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Ensaios Não Convencionais

ENSAIOS NÃO CONVENCIONAIS

Com a evolução tecnológica têm-se disponibilizado de equipamentos cada vez mais


complexos e que operam em condições severas e ambientes, na usa maior parte, hostis ao
homem. O cenário atual exige o desenvolvimento paralelo de técnicas capazes de avaliar e
monitorar tais equipamentos.
Os novos dispositivos de avaliação têm como premissas básicas à alta produtividade, ou
seja, trabalho em sistema de varredura, interação com micro computador, alto avaliação do
resultado e comando a distância do objetivo inspecionado e cada vez mais se torna
especializado em análise, tendo que ser apto a lidar com a informática. Outro
posicionamento do inspetor a ser discutido é ter sempre em mente a idéia de selecionar,
com base técnica a melhor metodologia a ser utilizada, pois com o aumento da
complexidade os custos envolvidos são elevados. Define-se então, de uma frase antiga
mais totalmente adequada ao momento atual: Escolher a técnica adequada não é
simplesmente escolher o sistema mais novo ou avançado e sim o adequado à aplicação.
Alguns fatos a serem levados em consideração para aplicação e adequação da técnica:
• Requisitos da técnica (como estado de limpeza do equipamento);
• Tempo de operação do equipamento;
• Custo do equipamento a ser inspecionado;
• Custo da contratação da inspeção, entre outros.

Adequar é obter o melhor resultado esperando no menor tempo e se possível menor custo.

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1. CORRENTE PARASITAS (EDDY CURRENT)

A inspeção por correntes parasitas, também conhecidas como corrente de Foucault ou do


inglês “eddy currents”, é uma técnica de inspeção não-destrutiva baseada na introdução da
corrente elétrica no material a inspecionar e observação da interação entre correntes e o
material.
As correntes parasitas são geradas por meio de bobinas eletromagnéticas, localizadas na
sonda ou bobina de inspeção, que têm impedância continuamente monitorada. Como se
trata de um ensaio que emprega indução eletromagnética, não necessita de contato entre a
sonda e a peça, requerendo apenas, que o material seja condutor elétrico.
A inspeção por correntes parasitas é uma técnica de múltiplas aplicações, principalmente
em materiais delgados. Em materiais grossos, as limitações de penetração implicam apenas
em inspeção de camadas superficiais. Além da detecção das descontinuidades, podem ser
empregadas para medir indiretamente características mecânicas e metalúrgicas que sejam
influenciadas pro propriedades elétricas e magnéticas.Aspectos geométricos da peça sob
inspeção como espessura, curvatura e distância sondam materiais influem no fluxo de
correntes parasitas podendo ser medidas.
Esses grandes números de variáveis potencialmente influentes constituem pontos positivo e
negativo da técnica, já que os efeitos de parâmetros influentes, mas que não são de
interesse para uma dada aplicação, podem ocultar informações ou mascarar resultados.
Praticamente, tudo que afeta o fluxo das correntes parasitas ou altera a impedância da
sonda, tem que ser considerado de forma a obter resultados confiáveis. Por essas razões a
inspeção por correntes parasitas requer um alto grau de formação e treinamento do
inspetor.
As aplicações industriais do ensaio são em cilíndricos, tubos chapas e camadas de
revestimento, fornecendo uma maneira de medir condutividade, detectar descontinuidades e
determinar espessura de revestimentos. Visto que se obtém uma informação contínua no
ensaio, este é particularmente interessante e fácil de se aplicado de se aplicado em
inspeções automáticas, em linhas de produção.

1.1. Vantagens de Limitações da Técnica


A – Vantagem
• As indicações são obtidas instantaneamente não requerendo tempo de revelação.
• Os procedimentos de inspeção são prontamente adaptáveis a testes passa-não passa.
• O método é sensível a muitas variáveis físicas e metalúrgicas. Dessa forma são muitas
as aplicações possíveis, desde que as variáveis que não são de interesse possam ser
eliminadas ou suprimidas.
• A única ligação entre o aparelho e a peça inspecionada é o campo magnético.
• A maioria dos aparelhos utilizados é portátil e com baterias.

