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28/06/2021 Revista AdNormas - Medindo a resistividade do solo por meio da sondagem geoelétrica

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ISSN 2595-3362 | Olá, Felipe | Sair

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NORMALIZAÇÃO  Publicado em 26 Jan 2021

Medindo a resistividade do solo por meio


da sondagem geoelétrica
Redação

O aterramento é a ligação intencional da parte eletricamente condutiva à terra, pois a corrente elétrica no sistema de fiação
consiste em um fluxo de elétrons dentro dos fios do circuito de metal. A corrente vem em duas formas, uma carga negativa e outra
positiva, e esse campo elétrico carregado é criado por enormes geradores operados pela concessionária, às vezes a centenas de
quilômetros de distância. É essa carga polarizada que efetivamente constitui o fluxo de corrente elétrica e chega à sua casa por
meio de uma vasta rede de cabos de alta tensão, subestações e transformadores. A física do fluxo elétrico é mais complicada do
que a maioria das explicações pode transmitir, mas, essencialmente, a eletricidade busca retornar seus elétrons ao solo, ou seja,
descarregar sua energia negativa e retornar ao equilíbrio. Normalmente, a corrente retorna ao aterramento por meio dos fios
neutros do sistema elétrico. Mas se ocorrer alguma quebra do caminho, a corrente quente pode fluir através de outros materiais,
como estruturas de madeira, canos de metal ou materiais inflamáveis. Isso é o que pode acontecer em uma situação de curto-
circuito, onde se originam a maioria dos choques e incêndios elétricos. Um curto-circuito ocorre quando a eletricidade se espalha
para fora dos fios pelos quais deveria fluir - em outras palavras, quando leva um caminho mais curto para o aterramento. Assim, o
condutor de aterramento é o condutor ou elemento metálico que faz a ligação elétrica entre uma parte de uma instalação aterrada
e o eletrodo de aterramento. A resistividade aparente do solo é a resistividade equivalente de um volume de subsuperfície
sondado por um método geofísico. Para um volume de subsuperfície homogêneo, este parâmetro representa a resistividade real,
enquanto para um volume de subsuperfície multidimensional, representa a resistividade do volume semiesférico uniforme
equivalente, sendo uma função da técnica adotada e da geometria dos eletrodos de sondagem. A sondagem geoelétrica é um
termo que expressa o conceito de medição da resistividade do solo por meio de métodos geofísicos. Deve-se entender os
métodos de sondagem geoelétrica e as técnicas de determinação do modelo geoelétrico 1D correspondente (camadas
horizontais, planas e paralelas).

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28/06/2021 Revista AdNormas - Medindo a resistividade do solo por meio da sondagem geoelétrica

Da Redação –
Os equipamentos utilizados para as medições pelo método da eletrorresistividade e utilizando a técnica de sondagens elétricas
verticais (SEV) podem ser assim agrupados: terrômetro que é utilizado pelos profissionais da área elétrica com o arranjo de
Wenner, para projetos de aterramentos elétricos; o resistivímetro que é usado pelos geofísicos com o arranjo de Schlumberger; e
os equipamentos que operam com muita baixa frequência (VLF), abaixo dos 15 Hz ou quase DC (até décimos de hertz), que é um
recurso que permite minimizar erros em locais que apresentem baixa relação sinal/ruído nos eletrodos de potencial. Os
terrômetros e os resistivímetros são compostos, basicamente, por uma fonte de tensão (contínua ou alternada), um amperímetro
e um galvanômetro ou voltímetro, sendo que o mostrador do equipamento pode ser calibrado para fornecer a relação entre a
tensão e a corrente medidos, que tem dimensão de uma resistência aparente.

