expression 1 (WEIR, 2005).

(1)
Where SD is the standard deviation of the all 16 values: 8 from the test and 8
from the retest session.
Finally, the Minimal Detectable Change (MDC) was obtained from the SEM,
according to equation 2 from (WEIR, 2005)J.P. Quantifying test-retest reliability using
the intraclass correlation coefficient and the SEM. J. Strength Cond. Res. 19(1.

(2)

3 | RESULTS

The ROM obtained during test and retest sessions are reported in table 2. It is
possible to observe that hip flexion/extension for PL and NPL differed only during the
support phase, while those of the knee differed in both phases and those of the ankle
exhibited no difference between limbs.

Test Retest
Support Swing Support Swing
ROM Limb
Mean p-val- Mean p-val- Mean p-val- Mean p-val-
(SD) ue (SD) ue (SD) ue (SD) ue
0.81 5.64
5. 64 0.92
P
Pelvic (0.61) (0.36)
(0.31) (0.31)
Obliquity 0.035 0.092 0.019 0.070
(°) 0.58 6.17
6.63 0.62
NP
(0.46) (0.21)
(0.26) (0.51)
18.85 19.18 19.34 20.05
P
Hip flexion (0.83) (1.25) (0.70) (0.83)
0.000 0.230 0.000 0.218
(°) 32.58 24.45 33.74 25.17
NP
(1.21) (0.90) (0.57) (0.91)
29.52 30.29 30.29 31.12
P
Knee flex- (1.34) (3.19) (3.19) (3.13)
0.000 0.000 0.000 0.000
ion (°) 38.86 43.53 43.53 44.37
NP
(0.83) (4.60) (4.60) (5.12)
19.60 9.12 20.31 9.26
P
Ankle flex- (1.25) (1.27) (1.37) (2.24)
0.726 0.068* 0.381 0.066
ion (°) 20.28 12.23 22.11 13.36
NP
(0.93) (0.94) (1.21) (1.39)

Table 2: Values of the ROM for test and retest sessions.

Note: SD means standard deviation, P means paretic, NP means nonparetic. The p-values were
calculated with the Student´s t-test or the Wilcoxon test (*).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 99


Systematic error was detected in the retest session, when three of the volunteers
had values of knee flexion/extension ROM markedly different among the strides, as
depicted in Figure 1.
The values of ICC corresponding to intraday repeatability from test and retest
sessions are in Table 3 and those corresponding to the inter-days, in Table 4. It is
possible to see the effect of the systematic error on the value of the ICC of the knee
angle, of the NP limb, during the swing phase.

Figure 1: ROM values of the knee during swing phase for each stride of the retest session of the
volunteers 7,14,15 which presented systematic error (dashed and dotted lines) and of volunteer
1 (solid line), which is similar to the other volunteers.

Test Retest

Support phase Swing phase Support Swing phase


phase ICC (CI)
ICC (CI) ICC (CI)
ICC (CI)
Pelvic 0.843 0.924 0.846 0.934

obliquity (0.733-0.929) (0.863-0.967) (0.737-0.930) (0.880-0.971)


Hip 0.854 0.901 0.837 0.927

flex/ext (0.749-0.934) (0.824- (0.724-0.926) (0.869-0.968)


0.956)
P

Knee 0.817 0.750 0.841 0.797

flex/ext (0.694-0.915) (0.570-0.878) (0.728-0.927) (0.652-0.907)


Ankle 0.870 0.839 0.869 0.731

dorsi/plant (0.774-0.942) (0.727-0.927) (0.773-0.941) (0.576-0.869)

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 100


Pelvic obliquity 0.880 0.858 0.812 0.916

(0.790-0.946) (0.756-0.936) (0.687-0.913) (0.849-0.963)


Hip 0.917 0.947 0.946 0.943

flex/ext (0.851-0.964) (0.902-0.977) (0.900-0.977) (0.896-0.976)


NP Knee 0.747 0.604 0.765 0.463

flex/ext (0.597-0.878) (0.405-0.796) (0.620-0.888) (0.297-0.717)


Ankle dorsi/plant 0.702 0.688 0.738 0.712

(0.538-0.853) (0.522-0.845) (0.585-0.873) (0.551-0.859)

Table 3: Values of ICC intra-day and their 95% confidence intervals (CI) for test and retest
session paretic (P) and nonparetic (NP) limbs.

In table 4 it is possible to observe that the values of ICC inter-days is larger than
those intra-days.

Support Phase Swing Phase


MDC
SEM MDC (°)
(°)
ICC (CI) SEM ICC (CI)
 
Pelvic 0.970 0.988

obliquity (0.919-0.989) 0.41 1.24 (0.967-0.996) 0.32 0.95


Hip 0.968 0.977

flex/ext (0.915-0.988) 1.05 3.12 (0.936-0.991) 1.36 4.07


P

Knee 0.931 0.959

flex/ext (0.815-0.975) 1.97 5.87 (0.888-0.985) 2.12 6.33


Ankle 0.945 0.960

dorsi/plant (0.852-0.980) 1.68 5.02 (0.889-0.986) 1.10 3.27


Pelvic obliq- 0.908 0.983
uity
(0.751-0.966) 0.80 2.40 (0.953-0.994) 0.20 0.59
Hip 0.928 0.978

flex/ext (0.807-0.974) 2.36 7.03 (0.940-0.992) 1.71 5.10


NP

Knee 0.914 0.961

flex/ext (0.759-0.969) 1.84 5.49 (0.894-0.986) 1.74 5.19


Ankle dorsi/ 0.871 0.863
plant
(0.589-0.956) 1.81 5.39 (0.632-0.950) 1.74 5.18

Table 4: Values of ICC inter-days with thei 95% confidence intervals (CI), of the standard error
of measurement (SEM) and of the minimal detectable change (MDC), for test and retest session
paretic (P) and nonparetic (NP) limbs.

4 | DISCUSSION

With the analysis of gait carried out in the present study we intended to contribute
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 101
with the literature by determining the values of the ROM and of its repeatability for the
paretic and nonparetic limb, as well as identifying differences between limbs.
First, we have found that there was no difference between ROM of the paretic
and the nonparetic limbs for the pelvic obliquity and hip flexion during the swing phase
and for the ankle dorsiflexion during both phases (Table 2). Although this result might
seem counter-intuitive, it is in accordance with previous studies that identified that
curves of joint angles of both P and NP limbs present abnormalities (OLNEY ANF
RICHARDS,1996; KIM AND ENG, 2008; DEVETAK et al., 2016; CORREA et al., 2017)
the aim of this study was to determine the reliability and Minimum Detectable Change
(MDC, due to the compensatory mechanisms (CHEN et al., 2005healthy controls at
matched speeds. The hemiparetic subjects walked on the treadmill at their comfortable
speeds, while each control walked at the same speed as the hemiparetic subject with
whom he or she was matched. Kinematic and insole pressure data were collected
from multiple, steady-state gait cycles. A large set of gait differences found between
hemiparetic and non-disabled subjects was consistent with impaired swing initiation
in the paretic limb (i.e., inadequate propulsion of the leg during pre-swing, increased
percentage swing time, and reduced knee flexion at toe-off and mid-swing in the paretic
limb;KERRIGAN et al., 2000) and/or because subtle motor and sensory deficits in the
nonparetic side of the body after an unilateral stroke (SON et al., 2013; YANG et al.,
2015).
Moreover, the results of (PAILLARD et al., 2010) indicated that the presence of
fatigue mainly occurs in the unaffected side, caused by the effort to compensate the
deficits of the other side. Actually, the relevance of compensations during hemiparetic
gait, mainly the circumduction and the pelvic elevation, has been discussed extensively
in the literature (CHEN et al., 2003; YAVUZER et al., 2008; CATY et al., 2009; CARMO
et al., 2012; STANHOPE et al., 2015) and our results indicate that the ROM of the
corresponding joints might be used as measures to investigate them. On the other
hand, differences between ROM of P and NP limbs have been found for knee joint in
both phases and for pelvic and hip joints during support phase (Table 2). Considering
the knee, specifically, the ROM is much smaller in the paretic limb due to the limited
capacity of knee flexors in lifting the leg against gravity. All these results are consistent
with the study of (KERRIGAN et al., 2000), who described the gait pattern of post-
stroke hemiparetic subjects, in which the circumduction is commonly present, as well
as changes in knee flexion and extension and ankle dorsiflexion reported by (CRUZ
et al., 2008; ALLEN et al., 2014).In order to discuss the repeatability, it is necessary
to stablish standards to evaluate our results. Even though there is no consensus in
the literature about the classification of ICC values, we will adopt the one proposed by
(FLEISS, 1987) in which ICC values ​​lower than 0.40 denote poor repeatability, values
between 0.40 and 0.75, moderate to good repeatability, and above 0.75, excellent
repeatability. In this way, according to table 3, almost all variables exhibited intraday ICC
values ranging from 0.70 to 0.94, corresponding to moderate or excellent repeatability.
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 102
Moreover, in general, ICC values were similar in test and retest sessions (table 3),
evidencing the same intraday behavior of the variables under analysis. The exception
is the ICC value for NPL knee in swing phase, with ICC value of about 0.46. This
result is due to the systematic error during swing phase in retest session, identified by
ANOVA test, and presented in Figure 1.
Considering the ICC values in Table 4, it can be said that the inter-day repeatability
was excellent irrespective of the joint or gait phase. Inter-day repeatability was better
than intra-day one because we have used the average of eight strides to calculate
the former one, similarly to what was done in (CORREA et al., 2017) where the same
behavior was observed. Curiously, the joint with the worse ICC values was the ankle of
the NP limb, what might be related to the exaggerate propulsion of non-paretic limb to
compensate the abnormal ankle dorsiflexion at toe-off (ÖKEN et al., 2005). In a similar
study (KESAR et al., 2011), the ICC and MDC were calculated for the peak values of
hip, knee and ankle flexion, during the swing phase of hemiparetic gait. Their results
indicated moderate to excellent repeatability, with ICC values smaller than those we
obtained here, even though, that study was conducted on a treadmill, what should
reduce variability in gait execution. Therefore, we consider that the ROM are more
reliable variables than the peaks.
Although ICC is usually reported in studies of repeatability, SEM and MDC are
more important and useful from the clinical point of view. These measures will allow
to estimate of real changes for one individual, as they are not influenced by between-
subject variability (WEIR, 2005). SEM determines the difference between the real value
of variables and the value obtained in one measurement for each subject. MDC plays
a similar role when the differences between two measurements must be considered.
Regarding all the measurements, the results showed MDC values reaching values ​​of
up to 7°, but most of joints presented MDC values close to 5° or smaller.
The differences between the results of gait analysis in the present study and
in the available literature may result from different measurement conditions, varying
specifications of the gait laboratories, or from the methods used for data collection and
processing. Additionally, one possible limitation of this study is the imbalance in the
number of subjects with hemiparesis at the right and at the left side. We recognize that
ideally one should have a balanced sample regarding this criterium as the lesions in
different hemispheres will lead to different deficits.

5 | CONCLUSION

In summary, repeatability between days can be considered excellent, with ICC


values ​​above 0.86 for all ROM, in both phases of gait and for the paretic and non-
paretic limbs. However, the MDC values ​​range from 0.41 to 7.0 and, for the same joint,
exhibit differences between limbs.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 103


We conclude, therefore, that the ROMs analyzed here exhibit sufficient reliability
to be adopted as outcome measures, for assessing clinical interventions, provided that
the MMD values ​​are observed when analyzing the changes between moments pre and
post therapy.

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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 10 106


CAPÍTULO 11
doi
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE
ADULTOS DURANTE TESTE CARDIOPULMONAR

Elisângela de Andrade Aoyama de resposta da frequência cardíaca de adultos,


Universidade de Brasília, Brasília, Brasil durante teste cardiopulmonar e identificar o
Vera Regina Fernandes da Silva Paz limiar anaeróbio e o ponto de compensação
Universidade de Brasília, Brasília, Brasil ventilatória, empregando ferramenta estatística.
Marília Miranda Forte Gomes Os dados para análise foram obtidos por meio
Universidade de Brasília, Brasília, Brasil da aplicação do teste cardiopulmonar, realizado
em dois homens, na faixa etária entre 40 e 60
anos. Primeiramente estes voluntários foram
RESUMO: A resposta da frequência cardíaca é submetidos a uma avaliação e anamnese,
considerada o melhor parâmetro para monitorar para estimar a função cognitiva, risco para
a intensidade do trabalho do coração, tornando- queda, capacidade física e funcional, os níveis
se ferramenta indispensável na prescrição de atividade física e grau de dependência. Os
individualizada do exercício físico e para a dados resultantes da aplicação dos testesserão
clínica, com intuito de elucidar as causas e os compilados e analisados utilizando modelagem
riscos de morbimortalidade desencadeados estatística, para a verificação de curva de
por sua oscilação caracterizada por arritmias frequência cardíaca em adultos durante teste
fatais. O teste de exercício máximo ou teste cardiopulmonar.
ergométrico é utilizado para avaliar possíveis PALAVRAS-CHAVE: Exercício Físico,
alterações cardiovasculares e identificar vários Frequência Cardíaca, Limiar Anaeróbio, Teste
marcadores metabólicos. Este teste associado de esforço.
a um ergoespirômetro permite coletar e analisar
os gases inspirados e expirados e obter ABSTRACT: The heart rate response is
importantes marcadores metabólicos como o considered the best parameter to monitor
limiar anaeróbio e o ponto de compensação the intensity of work of heart, becoming
ventilatória. Estes limiares podem ser indispensable tool in individualized prescription
identificadostambém por meio da análise da of physical exercise and the clinic, in order to
resposta da frequência cardíaca durante o elucidate the causes and risks of morbidity
exercício físico, tornando-se um método mais and mortality triggered by its oscillation
prático e menos dispendioso comparativamente characterized in fatal arrhythmias. The maximal
a ergoespirometria. Este trabalho apresenta exercise test or treadmill test is used to evaluate
como objetivos identificar mudanças na curva cardiovascular abnormalities and identify

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 11 107


various metabolic markers. This test associated with aergospirometer lets you collect
and analyze the inspired and expired gases and obtain important metabolic markers
such as anaerobic threshold and the respiratory compensation point. These thresholds
may also be identified through the analysis of heart rate response during exercise,
making it a more practical and less expensive method compared to spirometry. This
work has the objective to identify changes in the response curve of heart rate in adults
during cardiopulmonary exercise testing and identify the anaerobic threshold and
the respiratory compensation point, using statistical tool. The data for analysis were
obtained through the application of cardiopulmonary exercise testing, carried out in
two men, aged between 40 and 60 years. First these volunteers were submitted to
an evaluation and history to estimate the cognitive function, risk to fall, physical and
functional capacity, physical activity levels and degree of dependency. Data from tests
of the application will be compiled and analyzed using statistical modeling for checking
heart rate curve in adults during cardiopulmonary exercise testing.
KEYWORDS: Physical Exercise, Heart Rate, Anaerobic Threshold, Stress Test.

INTRODUÇÃO
As necessidades corporais são reguladas pelos neurônios do centro vasomotor,
adaptados por atividade dos neurônios do simpático, assim, se a pressão arterial aumenta,
receptores específicos (barorreceptores) enviam sinais ao centro cardiorregulador e
ao vasomotor. A pressão nas artérias depende de parâmetros físicos, distensibilidade,
resistência ao fluxo por parte dos vasos, viscosidade do sangue e ejeção da frequência
cardíaca, e cada uma destas variáveis serão diretamente influenciadas pelo sistema
nervoso autônomo (SNA) [1].
A frequência cardíaca (FC) é caracterizada pelo número de vezes que o coração
contrai e relaxa, ou seja, os batimentos por minuto. Reconhecidamente é o melhor
parâmetro de monitoramento da atividade física, para determinar o limiar anaeróbio
[2]. A FC é uma informação importante sobre o estado de saúde de uma pessoa e um
excelente indicador sobre o nível de intensidade de trabalho do coração, principalmente
para avaliar diferentes variáveis fisiológicas. O músculo cardíaco responde às
necessidades de oxigênio e fluxo sanguíneo do organismo, em diferentes momentos
[3].
Ao iniciar o exercício físico a FC aumenta de acordo a intensidade do exercício e
a capacidade física atual do indivíduo. Há correlação direta entre a frequência cardíaca
máxima (FCmáx) e o consumo máximo de oxigênio () durante o exercício, tanto para a
população em geral, quanto para esportista [3]. Muitos fatores afetam a FC durante
o exercício, sendo os principais: temperatura, umidade, horário, posição, ingestão de
alimentos e uso de medicamentos.Aplicando-se modelos estatísticos tanto aos dados
da produção de dióxido de carbono (), quanto aos dados da FC, é possível configurar
importantes estratégias de avaliação e capacidade funcional.
Quando se pedala ou anda a pé o corpo promove movimentos complexos e
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 11 108
afetam todos os sistemas do organismo. Enquanto se faz exercício várias vezes
semanalmente o corpo adapta-se, fazendo de forma mais eficiente. Durante a prática de
exercício o coração pode atingir 150 batimentos por minuto (bpm) ou mais, duplicando
o valor habitual em repouso, para a maioria das pessoas situa-se em torno de 60 a 80
bpm. Este aumento permite ao coração bombear até 20 litros de sangue por minuto,
quadruplicando o habitual em repouso [4]. 
Omecanismo que gera energia durante o exercício físico provém da complexa e
sofisticada integração entre os sistemas cardiovascular, respiratório e muscular [5]. O
limiar de anaerobiose ou limiar anaeróbio (LAn) é considerado um importante marcador
metabólico e é um índice para mensurar o desempenho aeróbio durante o exercício
físico. Em teste cardiopulmonar (TCP) é possível analisar as respostas ventilatórias e
metabólicas sendo refletidas, mesmo com atraso, na respiração celular dos músculos
periféricos. Existem vários fatores de risco cardiovascular e utilizar a FC como valiosa
ferramenta possibilita ampliar perspectivas para a aplicação clínica. Diversos estudos
apresentam a modificação da FC durante exercício físico e a alteração do balanço
simpático-vagal cardíaco [1].
A prática da atividade física regular e sistematizada influencia no desempenho
funcional, preservando a independência e autonomia das pessoas. As tecnologias
em saúde incluem os equipamentos, medicamentos, procedimentos e sistemas
organizacionais e de suporte, com intuito de promover os cuidados com a saúde
[6].  Primariamente a tecnologia biomédica, avaliada de senso comum, oferece
tecnologia aos equipamentos e medicamentos,  interatuando diretamente com os
pacientes [7]. 
Para determinar o LAn utiliza-se o método ventilatório, de caráter não invasivo e
consideravelmente prático, mas que infelizmente possui acesso restrito, por envolver
equipamentos caros, ainda que seja em laboratórios específicos, como o de fisiologia
do esforço [1]. Para o desenvolvimento de novos aparelhos criados por engenheiros
biomédicos os dados da pesquisa iniciam uma discussão sobre as possibilidades de
aprimoramento, já que muitas vezes as análises dessa variável, frequência cardíaca, na
identificação do limiar de anaerobiose e do ponto de compensação ventilatória são feitas
visualmente. Agregada ao estudo estatístico essa inovação tecnológica possibilitará
encontrar pontos de mudança na curva da FC (intervalos RR) correspondente ao LAn
do indivíduo e ao ponto de compensação ventilatória, ferramenta importante para a
prescrição adequada de exercício físico.

MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado no laboratório de Biofísica e de Fisiologia do Exercício
da Universidade de Brasília (UnB) – Faculdade de Ceilândia (FCE), em laboratório
climatizado artificialmente, para controle da temperatura e umidade.
Repassadas orientações sobre a participação no estudo, aos dois voluntários, com

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 11 109


idades entre 40 e 60 anos, de não ingerir bebidas alcoólicas, café e/ou outras bebidas
estimulantes, não praticar atividade física 24 horas antes do teste ergoespirométrico
e tão pouco realizarem o teste em jejum, estes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer n° 1.166.770).
Previamente foram apresentadas todas as informações relativas ao teste e
orientações para que os voluntários respirassem espontaneamente e não conversassem
durante o teste cardiopulmonar. Os voluntários foram treinados por 14 minutos, em
média, e utilizaram a Escala de Borg como indicador de sua percepção de esforço
físico. Os critérios de exclusão para participar da pesquisa: alterações metabólicas
associadas, déficit de equilíbrio, etilistas, fumantes, instabilidade da marcha, problema
musculoesquelético que inviabilize praticar exercício físico, uso de medicamento
betabloqueador, por interferir nas variáveis.
A primeira etapa foi constituída por uma avaliação e anamnese, a qual os
voluntários foram submetidos à aferição da FC, da pressão arterial (PA) em repouso,
das medidas da massa corporal e estatura, do cálculo do índice de massa corpórea
(IMC) e ainda dos seguintes instrumentos: Questionário Internacional de Atividade
Física (IPAQ), Escala de Borg, Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Timed Up and
Go (TUG).
Na segunda etapa foi realizado um eletrocardiograma (ECG) e um teste
cardiopulmonar (Vmax Care Fusion) utilizando bicicleta ergométrica para registro da
variabilidade da frequência cardíaca (intervalos RR) durante o exercício físico.
Os métodos de análise da frequência cardíaca podem ocorrer nos domínios
do tempo, da frequência e ainda com aplicação de modelos estatísticos que podem
descrever o comportamento da frequência cardíaca ao longo do tempo e do exercício
realizado [1,5]. Baseado em cálculos estatísticos simples é possível analisar o
comportamento da FC ou dos intervalos RR, utilizando índices temporais estatísticos
paramétricos e não paramétricos, empregando média, mediana, desvio padrão, quartis
e diferença entre os intervalos RR máximo e RR mínimo e ainda modelos estatísticos.
O estudo do padrão de resposta da frequência cardíaca pode trazer informações
fisiológicas e metabólicas relevantes do indivíduo submetido a um estresse físico [1].

RESULTADOS
Os modelos estatísticos dos dados foram analisados para que possibilitem traçar
o ponto de mudança da FC e de compensação ventilatória.
Na figura 1 pode-se observar que os intervalos RR possuem estacionaridade
nos 3 minutos iniciais do teste realizado por um indivíduo. Após este período há um
declínio dos valores dos intervalos RR. Posteriormente os intervalos RR permanecem
constantes até aproximadamente 7 minutos do teste cardiopulmonar, quando pode-se
observar um segundo ponto de mudança no padrão de resposta da curva dos intervalos
RR. Tais pontos de mudanças podem indicar o LAn e o ponto de compensação

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 11 110


ventilatório, respectivamente.

Figura 1: Dados coletados dos intervalos RR (inverso da frequência cardíaca) durante teste
cardiopulmonar de um voluntário estudado.

Em concordância à análise de gases expirados, variáveis respiratórias e oximetria,


a ergoespirometria é um procedimento não invasivo que avalia o desempenho físico
e a capacidade funcional da pessoa [8]. É útil para determinar os fatores que indicam
o desempenho. 

DISCUSSÃO
O teste cardiopulmonar é uma ferramenta indispensável para tomada de decisão
em situações clínicas. Sendo a combinação do teste ergométrico, saturação de e
medidas das trocas ventilatórias. Associado a oximetria de pulso para quantificar
a saturação das hemoglobinas e a bicicleta ergométrica, por possuir vantagens,
independente do peso do indivíduo, fornece ampla gama de aplicações para exames
de exercícios, detectando os valores iniciais e de pico, o que melhora e reduz o tempo
de processamento de relatórios.
Utilizado na prática clínica tanto para avaliação quanto para treinamento o LAn é
a transição entre o metabolismo aeróbio para o anaeróbio, sinalizando a aptidão física.
Quando caracterizado apenas em função das trocas respiratórias o limiar anaeróbio é
denominado limiar ventilatório, estabelecido pela intensidade de esforço, superando a
remoção de ácido láctico, que acarreta na hiperventilação.
O escopoajusta um modelo estatístico, que possa substituir a análise visual, à
curva dos intervalos RR de dois voluntários do sexo masculino, sedentários e com
idades que variam entre 40 e 60 anos. O método de avaliação será utilizado para
descrever a curva de resposta da frequência cardíaca.

