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10º ano

Módulo 3
Unidade 2
O alargamento do conhecimento do mundo

O contributo português

I. Inovação nas técnicas náuticas

Os progressos na construção naval

✓ O aperfeiçoamento da caravela árabe (barco pequeno, leve e veloz);


✓ Recurso à vela triangular (vela latina) – permitia navegar com ventos contrários com mais
segurança;
✓ Adoção do leme central, na popa (parte de trás do barco) – mais fácil de manobrar;
✓ Construção de naus e galeões – navios de grande porte, preparados para viagens de
longo curso, velas quadrangulares. O seu uso era sobretudo para trocas comerciais
orientais.

Os avanços na ciência náutica

Com os avanços nas técnicas de navegação, foi necessário construir uma ciência náutica que
permitisse fazer uma viagem no interior do Atlântico por estimativa; de forma a substituir a
navegação de cabotagem (terra à vista).
✓ A generalização do uso da bússola – pequena caixa onde uma agulha magnética
suspensa no seu centro de gravidade aponta para o Norte magnético (polo Norte). É uma
invenção chinesa;
✓ O aperfeiçoamento dos portulanos medievais (cartas náuticas) – desenvolvidos para a
navegação por estimativa. Estas cartas mais rigorosas, permitiram aos pilotos optarem por
outras rotas alternativas; mais tarde estas cartas deram origem às Cartas náuticas;
✓ Recurso à navegação astronómica – partindo da observação dos astros e com recurso a
instrumentos de orientação como o astrolábio, o quadrante, a balestilha, os marinheiros
portugueses foram capazes de determinar a latitude em que se encontravam;
✓ A elaboração de cartas de marear – estas cartas eram importantes pois continham
informação pormenorizada sobre as costas marítimas, horários das marés e regras de
navegação que eram elaboradas de acordo com as observações e experiências feitas.

II. Observação e descrição da natureza


Os progressos na representação cartográfica da Terra
As primeiras viagens de navegação costeiras foram representadas e elaboradas a partir das
conceções de Ptolomeu.

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Por exemplo, as cartas de marear vieram aperfeiçoar as elaborações de Ptolomeu, dando a
conhecer de forma rigorosa as costas mediterrâneas e mais tarde as atlânticas.
Com o avanço dos marinheiros portugueses por oceano a dentro, as cartas medievais iam-se
mostrando documentos imprecisos, insuficientes e errados nas regiões menos conhecidas.
✓ O Planisfério de cantino
Entre as principais elaborações da cartografia, salienta-se o Planisfério de Cantino,
elaborado em 1502, e é considerado uma carta plana de rigor científico.
Esta carta realça rigorosamente as linhas das costas dos continentes africano, ásia e o
litoral do brasil.
✓ A escola Portuguesa
Os portugueses enquanto pioneiros nos avanços marítimos legitimaram-se como
precursores no desenvolvimento da cartografia científica.
Em Portugal desenvolveu-se um tipo de carta genuinamente rigorosa, indicando o
equador, paralelos e meridianos, bem como as latitudes, profundidades oceânicas,
correntes e ventos.
Os mapas portugueses constituíam obras de elevada qualidade técnica e artística.

Os novos conhecimentos

Ao terminar o século XVI, a imagem do mundo visto pelo ocidente havia sido completamente
transformada:

• Continentes antes mal conhecidos agora eram rigorosamente traçados;


• O mundo passa a apresentar-se como todo um só, deixa de haver mundos isolados;
• Demonstra-se a esfericidade da terra;
• Conhece-se novos espaços, novos climas, novas redes e correntes hidrográficas e
marítimas, regimes de ventos e movimentos dos astros;
• Calcula-se distâncias e latitudes de forma rigorosa;
• Conhece-se novas plantas, animais e paisagens;
• Descobre-se novas raças humanas e civilizações;
• Desfazem-se lendas e mitos que havia sobre o resto do mundo.

A antiga perspetiva de que o mundo era somente o mediterrâneo e a europa desfaz-se e adota-se
uma perspetiva oceânica e pluricontinental.

III. As origens da ciência moderna

Os novos conhecimentos levaram a que antigos conhecimentos dogmaticamente aceites como


certos passassem a ser criticamente tido como errados, visto não resultarem da observação ou
experiência.