B – Limitações
• O sucesso do procedimento de inspeção é diretamente dependente da habilidade do
inspetor em suprimir os efeitos das variáveis que não são de interesse.
• E aplicável apenas a materiais condutores.

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• Nas aplicações comuns a profundidade de penetração e menor que 5mm.


• A inspeção de materiais ferromagnéticos é mais difícil de realizar e geralmente com
menor sensibilidade.

2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
2.1. Corrente Elétrica e Campo Magnético

A corrente elétrica é definida como o movimento de elétrons através de um condutor.Os


elétrons são partículas com carga negativa de peso e dimensões infinitamente pequenos.
Condutor é qualquer material capaz de transportar uma corrente elétrica. Nos materiais
condutores os elétrons de um determinado átomo são libertados e juntam-se ao átomo
seguinte, quando se aplica uma força eletromotriz.
A força eletromotriz é a responsável pelo movimento dos elétrons e sua unidade e o volt.
Quando uma força eletromotriz é aplicada sobre um material condutor, ocorre um fluxo de
elétrons (através deste) já dito acima.
Alguns materiais exigem uma maior quantidade de energia para possibilitar o fluxo de
elétrons.Diz-se então, que tais materiais oferecem uma resistência ao fluxo de elétrons.
A resistência de um determinado material é o fator que limita a quantidade de corrente que
passa através deste material.
A unidade de corrente elétrica é o “AMPÈRE”. Seu valor quantitativo é estabelecido como o
fluxo de 6.25 X10 elétrons por segundo que passam em uma determinada seção do
condutor.
A unidade de resistência é o “OHM”. Seu valor é definido como a força eletromotriz de um
volt dividido pela corrente de uma ampère.
A condutividade é o nome dado à capacidade de cada material em conduzir a corrente
elétrica. A condutividade é oposta da resistência. Materiais que possuem alta resistência
têm baixa condutividade e aqueles que possuem baixa resistência conseqüentemente, têm
alta condutividade. A unidade de condutividade é o “MHO”.

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CONDUTIDADE =
RESISTÊNCIA

Num circuito de corrente contínua, pode-se relacionar a voltagem, a corrente e a resistência


segundo a “Lei d OHM”, ou seja: a força eletromotriz (volts) através do circuito é igual à
corrente (ampère) multiplicada pela resistência (OHM) total do circuito. Esta lei pode ser
representada matematicamente pela seguinte equação:

E = R×I

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2.1.1. Magnetismo

Magnetismo é a propriedade que certos materiais possuem de exercerem forças mecânicas


em materiais semelhantes. Um exemplo deste efeito magnético é atração que um magnético
é a atração que um magneto exerce sobre um prego de aço.
Não se sabe exatamente porque o prego é atraído pelo magneto, no entanto se uma barra
magnética é coberta por uma folha de papel e sobre esta, partículas de aço são espalhadas,
verifica-se que as partículas alinhar-se-ão em linhas que vão um pólo para outro conforme
ilustra a figura abaixo:

Fig. 2.1 – Campo magnético ao redor de um ìmã.

O alinhamento das partículas indica que estas linhas formam um campo ao redor do
magneto e que qualquer material magnético que entrar neste campo é atraído pelo
magneto. Por esta razão estas linhas são chamadas “Linhas de Força”.
A direção destas linhas de força pode ser mais bem ilustrada quando se utilizam dois
magnetos.
Quando pólos iguais são colocados juntos, há uma repulsa entre ambos, mas se pólos
diferentes são aproximados, observa-se uma atração entre eles.
A figura seguinte ilustra este efeito.