Os equipamentos possuem quatro bornes, que são interligados a quatro eletrodos cravados na superfície do solo, sendo dois de
corrente e dois de potencial. O terrômetro foi desenvolvido para medição da resistência de aterramentos de pequeno porte, em
conformidade com os requisitos da IEC 61557-5. Quando provido de quatro terminais (dois de corrente e dois de potencial), o
terrômetro pode ser utilizado para a realização de SEV com os arranjos de Schlumberger e de Wenner.
O equipamento opera com correntes alternadas e, de modo a garantir segurança para os operadores, tem baixa potência
(geralmente inferior a 1 W), tensão aplicada aos eletrodos de corrente limitada a 50 V, e corrente de curto-circuito restrita a 7 mA.
Estas restrições de segurança limitam a utilização do terrômetro a áreas não muito grandes (com uma diagonal máxima de 200 m)
e a solos de resistividade não muito alta (geralmente inferior a 10.000 Om).
Por operarem com corrente alternada e terem baixa potência, têm volume menor e peso mais reduzido do que os resistivímetros.
Os terrômetros, de maneira geral, apresentam um aumento dos erros de medição a partir de 100 m de afastamento entre os
eletrodos de corrente, em função da diminuição da relação sinal/ruído, que ocorre para os espaçamentos maiores de medição.
Este erro, em geral, resulta em leituras de resistividade aparente mais elevadas do que os valores reais.
Os resistivímetros operam com corrente contínua ou com muito baixa frequência (VLF), abaixo dos 15 Hz ou quase DC (até
décimos de hertz), que penetra mais profundamente no solo do que a corrente alternada (evitando o efeito pelicular), permitindo a
prospecção de camadas mais profundas do solo. São equipamentos de potência mais elevada do que os terrômetros, não estando
sujeitos às restrições de segurança da IEC 61557-5, admitindo: as potências da ordem de até 250 W; a tensão entre eletrodos de
corrente da ordem de até 1.000 V; a capacidade de injetar correntes de até 5 A.
Esta potência viabiliza a medição de potenciais (?V) mais elevados, proporcionando melhor relação sinal/ruído e, portanto,
medições de melhor precisão, especialmente para as maiores aberturas de eletrodos de corrente e/ou em solos de mais alta
resistividade. Os resistivímetros, dependendo do modelo, fornecem informações sobre a corrente injetada e o potencial medido
durante a execução das medições, permitindo verificar se a corrente injetada é suficiente para uma leitura de boa precisão.
Este tipo de recurso auxilia no controle da qualidade dos parâmetros medidos e permite que sejam tomadas medidas para
melhorar a injeção de corrente, como relocação dos eletrodos de corrente e adição de solução salina nos locais de cravamento. Os
terrômetros não costumam dar acesso a este tipo de informação. Os resistivímetros mais sofisticados possuem vários canais com
a capacidade de aquisição e registro de dados em linhas de eletrodos conectadas a cabos multiveias que, segundo uma sequência
pré-programada, fazem a medição automática de diferentes configurações de eletrodos. Este tipo de equipamento geralmente
utiliza software próprio para fazer as inversões das curvas de resistividades aparentes medidas e para produzir seções 2D de
resistividades do solo com resolução muito boa (tomografia de resistividade elétrica - ERT ).

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28/06/2021 Revista AdNormas - Medindo a resistividade do solo por meio da sondagem geoelétrica