Experiencialismo e experimentação
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A experimentação não se trata de um resultado intencional de hipóteses, sendo que grande parte
do conhecimento resulta de experiências casuais, de observação empírica do quotidiano e não é
acompanhada de uma reflexão teórica.

O conhecimento científico da Natureza


I. A matematização do real

Os progressos que tornaram possível as revoluções no conhecimento inserem-se numa


conjuntura de renovação europeia patente na prosperidade material.
O burguês foi um homem novo – dotado de uma mentalidade pragmática, ativa e empreendedora,
nele cria-se uma nova mentalidade em que os números triunfam.

No conhecimento do espaço físico

✓ Faz-se os registos dos dados fornecidos pela bussola e pelos instrumentos de medição
astronómica;
✓ Registam-se escalas, distâncias, profundidades que são rigorosamente calculadas;
✓ Fixam-se horários de entradas e saídas dos portos;
✓ Regista-se o tempo de duração das viagens.

Na organização da vida económica

O cálculo é extremamente importante para o quotidiano dos homens de negócios


✓ Datas e prazos – Datas das feiras, pagamentos, prazos de vencimento de letras de cambio
etc.;
✓ Quantifica-se o volume dos negócios, orçamentos e despesas;
✓ Elaboram-se horários de trabalho;
✓ Os inventários, as listagens, livros de contas.

Na organização das atividades político-administrativas


O Estado moderno e centralizado, organizado a partir de números

✓ Organiza-se as finanças públicas;


✓ Procede-se ao recenseamento de contribuintes e o controlo dos bens tributáveis;
✓ Controla-se numericamente a população para efeitos de recrutamento militar;
✓ Elabora-se orçamentos públicos de receitas e despesas;
✓ Controla-se o movimento alfandegário e as volumosas receitas;
✓ Organiza-se a vida industrial.

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Na vida quotidiana
A cidade é invadida pelo número, sem o qual é impossível viver

✓ Numeram-se os edifícios;
✓ Criam-se torres de relógios;
✓ As populações controlam os preços dos produtos e orçamentam as suas vidas;
✓ Valoriza-se o estudo da matemática e da aritmética;
✓ Sucedem-se avanços da Física e astronomia;
✓ Pesos e medidas estão presentes em todas as atividades comerciais.

II. A revolução das conceções cosmológicas


A teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico (1473-1543), já comprovou o novo conhecimento do
universo

A revolução coperniciana

Em 1531, Copérnico com as suas opiniões que punham em causa o geocentrismo depois veio a
formular as suas hipóteses e a partir das suas experiências concluiu e anunciou a sua obra
“Revolutionbus Orbium Coelestium”.
✓ A terra não é um planeta imóvel. Ela move-se em torno de si mesmo e do sol;
✓ O sol é imóvel e o seu movimento não passa de uma ilusão para quem se encontra na
terra;
✓ A terra não pode ser o centro do universo, logo o centro do universo só pode ser o sol.
Caia assim a teoria geocêntrica e instituía-se a teoria heliocêntrica.

Com o prosseguir dos estudos de copérnico, Tycho Brahe, chegou à conclusão que as orbitas
dos corpos celestes não são circulares (movimentos de translação em volta do sol), provou com
auxílio de novas tecnologias de observação astronómica.
Ainda no século XVI, Giordano Bruno, acrescenta na sua obra que o Universo era infinito e que
existiam outros milhares de sistemas solares onde coexistiam planetas com vida inteligente.

Já no século XVII, Johannes Kepler, foi considerado um dos fundadores da Astronomia moderna
pelos grandes avanços que proporcionou.
Galileu, foi considerado um dos maiores génios da humanidade, inventou o primeiro telescópio,
assim conseguiu descobrir novos universos, montanhas na lua, satélites de Júpiter, manchas
solares e planetas até então desconhecidos – conseguiu dissipar todas as dúvidas que existiam
sobre o heliocentrismo.
Assim, formulou-se um novo saber que se sobrepôs ao conhecimento com base na razão.

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Unidade 3
A produção cultural

A reinvenção das formas artísticas

A mentalidade renascentista foi fortemente marcada pelos valores do humanismo clássico.

I. Imitação e superação dos modelos da Antiguidade


Classicismo é o nome atribuído a tendência estética de imitação das formas clássicas na
literatura e nas artes.