Fig. 2.2 – Atração e repulsão em um campo magnético

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Fluxo magnético é definido como o número de linhas de força que passam por unidade de
área.
Essa unidade é “GAUSS”, sendo que, um Gauss representa uma linha de força passando
através de uma área de um centímetro quadrado.
Sabe-se que quando uma corrente elétrica flui através de um fio, tem-se em volta deste a
formação de um campo magnético. A direção do campo magnético em volta do fio depende
da direção da corrente e pode ser facilmente determinada através da regra da mão direita.

Fig. 2.3 – Campo magnético em volta de um condutor reto.

Se este fio agora é enrolado de forma a se obter uma bobina, as linhas de força formarão
um campo magnético em forma de loop, como ilustra a figura abaixo. A força do campo
magnético depende de dois fatores: o número de voltas da bobina e o valor da intensidade
de corrente. Aumentando-se qualquer um destes fatores, aumenta-se a força do campo
magnético.

Fig. 2.4 – Campo Magnético de uma Bobina.

A direção do campo depende da direção da corrente que flui através da bobina conforme
mostra a figura a seguir:

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Fig. 2.5 – Direção do campo magnético em uma bobina.

Ao introduzir-se uma barra de aço no interior de uma bobina ligada a uma fonte de energia
elétrica, ter-se-á linhas de força passando pela barra de aço. Ao remover-se a alimentação,
verifica-se que a barra de aço retém algum magnetismo, devido ao alinhamento das
moléculas de aço quando da aplicação do campo magnético.
Se envolver agora uma barra de alumínio por uma bobina e a mesma corrente se for
aplicada, o campo magnético é estabelecido como no aço, exceto que este não será tão
forte. Esta diferença na força do campo resulta da maior ou menor capacidade destes dois
metais de conduzir as linhas de fluxo.O termo usado para descrever esta capacidade é
chamado de “relutância magnética”. O alumínio possui maior relutância que o aço.
Nota: Relutância num circuito magnético é comparada com a resistência num circuito
elétrico. Relutância é a oposição que o material oferece ao estabelecimento de um fluxo
magnético em si.
Outra diferença entre o alumínio e o aço é que quando a corrente é removida da bobina com
a barra de alumínio, este não retém qualquer campo, ou seja, o alumínio não é
magnetizável.Suas moléculas não serão alinhadas com o campo magnético, portanto ele
não será atraído por um magneto.
Materiais semelhantes ao aço quanto ao poder de magnetização, são chamados
ferromagnéticos.Os materiais ferromagnéticos são capazes de reter magnetismo resultante
do campo aplicado a eles.Materiais não magnéticos não conseguem ser magnetizado e não
são atraídos pelo imã.
Os grupos de materiais ferromagnéticos são facilmente magnetizados.
A figura 2.6 plota a força magnetizante (H= Ampère x N° de voltas da bobina) versus a
densidade de fluxo (B) para dois tipos de materiais ferromagnéticos.Estas curvas ilustram os
efeitos das propriedades magnéticas de materiais ferromagnéticos.Estas curvas são
chamadas curvas de Histerese.

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Fig. 2.6 – Curvas de Histerese.

A obtenção destas curvas se faz através da aplicação da força magnetizante (H) e da


medição da densidade de fluxo (B) para dois materiais ferromagnéticos distintos. As linhas
tracejadas da Figura mostram o comportamento da densidade de fluxo em função do
aumento da força magnetizante, ou seja: Para pequenos incrementos da força magnetizante
tem-se um grande aumento no valor da densidade de fluxo, até atingir-se o ponto “a”,
chamado ponto de saturação. Note-se que o material A requer uma força magnetizante
maior que o material “B” para alcançar a saturação.Diz-se então que o material A possui
maior relutância que o material B.
O termo utilizado para referir-se à oposição da relutância é a “Permeabilidade”.
Permeabilidade é a capacidade que o material apresenta ao estabelecimento do fluxo
magnético.O material B é mais permeável que o material A. Numericamente a
permeabilidade é igual a B/H. Se a força magnetizante for gradualmente reduzida a zero,
tem-se a curva a – b. O ponto b, então, representa densidade de fluxo remanesce no
material depois que a força magnetizante é retirada. A isto se dá nome de “Magnetismo
Residual”.
Se a direção da corrente de magnetização é revertida e gradualmente seu valor
incrementado, o campo magnético será reduzido até atingir o valor zero (Ponto
c).Aumentando-se ainda mais a corrente chega-se ao ponto d.
Quando a força magnetizante decresce para zero, o campo residual (ponto e) tem direção
oposta ao anterior. Aumentando-se ainda, a corrente (agora na direção original) reduz –se
campo magnético a zero (ponto f). Em seguida obtém-se o campo magnético na sua direção
original até a saturação (ponto a).