O resistivímetro apresenta as seguintes vantagens em relação aos terrômetros: opera com corrente contínua, que penetra mais
profundamente no solo do que a corrente alternada, evitando o efeito pelicular e assim permitindo a prospecção de camadas mais
profundas do solo; tem potência mais elevada (mais de 100 vezes), viabilizando a injeção de correntes de medição bem mais altas,
que resultam em valores medidos de ?V mais elevados, assim apresentando melhor relação sinal/ruído; tem uma melhor relação
sinal/ruído que viabiliza as medições de melhor precisão, especialmente para as maiores aberturas de eletrodos de corrente e para
solos de resistividade mais elevada (acima de 1.000 Om).
A NBR 7117-1 de 11/2020 - Parâmetros do solo para projetos de aterramentos elétricos - Parte 1: Medição da resistividade e
modelagem geoelétrica apresenta os métodos de sondagem geoelétrica e as técnicas de determinação do modelo geoelétrico
1D correspondente (camadas horizontais, planas e paralelas). Não se aplica às estruturas geoelétricas complexas, associadas aos
modelos 2D ou 3D, mas fornece subsídios para aplicação em projetos de aterramento elétrico. A sua aplicabilidade, especialmente
para instalações de grande porte, pode requerer suporte especializado na área de geofísica, em virtude da complexidade dos
diferentes métodos de sondagem geoelétrica e das técnicas de inversão necessárias para a construção de modelos geoelétricos
equivalentes de grandes áreas. Podem se enquadrar na categoria de sistemas de aterramento de instalações de grande porte os
parques eólicos, parques fotovoltaicos, complexos hidrelétricos, plantas industriais e subestações com área superior a 20.000 m².
O aterramento é a ligação intencional da parte eletricamente condutiva à terra e o condutor de aterramento é o condutor ou
elemento metálico que faz a ligação elétrica entre uma parte de uma instalação aterrada e o eletrodo de aterramento. A
constituição básica do solo envolve, além de pedregulhos e cascalho, diferentes proporções de uma mistura de três tipos de
sedimentos - areia, silte e argila, listados por ordem decrescente de granulometria.
O solo, do ponto de vista da engenharia elétrica, é o meio onde as correntes elétricas podem fluir, geralmente associadas à
operação das redes de energia elétrica, ou é o meio em que é enterrado um eletrodo de aterramento, neste caso abrangendo todo
o volume desse meio eletricamente influenciado pelo sistema de aterramento.
O solo tem uma estrutura heterogênea com resistividade que varia no tempo e no espaço, vertical e horizontalmente. A faixa de
resistividade dos materiais que compõem o solo é apresentada na tabela abaixo, em função da composição mineral, nível da
umidade, salinidade e grau de compactação.

Os valores de resistividade do solo podem ser assim classificados: o solo de baixa-resistividade – ? < 250 Om; o solo de média-
resistividade – 250 Om < ? < 1.000 Om; e o solo de alta-resistividade – ? > 1.000 Om. Do ponto de vista da engenharia elétrica
pode-se subdividir o solo em uma estrutura básica de três camadas: camada superficial – seca ou com baixo conteúdo de água
(não saturado), com matéria orgânica e resistividade média; solo saturado – abaixo do nível do freático, constituído por rochas
fraturadas e/ou alteradas, onde os poros e fissuras das rochas encontram-se saturados com água e sais dissolvidos, que agem
como eletrólitos fracos, resultando em resistividades mais baixas; e embasamento rochoso – camada de sedimentos muito
compactados ou de rochas cristalinas não fragmentadas, com resistividade média (no caso de rochas porosas ou fissuradas,
saturadas com água) ou elevada (no caso de rochas ígneas íntegras, como basaltos, granitos e gnaisses).
Pode-se acrescentar que a expressão medição da resistividade do solo é equivocada, pois este parâmetro não é diretamente
medido, nem mesmo em laboratório. O procedimento para a medição deste parâmetro é a chamada sondagem geoelétrica, que
vem a ser um tipo de sondagem geofísica. As sondagens mecânicas investigam a estrutura de subsuperfície a partir da perfuração
de poços e da coleta de amostras do subsolo. 

