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Uso do multímetro

1 - Introdução conexões estiverem invertidas, a agulha do


galvanômetro será defletida na direção contrária,
Existem vários instrumentos utilizados para a podendo ser danificada.
medição de grandezas elétricas, como diferença de A leitura de uma medição em um multímetro
potencial (tensão), corrente elétrica e resistência analógico segue o método de leitura em escalas
elétrica. Os nomes destes instrumentos derivam das analógicas. O valor da grandeza medida x é obtida de
unidades das grandezas que cada instrumento mede, uma relação de proporcionalidade entre a amplitude
sendo respectivamente, voltímetro, amperímetro e máxima da escala utilizada A, o número de divisões
ohmímetro. desta escala N, e o número n de divisões indicadas na
O multímetro é um instrumento que tem a leitura pelo agulha do galvanômetro:
capacidade de realizar a medida de duas ou mais das x n n
grandezas acima mencionadas. São conhecidos dois = , ou seja, x = × A (1)
métodos de aquisição dos dados e de afixação dos A N N
resultados em um multímetro, que definem se o
multímetro é do tipo analógicos ou digital. A maioria O valor da grandeza obtido com uma única
dos aparelhos apresenta outras funções como teste de medição, apresenta uma incerteza do tipo B. A
diodo, medidor de continuidade, medidor de incerteza pode ser estimada como sendo a metade da
transístores, etc. menor divisão da escala do equipamento utilizado. No
entanto, a estimativa da incerteza pode ser melhorada
se com uma avaliação visual for possível considerar
2 – Informações gerais
uma fração da menor divisão da escala, feita
Por ser um instrumento de precisão, devem ser mentalmente por quem realiza a medição.
tomados todos os cuidados para sua preservação, Como exemplo de leitura, é apresentada na
evitando pancadas, colocação de objetos sobre o Figura 1, a escala analógica de um multímetro,
instrumento, queda sobre a bancada de trabalho ou indicando uma medição.
mesmo no chão.
Ao realizar uma medida com o multímetro, se
não houver uma estimativa do valor da grandeza a ser
medida, deve ser utilizada inicialmente a escala de
maior valor. Ao ser constatada a ordem de grandeza da
medida, uma escala de maior precisão pode ser
selecionada.

3 – Especificações
As especificações gerais e elétricas de
multímetros dependem da qualidade e dos modelos dos
equipamentos. Estas informações devem ser utilizadas
de acordo com os manuais de operação de cada
instrumento.
Figura 1 – Ilustração da leitura em um multímetro de
Multímetro analógico escala analógica.

Antes de qualquer leitura, a escala analógica do Consideremos a escala ACV (tensão em


multímetro deve ser “zerada”. Este procedimento é corrente alternada), os valores lidos de A, N e n são:
realizado unindo as pontas de prova do multímetro e
ajustando o eixo do galvanômetro. A = 250V ; N = 50 ; n = 22,5
Nos multímetros analógicos a polaridade do Aplicando estes valores na expressão (1),
sinal DC a ser medido é importante, pois se as

Toginho Filho, D. O.; Zapparoli, F. V. D.; Pantoja, J. C. S.;Laureto, E; Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral
Departamento de Física • Universidade Estadual de Londrina, Janeiro de 2009.
Uso do multímetro