Lei de Faraday

Em 1832 Faraday reportou o descobrimento da lei de indução eletromagnética, a qual forma


a base do exame por correntes parasitas.
A lei de Faraday afirma, que quando um campo magnético interceptar um condutor ou
quando um condutor interceptar um campo magnético, uma corrente elétrica flui através
deste condutor. Em outras palavras: uma corrente elétrica pode ser induzida num condutor
de duas maneiras:

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1. Quando um condutor atravessa um campo magnético;


2. Quando a corrente que passa no condutor é variável.

A Figura 2.7 mostra esquematicamente uma experiência que comprova a lei de Faraday.
Quando a chave é ligada ocorre uma passagem de corrente contínua através do circuito
primário que é constituído de uma bateria, chave liga-desliga e uma bobina.
Com a corrente estabilizada não haverá nenhuma variação no campo magnético induzido
por este circuito. No entanto, ao ligar-se à chave há uma variação na corrente de zero até o
seu valor máximo estabilizado.Isto provocará uma variação no campo magnético na bobina
do circuito primário e haverá uma deflexão na agulha amperímetro indicado passagem de
corrente no circuito secundário. Quando a chave é desligada, novamente tem-se variação
de corrente no primário e mais uma vez a agulha se defletirá indicando momentaneamente
passagem de corrente no secundário, agora em sentido contrário a anterior.
Esta experiência mostra que a corrente somente flui no circuito secundário quando o fluxo
magnético varia no primário.

Fig. 2.7 – Indução eletromagnética em Circuito CC.

Corrente alterada
A figura 2.8 ilustra uma experiência para determinar se a corrente elétrica será induzida em
um condutor quando o campo magnético permanecer constante e, apenas o condutor move-
se dentro deste campo.

Fig. 2.8 – Indução causada pelo movimento da bobina através do campo magnético.
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Quando a bobina gira dentro do campo magnético, uma corrente elétrica é induzida na
bobina, mas esta varia de sentido ao longo do tempo e seu valor não é constante. A
corrente varia de zero a um valor máximo e decai novamente a zero.Este ciclo se repete
enquanto a bobina está girando. Note-se que uma revolução da bobina produz um ciclo de
corrente.

Fig. 2.9 – Ilustração de como a corrente elétrica corresponde a uma revolução da bobina.

Como mostrado na figura anterior, as linhas de fluxo devem ser o mais perpendicular
possível ao plano da bobina, a fim de produzir um valor máximo de corrente induzida na
bobina, ou seja, tem-se corrente máxima quando as linhas de fluxo atravessam a bobina
como mostrado na figura acima. Ao girar 90° como se verifica na figura 2.9B, a corrente cai
até atingir o valor zero.
A partir desta experiência pode-se traçar uma curva relacionando a variação da corrente
com a rotação da bobina.

Fig. 2.10 – Posição da bobina em função da corrente gerada.

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Freqüência
A freqüência de uma corrente alternada pode ser definida com o número de ciclos (um ciclo
completo é mostrado na figura 2.10) de corrente que ocorre em segundo. Sua unidade é o
“HERTZ”. Um Hertz é um ciclo por segundo.

