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Descrição
Discussão dos principais ensaios não destrutivos eletromagnéticos, suas aplicações, limitações, vantagens
e desvantagens, e apresentação da execução dos ensaios por partículas magnéticas, correntes parasitas,
gamagrafia e tomografia computadorizada (TC).
Propósito
O entendimento das aplicações dos ensaios não destrutivos é importante para a avaliação do processo de
fabricação ou o acompanhamento de peças mecânicas acabadas.
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Ensaio de gamagrafia
Descrever o ensaio de gamagrafia.
Módulo 3
Módulo 4
Tomografia computadorizada
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Introdução
Confira um breve resumo dos principais conceitos sobre ensaios eletromagnéticos não destrutivos que
serão abordados neste conteúdo.
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Ensaio por partículas magnéticas
Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo.
A imagem que segue apresenta de maneira ilustrativa o exame de cordão de solda em tubos, pelo ensaio de
partículas magnéticas.
Campo magnético
O campo magnético (imagem a seguir) pode ser inerente ao material, como acontece nos ímãs naturais
(permanentes), por exemplo, a magnetita (Fe3O4), um dos minérios de óxido de ferro, apresentando os polos
magnéticos sul e norte. Essa imagem apresenta, esquematicamente, um imã natural e suas linhas de
indução. Note que as linhas de indução magnéticas são fechadas, “entrando” no polo sul e “saindo” do polo
norte.
Experiência de Oersted.
Essa classe de materiais apresenta permeabilidade magnética relativa igual a 1(μ = 1), sendo
levemente atraídas por ímãs. Como exemplos, podem ser citados o alumínio, a platina, o bismuto, o
cromo, o estanho etc. O ensaio por partículas magnéticas não é adequado para peças constituídas
desses materiais.
Essa classe de materiais apresenta permeabilidade magnética relativa menor que 1 (μ < 1), sendo
levemente repelidas por ímãs. Como exemplos, podem ser citados a prata, o zinco, o chumbo etc. O
ensaio por partículas magnéticas não é aplicável a peças constituídas dessa classe de materiais.
Métodos de magnetização
No ensaio por partículas magnéticas, há a necessidade de se magnetizar a peça a ser ensaiada. A obtenção
de campos magnéticos pode ocorrer por diversos métodos como, por exemplo, a magnetização longitudinal,
a magnetização circular e a magnetização multidirecional. A magnetização é obtida por meio de indução de
campo magnético ou por indução pela passagem de corrente elétrica. A imagem seguinte ilustra a técnica
do Ioque, ou Yoke, para a inspeção de uma estrutura.
Técnica de Yoke.
Na imagem a seguir, a percepção das linhas de indução magnética, geradas pela passagem de corrente
elétrica em fio condutor retilíneo, é possível pela utilização de limalhas de ferro. Observe os círculos
concêntricos no plano em azul.
Exemplo
A partir da combinação dos métodos longitudinal e circular, citados anteriormente, o vetor campo
magnético gerado por esse método permitirá a detecção de descontinuidades que não apenas as
longitudinais e as transversais à superfície da peça.
De acordo com Andreucci (2009), as principais vantagens do método de magnetização multidirecional são:
Redução do tempo de ensaio por partículas magnéticas, quando a inspeção é realizada em componentes
seriados, aumentando-se, assim, a produtividade;
Diminuição da probabilidade de erros humanos (inspetor), visto que o método possibilita a observação
simultaneamente tanto das descontinuidades longitudinais quanto das transversais.
Com a aplicação das partículas magnéticas de materiais ferromagnéticos, estas serão atraídas pelo campo
de fuga, agrupando-se e revelando as descontinuidades (trincas, escórias, falta de fusão, porosidade,
inclusões). Observe a imagem seguinte, em que uma peça é mostrada em dois instantes distintos:
Uma vantagem do ensaio por partículas magnéticas é que não existe um tamanho mínimo para a
descontinuidade gerar o campo de fuga e, consequentemente, ser detectada. Dessa forma, é considerado o
ensaio não destrutivo mais eficiente para detecção de trincas superficiais.
Nesta técnica de inspeção, dois eletrodos são encostados na superfície da peça, e uma corrente elétrica
flui pela peça. A magnetização é similar à que ocorre devido à passagem de corrente elétrica por um fio
condutor retilíneo, formando linhas de indução circulares (em verde). Observe a imagem anterior.
