Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os ensaios não destrutivos por correntes parasitas, também conhecidos como ensaios por correntes de
Eddy ou correntes de Foucault, baseiam-se no princípio da indução eletromagnética. Ao contrário da
maioria dos outros métodos, que se aplicam apenas na detecção de descontinuidades, os ensaios por
correntes parasitas possibilitam também a determinação de certas características físicas, tais como
medição de espessuras de camadas, condutividade elétrica, permeabilidade magnética, etc., assim como
a diferenciação de metais quanto à composição química, dureza, microestrutura, tratamento térmico,
etc..
O princípio de indução eletromagnética foi descoberto por Michael Faraday em 1831. Faraday comprovou
que uma corrente que varia a sua intensidade em função do tempo, ao passar ao longo de uma espira,
induz uma corrente elétrica numa espira adjacente.
Em 1864, James Maxwell apresentou as conhecidas Equações de Maxwell, que descrevem as interações
eletromagnéticas, dando assim uma base teórica ao método.
Em 1879, D.E. Hughes desenvolveu um sistema de correntes parasitas com o qual conseguiu detectar
diferenças de condutividade elétrica, permeabilidade magnética e temperatura em metais.
Em 1926, H.E. Kranz, da firma Western Eletric, desenvolveu instrumento de correntes parasitas para
medir espessuras de parede, em metais condutores elétricos.
Na década dos anos 1930, foi desenvolvido o primeiro sistema para detecção de descontinuidades na
linha de produção de tubos com costura, uma das grandes aplicações de correntes parasitas na
atualidade.
Na década dos anos 1940, Frederich Foerster desenvolveu os primeiros aparelhos e sistemas comerciais
para ensaios por correntes parasitas. O próprio Foerster, na década dos anos 1950, introduziu o conceito
de análises do plano de impedância, amplamente difundido e utilizado nos dias de hoje.
2 Princípio físico
O método de ensaios por correntes parasitas utiliza o princípio de indução eletromagnética para induzir
correntes parasitas numa peça disposta dentro ou nas proximidades de uma ou mais bobinas de indução.
No método de ensaios não destrutivos por correntes parasitas, a peça a ser ensaiada é disposta dentro de
uma bobina (ou em contato com uma sonda), pela qual circula uma corrente alternada, chamada
corrente de excitação (vide figura 1). Como consequência disto, nas proximidades da bobina é gerado um
campo eletromagnético chamado de campo primário (Hp), o qual induz um fluxo de correntes parasitas
na peça sendo ensaiada. As correntes parasitas induzidas na peça, por sua vez, geram um segundo campo
eletromagnético, chamado de campo secundário (Hs), o qual tem sentido contrário ao primário. Desta
maneira obtém-se um campo magnético resultante Hp - Hs.
Variações nas características do material sendo ensaiado, tais como composição química, dureza,
espessura de camadas endurecidas, condição do tratamento térmico, descontinuidades, geometria,
dimensões, etc., produzem uma mudança no fluxo de correntes parasitas, e como consequência, uma
variação do campo secundário (Hs), do campo resultante (Hp - Hs) e da impedância e da tensão induzida
da bobina. Esta variação da impedância ou da tensão induzida da bobina, ao ser processada, pode ser
mostrada num instrumento analógico ou digital, num aparelho com tubo de raios catódicos, num
registrador gráfico, etc.. A figura 2 mostra a distorção do fluxo de correntes parasitas numa peça de
superfície plana e numa barra, devido à presença de descontinuidades.
Hs = φ (σ, µ, γ, f)
Ht = Hp - Hs = Ø ( I ) - φ (σ, µ, γ, f)
A tensão induzida (U ind), é proporcional à variação do campo resultante (Ht), com relação ao tempo, isto
é:
Uma vez definidas as variáveis externas, isto é, a corrente de excitação(I) e a frequência (f), o ensaio passa
a depender das características da peça, isto é:
U ind ≈ Ø (σ, µ, γ)
U ind ≈ Ø (σ, µ)
3 Como o ensaio está situado em relação aos demais Ensaios Não destrutivos
4 Aplicações
Medição de espessuras de camadas de material metálico não ferromagnético sobre material base
ferromagnético, como medição de espessura de camada de material austenítico depositada sobre
material ferrítico.
Diferenciação (ou separação) de materiais quanto à composição química, dureza, microestrutura,
tratamentos térmicos, etc..
Pode ser aplicado nos mais diversos produtos siderúrgicos, nas formas de tubos, barras, chapas,
arames, bem como produtos de autopeças, tais como parafusos, porcas e chavetas, eixos,
comandos, barras de direção, discos e panelas de freio. Normalmente nestes casos são utilizados
equipamentos automatizados instalados na linha de produção.
Na área aeronáutica este ensaio é muito utilizado através de equipamentos portáteis nas
inspeções de fuselagem, asas e estabilizadores, turbinas e motores, trem de pouso e rodas.
O método de Correntes Parasitas é muito utilizado para detectar pontos de corrosão, os mais
diversos tipos de descontinuidades, como trincas por fadiga, trincas térmicas, perdas de material
por erosão localizada ou generalizada, perda de material por corrosão localizada, tais como
“pittings”, cavidades e redução de espessura.