Auto-Indutância:
Henry descobriu que além da corrente induzida no secundário, devido à variação do campo
magnético, tem-se também indução de corrente no primário, porém de sentido contrário à
corrente original. Esta corrente oposta é resultante do campo magnético no secundário
devido à corrente induzida neste. Este fenômeno é chamado Auto-indutância.
A reação que uma bobina oferece à variação de corrente é chamada de Reatância
Indutiva(XL).

Resistência
Num circuito contendo somente resistência, esta simplesmente limita a quantidade de
corrente que passa pelo circuito. Sendo o circuito puramente resistivo tem-se corrente
exatamente em fase com voltagem.
A resistência está presente em todos os circuitos. A resistência total de um circuito real inclui
a resistência do fio assim como a resistência da bobina.

Impedância
A impedância (designada pela letra z) é dada pela combinação das propriedades elétricas
que afetam o fluxo de corrente ao longo do circuito – resistência (R) e reatância indutiva
(XL).
O valor da corrente devido à impedância pode ser determinado através de um diagrama
vetorial onde, no eixo vertical são plotados os valores das correntes devido à reatância
indutiva (lXL) e no eixo horizontal, as correntes devido à resistência do circuito (lR). A corrente
devido à impedância (lZ) é representada graficamente pela soma vetorial de lXL com lR .

Fig. 2.11 – Soma vetorial de IXL com IR.

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A variação dos valores de IXL e IR modificam o ângulo de fase e conseqüentemente o valor


da impedância.

2.2. Geração das Correntes Parasitas


2.2.1. Campo Magnético ao Redor de uma Bobina

OERSTED descobriu que onde existe uma corrente elétrica, também existe um campo
magnético.Considerando-se uma corrente elétrica que passa por um fio, sabe-se que haverá
surgimento de um campo magnético de tal forma que, segundo a regra da mão direita, ter-
se-á o sentido da corrente indicado pelo dedo polegar e os demais mostrando a direção do
campo magnético.
A densidade de fluxo magnético está relacionada com o campo magnético. Sua direção é a
mesma que a do fluxo magnético e sua grandeza depende da posição e da corrente. Por
isso é uma grandeza do campo vetorial que se identifica como o símbolo B. Sua unidade do
sistema SI é a tesla (T), ou weber, por metro quadrado (Wb/m2).
Mostra-se a distribuição do campo B ao redor de um fio reto na Figura 2.12 (a). Na figura
2.12 (b) o campo B no sentido axial de uma espira única como função do seu raio. À medida
que se acrescentar outras voltas, cada um conduz a mesma corrente, a densidade do fluxo
aumenta rapidamente alterando-se assim, sua respectiva distribuição.

Fig. 2.12 – Distribuição do Fluxo Magnético

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A densidade do fluxo varia linearmente com a corrente elétrica na bobina, ou seja dobrando-
se a corrente na bobina, a densidade do fluxo também fica o dobro em toas as partes. O
fluxo magnético total, que corre na espira é o produto de B vezes a superfície da bobina. A
unidade que determina o fluxo magnético no sistema SI é o weber (Wb).

2.2.2. Equações relacionadas com a geração das Correntes de Foucault


Em todos os circuitos elétricos o fluxo de corrente obedece a lei de Ohm que é igual à
tensão impulsionadora (circuito primário) dividida pela impedância do circuito primário.
VP
Ip = (2.1)
ZP
A bobina das correntes de Foucault faz parte do circuito primário. A corrente que passa pela
bobina, em geral, varia senoidalmente com o tempo e nos dá a seguinte equação:
IP = I0 sen(ω t ) (2.2)

em que IO é o valor da crista de corrente no circuito e ω (Omega) é a freqüência angular em


radianos (ω igual a 2πf quando f é a freqüência em hertz).
Segundo a descoberta de Oersted, existe um fluxo magnético (∅p) ao redor de uma bobina
que está conduzindo corrente (ver figura 2.13) que é proporcionam ao número de espiras da
bobina (Np) e à corrente (lp).