De acordo com Andreucci (2009), esta técnica é amplamente utilizada na inspeção de peças brutas
fundidas, em soldas, nas indústrias siderúrgicas etc. A imagem anterior mostra uma aplicação da técnica
para inspeção de soldas.
Técnica por contato direto.
Nesta técnica de inspeção, a corrente elétrica atravessa toda a “peça circular” (barras, eixos, parafusos
etc.), de uma extremidade a outra. A magnetização é similar à da técnica por eletrodos, ou seja, forma
linhas de indução circulares (em vermelho). Observe na imagem anterior.
A imagem anterior apresenta um exemplo de aplicação da técnica na inspeção para um eixo. Observe os
contatos nas extremidades do eixo e a pulverização do pó magnético (em amarelo).
Técnica da bobina
Nesta técnica, a peça é colocada no interior de uma bobina. Ao se fazer passar corrente pela
bobina, um campo magnético perpendicular ao plano das espiras do solenoide, ou seja,
paralelo à direção longitudinal da peça, é gerado, magnetizando a peça. Observe a
representação esquemática na imagem, que indica a direção do campo magnético e um
defeito detectável (transversal).
Técnica da bobina
Técnica de Yoke
N t té i ti ã li ã d l t í ã f d "U" i tid
Nesta técnica, ocorre magnetização com aplicação de eletroímã, em forma de "U" invertido,
que é diretamente apoiado sob a peça examinada. Pelo eletroímã, circula corrente elétrica,
que gera campo magnético paralelo à linha imaginária e une as “duas pernas” do Yoke.
Observe a imagem onde o campo magnético é gerado longitudinalmente à peça. Perceba a
distorção nas linhas de indução por conta de defeito.
Técnica de Yoke
Nesta técnica, um fio condutor, que passa pelo interior da peça (flanges, anéis, porcas etc.),
gera um campo magnético circular, que magnetizará as regiões interna e externa da peça.
Observe a imagem, em que um anel é ensaiado por partículas magnéticas, pela técnica
descrita, e uma trinca é destacada pelas partículas magnéticas (pó amarelo) utilizadas.
O ensaio por partículas magnéticas tem uma série de etapas normatizadas pela American Society of
Mechanical Engineers (ASME). Em linhas gerais, os principais passos são:
Limpeza da superfície;
Técnica de desmagnetização;
O pó utilizado no ensaio pode ser aplicado por via seca ou por via úmida.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
A alumínio.
B aço carbono.
C cobre.
D chumbo.
E zinco.
O ensaio por partículas magnéticas deve ser realizado em peças de materiais ferromagnéticos. Das
opções apresentadas, apenas o aço carbono é ferromagnético, ou seja, apresenta permeabilidade
relativa magnética maior que 1. Os demais materiais não são ferromagnéticos.
Questão 2
(Nuclep – Ensaios Não Destrutivos – Polo de biotecnologia do Rio de Janeiro (BIO RIO) – Técnico de
Controle de Qualidade – 2014). A origem do campo de fuga em um material utilizando uma inspeção
por partícula magnética se deve à passagem de
A diferença de potencial que produz campo magnético na linha de eixo de trinca profunda.
A magnetização de uma peça a ser ensaiada por partículas magnéticas é obtida por meio de indução
de campo magnético ou por indução de corrente elétrica. Para descontinuidades na direção transversal
da peça, aplica-se um campo magnético, por meio de um solenoide, em que as linhas de indução serão
paralelas à direção longitudinal da peça, ou ainda, perpendiculares à descontinuidade.
2 - Ensaio de gamagrafia
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever o ensaio de gamagrafia.
Vamos começar!
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Ensaio de gamagrafia
Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo.
A imagem seguinte apresenta um esquema do ensaio, destacando a fonte emissora dos raios gama, a peça
a ser ensaiada e o filme radiográfico. Observe que o filme apresenta pequenas segmentos de retas,
indicando as trincas internas da solda examinada.
Na gamagrafia, utilizam-se radioisótopos, sendo os mais comuns o cobalto 60 (Co), o irídio 192 (Ir) e o
selênio 75 (Se). Em relação aos raios X, os raios gama apresentam menor comprimento de onda, na faixa de
0,01 a 0,005Å. Portanto, a radiação gama tem maior poder de penetração na matéria, o que torna o ensaio
de gamagrafia mais apropriado para peças com maiores espessuras.
Aspectos gerais dos raios γ
As fontes que geram a radiação eletromagnética denominada de raios X são controláveis, ou seja, tem-se o
controle sobre quando ocorrerá ou não a emissão de raios X, isto é, a fonte pode ser "ligada ou desligada".