Os homens das letras e das artes procuraram inspirar-se nos modelos clássicos e reproduzir as
suas características.
Contudo, impuseram inovações técnicas com os elementos culturais novos.

A estética renascentista não se desassocia das suas características clássicas no individualismo,


naturalismo, realismo e racionalismo.
✓ Exaltação da dignidade humana e as suas realizações;
✓ Valorização do individuo e a sua liberdade;
✓ Reproduzir de forma fiel a natureza;
✓ Representação do corpo humano e retrato;
✓ Na predominância da razão sobre o sentimento.

II. A centralidade do observador na arquitetura e na pintura


A pintura
A pintura foi a manifestação clássica mais original. Os pintores renascentistas dedicados aos
temas classicistas, abriram caminho para a inovação na forma de os representar.
O classicismo está presente nos temas da pintura renascentista.
✓ Arte do retrato – culto da individualidade;
✓ Realismo e naturalismo – Figuras do povo na sua vida quotidiana;
✓ Mitologia clássica – humanizada e em ambientes de naturalismo;
✓ Cuidado com a composição geométrica da obra;
✓ Conhecimento da anatomia humana e culto pelo corpo nu;

A inovação é conseguida com recursos como.


✓ A aplicação das leis da perspetiva, produzindo uma terceira dimensão, com um ou mais
pontos de fuga, produzindo perspetivas lineares;
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✓ A prática da pintura a óleo – permitiu uma nova forma de obter a sensação de
profundidade – perspetiva aérea;
✓ Uso da tela – permitindo aos artistas uma maior liberdade de transporte;
✓ Adoção dos esquemas geométricos, como as regras da simetria e da horizontalidade que
foram aperfeiçoadas.

Os construtores do novo espaço pictórico

• Giotto (1267-1337) – considerado o criador da tridimensionalidade ao implementar volumes


expressos em três dimensões.
• Masaccio (1401-1428) – foi considerado o primeiro grande pintor do século XV.
• Os pintores flamengos Van der Weiden (1399-1464), Van der Goes (1440?-1482) e Jan
Van Eyck (1390?-1441) – como precursores da pintura a óleo.
• Leonardo da Vinci (1452-1519) e Rafael (1483-1520) – foram os grandes praticantes da
perspetiva aérea, bem como o naturalismo e o realismo.
• Sandro Botticelli (1445-1510) – tenta conciliar o neoplatonismo cristão com a mitologia
clássica.
• Miguel Ângelo (1475-1564) – expressa as suas pinturas nos frescos da Capela Sistina e
caracteriza-se pela sua produção escultórica.

A escultura
A principal novidade na escultura deve-se a sua libertação face à arquitetura, adquirindo interesse
próprio pelo recurso às características classicistas.
✓ Abandono da rigidez e da frontalidade, ganhando mais expressividade e movimento,
assumindo assim a sua naturalidade;
✓ Representação realista da figura humana;
✓ Recurso à geometrismo das estruturas – respeitando rigorosamente os princípios da
proporcionalidade clássica;
✓ Estátua equestre – culto clássico.

Os grandes escultores do Renascimento

• Ghiberti (1378-1455) – rigoroso na gradação dos relevos;


• Donatello (1386-1466) – esculpiu o nu como não era conseguido desde os tempos
clássicos;
• Miguel Ângelo (1475-1564) – considerado o escultor mais heterogéneo do renascimento
pela variedade de tendências reveladas.

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A arquitetura
Os arquitetos adotam os elementos decorativos greco-romanos, mais procuram evidenciar os
aspetos geométricos pela ordenação matemática das formas.

Relativamente aos aspetos estruturais procurou-se a simplicidade clássica.


✓ Recurso à abóbada de berço e à cúpula bizantina – por vezes substitui-se a abóbada por
coberturas planas em madeira;
✓ Abandono da verticalidade e adoção da horizontalidade;
✓ Redução dos elementos decorativos;
✓ Utilização do arco de volta perfeita.

Os elementos decorativos são principalmente de origem clássica.


✓ Adoção das ordens arquitetónicas – dórica, jónica e coríntia;
✓ Uso e abuso de frontões triangulares – fachadas, portais e janelas;
✓ Decoração baseada em elementos da Natureza e figuras da mitologia.

O racionalismo das construções assenta em aspetos geométricos e matemáticos dos edifícios.