φP αNPIP (2.3)

Fig. 2.13 – Bobina conduzindo corrente alternada próxima a uma amostra sob inspeção.
A lei de Faraday diz que se cria ou induz-se uma voltagem em determinada região no
espaço quando há ou produz-se uma variação no campo magnético. Aplicando-se essa lei a
nossa bobina temos:
dφ P
VS = −NP (2.4)
dt

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dφ P
em que é a variação de φP com o tempo.
dt
Como a corrente da bobina varia senoidalmente com o tempo, o fluxo magnético total na
bobina também varia senoidalmente.
φP = φ 0 sen( ωt )
Em que φ 0 é o fluxo magnético que corresponde a I0.
A voltagem induzida mostrada na equação 2.4 fica sendo
VS = −NP ωφ 0 cos(ωt ) (2.5)
que também varia periodicamente com o tempo. Se aproximarmos a bobina à amostra que
se examina, a Lei de Ohm indica que se existe uma tensão de excitação (VS) e a impedância
da amostra é finita, haverá fluxo de corrente,
VS
IS = (2.6)
ZS
em que IS é a corrente que passa pela amostra, VS é a voltagem induzida, e ZS é a
impedância da amostra, ou a oposição ao fluxo de corrente. Estas correntes induzidas
chamam-se correntes de Foucault, ( ou de Eddy) por causa dos seus trajetos circulares,
que, por sua vez, geram seu próprio campo magnético, de acordo com a Lei de Lenz.
Campo esse, que se opõe ao campo primário.

φ S α − IS (2.7)
e
φE = φ P − φ S (2.8)

onde φE é fluxo magnético em equilíbrio em volta da bobina na presença da amostra que se


examina.
O fluxo da corrente de Foucault resulta em perdas resistivas (ôhmicas) e numa diminuição
do fluxo magnético. Isto se reflete como uma diminuição na impedância na impedância da
sonda e em forma de equação.

Zαφ E (2.9)
e
V = ZIP (2.10)
A equação 2.9 indica que a impedância da bobina é função do campo magnético que a
rodeia, o qual depende da corrente induzida no corpo de prova (equação 2.8 e 2.7).
Resumindo, cria –se o fluxo fazendo-se circular uma corrente alternada pela bobina de
inspeção.Quando essa bobina se aproxima da amostra condutora, há a indução de
correntes de Foucault. Por outro lado, o fluxo magnético relacionado com as correntes
Foucault se opõe ao fluxo magnético da bobina, assim reduzindo o fluxo líquido. Isso traz
uma mudança na impedância da bobina e uma queda de tensão. É a oposição entre as

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mudanças primárias (da bobina) e secundárias (as correntes Foucault) que criam a base
para se obter à informação na inspeção com correntes de Foucault.
É preciso assinalar, que se a amostra é de material magnético, a equação 2.9 ainda
prevalece, se bem que o fluxo magnético fica fortalecido apesar dos efeitos contrários
exercidos pelas correntes de Foucault. A alta pemeabilidade dos materiais ferromagnéticos
as distingue da permeabilidade dos não-ferromagnéticos e influi fortemente sobre os
parâmetros da inspeção com correntes de Foucault.

2.2.3. Propriedades Fundamentais do Fluxo das Correntes de Foucault

As correntes de Foucault são laços cerrados de correntes induzidas que circulam em planos
perpendiculares ao do fluxo magnético. Estas se deslocam paralelamente às espiras da
bobina e a superfície. O fluxo das correntes de Foucault fica limitado à área do campo
magnético induzido.
A freqüência da inspeção determina a profundidade de penetração para a amostra; à
medida que a freqüência aumenta, a penetração diminui e a distribuição das correntes de
Foucault fica mais densa perto da superfície da amostra. A freqüência da inspeção também
influi sobre a sensibilidade a mudança nas propriedades do material e aos defeitos.
A figura 2.14 (a) mostra as relações algébricas e a figura 2.14(b) mostra a representação
osciloscópica das correntes de Foucault e a distribuição do campo magnético em função de
sua profundidade na amostra. Tanto as correntes de Foucault como os fluxos magnéticos
ficam débeis com profundidade, devido ao “efeito peculiar”. Além dessa atenuação, as
correntes de Foucault sofrem um atraso de fase, ou defasagem, com profundidade. Tal
atraso é o parâmetro chave que faz com que a inspeção com essas correntes seja um
método de inspeção não destrutivo. Os parâmetros de espessura pelicular e defasagem
serão abordados no próximo item.

