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Capítulo 3
Sistemas Radar
3.1 – Introdução
Este capítulo aborda os diversos sistemas radar em uso. A apresentação será feita em função
das formas de onda por eles geradas, de acordo com suas arquiteturas, tecnologias e forma de
emprego. Serão tecidos comentários adicionais sempre que necessários.
Primeiramente, vale mencionar que uma distinção entre radares pode ser feita considerando-
se as formas de onda utilizadas pelos sistemas radar, uma vez que para obter-se vários tipos de
informações, deve-se usar diferentes técnicas para otimizar a coleta do tipo de informação
desejada. Desse modo, os sistemas radar podem ser classificados de acordo com a forma de
onda ou modo de operação que é empregado no radar. As categorias básicas de radar em
função da forma de onda são:
CW (“Continuous Wave”)
FM-CW (“Frequency Modulated, Continuous Wave”)
Pulsado
Doppler Pulsado.
3.2 - Sistema CW
Um radar CW utiliza o efeito doppler para medir velocidade e é basicamente usado quando se
deseja que esta informação não seja ambígua. Radares CW são normalmente dispositivos para
detectar alvos singelos e são usados principalmente para:
guiagem de míssil (seus transmissores são chamados de iluminadores CW, uma vez que
eles sempre “iluminam” os alvos com seu pulso transmitido);
medir velocidade, tais como radares de polícia e radares de instrumentação; e
detectar pessoas.
3.2.1 - Iluminadores CW
Este tipo de transmissor radar é caracterizado por ser de baixo ruído. No modo de operação de
guiagem CW, um míssil é guiado pela informação de freqüência doppler do sinal refletido
pelo alvo, devida à velocidade relativa entre o alvo e o míssil. Como os deslocamentos
doppler são usualmente menores do que 100kHz, é extremamente importante transmitir um
espectro de sinal doppler “limpo”; caso contrário, qualquer instabilidade no sinal transmitido
pode parecer um alvo (falso) o qual pode ser confundido com o verdadeiro sinal doppler do
alvo. Um iluminador geralmente codifica sua modulação, de forma que o míssil possa receber
dados, com segurança, de um controlador localizado numa plataforma qualquer distante do
míssil. Dois diagramas de blocos típicos para iluminadores CW são mostrados na figura 3.1.
OSTENSIVO 3- 1 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Um diagrama de blocos típico de um radar que mede velocidade é mostrado na figura 3.2. No
caso de radares usados pela polícia, o sinal transmitido é misturado com o sinal do oscilador
local para gerar uma freqüência diferença que é dependente da velocidade do alvo móvel. A
freqüência diferença é simplesmente medida e convertida para um valor de velocidade
relativa.
Os radares CW para detecção de pessoas são muito semelhantes aos radares de polícia, exceto
que fones de ouvido podem ser usados para detectar freqüências doppler ao invés de um
medidor, já que neste caso as freqüências doppler são audíveis.
Radares para medir taxa de inclinação operam de modo similar, exceto que eles detectam a
relação de fase de um alvo que está se aproximando empregando dois canais receptores e
sinais em quadratura do oscilador local.
A potência transmitida é geralmente menor do que um watt, tanto nos radares da polícia,
quanto para radares de detecção de pessoas e radares para medir taxa de inclinação.
OSTENSIVO 3- 2 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Os radares CW, mesmo usando duas antenas, são menores do que os radares pulsados, e
podem operar contra alvos muito próximos. Os sistemas CW são, de alguma forma, limitados
em potência uma vez que o ruído do transmissor devido ao acoplamento entre as antenas afeta
a sensibilidade do receptor.
Sistemas FM-CW são aqueles que medem tanto a distância quanto a velocidade de um alvo.
O espectro transmitido é "alargado" devido a modulação em freqüência da portadora. Pode-se
determinar a distância, em termos de freqüência, medindo-se a diferença entre as freqüências
transmitida e recebida conforme mostrado na figura 3.3 (para um alvo mais perto (A) do que
outro (B)). A diferença de freqüência é diretamente proporcional a duas vezes a distância
radar-alvo A modulação pode também ser linear em apenas uma direção, como numa forma
de onda “dente de serra”.
OSTENSIVO 3- 3 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Para alvos em movimento, o eco inclui deslocamento doppler em freqüência. Esta informação
pode ser usada por radares doppler de navegação onde ambas as informações, altitude
(distância) e velocidade (deslocamento doppler), são necessárias. Quando se deseja
informação de deslocamento doppler, é necessário realizar modulação linear para obter uma
medida acurada do deslocamento. A figura 3.4 ilustra as diferenças de freqüência num
exemplo onde a freqüência do eco é afetada por uma freqüência doppler positiva.
Figura 3.4 – Diferenças de freqüência causadas por efeito doppler em radares FM-CW
A figura 3.5 é um diagrama de blocos simplificado de um radar FM-CW que pode extrair a
freqüência diferença média (distância) bem como o deslocamento doppler em freqüência
(velocidade). Os sistemas radar FM-CW têm sido usados para detecção de alvos singelos,
uma vez que é difícil separar alvos por discriminação de freqüência e apresentá-los
referenciados no tempo.
OSTENSIVO 3- 4 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Figura 3.5 – Diagrama de blocos de um radar FM-CW que mede distância e velocidade
Outro método usado para obter-se informação de distância num radar CW é expandir o
espectro transmitido para mais de uma freqüência transmitida. Se dois sinais são transmitidos,
sua relação de fase varia em função da distância, e os radares podem ser projetados para medir
distância por meio de uma medida acurada de fase. Os radares do tipo freqüência dual são
apropriados para levantamento geográfico.
Os primeiros sistemas radar eram do tipo pulsado, assim como quase todos os radares usados
durante a Segunda Guerra Mundial. A maioria dos radares hoje em operação usa esta mesma
técnica sem nenhuma alteração significativa.