Diferentemente, os raios gama (γ) são "indefinidamente" produzidos, a partir de reações nucleares (no
núcleo) do isótopos radioativos. Em transformações nucleares, o núcleo do átomo sofre alterações e, em
consequência, há uma transformação em outro átomo. A seguir, tem-se um exemplo de reação de
decaimento do átomo de urânio em tório, com a emissão da partícula alfa.
238 4 234
U → α + Th
92 2 90
Partículas alfa ( 42 α)
Apresentam, em seu núcleo, 2 prótons (cargas positivas) e 2 nêutrons (carga nula), têm baixo poder de
penetração na matéria devido aos altos valores de: massa e tamanho. A reação anterior mostra a emissão
dessa partícula, no decaimento de urânio em tório.
A intensidade da radiação gama varia (no ar) com o inverso do quadrado da distância (“Lei do Inverso do
Quadrado da Distância”). Matematicamente, tem-se:
k
I ∼
2
d
Separação dos raios alfa, beta e gama a partir de uma campo elétrico.
−γ⋅t
A(t) = A 0 ⋅ e
A meia vida de um de um material radioativo (T 0,5 ) é o tempo necessário para que o número de átomos se
reduza à metade do valor inicial. É possível mostrar que o tempo de meia vida é dado por:
0, 693
T 0,5 =
γ
Um
Dois
A fonte radioativa específica para o irradiador.
Três
Cabe ressaltar que o irradiador não necessita de fonte externa de energia elétrica para a emissão da
radiação. Uma vez exposta a fonte radioativa, ocorrerá emissão para o meio externo.
A imagem seguinte apresenta um irradiador ou câmara projetado para o radioisótopo selênio 75,
tipicamente utilizado no ensaio de gamagrafia.
Na tabela, tem-se um resumo de algumas características físico-químicas das principais fontes radioativas
utilizadas para o exame de gamagrafia.
27
60
Co 5 anos 60 a 150mm de aço -
77
192
Ir 75 dias 10 a 80mm de aço -
69
170
Tu 127 dias 1 a 10mm de aço -
Qualidade do filme
comparável à
34
Se 120 dias 4 a 30mm de aço
75
qualidade obtida no
ensaio por raios-X
2
D ⋅ FE
t =
A
FE – fator de exposição;
Há a necessidade da colocação do indicador de qualidade de imagem (IQI) das normas da American Society
for Testing and Materials (ASTM). É um dispositivo, cuja imagem na radiografia é usada para determinar o
nível de qualidade radiográfica, ou seja, a sensibilidade. Pode ser de fios ou de furos. A imagem seguinte
apresenta um IQI do tipo furos (padrão ASTM).
IQI do tipo furos – ASTM.
A imagem que segue apresenta a utilização de IQI tipo fios em um exame de gamagrafia em soldas.
Depois da definição do tempo de exposição do filme à radiação gama e o IQI a ser preso na peça, monta-se
o aparato para o ensaio com a fonte radioativa, a peça e o filme radiográfico (filme, tela intensificadora e
etiqueta em câmera escura) e cuidados extras devem ser tomados em relação à segurança (barreiras
físicas, sinalizações luminosa e sonoras). Terminado o exame, a fonte radioativa é recolhida ao seu
invólucro, o filme é revelado e analisado, em relação aos defeitos da peça examinada.
No ensaio de gamagrafia, a radiação gama atravessa a peça a ser analisada. No trajeto, no interior da peça,
a radiação será mais ou menos absorvida, devido à diferença de densidade dos materiais ou à “ausência” de
matéria (vazios, descontinuidades etc.). Os raios emergentes da peça impressionarão o filme radiográfico
em tons de cinza mais ou menos escuros, dependendo diretamente da intensidade recebida. As regiões
claras são as de maiores espessuras e as escuras, referentes a menores espessuras (defeitos, por
exemplo). Assim, o filme revelado mostrará a estrutura da peça. Cabe ressaltar que o poder de penetração
da radiação depende do seu comprimento de onda. Para valores pequenos do comprimento de onda (alta
frequência), como é o caso dos raios gama, é alto o poder de penetração na matéria.
Exemplo
No exame por raios gama, deve-se sempre levar em conta a atividade da fonte, uma vez que esta vai
reduzindo-se ao longo do tempo. Por exemplo, o tempo de exposição do ensaio pode modificar bastante,
caso o ensaio seja realizado com fontes radioativas de atividades bem distintas.