✓ Uso de formas simples das estruturas – cubos e paralelepípedos;


✓ Estabelecimento rigoroso de proporções – padrões de medida;
✓ Recurso à simetria absoluta;
✓ Aplicação da teoria da perspetiva linear – através da convergência das linhas de fuga.

Os grandes arquitetos do Renascimento


✓ Brunelleschi (1377-1446) – lançou as bases da arquitetura renascentista;
✓ Leon Baptista Alberti (1404-1472) – considerado o criador da arquitetura renascentista;
✓ Donato Bramante (1444-1514) – grande conhecedor da arquitetura grega;
✓ Miguel Ângelo (1475-1564) – destacou-se na construção da catedral de S. Pedro.

A arquitetura civil
As elites burguesas e aristocráticas do Renascimento promoveram a construção de palácios
como afirmação da sua riqueza e poder, mas também para conforto pessoal.

A racionalidade do Urbanismo
Os arquitetos do Renascimento alargaram as suas preocupações racionalistas para a criação de
um novo modelo de cidade.

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A racionalidade do urbanismo moderno foi mais uma manifestação do renascimento dos valores
culturais clássicos, neste caso o modelo de cidade romana.

III. A arte em Portugal: o gótico-manuelino e a afirmação das novas tendências


renascentistas
O gótico-manuelino

Pela europa surgiam novas interpretações do gosto renascentista que associavam as estruturas
de um gótico tardio com novos elementos decorativos.
Manuelino foi o nome encontrado no século XIX para identificar a arte portuguesa de uma visão
romântica e nacionalista acolhida por Almeida Garret.
O Manuelino é um estilo genuinamente português, imagem da expansão ultramarina.
Manuelino foi buscar o seu nome ao rei D. Manuel I, cujo o reinado mais se afirmou a
exuberância decorativa.
A sensibilidade estética manuelina insere-se num momento de conjuntura económica de
prosperidade do reino, que viveu com afluências das riquezas ultramarinas, numa conjuntura
política de modernização do estado.

O Manuelino define-se pela presença de:


✓ Uma exuberante decoração naturalista;
✓ Elementos ligados à heráldica régia (religião);
✓ Elementos ligados à simbologia cristã;
✓ Elementos de influência mudéjar – cúpulas gomadas e janelas de vão geminado.

As novas tendências renascentistas

No reinado de D. João III, devido às dificuldades financeiras abanou-se a exuberância decorativa


manuelina e adotou-se a sobriedade clássica.
A arquitetura teve alguns praticamente, mas o gosto clássico teve pouca duração.

A escultura renascentista não conseguiu em Portugal a afirmação como um estilo liberto.


Na pintura foi onde mais se fez notar a influencia do gosto renascentista.

Unidade 4

A renovação da espiritualidade e religiosidade

A reforma protestante
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I. As críticas à igreja católica

Na primeira metade do século XVI, o cristianismo foi abalado o que se traduziu na desobediência
ao Papa e a rejeição dos dogmas da Igreja Católica Romana.

Os primeiros sinais de crise das instituições

Remonta ao século XI, a necessidade de a igreja de Roma moralizar os costumes e o


comportamento dos clérigos, bem como afirmar a autoridade do papado perante as autoridades
das monarquias europeias.

No século XII e XIII, o alto clero identificava-se com a nobreza, pela ambição de poder e riquezas,
pois o tempo era prospero economicamente. Devido às circunstâncias, muitos crentes preferiram
abandonar o catolicismo e aderir às ceitas religiosas.
Por exemplo, as ordens mendicantes dos Franciscanos e dos Dominicanos – pregar o ideal
evangélico de pobreza e de penitência.

O Grande Cisma do Ocidente

Ao longo do século XIV, havia uma grande corrupção moral e a anarquia dominava na europa,
agravada pela guerra dos 100 anos.
Existia rivalidades entre os cardeais e pressões políticas impostas pelos monarcas, que levou à
existência simultânea de dois papas – Roma e frança.

A igreja romana permaneceu dividida durante 39 anos, até ao concilio de Constança com a
escolha de martinho V.