considerando as regras de operações com algarismos O fator B é a incerteza no dígito da última casa
significativos, e a incerteza estimada visualmente de decimal mostrada no display, valor este indicado no
metade da menor divisão da escala, temos a leitura da manual de instruções do equipamento para cada escala.
tensão: Em nosso exemplo, o fator B é 2 dígitos, ou seja:
22,5
x= × 250 = 112,5 ± 2,5 V B = 0.02
50
Assim, a leitura completa da medida é:
Multímetro digital 6.25 ± (0.03 + 0.02) = 6.25 ± 0.05 V
Nos multímetros digitais também deve ser
observada a polaridade das conexões, pois o 4 – Procedimento de medição
instrumento permite saber o sentido da corrente num
determinado circuito e a polarização da tensão. Se as
4.1 – Medição de tensão elétrica
conexões forem invertidas, o display indicará o valor
A tensão elétrica é a diferença de potencial
com polaridade contrária ao valor real. No entanto, esta
elétrico (d.d.p.) entre dois pontos de um circuito. A
inversão das conexões não acarreta dano ao
medida de tensão sobre um circuito elétrico ou
equipamento.
elemento de circuito, é feita com o multímetro em
A leitura em um multímetro digital é direta, a
paralelo, conforme diagrama apresentado na Figura 3.
partir do valor apresentado pelo display digital do
equipamento, com a unidade da escala selecionada (ou
indicada no display).
A obtenção da incerteza depende da precisão
do equipamento, considerando as informações
existentes no manual de instruções. Como exemplo,
consideremos a leitura indicada no display apresentado
na Figura 2, sendo utilizada a escala de 20 volts DC de
um multímetro digital de 3.1/2 dígitos. Neste exemplo,
as especificações elétricas da escala de 20 volts DC Figura 3 – Diagrama de ligação para medição de tensão
são: resolução de 10 mV e precisão de 0,5 % + 2 elétrica, sendo ε a diferença de potencial aplicada, R o
dígitos. resistor e V o voltímetro.
Um erro que não deve ser cometido é o de
chamar a tensão de voltagem, pois o Volt é a unidade
de medida e tensão elétrica é a grandeza física .
Por ser ligado em paralelo ao circuito, o
Figura 2 – Ilustração da leitura em um display de voltímetro ideal deveria ter resistência interna infinita,
multímetro digital.
para que a corrente que circula por ele seja nula. No
A incerteza total da medida é a soma de dois entanto, o medidor real que utilizamos no laboratório
fatores: tem uma resistência muito grande, mas não infinita (da
σ = A+ B ordem de MΩ).

O fator A é resultante do produto do valor da 4.2 – Medição de corrente elétrica


leitura pela incerteza em percentual indicado no manual
do equipamento, considerando o número correto de A intensidade de corrente elétrica que percorre
algarismos significativos: um circuito é definida pela carga que atravessa a seção
reta do circuito, por unidade de tempo. Para realizar a
A = 6.25 × 0.5% = 0.03125 = 0.03 medida da intensidade de corrente, o amperímetro é
ligado em série com o circuito, de tal forma que a
corrente elétrica que percorre o circuito e o

Toginho Filho, D. O.; Zapparoli, F. V. D.; Pantoja, J. C. S.;Laureto, E; Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral
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Uso do multímetro

amperímetro seja a mesma, conforme diagrama


apresentado na Figura 4.
Um erro que deve ser evitado é o de chamar a
corrente elétrica de amperagem, pois o Ampere é a
unidade de medida e corrente elétrica é a grandeza
física.

Figura 5 – Diagrama de ligação para medição de


resistência elétrica, sendo R o resistor e Ω ohmímetro.

Referências Bibliográficas
1. João Baptista Domiciano, Klemensas Rimgaudas
Figura 4 – Diagrama de ligação para medição de corrente
Juraitis, “Introdução à Física Experimental”,
elétrica, sendo ε a diferença de potencial aplicada, R o
Departamento de Física, Universidade Estadual de
resistor e A o amperímetro.
Londrina, 2003.
Por ser ligado em série com circuito, o
amperímetro ideal deveria ter resistência interna nula, 2. Vuolo, J. H., "Fundamentos da Teoria de Erros",
para que esta não altere a corrente que circula pelo Ed Edgard Blúcher, São Paulo, 1992.
circuito. No entanto, o medidor real que utilizamos no
laboratório tem uma resistência muito pequena, mas
não nula (da ordem de mΩ).

4.3 – Medição de resistência elétrica


Para medir a resistência elétrica de um
dispositivo, o ohmímetro é conectado aos terminais do
dispositivo. O valor da resistência elétrica medida é
resultado da aplicação da lei de Ohm à intensidade de
corrente que atravessa o dispositivo e a diferença de
potencial aplicada aos seus terminais. Estes valores são
processados internamente pelo equipamento,
apresentando o valor da resistência. A corrente elétrica
que passa pelo dispositivo é resultante da tensão
aplicada pelo gerador interno do equipamento.
É importante lembrar que o componente ou
dispositivo é chamado de resistor, não devendo ser
confundido com a propriedade física que o representa,
que é a resistência elétrica.

Toginho Filho, D. O.; Zapparoli, F. V. D.; Pantoja, J. C. S.;Laureto, E; Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral
Departamento de Física • Universidade Estadual de Londrina, Janeiro de 2009.

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