Vantagens e desvantagens
De acordo com Garcia (2017), o exame de radiografia pode ser realizado, utilizando-se raios X ou raios γ. As
principais vantagens do ensaio de gamagrafia em relação à radiografia por raios X são:
Tamanho do Equipamento
O equipamento para o ensaio de gamagrafia é bem menor que o de raios X. facilitando-se o transporte e a
análise em campo, além de manuseio mais fácil.
Energia elétrica
O comprimento de onda da radiação gama é menor que o dos raios X, o que torna os raios gama com
maior poder de penetração na matéria, permitindo a análise peças mais espessas.
Custo do equipamento
O custo do equipamento é relativamente inferior ao do de raios X.
Emissão esférica
Com relação às desvantagens do uso da radiação gama em relação aos raios X, podemos citar as
seguintes:
Os radioisótopos da fonte gama emitem radiação de menor intensidade, necessitando de maior tempo de
exposição do filme radiográfico.
Tempo de meia-vida
Muitas fontes radioativas apresentam a meia-vida curta, como a do selênio (120 dias), obrigando a
substituição frequente da fonte do aparelho para gamagrafia.
As fontes radioativas têm emissão constante, diferente dos raios X, que podem ser “ligados” ou
“desligados”, a proteção individual dos operadores é mais rigorosa.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
(Indústria de Material Bélico do Brasil – IMBEL – Engenheiro Metalúrgico – 2021) Assinale a opção que
indica o tipo de ensaio que permite detectar, com boa sensibilidade, defeitos volumétricos sem a
utilização de energia elétrica.
A Por ultrassom.
Os cinco ensaios apresentados na questão são não destrutivos (END), sendo os por inspeção visual e
por líquidos penetrantes indicados para descontinuidades superficiais. Os ensaios por ultrassom, por
raios X e por raios gama (gamagrafia) são utilizáveis para a detecção de defeitos internos de uma peça.
Contudo, o único em que não há a necessidade de fonte de energia elétrica encontra-se na alternativa E.
Questão 2
(INEP – ENADE – 2019 – adaptado ) A prática de gamagrafia industrial requer equipamentos que
auxiliarão nos ensaios e desempenho das funções de proteção radiológica, a fim de que o trabalhador
não se exponha a altas doses de radiação. Basicamente, para um ensaio não destrutivo, é necessário
ter um irradiador de gamagrafia contendo urânio exaurido para a blindagem da fonte radioativa; um tubo
guia, que acoplado ao irradiador conduzirá a fonte; um cabo de comando com controle mecânico para a
movimentação da fonte; e tripé que, caso necessário, fixará o terminal de exposição quando a fonte for
exposta sobre o material.
II. A correta utilização do cabo de comando e tubo guia do aparelho permite utilizar a distância como
fator de proteção radiológica.
III. A intensidade da radiação ionizante utilizada decai com o inverso do quadrado da distância, portanto,
quanto maior o cabo de comando e tubo guia, menor será a exposição do operador.
A I, apenas.
B II e III, apenas.
C I e III, apenas.
D II, apenas.
E I, II e III.
Os raios X não são emitidos por um fonte radioativa, mas sim os raios gama. O aparato para gamagrafia
industrial apresenta uma fonte radioativa, o cabo de comando e o tubo guia. Dessa forma, é possível
manter o operador afastado da fonte quando está exposta, garantindo segurança na realização da
gamagrafia. A intensidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância à fonte
radioativa. Cabos de comando e tubos guia longos mantêm o operador afastado da radiação,
diminuindo a intensidade que o alcança.
3 - O ensaio por correntes parasitas
Ao final deste módulo, você será capaz de empregar o ensaio por correntes parasitas.
Vamos começar!
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O ensaio por correntes parasitas
Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo.
Fundamentos eletromagnéticos
O método de ensaio não destrutivo eletromagnético tem origem nos estudos do Dr. Friedrich, na inspeção de
descontinuidades superficiais e subsuperficiais em peças metálicas. Esse ensaio não destrutivo tem como
princípio físico as correntes de Foucault ou correntes parasitas. Em linhas gerais, quando uma bobina
alimentada por corrente elétrica se aproxima de um metal, induzirá correntes elétricas “circulares” na peça
que gerarão um campo magnético de sentido oposto ao da bobina.