A secularização da Igreja
✓ Roma era a cidade de todos os prazeres mundanos, onde viviam altos dignitários da igreja;
✓ Os papas viviam como autênticos príncipes laicos;
✓ As cortes de Roma não escondiam os luxos, e usavam os impostos dos fiéis para
sustentar a corte que se rodeou de artistas;
✓ A igreja só queria somente acumular riqueza.
Para sustentar as cortes:

✓ Houve a venda de perdão dos pecados e a venda de altos cargos da igreja;


✓ A corrupção levava até à eleição do papa, cujos cardeais eleitores eram facilmente
subornáveis;
✓ O nepotismo era uma prática recorrente – rodeavam-se de familiares e pessoas próximas
para ocuparem os mais altos cargos.

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Os primeiros apelos de Reforma
Na segunda metade do século XIV, a denúncia dos vícios da igreja levou a uma proposta de
novas formas de culto.

John Wyclif (1330-1384) – contestou a autoridade do papa, criticou o pagamento de tributos a


Roma, afirmou que a bíblia era a única fonte de fé.
Jan Huss (1369-1415) – defendia que os crentes podiam comunicar com deus sem intermediação
da hierarquia católica.
Jerónimo Savonarola (1452-1498) – condenou os excessos do materialismo e da imoralidade
renascentistas, declarou a ditadura teocrática em florença, foi um feroz adversário do papa
Alexandre VI.

Nota: As últimas duas personalidades mencionadas foram condenadas à fogueira e ao


enforcamento respetivamente devido às suas posições contra a igreja.

A crítica humanista
Os humanistas não escaparam à curiosidade de conhecer as formas primitivas de culto cristão.

Os humanistas depressa concluíram que existiam grandes diferenças entre o culto clássico e o
culto atual cristão.
Os humanistas cristãos defenderam princípios de coerência, autenticidade, integridade de
caracter, honradez e moralidades cristãs.

✓ Iniciaram uma campanha de divulgação dos textos sagrados nas suas versões originais;
✓ Publicaram versões traduzidas dos evangelhos;
✓ Traduziram a bíblia e comentaram livremente a sua interpretação;
✓ Denunciaram a deturpação da informação da teologia dada nas universidades;
✓ Denunciaram a hipocrisia e a corrupção do clero, ignorância e devassidão do clero regular
e a ambição material dos papas;
✓ Afirmavam a renovação moral através do regresso à pureza do cristianismo original;
✓ Rejeitam o formalismo dos rituais litúrgicos.

O individualismo religioso
Num ambiente de desilusão, os crentes deixaram de acreditar na igreja.
✓ A hierarquia eclesiástica é desvalorizada e as formas de culto passam a ser geridas por
leigos ou organizações laicas;
✓ Generaliza-se a ideia de que a igreja não serve para nada e que o cristão pode praticar
fora da igreja o seu culto;
✓ Acredita-se que o verdadeiro culto pode ser praticado individualmente;
✓ Publicam-se guias espirituais;
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✓ Proliferam movimentos de crentes.
Assim favoreceu-se também a prática de superstições e de fanatismo – acusação de bruxaria e
procissões no norte da europa.

II. As ruturas teológicas de Lutero

Martinho Lutero (1483-1546) (Alemão) – Opositor da venda de indulgências

• A angústia de Lutero

Crítico humanista da forma como funciona a igreja católica face à originalidade cristã.
Conclui que a fé absoluta reside em deus e na total confiança no seu poder de perdoar.

• A venda de indulgências

O Papa Leão X, para construir a basílica de S. Pedro, resolveu vender mais indulgências.

• O protesto de Lutero
Lutero afirmava que os perdoes dos pecados não podiam ser comprados, assim a 31 de outubro
de 1517, afixou as “95 teses contra as indulgências” na igreja do castelo de Wittenberg.

• A excomunhão e a revolta

Lutero em 1518, foi intimado pelo papa a retirar as suas teses, contudo recusou-se e afirmou que
a autoridade das escrituras era superior à autoridade do papa.

Em 1520, Lutero intensificou a sua revolta contra a hierarquia da igreja:


✓ Manifestou à nobreza Alemã, a renovação da vida cristã e o nacionalismo germânico
contra a prepotência de Roma;
✓ Continua a contestar a existência de perdões de pecados e a existência de intermediários
entre os centres e deus;
✓ Revindica a liberdade de interpretação da bíblia.
Em dezembro rasga o ultimato papal e em janeiro de 1521, foi excomungado (expulso).

