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• Negação dupla
¬¬P
∴P
Exemplo:
Não é verdade que o conhecimento não vem da experiência.
Logo, o conhecimento vem da experiência.
De uma fórmula com dupla negação podemos inferir a sua afirmação.
• Contraposição
P→Q
∴¬ Q → ¬ P
Exemplo:
Se Deus existir, então a vida tem sentido.
Portanto, se a vida não tiver sentido, então Deus não existe.
• Silogismo disjuntivo
PVQ
¬P
∴Q
Exemplo:
Deus existe ou a vida é absurda.
Deus não existe.
Logo, a vida é absurda.
OU
PVQ
¬Q
∴P
Exemplo:
Deus existe ou a vida é absurda.
A vida não é absurda.
Logo, Deus existe.
Lógica informal
A lógica formal distingue-se da lógica informal
• Lógica formal Estudo de argumentos dedutivos, cuja validade depende, em geral, apenas da sua
forma lógica.
• Lógica informal Estudo de argumentos não dedutivos, cuja validade (ou força) não depende da
sua forma lógica, mas antes de aspetos informais.
A força dos argumentos não dedutivos depende do conteúdo das proposições que os constituem.
A força não depende da forma lógica dos argumentos, depende de aspetos informais – o conteúdo
das proposições.
Por esta razão, os argumentos não dedutivos são estudados pela Lógica informal.
Um argumento não dedutivo é forte quando cumpre determinadas regras ou critérios. E sendo assim,
as suas premissas são verdadeiras e a verdade destas torna muito baixa a probabilidade de a conclusão
do argumento ser falsa.
Argumentos indutivos
O que são argumentos indutivos?
Num argumento indutivo faz-se um raciocínio por indução.
• As induções podem ser de dois tipos:
generalizações
previsões
• Generalização
É um argumento em que se infere uma conclusão geral, a partir de um conjunto de premissas que
referem alguns casos que já foram observados (amostra).
Conclui-se que uma característica observada numa amostra pode ser atribuída a todos os elementos
pertencentes a uma classe.
O que caracteriza a generalização é a conclusão ser mais geral ou mais ampla do que a premissa.
A generalização não pode garantir que um dos casos por observar não venha a refutar a
conclusão. Assim, sendo a(s) sua(s) premissa(s) verdadeira(s), a conclusão será apenas
provavelmente verdadeira.
• Previsão
As premissas deste argumento referem alguns casos particulares já observados no passado e a
conclusão inferida é a de que algo ocorrerá no futuro, ou seja, refere-se a um ou alguns casos ainda não
observados (que se prevê serem similares aos observados até agora).
Também na previsão a conclusão ultrapassa a informação contida na premissa e por isso a sua
conclusão é apenas provável.
• Forma lógica (possível)
Alguns A são B.
Logo, os próximos A também serão B.
Exemplo:
Os tigres que já vi tinham cauda.
Logo, os próximos tigres que vir terão cauda.
Um argumento indutivo para ser forte tem de cumprir as seguintes regras ou critérios:
Critérios:
• A amostra deve ser ampla.
Quanto maior for a amostra referida na premissa ou premissas, mais estas confirmam a conclusão.
• A amostra deve ser diversificada ou representativa.
Os casos observados têm de representar adequadamente o universo em causa, isto é, não devem ser
casos atípicos. A amostra não deve omitir informação relevante. Por ex.: defender que todos os
portugueses vão regularmente ao cinema porque os meus amigos vão regularmente ao cinema viola
esta regra: os meus amigos não são representativos dos portugueses em geral.
• Não pode haver contraexemplos.
Esta regra exige que procuremos ativamente contraexemplos aos casos nos quais baseamos a indução.
Um contraexemplo à proposição “todos os portugueses vão regularmente ao cinema "é “há portugueses
que não vão ao cinema.”
Um argumento indutivo que não cumpra os critérios anteriormente referidos, comete as seguintes
falácias:
Dado que há diferenças relevantes entre a amostra e a população como um todo, a conclusão retirada
é muito provavelmente falsa.