Indução eletromagnética
A fim de explicar de forma mais simples esse efeito ocorrido na Física, vamos supor um campo magnético e
uma espira metálica no interior do campo. Se o fluxo magnético (ϕ = B ⋅ A ⋅ cos θ) sofrer alguma variação
(variação da intensidade do campo magnético B, da área A ou do ângulo θ ), ocorrerá a indução
eletromagnética, ou seja, surgirá, na espira, uma corrente elétrica induzida. Nos exemplos a seguir, serão
mostradas algumas situações em que a variação do fluxo (no indutor) provoca o surgimento da corrente
elétrica induzida (no induzido).
Primeiro exemplo
Será mostrada a variação do fluxo magnético pela variação do campo magnético B. Observe que existe um
galvanômetro que indica a passagem da corrente elétrica pela espira metálica. Observe a imagem a seguir,
em que, inicialmente, o ímã encontra-se parado, portanto, o fluxo não varia.
Consequentemente, não é induzida a corrente na espira (observe a imagem anterior). A imagem seguinte
apresenta a deflexão do ponteiro do galvanômetro para três situações.
Na primeira não há corrente induzida pela variação do fluxo magnético e, na segunda e terceira, a deflexão
está de acordo com a aproximação ou afastamento do ímã, em relação à espira (veja a imagem fluxo
magnético constante atravessando uma espira metálica).
Segundo exemplo
Na imagem seguinte, a variação do fluxo magnético é decorrente da variação da área A. Observe que a
espira retangular, ao se movimentar para a esquerda ou para a direita, faz o fluxo variar, induzindo a corrente
elétrica na espira (indicação no galvanômetro).
Terceiro exemplo
Será apresentada a possibilidade de variação do fluxo magnético, a partir da variação do ângulo θ entre o
vetor campo magnético B e a reta normal ao plano da espira. Observe a imagem seguinte, em que a espira
retangular gira, mudando, assim, o ângulo θ. Essa variação provoca a indução da corrente elétrica na espira.
Variação do fluxo devido a variação do ângulo – corrente elétrica induzida.
Correntes de Foucault
Quando um fluxo de indução atravessa uma espira condutora fechada e tem sua intensidade variada,
correntes serão induzidas na espira e um campo magnético no sentido oposto surgirá (Lei de Lenz). A
imagem seguinte apresenta um ímã se aproximando da espira e induzindo uma corrente com sentido tal
que o campo magnético induzido seja oposto ao do ímã.
Lei de Lenz.
As correntes de Foucault, parasitas ou eddy currents são, portanto, geradas a partir da indução
eletromagnética. Quem mostrou, pela primeira vez, a existência dessas correntes foi o físico e astrônomo
francês Léon Foucault.
Em chapas
Em tubos
Na inspeção de soldas
Uma grande vantagem, em relação ao ensaio por ultrassom, é não necessitar de líquidos acoplantes.
Curiosidade
O ensaio também pode verificar a dureza e a condutividade do metal.
A imagem a seguir apresenta, esquematicamente, a corrente de fuga em uma placa condutora. Na figura à
esquerda, devido à variação do fluxo magnético de uma bobina, as correntes de fuga apresentam-se em um
circuito circular fechado. Na presença de um defeito (figura à direita), ocorre uma distorção das linhas
circulares.
Em linhas gerais, a imagem seguinte apresenta o ensaio por correntes parasitas. Inicialmente, no
equipamento, uma corrente elétrica alternada, com frequência definida para cada material e espessura, é
utilizada para que, na bobina, seja induzido um campo magnético. Na sequência, a sonda é aproximada da
superfície da peça a ser examinada, levando à formação das correntes parasitas. Quando existe um defeito
na peça, ocorre variação na impedância elétrica da bobina excitadora que será observada, por exemplo, num
osciloscópio. O sinal medido depende das características da sonda, da geometria da peça testada, das
propriedades elétricas e magnéticas do material e da frequência utilizada para a realização do ensaio.
Ensaio por correntes parasitas – esquema.
As correntes parasitas são geradas no material por meio de bobinas que são excitadas por correntes
elétricas alternadas, com frequência definida para cada material e espessura. A interação entre as correntes
parasitas e o material pode ser observada por meio da monitoração da impedância elétrica da própria
bobina excitadora, com o auxílio, por exemplo, de um osciloscópio. O ensaio é capaz de detectar:
4. Medição de espessuras de camadas não condutoras de eletricidade como, por exemplo, de camadas de
tintas em peças condutoras de eletricidade.