• A condenação política na dieta de worms


Lutero veio a ser condenado e banido do império em 1522, pelo édito Worms, e os seus textos
foram proibidos.
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Durante os 10 meses de retiro forçado, Lutero traduziu a bíblia para o alemão para chegar ao
alcance de todos e deu um grande impulso para a afirmação da língua alemã.

III. As igrejas reformadas


A reforma luterana

• A justificação pela fé e o princípio da predestinação

A justificação pela fé trata-se de o princípio básico da doutrina luterana. O homem será justo e
salvo pela fé em cristo e não pelas suas obras.

Segundo Lutero, é Deus quem elege os que são dotados de fé e salvará os crentes.
Luteranismo advoga assim a teoria da predestinação, pois deus predestina a salvação do
homem.

• A simplificação do culto e dos dogmas

Lutero propõe a recusa dos fundamentos da fé instituída pelo homem, assim os luteranos:

✓ Defende que a palavra vale mais que o ritual;


✓ Defendem um culto espiritual, interior e individual;
✓ Rejeito o culto dos santos e da virgem;
✓ Desvalorizam os sacramentos da igreja;
✓ Negam a transubstanciação – poder de transformar o pão e vinho na carne e sangue de
cristo.

• A reforma disciplinar

O luteranismo propõe mudanças na organização da igreja, tais como:


✓ A extinção do clero regular e o fim do celibato do clero;
✓ Reconhecer a universalidade do sacerdócio (todos os fiéis têm a capacidade de interpretar
textos bíblicos);
✓ Nacionalização da igreja;
✓ Abolição da hierarquia da igreja;
✓ Os bens da igreja sejam entregues às autoridades laicas.

O triunfo do luteranismo na Alemanha


Os príncipes luteranos, protestaram contra a proibição do imperador alemão e ficaram conhecidos
como protestantes.

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Em 1530, foram apresentadas as confissões de Ausburgo, que viriam a constituir o mais
importante instrumento da doutrina luterana.

• A paz de Augsburgo

A disputa entre o poder central católico e os locais gerou uma verdadeira guerra civil.
Em 1555, Carlos V, reconhece a cada príncipe a liberdade de opção religiosa para o seu Estado e
confirma a expropriação dos bens da igreja.

A reforma fora da Alemanha

• O calvinismo
Em frança surgiam fortes ventos reformistas.

O calvinismo mostro ser mais antipapista e mais extremista que o luteranismo.


O radicalismo calvinista levou a perseguições intolerantes à prática de outros cultos.

• A dissidência de Henrique VIII na Inglaterra

Henrique VIII, foi excomungado e em resposta, o parlamento Inglês votou o Ato de Supremacia
(1534), pela qual o rei de Inglaterra ascendeu à chefia suprema da Igreja.

A igreja inglesa, evoluiu para uma espécie de compromisso entre a liturgia católica e os dogmas
protestantes calvinistas, constituindo uma nova igreja – Igreja Anglicana.

Reforma Católica e contrarreforma


➢ A reforma católica – via de autorreforma.
➢ Contrarreforma – via repressiva.

I. Reafirmação do dogma e do culto tradicional

O concílio de Trento
A obra reformada, assentou no princípio da recusa terminante de movimentos protestantes:

✓ Reforçar os dogmas da igreja católica;


✓ Definir os princípios da disciplina eclesiástica.
Reforço dos dogmas e a normalização do culto:
✓ Forma do Credo;
✓ O reconhecimento das Sagradas Escrituras e da tradição;

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✓ A necessidade da prática de bons atos para obter a salvação;
✓ Livre-arbítrio – todos os pecadores podem chegar à salvação, nada está predestinado;
✓ A importância das indulgências;
✓ A transubstanciação de Cristo durante a Eucaristia.

Disciplina eclesiástica:
✓ A missa é celebrada em latim, com a única versão autoridade da Bíblia;
✓ O papa reforça os seus poderes na igreja, tendo mais autoridade;
✓ Foi publicado o catecismo para generalizar o ensino da religião através de breves leituras
feitas pelos clérigos nas missas;
✓ O clero começou a ser formado em seminários.

II. A reforma disciplinar e o combate ideológico

A contrarreforma incumbiu-se do combate ideológico.