Um radar pulsado pode ser considerado como uma expansão de um radar CW cuja largura de
banda do espectro transmitido é aumentada devido a modulação de pulso. A modulação de
pulso é geralmente aplicada, conforme ilustrada na figura 3.6, numa taxa periódica conhecida
por Freqüência de Repetição de Pulso (FRP).
OSTENSIVO 3- 5 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
A potência de saída de um radar pulsado está relacionada tanto com a largura de pulso quanto
com a FRP. A potência de pico de saída, P o (representada na figura 3.6), relaciona-se com a
potência média de saída pelas seguintes relações:
O espectro transmitido mostra a distribuição de energia nas bandas laterais da FRP e a relação
da largura de pulso () com a largura do espectro transmitido. A figura 3.7 ilustra o espectro
de freqüências de um radar pulsado. Portanto, de posse do espectro em freqüências de um
radar pulsado pode-se extrair a sua freqüência central de operação (freqüência da portadora), a
largura dos pulsos transmitidos e ainda a freqüência de repetição de pulsos (FRP).
A vantagem básica de um radar pulsado é que ele fornece um intervalo de tempo durante o
qual a medida de distância pode ser realizada medindo-se o tempo que o sinal leva para ir até
o alvo e retornar. Conforme mencionado anteriormente, se for transmitido apenas um pulso,
qualquer distância medida (em termos de tempo) é sem ambigüidade. Entretanto, tão logo um
segundo pulso seja transmitido, a não ambigüidade em distância é limitada ao período de
tempo entre os pulsos.
OSTENSIVO 3- 6 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Por exemplo, um radar com PRF de 1000Hz e uma largura de pulso de 1 microsegundo tem
um intervalo entre pulsos de 999 microsegundos. Sabendo-se que um sinal radar se propaga
na taxa de 1 milha náutica a cada 12,34 microsegundos, então 81 milhas náuticas (999/12,34)
podem ser medidas antes do próximo pulso ser transmitido. Esta é a máxima distância que
pode ser medida sem ambigüidade pelo radar. A figura 3.8 apresenta um diagrama de blocos
de um sistema radar pulsado típico.
Um sistema radar pulsado pode usar apenas uma antena conectada a um duplexador.
Duplexadores são dispositivos capazes de chavear rapidamente a antena conectando-a ora a
um transmissor, durante a transmissão do pulso, e ora a um receptor, durante o período entre
pulsos. Os duplexadores para radares pulsados são chamados de válvulas TR e ATR e a ação
de chaveamento é realizada pela ionização e deionização dos gases em seu interior. Os tempos
de ionização e recuperação de tais válvulas têm um papel importante na definição da distância
mínima mensurável e na sensibilidade do receptor. Dispositivos a base de ferrite ou de estado
sólido têm sido usados em sistemas radar substituindo as válvulas a gás TR e ATR.
OSTENSIVO 3- 7 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Alguns sistemas radar precisam “enxergar” alvos muito próximos a eles. Existem limitações
para a distância mínima que pode ser medida quando utiliza-se forma de onda pulsada e
mede-se o tempo decorrido entre o pulso transmitido e o sinal recebido. A largura de pulso é
uma das limitações, uma vez que o receptor não pode receber um eco até que o pulso
transmitido seja finalizado (quando então o transmissor estará desligado e o receptor
habilitado). Outra limitação é o tempo requerido para ligar o receptor após o transmissor ter
sido desligado. Este tempo é chamado de tempo de recuperação e depende do desempenho do
chaveamento das válvulas TR e ATR (ou de quaisquer outros dispositivos usados para o
mesmo fim) no duplexador.
A distância mínima pode ser calculada como uma função da largura de pulso, ou seja, c/2
(onde c = velocidade da luz, = largura do pulso), uma vez que o sinal se propaga a partir do
flanco de subida do pulso transmitido. Por exemplo, um pulso de 1 microsegundo limita a
distância mínima a 16,4m. Em outras palavras, durante um pulso de 1 microsegundo, a
energia do pulso (a partir de seu flanco de subida) percorre 16,4m enquanto o transmissor
ainda está ligado. Se for necessário mais 1 microsegundo para o processo de chaveamento, a
distância mínima aumenta para 32,8m.
Um sistema radar para curto alcance usa largura de pulso estreita e seu receptor tem um
tempo de recuperação muito pequeno. Para obter-se tempo de recuperação ainda menor, deve-
se empregar antena receptora separada e isolada da transmissora, de forma a se poder eliminar
os dispositivos de chaveamento.
OSTENSIVO 3- 8 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Um pulso radar retangular é matematicamente representado por uma tensão senoidal Ec cos
(2fct) “fatiada” em pulsos de duração o, que se repetem a uma taxa de fr pulsos/segundo. O
espectro de frequências resultante consiste de uma série de componentes espectrais espaçadas
em frequência pela taxa de repetição, e centrada na frequência da portadora fc. As amplitudes
dessas componentes espectrais variam conforme a função (senx)/x. A amplitude da
componente centrada na frequência fc é froEc volts de pico. Cada componente é uma senóide
distinta e não somente uma abstração matemática. Um receptor banda estreita sintonizado em
qualquer uma das componentes encontraria uma onda contínua, não modulada. Por definição,
se todas as componentes espectrais fossem somadas elas produziriam os pulsos originais.
(3.1)
Onde:
1
Idealmente, assume-se um amplificador de FI de banda passante retangular. Ganho constante e deslocamento
de fase linear dentro da banda passante resultam em componentes sem distorção dentro da banda, mas com
retardo. Entretanto, este filtro ideal não pode ser fisicamente realizado (uma vez que pode-se demonstrar que sua
resposta ocorre antes da excitação!). Na prática, os filtros normalmente se aproximam desta resposta retangular,
e portanto, é freqüentemente comum assumir o filtro ideal devido a simplificação dos cálculos.
OSTENSIVO 3- 9 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
(3.2)
Onde:
Por exemplo,
se Correspondente a uma largura de banda
infinitamente larga
Sabe-se que a potência de ruído interceptada pelo amplificador de FI é dada pela equação
(3.3).