CONCLUSÃO
Ao encontrar os pontos de mudança que podem ter relação com o limiar de
anaerobiose e ponto de compensação ventilatória, será possível utilizar os métodos
estatísticos paraindicaros padrões de mudança na resposta dos intervalos RR, ou seja,
da FC. O estudo está em andamento e a próxima etapa é a análise dos dados. Essa
inovação tecnológica é de suma importância para configurar estratégias de avaliação
e capacidade funcional, como para ampliar perspectivas para a aplicação clínica.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 11 111


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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 11 112


CAPÍTULO 12
doi
ASSISTIVE TECHNOLOGY OF OPHTHALMIC MEMBRANE
OCCLUSIVE FROM NATURAL LATEX

Jaqueline Alves Ribeiro and an orthesis of Assistive Technology. This is


Instituto Federal Goiano - Campus Ceres a new proposal for treating amblyopic patients
Ceres – GO using latex membranes.
Suélia de Siqueira Rodrigues Fleury Rosa KEYWORDS: Amblyopia, Biomaterial, Latex,
Universidade de Brasília Membranes, Occluder.
Brasília – DF
RESUMO: O crescente desenvolvimento
tecnológico e os avanços no campo da
ABSTRACT: The growing technological medicina causaram melhora significativa na
development and the advancements in the field qualidade de vida da população. Um exemplo
of medicine caused significant improvement in é o desenvolvimento de biomateriais, que
the quality of life of the population. One example são usados para ​​ substituir completa ou
is the development of biomaterials, which are parcialmente partes de tecidos orgânicos
used to completely or partially replace parts of perdidos ou danificados e também são usados​​
lost or damaged organic tissues and are also em contato direto e contínuo com o corpo em
used in direct and continuous contact with tratamentos não farmacológicos. A ambliopia,
the body in non-pharmacological treatments. um distúrbio oftálmico comumente conhecido
Amblyopia, an ophthalmic disorder commonly como olho preguiçoso, resulta em diminuição
known as lazy eye, results in decreased vision da visão em um olho que não se desenvolve
in one eye that does not develop properly during adequadamente durante a infância. O objetivo
childhood. The objective of this study is to obtain deste estudo é obter e caracterizar membranas
and characterize natural rubber membranes in de borracha natural para avaliar a viabilidade
order to evaluate the feasibility of its application de sua aplicação como uma membrana
as an occluder membrane with the capacity of oclusora com capacidade de alterar o curso
changing the course of light and stimulating the da luz e estimular o olho amblíope. A análise
amblyopic eye. The light crossing analysis of de cruzamento de luz das membranas de
the Van Gogh membranes presented partial and Van Gogh apresentou oclusão parcial e total,
total occlusion, respectively. We concluded that respectivamente. Concluímos que os testes
the tests used for characterizing the LENCOC® utilizados para caracterizar a membrana de látex
latex membrane were satisfactory and promising LENCOC® foram satisfatórios e promissores
regarding its use for the treatment of amblyopia quanto ao seu uso no tratamento da ambliopia

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 113


e na órtese de Tecnologia Assistiva. Esta é uma nova proposta para o tratamento de
pacientes amblíopes usando membranas de látex.
PALAVRAS-CHAVE: Ambliopia, Biomaterial, Latex, Membranas, Oclusor.

1 | INTRODUCTION

The Assistive Technology (AT) sector has, among other things, the goal of providing
and increasing functional abilities for people affected by diseases, from minor injuries
to severe deficiencies, aiming to provide better quality of life and autonomy for the
patient. As an area of knowledge in Brazil, AT started on november 16, 2006, through
Ordinance No. 142, established by Decree No. 5296/2004 from the Secretariat for
Human Rights of the Presidency of the Republic. The Technical Assistance Committee
(TAC) was regulated with the intention of improving, adding transparency and giving
legitimacy to the development of AT in Brazil (Brasil, 2009).
The vision is responsible for approximately 75 % of human perception. Summing
up extremely briefly, the act of seeing is the result of three distinct actions: optical
operations, chemical operations and nervous operations (Guyton & Hall, 2011). The
eye is the most external organ of the human vision. The amblyopia, which is an eye
disease that develops during childhood and has few options for treatment. It causes
a reduction in visual acuity because of an abnormal visual development in early years
of life. The prevalence of amblyopia in children is estimated to be between 1 % and 4
%. It is the most common cause of reduced visual acuity in childhood (Almeida, 2005;
Ribeiro & Rodrigues, 2013; Ribeiro et al., 2010). This disease is the most common
visual defect in children; however, its early diagnosis and early treatment result in
satisfactory results (Salata et al,. 2011).
The growing technological development and advancements in the field of medicine
brought significant improvement to the quality of life of the population. One example is
the development of biomaterials, which are used to completely or partially replace parts
of lost or damaged tissues and are also used in direct and continuous contact with the
body in non-pharmacological treatments. Usually, the requirements of a biomaterial
can be grouped into four major categories: biocompatibility, capacity of being sterilized,
bioperformance and reproducibility (Silva et al, 2012). This biomaterial is a national and
low cost product.
In the use as an occlude membrane with the capacity of changing the course of
light and stimulating the amblyopic eye, the natural latex membrane of rubber trees
(Hevea brasiliensis) can be considered to be an orthesis (from the Greek, orthós),
classified by AT as a device applied to any part of the body, isolated or covering more
than one joint, with the function of stabilizing or immobilizing, preventing or correcting
deformities, protecting against injury and facilitating the cure or maximizing the function
(Thomazini et al., 2004; Macdonald, 1990). In this specific case, the latex membrane

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 114


will be placed on the good eye for few hours or days, according with the appropriate
treatment recommended by the ophthalmologist, to accelerate the vision of the lazy
eye diagnosed with amblyopia.
Chemically, the heterogeneous constitution of latex has high density and presence
of impurities which must be treated and changed. In this study, the techniques that were
used enable the degradation of polymers, regenerating, if possible, the monomers,
so hydroxide and formaldehyde can be introduced – rendering the latex as simply a
rubber film, an object, in this first moment – translucent, with entrance of light, but with
irregular trajectories (preventing a complete view of the object), with diffuse refraction
and minimal absorption so as not to generate heat (Ribeiro & Rodrigues, 2014; Ribeiro
& Rodrigues, 2015).
This study presents a simple approach to eye occlusion based on the ophthalmic
membrane from an occlusive biomaterial derived from natural rubber latex. The natural
rubber membranes were developed by using a new technique named Van Gogh.
The different membranes developed were characterized using light crossing analysis
thermally treated at 40 °C. From the analyses of properties, we intend to evaluate
the applicability of the natural rubber latex membranes as biocompatible ophthalmic
occluders.

2 | MATERIALS AND METHODS

The production of the latex membrane was carried out in four main steps:
preparation of raw material, confection of mold, production of the prototype and
characterized using light crossing analysis.

2.1 Preparation of the raw material – The latex used was purchased from the
domestic market. It had already gone through the process of centrifugation and contained
suspensions of sulfur and resin purchased from the suppliers in the Southeast region. A
high sulfur concentration gives the latex, after vulcanization, an adhesive property and
low viscosity, which would require a long time to achieve during the development of the
membranes. Therefore, the supplier that met these criteria of double centrifugation and
pre-vulcanization was selected.
From the natural latex, a final compound was prepared by the addition of chemicals
by following the steps previously described (Ribeiro & Rodrigues, 2014). This procedure
provides the latex membrane LENCOC® (Brasil, 2016) essential characteristics for a
lens—elasticity, softness, strength, impermeability, and hypoallergenicity.

2.2 Preparation of the mold – The development of the technique for obtaining
the latex membrane was performed in the Biomaterial Engineering Laboratory -
BioEngLab®, at the University of Brasilia, according to the steps for the production of

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 115


the mold and membrane, as described below.
In the Van Gogh technique, the mold was made developed and it consisted of a
plastic material coated with an acrylic layer measuring 3 cm in width, 3 cm in length, and
1.5 cm in diameter as previously described (Ribeiro & Rodrigues, 2014). The production
of the membrane was customized for each patient so that its shape and proportions
follow the characteristics of the patient's eyes, thus providing greater comfort.

2.3 Preparation of the membranes – The Van Gogh technique was based on
the immersion technique (Mrué, 1996), which consists of the insertion of the molds
into the final latex compound, perpendicular to the plane, in a gradual and uniform
manner, followed by heating in an incubator with a thermostat. This step represents the
beginning of polymerization, which determines the final characteristics of the product.
After this phase, the mold was removed slowly and gradually, placed in the incubator
and subjected to vulcanization at a temperature of 40°C.
The molds were then removed and the membranes were prepared using thick
brush strokes by means of a flexible rod with cotton-covered tips, 1 cm away from
the mold, moving back and forth to completely cover the mold. This procedure was
repeated three or four times in succession, followed by drying in an incubator at a
temperature of 40°C, with 2-hour time intervals in order to obtain membranes with a
thickness up to 0.2 mm.
After this drying period, the Van Gogh membranes were maintained in their state
of rest for 24 hours at room temperature to complete the procedure.
This procedure of obtaining membranes was named as the Van Gogh technique
in honor of the Impressionist painter, Van Gogh, who used a peculiar brush stroke
method in his work.

2.4 Characterized using light crossing analysis – The optical device called
focimeter focuses the optical system to which light is sent to evaluate the degree of the
lens; the scale interval that appears on the display is a dioptric numerical value. For
this characterization we used a Nidek CLE-60 digital focimeter an optometry clinic in
Goiânia, GO, Brazil.
The light crossing analysis was performed with the objective of evaluating the
passage of light trough the membranes and verifying the behavior of the surface light
on the rugosity of the Van Gogh technique. It is worth mentioning that the equipment
that was used for this analysis was perfectly calibrated so the measurements present
a high degree of reliability.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 116


3 | RESULTS

There is a growing interest in the analysis of the use of biomaterial as a tool for
treating diseases in medicine. In this study, biomedical engineering helped characterize
the performance of an occlusive membrane for the treatment of amblyopia. As a
biomaterial, we used the natural latex of the Hevea Brasiliensis rubber tree, a product
that is easy to find in the market and easy to handle.
In the technical test, we used natural latex as a biomaterial for its qualitative
properties, such as: impermeability, elasticity, smoothness, flexibility, and resistance,
already tested in animals and humans by its biocompatibility.
For its confection, we used the innovative technique called Van Gogh, tested
several times not to be homogeneous, in order to obtain diffuse scattering. To get to
the final product, several vulcanization techniques were tested to obtain a transparent
membrane, with low thickness, low roughness and minimal water absorption. This
process allowed an occlusion biologically more compatible with the eye. These results
were significant, since the characteristics of the latex membrane enable an interaction
with the eye without changing its properties.
The Van Gogh latex membrane presented irregularities on the surface, lower
thickness and transparency, which are desirable characteristics to obtain occlusion of
light. The Van Gogh membranes were registered under the brand LENCOC®.
The focimeter is used on specific materials for glasses and contact lenses. In an
eyeglass lens, for example, the values presented in S and C represent the degree, with
positive for astigmatism and negative for myopia; A represents the axis and the prism
(Δ) the variance of the light beam.
In a normal contact lens, the values presented are: S = 0.25, C = 0.25, A = 24 and
Δ = 0. These values represent two values for diopters and two values for the axis. When
measuring the membranes, the numerical value of the instrument was disregarded. as
such values cannot be assessed in latex.
On membrane with three baths, it can be observed that the beam locates the
optical center, indicating a small passage of light. Due to the irregular surface caused
by the brushes, the equipment shows an error in measurement. Consequently, the Van
Gogh technique, with its brushes, made the surface rugose and gave a diffuse passage
of light.
On membrane with four baths, all membranes did not present passage of light.
The focimeter did not locate the optical center, which caused a measurement error.
This membrane has the most irregular surface due to a difference in manufacturing
from membrane of three baths, because the number of brushes was higher. This data
prove the membrane is opaque, which is a characteristic of occlusion.
In Table 1, we can observe the membranes developed with their morphological
and characteristics aspect using the Van Gogh.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 117


 Membrane 3 baths 4 baths
Irregularities on the
Characteristic Irregularities on the surface
surface
Thickness ±0.23 mm ±0.27 mm
Color Transparency Transparency
Water absorption Minimal Minimal
Occlusion Partial Total

Table 1: Van Gogh membranes and your characteristics

4 | DISCUSSION

Due to the recent institutionalization of the area of AT, it is natural for specialized
academic/scientific production to be detached, both in the aspects of Investigation and
Development (I&D) and of Research and Development (R&D), because of the atomized
production in scientific channels. This fact causes two important consequences: i) low
theoretical and technological production; ii) low indices of public policies that offer AT in
healthcare (Brasil, 2009; Rosa et al., 2015).
One of the biggest current challenges engineering and the exact sciences are
facing is to translate into mathematical terms and relations how phenomena and systems
that compose the universe function. In order to develop and use this knowledge, it is
necessary to interpret it as one of the factors of the system that relates to others to
adapt and improve the processes that interact among themselves (Souza et al., 2014).
According to ordinance N°. 2531, from november 12, 2014, redefines the
guidelines and criteria for the definition of the list of strategic products for the Brazilian
National Health System (SUS) and the establishment of Partnerships for Productive
Development (PDP) to LENCOC® latex membrane falls biotechnological products low
cost that could be used for human health in particular, amblyopic patients by the SUS
(Brasil, 2014).
There are several approaches for charactering the samples. In this study we
used optical engineering, using its principles in the treatment of amblyopia. The latex
membrane was tested with several methodologies that will be cited below, and that
were defined by comparing the anatomy of the normal eye with the properties of the
biomaterial according to literature reports (Pinho et al., 2004; Pinho et al., 2011). This
membrane demonstrated to be compatible with the organ, and there was affinity of
composition of the materials used. The technique in question was a complex system
that included temperature and thickness techniques (Van Gogh), to obtain an occlusive
membrane to cause occlusion (partial or total) of light.
This technique showed that the latex membrane is an occluder with physics,
chemical and thermal properties for the performance of the material with the

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 118


characterization of the biomaterial in light refraction without eliminating it completely
and maintaining the characteristics of the eye in movement. This is an advantage in
relation to the traditional treatment with the use of eyepatch, since there is a loss of eye
movement.

5 | CONCLUSION

The Van Gogh technique demonstrated that the physical and chemical
characteristics of the latex membrane present results compatible with the eye when
applied as an occluder, reinforcing its biomaterial characteristic. The confection method
is reproducible and the latex membrane is very stable.
LENCOC® can be considered an orthesis, via AT, as it is a device applied to the
human eye with the function of inhibiting the entrance of light (total or partial) and
stimulating the eye in the treatment of ocular diseases.
The latex membrane may offer a more effective adherence to the treatment of
amblyopia, with better acceptance by the child and shorter treatment time, as well as
lower possibility of rejection and with adequate performance. It can be used at all times
by the patient. In the case of children, especially, it would be more difficult to remove
it, which would avoid embarrassing situations. It is also more effective, since its use
would be prolonged and because it allows stimulation of the eye through partial or total
occlusion.

ACKNOWLEDGEMENTS
The authors would like to thank IF Goiano – Campus Ceres for financial for the
support; optometry clinic in Goiania – GO, Ótica Cristal; and the Engineering and
Biomaterial Laboratory - BioEngLab®, University of Brasilia for providing the laboratories
for the experiments.

REFERENCES
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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 119


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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 12 120


CAPÍTULO 13
doi
VALORES DE EXTINÇÃO TOPOLÓGICOS PARA ANÁLISE DE
QUALIDADE DE IMAGENS DE FUNDO DE OLHO

Alexandre Gonçalves Silva para a classificação automática de qualidade


Universidade Federal de Santa Catarina, de imagens, entre “boa” ou “ruim”, a partir de
Departamento de Informática e Estatística uma base pública de 36 fotos de fundo de olho.
Florianópolis – SC O algoritmo desenvolvido atingiu sensitividade
Marina Silva Fouto de 93%, especificidade de 93%, acurácia de
Universidade do Estado de Santa Catarina, 90% e área sob a curva ROC de 93%.
Departamento de Ciência da Computação
PALAVRAS-CHAVE: fundo de olho, avaliação
Joinville – SC de qualidade, valores de extinção, classificação
Angélica Moises Arthur automática.
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Elétrica e de Computação
ABSTRACT: A grayscale image can be
Campinas – SP
interpreted as a topographic surface in which
Rangel Arthur valleys are relatively darker regions, and
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
mountains are lighter regions in relation to the
de Tecnologia
neighborhood. Applying connected filters by
Limeira – SP
increasing attributes to decrease peaks of this
terrain, can remove the occurrence of regional
maxima. An extinction value consists in the
RESUMO: Uma imagem em níveis de cinza pode increasing attribute number used in one of these
ser interpretada como uma superfície topográfica, filters, sufficient to remove a regional maximum,
na qual vales são regiões relativamente mais i.e., causing its extinction of the image. This
escuras, e montanhas, regiões mais claras paper proposes the use of two topological
em relação à vizinhança. A aplicação de filtros extinction values for the automatic classification
conexos por atributos crescentes, ao reduzir os of image quality between “good” or “poor” from
topos deste relevo, pode remover a ocorrência a public dataset with 36 photos of fundus. The
de máximos regionais. Um valor de extinção developed algorithm reached sensitivity 93%,
consiste no número do atributo crescente specificity 93%, accuracy 90% and area under
utilizado em um desses filtros, suficiente para the ROC curve of 93%.
remover um máximo regional, ou seja, causar KEYWORDS: fundus, quality assessment,
sua extinção da imagem. Este trabalho propõe extinction values, automatic classification.
o uso de dois valores de extinção topológicos

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 121


1 | INTRODUÇÃO

A verificação automática de qualidade de imagens de fundo de olho, por meio de


sistemas computacionais, é um problema real na análise de imagens médicas (FASIH,
2014). Um estudo de Abràmoff et al. (2008), usando um sistema automatizado para
detecção de retinopatia diabética encontrou, a partir de 10 mil exames processados, 23%
de casos de imagens com qualidade insuficiente. Existem vários fatores contribuintes
para a falta de qualidade em uma imagem de fundo de olho, que podem dificultar ou
inviabilizar o diagnóstico: iluminação precária, falta de foco, estruturas de interesse não
visíveis, vasos sanguíneos sem boa definição, artefatos introduzidos na imagem como
cílios, poeira, pálpebras, reflexos ou sombras, entre outras. Neste trabalho, busca-se
verificar qualidade de cada amostra de um banco de imagens público, sem nenhuma
análise de estruturas internas da retina, e sem considerar nenhum tipo específico de
doença. Baseado nas diferentes topologias destas imagens, são utilizados valor de
extinção de altura de subárvore e valor de extinção de número de descendentes como
descritores. A classificação é feita com kNN (k-Nearest Neighbors Classification) e
a avaliação dos resultados, por meio de validação cruzada (DUDA; HART; STORK,
2001).

Banco de imagens
Uma parte da base HRF (High-Resolution Fundus), contendo 36 imagens, é
destinada à avaliação de qualidade (KÖHLER et al., 2013). A captura foi feita com uma
câmera de fundo de olho Canon CR-1 com campo de visão de 45º. São duas imagens,
aproximadamente na mesma posição, para cada um dos 18 voluntários, sendo a
primeira foto, obtida de maneira a ter pouca nitidez (local ou global), por exemplo,
devido à câmera estar desfocada. Outras características de qualidade (condições de
contraste e iluminação) não foram levadas em consideração. Na Figura 1, é mostrado
um exemplo de par de fotos do mesmo indivíduo, sendo a primeira considerada de
qualidade boa (a), e a segunda, com o desaparecimento dos vasos sanguíneos na
parte inferior, sendo considerada de qualidade ruim (b).

(a) (b)

Figura 1: Exemplo de duas aquisições, com qualidades distintas, de imagens do mesmo


indivíduo. (a) Qualidade boa. (b) Qualidade ruim.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 122


2 | ATRIBUTOS CRESCENTES

Uma imagem pode ser representada por uma árvore de componentes (SILVA;
LOTUFO, 2011), visualizada pela relação de inclusão de componentes conexos da
decomposição por limiares. Na Figura 2, as intensidades maiores ou iguais a zero
correspondem a todos os pixels da imagem (à esquerda), representada pela raiz da
árvore (à direita). Ao tomar um limiar maior, surgem componentes conexos incluídos nos
anteriores. A região destacada em amarelo, por exemplo, forma a subárvore esquerda
da raiz. Cada nó é identificado com um , onde n é o valor do limiar e r, o rótulo (para um
dado limiar, mais de uma região pode ocorrer). A árvore de componentes, para uma
imagem em níveis de cinza de 8 bits, pode ser construída em tempo linear (SILVA;
LOTUFO, 2011). Algoritmos implementados no domínio da árvore são mais eficientes,
pois há, em geral, consideravelmente menos nós do que pixels a processar. Em
tempo de construção da árvore de componentes, é possível calcular alguns atributos
crescentes para cada nó, como a altura topológica (altura de subárvore) e o número
de descendentes (SILVA; LOTUFO, 2011). Na Figura 2, por exemplo, o nó possui
altura topológica igual a 2 e número de descendentes igual a 4. Estes dois atributos
são crescentes pois, para um nó ancestral, tais valores são sempre maiores. Ou seja,
o número de descendentes é maior para um nó quanto mais próximo este estiver da
raiz. O mesmo é válido para sua altura topológica.

Figura 2: Árvore de componentes e atributos crescentes de altura topológica e numero de


descendentes.

Recortes
Em geral, os trabalhos de avaliação de qualidade de imagens de retina iniciam
o procedimento com um ou mais recortes iniciais de regiões de interesse (ROI) de
modo a evitar o tratamento do fundo escuro sem informação da retina. Na Figura
3, são apresentados alguns destes recortes que contribuem para o sucesso da
classificação. Neste trabalho, o fundo escuro é ignorado pela remoção de nós da
árvore de componentes (poda) que representem componentes conexos, na imagem,
com caixas mínimas envolventes (bounding boxes) não totalmente internas ao círculo
central. Este tem localização e dimensão fixa para todas as amostras. Considerando

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 123


um redimensionamento das imagens da base HRF para largura W de 1025 e altura H
de 683, toma-se o centro em (W/2; H/2+5) e raio de (H/2-20).

Descritor
Valor de extinção é uma medida de persistência de máximos regionais da imagem,
após uma filtragem por atributos crescentes.

(a) (b) (c)

Figura 3: Recortes típicos de regiões de interesse (ROI) dos estudos. (a) Extraído de Köhler et
al. (2013), sendo também o estilo de Nugroho et al. (2014). (b) Extraído de Davis et al. (2009).
(c) Extraído de Fasih (2014).

Em outras palavras, ao filtrar a árvore de componentes por um atributo crescente


com valor μ, todos os nós com atributos menores do que μ são removidos. Se μ for
suficiente para eliminar um máximo regional M da superfície da imagem, considera-se
que houve uma extinção de M. Os valores extinções de número de descendentes, Ed,
e de altura topológica, Ea, foram recentemente propostos por Silva e Lotufo (2011) e
são utilizados ineditamente, neste trabalho, como valores para formação do descritor.
Na Figura 4, há um exemplo sintético para facilitar o entendimento dos valores de
extinção topológicos. Ao filtrar os nós folhas pela primeira vez, em (a), os máximos
regionais B e D se extinguem. A segunda filtragem, em (b), extingue A’ (região que
contém A) e E’ (região que contém E). Em (c), os máximos permanecem. Em (d), o
máximo F’’’ (contém F’’ que, por sua vez, contém F’ e este, F) deixa de existir. Em (e),
o único máximo se mantém. E, finalmente, em (f), o último máximo é extinto. Desta
maneira, tem-se que os seis máximos regionais originais da imagem, – A, B, C, D, E,
F –, têm os respectivos valores de extinção de número de descendentes (Ed,): 1, 0,
15, 0, 1, 6; e os seguintes valores de extinção de altura topológica (Ea): 1, 0, 5, 0, 1, 3.
O descritor utilizado para a imagem, cuja árvore de componentes é representada
na Figura 4(a), consiste na média de cada uma das extinções:
• x = (1+0+15+0+1+6) / 6 = 3,83;

• y = (1+0+5+0+1+3) / 6 = 1,67.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 124


Figura 4: Filtragens sucessivas de nós folhas (subárvore com altura topológica igual a zero ou
sem nenhum descendente). (a) Extinção dos máximos regionais B e D, ambos com Ed=0; Ea=0.
(b) Extinção de A’ e E’, ambos com Ed=1; Ea=1. (c) Nenhuma extinção. (d) Extinção de F’’’com
Ed=6; Ea=3. (e) Nenhuma extinção. (f) Extinção de C’’’’’com Ed=15; Ea=5.