➢ Vigilância e repressão;
➢ Proselitismo (missionários, pregação e ensino).
A congregação do Índex
Para evitar a continuação da disseminação de ideias reformistas, passou-se a proibir todas as
publicações consideradas prejudiciais à fé e à moral católica.
Assim criou-se uma autêntica comissão de censura, denominada de Congregação do índex.
Constituiu assim um poderoso instrumento de censura intelectual, aqui encontravam-se sobretudo
obras dos humanistas.

A Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício

• Antecedentes

A inquisição era uma instituição da idade média para reprimir a heresia e outras práticas
contrárias à moral cristã.

• Inquisição e Reforma

A partir de 1542, a inquisição foi reativada, colocando serviços de repressão sobre os


movimentos reformistas.
A elaboração dos processos começava com denuncias, muitas vezes anonimas. Os denunciados
eram imediatamente detidos, sem qualquer averiguação dos factos ou do fundamento da
denuncia.

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As confissões ofereciam ao julgado o acelerar do processo. Normalmente as confissões só se
conseguiam apôs longos interrogatórios.
As penas eram sempre afixadas com os nomes dos suspeitos e das suas famílias para causar
vergonha social.
As sentenças podiam ser prisão, se o acusado demonstrasse arrependimento ou a condenação à
fogueira em autos de fé, se não demonstrasse a sua inocência.

Outra pena era o confisco dos bens do condenado.

As ordens religiosas

As ordens religiosas, foram capazes de demonstrar um exemplo de aperfeiçoamento interno, ou


eram criadas de novo sobre austeridade franciscana.
Algumas ordens aperfeiçoadas, dedicavam-se à divulgação da fé católica e a prestação de
caridade às populações.

• A companhia de Jesus
Jesuítas ou companhia de Jesus, são um verdadeiro instrumento de combate à heresia
protestante.

A companhia foi organizada como um exército de cristo:


✓ Era dirigida por um vigário-geral, eleito para toda a vida e com autoridade absoluta;
✓ Por sua vez, havia os vigários provinciais, nomeados para as várias regiões;
✓ A seleção dos membros era feita através de um estudo muito rigoroso do perfil dos
candidatos;
✓ Obediência incondicional e lealdade absoluta ao papa e aos seus superiores;
✓ Os jesuítas tinham de ser inteligentes e cultos, deviam ter uma formação académica.
Deveres dos jesuítas

Missionação:
✓ Reconquista de regiões que eram dominadas pelos protestantes;
✓ Conversão de populações pagãs para a fé católica.

No Ensino:
✓ Criação de seminários para formar os seus membros;
✓ Muitos clérigos eram dotados de ensino conversador, mas de reconhecida qualidade.

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III. A contrarreforma em Portugal
A introdução do Santo Ofício

✓ Combater a reincidência de judeus e cristãos novos nas práticas do judaísmo;


✓ Evitar a propagação do protestantismo em Portugal;
✓ Acalmar o animo popular contra a comunidade judaica.
Os judeus para além de disporem de uma formação intelectual, muitos deles desempenhavam
atividades liberais prestigiadas e importantes cargos junto dos monarcas.

A organização da Inquisição

O tribunal do Santo ofício em Portugal, ficou sobre tutela do monarca, ao qual incumbia de
escolher o inquisidor-geral.
O inquisidor-geral, na qualidade de delegado do papa, sobrepunha-se a todas as autoridades
civis, militares e religiosas.

IV. O impacto da reforma católica na sociedade portuguesa

Os marinheiros portugueses foram pioneiros na construção de novos saberes que levaram ao


desenvolvimento da ciência moderna.
Em Portugal, o movimento humanista teve importantes adeptos.

O espírito português do quinhentismo foi promessa que não se cumpriu. Portugal em pleno século
XVI, é considerado um Portugal fraco e intelectualmente morto, comparado ao Portugal do século
XV.
A máquina da inquisição provocou a paralisação intelectual do reino.

Não só paralisou a cultura, como a renovação social e o desenvolvimento económico.


Os homens de grandes negócios, considerados as mentalidades ativas e de espírito
empreendedor, como eram os judeus e os cristãos novos, foram para países onde a liberdade
triunfou.

Portugal quando se podia afirmar como pais modernos, assistiu à atrofia da sua frágil burguesia e
a eternização dos valores tradicionais.

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