(3.3)
Onde:
OSTENSIVO 3- 10 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
k = constante de Boltzmann;
T = temperatura em graus kelvin;
f = largura de banda em ciclos/seg; e
= figura de ruído
A equação (3.3) mostra que a potência do ruído é proporcional a largura de banda f. Uma
vez que a potência é proporcional ao quadrado da tensão, então a tensão do ruído aumenta
com a . Esta proporcionalidade é mostrada como uma linha reta na figura 3.10. Note que
tanto para < 1,2 quanto para > 1,2, a tensão de ruído é maior do que a tensão do
pulso. Desse modo, deverá ser igual a 1,2 para uma máxima relação sinal-ruído na
saída do amplificador de FI. Quando = 0,5 ou 3, a relação sinal-ruído é reduzida de 3
dB a partir do valor ótimo, o que causa o mesmo efeito no alcance radar quando se reduz pela
metade a potência transmitida.
A figura 3.11 mostra as formas de onda na saída do amplificador de FI para vários valores de
. À medida em que a largura de banda diminui, os pulsos tornam-se menores, porém
mais largos. Embora a tensão de pico do pulso diminua proporcionalmente com a largura de
banda para < 0,5, a potência do pulso não diminui proporcionalmente com o quadrado
da largura de banda, mas diretamente com a mesma.
Figura 3.11 – Distorção do pulso para amplificadores com diferentes larguras de banda.
Embora a relação entre o sinal de pico e a média do ruído diminua quando a largura de banda
é reduzida, a relação entre o sinal médio e a média do ruído não diminui. Isto sugere que a
largura de banda de FI pode ser bastante estreita e a relação SNR resultante do amplificador
de FI continuará a ser satisfatória para a detecção de alvos (neste caso a saída, no domínio do
tempo, tenderá a ser um sinal contínuo e não mais pulsado). A potência média contida nas
componentes espectrais dentro da largura de banda pode ser calculada somando-se as
potências de cada linha espectral: 2
(3.4)
(3.5)
2
Assume-se que o sinal incide sobre uma resistência R arbitrária.
OSTENSIVO 3- 11 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Onde:
se
se
Pode-se aumentar a potência média transmitida por um radar (para aumentar sua capacidade
de detecção em distância) aumentando-se o comprimento do pulso transmitido. Contudo,
quanto maior a largura de pulso, menor a capacidade de resolução em distância do radar. Para
aumentar a largura de pulso sem comprometer a resolução em distância, emprega-se uma
técnica que comprime um pulso longo, tornando-o um pulso estreito no receptor. Esta técnica
é chamada Compressão de Pulso.
Entretanto, manipulando-se a freqüência e/ou fase dentro do pulso, pode-se alterar sua largura
de banda sem mudar sua duração. Ou seja, a resolução radar pode ser alterada
independentemente da potência média transmitida. Esta manipulação do pulso é conhecida
por codificação de pulso, ou simplesmente por modulação de pulso. A compressão de pulso
refere-se a um conjunto de técnicas usado para aumentar a largura de banda dos pulsos radar
visando aumentar a resolução, bem como aumentar o alcance radar pela transmissão de pulsos
com maior duração (e, obviamente, com valores de potência média maiores). A distância não
ambígua é também, usualmente, aumentada.
Para efeitos didáticos e sem comprometer a realidade, a compressão de pulso pode ser
realizada ou por modulação em frequência ou por codificação de fase do sinal de RF durante
o pulso. A figura 3.12 ilustra a compressão de pulso por codificação em freqüência, onde um
pulso é formado por segmentos de pulso (pulsos elementares) e cada segmento possui uma
frequência de RF distinta.
OSTENSIVO 3- 12 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
OSTENSIVO 3- 13 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
A técnica de compressão de pulso envolve as formas de onda mostradas na figura 3.14 (estas
mais reais do que as apresentadas anteriormente na figura 3.12). A largura de pulso efetiva é
comprimida para uma largura de pulso de 1/f e a potência de pico instantânea é acrescida por
um fator de .
OSTENSIVO 3- 14 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Atualmente, radares de compressão de pulso FM linear operam com mais de 1000 MHz de
largura de banda; isto equivale a 15cm de resolução em distância. Com este nível de
OSTENSIVO 3- 15 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
resolução, radares podem “olhar” para determinadas seções de um alvo com o intuito também
de estabelecer a assinatura radar do mesmo.
OSTENSIVO 3- 16 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Um exemplo real de codificação de fase é o emprego do código binário BARKER 13, um dos
códigos mais amplamente utilizado, até recentemente, para melhorar a resolução em distância
de sistemas radar. A dinâmica da composição do sinal em pulsos elementares, sua
decodificação e sua posterior reconstrução é ilustrada na figura 3.16.
Outros códigos mais complexos também podem ser usados, tal como o código Frank, o qual é
quadrafásico e seus pulsos são codificados em variações de 90.
Cumpre salientar que códigos binários apresentam baixo desempenho e lóbulos laterais
temporais quando o sistema radar ilumina alvos com grandes deslocamentos doppler. Isto
ocorre porque o eco doppler de um alvo altera substancialmente a codificação de fase e, em
casos extremos, as fases, no fim do código, são deslocadas de até 180. Estes valores de
doppler são decorrentes das chamadas velocidades críticas, nas quais a amplitude de lóbulo
principal é seriamente reduzida enquanto que os lóbulos laterais temporais aumentam
consideravelmente.
OSTENSIVO 3- 18 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
OSTENSIVO 3- 19 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Um alvo pode ser considerado como um conjunto de refletores pontuais nos quais a amplitude
da onda refletida depende das relações de fase entre as reflexões oriundas de cada um dos
refletores pontuais. Caso seja possível iluminar o alvo com um número suficiente de
irradiações em diferentes freqüências, visando obter diversas combinações de fase, o
somatório dessas irradiações resultará num eco mais nítido do que aquele que seria obtido
caso o mesmo número de irradiações fossem obtidas a partir de uma única freqüência e
somadas da mesma maneira.