Portanto, o descritor de uma imagem em níveis de cinza é constituído por dois


escalares:
• x: média das extinções de número de descendentes entre todos os máximos
regionais;

• y: média das extinções de altura topológica entre todos os máximos regio-


nais.

3 | PRÉ-PROCESSAMENTO

Cada foto do banco de imagens é colorida e tem resolução 3888 x 2592 pixels.
Antes da construção da árvore de componentes e extração do descritor, cinco passos
iniciais foram estabelecidos para normalização da imagem de entrada:
1. Conversão para níveis de cinza;
2. Redução para 1024 x 683 (26%);
3. Equalização do histograma;
4. Normalização das intensidades entre 0 e 255;
5. Máximo, pixel a pixel, entre a imagem do passo 4 e o seu negativo.

O resultado de cada passo, para uma imagem de exemplo, pode ser observado
na Figura 5. Em (a), o resultado dos passos 1 e 2. Esta redução torna a extração
de descritores mais eficiente (na ordem de 5 segundos). Em (b), a equalização do
passo 3 e, em (c), a normalização do passo 4, de forma a distribuir e regularizar os
níveis de cinza. Por fim, em (d), o máximo entre (c) e seu negativo, feito no passo 5,

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 125


sendo uma transformação apropriada à construção da árvore de componentes devido
à orientação a máximos regionais.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 5: Pré-processamento. (a) Imagem reduzida e em níveis de cinza. (b) Equalização do
histograma. (c) Normalização de 0 a 255. (d) Máximo entre (c) e o negativo de (c).

4 | RESULTADOS

A visualização da disposição do descritor (em x, a extinção média de número de


descendentes; e em y, a extinção média de altura topológica), para cada uma das 36
fotos do banco de imagens, após este pré-processamento, é apresentada na Figura 6.
Os pontos em azul são relativos às imagens de qualidade boa, e os vermelhos, às de
qualidade ruim. A separação automática dos conjuntos e criação de duas regiões de
influência, uma em azul e outra em vermelho, foi estabelecida por meio do classificador
kNN ao adotar k igual a 3, com pesos uniformes para todos os pontos e métrica de
distância Euclidiana (adotada em todos os experimentos). Observa-se que a quase a
totalidade dos pontos foi classificada corretamente, demonstrando preliminarmente a
eficácia do descritor proposto. Um conjunto de testes e uma análise estatística, para
confirmar esta tese, são apresentados na sequência.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 126


Figura 6: Disposição da extinção média de número de descendentes, no eixo horizontal, e
extinção média de altura topológica, no eixo vertical, das 36 amostras, e áreas definidas pelo
classificador kNN, usando k=3.

Experimentos
Para um resultado satisfatório do kNN, foram testados os primeiros valores
ímpares (em grid search), sendo escolhido k=3. Os valores de sensitividade (ou
taxa de verdadeiros positivos), especificidade (ou taxa de verdadeiros negativos) e
acurácia foram, respectivamente, iguais a 0,93±0,13, 0,93±0,13 e 0,90±0,12, para a
classificação binária, considerando a validação cruzada n-fold, para n=10, ou seja,
divisões sucessivas e representativas do conjunto de imagens em 10 partes, sendo
uma para teste e as demais para treinamento. Para esses mesmos experimentos,
curvas ROC (Receiver Operating Characteristic) são construídas com os respectivos
cálculos de área sob a curva (AUC). Estes resultados podem ser vistos na Figura 7,
sendo a melhor condição encontrada para k=3 com AUC de 93% (com menor desvio
padrão, de 10%, em relação aos demais testes).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 127


Figura 7: Curva ROC e indicação da área sob a curva (AUC) da validação cruzada “10-fold” do
kNN para alguns valores de k.

5 | DISCUSSÃO

A avaliação do desempenho da proposta deste trabalho, em relação à literatura,


não é simples, visto que, em cada estudo, são utilizadas bases de imagens distintas, em
diferentes resoluções e quantidades de amostras. Na Tabela 2, são exibidas algumas
características e resultados de alguns métodos. Em relação ao método proposto no
presente trabalho, pode-se não efetuar nenhuma remoção de nós (sem recortes),
tratando a imagem globalmente, ou proceder as remoções descritas no início do texto
(com recortes). Observa-se o ganho de acurácia com este procedimento.

6 | CONCLUSÃO

Em processamento de imagens, valores de extinção são normalmente


empregados na determinação de marcadores relevantes à segmentação (SILVA;
LOTUFO, 2011). Neste trabalho, houve uma aplicação inédita de extinção média de
descendentes e de altura topológica em avaliação de qualidade de fotos de fundo de
olho. Imagens desfocadas, em geral, têm estes dois valores relativamente menores do
que em imagens de qualidade aceitável. A classificação resultou em 90% de acurácia e
de 93% de área ROC. O descritor, constituído pelas duas extinções médias, é definido
globalmente ou após o descarte de componentes conexos com caixas envolventes não
totalmente contidas no círculo central de cada imagem original. A aplicação em outras
bases de imagens e testes com outros classificadores, tais como Máquina de Vetores
de Suporte (SVM) ou Redes Neurais Artificiais (ANN), devem ser implementados.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 128


Especificidade
Sensitividade
Algoritmos
principais

Acurácia
imagens
Base de
Estudo
Texturas,
Própria
Fasih (2014) SVM, 87% 89% 86%
100 imagens
10-fold.
HEI-MED Segmentação e contraste,
Nugroho et
98% 80% 89%
al. (2014) 47 imagens Naïve Bayes.
Proposto
HRF Valores de extinção,
87% 82% 82%
sem
36 imagens kNN (k=9), 10-fold.
recortes
Proposto
HRF Valores de extinção,
93% 93% 90%
com
36 imagens kNN (k=3), 10-fold.
recortes

Tabela 2: Resultados de alguns trabalhos com bases de imagens distintas.

7 | CONCLUSÃO

Em processamento de imagens, valores de extinção são normalmente


empregados na determinação de marcadores relevantes à segmentação (SILVA;
LOTUFO, 2011). Neste trabalho, houve uma aplicação inédita de extinção média de
descendentes e de altura topológica em avaliação de qualidade de fotos de fundo de
olho. Imagens desfocadas, em geral, têm estes dois valores relativamente menores do
que em imagens de qualidade aceitável. A classificação resultou em 90% de acurácia e
de 93% de área ROC. O descritor, constituído pelas duas extinções médias, é definido
globalmente ou após o descarte de componentes conexos com caixas envolventes não
totalmente contidas no círculo central de cada imagem original. A aplicação em outras
bases de imagens e testes com outros classificadores, tais como Máquina de Vetores
de Suporte (SVM) ou Redes Neurais Artificiais (ANN), devem ser implementados.

AGRADECIMENTOS
O autor agradece a disponibilização da base HRF, rotulada pelo grupo da FAU,
Alemanha. E à equipe da Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP
pela assessoria a pesquisas com imagens de fundo de olho.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 129


REFERÊNCIAS
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retinopathy from color fundus photographs in a large population of patients with diabetes.
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DAVIS, H.; RUSSELL, S.; BARRIGA, E.; ABRÀMOFF, M.; SOLIZ, P. Vision-based, real-time retinal
image quality assessment. 22nd IEEE International Symposium on Computer-Based Medical
Systems, 2009, p. 1-6.

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Université de Montréal, 2014.

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J. Automatic no-reference quality assessment for retinal fundus images using vessel
segmentation. Proceedings of the 26th IEEE International Symposium on Computer-Based Medical
Systems, 2013, p. 95-100.

NUGROHO, H. A.; YULIANTI, T.; SETIAWAN, N. A.; DHARMAWAN, D. A. Contrast measurement


for no-reference retinal image quality assessment. 6th International Conference on Information
Technology and Electrical Engineering, 2014, p. 1-4.

SILVA, AG, LOTUFO RA. Efficient computation of new extinction values from extended
component tree. Pattern Recognition Letters, v. 32, p. 79-90, 2011.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 13 130


CAPÍTULO 14
doi
EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE EM CIRURGIAS
ORTOPÉDICAS

Celso Júnio Aguiar Mendonça fluoroscopic images during operative procedures


Universidade Tecnológica Federal do Paraná – inducing a risk to surgeons due to exposure to
UTFPR, CPGEI Programa de Pós-Graduação ionizing radiation. This article is an integrative
em Engenharia Elétrica e Informática Industrial,
review of the literature on radiation exposure of
Curitiba, Brasil.
orthopedic surgeons.
Frieda Saicla Barros KEYWORDS: Ionizing Radiation, Fluoroscopy,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
Radioprotection, Orthopedic Surgery.
UTFPR, PPGEB Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Biomédica, Curitiba, Brasil.
Bertoldo Schneider Júnior
Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
1 | INTRODUÇÃO
UTFPR, CPGEI Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica e Informática Industrial, Com o avanço e desenvolvimento de
Curitiba, Brasil. técnicas em cirurgias ortopédicas, o uso
de fluoroscópio (arco em C) tornou-se uma
ferramenta importante na realização de
RESUMO: Técnicas modernas em cirurgia
procedimentos cirúrgicos menos mórbidos para
ortopédica como as técnicas minimamente
os pacientes com a utilização, cada vez maior,
invasivas em procedimentos cirúrgicos utilizam
de técnicas menos invasivas (MATITYAHU
cada vez mais de imagens fluoroscópicas
et al., 2017). A utilização do fluoroscópio
durante os procedimentos operatórios
apresentando um risco aos cirurgiões devido promove uma visualização das estruturas
à exposição à radiação ionizante. Este artigo ósseas para colocação adequada do material
é uma revisão integrativa da literatura sobre de osteossíntese, além de diminuir o tempo
exposição à radiação de cirurgiões ortopédicos. cirúrgico (PALÁCIO et al., 2014)(ANUPAM et al.,
PALAVRAS-CHAVE: Radiação Ionizante, 2015). Equipes cirúrgicas de trauma ortopédico
Fluoroscopia, Radioproteção, Cirurgia que utilizam técnicas de redução indireta de
Ortopédica. fraturas e utilizam técnicas de osteossíntese
com princípios de estabilização relativa, além
ABSTRACT: Modern techniques in orthopedic das equipes de reconstrução e alongamento
surgery such as minimally invasive techniques ósseo que utilizam fixadores externos, são os
in surgical procedures increasingly use profissionais ortopédicos que mais utilizam o

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 131


fluoroscópio, portanto, mais expostos à radiação ionizante (ANUPAM et al., 2015).
Com uso de técnicas minimamente invasivas os cirurgiões recebem uma dose maior
de radiação ionizante comparado com procedimentos abertos (MATITYAHU et al.,
2017)(KESAVACHANDRAN; HAAMANN; NIENHAUS, 2012).

Objetivo:
O objetivo deste estudo foi documentar que durante a atividade do cirurgião
ortopédico a exposição da radiação ionizante é um fator de risco considerável a saúde
deste profissional e mostrar como a legislação brasileira trata deste assunto.

2 | MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão integrativa na literatura internacional em julho de 2018


nas seguintes bases de dados: Lilacs e Pubmed com as seguintes palavras chaves:
Radiation, Protection, Orthopedics sendo selecionados 43 artigos na Bireme e 82
artigos no Pubmed e outra pesquisa com a sequência das palavras chaves: Ionizing,
Radiation, Protection, Orthopedic, Surgery sendo selecionados Bireme 20 artigos
Pubmed 27 artigos, sem estabelecer período de temporalidade. Para redação deste
trabalho foram utilizados 13 artigos desta revisão.
Também foi realizado um levantamento de toda a legislação brasileira que trata
da proteção radiológica dos trabalhadores na área de saúde: Resolução da Comissão
Nacional de Energia Nuclear - CNEN 164/14, Norma Regulamentadora (NR) 16 e NR
32 do Ministério do Trabalho, e a Portaria SVS/MS n° 453/98 da ANVISA.
Foi incluído neste estudo um trabalho apresentado na International Joint
Conference RADIO 26-29 de agosto de 2014 em Gramado – RS, Brasil.

3 | DISCUSSÃO

De acordo com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a proteção


radiológica ou Radioproteção são o conjunto de medidas que visam a proteger o ser
humano e seus descendentes contra possíveis efeitos indesejados causados pela
radiação ionizante (BRASIL, 2014). Os efeitos a longo prazo de exposição a baixas doses
ainda não são completamente conhecidos (MATITYAHU et al., 2017). A radioproteção
visa proteger qualquer tipo ou grau de exposição por parte do trabalhador, em nosso
caso, o médico ortopedista, da radiação ionizante por ele exposto durante a realização
de procedimento cirúrgico com uso de fluoroscópio. Existem 2 tipos de efeitos da
radiação ionizante que pode atuar sobre o ortopedista em usa atividade laborativa.
São eles:

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 132


• Efeitos Determinísticos - efeitos para os quais existe um limiar de dose
absorvida necessário para sua ocorrência e cuja gravidade aumenta com o
aumento da dose.

• Efeitos Estocásticos - efeitos para os quais não existe um limiar de dose


para sua ocorrência e cuja probabilidade de ocorrência é uma função da
dose. A gravidade desses efeitos é independente da dose [5].

De acordo com a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (International


Commission on Radiological Protection - ICRP) e a norma do CNEN 164/14, existem
3 categorias de exposição: exposição ocupacional, exposição do público e exposição
médica. O uso de fluoroscópio durante os procedimentos cirúrgicos ortopédicos gera
exposição ao paciente, a equipe cirurgia e ao técnico de radiologia (operador do
aparelho), devido à proximidade de todas estas pessoas a fonte emissora de radiação
ionizante. Os fluoroscópios emitem dose de aproximadamente 5 rads por minuto
(PALÁCIO et al., 2014). A ICRP recomenda que o limite de exposição ocupacional
anual não ultrapasse 20 mSv como média em 5 anos, com limite equivalente de dose
para os olhos de 20 mSv e de 500 mSv para a pele, mãos e pés (MATITYAHU et al.,
2017).
No Brasil a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) regulamenta as
normas de segurança para indivíduos ocupacionalmente expostos (IOE) a radiação
ionizante, com relação as responsabilidades do empregador e do empregado. Estas
normas incluem estabelecimento da estimativa das doses anuais, treinamento, medidas
de proteção radiológica com o uso adequado de Equipamento de Proteção Individual
- EPI (avental de chumbo, protetor de tireoide, óculos plumbíferos) monitoramento
individual (dosímetros). Locais anatômicos como os olhos, glândula tireoide e mãos
são mais vulneráveis a radiação considerando o uso limitado dos equipamentos de
proteção individual nos procedimentos cirúrgicos (KESAVACHANDRAN; HAAMANN;
NIENHAUS, 2012). Os aventais de chumbo e os protetores de tireoide são usados
geralmente para reduzir a exposição da radiação durante a fluoroscopia, mas os dados
sugerem que os olhos do cirurgião e mãos possam ser os locais de maior exposição
pelo cirurgião (HOFFLE; ILYAS, 2015). A ICRP em 2007 publicou em relatório que
os olhos podem ser mais radiossensíveis do que previamente havia sido pensado
(BERNARD et al., 2016). Kesavachandran et al. concluíram que apesar das atuais
precauções contra radiação estarem adequadas mais estudos são necessários devido
a variação da dose de radiação na equipe cirúrgica e nos diferentes locais anatômicos
(KESAVACHANDRAN; HAAMANN; NIENHAUS, 2012).
Nas últimas décadas houve uma crescente utilização de técnicas minimamente
invasivas, com menos desvitalização de partes moles, ocasionando menos morbidade
para o paciente, utilizando para isto o fluoroscópio em arco em C para realização da
maioria deste tipo de cirurgia (MATITYAHU et al., 2017). Há um uso muito frequente

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 133


em áreas como o trauma ortopédico, em reconstrução e alongamento ósseo e em
cirurgias da coluna vertebral. A exposição à radiação ionizante varia de acordo com
a especialidade cirúrgica e com os diferentes procedimentos. Estudos mostram que
entre os procedimentos cirúrgicos que são mais responsáveis pela exposição à
radiação ionizante está a cirurgia para osteossíntese de fratura do fêmur com uso de
haste intramedular (KESAVACHANDRAN; HAAMANN; NIENHAUS, 2012) e cirurgias
da coluna vertebral (MATITYAHU et al., 2017). Durante procedimentos cirúrgicos
ortopédicos como colocação de haste intramedular, a exposição do cirurgião a radiação
ionizante é considerável devido ao tempo de exposição para a realização do bloqueio
da haste chegando a média de radiação por cirurgia de 100 milirems (SANDERS et
al., 1993).
Segundo Giordano et al. em seu estudo as doses de exposição do cirurgião que
foram registradas sob um avental de chumbo atingiram o pico de 62 mrem (0,62 mSv),
enquanto a dose de entrada da pele do paciente atingiu quase 270 mGy durante um
período médio de fluoroscopia de 1,69 minutos. Embora esses níveis representem
claramente valores sub-limiares para efeitos determinísticos (2 Gy) e baixa dose
efetiva geral, eles são preocupantes haja vista o cirurgião realiza dezenas de cirurgias
por ano (GIORDANO et al., 2011).
O CNEN recomenda que a dose efetiva para indivíduos ocupacionalmente
expostos (IOE) à radiação ionizante não deve exceder a dose limite de 20 mSv por ano
em média, avaliada em 5 anos, considerando que a dose efetiva não deve exceder
a 50 mSv em um único ano. Palácio et al. demonstraram em um estudo que durante
o período de apenas 6 meses, os residentes do programa de residência médica
em ortopedia e traumatologia receberam em média um quarto do máximo de dose
permitida para o período de 1 ano. Este autor alega que há possibilidade de dose
máxima permitida ser ultrapassada, pois os residentes realizam outros procedimentos
cirúrgicos com uso do fluoroscópio além do tipo de procedimento cirúrgico realizado
neste estudo (PALÁCIO et al., 2014).
A quantidade de radiação exposta suficiente para o aumento do risco de doença
ainda não é claro (HOFFLE; ILYAS, 2015). Segundo as diretrizes internacionais sobre
o limite de exposição recomendados, os efeitos a longo prazo sobre a saúde devido
à exposição intermitentes de baixas doses de radiação são desconhecidos (HOFFLE;
ILYAS, 2015). Entretanto, uma vez que a dose efetiva é conhecida, o risco de fatal
de neoplasia pode ser estimado. Uma probabilidade nominal de 5% por Sievert é
geralmente estimada para uma população adulta (GIORDANO et al., 2011). Vários
estudos têm sido realizados na tentativa de se relacionar a exposição à radiação
ionizante e doenças neoplásicas. Leuraud et al. publicaram um estudo coorte que
fornece fortes evidências de associações positivas entre exposição prolongada de
radiação de baixa dose e leucemia (LEURAUD et al., 2015).
Lo et al. relataram em seu estudo que cada minuto de exposição (60 tiros) é
equivalente a uma exposição de radiografia computadorizada ou 4rads de radiação e
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 134
que muitos cenários de fixação de fraturas peri-articulares requerem muitos minutos
dessas exposições (LO; GOH; KHONG, 1996).
Zadeh e Briggs em 1997 concluíram que os níveis atuais de exposição
ocupacional aos raios-X por cirurgiões ortopédicos podem não de estar associados a
um risco aumentado de anomalias congênitas ou neoplasias infantis em seus filhos.
Entretanto neste estudo foi observado a ocorrência de anormalidades congênitas em
crianças de cirurgiões ortopédicos, obstetras e ginecologistas estudados sendo motivo
de preocupação e pode estar relacionado com a exposição ocupacional ao ambiente
do teatro de operações (ZADEH; BRIGGS, 1997).
De Melo et al. demonstraram que o uso irregular do dosímetro por parte dos
médicos expostos a radiação ionizante durante procedimentos intervencionistas
prejudicava a medição adequada da exposição. Foi realizada a análise das doses
em 2 momentos: no primeiro não houve orientação quanto a necessidade de uso de
dosímetro, no segundo os profissionais realizaram todos os procedimentos utilizando os
dosímetros. O resultado do estudo mostrou uma dose efetiva média dos profissionais/
ano de 8,60mSv no primeiro momento, contra uma dose de 27,41 mSv no segundo
momento após uso regular do dosímetro, ultrapassando a taxa anual permitida pelo
CNEN. A comparação resultou em um aumento de dose efetiva por profissional em
quase 300% (DE MELO et al., 2014).
Os cirurgiões podem minimizar a exposição através da compreensão da física
básica da radiação de raios-X e maximizar todas as tecnologias de segurança que
suas unidades de fluoroscopia específicas oferecem. As intervenções específicas
incluem a alteração da configuração fluoroscópica e a posição do cirurgião para
maximizar a distância da fonte de radiação, limitar a intensidade de radiação e o tempo
de exposição, usar colimação, remover as mãos do caminho do feixe de radiação e
usar equipamento de proteção pessoal (HOFFLE; ILYAS, 2015).
De acordo com o estudo de Valone et al., a prevalência de câncer de mama é maior
entre os cirurgiões ortopédicos do sexo feminino em comparação com a população geral
de mulheres dos Estados Unidos da América (EUA). O local mais comum de câncer
de mama, o quadrante externo superior, pode não estar adequadamente protegido da
radiação intraoperatória. Fatores associados à maior exposição à radiação da mama
(tamanho e tipo de avental de proteção, posição do cirurgião e posição do arco em C)
ainda não foram estabelecidos. Concluem neste estudo que a exposição à radiação da
mama é maior em uma projeção lateral do arco em C em comparação com uma projeção
ântero-posterior. Fatores que podem reduzir a exposição à radiação incluem proteção
de chumbo de tamanho apropriado para proteção das mamas e distanciamento da
axila do campo operatório e do tubo de raios-X (VALONE et al., 2016).
O cirurgião ortopédico exposto à fluoroscopia intraoperatória pode ter um risco
de exposição à radiação e pode estar em maior risco de câncer induzido a exposição à
radiação segundo Giordano et al. Este autor alega que “até que o acúmulo de radiação
de grande volume seja melhor compreendido, recomendamos proteção de chumbo
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 135
para reduzir a exposição à radiação intraoperatória e distanciar-se da fonte de raios-X
ao obter imagens laterais” (GIORDANO et al., 2011) Desta maneira, o uso dos EPIs
se torna necessário e obrigatório na tentativa de se neutralizar o risco da exposição à
radiação ionizante.
Segundo Matityahu et al. em sua revisão sistemática cita que os efeitos a longo
prazo de baixas doses de radiação ionizante aumentam o risco de neoplasias, catarata
e possivelmente associado ao desenvolvimento de doenças hereditárias ou crônicas
como doenças circulatórias ou imunes (MATITYAHU et al., 2017).
Ainda em seu trabalho de revisão sistemática Matityahu et al. concluíram que
com o uso crescente de imagens intraoperatórias, há uma necessidade crescente
de uma conscientização do cirurgião a respeito da exposição a radiação ionizante. A
exposição à radiação pode ser prejudicial e devem ser seguidos alguns procedimentos
para minimizar a exposição. Este autor sugere algumas medidas que diminuem a
exposição à radiação para a equipe cirúrgica:
• Manter as mãos fora de campo.

• Usar proteção de chumbo para a tireoide e o corpo.

• Manter a liderança entre o cirurgião e o operador do fluoroscópio.

• O aumento da distância do Arco em C ao cirurgião tem uma diminuição lo-


garítmica da radiação até 2 m.

• Mover o tubo de radiação do lado do operador para o lado do paciente.

• Usar luvas plumbíferas.

• Usar óculos plumbíferos e

• Alterar do controle de exposição automático para o manual.


Como exposto anteriormente, a radioproteção da equipe cirúrgica depende do
conhecimento da mesma sobre o assunto, do treinamento que a equipe recebeu para
a utilização dos EPIs e uso adequado do aparelho de fluoroscopia. Neste sentido
o uso inadequado do aparelho com grande tempo de exposição ou posicionamento
inadequado do mesmo pode colocar em risco a saúde do cirurgião e da equipe cirúrgica.
Muitas instituições Norte Americanas têm exigido certificados de funcionamento
adequado dos aparelhos e certificação de treinamento dos profissionais que irão
operar estes equipamentos (VALONE et al., 2016).