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As sondagens geoelétricas medem correntes elétricas, campos elétricos e campos magnéticos na superfície do solo. Estes
parâmetros são submetidos a um processo matemático chamado de inversão que infere o modelo geoelétrico correspondente.
As campanhas de sondagens geoelétricas podem ser assim classificadas: método – associado à fonte dos campos que são
medidos – elétrico ou eletromagnético; técnica – associada aos procedimentos e equipamentos – eletrorresistividade,
magnetotelúrica (MT), eletromagnética no domínio do tempo (TDEM), perfilagem de poços; arranjo – associado à configuração de
medição – dipolo-dipolo, Schlumberger, Wenner, etc.
Todos os métodos de sondagem geoelétrica têm como produto final, após o processamento dos parâmetros medidos, uma curva
de resistividades aparentes, que não caracteriza um parâmetro físico do meio, mas um perfil de resistividades em profundidade
visto da superfície do solo, que é dependente da estrutura geoelétrica prospectada e da técnica de medição utilizada. Um
processo matemático, chamado de inversão, infere o modelo geoelétrico correspondente à curva de resistividades aparentes do
solo.
As técnicas de sondagem geoelétrica para projetos de aterramento elétrico são medições volumétricas. Abrangem grandes
volumes de solo e visam a prospecção de uma média do parâmetro de resistividade dentro deste volume, em princípio o mesmo
volume visto pelos eletrodos de aterramento a serem dimensionados. Outras técnicas, que medem por amostragem ou que
medem a resistência de um eletrodo auxiliar, não são adequadas para a modelagem de volumes de solo compatíveis com as
dimensões das malhas de aterramento típicas, que ocupam áreas de dezenas a milhares de metros quadrados.
Os projetos de aterramento que necessitem de modelos geoelétricos mais profundos, devido à alta resistividade do solo ou a uma
malha de aterramento com mais de 20.000 m, podem ter as campanhas geoelétricas complementadas com as técnicas
eletromagnéticas apresentadas no Anexo A. Dessa forma, o desempenho de um sistema de aterramento pode ser medido ou
calculado com base em parâmetros específicos, como a resistência de aterramento, as tensões de passo e toque e a curva de
potenciais na superfície do solo.
Os gradientes de potenciais na superfície do solo, dentro da área abrangida pelo eletrodo ou adjacentes a ele, são função,
principalmente, da estrutura geoelétrica das camadas mais rasas do solo. Por outro lado, a resistência do eletrodo depende não
somente das camadas rasas do solo, mas também do embasamento rochoso, cuja profundidade é dependente da geologia local. A
profundidade do solo relevante para a definição do desempenho elétrico de um eletrodo de aterramento e, portanto, do modelo
geoelétrico mais adequado, é função das dimensões do eletrodo e das resistividades das camadas de subsuperfície.
O modelo geoelétrico mais simples é o unidimensional (1D), que é constituído por camadas horizontais paralelas, sendo cada uma
caracterizada pela sua espessura (e) e pelo valor de resistividade (r). Este modelo está associado aos solos formados por
processos geológicos sedimentares. Os projetos de aterramento de grandes plantas de geração de energia (hidroelétricas,
parques eólicos e fotovoltaicos) requerem modelos de solo mais profundos, da ordem de centenas de metros, que podem ser
obtidos pela combinação de técnicas de eletrorresistividade com sondagens eletromagnéticas (AMT ou TDEM).
O projeto dos eletrodos de sistemas de transmissão de alta-tensão em corrente contínua (HVDC High Voltage Direct Current)
requer a construção de modelos geoelétricos profundos, que, dependendo da tectônica regional, podem exigir a modelagem de
toda a crosta terrestre (cerca de 40 km de profundidade). O Anexo A apresenta os princípios básicos dos métodos de sondagem
geoelétrica complementares ao método da eletrorresistividade.
As sondagens elétricas verticais (SEV) são técnicas de sondagem geoelétrica que investigam a distribuição vertical do parâmetro
de resistividade, visto de um ponto na superfície do solo, e que são expressas pela curva de resistividades aparentes. As técnicas
elétricas são adequadas para a prospecção das camadas rasas do solo, atingindo profundidades de até algumas dezenas de
metros.
É o método de medição mais tradicionalmente utilizado no âmbito da engenharia elétrica, e baseia-se na injeção de correntes
elétricas no solo, por meio de dois eletrodos de corrente, e na utilização de dois eletrodos de potencial para a medição das
diferenças de potenciais produzidas no solo pela circulação da corrente injetada. As SEV empregam uma fonte de tensão contínua
ou de baixa frequência, e utilizam arranjos de quatro eletrodos simétricos e alinhados, cravados no solo a pequenas
profundidades.
Por meio dos dois eletrodos de corrente, circula uma corrente I no solo, e os dois eletrodos de potencial medem um ?V no solo, por
meio de um potenciômetro ou de um voltímetro de alta impedância. A resistividade do solo é proporcional a ?V/I, sendo o fator de
proporcionalidade uma função do arranjo empregado. A partir da relação entre a tensão medida e a corrente injetada, e de um
fator k, que depende apenas da configuração utilizada de eletrodos de medição.

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