Esta é a razão do uso e implementação de agilidade de freqüência, cujo propósito, como dito,
é o aumento da capacidade de detecção de um sistema radar. Um outro motivo para empregar-
se agilidade de freqüência é tornar o sistema radar resistente a contramedidas eletrônicas.
Existem alguns critérios práticos para se estimar quanto de agilidade se precisa para obter
uma melhora de desempenho.
Para alvos grandes, se comparados com a resolução de uma célula radar, a alteração de
freqüência requerida para obter-se uma melhora na detecção é aproximadamente igual ao
recíproco da largura de pulso. Deste modo, um sistema com uma largura de pulso de 0,5
microsegundos requer somente 2 MHz de agilidade de freqüência para melhorar seu
desempenho.
A alteração da freqüência não precisa ser periódica ou aleatória. A única regra aplicável é
que o período de integração deverá incluir, no mínimo, 20 pulsos com sua freqüência
deslocada pelo valor máximo de agilidade de freqüência aplicável.
OSTENSIVO 3- 20 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Para detectar um alvo, o radar não depende somente de um único eco, mas sim da integração
(ou somatório) de um número pré-definido de ecos. Num radar pulsado convencional, os
pulsos recebidos são integrados usando-se um tubo de raios catódicos (CRT) com
persistência. Neste caso, o tubo de raios catódicos atua como um dispositivo de
armazenamento de informação do alvo. Em radares mais avançados, a informação nem
sempre é mostrada num CRT e um outro tipo de dispositivo de armazenamento é usado para
integrar a informação. A integração de sinais pode ser realizada ou na freqüência de FI (antes
do segundo detector) ou na freqüência de vídeo (após o segundo detector). Se a integração é
realizada na freqüência de FI, ela é chamada de integração pré-detecção ou integração
coerente. Se a integração é realizada após o segundo detector, ela é chamada de integração
pós-detecção ou integração não-coerente. A figura 3.18 ilustra os 2 tipos de integração de
sinais.
OSTENSIVO 3- 21 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
O motivo de se chamar integração não coerente advém do fato que uma vez que a saída do
segundo detector é um envelope retificado do pulso, a informação de fase é perdida e a
integração somente pode ser realizada no pulso de vídeo. Além disto, o segundo detector pode
introduzir ruído devido a não-linearidades inerentes, e com isso reduzir a eficiência da
integração.
O integrador coerente preserva a informação de fase e não sofre alteração na relação S/N
devido ao segundo detector; isto o torna um integrador muito melhor. O integrador coerente
requer a preservação de fase do sinal recebido pulso a pulso, o que por sua vez requer um
sinal de referência coerente para manter a relação de fase entre os sinais transmitidos. No caso
de manter-se todas as outras variáveis da equação radar inalteradas, um sistema de detecção
coerente (figura 3.17) pode obter distâncias de detecção maiores do que um sistema de
detecção não-coerente e, além disso, também fornecer medidas de freqüências doppler.
Alguns sistemas radar podem incorporar sistemas de detecção coerente baseados em um único
pulso para medir informação doppler. Um sistema com transmissor do tipo magnetron (cuja
fase inicial pode ser diferente em cada pulso transmitido) pode ser adaptado para fornecer
informação doppler sincronizando a fase de um sinal de referência coerente com a de cada
pulso transmitido, conforme mostrado na figura 3.19.
Alguns radares são projetados para processar apenas alvos móveis, como, por exemplo,
radares de controle de tráfego aéreo. Alvos fixos podem ser efetivamente eliminados por uma
técnica conhecida como MTI (Indicação de Alvos Móveis). Esta técnica tira vantagem do
efeito que o movimento relativo de um alvo tem sobre o sinal radar refletido. Os alvos fixos
são refletidos na mesma freqüência dos sinais transmitidos enquanto que as reflexões de alvos
móveis experimentam o efeito do deslocamento doppler.
OSTENSIVO 3- 22 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
OSTENSIVO 3- 23 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Radares doppler pulsados e radares MTI pulsados são sistemas muito similares; isto é, ambos
os sistemas tentam obter informações de distância e de velocidade. A diferença é que o radar
doppler pulsado extrai informações não ambíguas de velocidade dentro de um intervalo finito,
sacrificando seu desempenho no domínio do tempo, ou seja, apresentando informações
ambíguas de distância.
O radar MTI extrai informações não ambíguas de distância dentro de um intervalo finito,
sacrificando seu desempenho no domínio da freqüência, ou seja, apresentando informações
ambíguas de velocidade.
Muitos radares MTI não medem freqüência doppler, já que seu único objetivo é separar alvos
móveis de fixos. O radar doppler pulsado é projetado para extrair informações doppler com o
propósito de detecção e acompanhamento de alvos em ambientes eletromagneticamente
densos e em situações de altas taxas de aproximação.
A figura 3.21 mostra um exemplo típico de chaveamento de PRF para medir sinais ambíguos
no tempo e associá-los com o pulso correto transmitido.
As PRFs usadas apresentam relações numéricas entre elas, tais como 5 e 4 ou 18 e 19. Tais
relações são função dos limites de velocidades não ambíguas (para evitar “velocidades
OSTENSIVO 3- 24 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
cegas”) e do intervalo de distância não ambígua desejado. A figura 3.21 apresenta uma
relação entre duas PRFs e o intervalo máximo de distância não-ambígua.
F0 F0 + FI
F0 + FI
F0 + FI + fd
FI + fd F0
FI F0 + FI + fd
fd
O radar de acompanhamento inicia sua operação logo após o radar de busca ter detectado a
presença de um alvo e enviado sua designação inicial 2D (coordenadas aproximadas em
azimute e em distância) para o radar de acompanhamento, o qual é responsável pelo
direcionamento do sistema de armas. Tão logo a designação de um alvo seja recebida, o radar
de acompanhamento aponta seu feixe (muito estreito), usualmente do tipo lápis, na direção
designada e inicia sua própria fase de aquisição e acompanhamento do alvo (ver figura 3.23).