3.1 Considerações sobre a Legislação Brasileira de Radioproteção:


A legislação brasileira que regulamenta a exposição ocupacional a radiação
ionizante são as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho: NR 16 -
Atividades e Operações Perigosas (BRASIL, 2015) e NR 32 - Segurança e Saúde
no Trabalho em Serviços de Saúde (BRASIL, 2011), a Portaria da ANVISA 453/98

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 136


(BRASIL, 1998) e a Resolução do CNEN 164/14 (BRASIL, 2014).
A portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA 453/98 de
01 de junho de 1998 estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica e em
radiodiagnóstico médico e odontológico, para assegurar os requisitos mínimos de
proteção radiológica aos pacientes, aos profissionais e ao público em geral. Esta
portaria considera as diretrizes básicas de vários órgãos internacionais e nacionais
como, por exemplo, a ICRP e o CNEN. Um dos objetivos desta portaria é estabelecer
parâmetros e regulamentar ações para o controle das exposições médicas e
exposições ocupacionais. Considera-se como campo de aplicação desta portaria
pessoas jurídicas e físicas, de direito privado e público. Estabelecem-se nesta portaria
que as Secretarias de Vigilância Sanitária nos âmbitos federal, estadual e municipal
são os órgãos reguladores e fiscalizadores da aplicação desta portaria. A portaria
453/98 estabelece de acordo com as resoluções do CNEN que devem ser controlados
as exposições ocupacionais de cada indivíduo e que os valores limites não sejam
excedidos, sendo que o controle deve ser realizado da seguinte forma:
a) A dose efetiva média anual não deve exceder 20 mSv em qualquer período
de 5 anos consecutivos, não podendo exceder 50 mSv em nenhum ano.
b) A dose equivalente anual não deve exceder 500 mSv para extremidades e
150 mSv para o cristalino.
Esta portaria também estabelece que os titulares e empregadores tenham
a responsabilidade de prover a monitorização individual e o controle da saúde do
pessoal ocupacionalmente exposto (com medida dos valores das doses registradas
nos dosímetros mensalmente) e prover as vestimentas de proteção individual para a
proteção dos pacientes e eventuais acompanhantes e da equipe de saúde. Além disto,
de garantir que seja fornecida à equipe, por escrito, informação adequada sobre os
riscos decorrentes das exposições médicas e das exposições ocupacionais.
A portaria da ANVISA 453/98 estabelece que todo equipamento de fluoroscopia
deve possuir:
• Sistema de intensificação de imagem

• Dispositivo para selecionar um tempo acumulado na fluoroscopia. Este tem-


po não deve exceder 5 minutos sem que o dispositivo seja reajustado. Um
alarme sonoro deve indicar o término do tempo pré-selecionado e continuar
soando enquanto os raios-x são emitidos, até que o dispositivo seja reajus-
tado. Decorridos 10 minutos sem que seja reajustado o dispositivo, a expo-
sição será interrompida. Alternativamente, o dispositivo pode interromper a
exposição ao final do tempo selecionado.

• Diafragma regulável para definir o feixe útil.

• Cortina ou saiote plumbífero inferior/lateral para a proteção do operador


contra a radiação espalhada pelo paciente, com espessura não inferior a

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 137


0,5 mm equivalente de chumbo a 100 KVp.

• Sistema para impedir que a distância foco-pele seja inferior a 30 cm para


equipamentos móveis.

• Sistema para garantir que o feixe de radiação seja completamente restrito à


área do receptor de imagem e

• Um sinal sonoro contínuo quanto o controle de “alto nível” estiver acionado.


Esta portaria estabelece com relação a proteção individual de todos os profissionais
necessários na sala cirúrgica devem posicionar-se de tal forma que nenhuma parte do
corpo incluindo extremidades seja atingida pelo feixe primário sem estar protegido por
0,5 mm equivalente de chumbo e que em eventuais palpações (posicionamento das
mãos entre a fonte emissora de radiação e o corpo do paciente) devem ser realizadas
somente com luvas plumbíferas com proteção não inferior ao equivalente a 0,25 mm
de chumbo. Além disto, o tempo de exposição deve ser anotado nos assentamentos
(prontuário) do paciente.
Apesar de existir uma legislação específica para a radioproteção em ambiente
cirúrgico, estas diretrizes técnicas para a proteção da saúde ocupacional da equipe
cirúrgica (principalmente o médico cirurgião ortopédico, que é o profissional que mais
recebe a radiação dos feixes primários e secundários) são pouco implementadas
neste meio por questões de falta de conhecimento e menosprezo pelos riscos desta
exposição por parte dos profissionais e dos gestores. Cabe ressaltar que o médico
ortopedista é exposto de maneira crônica e intermitente durante todo o período de sua
carreira profissional o que pode durar em média 25 anos de trabalho.
A NR 16 considera em seu anexo como atividade e operações perigosas com
radiações ionizantes ou substâncias radioativas atividades de operação de raios-X,
com irradiadores de radiação gama, radiação beta ou radiação de nêutrons incluindo
dentre outros diagnósticos médico e odontológico considerando como área de risco
laboratório de testes, ensaios e calibração com as fontes de radiação descritas
(BRASIL, 2015). Analisando esta norma regulamentadora (NR) que teve sua primeira
publicação no Diário Oficial da União (DOU) em 06/07/78, e a última alteração em
08/01/15 percebe-se que esta NR encontra-se antiquada no sentido de caracterizar
os profissionais de saúde que realizam procedimentos cirúrgicos e invasivos com a
utilização de fluoroscopia, haja vista, dois aspectos importantes a serem considerados:
o uso deste tipo de recurso diagnóstico é uma tecnologia cada dia mais utilizada em
procedimentos cirúrgicos e intervencionistas, e o médico cirurgião ou intervencionista
encontra-se mais exposto à radiação ionizante do que o técnico em radiologia que
opera o aparelho de fluoroscopia, devido à grande proximidade do médico com a fonte
emissora de radiação. Já a NR 32 estabelece com relação às radiações ionizantes
que devem ser observados as disposições estabelecidas pelas normas específicas da
Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e da Agência Nacional de Vigilância

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 138


Sanitária – ANVISA, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011). Da mesma forma que a
NR 16, a NR 32 não é específica com relação a radioproteção dos médicos expostos a
radiação ionizante, mas estabelece que os profissionais de saúde expostos a radiação
ionizante devem utilizar dosímetros para monitorização individual e utilizarem os EPIs
adequado para a realização da atividade laborativa.

4 | CONCLUSÃO

De acordo com a literatura apresentada neste estudo e de acordo com a legislação


brasileira que regulamenta a radioproteção de profissionais expostos a radiação
ionizante durante atividade laborativa, o cirurgião ortopédico enquadra-se dentre os
profissionais expostos a este tipo de radiação. Realizando uma análise criteriosa
sobre a legislação vigente no Brasil, conclui-se que existem falhas com relação a
caraterização da exposição à radiação ionizante dos profissionais que realizam
procedimentos cirúrgico e intervencionistas com uso de fluoroscópio. É necessária a
realização de estudos e análises técnicas com vistas à modernização da legislação
vigente com relação à radioproteção dos profissionais de saúde (cirurgiões e médicos
intervencionistas) para que estes não sejam desassistidos em seus direitos.

REFERÊNCIAS
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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 14 140


CAPÍTULO 15
doi
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPECTRO LUMINOSO DA
DESCARGA ELETROCIRÚRGICA

Elton Dias Junior do ultravioleta é somente 0,08 % da emissão


Instituto Federal do Paraná – IFPR total da faísca. Da análise espectral também
Campo Largo – Paraná se verificou que a atmosfera eletrocirúrgica é
Evaldo Ribeiro composta predominantemente por subprodutos
Universidade Federal do Paraná – UFPR da ablação do tecido tratado, uma vez que a
Curitiba – Paraná emissão atômica de substâncias como Na e
Bertoldo Schneider Junior K, por exemplo, aparecem com intensidades
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – consistentes com a composição química dos
UTFPR tecidos empregados. O espectro de absorção
Curitiba – Paraná do chuchu e da carne de porco foi medido no
mesmo intervalo espectral.
PALAVRAS-CHAVE: eletrocirurgia, faísca
RESUMO: A eletrocirurgia é uma técnica eletrocirúrgica, espectro de emissão.
desenvolvida para realizar o corte/coagulação
em um procedimento cirúrgico através de uma ABSTRACT: In the present work we performed
descarga elétrica entre o bisturi e o tecido a study on the light emission caused by the
orgânico, levando à ablação de parte do tecido electrosurgery spark, when applied to either
e concomitantemente a cauterização dos pork meat or chayote samples. We measured
vasos sanguíneos locais. Embora seja uma the spark total emitted power and performed
técnica de aproximadamente um século, sua its spectral analysis within the 240 – 1100
descarga elétrica ainda é pouco conhecida nm range, showing that the emitted radiation
e estudada. Neste trabalho, foi realizado um is about 280 times smaller than the average
estudo sobre a emissão luminosa da faísca solar irradiance on Earth surface, and that the
eletrocirúrgica, quando aplicada a amostras amount of ultraviolet emitted light in the process
de carne de porco e de chuchu. Foi medida a is about 0,08 % of the total spark emission
potência total emitida e realizou-se uma análise power. From the spectral analysis we also
espectral da faísca no intervalo de 240 a 1100 verified that the electrosurgical atmosphere is
nm, demonstrando que a radiação emitida é predominantly composed by the tissue ablation
aproximadamente 280 vezes menor que a byproducts, since atomic emissions from Na
irradiância solar média na superfície da Terra, e and K, for example, are identified with intensities
que a quantidade de radiação emitida na faixa consistent with the chemical composition of the

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 141


used biological tissues. The absorption spectrum of chayote and pork was measured
within the same spectral range.
KEYWORDS: electrosurgery, electrosurgical spark, emission spectrum.

1 | INTRODUÇÃO

A eletrocirurgia é uma técnica desenvolvida para realizar o corte/coagulação em


um procedimento cirúrgico através de uma descarga elétrica entre o equipamento
eletrocirúrgico e o tecido orgânico, levando à ablação de parte do tecido e a
concomitante cauterização dos vasos sanguíneos locais (LaCOURSE 1993; WICKER
2000; SCHNEIDER 2005). Esta tecnologia trouxe enormes avanços no campo da
medicina prática [WICKER 2000]. Estudos têm sido feitos no sentido de se evitar os
efeitos indesejados em procedimentos eletrocirúrgicos, como a eletroestimulação e a
queimadura em DC (LEEMING 1970; SCHNEIDER 2007; SCHNEIDER 2010). Estes
efeitos se originam na distribuição assimétrica dos portadores de carga em cada ciclo
de tensão que leva ao carregamento e descarregamento do capacitor de proteção no
circuito do paciente (LEEMING 1970; SCHNEIDER 2010). Embora alguma atenção
tenha sido devotada aos aspectos elétricos e eletrônicos da produção da faísca
[SCHNEIDER 2008; DIAS 2009), há escassez de relatos sobre os efeitos da radiação
emitida pela faísca durante uma intervenção cirúrgica. A energia elétrica total entregue
pelo equipamento eletrocirúrgico é transformada em várias modalidades de energia,
como a térmica, a luminosa e a sonora, por exemplo. Este trabalho foca na parcela da
energia total que foi transformada em energia luminosa ou irradiante.
Uma das perguntas que motivou a realização destes experimentos foi a de
quanta radiação ultravioleta é emitida pela faísca eletrocirúrgica. Será que tanto
cirurgiões como pacientes ficam expostos a doses que podem causar algum tipo de
dano? Também é esperado que parte da radiação emitida seja encontrada na região
da luz visível, e provavelmente adentre o infravermelho também. Qual seria o efeito
dessa radiação ao ser absorvida pelo tecido em torno e abaixo da região do corte
eletrocirúrgico?
O presente trabalho visa obter informações que permitam atacar estas questões
de maneira objetiva, através de medições da potência luminosa e do levantamento do
espectro da luz emitida pela faísca eletrocirúrgica, quando aplicada aos dois tecidos
biológicos homologados, a carne de porco (Sus domesticus) e o chuchu (Sechium
edule sp) (SCHNEIDER 2007; SCHNEIDER 2008; DIAS 2009) e de medições de
absorbância também nos dois tecidos biológicos. Estas medidas estabelecem
parâmetros para estimar os efeitos da radiação emitida pela faísca eletrocirúrgica.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 142


2 | MATERIAIS E MÉTODOS

Os espectros de emissão da faísca eletrocirúrgica bem como o experimento


de luminescência foram realizados com o espectrômetro Andor Shamrock 303i, do
laboratório de propriedades ópticas da UFPR. Para cada processo de faiscância,
detalhados abaixo, foram medidos os sinais de tensão aplicados pelo gerador de
funções Tektronics modelo CFG-253. Também foi realizada a medição da potência
luminosa emitida pela faísca com um medidor de potência COHERENT – FieldMeter
– Laser Power Meter (RoHS). Para o experimento de absorbância foi utilizado o
espectrofotômetro Perkin Elmer modelo Lambda 1050 UV/VIS.
O espectro da faísca foi levantado entre 240 nm e 1100 nm, cobrindo desde o
ultravioleta até o infravermelho. Para cada intervalo espectral foram realizadas três
medições. O brilho da faísca não é contínuo durante o corte, que é dinâmico. Ou seja,
há movimento relativo entre o eletrodo ativo e o tecido. O movimento foi realizado
manualmente (simulando o corte realizado por um médico durante uma eletrocirurgia).
O eletrodo ativo permanecia parado e alinhado com a fenda do espectrômetro. O
tecido foi colocado sobre um carrinho com rodas e assim pôde ser movimentado em
relação ao eletrodo ativo. A luz emitida pela faísca foi coletada por uma lente de 5,08
cm de diâmetro, colocada a 12,9 cm da faísca. A luz foi colimada sobre a fenda de
entrada do espectrômetro.
Ao final, e nas mesmas condições de obtenção do espectro, foi feita a medição
da potência luminosa da faísca elétrica. Estes procedimentos foram realizados para os
dois tecidos biológicos certificados.

Figura 1: Espectros de emissão da faísca eletrocirúrgica obtidos em experimentos com


eletrodo esférico metálico e chuchu, carne de porco e metal (Al). As emissões dos principais
constituintes estão indicadas na figura, (physics.nist.gov/PhysRefData/Handbook/element-
name.htm). O inset mostra com mais detalhes a região espectral do UV.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 143


3 | RESULTADOS

Em primeiro lugar foi medida a potência total emitida na forma de luz durante
o corte eletrocirúrgico. Para o chuchu, a faísca emitiu (6 ± 2) 10-4 W, distribuídos
sobre toda a região espectral. Isto corresponde a uma intensidade de (2 ± 1) 101
W/m2 sobre o tecido biológico abaixo do bisturi durante o corte. Para comparação,
é conhecido que a intensidade da luz solar na superfície da Terra é de 1120 W/m2
(DIFFEY 2002), ou seja, a luz emitida pela faísca eletrocirúrgica sobre o chuchu é 56
vezes menor que a intensidade média da luz do Sol na superfície da Terra durante
a primavera. Experimentos similares realizados durante o corte da carne de porco e
do experimento da faísca metal-metal resultaram em potências luminosas de (11 ± 4)
10-5 W, correspondente a uma intensidade de (4 ± 2) W/m2 para o porco e a potência
luminosa de (2 ± 1) 10-2 W, que corresponde a intensidade de (8 ± 4) 102 W/m2 para
o metal. A faísca produzida no corte da carne de porco é da ordem de 280 vezes
menos intensa que a luz solar e para o metal 1,4 vezes menos intensa. Comparando a
intensidade luminosa entre os tecidos biológicos, a intensidade da faísca no chuchu é
5 vezes maior do que a intensidade luminosa da faísca com a carne de porco.
O espectro eletromagnético completo das faíscas elétricas é mostrado na Figura
1. Os três espectros obtidos com chuchu (curva azul), carne de porco (curva vermelha)
e metal (curva preta) são mostrados juntos. Nota-se que os espectros são compostos,
de maneira geral, por um fundo contínuo com sobreposições muito estreitas e, às
vezes, intensas.
A origem dessas linhas estreitas está relacionada ao material que é ablado por
ocasião do corte eletrocirúrgico. Estes subprodutos formam uma pluma altamente
excitada devido ao processo de ablação, e consistem em uma atmosfera, ao redor
da faísca, rica nos elementos constituintes do tecido biológico em estudo. Após a
ocorrência da quebra de rigidez dielétrica (breakdown), a manutenção das faíscas
deve ocorrer nesta atmosfera alterada, rica em átomos e moléculas retiradas do tecido,
como por exemplo, o sódio e o potássio, presentes em quantidade relativamente
grande, tanto no chuchu quanto na carne de porco, como mostra a Tabela 1. Isto indica
que a atmosfera eletrocirúrgica não é composta apenas pelo ar e seus constituintes, e
sim pelo material retirado do tecido biológico, em sua maioria.

Chuchu Porco
Água 94,24 g 61,06 g
Sódio 2 mg 56 mg
Potássio 125 mg 287 mg
Cálcio 17 mg 14 mg
Magnésio 12 mg 19 mg
Fósforo 18 mg 175 mg

Tabela 1: Massas dos principais constituintes encontrados em cada 100 g de chuchu e carne de
porco. Para o chuchu: Departamento de informática em saúde da Escola Paulista de Medicina/
UFSP. www2.unifesp.br/dis/serviços/nutri/public/alimento/nutriente/id/11149. Acesso em 8 de
abril de 2016. Para a carne de porco: http://foods-recipes.com/food-composition-description/

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 144


pork-description-composition-properties.html. Acesso em 8 de abril de 2016.

Para cada um dos experimentos foi feita a medição da potência total luminosa,
como descrito anteriormente, e esta energia está distribuída em comprimento de onda
de maneira proporcional à área abaixo de cada uma das curvas dos espectros. Através
da integração destas áreas é possível saber a fração da potência total luminosa que
é distribuída em cada faixa espectral, conforme indicado por linhas pontilhadas na
Figura 1.
A intensidade da radiação ultravioleta sobre a área correspondente à projeção
semiesférica do bisturi de 2 mm de raio no tecido biológico é no chuchu de (5 ± 2)
10-1 W/m2. Para comparação, sabemos que a intensidade global da luz solar na
superfície da Terra é de 1120 W/m2 e que 17% devem-se ao ultravioleta (DIFFEY
2002). Portanto, a intensidade do ultravioleta incidente na superfície terrestre ao meio-
dia é de aproximadamente 190 W/m2. Sendo assim, a radiação ultravioleta emitida
pela faísca eletrocirúrgica quando utilizado o chuchu corresponde a 0,26 % daquela
entregue pela luz solar na superfície terrestre. Quando utilizado o porco a intensidade
de UV é igual a (16 ± 8) 10-3 W/m2, e corresponde a 0,08% da radiação UV do Sol na
superfície terrestre. Na faísca sobre o metal os valores da potência e da intensidade
foram respectivamente iguais a: (4 ± 2) W/m2 e 2,11% do UV solar.
Uma vez que a faísca emite luz sobre o tecido que não foi cortado, tanto no visível,
no infravermelho como no ultravioleta, pode-se perguntar sobre o efeito causado por
esta radiação ao ser absorvida pelo tecido biológico que não sofreu ablação. Dois
processos podem acontecer: a radiação ultravioleta pode causar danos celulares (e
conforme discutido acima, não seria uma preocupação) e o tecido pode se aquecer
por absorção de toda a radiação emitida, principalmente o infravermelho. Com isso
realizamos medições da absorbância do chuchu e da carne de porco, no mesmo
intervalo espectral medido na Figura 1. A Figura 2 mostra o espectro de absorção
dos dois tecidos biológicos, bem como as assinaturas de absorção da água, presente
nos dois tecidos. Na carne de porco, por possuir sangue, aparecem as absorções da
bilirrubina e da oxiemoglobina.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 145


Figura 2: Espectros de absorção do chuchu e da carne de porco. Os espectros de absorção
exibem as assinaturas de absorção da água, em ambos tecidos. E para a carne de porco a
absorção da bilirrubina e da oxiemoglobina.

O espectro da faísca eletrocirúrgica e o gráfico de absorbância permitiram a


determinação da variação de temperatura do tecido biológico em função da incidência
dessas radiações. O tecido que recebeu a radiação foi modelado em forma semiesférica.
O raio corresponde à penetração da radiação, onde 99,999% da intensidade inicial
tenha sido absorvida. As profundidades alcançadas não são iguais, pois o coeficiente
de absorção dos tecidos depende do comprimento de onda da radiação, como se pode
ver no gráfico da absorbância (Figura 2). Foram separadas as três regiões espectrais
de interesse e utilizamos um valor de absorbância média no intervalo para estimar a
penetração da luz no material. Após isto, utilizamos a quantidade de energia absorvida
em um segundo de faísca para estimar a elevação de temperatura do material ao
absorver completamente a parcela da luz em questão. Como resultado, no chuchu,
a radiação ultravioleta penetrou 2,31 mm e promoveu uma variação de temperatura
de (1,9 ± 0,1) 10-4 °C; A luz visível penetrou 3,84 mm e a temperatura variou de (1,1
± 0,1) 10-3 °C e o infravermelho, mais penetrante, atingiu 3,96 mm de profundidade
e promoveu uma variação de (1,7 ± 0,1)10-3 °C na temperatura do tecido. Para a
radiação incidente nos experimentos com a carne de porco, o ultravioleta penetrou
2,41 mm e promoveu uma variação de temperatura de (3,4 ± 0,1) 10-6 °C. No visível a
penetração foi de 3,32 mm e a variação de temperatura foi igual a (1,2 ± 0,1) 10-4 °C. E
na faixa espectral do infravermelho a penetração no tecido foi de 4,09 mm e a variação
de temperatura foi de (2,0 ± 0,1) 10-4 °C.

4 | DISCUSSÃO

O espectro da luz da faísca eletrocirúrgica consiste da emissão luminosa


de elementos que compõem os tecidos biológicos, como o sódio e o potássio, por

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 146


exemplo, que não se apresentam no ar local. Ou seja, a atmosfera eletrocirúrgica
é alterada pela ablação do tecido. Outros picos estreitos que aparecem em todas
as regiões espectrais estão relacionados a emissões atômicas (O2, N2, etc.) que são
consistentes com a composição do ar e dos dois tecidos estudados. Retirando estas
linhas atômicas, intensas e muito estreitas, a Figura 1 mostra uma emissão de fundo
que varia com o comprimento de onda e é responsável pela potência luminosa da
faísca. O valor desta emissão, para cada tecido como discutido na seção anterior, foi
medido de forma integral e a análise da forma espectral permitiu avaliar quanto desta
potência total foi emitida em cada faixa espectral de interesse: ultravioleta, visível e
infravermelho. Mostramos que a parcela de radiação emitida pela faísca na faixa do
ultravioleta, de interesse por causar degradação celular, é muito baixa, apenas 0,08%
da intensidade solar na superfície do planeta, quando utilizada a carne de porco e de
0,26% na faísca com o chuchu. Embora houvesse uma certa impressão de que a faísca
não representaria perigo ao médico e ao paciente, nossos resultados quantitativos
permitem descartar efeitos nocivos da exposição ao ultravioleta decorrentes da
presença da faísca eletrocirúrgica.
O experimento de absorção nos permitiu avaliar como o tecido não ablado absorve
a luz emitida pela faísca, e conforme comentado na seção anterior, a quantidade de
energia luminosa emitida pela faísca, se absorvida totalmente pelo tecido abaixo do
bisturi, levaria a variações de temperatura da ordem de 10-3 oC para o chuchu e de
10-4 °C para o porco e para um intervalo de tempo de um segundo de absorção da
radiação, insuficiente para causar danos por aquecimento ao tecido não ablado.
Conforme comentado na introdução há outras formas de transferência de energia
da faísca para o tecido biológico, que demandam novos experimentos para avaliar
suas contribuições individuais.