Fig. 2.14 – Distribuição das Correntes de Foucault e Fluxo Magnético em u Condutor em


Função de Profundidade.

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2.3 Efeito Pelicular

As correntes de Foucault induzidas por campo magnético variável se concentram perto da


superfície adjacente à bobina de excitação. A profundidade da penetração diminui com a
freqüência da inspeção e é função da condutividade elétrica e da permeabilidade magnética
da amostra. Esse fenômeno é chamado efeito pelicular e é semelhante à situação que
ocorre com a condução do calor terrestre onde as flutuações diárias na temperatura da
superfície não são apreciáveis debaixo da superfície da terra. O efeito pelicular ocorre da
seguinte forma: as correntes de Foucault que correm dentro do objeto examinado, a
qualquer profundidade, criam campos magnéticos que se opõem ao campo primário, assim
reduzindo o fluxo da corrente à medida que a profundidade aumenta.Alternativamente as
correntes de Foucault perto da superfície podem ser consideradas como obstáculos ao
campo magnético da bobina, assim debilitando o campo magnético nas profundidades
maiores e reduzindo as correntes induzidas.
Para um condutor semi-infinitivo (espesso) a equação que descreve o fenômeno é:

JX
= e − β sen( ωt − β) (2.11)
J0

onde JX é a relação entre a densidade de corrente de Foucault JX a uma profundidade X e a


densidade de corrente na superfície J0, e=2,718 (base do logaritmo natural) e β é a relação
entre a profundidade X e a profundidade de penetração padrão (δ, a ser vista na próxima
seção).
A equação 2.11 pode ser dividida em dois componentes:

JX
αe − β (2.12a)
J0
que descreve a diminuição exponencial da densidade de corrente de Foucault.

JX
α sen( ωt − β) (2.12b)
J0

que denota o aumento de defasagens da densidade de corrente de Foucault.

2.3.1. Profundidade de Penetração Padrão

A figura 2.15 representa a mudança de densidade das correntes de Foucault num condutor
semi-infinito. A densidade das correntes de Foucault diminui exponencialmente em função
da profundidade.

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Fig.2.15 – Distribuição das Correntes de Foucault e do Fluxo Magnético em função da


profundidade numa chapa grossa.

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1. PIGS INSTRUMENTADOS

O que são PIGS INSTRUMENTADOS?

São PIGS que realizam medidas ao longo do percurso do duto, registrando as informações.
Estas informações normalmente são utilizadas para avaliar a integridade do duto.

PIGS INSTRUMENTADOS

HISTORIA

1964 – Primeiro uso comercial de um PIG – MFL – TUBOSCOPE

1966 – Primeira inspeção em toda a circunferência

1971 – Outras companhias aparecem no mercado – VETCO

1978 – Primeira ferramenta de Alta Resolução – BG

1986 – Primeiro PIG de Ultra-som – PIPETRONIX

1992 – Primeiros PIGS para detecção de trincas.

PIGS INSTRUMENTADOS DISPONÍVEIS

• Geométricos

• Para levantamento do isométrico

• Perfilagem de temperatura e pressão

• Magnético para detecção de corrosão

• Ultra-som para detecção de corrosão

• Detector de trincas (Ultra-som ou Magnético)

• Avaliador de revestimentos (Nêutrons)

• Detector de vazamentos

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Ensaios Não Convencionais

Pigs instrumentados embarcados de sensores Scan

Pigs MagneScan

Pigs Ultrasônicos (UltraScan)

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Ensaios Não Convencionais

Pigs de Observador

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