OSTENSIVO 3- 25 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Uma vez que o alvo tenha sido adquirido, o radar de acompanhamento passa para o modo de
acompanhamento e, após um transiente inicial, ele passa a fornecer para o sistema de armas as
coordenadas precisas do alvo.
OSTENSIVO 3- 26 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
O nome “radar de varredura cônica” advém do fato dele gerar seus sinais de acompanhamento
em ângulo girando seu feixe em formato de lápis de modo que a direção de ganho máximo
descreva um cone no espaço (ver figura 3.24).
Um alvo localizado ao longo do eixo do cone será iluminado com um ganho G não máximo,
porém constante. Alvos localizados em outras posições, por exemplo em A, serão iluminados
alternadamente com maior ou menor G (dependendo da inclinação do feixe da antena) e na
taxa de varredura da antena, a qual é chamada de freqüência de varredura cônica. O eixo do
cone, o "boresight", é a direção dita de apontamento. O ângulo entre a direção de ganho
máximo e o "boresight" é chamado de ângulo de inclinação ("squint angle").
Quando o radar transmite um trem de pulsos, numa determinada FRP, na direção de três
alvos, onde um dos alvos está alinhado com o boresight (T1), um outro está fora do eixo (T2) e
um terceiro está ainda mais distante do eixo (T 3), os ecos recebidos são da forma mostrada na
figura 3.25.
OSTENSIVO 3- 27 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Figura 3.25 – Sinais recebidos por um radar de varredura cônica (T1, T2 e T3 são
posições de alvo)
O grau de modulação para um dado erro angular depende da largura de feixe da antena, da
forma do feixe e do ângulo de inclinação da antena quando esta gira ao redor do eixo.
Para acompanhar alvos, os radares devem ser capazes de discernir a posição do eco em
relação a direção de máxima irradiação de suas antenas (“boresight”). Radares conhecidos
como radares de chaveamento de lóbulo varriam mecanicamente a região angular do alvo e tal
varredura causava uma modulação em amplitude nos ecos recebidos de modo a obter a
posição angular do alvo. Um outro radar também comumente utilizado era o chamado radar
de varredura cônica. Ambas arquiteturas adotam um padrão de varredura de antena que
OSTENSIVO 3- 28 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
resulta numa modulação senoidal do eco em amplitude, a qual depende da posição do alvo
dentro da região coberta pela antena.
Tanto para radares de chaveamento de lóbulo quanto para radares de varredura cônica, o
posicionamento da antena na direção do alvo é realizado por meio de servomecanismos que
buscam minimizar as diferenças de amplitude dos ecos recebidos. Tais radares podem ser
facilmente enganados por equipamentos de CME, além de apresentarem sérios desgastes
mecânicos.
Existem três técnicas básicas de monopulso, caracterizadas pela maneira pela qual a medida
de ângulo é extraída dos sinais recebidos:
monopulso por comparação de amplitude;
monopulso por comparação de fase; e
monopulso do tipo soma e diferença;
Sistemas monopulso por comparação de amplitude empregam duas antenas com diagramas de
irradiação idênticos, sobrepostos e deslocados de 0 em relação ao eixo de simetria (ou seja,
eixo ao longo do qual as amplitudes recebidas pelos 2 diagramas são idênticas). Quando o
alvo está deslocado de um ângulo em relação ao eixo de simetria (ver figura 3.26(a)), o sinal
recebido pela antena posicionada abaixo possui uma amplitude maior do que aquele recebido
pela antena posicionada acima.
OSTENSIVO 3- 29 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
(“Boresight)
POSIÇÃO
DO ALVO
(“Boresight)
antena 2
(“Boresight”)
(“Boresight”)
antena1 antena 2
antena1
Em sistemas monopulso por comparação de fase, o ângulo de chegada do sinal refletido pelo
alvo num dado plano é determinado pela comparação das fases dos sinais recebidos por um
par de antenas situados neste mesmo plano (ver figura 3.26(b)). Em campo distante, os dois
diagramas podem ser considerados como totalmente coincidentes e, portanto, as amplitudes
dos ecos recebidos nas duas antenas são idênticas, porém suas fases são diferentes. Esta
situação é ilustrada na figura 3.26(b), com os centros de fase das antenas separados pela
distância l.
A linha de visada até o alvo forma um ângulo com o eixo que passa pelo ponto médio da
linha que une os centros de fase das antenas. A distância da antena 1 até o alvo é:
(3.6)
(3.7)
(3.8)
OSTENSIVO 3- 30 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
(3.9)
A equação (3.9) mostra que a diferença de fase é nula, não apenas em = 0, isto é, quando o
alvo se encontra ao longo do eixo, mas também quando o alvo se encontra em determinadas
posições angulares que satisfaçam a condição:
(3.10)
Como resultado, além do eixo principal, passam a existir várias outras direções secundárias de
mesmo sinal (ou seja, o valor do ângulo medido se repete periodicamente com a variação de
), o que causa ambiguidade na medida do ângulo. Esta ambiguidade, entretanto, não causa
maiores problemas desde que as direções espúrias estejam fora do feixe principal, o que
obriga que a distância entre os centros de fase das antenas seja menor que o seu diâmetro.
OSTENSIVO 3- 31 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
(3.11)
(3.12)
(3.13)
Os sinais recebidos por antenas espacialmente separadas podem ser escritos como:
(3.14)
(3.15)
A expressão (3.15), chamada de razão multiplicativa, sob certas condições pode ser usada
como uma primeira aproximação do ângulo de chegada.
Uma outra forma de obter-se o ângulo de chegada é através da relação entre os sinais de
diferença e de soma, a qual é usualmente chamada de razão aditiva dos sinais recebidos:
(3.16)
A relação entre as duas razões pode ser expressa pelas seguintes equações:
(3.17)
OSTENSIVO 3- 32 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
(3.18)
(3.19)
Os dispositivos onde são formados os sinais soma e diferença ou onde os sinais recebidos são
multiplicados por um coeficiente a são chamados de comparadores ou conversores, já que, em
geral, tais dispositivos são capazes de transformar relações de amplitude em relações de fase e
vice-versa. Estas transformações são usualmente realizadas em RF utilizando-se elementos
passivos os quais apresentam simplicidade e estabilidade satisfatórias.