É muito utilizado para detectar trincas de fadiga e corrosão em componentes e estruturas
aeronáuticas, e em tubos instalados em trocadores de calor e caldeiras, permitindo fazer o
controle de espessura de tubos instalados em equipamentos de troca térmica.
Detecção de corrosão sob isolamento (CUI – Corrosion Under Isolation) através da técnica
conhecida como PEC ou Correntes parasitas Pulsada.
Este método de ensaio só pode ser aplicado a materiais eletricamente condutores, especialmente
a metais ferromagnéticos. Mas também aplica-se a materiais não ferromagnéticos (explicar
melhor este assunto);
Não há a necessidade de contato físico entre a sonda, a bobina ou o conjunto de bobinas e a
superfície da peça a ensaiar, embora a distância entre elas deva ser a menor possível;
Não necessita de material de consumo (consumíveis);
Não exige uma preparação superficial rigorosa das peças a serem inspecionadas, embora
rugosidade excessiva e/ou corrosão, possam resultar em dificuldades ao procedimento;
O método possibilita elevado grau de automatização e, em alguns casos, elevadas velocidades de
inspeção possam ser conseguidas;
Em muitas aplicações, o ensaio pode se adaptar à condição passa/não passa.
A profundidade de penetração das correntes parasitas no material, torna o ensaio muitas vezes
bastante limitado, apresentando forte dependência com a frequência de ensaio e com as
características elétricas e magnéticas do material a ser ensaiado; A existência de mais de uma
variável pode afetar os resultados do ensaio, porém, com a utilização de sondas adequadas, é
possível contornar o problema e obter bons resultados;
6 Limitações
A corrente parasita pulsada, ou PEC, é uma tecnologia avançada de inspeção eletromagnética usada na
detecção de falhas e corrosão em materiais ferrosos normalmente escondidos sob camadas de
revestimento, à prova de fogo ou isolamento, que chamamos de remoção.
É uma tecnologia que permite a medição da espessura da parede quando a sonda não está em contato
direto com a superfície que queremos inspecionar.
No entanto, observe que o PEC é apenas uma ferramenta de triagem e fornece medição relativa e não
fornece medição absoluta como o teste ultrassônico.
Não necessita de preparo da superfície de contato – penetra qualquer não metal , incluindo
pintura, isolamento, incrustações marinhas, e produtos de corrosão.
8 Campo remoto (fonte site da Araujo Engenharia, NDT Resource Center e próprio autor)
De forma geral a grande evolução tecnológica dos ensaios gerou confusões nas tradicionais classificações
dos ENDs em métodos e técnicas. Este fato acontece com o Teste de Campo Remoto ou "RFT" é um dos
vários métodos de teste eletromagnéticos comumente empregados no campo dos ensaios não
Destrutivos.
Outros métodos de inspeção eletromagnética incluem vazamento de fluxo magnético (MFL) , corrente
parasita convencional (CP) e teste de medição de campo de corrente alternada (ACFM). O teste de campo
remoto historicamente está associado ao teste de corrente parasita e o termo "Teste de corrente parasita
em campo remoto" é frequentemente usado ao descrever o teste de campo remoto. No entanto,
existem várias diferenças principais entre o teste de corrente parasita e o teste de campo remoto. No
ASME V existe um artigo especifico para tratar do RFT (Artigo 17, sendo chamado de método).
analise posterior, são fatores decisivos na precisão dos resultados, assim como na maximização da
velocidade de inspeção. (Araújo Engenharia)
O RFT é usado principalmente para inspecionar tubos ferromagnéticos, uma vez que as técnicas
convencionais de correntes parasitas têm dificuldade em inspecionar a espessura total da parede do tubo
devido ao forte efeito pelicular (efeito Skin) em materiais ferromagnéticos. Por exemplo, o uso de sondas
convencionais de bobina de corrente parasita para inspecionar um tubo de aço de 10 mm de espessura
(como o que pode ser encontrado em trocadores de calor) exigiria frequências em torno de 30 Hz para
penetrar toda parede do tubo. O uso de uma frequência tão baixa resulta em uma sensibilidade muito
baixa de detecção de falhas. O grau de penetração pode, em princípio, ser aumentado pelo uso de sondas
de corrente parasita de saturação parcial, sondas polarizadas magneticamente e sondas de saturação
pulsada. No entanto, devido ao grande volume de metal presente, bem como às variações potenciais de
permeabilidade dentro do produto, essas sondas especializadas de correntes parasitas ainda são limitadas
em suas capacidades de inspeção. (NDT Resource Center)
As dificuldades encontradas no teste de tubos ferromagnéticos podem ser bastante atenuadas com o uso
do método de teste de campo remoto. O método RFT tem a vantagem de permitir sensibilidades de
detecção quase iguais nas superfícies interna e externa de um tubo ferromagnético. O método é
altamente sensível às variações na espessura da parede e tende a ser menos sensível às mudanças do
fator de enchimento entre a bobina e o tubo. O RFT pode ser usado para inspecionar qualquer produto
tubular condutor, mas geralmente é considerado menos sensível do que as técnicas convencionais de
correntes parasitas ao inspecionar materiais não ferrromagnéticos. (NDT Resource Center)
9 SLOFEC