5 | CONCLUSÃO

Através do espectro eletromagnético emitido pela faísca elétrica em uma


eletrocirurgia passamos a compreender que o meio entre eletrodos é afetado pelo
corte realizado. A atmosfera eletrocirúrgica não é composta apenas pelo ar.
Paciente e médico não correm risco em função das radiações emitidas. A faísca
eletrocirúrgica emite ultravioleta em intensidades tão baixas que não oferece risco ao
médico que, em função da quantidade de procedimentos eletrocirúrgicos que realiza,
poderia ser o mais afetado entre os envolvidos.
Toda a luz emitida, se totalmente absorvida pelo tecido adjacente ao corte
eletrocirúrgico, não promove elevação de temperatura apreciável no tecido biológico,
indicando que não haveria nenhum dano significativo ao metabolismo celular do tecido,
causado pela irradiação luminosa da faísca.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 147


AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao apoio da Fundação Araucária, CNPq e CAPES pelo apoio
financeiro.

REFERÊNCIAS
Departamento de informática em saúde da Escola Paulista de Medicina/UFSP. www2.unifesp.br/dis/
serviços/nutri/public/alimento/nutriente/id/11149. Acesso em 8 de abril de 2016.

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http://foods-recipes.com/food-composition-description/pork-description-composition-properties.html.
Acesso em 8 de abril de 2016.

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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 15 148


CAPÍTULO 16
doi
DESENVOLVIMENTO DE HIDROGÉIS DE QUITOSANA
ASSOCIADOS A IBUPROFENO PARA LIBERAÇÃO
CONTROLADA

Amanda de Castro Juraski por transformada de Fourrier (FTIR), e quanto


Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências ao perfil de liberação in vitro por espectroscopia
Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC - de ultravioleta – visível (UV-VIS). Os dados
UFABC - São Paulo
de liberação in vitro foram analisados com
Sônia Maria Malmonge diferentes modelos matemáticos para identificar
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências
o mecanismo de liberação do SLC. A análise
Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC -
composicional mostrou que ocorreu interação
UFABC - São Paulo
química entre o Ibuprofeno e a quitosana,
Nasser Ali Daghastanli
devido à diferença de cargas entre os materiais,
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências
Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC - porém sem que ocorresse a desfuncionalização
UFABC - São Paulo do fármaco, o que foi confirmado por
espectroscopia de UV-VIS. A incorporação do
Juliana Kelmy Macário Barboza Daguano
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências fármaco ocorreu principalmente na superfície
Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC - do filme, o que facilitou a liberação in vitro. O
UFABC - São Paulo perfil de liberação do fármaco através do filme
de quitosana apresentou um efeito explosão
nas primeiras horas, e entrou em equilíbrio à
RESUMO: A liberação controlada de fármacos partir de 120 minutos. A modelagem matemática
é uma tecnologia vanguardista que vem apresentou que o modelo que melhor adequa
recebendo muita atenção nos últimos anos por os dados de liberação é o modelo de Higuchi,
apresentar vantagens sobre a administração indicando que o fármaco é liberado através de
oral de fármacos, como menos reações mecanismos de difusão. Com este trabalho foi
adversas, maior disponibilidade do fármaco, possível confirmar que o emprego da quitosana
e desnecessidade de reaplicação da dose. como substrato para sistema de liberação
Neste trabalho desenvolveu-se um Sistema controlada de ibuprofeno é viável.
de Liberação Controlada (SLC) na forma de PALAVRAS-CHAVE: Biomateriais, Sistema de
filmes de quitosana carregados com Ibuprofeno Liberação Controlada, Quitosana, Ibuprofeno,
comercial. Os filmes foram caracterizados Higuchi.
quanto à morfologia por microscopia eletrônica
de varredura (MEV), quanto à composição por ABSTRACT: Drug Delivery is a cutting-edge
espectroscopia de absorção no infravermelho technology that lately has received a lot of

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 149


attention for having advantages over oral drug administration, such as fewer adverse
reactions, increased drug availability, and no need for dose reapplication. In this work
we developed a Drug Delivery System (DDS) in the form of chitosan films loaded with
commercial Ibuprofen. The films had their morphology characterized by scanning
electron microscopy (SEM), composition by infrared absorption spectroscopy by
Fourrier transform (FTIR), and the profile of in vitro release by ultraviolet - visible (UV)
spectroscopy -VIS). In vitro release data were analysed with different mathematical
models to identify the release mechanism of the DDS. The compositional analysis
showed that there was a chemical interaction between Ibuprofen and chitosan, due to
their different charges, but without the drug's defunctionalisation, which was confirmed
by UV-VIS spectroscopy. The incorporation of the drug occurred mainly on the surface
of the film, which facilitated the release in vitro. The release profile of the drug through
the chitosan film showed a burst effect in the first hours, and reached equilibrium after
120 minutes. The mathematical modelling showed that the model that best suits the
release data is the Higuchi model, indicating that the drug is released through diffusion
mechanisms. With this work it was possible to confirm that the use of chitosan as
substrate for DDS of ibuprofen is feasible.

1 | INTRODUÇÃO

Em breve, os efeitos colaterais da ingestão de comprimidos poderá ser coisa


do passado. Isso graças aos avanços da liberação controlada, uma tecnologia que
combina biomateriais e fármacos, com o objetivo de liberar o princípio ativo diretamente
no local de ação. Quando consumimos um comprimido por via oral, o fármaco passa
por diferentes barreiras biológicas (mucosas orais e gastrointestinais) antes de chegar
na corrente sanguínea, para então ser levado ao sítio patológico. Esse caminho causa
a perda de biodisponibilidade e, consequentemente causa a necessidade de doses
maiores e mais frequentes. Além disso, a presença do fármaco na corrente sanguínea
em altas doses por períodos prolongados pode causar efeitos colaterais devido à
interação do fármaco com tecidos sadios.
Como uma alternativa, atualmente estuda-se a técnica de liberação controlada
de fármacos (no inglês drug delivery), que é a liberação orientada de fármacos
diretamente no sítio de ação, a partir de um sistema de liberação controlada (SLC), a fim
de maximizar a sua ação terapêutica e diminuir os efeitos sistêmicos (MADHULATHA
& NAGA, 2013) (SOGIAS, WILLIAMS & KHUTORYANSKIY, 2012) (VIEIRA,
BADSHAH & AIROLDI, 2013) (BHATTARAI, GUNN & ZHANG, 2010). Em sistemas
de liberação controlada, um fármaco é adicionado a uma estrutura, geralmente um
biomaterial polimérico, de forma que ele seja liberado do material para o tecido de
maneira pré definida e, consequentemente, controlada. Esse biomaterial irá atuar
como um reservatório do fármaco, e será implantado diretamente no local necessário
(MADHULATHA & NAGA, 2013) (SOGIAS, WILLIAMS & KHUTORYANSKIY, 2012)

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 150


(VIEIRA, BADSHAH & AIROLDI, 2013) (BHATTARAI, GUNN & ZHANG, 2010). Além
de atuar como reservatório, o suporte oferecido pelo biomaterial também poderá
facilitar e até mesmo acelerar a recuperação tecidual, dependendo das propriedades
do biomaterial-reservatório.
Dentre os vários materiais disponíveis para servir como matriz de liberação de
fármacos, os hidrogéis são uma das categorias mais estudadas. Esses materiais são
capazes de aprisionar grandes quantidades de água em seu interior, sem que ocorra
sua dissolução (DASH et al, 2011) (BHATTARAI, GUNN & ZHANG, 2010). Por essa
característica, hidrogéis conseguem absorver grandes volumes de água sem alterar
a sua estrutura, adquirem consistência macia e elástica, e baixa tensão superficial
com água e outros fluidos corpóreos, que são propriedades observadas em tecidos
naturais. Propriedades como essas são importantes porque minimizam a irritação no
tecido adjacente após implantação, e a baixa tensão superficial dificulta a adesão de
proteínas e células, o que consequentemente diminui a chance de uma reação imune
negativa (BHATTARAI, GUNN & ZHANG, 2010).
A quitosana é um hidrogel que se destaca pelas suas características de
disponibilidade, baixo custo, compatibilidade com o organismo humano e facilidade na
metabolização. É um biopolímero obtido através da desacetilação parcial da quitina,
um polissacarídeo altamente abundante na natureza, encontrado no exoesqueleto de
artrópodes e crustáceos. A quitosana tem atraído a atenção da indústria farmacêutica,
exatamente pelas suas propriedades de biocompatibilidade, policationidade,
susceptibilidade à hidrólise enzimática e não-toxicidade. Essas propriedades são
bastante interessantes para aplicações como SLCs, engenharia tecidual, curativos
e aplicações na área de nano-biotecnologia (DASH ET AL, 2011) (ELGADIR ET AL,
2015). A incorporação de fármacos em matrizes de quitosana pode ocorrer por adição
direta do fármaco, ou imersão da matriz em soluções super-concentradas do fármaco.
A adição direta tem a vantagem de permitir um maior controle da quantidade de fármaco
inserido na matriz, e consequentemente, facilita a análise da quantidade liberada no
meio in vitro (BHATTARAI, GUNN & ZHANG, 2010).
Fármacos com baixa solubilidade são beneficiados pela administração orientada
através de SLCs, uma vez que nesta situação o fármaco é liberado diretamente no sítio
patológico, geralmente através de mecanismos de difusão. A liberação do fármaco em
SLCs pode ser controlada por difusão, degradação ou quimicamente. O mecanismo
de difusão é o mais comum exatamente por ser o mais simples de construir, mas
possui a desvantagem de permitir um menor controle sobre a taxa de liberação do
fármaco. Antiinflamatórios não esteróides (AINEs) - como o Ibuprofeno - são fármacos
amplamente usados para o tratamento de enxaquecas, dores musculares, artrite
reumatóide, cólicas menstruais, deslocamentos e fraturas ósseas, bem como para
controle e redução de febre e dor. Dada a pluralidade de aplicações, e o fato de serem
fármacos com baixa solubilidade, AINEs são comumente utilizados como droga modelo
para o estudo de liberação in vitro (VIEIRA, BADSHAH & AIROLDI, 2013) (ANVISA,
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 151
2015)..
Neste trabalho desenvolvemos um SLC a partir de filmes de quitosana carregada
com Ibuprofeno comercial, e avaliamos suas propriedades físico-químicas e seu perfil
de liberação, com intuito de possibilitar o uso desta tecnologia com baixo custo e fácil
acesso a toda população.

2 | MATERIAIS E MÉTODO

Para a confecção desses filmes, soluções de quitosana (Polymar) diluída em


ácido acético (Vetec Química) (2,5% m/v) e de ibuprofeno (genérico, Medley) (10 mg/
mL) foram preparadas individualmente, utilizando agitação magnética a 450 rpm. Para
a solução de ibuprofeno, comprimidos comerciais foram triturados em um almofariz, e
dissolvidos em etanol na concentração citada. Para a obtenção da amostra de quitosana
+ ibuprofeno, após completa dissolução dos solutos, ambas soluções foram filtradas e
então misturadas, novamente sob agitação magnética, até a homogeneização.
As soluções de quitosana pura e da mistura quitosana + ibuprofeno foram vertidas
em placas de Petri previamente silanizadas, e colocadas em estufa microbiológica em
temperatura controlada de 37ºC para evaporação do solvente.
Após a evaporação do solvente, os filmes passaram por reticulação utilizando
solução aquosa de Tripolifosfato (TPP) (Sigma Aldrich) (1% m/v), sendo imersas nesta
solução por 15 minutos, e então lavadas com água destilada abundante, e colocadas
novamente em estufa para secagem à temperatura controlada de 37ºC. Ao final do
processo, foram armazenadas em um dessecador sob vácuo até a utilização paras as
caracterizações.
Para caracterizar a superfície dos filmes, bem como a presença e dispersão do
fármaco filmes nestes, foram obtidas imagens em microscópio eletrônico de varredura
(MEV), da marca FEI, modelo Quanta 250. Para análise ao MEV, amostras dos
materiais foram fixadas em suporte metálico empregando fita condutora dupla face e
recobertas com camada de 20 nm de ouro por sputtering.
A composição dos filmes foi caracterizada por espectroscopia de absorção no
infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) empregando um equipamento da
marca PerkinElmer, modelo Frontier Single & Dual Range. Para fins de comparação
obteve-se também espectros individuais da quitosana e do Ibuprofeno puros, onde
observou-se os principais picos de absorção de cada material.
A liberação do fármaco em meio in vitro foi avaliada através da espectroscopia de
absorção no ultravioleta-visível, empregando o espectrofotômetro Molecular Devices
modelo SpectraMax M5. Através dos valores de absorbância, foi possível calcular a
concentração do fármaco no meio através da Lei de Lambert-Beer (1).

A = e*L*C (1)

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 152


Onde A é absortividade (UA), e é o coeficiente de absorção molar (mm-1.mg-1.mL-
1
), L é o caminho óptico (mm) e C a concentração (mg/mL).
O mecanismo de liberação de um fármaco através de um SLC é definido a partir
da adequação dos dados de liberação (concentração versus tempo) em diferentes
modelos matemáticos, cujos mais observados na literatura são Ordem Zero, Primeira
Ordem, Higuchi e Kors-Peppas. Como cada modelo indica um mecanismo de
liberação diferente, o coeficiente de determinação (R²) de cada modelo foi utilizado
para determinar o mecanismo de liberação do SLC desenvolvido neste trabalho.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)


Pelas imagens dos filmes de quitosana pura (Fig. 1A) e quitosana carregada de
ibuprofeno (Fig. 1B), antes do ensaio de liberação do fármaco, pode ser verificado que
as partículas do Ibuprofeno estão incorporadas ao material, mostrando que o fármaco
não decantou durante a etapa de evaporação do solvente para preparação deste.
Assim, é possível verificar a dispersão uniforme ao longo do filme.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 153


Figura 1. Micrografia eletrônica das amostras antes do ensaio de liberação do fármaco. A)
filme de quitosana pura. Aumento de 100 x. B) filme de quitosana carregada com ibuprofeno.
Aumento de 150x e C) filme de quitosana carregada com ibuprofeno. Aumento de 210x.

A Figura 2 apresenta a superfície do filme de quitosana associada ao ibuprofeno,


após o ensaio de liberação do fármaco. Observa-se que o fármaco não está mais
aderido à sua superfície, restando apenas algumas partículas ainda presas, que
podem ser partículas dos excipientes do fármaco ou das impurezas provenientes da
matéria prima. Nota-se também que a remoção do fármaco não provocou danos à
superfície do SLC.

Figura 2. Micrografia eletrônica da quitosana carregada com ibuprofeno após do ensaio de


liberação. A) Aumento de 70 x. B) Aumento de 295 x.

Comparando as imagens das Fig. 1 e 2, observa-se que após a liberação do


fármaco, a superfície do filme SLC é semelhante à superfície de um filme de quitosana
pura. A saída do fármaco sem danos à superfície do reservatório é um indicativo de
que se trata de uma liberação por difusão (VIEIRA, BADSHAH & AIROLDI, 2013)
(ÖNER E TAL, 2011).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 154


3.2 Análise Composicional por FTIR
A Figura 3 mostra os espectros de FTIR do filme de quitosana, do Ibuprofeno
comercial na forma de pó e do filme de quitosana carregado com Ibuprofeno. O espectro
de FTIR da quitosana apresentado na Figura 3A mostra as bandas características
do hidrogel. É possível identificar duas principais bandas, na região do 3400 cm-1 e
1617 cm-1. A banda da região de 3400 cm-1 é a sobreposição dos picos de vibração
das ligações N-H, C-H, CH2 e CH3, e o pico de 1617 cm-1 é referente aos grupos
amina (N-H) da quitosana (SOGIAS, WILLIAMS & KHUTORYANSKIY, 2012) (VIEIRA,
BADSHAH & AIROLDI, 2013).
. A presença desses picos nos indica que o filme de quitosana não sofreu alteração
durante o processamento que inviabilizasse o seu uso como um SLC.

Figura 3. Espectros de FTIR: A) Filme de quitosana, B) Ibuprofeno e C) Filme de quitosana


carregada com Ibuprofeno.

Observa-se na Figura 3B que o espectro do ibuprofeno em pó apresenta um pico


característico em 1721 cm-1, relacionado ao alongamento da carbonila, o que representa
o princípio ativo do fármaco (GARRIGUES, GALLIGNANI & DE LA GUARDIA, 1993)
Já na Figura 3C apresenta-se o espectro de FTIR do filme de quitosana carregado
com ibuprofeno. Comparando esse espectro com os espectros individuais (Fig. 3A e
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 155
3B), é possível notar que os picos característicos dos materiais não estão presentes,
sugerindo que ocorreu uma interação química entre os mesmos durante o preparo dos
filmes. Sabe-se que a quitosana é um material policatiônico, ou seja, sua carga global
é positiva e representada pela presença de grupos amina (NH+). Já o Ibuprofeno é um
composto aniônico, devido à presença de grupos carboxila (-COOH) (GARRIGUES,
GALLIGNANI & DE LA GUARDIA, 1993). A literatura sugere que essa interação
ocorra porque quando o ibuprofeno é dissolvido antes de ser inserido na solução de
quitosana, os grupos carboxila do princípio ativo ficam expostos, e interagem com os
grupos amina da quitosana, mas sem que ocorra a destruição do princípio ativo do
Ibuprofeno (SOGIAS, WILLIAMS & KHUTORYANSKIY, 2012) (VIEIRA, BADSHAH &
AIROLDI, 2013).

3.4 Perfil de Liberação in vitro


A Figura 4 mostra o perfil de liberação in vitro dos filmes carregados quando
imersos em solução de TRIS-HCl, uma solução tampão que simula o pH do fluido
corpóreo. Filmes de quitosana pura foram analisados como grupo controle.

Figura 4. Perfil de liberação in vitro dos filmes de quitosana carregada com Ibuprofeno.

Observa-se que a liberação é rápida na primeira hora , devido à


saída do fármaco aderido à superfície do filme, seguido de uma liberação mais lenta
, até que ocorra o equilíbrio entre concentração de fármaco no filme e na
solução , onde então o fármaco não é mais forçado para fora do filme.
Esse comportamento de liberação é típico de sistemas de liberação controlada por
difusão, o que foi confirmado pela análise de modelos matemáticos. A Tabela 1 abaixo
indica o coeficiente de determinação (R²) dos modelos testados neste trabalho:

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 156


Modelos Matemáticos para Liberação de Fármacos R²
Ordem Zero 0,63
Primeira Ordem 0,64
Higuchi 0,85
Kors-Peppas 0,56
Tabela 1. Valores de R² para diferentes modelos matemáticos de liberação de fármacos.

O modelo de Higuchi é o que melhor se adequa aos dados de liberação, indicado


que o Ibuprofeno é liberado dos filmes de quitosana a partir do mecanismo de difusão
(RAMTEK et al, 2014). A etapa de liberação rápida do ibuprofeno pode ser explicada
pela difusão do fármaco através do filme de quitosana, que é proporcional ao gradiente
de concentração. Nos estágios iniciais da liberação, a concentração do fármaco
na solução é zero, mas elevada no filme, e, portanto a velocidade da liberação é
alta. O emprego de tampão pH=7,0 como meio para liberação viabiliza a difusão do
ibuprofeno, uma vez que o ibuprofeno tem maior solubilidade em meios neutros e
alcalinos, enquanto que a quitosana só é solubilizada em meio ácido (IUREA ET AL,
2013) (VIEIRA, BADSHAH & AIROLDI, 2013). Com o passar do tempo, o gradiente de
concentração diminui, e o mesmo ocorre para a taxa de liberação do fármaco, até que
ocorra o equilíbrio de concentração entre o meio e o filme, e a difusão cessa (IUREA
ET AL, 2013) (VIEIRA, BADSHAH & AIROLDI, 2013) (ÖNER E TAL, 2011).
Dado que o Ibuprofeno apresenta solubilidade maior em meios neutros e alcalinos
(pH ≥ 7,0), e que a contínua administração oral de AINEs pode causar adversidades
gastrointestinais, como úlceras e hemorragias, vias de liberação controlada e localizada
são excelentes mecanismos para contornar esses efeitos adversos, ao mesmo tempo
em que extendem a ação antiinflamatória do fármaco (VIEIRA, BADSHAH & AIROLDI,
2013).
A liberação via difusão é interessante porque permite que a ação do fármaco
anteceda a ação do biomaterial. A liberação do antiinflamatório assim que ele entra em
contato com o meio biológico garante a neutralização de qualquer reação inflamatória
decorrente da própria implantação do biomaterial. Dessa forma, o organismo será
melhor beneficiado pelas propriedades biocompatíveis ou bioativas do material
(LOPES, SILVA & FERNANDES, 2013).

4 | CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível a incorporação de Ibuprofeno comercial em filmes


densos de quitosana empregando um método de fabricação que envolve etapa de
evaporação de solvente, seguido da reticulação da quitosana com TPP. Foi constatado
que a liberação do ibuprofeno incorporado em filmes de quitosana reticulada com TPP
ocorre por mecanismos de difusão e a saída do fármaco não altera a morfologia da

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 157


membrana.
Finalmente, pode ser concluído que o emprego da quitosana como substrato
para sistema de liberação controlada de ibuprofeno é viável, e merecedor de mais
estudos que avancem na otimização desse SLC.

REFERÊNCIAS
ANVISA. Bula do medicamento Ibuprofeno. Medley. 2015.

Bhattarai, N; Gunn, J & Zhang, M. Chitosan-based hydrogels for controlled, localized drug
delivery. Advanced Drug Delivery Reviews, 62(1), 83–99. 2010.

Dash, M.; Chiellini, F.; Ottenbrite, R. M. & Chiellini, E. Chitosan - A versatile semi-synthetic
polymer in biomedical applications. Progress in Polymer Science (Oxford), 36(8), p. 981–1014.
2011.

Elgadir, M. A.; Uddin, M. S.; Ferdosh, S.; Adam, A.; Chowdhury, A. J. K. & Sarker, M. Z. I. Impact of
chitosan composites and chitosan nanoparticle composites on various drug delivery systems:
A review. Journal of Food and Drug Analysis, 23(4), p. 619–629. 2015.

Garrigues, S.; Gallignani, M. & de la Guardia, M. FIA-FT-IR determination of ibuprofen in


pharmaceuticals. Talanta, 40(1), p. 89–93. 1993.

Iurea Rata, D. M.; Popa, M.; Chailan, J. F.; Tamba, B. I.; Tudorancea, I., & Peptu, C. A. Ibuprofen-
loaded chitosan/poly(maleic anhydride-alt-vinyl acetate) submicronic capsules for pain
treatment. Journal of Bioactive and Compatible Polymers. 2013.

Lopes, P. P.; Silva, M. S. & Fernandes, M. H. V. Influence of ibuprofen addition on the properties
of a bioactive bone cement. Journal of Materials Science: Materials in Medicine, 24(8), p. 2067–
2076. 2013.

Madhulatha, A & Naga Ravikiran, T. Formulation and Evaluation of Ibuporfen Transdermal


Patches, 4(1), p. 351–362. 2013.

Öner, M.; Yetiz, E.; Ay, E. & Uysal, U. Ibuprofen release from porous hydroxyapatite tablets.
Ceramics International, 37(7), p. 2117–2125. 2011.

Ramtek, K. et al. Mathematical Models of Drug Dissolution: A Review. Scholars Academic


Journal of Pharmacy. v.3, n.5. p. 388 – 396. 2014.

Sogias, I. A., Williams, A. C., & Khutoryanskiy, V. V. Chitosan-based mucoadhesive tablets for oral
delivery of ibuprofen. International Journal of Pharmaceutics, 436(1–2), 2012.

Vieira, A. P.; Badshah, S & Airoldi, C. Ibuprofen-loaded chitosan and chemically modified
chitosans-Release features from tablet and film forms. International Journal of Biological
Macromolecules, 52(1), p. 107–115. 2013.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 16 158


CAPÍTULO 17
doi
SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE ALIMENTOS BASEADO
EM IMAGENS DE PORÇÕES ALIMENTARES

Yuri Malinowsky Shiga bayesianas, classificação de alimentos.