A imagem a seguir apresenta um operador examinando uma estrutura por meio do ensaio por correntes
parasitas. É possível observar a sonda próxima à estrutura e o equipamento para a leitura, por exemplo, de
trincas superficiais.
Operador ensaiados estrutura pelo método de correntes parasitas.
Sensibilidade
Detecção de defeitos
Resultados
Automação do ensaio
Acoplamento
Materiais
Superfície da peça
Sensibilidade
Profundidade de penetração
Descontinuidade
A imagem a seguir dá a representação esquemática, em que uma sonda é aproximada de uma peça,
exemplificando a profundidade de penetração.
Profundidade das correntes parasitas.
A imagem seguinte é um exemplo de descontinuidade não detectáveis, por estarem na direção das
correntes parasitas.
A partir da indução eletromagnética de uma bobina externa, as correntes de Foucault ou eddy currents são
tipicamente “geradas” na superfície de uma peça metálica condutora de eletricidade. Contudo, as correntes
parasitas (eddy currents) apresentam alguma profundidade de penetração (indicado na imagem de
profundidade das correntes parasitas).
A profundidade padrão de penetração (δ) é definida como a profundidade em que as correntes parasitas
apresentam 37% do valor na superfície. Observe a imagem do gráfico apresentado, a seguir.
μ - permeabilidade magnética;
σ - condutividade elétrica.
Fator lift-off
O ensaio por corrente parasitas é fortemente influenciado pela distância da sonda à superfície da peça, uma
vez que a diminuição da densidade das correntes parasitas é muito rápida quando a sonda se afasta da
superfície, chegando ao ponto de deixarem de existir. É o denominado lift-off. Durante o teste, a sonda é
movimentada, mas devendo-se manter a distância à superfície constante, para se ter uma mesma
referência. Essa variação de distância da sonda à superfície pode ser utilizada para a determinação de
espessuras de camadas de tintas, em peças condutoras de eletricidade. Observe a imagem que segue, em
que quatro peças metálicas condutoras de eletricidade estão com camada protetoras de tinta com
espessuras diversas. O ensaio por correntes parasitas indica, na tela do equipamento, as curvas para cada
camada e o comprimento, em milímetros.
Questão 1
(Eletrobrás Termonuclear S.A. – Engenheiro Metalúrgico – 2006) O ensaio não destrutivo de correntes
parasitas permite dimensionar a espessura de revestimentos não metálicos (como plásticos ou
polímeros) aplicados sobre substratos metálicos em consequência
Questão 2
As duas técnicas são ensaios não destrutivos, que são utilizadas para a detecção de descontinuidades
superficiais e subsuperficiais. Na segunda técnica, por correntes parasitas, há a necessidade de que o
material da peça a ser examinada seja condutor de eletricidade.
4 - Tomografia computadorizada
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a tomografia computadorizada.
Vamos começar!
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Tomografia computadorizada
Confira os principais pontos sobre o assunto que serão abordados ao longo deste conteúdo.
Generalidades da radiografia digital
A partir do ensaio não destrutivo convencional de raios X (fonte – peça – filme radiográfico) e com o
advento das imagens digitais, foi possível uma variação da radiografia convencional, a radiografia digital
(RD), que, em linhas gerais, não apresenta o filme radiográfico para obtenção da imagem do ensaio. A
imagem seguinte apresenta duas versões do ensaio por raios X:
As imagens acima apresentam um tubo soldado. É perceptível a diferença de qualidade entre o método
convencional e o método digital do ensaio por raios X. Para a inspeção de uma peça, essa diferença de
qualidade da imagem é fundamental, podendo ser a diferença entre a percepção ou não de um defeito
interno, por exemplo.
A radiografia digital (DR), ou seja, a radiografia sem a utilização de um filme fotográfico, é similar à
radiografia convencional, porém, é utilizada uma placa que, ao ser sensibilizada, a imagem digital é obtida
na tela de um computador. A qualidade da imagem digital é a sua resolução. A imagem digitalizada é
formada por um conjunto de pixels, que são pequenos quadrados com uma única tonalidade de cor. Veja, na
imagem seguinte, alguns exemplos de imagens com diferentes quantidades de pixels. A resolução é a
menor distância entre dois pontos da imagem visualizada.
Representação de pixels.