Não é possível calcular a relação entre dois sinais, convertidos ou não, sem antes amplificá-
los. Um dispositivo que faça uso de elementos ativos, incluindo amplificadores e circuito de
comparação, e que produza as razões e o ângulo de chegada, é chamado de discriminador
angular.
(3.20)
(3.21)
(3.22)
OSTENSIVO 3- 33 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
discriminadores angulares de amplitude (são processadores não coerentes uma vez que eles
removem a informação de fase dos sinais de entrada). Os discriminadores angulares que
respondem somente a relações de fase são chamados de discriminadores angulares de fase.
Discriminadores que reagem a ambas as relações de amplitude e de fase e que usam funções
angulares aditivas para obtenção do ângulo de chegada são chamados de discriminadores
angulares soma e diferença.
Portanto, existem apenas três métodos para a medida de ângulo (três tipos de
discriminadores): amplitude, fase, e soma e diferença. Cada um destes métodos pode ser
aplicado em sistemas monopulso por comparação de amplitude, por comparação de fase, ou
do tipo soma e diferença. Esta combinação (3 tipos de comparação e 3 tipos de
discriminadores) resulta em nove classes básicas de sistemas monopulso conforme mostrado
na tabela 3.1. O primeiro termo descreve o método de aquisição da informação angular; o
segundo identifica o tipo de discriminador angular utilizado (isto é, a natureza do
processamento usado para extrair esta informação). Por exemplo, um sistema monopulso por
comparação de amplitude usando um discriminador de amplitude é chamado de um sistema
de amplitude-amplitude (AA), e, com o mesmo discriminador, um sistema monopulso por
comparação de fase seria chamado de um sistema de fase-amplitude (FA).
Na prática, apenas quatro classes dentre as nove são usadas: amplitude-amplitude (AA), fase-
fase (FF), amplitude-soma e diferença (ASD), e fase-soma e diferença (FSD).
O detector angular forma os sinais que contêm a informação angular do alvo. O comparador
(ou conversor) transforma esta informação angular em uma combinação das relações de
amplitude e fase entre os sinais de 2 canais independentes. O discriminador angular fornece
na saída uma função real da razão entre os parâmetros do sinal, função essa que tem uma
relação unívoca com o ângulo de chegada.
OSTENSIVO 3- 34 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
As figuras 3.28 a 3.30 apresentam as estruturas dos discriminadores angulares. Para preservar
a simetria dos sinais e manter a coerência de fase entre eles, é usado um único oscilador local
(OL) cuja função é gerar a frequência intermediária para ambos os canais. A razão rm() ou
ra(), a qual caracteriza o ângulo de chegada, é o resultado da amplificação normalizada
inerente aos circuitos discriminadores.
(3.23)
Onde u1(t,) e u2(t,) são as amplitudes, em função do tempo e do erro angular, na saída
dos canais de recepção-amplificação.
A diferença de fase entre os sinais presentes nas entradas dos amplificadores não tem efeito
sobre a razão rm(), já que a fase é perdida no detector de amplitude antes da subtração. As
amplitudes dos sinais na saída dos amplificadores logarítmicos são instáveis e não uniformes,
o que gera distorção na medida do ângulo de chegada do alvo. Esta é a desvantagem dos
discriminadores angulares de amplitude que usam amplificadores logarítmicos.
OSTENSIVO 3- 35 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
prática, sistemas monopulso amplitude-amplitude (AA) com sinal soma variando ao longo de
uma excursão dinâmica da ordem de 80 – 100 dB, podem tornar proibitivo o uso de
amplificadores lineares de FI. Neste caso, deve-se empregar amplificadores logarítmicos e,
para minimizar a instabilidade, deve-se fazer uso de circuitos adicionais de correção.
(3.24)
No discriminador angular de soma e diferença, mostrado nas figuras 3.30(a) e 3.30(b), a razão
ra() é formada utilizando-se circuitos de AGC em cada um dos canais, os quais são
controlados pela tensão do sinal soma. Assim, ambos os sinais soma e diferença são
normalizados em relação ao sinal soma.
No caso do monopulso por comparação de amplitude (detecção angular por amplitude), tem-
se que:
(3.25)
No caso do monopulso por comparação de fase (detecção angular por fase), tem-se que:
OSTENSIVO 3- 36 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
(3.26)
Os discriminadores angulares de soma e diferença mostrados nas figuras 3.30(a) e 3.30(b) são
usados em radares monopulso de acompanhamento automático. Em sistemas monopulso de
vigilância a estrutura usualmente utilizada é conforme a figura 3.30(c). A normalização no
discriminador angular soma e diferença ocorre na FI pela divisão da saída do detector de fase
pelo sinal soma em vídeo, não havendo, pois, circuito de AGC.
OSTENSIVO 3- 37 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Para se ilustrar o comportamento do circuito, considere o caso no qual não existe alvo dentro
da porta. O detector de pico fornecerá um valor que aproximadamente corresponde ao pico do
ruído (ou “clutter”) dentro da porta e o detector de média, por sua vez, fornecerá um valor que
aproximadamente corresponde à média do ruído (ou “clutter”) dentro da porta. Na ausência de
eco real, esses valores são muito parecidos e, portanto, resultará em que na saída do
comparador ter-se-á, muito provavelmente, um sinal próximo a zero, ou seja, indicação de
ausência de alvo. Caso existisse um sinal de eco dentro da porta, o valor da saída do detector
de pico seria maior do que a saída do detector de média, o que levaria, após comparação no
circuito comparador, à informação de alvo presente, conforme ilustrado na figura 3.31.