Universidade Federal do Paraná
Curitiba – PR ABSTRACT: This paper presents a system to
Kristy Soraya Coelho segment and classify foods based on images
Universidade de São Paulo of food portions. The system proposed in this
São Paulo – SP paper is able to target the food of an image, using
Joao da Silva Dias the region growing technique. Each food has
Universidade Federal do Paraná its characteristics extracted based on its color
Curitiba – PR using the RGB planes and the hue of the image,
Giselle Lopes Ferrari Ronque and its texture using the LPQ descriptor. The
Universidade Federal do Paraná extracted features are used to train a Bayesian
Curitiba – PR network. Tests were performed to validate the
effectiveness of the trained Bayesian network,
obtaining a final average result of 96.26% of
samples classified correctly.
RESUMO: Este artigo apresenta um sistema
KEYWORDS: Region growing, LPQ, digital
capaz de segmentar e classificar alimentos
image processing, Bayesian networks, food
baseado em imagens de porções alimentares.
classification.
O sistema proposto neste trabalho é capaz
de segmentar os alimentos de uma imagem,
utilizando a técnica de crescimento de regiões.
Cada alimento tem suas características extraídas 1 | INTRODUÇÃO
com base na sua coloração, utilizando os planos Considerada como epidemia da atualidade,
RGB e a matiz da imagem, e pela sua textura,
as Doenças Crônicas Não Transmissíveis
utilizando o descritor LPQ. As características
(DCNT) constituem um sério problema de
extraídas foram utilizadas para treinar uma
saúde pública, ameaçando a qualidade de vida
rede Bayesiana. Testes foram efetuados para
de milhões de pessoas e apresentando grande
validar a eficácia da rede Bayesiana treinada,
impacto econômico para os países. Entre as
obtendo um resultado final médio de 96,26% de
principais DCNT estão: obesidade, diabetes e
amostras classificadas corretamente.
PALAVRAS-CHAVE: Crescimento de regiões, hipertensão arterial (MINISTÉRIO DA SAÚDE
LPQ, processamento digital de imagens, redes DO BRASIL, 2011). De forma geral, as Doenças

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 159


Crônicas Não Transmissíveis são as que mais demandam ações, procedimentos e
serviços de saúde, sendo, portanto, responsáveis por altas taxas de mortalidade e por
cerca de mais de 70% dos gastos assistenciais com a saúde no Brasil (OPAS, 2012).
De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (2011), o sobrepeso e a obesidade
resultantes da falta de uma alimentação saudável são um dos principais fatores de
risco evitáveis de DCNT, cujo controle tem um efeito substantivo na redução de mortes
prematuras e de incapacidades decorrentes de doenças cardiovasculares e diabetes.
Para atingir o estado nutricional adequado, deve-se, primeiramente, avaliar o consumo
alimentar, pois com a obtenção de dados referentes à alimentação de indivíduos e
populações, é possível realizar o diagnóstico e a intervenção nutricional, contribuindo
para a saúde e qualidade de vida (KIM E KIM, 2010).
No dia 19 de junho de 2013, entrou em vigor no Paraná a lei estadual nº
17.604, determinando que bares, restaurantes, hotéis, fast-foods e similares devem
obrigatoriamente manter à disposição do consumidor, o cardápio contendo todos os
itens comercializados com a respectiva quantidade de calorias a serem adquiridas
na ingestão dos produtos, bem como a presença de lactose e glúten nos alimentos
(PARANÁ, 2013). Porém, em restaurantes, não é possível calcular com exatidão
o valor energético da refeição, mesmo que seja fornecido o valor calórico de cada
porção alimentar. Uma proposta contributiva é um sistema capaz de analisar os valores
energéticos das refeições consumidas por um indivíduo, utilizando uma imagem obtida
através de uma câmera digital ou celular.
Contudo, num primeiro momento, os alimentos presentes no prato precisam ser
identificados, para posteriormente determinar o valor energético desses alimentos.
Com isso, este artigo propõe um sistema com a capacidade de segmentar e classificar
diferentes alimentos, baseado em imagens de pratos com porções alimentares, obtidas
por meio de uma câmera de celular, utilizando técnicas de processamento de imagens
e de inteligência artificial.

2 | MATERIAIS E MÉTODOS

Visão geral – O sistema apresentado neste trabalho necessita que os alimentos


estejam devidamente separados no prato, pois esse ainda não possui a capacidade
de detectar a sobreposição e/ou a mistura dos alimentos.
Desenvolvido em MATLAB®, o sistema possui como parâmetro de entrada a
imagem do prato com as porções alimentares. Já a saída do sistema é a classificação
de cada alimento segmentado.
Aquisição e grupo de teste – Para o desenvolvimento do sistema, foram
adquiridas imagens de dezesseis alimentos, típicos consumidos pela população
brasileira (IBGE, 2010), de diferentes grupos de alimentos que compõe a Pirâmide
Brasileira dos Alimentos (PHILIPPI, 2008). São eles:

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 160


• grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca – utilizou-se arroz branco,
macarrão, maionese e purê de batatas;

• verduras e legumes – utilizou-se alface, beterraba, cenoura e tomate;

• carnes e ovos – utilizou-se almôndega, bife bovino na chapa, carne bovina


de panela, peito de frango à milanesa, estrogonofe de carne e estrogonofe
de frango;

• feijões – utilizou-se feijão carioca;

• óleos e gorduras – utilizou-se batata frita.


Todas as imagens foram adquiridas em um mesmo ambiente, posicionando a
câmera sobre o prato em um ângulo de 90º, a uma distância aproximada de 45 cm. A
câmera utilizada foi a de 5 megapixels de um smartphone Motorola® Moto G XT1033.
Os alimentos foram posicionados em um prato de 27 cm de diâmetro, cor
branca e formato circular. Apesar das imagens terem sido obtidas em dias diferentes,
manteve-se a metodologia.
Foram adquiridas 75 imagens de cada alimento para o desenvolvimento deste
trabalho. Cada uma dessas imagens contém apenas o prato com o alimento em
questão, sem outros alimentos inclusos. Porém com quantidades diferentes.
Além das imagens obtidas contendo apenas o prato com um alimento, também
foram adquiridas 60 imagens de pratos contendo diversos alimentos.
A base de dados adquirida para a realização deste trabalho está
disponibilizada no link público: https://github.com/yurishiga/bd_porcoes_alimentares.
Pré-processamento da imagem – A primeira etapa do sistema utiliza a
Transformada Circular de Hough (SHAPIRO E STOCKMAN, 2001) para procurar a
borda do prato (formato circular), e remove todo o conteúdo externo à borda do prato,
ou seja, o fundo da imagem.
A fim de eliminar o prato da imagem deixando apenas as porções alimentares, o
sistema calcula os histogramas dos planos vermelho, verde e azul (RGB) da imagem
e verifica o maior pico de cada histograma. Em seguida, o sistema zera cada pixel na
imagem que possua seus valores RGB maiores ou iguais ao início dos respectivos
picos.
O resultado deste processo é a imagem dos alimentos sem o prato. Porém
alguns elementos importantes da imagem poder ser apagados. Para solucionar este
problema, primeiramente a imagem das porções alimentares sem o prato é binarizada,
considerando 1 (um) qualquer pixel maior que zero. Em seguida, a função “imfill” do
MATLAB®, com o parâmetro holes, é utilizada para preencher os buracos da imagem
binarizada. Por fim, o sistema utiliza a imagem obtida como uma máscara binária, a
ser aplicada na imagem original do prato com alimentos. Com isso, restando apenas a
imagem dos alimentos com fundo preto e sem perda de informações.
A Figura 1 apresenta a imagem de um prato com porções alimentares antes e

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 161


depois do pré-processamento.

Figura 1: Prato com porções alimentares: (a) antes do pré-processamento, (b) depois do pré-
processamento.

Segmentação – Para o processo de segmentação, inicialmente deve ser


determinado um ponto semente, pois este processo utilizará a técnica de crescimento
de região. Para determinar a posição inicial da semente, primeiramente são gerados
dois vetores da soma dos pixels diferentes de zero nas direções horizontal e vertical
da imagem. A posição inicial da semente para o crescimento de região é determinada
pelo cruzamento dos picos dos vetores gerados (horizontal e vertical).
Com isso, o sistema separa a imagem em quatro planos distintos para aplicar o
algoritmo de crescimento de região. Os três primeiros são os planos RGB da imagem
(vermelho, verde e azul) e o quarto é o primeiro plano da imagem convertida para HSV
(matiz, saturação e brilho), ou seja, o matiz da imagem. A Figura 2 apresenta esses
planos.

Figura 2: Planos utilizados para o crescimento de regiões: (a) plano vermelho, (b) plano verde,
(c) plano azul, (d) plano matiz.

Então, o sistema realiza individualmente o crescimento de região em cada plano


selecionado da imagem, sem limite de distância máxima e com o nível de limiar de
70 pixels para os três primeiros planos (RGB), e 30 pixels para o último plano (matiz).
Este processo resulta em quatro máscaras binárias, isto é, matrizes bidimensionais
do tamanho da imagem com valores binários, sendo empregado o valor um (verdadeiro)

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 162


para os pixels associados ao crescimento da região e o valor zero (falso) para o resto
da imagem. A intersecção das quatro máscaras binárias gera uma máscara binária
definitiva.
Aplicando a máscara binária na imagem do prato com as porções alimentares,
obtêm-se duas imagens: “imagem do alimento” e “imagem restante”. A Figura 3
apresenta essas imagens.

Figura 3: Imagens geradas a partir do processo de segmentação: (a) máscara binária, (b)
imagem do alimento, (c) imagem restante.

A “imagem do alimento” é composta apenas do alimento segmentado com o


fundo preto, e será utilizada para a extração das características do alimento. Já a
“imagem restante” passa por um processo de remoção de ruídos. Este processo utiliza
um filtro de mediana com máscara de 5x5 pixels, removendo apenas os ruídos da
imagem e preservando a sua qualidade.
O processo de segmentação ocorre de forma recursiva, iniciando-se novamente
a partir da “imagem restante”. Ao final, gera-se uma nova “imagem do alimento” e uma
nova “imagem restante”. Essa recursividade ocorre até que a imagem restante possua
menos que 1,6% de pixels maiores que zero, sobrando apenas alguns ruídos que
não puderam ser removidos da imagem. A Figura 4 mostra as imagens geradas nos
próximos ciclos, a partir da “imagem restante” apresentada na Figura 3.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 163


Figura 4: Imagens geradas no processo de segmentação.

Extração de características – Para cada região obtida, têm-se suas


características extraídas com base em sua cor e textura. Como características para
distinguir as cores, foram escolhidas as médias e o desvio padrão RGB e a média e o

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 164


desvio padrão do valor do matiz da região, ou seja, o valor médio dos pixels nas cores
vermelho, verde e azul, juntamente com o valor médio do plano matiz, mais o desvio
padrão de cada um.
Já para as características de textura, utilizou-se o vetor normalizado do histograma
LPQ da região em escala de cinzas. Os parâmetros de entrada utilizados no algoritmo
gerador do histograma LPQ foram os padrões apresentados pelos seus criadores
Ojansivu e Heikkilä (2008). Estes parâmetros são: a imagem do segmento em escala
de cinzas, tamanho da janela local de 9 pixels (3x3 pixels), transformada de Fourier
com janela uniforme, histograma normalizado e invariância de rotação.
O histograma LPQ é um vetor de números inteiros com 256 posições. Para a
utilização do histograma LPQ na classificação das imagens, a posição zero deste
vetor deve ser desconsiderada, pois se trata dos pixels com os valores RGB nulos, ou
seja, o fundo preto da imagem. Assim, restando um vetor de 255 posições.
Nesse vetor, são concatenadas as características relacionadas à cor do alimento,
ou seja, o valor médio e o desvio padrão dos pixels nas cores vermelho, verde e azul,
e a média e o desvio padrão do valor do plano matiz. Formando assim, um vetor de
263 posições, que é utilizado como a característica do alimento na rede Bayesiana
(RUSSELL E NORVIG, 2009).
Classificação – A classificação dos alimentos é realizada por um classificador
que utilizará as características de cor e textura para esse fim. Como classificador, foi
utilizada uma rede Bayesiana com 263 variáveis de entrada, sendo 8 variáveis de cor
e 255 variáveis de textura, e uma variável de saída, que é o tipo do alimento a ser
classificado.
O treinamento da rede foi realizado utilizando 90 imagens de cada um dos 16
alimentos obtidos para a base de dados, totalizando 1440 amostras.

3 | RESULTADOS

Testes foram realizados para analisar a eficácia do sistema proposto. A Tabela 1


apresenta o resultado dos testes efetuados.

Percentual de Amostras Classifica-


Teste
das Corretamente
Teste 1 96,18%
Teste 2 96,11%
Teste 3 96,31%
Teste 4 96,39%
Teste 5 96,31%
Média ± Desvio Padrão 96,26% ±0,11%

Tabela 1: Amostras classificadas corretamente com a técnica de validação cruzada na rede


Bayesiana.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 165


Os testes foram realizados utilizando a técnica de validação cruzada e o método
k-fold, com valor 10 para a variável k, valor sugerido como padrão pelo WEKA
(BOUCKAERT et al., 2010). A aplicação WEKA determina quais amostras serão
treinadas e testadas de forma aleatória, por isso, o teste apresentado foi realizado
cinco vezes, com a finalidade de verificar a variação dos resultados obtidos.

4 | DISCUSSÃO

Para uma análise mais aprofundada da rede Bayesiana, o teste que obteve o
melhor resultado foi analisado. Esse teste obteve uma taxa de acerto de 96,39%, isto
é, das 1440 amostras testadas, 1388 foram classificadas corretamente e 52 foram
classificadas incorretamente.
No teste em questão, dos 16 tipos de alimentos testados, 3 tiveram uma
classificação de 100%. Estes alimentos são: alface, arroz branco e macarrão.
Já a pior classificação foi do alimento carne bovina de panela, com um resultado
de aproximadamente 79% de amostras classificadas corretamente, isto é, das 90
amostras testadas, 71 foram classificadas corretamente, 13 foram classificadas como
almôndega e 6 foram classificadas como estrogonofe de carne.
A área sob a curva ROC, a sensibilidade e a especificidade de cada alimento
nos testes efetuados foram calculados utilizando a aplicação WEKA. A sensibilidade
média da rede é de 0,964, mostrando uma alta probabilidade da rede para classificar
corretamente os alimentos. A especificidade média da rede é de 0,002, mostrando a
baixa probabilidade da rede para classificar incorretamente os alimentos.
A área sob a curva ROC do alimento que apresentou a pior taxa de acerto (carne
bovina de panela) é de 0,993 e a média da área sob a curva ROC de todos os alimentos
testados é de 0,999. Esses valores, por estarem próximos do valor 1, indicam que a
rede Bayesiana utilizada neste teste possui um alto grau de confiabilidade.

5 | CONCLUSÃO

Uma alimentação saudável é um dos principais fatores para reduzir o risco


de obter doenças crônicas não transmissíveis, tais como obesidade, hipertensão
e diabetes. Pensando nisso, idealizou-se um sistema capaz de analisar os valores
calóricos das refeições consumidas por um indivíduo, utilizando uma imagem obtida
através de uma câmera digital ou celular, com a finalidade de auxiliar a obtenção de
dados referentes à alimentação do indivíduo, possibilitando um rápido diagnóstico e a
intervenção nutricional a fim de contribuir para a saúde e qualidade de vida. O sistema
apresentado neste trabalho é uma parte do sistema idealizado, com a capacidade
de segmentar e classificar diferentes alimentos em imagens de porções alimentares,
utilizando redes Bayesianas.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 166


Da grande variedade de alimentos que podem ser encontrados em restaurantes,
apenas dezesseis deles foram selecionados para a realização deste trabalho. Porém
estes alimentos foram selecionados de diferentes grupos da pirâmide alimentar, e são
considerados alimentos típicos consumidos pela população brasileira.
No melhor teste realizado com a técnica de validação cruzada no conjunto de
dados ampliado, obteve-se uma taxa de acerto de 96,39%. Nesse teste a sensibilidade,
a especificidade e área sob a curva ROC de cada alimento foi calculada. A sensibilidade
média da rede foi de 0,964, mostrando uma alta probabilidade da rede para classificar
corretamente os alimentos. A especificidade média da rede foi de 0,002, mostrando a
baixa probabilidade da rede para classificar incorretamente os alimentos. A média da
área sob a curva ROC foi de 0,999, e por estar próximo do valor 1, esse valor indica
que a rede Bayesiana utilizada neste trabalho possui um alto grau de confiabilidade.
Por fim, avaliando a metodologia proposta e os resultados obtidos, conclui-se
que o sistema apresentado é capaz de segmentar e classificar diferentes tipos de
alimentos através das características de cor e textura.

REFERÊNCIAS
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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 17 168


CAPÍTULO 18
doi
A HEMÓLISE COMO FATOR INTERFERENTE EM
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Luma Carolina Santos da Silva evitar este fator interferente, percebe-se a


Graduanda em Biomedicina importância do treinamento da equipe de coleta,
Centro Universitário Cenecista de Osório bem como manter um programa de qualidade
Osório-RS laboratorial que institua os procedimentos
Graziéli Ferreira Carmargo operacionais padrões.
Biomédica PALAVRAS-CHAVE: Fatores interferentes;
Universidade Feevale Hemólise; Parâmetros bioquímicos
Novo Hamburgo-RS
Camilla Lazzaretti ABSTRACT: This study is a narrative review in
Doutora em Neurociências the literature. The main biochemical tests that
Centro Universitário Cenecista de Osório have interference through the hemolysis. A
Osório-RS literature review was published in the databases:
"Pubmed, Scielo and SBPC / ML manuals".
The descriptors used were: "hemolysis" and
RESUMO: Este estudo é uma revisão narrativa "biochemical tests". The results were more than
na literatura. O objetivo foi identificar os an essential item for the biochemical analytes
principais exames bioquímicos que sofrem dosage and monitored their levels: (i) Potassium;
interferência através da hemólise. Foi realizada (ii) glutamic oxalacetic transaminase (IGT); (iii)
uma revisão da literatura nas bases de Alkaline phosphatase; (iv) Lactic dehydrogenase.
dados: “Pubmed, Scielo” e manuais da sociedade Based on the research performed, it comprises
brasileira de patologia clínica. Os descritores the analogical biochemicals and may show
utilizados foram: “hemólise” e “exames up with a hemolysis. This object, must be the
bioquímicos”. Os resultados obtidos mostraram interfering interferer, should not be an important
que a hemólise interfere principalmente na to the unit of the manual signals patterns.
dosagem dos analitos bioquímicos aumentando KEYWORDS: Interfering factors; Hemolysis;
seus níveis: (i) Potássio; (ii) Transaminase Biochemical parameters
glutâmico oxalacética (TGO); (iii) Fosfatase
alcalina; (iv) Desidrogenase láctica. Com base
na pesquisa realizada, compreende-se que
1 | INTRODUÇÃO
os analitos bioquímicos podem mostrar-se
alterados com a hemólise. Deste modo, para A hemólise (HLS) é a ruptura da

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 18 169


membrana fosfolipídica dos eritrócitos (ERI), gerando o extravasamento do conteúdo
intracelular, com consequente liberação da proteína hemoglobina (HEMO). Essa
macromolécula é responsável pelo transporte de gases pela circulação (O2 e CO2),
e tem coloração avermelhada, originando a cor perceptível após HLS (SBPC/ML,
2010). O extravasamento celular libera além da HEMO outros componentes internos
(MURADOR, P et al., 2007).
O tecido sanguíneo é composto por uma parte celular (ERI e leucócitos), bem
como, e por uma parte de matriz extracelular. Esta matriz é rica em componentes:
(i) proteínas e enzimas (ex.: Transaminase glutâmico oxalacética); (ii) eletrólitos (ex:
potássio); (iii) vitaminas; (iv) hormônios, entre outros (MOTTA, 2000). A ocorrência
de HLS em amostras de sangue, é considerada um amplo fator de interferência na
dosagem destes analitos, pois os componentes dos ERI expostos no plasma, podem
ser dosados erroneamente e representar falsos resultados (SBPC/ML, 2010).
A flebotomia é a técnica realizada para obter a amostra de sangue de um indivíduo,
e este procedimento está incluído na fase pré-analítica dos exames laboratoriais. Esta
fase é seguida do processo analítico, que envolve o processamento e análise de material
biológico. O processo de obtenção de amostras está sujeito a sofrer intercorrências,
e dentro destas, a HLS é um dos fatores causais (GAZARINI, 2015). Geralmente o
acontecimento de HLS está associado a métodos de trabalho inadequados que estão
relacionados a: (i) coleta de sangue; (ii) centrifugação e preparo; (iii) transporte ou
armazenamento da amostra (FONSECA, 2015).
A fase pré-analítica (FPA) corresponde a 70% dos erros que podem ocorrer
nos laboratórios clínicos, e esta deve seguir as normas e diretrizes recomendadas
pelo Instituto Internacional de padrões clínicos e laboratoriais (CLSI). Desta forma
a rotina laboratorial deve estar padronizada e capacitada para realizar as técnicas
e procedimentos seguindo os rigores técnicos de normas de controle de qualidade
(OLIVEIRA et al., 2011).

2 | OBJETIVO

O objetivo do estudo foi identificar os principais analitos bioquímicos que possuam


a hemólise como fator de interferência.

3 | METODOLOGIA

O estudo é uma revisão narrativa na literatura, constituída de um levantamento


teórico por meio  da leitura de artigos  pesquisados nas plataformas de busca:  (i)
Pubmed; (ii) Scielo e (iii) Manuais da SBPC/ML. Os descritores utilizados foram:
“hemólise” e “exames bioquímicos”, e estes são padronizados pelos “Descritores em
ciências da saúde (DeCS). Foram incluídos no estudo 13 trabalhos de revisão, e 7

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 18 170


estudos clínicos e foram excluídos artigos fora do escopo da pesquisa.

4 | RESULTADOS

Constatou-se neste estudo, que diversos parâmetros bioquímicos são afetados


pela HLS e induzem uma interpretação equivocada em sua análise. Os principais
analitos que sofrem interferência são:
(i) Transaminase Glutâmica Oxalacética (TGO): A TGO é uma enzima
responsável por realizar a transaminação entre aminoácidos e alfacetoácidos.
É encontrada no fígado e mais precisamente em suas mitocôndrias. Níveis
aumentados no soro podem indicar grave lesão hepática. A HLS pode gerar
valores falsamente aumentados desta enzima, fazendo com que a conduta
clínica do paciente seja direcionada erroneamente (MOTTA, 2000).
(ii) Fosfatase Alcalina: Esta enzima pertence a um grupo inespecífico de
enzimas que catalisam a hidrólise de fosfomonoésteres. São encontradas
em maior número nos eritrócitos, em pacientes gestantes podem sugerir
hipertensão ou pré-eclâmpsia quando aumentadas no soro. A HLS pode
ocasionar um acréscimo em seus níveis, determinando um resultado errôneo
da situação do paciente (MOTTA, 2000).
(iii) Desidrogenase Láctica: A desidrogenase láctica ou lactato desidrogenase
(DL) é uma enzima intracelular presente no citoplasma de todas as células,
sendo encontrada em maior quantidade no miocárdio, fígado, rim e
eritrócitos. Os ERI apresentam de 100-150 vezes mais DL, e quando esta
enzima aumenta sua concentração no soro, pode sugerir infarto agudo do
miocárdio. A HLS pode sugerir níveis aumentados desta enzima, apontando
diagnósticos e tratamentos imprecisos graves (MOTTA, 2000).
(iv) Potássio: O potássio é um dos principais eletrólitos do organismo humano,
que participa dos potenciais de membrana, e atua em diversos processos
de regulação metabólica. Encontra-se em maior concentração dentro das
células, e com a ocorrência de HLS sua dosagem no soro indica hipercalemia.
A hipercalemia está associada a diabetes mellitus não controlada, deita
rica em potássio, diminuição da excreção por insuficiência renal, e acidose
sistêmica. Deste modo, a HLS pode apontar um falso prognóstico clínico do
paciente (MOTTA, 2000).
(v) Ferro: O ferro é um elemento químico encontrado no complexo heme,
presente na hemoglobina. Na ocorrência de HLS sua concentração aumenta,
podendo indicar incorretamente hepatite aguda e anemia hemolítica
(MOTTA, 2000).
(vi) Cálcio: O cálcio é um elemento abundante no tecido ósseo, se faz presente
na membrana celular, participando de processos de permeabilidade. A

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 18 171


ocorrência de hemólise libera este elemento para a porção extracelular,
se dosado erroneamente pode indicar falsamente enfermidade renal,
neoplasias malignas e hiperparatireoidismo. Com isso, o clínico pode realizar
tratamentos farmacológicos inadequados, não condizentes com seu quadro
clico real do paciente (MOTTA, 2000).
(vii) Fosforo: Conhecido como o sexto elemento mais abundante no organismo
humano, dosado como fosfato orgânico, é um agente essencial para o
metabolismo energético. A análise deste componente no soro ou plasma,
deve estar livre de HLS, pois a proteína hemoglobina pode interferir na
reação química do teste, além de apresentar concentração mais elevada na
porção interna dos eritrócitos (MOTTA, 2000).
(viii) Magnésio: Elemento que apresenta função essencial na manutenção da
estrutura de DNA e RNA e na síntese protéica, desta forma sua concentração
intracelular é três vezes maior. Para dosar este analito o soro deve ser isento
de hemólise, caso contrário haverá um aumento equivocado (MOTTA, 2000).