As premissas dos argumentos por analogia podem confirmar a sua conclusão, isto é, podem torná-la
provavelmente verdadeira. Para que isso aconteça, é preciso que respeite as seguintes regras:
Critérios
• Quantidade de semelhanças
As semelhanças devem ser em número significativo relativamente à conclusão.
Ex. Uma pessoa que conclui que um livro é excelente porque é do mesmo autor de um outro livro que
também é excelente, viola esta regra, pois embora esta semelhança seja relevante, é preciso mais do
que uma.
• Relevância das semelhanças
As semelhanças devem ser relevantes relativamente à conclusão.
Ex. Uma pessoa que conclui que um livro é excelente porque tem uma capa da mesma cor de outro
que era excelente, o mesmo no de páginas e que é também feito de papel, viola esta regra.
• Inexistência de diferenças significativas
A conclusão pode ser inviabilizada se existirem diferenças muito grandes. Esta regra obriga-nos a
procurar ativamente diferenças relevantes; se existirem o argumento é mau.
Ex. Uma pessoa que conclui que os homens têm útero porque são como as mulheres e estas têm
útero, viola esta regra.
O argumento que não cumpre os critérios com que se avaliam os argumentos por analogia é
considerado FALÁCIA DA FALSA ANALOGIA.
Exemplo de uma falsa analogia:
(Nesta imagem) compara-se a fatia de pão de forma a uma almofada, sugerindo-se que, tal como esta,
as fatias de pão de forma da marca são agradáveis e fofas. A analogia encerra, do ponto de vista lógico,
alguns problemas. Por exemplo, são ignoradas diferenças significativas entre os elementos que estão a
ser comparados (almofadas e fatias de pão). Tira-se conclusões de uma situação para outra semelhante,
sem atender às diferenças significativas.
Conclusão: Ao argumentar por analogia temos que escolher semelhanças numerosas e relevantes que
tornem mais provável que a conclusão seja verdadeira, e temos de garantir que não há diferenças que
tornem mais provável que a conclusão não seja verdadeira.
Argumento de autoridade
O que são argumentos de autoridade?
Num argumento de autoridade conclui-se que uma determinada proposição é verdadeira porque uma
certa autoridade, especialista num determinado assunto, defende que essa proposição é verdadeira.
Essa
autoridade tanto pode ser um cientista ou outro estudioso, uma organização, ou um amigo nosso que
foi
a uma cidade que nunca visitamos.
O argumento de autoridade é muito utlizado na argumentação porque não somos nós que produzimos
todos os nossos conhecimentos. A maior parte dos conhecimentos que possuímos provém de outras
pessoas.
• Forma lógica (possível)
A (a autoridade) afirma que X.
Logo, X é verdadeiro.
Exemplo:
O Gabinete de Informação da Presidência da República Portuguesa afirma que Manuel de Arriaga
foi o primeiro presidente da república, após o derrube da monarquia em 1910.
Logo, é correto dizer que Manuel de Arriaga foi o primeiro presidente da república portuguesa.
Critérios:
• Autoridade não deve ser anónima
Deve indicar-se corretamente o nome da autoridade e o texto (ou outra fonte) em que foi defendida a
ideia em causa.
• Tem de ser uma autoridade na área
A autoridade tem de ser realmente especialista no assunto em causa.
• As autoridades têm de estar de acordo
Tem de existir consenso, entre os especialistas, quanto ao assunto em causa.
• A autoridade tem de ser imparcial
A autoridade evocada deve ser imparcial e não ter interesses particulares comprometedores nas
matérias
sobre as quais se pronuncia.
Esta falácia ocorre muitas vezes associada à legalização de coisas como a droga, a eutanásia, a
engenharia genética, etc.
“Legalizar a marijuana seria apenas o princípio. Em breve, o governo iria legalizar a heroína e a cocaína.”