Na figura 3.31, as setas indicando “porta” são sinais de controle responsáveis pela geração da
porta de acompanhamento (início e fim), de tamanho compatível com cada uma das fases,
bem como da região provável de chegada do eco durante a designação inicial (fornecida pelo
radar de busca).
Para se ilustrar o comportamento do circuito, considere o caso no qual o eco do alvo está
localizado mais para dentro da semi-porta anterior do que da semi-porta posterior. O valor de
carga do capacitor no braço correspondente à semi-porta anterior será maior do que o valor de
OSTENSIVO 3- 39 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Radar de abertura sintética (SAR) é uma classe especial de radar de aeronave. O SAR
comporta uma antena convencional para transmitir sinais e receber ecos, porém explora o
OSTENSIVO 3- 40 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
movimento relativo plataforma-alvo para simular uma antena bem maior com n elementos
radiantes, como se fosse um array linear; isto melhora (diminui) a resolução angular.
Na figura 3.34, considere que um pulso seja transmitido a partir da posição A, e que ecos de
várias distâncias, caracterizados por amplitude e fase, sejam armazenados em memória. Ao se
repetir esta operação para os pontos B, C, ..., N, obtém-se uma correlação entre os ecos e as
posições ocupadas pela aeronave nos vários instantes da transmissão.
(3.27)
Onde:
d = distância de A à N; e
= comprimento de onda irradiado.
Tendo em vista a resolução que pode ser obtida com o SAR, sua principal aplicação é em
mapeamento de terreno, ou seja, este tipo de radar pode ser usado para “fotografar” locais de
OSTENSIVO 3- 41 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
interesse, tais como portos e campos de pouso, a partir de grandes distâncias, mesmo durante
a noite e na presença de nuvens. Desse modo é possível, por exemplo, averiguar se um
determinado navio está ou não ancorado num determinado porto.
O desempenho SAR pode ser obtido mesmo com radares estacionários. Neste caso,
entretanto, o alvo deve estar em movimento. Esta técnica é conhecida como SAR inverso, ou
ISAR.
Os ecos capturados pela largura de feixe da antena podem ser classificados utilizando-se
como parâmetros de classificação as diferenças entre as freqüências doppler dentro da largura
de feixe (ver figura 3.35). Isto é, um alvo pode ser identificado dentro da largura de feixe por
sua freqüência doppler particular. Esta técnica requer um transmissor muito estável e
processamento de sinal coerente, já que é necessário introduzir um deslocamento de
freqüência doppler constante de modo que a freqüência doppler associada a variação azimutal
seja transladada para freqüência zero. A correção de fase é obtida a partir da velocidade da
aeronave, do ângulo de elevação e do ângulo de azimute. Os sistemas radar que empregam
técnica de estreitamento do feixe doppler podem ser ou totalmente coerentes ou, no caso de
transmissores tipo magnetron, coerentes apenas na recepção.
OSTENSIVO 3- 42 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
OSTENSIVO 3- 43 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Radares bi-estáticos são, por definição, radares que empregam antenas de recepção e
transmissão separadas e distanciadas consideravelmente uma da outra, ao contrário dos
radares mono-estáticos que empregam uma única antena transmissora/receptora.
Para que o radar bi-estático opere coerentemente é necessário que o iluminador esteja
sincronizado com o receptor, de modo que a forma de onda irradiada pelo radar iluminante
esteja disponível ou sintetizada no receptor para processar coerentemente os sinais bi-estáticos
refletidos pelo alvo.
OSTENSIVO 3- 44 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Por causa da esfericidade da Terra, as emissões radar não conseguem alcançar pontos sobre a
superfície terrestre os quais estejam muitos distantes da fonte. No espaço livre, os raios radar
(isto é, raios normais à frente de onda), tais como os raios óticos, se propagam em linha reta.
Entretanto, sabe-se que esses mesmos raios curvam-se para baixo ao passarem através da
atmosfera terrestre, cujo índice de refração é variável e que normalmente diminui com a
altura. Isto significa que, para uma dada altura, o horizonte radar está além do horizonte ótico.
No caso da atmosfera padrão, os raios podem ser tratados como linhas retas, considerando-se
a superfície da Terra como sendo esférica e com raio equivalente a quatro terços do raio
verdadeiro da Terra. Consequentemente, tem-se que o raio equivalente da Terra é dado por
(3.28)
OSTENSIVO 3- 45 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
A figura 3.37 apresenta a geometria usada no cálculo da distância RH para o horizonte radar
representada na expressão (3.29).
(3.29)
Os raios radar, assim como os raios óticos, são interceptados por obstáculos não transparentes
ocasionando o que se chama de região de sombra atrás do obstáculo. Entretanto, na região de
sombra do obstáculo, um campo eletromagnético ainda pode ser detectado, devido a difração
das extremidades do obstáculo. Isto se baseia no princípio de Huygens, mostrado na figura
3.38. Tal princípio afirma que cada ponto de uma frente de onda pode ser analisado como
sendo fonte de uma nova frente de onda, a qual passa a se propagar a partir do local onde tal
ponto se localiza. Portanto, uma frente de onda ao atingir um obstáculo num formato de gume
de faca, continua a se propagar mesmo na região não visível pela frente de onda original.
OSTENSIVO 3- 46 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
(3.30)
Para se detectar alvos além do horizonte, ou seja, à distâncias significativas, como por
exemplo 1000 milhas náuticas, as ondas de rádio devem se refletir na ionosfera assim como é
feito em comunicações de rádio a longa distância. Os radares projetados para operar desta
forma são chamados de radares além do horizonte ou radares OTH (“Over the Horizon”).
Como somente as freqüências mais baixas de sinais de rádio são refletidas na ionosfera, os
radares OTH fazem uso deste fenômeno de propagação operando nas freqüências de HF (15 a
20 MHz). Os radares OTH empregam antenas muito grandes as quais devem apresentar alto
ganho, banda larga, apontáveis em elevação e azimute e capazes de irradiar sinais de alta
potência tendo em vista as distância consideradas.