5 | DISCUSSÃO

Verificou-se neste estudo que os parâmetros bioquímicos normalmente sofrem um


falso aumento por conta da ocorrência de HLS. Estes parâmetros são essenciais para
o diagnóstico clínico-laboratorial de enfermidades, e a partir de resultados errôneos
podem apontar tratamentos desnecessários e dispensáveis do quadro clínico real do
paciente.
Sabe-se que a hemólise é normalmente gerada por inadequação de técnicas
realizadas na fase pré-analítica laboratorial (OLIVEIRA, 2009). A falta de padronização e
rastreabilidade de erros no ambiente de análises clínicas contribui para sua recorrência.
Os fatores causais e de maior atenção para evitar a hemólise serão abrangidos nos
tópicos desta discussão:

5.1 Coleta de Sangue:


A venopunção é um procedimento complexo, exige conhecimento, habilidade e
alguns processos devem ser seguidos para evitar a HLS. Os fatores de atenção para
o procedimento são:
• Escolha do local de punção: A fossa antecubital localizada na região an-
terior do braço é a maior preferência, pois nesta localização se encontram
superficialmente as veias: (i) cefálica; (ii) cefálica mediana; (iii) cubital me-
diana; (iv) basílica e (v) basílica mediana; podendo sofrer alterações em
cada indivíduo. As regiões com hematomas não devem ser escolhidas para

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 18 172


evitar a HLS (LIMA, 2019).

• Utilização correta do torniquete: A utilização do torniquete é exclusiva


para a palpação facilitada das veias, pois a pressão sanguínea dos vasos
nesta região aumenta. O local de aplicação do torniquete deve ser entre 7 e
10 cm do local a ser realizada a punção. Em casos de aplicação excedente
a um minuto, a estase venosa pode ocorrer, gerando hemoconcentração
(SBPC/ML, 2010).

• Material utilizado: O flebotomista previamente deve reconhecer o material


a ser utilizado, a partir do calibre da veia a ser realizada a punção. Atualmen-
te o método a vácuo é recomendado pelo CLSI, por apresentar facilidade
em seu manuseio, garantia de qualidade do espécime diagnóstico e segu-
rança ao profissional e paciente submetidos à técnica (SBPC/ML, 2010).

• Antissepsia: A antissepsia do local a ser realizada a punção diminui a flora


microbiana da região, impedindo a contaminação da amostra a ser cole-
tada. O antisséptico utilizado deve apresentar concentração 70% e baixa
hipoalergência na pele. Antecipando o momento da coleta a antissepsia do
local escolhido é realizada e para introduzir a agulha de coleta é necessário
aguardar o período de evaporação do álcool, para não causar lesão celular
(GAZARINI, 2015).

• Técnica de coleta: Ao introduzir a agulha no vaso sanguíneo a mesma


deve estar com o bisel voltado para cima e respeitando um ângulo igual ou
inferior a 30°C, assim não haverá formação de pressão positiva nos tubos
de coleta. Em coletas de seringa e agulha para evitar a formação de bolhas
e espumas o embolo da seringa deve ser movido de forma vagarosa e uni-
forme (SBPL/ML, 2010).

• Tubo de coleta: Preferencialmente em coleta de seringa, o fluído deve ser


dispensado para o tubo de coleta sem a presença da agulha, se faz o des-
carte da mesma e de forma vagarosa desliza o sangue na parede do tubo.
(RODRIGUES, 2016).

• Homogeneização: A homogeneização dos tubos deve ser realizada ime-


diatamente, para combinar de forma homogênea o fluido com o material
contigo no tubo de coleta, sendo ele ativar ou inibidor de coagulo. A homo-
geneização é realizada por inversão, entre 7 e 10 vezes de acordo com o
fabricante, não é indicado chacoalhar os tubos (SBPC/ML, 2010).

5.2 Preparo e armazenamento de amostras:


O preparo do espécime diagnóstico a partir do tubo de coleta sofre inicialmente o
processo de retração de coágulo, sendo a estabilidade da amostra e o aditivo contido
no tubo que irão determinar o tempo para a centrifugação. Completa-se entre 30 e

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 18 173


60 minutos o processo de coagulação habitualmente. A condição de armazenamento
durante este período independe do tubo utilizado e requer a temperatura ambiente
entre 22 e 30ºC (MEIRA, 2012). Segundo o CLSI, o soro ou plasma deve ser
separado do contato de células rapidamente. A centrifugação prematura pode
desencadear eventos como a produção de fibrinas e hemólise. (SBPC/ML, 2010)
Para a centrifugação do material coletado, faz-se o uso de centrifugas balanceadas
e calibradas preferencialmente. Existe uma relação entre a velocidade e tempo de
centrifugação, onde o tubo utilizado é o principal fator determinante. O soro ou plasma
pronto para uso, deve ser imediatamente submetido à análise (SBPC/ML, 2010)

6 | CONCLUSÃO

Este estudo de revisão teve por objetivo avaliar a relação hemólise/interferência em


parâmetros bioquímicos. Os resultados permitiram concluir que o setor de bioquímica
apresenta analitos alterados significantemente pela HLS. A ocorrência deste evento na
fase pré-analítica levanta questões sobre normas e padrões que devem ser seguidas,
e ainda percebe-se a importância do setor de controle da qualidade no laboratório
clínico. Deve-se fazer a prevenção da ocorrência de hemólise de forma a capacitar
o profissional responsável, bem como manter um programa de qualidade laboratorial
que institua os procedimentos operacionais padrão a serem seguidos. Importante
a implementação dos critérios de rejeição e aceitabilidade de amostras, triagem e
identificação do grau de hemólise.

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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 18 176


CAPÍTULO 19
doi
DOENÇA DE ALZHEIMER: ESTIMATIVAS EM USUÁRIOS DO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE OSÓRIO/RS

Cristiano Serrano Tubelo Filho no SUS, obteve-se 333 casos em homens e


Graduando em Biomedicina mulheres entre 2010 e 2016, cujo ano mais
Centro Universitário Cenecista de Osório incidente foi 2013. Este estudo discutiu também
Osório-RS evidências de fatores etiológicos associados
Gabriel Corteze Netto à doença: (i) genéticos, como o gene APOE4
Doutor em Bioquímica que oferece maior probabilidade de níveis
Centro Universitário Cenecista de Osório elevados de peptídeo β- amilóide; (ii) e
Osório-RS ambientais: possível manuseio de agrotóxicos
Camilla Lazzaretti pela população rural e o aparecimento de DA
Doutora em Neurociências no município.
Centro Universitário Cenecista de Osório PALAVRAS-CHAVE: Alzheimer; Idosos;
Osório-RS Epidemiologia.

ABSTRACT: This is a cross-sectional and


retrospective epidemiological study. Its objective
RESUMO: Este estudo é uma pesquisa was to evaluate the prevalence and incidence of
epidemiológica transversal e retrospectiva. O Alzheimer 's disease (DA), from 2010 to 2016,
objetivo foi avaliar a prevalência e incidência in individuals over 60 years of age, enrolled in
da doença de Alzheimer (DA), do ano de 2010 the single health system of the municipality of
a 2016, em indivíduos acima de 60 anos de Osório, RS, Brazil. Prevalence and incidence
idade, cadastrados no sistema único de saúde data were collected on the number of cases of
do município de Osório/RS, Brasil. Foram the disease, by means of absolute values ​​and
coletados dados de prevalência e incidência percentage of the total sample. The work was
do número de casos da doença, por meio de approved by the research ethics committee
valores absolutos e porcentagem do total da under the number 1.324,451. The disease was
amostra. O trabalho obteve aprovação do apparently larger in quantity in the female than
comitê de ética em pesquisa sob o número in the male. Of the 10.497 patients of both sexes
de parecer 1.324.451. A doença mostrou-se, enrolled in SUS, 333 cases were obtained in
aparentemente, maior em quantidade no sexo men and women between 2010 and 2016,
feminino com relação ao masculino. Dos 10.497 the most incident year being 2013. This study
pacientes de ambos os sexos cadastrados also discussed evidences of etiological factors

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 19 177


associated with the disease: (i) genetic, such as the APOE4 gene that is more likely
to have elevated β-amyloid peptide levels; (ii) and environmental: possible handling of
pesticides by the rural population and the appearance of AD in the city.
KEYWORDS: Alzheimer; Seniors; Epidemiology.

1 | INTRODUÇÃO

A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa progressiva


altamente prevalente em idosos (CAMARANO, 2002; AMADO, BRUCKI, 2018).
Sua etiologia é idiopática, entretanto aspectos ambientais e genéticos podem estar
envolvidos no seu aparecimento. Os genes implicados podem ser: (i) presenilina-1
(PSEN-1), que junto ao PSEN-2, (LANOISELÉE, et al., 2017), tais genes, estão
relacionados ao aparecimento da doença precoce (HOU, et al., 2016; ROSENBERG,
et al., 2016); o gene (ii) APOE relacionado com o acometimento da doença após os
65 anos de idade, codifica a proteína apolipoproteína E, a qual auxilia o transporte
de lipídios e possui função de reparo cerebral. (BELLOY et al., 2019; TANZI, 2012;
ALTMANN, et al., 2014). Já os fatores ambientais associados podem ser: (i) idade
avançada (acima de 65 anos); (ii) sexo feminino; (iii) estilo de vida e (iv) manuseio de
substâncias neurotóxicas como os agrotóxicos em populações rurais (RICHARDSON
et al., 2014; ABRAZ, 2019). Já é relatado em um estudo de Silva et al., (2011)
realizado na região do Vale do Jacuí no RS, que moradores da zona rural, tiveram
maior prevalência e DA, e observou-se que esta população realizava o manejo de
agrotóxicos.
A DA caracteriza-se por perda de memória (MEM) recente e demência. Estes
sintomas são levados por atrofia cortical e hipocampal, com relativa preservação do
córtex primário. Inicialmente os sinais se instalam de forma progressiva causando
desorientação espacial, déficits cognitivos e executivos, distúrbios de linguagem
(anomia), estados de confusão e psicoses. No estágio mais severo, o quadro evolui para
déficits motores e fisiológicos (CARANELLI; BARBOSA, 2002; GUPTA et al., 2019). Os
danos encefálicos citados, são decorrentes de prejuízos em neurônios colinérgicos,
com alterações na proteína tau, e acúmulo extracelular de peptídeo β-amilóide (βA)
TORRAO et al., (2012). A proteína tau se encontra no citoplasma neuronal e atua na
estabilização do citoesqueleto celular, e na DA ela é encontrada em emaranhados de
neurofibrilares resultantes de uma fosforização irreversível da proteína. Isto altera a
estrutura de microtúbulos, dificultando o transporte de nutrientes e sinais ao longo dos
neurônios (GUPTA et al., 2019). Estes emaranhados são recorrentes principalmente
na região do hipocampo e nas zonas próximas ao lóbulo temporal onde a destruição
neuronal é maior. O βA tem um papel importante pró-inflamatório em pacientes com
DA, sendo este originado após a clivagem da proteína precursora amilóide (PPA) feita
pela β-secretase e do processamento da Ɣ-secretase (GUPTA et al., 2019). Com isto,

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 19 178


há o aparecimento de placas senis de βA, que é a primeira alteração anatopatológica
observável da DA.
Aproximadamente 44 milhões de pessoas no mundo são acometidas por diversos
tipos de demência, e destas 60% correspondem aos indivíduos com DA (GUPTA et
al., 2019). Estima-se que, no Brasil, a prevalência média seja maior que a mundial,
apresentando 55.000 casos novos a cada ano na população idosa, aumentando de
7,6% para 7,9% na década atual (GUTIERREZ et al., 2014).

2 | OBJETIVO

O estudo teve por objetivo avaliar a prevalência e incidência de DA em indivíduos


idosos usuários do SUS de Osório/RS, no período que compreendeu de 01 de janeiro
de 2009 a 31 de dezembro de 2016.

3 | METODOLOGIA
3.1 Delineamento de estudo e coleta de dados
O estudo possui delineamento retrospectivo e transversal. Os indivíduos
analisados possuem idade acima dos 60 anos e são usuários do sistema único de
saúde (SUS) do município de Osório, no estado do Rio Grande do Sul. A população
total avaliada é de: N=10.497, sendo 5.869 do sexo feminino (55,91%), e 4.628 do sexo
masculino (44,09%). Todos estão cadastrados no software Consulfarma MV®SigSS
(CoMV®), versão 1.041.153, instância 201. Os dados coletados são referentes aos
indivíduos registrados no sistema CoMV®, incluídos pelo cadastro internacional de
doenças (CID) como CID10 G30 para doença de Alzheimer.

3.2 Aspectos éticos e análise dos dados


Este estudo obteve aprovação pelo comitê de ética em pesquisa da instituição
sob o número de parecer 1.324.451. A análise do banco de dados se deu por meio de
valores absolutos e porcentagem do total da amostra, especificando o sexo, idade e
período de tempo que o paciente foi cadastrado com DA. Para a incidência foi coletado
o número de casos novos de DA anualmente, de 2010 até 2016, já para a prevalência
foi coletado o total de 2010 a 2016. A porcentagem se refere ao total de cadastrados
no sistema.

3.3 Aspectos geográficos


O município de Osório está localizado geograficamente ao pé da Serra Geral
entre mar e lagoas, formado por morros cobertos de Mata Atlântica. Especificamente,
sua região é denominada “Bons Ventos”, pela predominância da atividade eólica no
território. Possui um número estimado de 45.557 habitantes em 2018, conforme IBGE

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 19 179


(2010) e uma área de 663,552 km² distribuídos em zona rural e urbana. No que diz
respeito à economia e subsistência local a agricultura, pecuária e o Parque Eólico
produzem grande impacto na sustentabilidade da população local.

4 | RESULTADOS

Verificou-se neste estudo, no período entre 2009 e 2016, a prevalência da DA.


Com isso foi encontrou-se 333 (3,17%) casos no total, sendo 225 (2,14%) no sexo
feminino e 108 (1,02%) casos do masculino (Figura 1). Com relação à incidência no
ano de 2010, verificou-se apenas 2 (0,07%) casos de DA, ambos eram mulheres. Já
em 2011 foram descritas 50 (1,11%) notificações, os quais 40 (0,89%) eram no sexo
feminino e 10 (0,22%) no masculino. No ano de 2012 foram registrados 31(0,51%)
casos em mulheres e 37 (0,61%) em homens. Já em 2013, 72 (0,99%) registros
foram apontados, com 53 (0,73%) mulheres e 19 (0,26%) homens. Em 2014 foram
encontrados 47 (0,56%) indivíduos, sendo 29 (0,34%) mulheres e 18 (0,21%) homens.
Para o ano de 2015 foram informados 43 (0,45%) indivíduos, sendo 32 (0,33%)
mulheres e 11 (0,11%) homens. E finalmente no 2016, obteve-se 51 (0,48%) casos,
do qual 38 (0,36%) eram do sexo feminino e 13 (0,12%) do sexo masculino (Figura 2).

Figura 1. Prevalência da doença de Alzheimer em idosos no município de Osório/RS, Brasil

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 19 180


Figura 2. Incidência da doença de Alzheimer em idosos no município de Osório/RS, Brasil

5 | DISCUSSÃO

O presente estudo encontrou uma prevalência de 3,17% casos de DA, do ano


de 2009 a 2016, no município de Osório, no litoral norte do RS. Os casos aparecem
em maior número no sexo feminino com 2,14%, e no sexo masculino com 1,02%,
de notificações no período avaliado. Notou-se da mesma maneira, um aumento
progressivo na incidência de DA, principalmente em torno do ano de 2013, com 72
registros no total.
As estimativas da Organização Mundial da Saúde mostram que 35,6 milhões de
indivíduos sofreram de demência em 2010, e acredita-se que esse número possa dobrar
a cada duas décadas. Já no Brasil, pesquisas com base em estudos de prevalência
calcularam uma incidência de 2,7 novos casos de demência (DEM) a cada 1.000
idosos por ano (FOLLE et al., 2016). A partir disso, nota-se que o município de Osório
está acima dos parâmetros de incidência nacionais, pois desde 2011 há em torno de
50 casos novos anualmente (exceto para o ano de 2010, período de implementação
do sistema de cadastros da cidade). Em relação as estimativas de prevalência, no
Brasil, houve um aumento de 7,6% para 7,9% na década atual (GUTIERREZ et al.,
2014), e com isso, neste quesito o município de Osório possui estatísticas menores,
girando em torno de 3,17%.
Sabe-se que frequentemente a DEM é utilizada como sinônimo para DA, por
ser um dos sintomas da doença, e ambas geram declínio cognitivo em idosos (APA,
2013). A Alzheimer’s Disease International (ADI) traz dados interessantes no Relatório
sobre a DA no Mundo de 2009, eles afirmam que em 2010, 57,7% dos idosos que
sofrem de DEM viviam em países de baixo e médio rendimento, sendo que, a América
Latina e a Ásia teriam um aumento rápido no número de casos. No sul da América

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 19 181


Latina, em 2010 houve 8,74 milhões de idosos, destes 610 mil tinham DA, compondo
um dos continentes mais prevalentes para a doença.
Na grande maioria dos estudos epidemiológicos, bem como no presente estudo,
é observada uma prevalência maior de casos de DA no sexo feminino. Pode-se explicar
tal aspecto, pois as mulheres possuem maior expectativa de vida que os homens,
com 7,3 anos a mais, e isto pode ser uma das razões desta diferença (ABRAZ,
2019). Dados do IBGE (2012) corroboram trazendo números expressivos, com um
crescimento no número de idosos em 18% em 2012, sendo que as mulheres acima
de 60 anos correspondem a 16,9 milhões (56%) de indivíduos, e os homens cerca de
13,3 milhões (44%).
Uma das possíveis explicações sobre os casos de DA no município de Osório
pode ser o envolvimento de fatores genéticos, embora sabe-se que a DA é idiopática.
Sabe-se que na população brasileira alguns genes estão altamente associados à
ocorrência da doença DA: (i) O alelo e4 (APOE4) do gene APOE está envolvido em
39% de casos no Brasil e é alvo de diversos estudos sobre seu papel na DA (HUANG,
2010; HUANG, MAHLEY, 2014; KIM et al., 2009). Este é expresso no sistema nervoso
central em células imunológicas (micróglias), astrócitos e também por neurônios sob
estresse (KOCKX et al., 2018). Sua função é transportar colesterol entre as células
(DIETSCHY, TURLEY, 2001). Graças aos exames de tomografia por emissão de
pósitrons (PET) ficou explícito que indivíduos portadores de APOE4 possuem maior
probabilidade de ter níveis elevados de amilóide (FLEISHER et al., 2013), mostrando
este, estar associado ao acumulo de βA (CONEJERO-GOLDBERG et al., 2011; SHI
et al., 2017; YU et al., 2014). Outro gene relacionado a DA no Brasil é o (ii) PSEN1
que se localiza no cromossomo 14, responsável por codificar proteínas de membrana
necessárias para atividade da enzima gama-secretase. Mutação neste gene é o maior
causador de DA familiar (CARANELLI et al., 2011).
Ao mesmo tempo, questões ambientais podem, juntamente aos fatores genéticos,
levar à DA no município de Osório. Sabe-se que a cidade avaliada possui áreas rurais
de produção agrícola em seu entorno, com uma população considerável estimada em
2.989 indivíduos segundo IBGE (2010). Com isto, pode-se especular que o manuseio
de agrotóxicos em localidades rurais, pode estar associado a casos de DA. Estudos de
HAYDEN et al., de 2010 e RICHARDSON et al., de 2014 interligam o uso de pesticidas
e herbicidas com o aparecimento da doença. No site da prefeitura municipal da cidade,
são expostos os principais agrotóxicos fornecidos aos trabalhadores rurais. Deste
modo, verificou-se que a classe dos piretróides (PIR), e organofosforados (ORGF)
são os principais fornecidos aos agricultores. E já é descrito na literatura, em estudos
clínicos que o manejo de ORGFs pode aumentar o risco para DA (YEGAMBARAM et
al., 2015). Juntamente a isto, em estudos pré-clínicos em roedores, verificou-se grande
neurotoxicidade destes compostos com alterações comportamentais, alterações
cognitivas, de memória espacial e morte neuronal, prejuízos estes muito similares
aos vistos na DA (YEGAMBARAM et al., 2015). Em um estudo de Silva et al. (2011),
A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 19 182
realizado no município gaúcho de Cachoeira do Sul, foram entrevistados 229 idosos
com idade média de 72,3 anos, sendo 57,2% moradores de zona rural. Verificou-se
que a prevalência de DA foi maior na população rural que manuseava agrotóxicos,
cerca de 21,7%. Juntamente a isso, observou-se também que 85,4% dos indivíduos
não utilizavam adequadamente equipamentos de proteção individual, para aplicação
das substâncias na lavoura. Outros compostos também têm sido relatados aumentar o
risco para DA, como o diclorodifeniltricloroetano (DDT), e o p-diclorodifenildicloroetileno
(DDE) (RICHARDSON et al., 2009), pessoas com o alelo APOE4 apresentam uma
maior suscetibilidade aos efeitos do agrotóxico (RICHARDSON et al., 2014). A partir
disto, nota-se que questões ambientais e genéticas podem levar a ocorrência da DA
no município de Osório.

6 | CONCLUSÃO
Este estudo epidemiológico teve por objetivo avaliar a prevalência e incidência
de DA em indivíduos idosos usuário do SUS de Osório/RS. Os resultados permitiram
concluir que o ano de 2013 foi o de maior incidência de DA dentre os analisados. A
prevalência de DA mostrou-se, aparentemente, maior em quantidade no sexo feminino
com relação ao masculino. Além disso, esta pesquisa trouxe evidências de fatores
genéticos e ambientais da população em questão, associados a doença. Em destaque
os genes APOE e PSEN1 e o manejo de agrotóxicos piretróides e organofosforados,
que podem implicar na ocorrência de DA. Com este estudo, verificou-se o padrão
epidemiológico da DA no município gaúcho de Osório. Assim, maiores políticas públicas
para indivíduos com a doença de Alzheimer podem ser instituídas para evitar possíveis
fatores etiológicos e a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos acometidos.

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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 19 186


CAPÍTULO 20
doi
UPPER LIMB EXOSKELETON BY PNEUMATIC MUSCLES

Filipe Loyola Lopes and Rehabilitation.