“Poderá a clonagem de animais ser apenas o primeiro passo da derrapagem até à clonagem de seres
humanos?”
• Falso dilema
Argumento em que se considera que é forçoso escolher uma de duas alternativas de uma disjunção,
mas na verdade não se estão a considerar outras alternativas também possíveis.
• Pode apresentar a seguinte estrutura, válida:
P ou Q.
Não P.
Logo, Q.
Exemplo:
Ou acreditas em Deus ou és ateu.
Não acreditas em Deus.
Logo, és ateu.
O dilema é falso (falacioso) quando, havendo várias alternativas, o argumento apresenta só duas, que
interessam ao orador e conduzem a resultados inaceitáveis. No exemplo apresentado, a falácia surge na
primeira premissa, que é uma disjunção falsa. Esta premissa sugere que existem apenas duas hipóteses:
acreditar em Deus ou ser ateu. Porém, isto é um falso dilema, já que existe mais uma possibilidade: ser
agnóstico.
• Ad hominem
As falácias ad hominem consistem em ataques pessoais.
Ocorrem quando o orador, em vez de refutar, ataca a pessoa que defende um argumento. O ataque
pessoal substitui a refutação do argumento.
A falácia ad hominem é frequentemente utilizada como tentativa de retirar credibilidade à pessoa que
defende a tese.
Um ataque ad hominem é falacioso quando o ataque não torna mais provável que as ideias da pessoa
atacada sejam falsas.
• Este argumento tem a seguinte estrutura:
A afirma p.
A não é uma pessoa digna de consideração por «isto» ou por «aquilo».
Logo, p é falso.
Exemplo:
Einstein foi o criador da teoria da relatividade.
Ora, ele era judeu.
Logo, a teoria é falsa.
• Ad populum
Esta falácia consiste em apelar à opinião da maioria (ou ao povo, do nome latino) para defender que
uma dada afirmação é verdadeira.
• A forma do argumento é a seguinte:
A maioria das pessoas diz que P.
Logo, P.
Exemplo:
A maioria das pessoas pensa que só o que é natural é bom para a saúde.
Logo, só o que é natural é bom para a saúde.
O problema deste tipo de inferência é que a maioria das pessoas pode estar simplesmente enganada,
como sempre o estiveram em muitos outros assuntos: houve tempo em que a maioria das pessoas
pensava que a Terra era plana, que o Sol girava em torno da Terra e tantas outras coisas falsas.
A verdade ou falsidade de uma afirmação não tem de depender da opinião das pessoas e, mesmo que
dependa das opiniões, seria injustificado considerar que a opinião da minoria é falsa.
• Apelo à ignorância
Ocorre quando alguém apela à ignorância argumentando que uma dada opinião é verdadeira por não
haver provas de que é falsa, ou é falsa porque ninguém conseguiu provar a sua verdade.
Estas inferências são inválidas, pois a nossa ignorância relativamente a uma coisa nada prova quanto à
sua existência ou inexistência, ou quanto à sua verdade ou falsidade.
• O esquema lógico deste argumento reveste-se de duas formas:
1. Não se conseguiu provar a verdade de A.
Logo: A é falso.
2. Não se conseguiu provar a falsidade de A.
Logo: A é verdadeiro.
Exemplo:
Os fantasmas não existem pois nunca se provou a sua existência.
Este argumento é tão legítimo quanto o seu contrário. A falta de provas da tese contrária nunca é
suficiente para afirmar uma tese.
A ideia deste tipo de argumento é concluir algo com base na inexistência de prova em contrário.
Se fosse correto argumentar deste modo, teríamos de aceitar que antes de Galileu provar que a Terra
gira em torno do Sol, era falso que a Terra girava em torno do Sol. Mas sempre foi verdadeiro que a
Terra gira em torno do Sol, mesmo quando ninguém conseguia provar tal coisa.