OSTENSIVO 3- 47 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
A cobertura radar da superfície da Terra depende da ionosfera, a qual altera sua altura e seus
índices de refração constantemente. Com o intuito de se obter uma cobertura adequada, deve-
se programar diferentes freqüências considerando as condições ionosféricas previstas para o
período durante o qual se deseja irradiar.
A forma de onda radar pode ser pulsada ou FM-CW. Na forma de onda pulsada, um pulso
longo, como por exemplo um milisegundo, é transmitido para que se ilumine o alvo com alta
potência. A freqüência de repetição de pulso (FRP) é baixa, da ordem de 50 Hz, já que o
intervalo de distância não-ambíguo deve acomodar intervalos de milhares de milhas.
3.11 - Radares 3D
Radares 3D são radares de busca capazes de medir as três coordenadas do alvo: distância,
azimute e elevação.
Radares que empregam métodos mecânicos para varredura do feixe em azimute e outros
métodos para varredura do feixe em elevação;
Os radares que se encontram na primeira categoria, ou seja, radares com varredura mecânica
em azimute, são diferenciados de acordo com a técnica usada para varrer o feixe em elevação.
Entre essas técnicas encontram-se:
OSTENSIVO 3- 48 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Os radares que empregam feixes fixos e contíguos em elevação, ou seja, feixes empilhados,
varrem todo o setor de elevação, por divisão de tempo, durante o tempo de permanência sobre
o alvo (ver figura 2.10). A técnica de feixes empilhados é usada somente na recepção visando
delimitar o(s) setor(es) onde se encontra(m) o(s) alvo(s). Na transmissão é gerado um único
lóbulo para cobrir todo o setor de elevação.
Os radares que empregam varredura em frequência permite que o feixe varra todo o setor de
elevação, em “steps” ou continuamente, através da modulação linear da frequência de
transmissão. Esta modulação pode ser aplicada dentro do pulso (varredura dentro do pulso) ou
por divisão do tempo durante o tempo em que a antena permanece sobre o alvo em azimute.
O princípio da varredura em frequência pode ser ilustrado por uma antena consistindo de um
conjunto de guias de onda fendados, arrumados em linhas a uma distância d umas das outras,
e alimentados a partir da lateral ou do centro por meio de serpentina cujo comprimento do
loop é L (ver figura 3.40). As fendas, adequadamente espaçadas, são os irradiadores
elementares neste caso.
OSTENSIVO 3- 49 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
= 2 f1 t = 2 f1 (L)/c (3.31)
= 2 f (L)/c (3.32)
Ou seja, para pequenos ângulos onde sen pode ser aproximado para , tem-se que:
Usualmente a iluminação por divisão de tempo dos vários feixes disponíveis em elevação
permite amoldar o diagrama de cobertura otimizando as distâncias de deteção, como por
exemplo na forma de cossecante quadrada dos radares 2D.
Em primeira aproximação, pode-se demonstrar como se chega 'a forma cossecante também se
utilizando o tempo de iluminação do alvo. Para um alvo localizado a uma distância genérica R
ilumina-se este alvo por um tempo T (1). Então:
Portanto, para uma elevação genérica tem-se o tempo ótimo de iluminação também
genérico T () que guarda a devida relação em relação ao tempo ótimo em 1 :
OSTENSIVO 3- 50 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
A figura 3.41 mostra um diagrama típico de divisão do tempo de iluminação entre as várias
células de elevação, durante o tempo de permanência sobre o alvo em azimute.
OSTENSIVO 3- 51 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
Feixe tipo V
Em radares com feixe tipo V são instaladas duas antenas; uma de costas para a outra. Neste
caso, uma delas produz um feixe em leque vertical, enquanto que a outra produz um feixe em
leque inclinado de 300. Os ecos do alvo são recebidos pelas duas antenas com um retardo
diferencial proporcional à altitude do alvo. Os ecos oriundos de um alvo em altitude zero são
recebidos pela segunda antena com um retardo correspondente a uma varredura de 180 0. Os
ecos oriundos de um alvo em altitude maior são recebidos com um retardo adicional devido a
inclinação do feixe. A altitude do alvo deve ser deduzida a partir deste retardo. A figura 3.43
ilustra um radar com feixe tipo V.
Figura 3.43 – Radar 3D com feixe tipo V instalado a bordo de um navio soviético.
OSTENSIVO 3- 52 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAW-326
A segunda categoria de Radares 3D, ou seja, radares do tipo “phased array” planar, é o
último estágio na evolução dos radares de busca. Neste caso, o radar normalmente usa uma ou
mais antenas fixas, cada uma cobrindo 90o a 120o em azimute, incluindo um conjunto
("array") de elementos transmissores/receptores capaz de produzir os deslocamentos de fase
necessários para gerar e guiar o feixe desejado.
A potência pode ser gerada de forma concentrada no transmissor e então distribuída para os
vários elementos do “array”, ou pode ser gerada de forma localmente distribuída em cada
módulo transmissor/receptor. Neste último caso, os “arrays” são chamados de “phased arrays
planar ativos”, e os módulos podem ser a estado sólido.
O apontamento do feixe é realizado pela correta coordenação dos deslocamentos de fase dos
módulos individuais do “array planar” de modo que os campos eletromagnéticos que eles
produzem estejam em fase somente na direção requisitada, atingindo ganho máximo nesta
direção e ganho desprezível em todas as outras direções.
Com a geometria da figura 3.42, é possível mostrar que o diferencial do deslocamento de fase
entre os elementos adjacentes é da forma da equação (3.38) para módulos horizontais e da
forma da equação (3.39) para módulos verticais.
Por razões de custo elevado, este tipo de radar ainda não é amplamente usado. Pode-se
encontrar instalações em terra (Cobra Dane, Pave Paws) e a bordo de navios (Aegis Spy-1 em
navios da classe Ticonderoga, e um sistema análogo a bordo do Kirov).
OSTENSIVO 3- 53 ORIGINAL