Radiografia computadorizada
É um método indireto de digitalização da imagem do filme radiográfico. Em linhas gerais, nesse método,
uma tela de fósforo armazena a energia incidente (raios X ou raios gama) e os elétrons do fósforo são
excitados por laser, emitindo luz que é armazenada, digitalmente, em um computador. A imagem a seguir
apresenta uma ilustração do descrito.
Telas fluorescentes
É um método indireto de digitalização da imagem do filme radiográfico, assim como a radiografia
computadorizada. Esse método pode utilizar uma tela intensificadora fluorescente de fósforo ou de iodeto
de césio, com a finalidade de converter a radiação (raios X ou gama) que passou pela peça em radiação do
espetro visível (luz). Posteriormente, ocorre a captura da luz visível por um fotodiodo e a imagem é
armazenada digitalmente. Comparando-se os dois métodos indiretos de digitalização, as imagens
apresentam qualidades similares. A imagem a seguir apresenta, esquematicamente, o método descrito.
Processo direto
É um processo, em que a energia da radiação utilizada no ensaio, raios X ou gama, é convertida diretamente
em sinal elétrico por meio de um detetor de selênio amorfo. Uma das vantagens deste método é a
possibilidade de doses menores de raios X ou tempos de exposição menores, influenciando diretamente na
proteção do operador. A imagem seguinte apresenta um esquema do sistema direto indicando a conversão
da radiação (raios X) em um sinal elétrico.
Processo direto para radiografia digital ‒ esquema.
A imagem a seguir apresenta uma placa de captura para o processo direto de radiografia digital formada por
selênio (Se) amorfo. A resolução alcançada na imagem digital é de 2560 x 3072 pixels.
Como foi apresentado anteriormente, o processo direto da radiografia digital utiliza um detector direto de
radiação que transforma a radiação incidente (raios X, por exemplo) em sinal elétrico, tornando o método
vantajoso, pois há redução de perdas e melhora na eficiência do processo. Ademais, o aparato de detecção
é reaproveitável.
A imagem seguinte apresenta mais um exemplo comparando duas imagens radiográficas: a superior,
conseguida pelo método convencional do ensaio por raios X, e a imagem inferior, por processamento digital.
Comparação de imagem radiográficas: convencional e digital.
As placas de captura da imagem digital permitem uma ampla utilização em variadas condições de
exposição, possibilitando reutilização imediata caso ocorram erros na exposição, evitando-se, assim,
perdas de material e de tempo no ensaio.
A grande latitude de exposição das placas de captura digital permite a visualização da imagem
radiográfica com somente uma pequena exposição à radiação, o que possibilita melhorar a proteção
radiológica da instalação, otimizando a segurança.
As placas de captura possuem longa durabilidade e de boa proteção mecânica, podendo operar em
temperaturas de 10 a 35oC.
Os programas de computador para análise da imagem digital são versáteis, permitindo ampliações
localizadas da imagem, propiciando maior segurança do laudo radiográfico.
Tomografia computadorizada
A tomografia computadorizada (TC) é uma ferramenta que, inicialmente, teve sua aplicação na medicina
como um exame médico não invasivo. Em linhas gerais, são seccionamentos abstratos na região do corpo
que o médico deseja avaliar. A imagem seguinte apresenta uma máquina de ensaio de tomografia
computadorizada e uma série de imagens provenientes do exame.
Máquina de exame de TC utilizada na medicina e imagens.
Esse processo é feito por um complexo sistema que permite visualizar a imagem de uma peça em 3D e,
também, possibilita a separação e visualização da peça por planos ou camadas.
A partir da imagem gerada no computador, várias são as ferramentas que podem auxiliar na inspeção da
peça. Na imagem a seguir, tem-se a visualização completa de uma peça em alumínio, a partir do ensaio por
tomografia computadorizada. Seccionamentos na imagem da peça podem ser efetuados e revelarem, por
exemplo, defeitos.
Observe, na imagem seguinte, um círculo que destaca um defeito interno no plano de corte.
A utilização de baixa energia de raios X para peça com massa específica baixa.
As imagens com qualidade mais alta (precisão, exatidão e informações) que as das radiografias
convencionais de raios X.
De acordo com Andreucci (2013), a tomografia industrial é um ensaio pouco aplicado na indústria, em razão
do alto custo, bem como das aplicações restritas a peças pequenas.
De acordo com Garcia (2017), os seguintes parâmetros dependem diretamente da composição e do
tamanho da peça: a potência do equipamento gerador de raios X e a espessura (quanto mais fina, mais
nítidas e com detalhes são as imagens).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
O ensaio não destrutivo por raios X digital é o prelúdio do ensaio por tomografia computadorizada (TC).