Este tipo de inferência é falaciosa porque não se pode excluir várias possibilidades:
O efeito pode ter uma causa diferente da que foi indicada: tanto o trovão como o relâmpago
resultam de uma descarga elétrica;
O facto de os dois acontecimentos ocorrerem sempre juntos pode ser meramente acidental:
sempre que viaja de avião o Carlos reza e este não cai. Mas daí não podemos concluir que o
avião não cai por causa da reza do Carlos.
Este exemplo equivale a dizer que a água é um excelente hidratante porque a água é um excelente
hidratante.
Teorias filosóficas sobre o problema do livre arbítrio
O problema do livre-arbítrio surge do possível conflito entre estas duas perspetivas ou crenças do ser
humano.
O ser humano tem duas crenças ou duas perspetivas acerca de si próprio e do seu lugar no universo:
• Acreditamos que temos uma vontade livre, ou seja, que podemos controlar pelo menos algumas
das coisas que fazemos ou escolhemos fazer. Assim, algumas das nossas escolhas ou ações
dependem, em última análise, de nós, da nossa vontade – ou seja, acreditamos que temos Livre-
arbítrio.
• Acreditamos que todos os acontecimentos do universo (fenómenos naturais e ações humanas)
estão causalmente determinados pelos acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza – ou
seja, acreditamos no Determinismo.
Algumas ações
Libertismo Sim humanas são Não, nem todas Não
livres
Determinismo Algumas ações
moderado Sim humanas são Sim Sim
livres
O determinismo radical considera que as causas do nosso comportamento são muito mais variadas do
que as dos objetos e outros animais, mas isso não significa que as ações humanas escapem à
causalidade.
Segundo esta teoria, as ações humanas resultam de uma combinação complexa destas causas.
Todas estas causas, que estão para além do controlo do agente, determinam os nossos desejos,
crenças, motivos, valores, a nossa personalidade, etc. , e as nossas ações nada mais são do que o
resultado inevitável dessas mesmas causas.
A ilusão do livre-arbítrio
Quando bebemos um copo de leite , em vez de um sumo de laranja, acreditamos que fazemos uma
escolha livre, orientada pelo nosso desejo e vontade.
Para um determinista radical essa crença é falsa. Acreditamos que somos livres, mas isso não passa de
uma ilusão criada pela ignorância acerca das causas que determinaram o nosso ato. Se conhecêssemos
as inúmeras causas que determinam os nossos atos, perceberíamos que fazemos unicamente o que
temos que fazer, e, dadas essas causas, não poderíamos fazer algo de diferente. Assim, o nosso desejo
de beber um copo de leite foi causado por um acontecimento anterior, que por sua vez foi causado por
outro e assim sucessivamente numa cadeia causal cujos elos remontam a um passado longínquo. Logo,
o ato de beber um copo de leite não é um ato livre.
DE QUE FORMA OS DETERMINISTAS RADICAIS DEFENDEM QUE O DETERMINISMO É
VERDADEIRO?
Argumento baseado no funcionamento da ciência
A ciência assenta no princípio determinista: todo o acontecimento tem uma causa e dadas as mesmas
causas, seguem-se os mesmos efeitos.
Os estudos e descobertas de várias ciências – como a Biologia, Psicologia ou Sociologia, mostram isso e
o determinismo radical apoia-se nesses estudos para sustentar a sua tese.
Descobertas como a de genes responsáveis por doenças ou muitos dos nossos comportamentos são
fortemente influenciados por padrões sociais e culturais ou por situações vividas na infância parecem
sustentar a tese determinista.
O determinismo radical defende que através da articulação entre os contributos de várias ciências é
possível apresentar uma explicação determinista do comportamento humano e, assim sendo, negar o
determinismo é pouco racional, uma vez que isso significa contrariar o que é afirmado pela ciência.
Perante esta objeção, os deterministas radicais respondem afirmando que, apesar de o ser humano
não
ter livre-arbítrio, deve ser moralmente responsabilizado pelas suas ações, pois as recompensas e/ou
castigos sofridos funcionariam como causas que promoveriam boas ações em detrimento das más.