National Institute of Telecommunications
Santa Rita do Sapucaí - Minas Gerais
1 | INTRODUCTION
Larissa Guimarães Veríssimo
National Institute of Telecommunications Chondrosarcoma is a cartilaginous tumour
Santa Rita do Sapucaí - Minas Gerais of malignant origin, which occurs most often in
Elton Silva de Morais adults. If chondrosarcoma does not respond
National Institute of Telecommunications to chemotherapy and radiotherapy therapy,
Santa Rita do Sapucaí - Minas Gerais the solution existing nowadays to minimize
Raphael Sander de Souza Pereira the damage caused by disease is the surgical
National Institute of Telecommunications intervention with resection of the affected
Santa Rita do Sapucaí - Minas Gerais segment. Tikhoff-Linberg surgery is necessary
Rani de Souza Alves technique to extra-articular surgical removal
National Institute of Telecommunications (Rony Eshkenazy et al, 2018). Malignant
Santa Rita do Sapucaí - Minas Gerais neoplasm cases are growing and it requires
robotic devices to assist in the rehabilitation
(ARAUJO and PINOTTI, 2011; INCA, 2018).
The objective of this study is to develop an
ABSTRACT: The rate of neoplasms, that can
exoskeleton prototype of upper limb, which
generate sequelae as limb movement limitation,
performs movement in the elbow joint through
is increasing. The aim of present study is upper
pneumatic muscles, from commands given by
limb exoskeleton development to simulating the
electromyography (EMG) signals.
movement of the elbow joint from commands
given by electromyography (EMG) signals. The
exoskeleton movement is performed through
pneumatic muscles to assist people who have 2 | METHODS
some reduced mobility sequelae. The use of Construction of a pneumatic muscle
this kind of rehabilitation device increases the and program of the electronic control system
quality of life and prevention against other
and acquisition EMG. The pneumatic muscle
complications caused by immobility.
components are latex, nylon and aluminium
KEYWORDS: Pneumatic Muscles, Exoskeleton,

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 20 187


clips (JUNIOR, 2011). The EMG signal activates the device (LIBELIUM, 2018). For
the research, the authors' own EMG signal was used. This system includes amplifiers,
electronic filters and digital processing (Fig. 1).

Figure 1. Pneumatic muscle eletronic control.

3 | RESULTS

An initial prototype with iron structure was developed (Fig. 2). The device allowed
extension and flexion control from the EMG signal of the brachial biceps.

Figure 2. Prototype of upper limb exoskeleton through pneumatic muscles.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 20 188


4 | DISCUSSION AND CONCLUSIONS

This project may assist in the rehabilitation of patients who have undergone
degenerative upper limb movements or amputation surgery. It can collaborate with
future research to the independence of persons with reduced mobility of the upper limb.

5 | ACKNOWLEDGMENT

To the Fund of Amparo the Research at Minas Gerais State (FAPEMIG), by the
two grant scientific initiation, and to National Institute of Telecommunications (Inatel),
for the use of laboratories and components.

REFERENCES
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review. Fisioterapia Ser vol. 6 nº 1, 2011.

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Volume 30, Number 3, 2018, pp. 241-243(3).

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 20 189


CAPÍTULO 21
doi
PLANEJAMENTO EM ÁREA ESTETICA DE IMPLANTE
INSTALADO TARDIAMENTE PÓS EXODONTIA – RELATO DE
CASO CLINICO

Edith Umasi Ramos primeiros seis meses, se faz necessário alguns


Universidade Estadual Paulista Julho Mesquita procedimentos complementares. Nestes
Filho UNESP- Araçatuba, Departamento de casos, a instalação tardia de implantes vem
Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e
acompanhada de enxertos ósseos e/ou de
Clínica Integrada Araçatuba-São Paulo.
conjuntivo ou gengival que podem acontecer
Luan Pier Benetti previamente ou simultaneamente à instalação
Universidade Estadual Paulista Julho Mesquita
do implante. Enxertos ósseos após exodontia
Filho UNESP- Araçatuba, Departamento de
Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e torna-se uma alternativa, apresentando a
Clínica Integrada Araçatuba-São Paulo. vantagem de permitir um melhor controle
da posição e angulação cirúrgica, com
Luiz Gustavo Cavalcanti Bastos
Universidade Federal da Bahia UFBA, melhor qualidade de tecido ósseo, já que a
Departamento de Implantodontia- Salvador Bahia remodelação óssea estará completa, mas em
André Carlos de Freitas contrapartida, requer um planejamento mais
Universidade Federal da Bahia UFBA, minucioso para o manejo de tecidos moles.
Departamento de Implantodontia- Salvador Bahia A proposta deste trabalho é relatar um caso
Tainara Tejada Camacho clinico de uma paciente tratada por meio de
Soberana Faculdade de Saúde de Petrolina- instalação de implante tardia após exodontia.
Petrolina Paciente do gênero feminino compareceu ao
Ana Paula farnezi Bassi consultório com a finalidade de reabilitar a
Universidade Estadual Paulista Julho Mesquita unidade 22, fraturada. Foi então realizada a
Filho UNESP- Araçatuba, Departamento de exodontia do elemento fraturado associada a
Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e um enxerto ósseo particulado mais membrana,
Clínica Integrada Araçatuba-São Paulo. logo foi confeccionado a provisionalização
com uma prótese provisória com alivio total
na região. Foi instalado o implante após 6
RESUMO: A reabilitação oral com implantes na
meses e sua reabertura após 6 meses da
região anterior é um procedimento desafiador
instalação dos implantes, com o deslocamento
sobretudo para alcançar um resultado estético
de gengiva queratinizada para vestibular. Um
satisfatório. Quando não existe a possibilidade
provisório feito em resina acrílica foi utilizado
de instalação imediata para preservar a
para o condicionamento gengival por acréscimo
crista alveolar e não sofrer reabsorção nos
gradual de resina, e finalmente reabilitação

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 190


final com uma coroa cimentada em zircônia. Na revisão de literatura a instalação de
implante tardio é um tratamento eficaz, seguro e seu sucesso é resultado de manejo
de tecidos moles criteriosamente planejado.
PALAVRAS–CHAVE: Implantes dentários; Extração dentaria, Próteses parcial
imediata.

ABSTRACT: In implant dentistry, rehabilitation of the anterior region is challenging,


mainly because of the need to achieve an aesthetic result. When immediate installation
is not possible, some complementary procedures are required in order to preserve
the alveolar ridge and avoid resorption in the first six months. In these cases, bone
and gingiva grafts may occur in the months prior to installation of the implant. Bone
grafts after extraction are a viable alternative because they allow the advantage of
better position control and surgical angulation, along with higher quality of bone tissue,
since the complete remodeling process requires more accurate planning for soft tissue
management.
This study reports on a clinical case of late implant installation after exodontia. A female
patient came to the clinic for rehabilitation of unit 22, which was fractured. The fractured
unit was extracted, with particulate bone graft plus membrane, and a provisional ppr
with total relief in the area was made. The implant was installed after 6 months, and its
reopening after months performing displacement of keratinized gingiva to vestibular.
A temporary made of acrylic resin was used for conditioning by gradual addition,
and ultimately final rehabilitation with a zirconia-cemented crown. Literature reviews
indicate that late implant installation is effective and safe, and that its success is a
result of carefully planned soft tissue management.
KEYWORDS: Dental implants; Dental extraction, Immediate partial denture.

INTRODUÇÃO
Reabilitar a região anterior da maxila é desafiador, contudo, esse é atualmente
um dos procedimentos mais comuns. Realizar a instalação de implante unitário em
região incisivo central é considerado procedimento mais difícil em toda implantodontia,
porque requere a restauração de tecido duro (osso e dentes) quanto dos tecidos moles.
(MISH, 2000).
Um dos critérios mais importantes que são avaliados para o sucesso do tratamento
com implantes é a perda de osso alveolar, porque sem estabilidade a nível marginal
o implante pode ser perdido, portanto o ideal conhecer exatamente quanto de perda
óssea existe e assim realizar um planejamento adequado para cada caso. Alguns
trabalho demonstram que ocorre uma perda de 1.5 mm aproximadamente durante o
primeiro ano, e 0.1 mm por ano durante os próximos 10 anos, sendo isto o motivo pelo
qual a instalação de implante imediato tem vantagens em relação a instalação tardia,
uma vez a remodelação do processo alveolar que ocorre de forma mais intensa nos
6 primeiros meses após a extração deixará de acontecer ou acontecerá em menor

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 191


intensidade e manterá sua espessura uma vez que essa região apresenta naturalmente
uma característica ser de menor espessura. (SMITH; SARB, 1989). Contudo, devemos
lembrar que existem vários fatores que afetam o sucesso do tratamento com implantes,
entre eles temos: a idade, a região e a qualidade óssea. (RAIKAR et.al, 2017).
Após a perda do elemento dentário, durante o primeiro ano ocorre uma diminuição
de 25% na largura vestíbulo-palatina. Assim, em um alvéolo intato que apresenta
6-8 mm de largura na região do incisivo central superior após um ano pode estar
inadequado para realizar a instalação de implante. Desta forma, muitas vezes o enxerto
ósseo torna-se necessário para devolver a anatomia do rebordo, e poder evitar uma
instalação do implante em uma posição inadequada. (MISH, 2000). Assim, Inúmeras
técnicas tem sido desenvolvidas para a eliminação destas deformidades uma destas
entre elas destaca-se a regeneração óssea guiada ROG utilizando material natural o
sintético. (TITSINIDES et.al.2018).
Por outro lado num estudo comparativo de Esposito et al., em 2015, entre instalação
imediata e tardia pós extração na região anterior, os autores relataram ocorrer maiores
complicações com a instalação imediata, assim como maior dificuldade para inserção
implante, em contrapartida quando o implante foi realizado 4 meses após a exodontia,
a estética obtida segundo os autores foi similar para ambos grupos. (ESPOSITO et.al,
2015). Neste mesmo contexto Felice et al. Também realizam estudo de comparação
entre a instalação imediata e a tardia realizada nas 6 semana pós exodontia. Na
avaliação aos 4 meses após instalação dos implantes e próteses, observaram que
não ocorreu diferenças significativas nos dois grupos, mas em relação a falhas e
complicações essas eram mais frequentes para o grupo de instalação imediata,
e com relação a estética os resultados foram satisfatórios em ambos os grupos.
(FELICE et.al, 2016)
O presente trabalho foi realizado baseando-se na revisão de literatura sobre
indicações para instalação de implante tardio, apresenta o relato de um caso clinico
de remoção de incisivo central por fratura longitudinal e instalação de implante tardio.

Planejamento Reverso
O planejamento reverso do tratamento tem como objetivo otimizar a função e
estética do paciente antes de instalar o implante, mediante uma sequência de passos
criteriosamente organizados, esta é a seguinte: obtenção da história clínica medica e
do paciente, exame clinico, exames radiológicos e tomográfico, analises de fotografias,
e finalmente o estudo da restauração protésica (ILLAN et.al, 2014). Na implantodontia
o objetivo é determinar primeiro o tipo de restauração protética ideal que pode ser
confeccionada para determinar o tipo de tratamento a realizar.
Em relação a reabilitação com implantes na região anterior, depois de realizado
os exames clínico intra e extra oral, exame radiográfico, e necessariamente analises
dos modelos montados em articulador, assim como associar aos fatores estéticos e

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 192


fonéticos do paciente, prestando especial atenção ao suporte labial, altura do sorriso
e alinhamento do corredor bucal. (SALLUM et.al, 2010) para finalmente determinar os
possíveis tratamentos de escolha que concordem com os desejos do paciente.

Instalação de Implante após Exodontia


Existem diferentes condutas de tratamento em implantodontia para alvéolos pós
extração: -primeiro a instalação de implante imediato: nestes casos o implante é
instalado logo após a extração;
- segundo instalação de implante cedo: quando é realizado depois de semanas
- terceiro a instalação de implante tardio: quando os implantes são instalados
quando existe uma parcial o completa formação do tecido ósseo, geralmente num
período de 4 até 12 meses. (TETTAMANTI et.al, 2017)
Para poder escolher a melhor conduta, temos que levar em consideração as
características clinicas iniciais, como foi realizada a exodontia, presença ou não de
tábua óssea vestibular e nível ósseo das margens mesial e distal. Entre as formas
de tratamento temos que a instalação imediata é o preferido dos pacientes, pois em
um único momento cirúrgico o paciente acaba resolvendo seu problema enquanto
o período tardio haverá um tempo de espera maior e duas intervenções cirúrgicas.
(TETTAMANTI et.al, 2017). Contudo, a instalação tardia apresenta um melhor
controle de angulação e posição cirúrgica do implante, também aumenta a qualidade
de tecido ósseo, e existe um menor risco de infeção e perda do implante. (MISH,
2000).

Enxerto no alvéolo pós-exodontia


Mish e Dietsh sugeriram diferentes técnicas de enxerto baseado no número de
paredes remanescentes após extração, desta forma um defeito com cinco paredes
terá crescimento ósseo sem a necessidade de material de enxerto; entretanto
quando a parede vestibular estiver perdida e portanto um defeito de quatro paredes
está presente, será necessário enxerto de osso autógeno ou aloplástico junto com
membrana RGO, com isto será restaurado o contorno ósseo gengival. (MISH, 2000).
Um biomaterial adequado quando colocado no alvéolo poderá prevenir a redução
de volume, que ocorre após perda dentaria por extração. Esse material também terá
função de osteocondução e desta forma auxiliará na neoformação óssea (PORRINI
et.al, 2010)
Quando a exodontia é realizada sem a presença de um material para sua
reconstrução poderá resultar em perda de osso residual, e na região anterior isso
poderá significar uma redução de 23% do volume total nos primeiros 6 primeiros meses
e mais de 11% nos próximos 5 anos, com uma perda com uma média de 40-60% do
volume total num período de 2 anos. Assim, imediatamente após a exodontia deve ser

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 193


realizado uma avaliação completa das tábuas vestibular e palatina e sua altura relativa
em relação as cristas marginais e o volume ideal desejado. Quando uma tábua óssea
apresenta uma espessura menor que 1.5 mm o uso de biomaterial está indicação.
(MISH, 2000).

Acondicionamento Tecidual
A presença de papilas é um dos fatores determinantes para estética ideal nos
implantes unitários anteriores, a coroa pode ser confeccionada de maneira perfeita
tanto na forma, como na cor e contorno, mas se não houver papila interdentária haverá
a presença de um “buraco negro” que compromete inteiramente a estética. Tarnow
1992, estabeleceu um método para determinar a possibilidade de presencia da papila,
baseado na distância entre a crista óssea e o ponto de contato. Segundo ele com uma
distância de 5 mm entre esses pontos de contato, em 100% dos casos a papila estará
presente, quanto maior for a distância menor as possibilidades de presencia de papila.
(PEDROLA, 2011)
Num estudo de Choque e colaboradores, os autores demostraram que quando
a distância entre o ponto de contato e a crista ≤ 5 a papila estava presente em quase
todos os casos, e quando a distância era ≥ 6 a papila estava presente na metade dos
casos ou menos. (MASOUMEH et.al, 2018). Quando a escolha do tratamento é a
instalação de implante tardio será necessário a confecção de uma prótese provisória
para conseguir uma estética satisfatória, assim como evitar a presença de buraco
preto na área do tratamento.
As próteses provisórias permitem que o tecido gengival seja remodelado.
Existem várias técnicas de confecção de provisórios entre elas: a técnica direta com
resina acrílica polimerizável, técnica hibrida e técnica indireta. A técnica com o uso de
resina acrílica deve ter máximo rigor de qualidade com o terço cervical extremamente
liso e polido, geralmente está leva um tempo de 60-90 dias para cicatrização dos
tecidos moles para poder instalar a próteses definitiva; num período de 6-12 meses
o tecido gengival não aumentara mais de 0,3 a 0.4 mm, este é o motivo pelo qual se
o paciente apresenta um buraco negro por ausência de papila não se garante que
solucione sozinho. (PEDROLA, 2011).
Para que a reabilitação com próteses provisória seja precisa requere observar
alguns aspectos: a integridade das paredes ósseas, ausência de processos
infeciosos, quantidade de osso apical, necessidade ou não do preenchimento com
biomaterial, contorno dos tecidos moles, biótipo periodontal, assim como a habilidade
do professional. (NUNES et. al, 2014).

RELATO DE CASO CLINICO


Paciente do gênero feminino de 42 anos, apresentou uma fratura a nível radicular

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 194


no elemento 22, com processo infeccioso ativo, apresentava condições favoráveis
para a reabilitação com implante na região correspondente com um suporte labial
satisfatório, altura de sorriso baixa e um corredor bucal bastante harmônico para seu
tipo facial.
Durante a avaliação clínica intra bucal e do exame radiográfico notou-se a
presença de um abscesso periodontal associada a fratura radicular no elemento dental
22 de tipo horizontal, determinando a necessidade de extração dentaria com posterior
reabilitação implantosuportada.

Figura 1. Vista Frontal

PLANEJAMENTO REVERSO
Analises da Situação
Paciente saudável.
Unidade 22 fraturada, com necessidade de extração dentaria, e presença de
abcesso gengival.
Espaço protético de 8 mm.
Reconstrução estética favorável para o espaço existente.
Ao analises tomográfico presenta uma altura óssea 15 mm, e espessura
óssea 6 mm.

Formulação do Objetivo
Confecção de uma prótese cimentada de zircônia da unidade 22.

Formulação das Estratégias


Extração dentaria com instalação imediata do implante, com a existência do
risco de tornar-se em instalação tardia, no momento do procedimento.
ROG (Bioss® + membrana)
Implante Alvim® CM 3.5 X 11(Neodent, Brasil)
Munhão 3,3 x Xx 4, Cilindro de munhão provisório e calcinável 3,3 x 4.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 195


FASE CIRURGICA
Exodontia e curetagem alveolar, Carl Ed

Figura 2. Procedimentos de exodontia Figura 3. Procedimentos de Exodontia

Figura 4. Pós-exodontia Fig 5. ROG. Bioss Fig 6. Membrana

Fig. 7 Suturas Fig. 8 Prótese parcial provisória

A prótese parcial removível utilizada no pós-operatório é uma prótese


previamente confeccionada com alivio total de forma que não gere pressão oucontato
algum sobre o biomaterial. Fig. 8.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 196


Fig. 9 45 dias pós-exodontia Fig. 10 35 dias pós-exodontia

Fig.10 90 dias pós-exodontia. Fig. 12 135 dias pós-exodontia

Previamente à fase protética, se realizou uma nova tomografia para avaliar a


remodelação óssea e o planejamento da instalação do implante em uma posição mais
favorável.

Fig.13- 14. Avaliação tomográfica

Aos 6 meses após extração dentaria foi realizada a instalação de implante Alvim
CM. 3.3 x 11. Podemos observar o sucesso da ROG que permitiu a formação de tecido
ósseo, assim foi possível a instalação do implante numa angulação e distribuição
mesio-distal adequada.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 197


Fig. 15 Implante instalado Fig.16 Pós- Implante instalado

Após 4 meses após instalação do implante realizou a reabertura, com a finalidade


de colocar o cicatrizador, para posteriormente colocar o munhão com a coroa provisória.

Fig. 17. Cicatrizador CM

FASE PROTETICA
Após 15 dias após de instalado o cicatrizador, iniciou-se a fase protética com a
instalação de um munhão 3,3x4.

Fig. 18 Munhão instalado Fig. 19 Confecção provisório

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 198


Fig. 20 Provisório finalizado Fig. 21 Provisório instalado

Fig. 22 Segundo acréscimo de acrílico Fig. 23. Tercer acréscimo de resina

A confecção do provisório seguiu a técnica direta com resina acrílica


autopolimerizável, de fácil fabricação, tempo clinico relativamente rápido, se utilizou a
técnica de inserção manual ou "técnica da bolinha"
Passos:
- Colocar o pilar protésico e comprovar radiograficamente o correto assentamento-
Colocar o cilindro plástico para confecção do provisório- Manipular a resina acrílica
autopolimerizavel no estado plástico, fazer uma espécie de bolinha que é adaptada
sobre pilar protético, na boca dá-se a forma desejada
- Retirar da boca para logo eliminar os excessos, ajuste oclusal com papel
articular, terço cervical acabado com pedras extrafinas.
Esta coroa permaneceu por 60 dias, foi realizado o acréscimo de acrílico a nível
cervical até a cicatrização definitiva dos tecidos moles com um incremento a cada 15
dias. (PEDROLA, 2011). Fig. 18-23.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 199


Fig. 24 Tratamento finalizado Fig. 25 Tratamento finalizado vista frontal

DISCUSSÃO
Comparando a instalação imediata e tardia foi observado que não existem
diferenças desde que sejam observados os critérios de indicação para realizar uma ou
outra técnica. (YILDIZ et. al, 2018).
O protocolo de instalação de implante imediatos devem ser evitados quando há
necessidade de melhora da qualidade gengival por meio de técnicas cirúrgicas para
aumento gengival, uma vez que há necessidade de avanço de retalhos, e quando
optamos pela técnica imediata o tecido completará sua cicatrização após o reparo
alveolar. (SANZ et.al, 2012)
Neste trabalho foi possível observar que a instalação de implante tardio permitiu
reduzir os riscos de infeção durante a colocação de implante, uma vez que estava
se trabalhando em uma área com abcesso dental e uma vez reparado a região não
tínhamos mais esse componente que poderia levar a uma perda do implante (BUSERet.
al, 2011)
Num estudo transversal prospectivo de Busser et. al, 2013 os autores observaram
que os tecidos moles e tecidos peri implantares se mostraram estáveis quando foi
realizado instalação de implante imediato, assim como num acompanhamento de 5-9
anos verificando que o risco de resseção da mucosa é baixo, a regeneração óssea foi
capaz de manter a parede num 95% dos pacientes. (BUSER et.al, 2013)
Por outro lado, outro estudo comparativo mostrou que foram registradas 8
complicações no grupo de instalação de implante imediato, e uma complicação no
grupo de instalação tardia, em relação à estética 1 ano após o carregamento dos
implantes se observou escores de 13,0 e 12,8 dentes a implante imediato e tardio.
(ESPOSITO et.al, 2015).
Neste caso, tanto o planejamento reverso, quanto o bom exame clinico-
tomográfico permitiram criar um plano de tratamento que foi adequado a paciente,
resultado um uma reabilitação estética –funcional adequada.

CONCLUSÃO
Com este trabalho podemos concluir que a fase mais importante no tratamento

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 200


em implantodontia é um bom planejamento reverso já que a maior desvantagem da
instalação tardia é o tempo que demora para concluir o tratamento, porém este será
compensado com um ótimo resultado estético, assim como facilidade para a instalação
do implante no momento da cirurgia.

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A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Capítulo 21 202


SOBRE os Organizadores

NAYARA ARAÚJO CARDOSO - Graduada com titulação de Bacharel em Farmácia


com formação generalista pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada – INTA.
Especialista em Farmácia Clínica e Cuidados Farmacêuticos pela Escola Superior
da Amazônia – ESAMAZ. Mestre em Biotecnologia pela Universidade Federal do
Ceará – Campus Sobral. Membro do Laboratório de Fisiologia e Neurociência, da
Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral, no qual desenvolve pesquisas na
área de neurofarmacologia, com ênfase em modelos animais de depressão, ansiedade
e convulsão. Atualmente é Farmacêutica Assistente Técnica na empresa Farmácia
São João, Sobral – Ceará e Farmacêutica Supervisora no Hospital Regional Norte,
Sobral – Ceará.

RENAN RHONALTY ROCHA - Graduado com titulação de Bacharel em Farmácia com


formação generalista pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada - INTA. Especialista
em Gestão da Assistência Farmacêutica e Gestão de Farmácia Hospitalar pela
Universidade Cândido Mendes. Especialista em Análises Clínicas e Toxicológicas pela
Faculdade Farias Brito. Especialista em Farmácia Clínica e Cuidados Farmacêuticos
pela Escola Superior da Amazônia - ESAMAZ. Especialista em Micropolítica da
Gestão e Trabalho em Saúde do Sistema Único de Saúde pela Universidade Federal
Fluminense. Farmacêutico da Farmácia Satélite da Emergência da Santa Casa de
Sobral/CE, possuindo experiência também em Farmácia Satélite do Centro Cirúrgico.
Membro integrante da Comissão de Farmacovigilância do referido hospital. Foi
coordenador da assistência farmacêutica de Morrinhos/CE por dois anos. Mestrando
em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará - UFC.

MARIA VITÓRIA LAURINDO - Graduada com titulação de Bacharel em Enfermagem


pelo Centro Universitário INTA – UNINTA. Foi bolsista no hospital da Santa Casa de
Misericórdia de Sobral (SCMS) no setor de Quimioterapia, participei do programa de
monitoria na disciplina de Patologia Humana e fui integrante do Projeto de Extensão
Humanização Hospitalar. Assim como, desenvolvi ações em educação e saúde como
extensionista para pacientes parturientes no hospital Santa Casa de Sobral (SCMS).
Pós-Graduanda em Urgência e Emergência pela Universidade Cândido Mendes –
UCAM.

A Produção do Conhecimento na  Engenharia Biomédica Sobre os Organizadores 203


 

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