A respeito da digitalização das radiografias, são feitas as seguintes afirmativas:
II. Outro método indireto de digitalização da imagem do ensaio de raios X é conhecido como radiografia
com telas fluorescentes, que utiliza uma tela intensificadora fluorescente de fósforo ou de iodeto de
césio. A imagem desse método apresenta maior resolução que a do método de radiografia
computadorizada.
III. O processo direto de digitalização de raios X converte diretamente a radiação em sinal elétrico por
meio de um detetor de selênio amorfo. Nesse método, o tempo de exposição é inferior aos demais
métodos.
É verdade que
A técnica por tomografia computadorizada (TC) tem suas primeiras aplicações na medicina, auxiliando
o médico na diagnóstico do paciente. A TC na engenharia, como um ensaio não destrutivo, é uma
evolução do ensaio por raios X. A radiografia digitalizada pode ocorrer por dois métodos indiretos e um
direto. O primeiro dos métodos indiretos denomina-se radiografia computadorizada (RC) que, em linhas
gerais, apresenta uma tela de fósforo que armazena a energia incidente (raios-X) e os elétrons do
fósforo são excitados por laser, emitindo luz que é armazenada, digitalmente, em um computador. O
segundo método indireto é a radiografia com telas fluorescentes, que apresenta imagens com
qualidade similar ao método CR. Esses dois métodos apresentam qualidades de imagens equivalentes.
Em relação ao método direto de digitalização, ocorre a conversão da energia da radiação diretamente
em sinal elétrico por meio de um detetor.
Questão 2
O ensaio não destrutivo, em que a rotação da peça a ser analisada gera várias imagens bidimensionais,
e que, a partir da utilização de um software adequado, é possível ver a representação tridimensional da
peça, com dimensões exatamente iguais às da peça, é denominado
A raios X convencional.
B radiografia computadorizada.
A definição apresentada no enunciado da questão é uma síntese do ensaio não destrutivo por
tomografia computadorizada. A grande diferença dos demais ensaios é a possibilidade de a imagem
ser tridimensional e, digitalmente, fazer cortes, mostrando eventuais falhas ou defeitos na fabricação
ou durante o uso da peça.
Considerações finais
Neste conteúdo, foram abordados os principais ensaios não destrutivos magnéticos utilizados para
detecção de defeitos superficiais ou internos: o de partículas magnéticas, a gamagrafia, o de correntes
parasitas e a tomografia computadorizada (TC).
Inicialmente, foi apresentado o ensaio por partículas magnéticas e realizado o estudo do campo de fuga e
dos métodos de magnetização da peça a ser ensaiada. Foi apresentada a classificação dos materiais, em
relação à permeabilidade magnética e que materiais podem ser ensaiados por partículas magnéticas.
Ademais, foram relacionadas as principais vantagens e limitações do ensaio.
Na sequência, foi feita a descrição do ensaio de gamagrafia, sendo revistos os conceitos de emissão
radioativa, de decaimento exponencial e de meia vida de um radioisótopo. Vantagens, desvantagens e
aplicações do ensaio de gamagrafia foram apresentadas.
Seguindo, o ensaio por correntes parasitas (eddy currents) foi estudado, iniciando-se com a revisão de
alguns conceitos de indução eletromagnética. As principais aplicações do ensaio foram vistas e, também,
suas limitações. O fator lift-off foi apresentado, bem como a sua aplicação na medida de espessura de
tintas em materiais condutores de eletricidade.
Na última etapa, apresentou-se o ensaio por tomografia computadorizada, seu princípio físico e suas
aplicações.
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Agora, o especialista encerra o tema falando sobre os principais tópicos abordados.
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Para conhecer mais sobre o assunto tratado, sugerimos a leitura do trabalho Metodologia de um ensaio não
destrutivo, baseado em medidas de tensão Hall, para determinação de descontinuidades em aços ao
carbono, de Rayssa Lins e Edgard Silva, publicado na revista Principia (Divulgação Científica e Tecnológica
do IFPB nº 26).
Referências
ANDREUCCI, R. Partículas Magnéticas. São Paulo: ABENDE, 2009. (Edição jan.)
GARCIA, A.; SPIM, J. A.; DOS SANTOS, C. A. Ensaios dos Materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
VILLAS BÔAS, N.; DOCA, R. H.; BISCOULA, G. J. Tópicos de Física. v. 2. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
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