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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

INSTITUTO DE TEOLOGIA LOGOS


PREPARANDO CRISTÃOS PARA A DEFESA DA FÉ
CURSOS DE TEOLOGIA 100% Á DISTÂNCIA

DISCIPLINA.

HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA


(Organizado pelo Setor Acadêmico do ITL)

BRASIL, MA
Versão 2021

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Pesquisa e Organização do Conteúdo:


Instituto de Teologia Logos, EA
Gráficos, Edição e Finalização:
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DADOS DE CATALOGAÇÃO INTERNA DA PUBLICAÇÃO – DCIP


CÓDIGO DCIP: 001-035-2021-1
CÓDIGO DISCIPLINA: ITLON35

LOGOS, Instituto de Teologia (ORG). HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA.


MARANHÃO: PUBLICAÇÕES ITL, 2021. 135 pgs.

Instituto de Teologia Logos – Diretoria de Ensino


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SUMÁRIO

1 - O PRINCÍPIO DE TUDO – FORMAÇÃO DO UNIVERSO E CRIAÇÃO DO HOMEM ........... 9


1.1. GÊNESIS 1 – “NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA” ...............................................9
1.2. GÊNESIS 2A – “A TERRA ERA SEM FORMA E VAZIA” ..............................................................9
1.3. GÊNESIS 2B – “E HAVIA TREVAS SOBRE A FACE DO ABISMO” .................................................10
1.4. GÊNESIS 2C – “MAS O ESPÍRITO DE DEUS PAIRAVA SOBRE A FACE DAS ÁGUAS”........................10
1.5. A CRIAÇÃO ..................................................................................................................11
1.6. A FORMAÇÃO DO HOMEM.............................................................................................12
1.7. O HOMEM IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS ...................................................................13
1.8. A QUEDA DO HOMEM...................................................................................................14
1.9. A MISERICÓRDIA DE DEUS NA EXPULSÃO..........................................................................14
1.10. O PRIMEIRO SACRIFÍCIO ................................................................................................15
1.11. O PRIMEIRO HOMICÍDIO................................................................................................15
1.12. A MISTURA ENTRE CRENTES E NÃO CRENTES ....................................................................16
1.13. O HOMEM ANTEDILUVIANO ...........................................................................................17
1.14. A MISERICÓRDIA DE DEUS NO DILÚVIO ............................................................................17
1.15. A TORRE DE BABEL .......................................................................................................19
2 - OS FILHOS DE NOÉ – A ORIGEM DAS NAÇÕES ......................................................... 23
2.1. CAM ..........................................................................................................................23
2.2. SEM ...........................................................................................................................23
2.3. JAFÉ ...........................................................................................................................23
2.4. PELEGUE .....................................................................................................................24
2.5. PRIMEIRO IMPÉRIO .......................................................................................................24
3 - PANORAMA HISTORIOGRÁFICO DE ABRAÃO .......................................................... 27
3.1. O CHAMADO DE ABRAÃO ..............................................................................................28
4 - A ERA DE MOISÉS ................................................................................................... 37
4.1. CONQUISTANDO TERRITÓRIO..........................................................................................40
5 - A FORMAÇÃO DA NAÇÃO ISRAELITA ...................................................................... 43
5.1. JOSUÉ E A CONQUISTA DA TERRA ....................................................................................43
5.2. O PERÍODO DOS JUÍZES .................................................................................................45
5.3. ELI – SACERDOTE E JUIZ EM ISRAEL ..................................................................................46
5.4. SAMUEL ......................................................................................................................46
6 - FORMAÇÃO, RUPTURA E QUEDA DO REINO EM ISRAEL .......................................... 48
6.1. O POVO PEDE UM REI ..................................................................................................48
6.2. AS GUERRAS DE SAUL ...................................................................................................48
6.3. DAVI VIRA REI ..............................................................................................................49
6.4. O REINO UNIDO...........................................................................................................50

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6.5. SALOMÃO ...................................................................................................................51


6.6. A RUPTURA DO REINO...................................................................................................52
6.7. REINO DO SUL..............................................................................................................53
6.8. O CATIVEIRO ...............................................................................................................54
6.9. A RESTAURAÇÃO DOS JUDEUS ........................................................................................55
7 - O PERÍODO INTERBÍBLICO ...................................................................................... 58
7.1. ALEXANDRE, O GRANDE.................................................................................................58
7.2. O PERÍODO TOLEMAICO ................................................................................................58
7.3. O PERÍODO SELÊUCIDA ..................................................................................................59
7.4. A REVOLTA DOS MACABEUS (163 – 63 A.C.) ...................................................................60
7.5. O REINO DE JUDÁ .........................................................................................................62
8 - OS JUDEUS NOS SÉCULOS I AO XX A.D. ................................................................... 65
9 - COMPREENDENDO A CULTURA JUDAICA ................................................................ 81
9.1. PREMISSAS BÁSICAS DAS FESTIVIDADES JUDAICAS ..............................................................81
9.2. O QUE É UM CHAG? ....................................................................................................81
9.3. PARA QUE PRECISAMOS DE CHAGUIM? ...........................................................................82
10 - O ANO NOVO JUDAICO (ROSH HASHANA)........................................................... 84
10.1. O ASPECTO RELIGIOSO ..................................................................................................84
10.2. EM ISRAEL...................................................................................................................86
10.3. NOMES DA FESTA .........................................................................................................86
10.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.......................................................................86
11 - DIA DO PERDÃO (IOM KIPUR) ............................................................................. 91
11.1. O ASPECTO RELIGIOSO ..................................................................................................91
11.2. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.......................................................................91
11.3. MITZVAT.....................................................................................................................92
12 - FESTAS DAS CABANAS (SUKOT) ........................................................................... 94
12.1. O ASPECTO RELIGIOSO ..................................................................................................94
12.2. EM ISRAEL...................................................................................................................95
12.3. NOMES DA FESTA .........................................................................................................95
12.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.......................................................................96
13 - ALEGRIA DA TORA (SIMCHAT TORA) ................................................................... 99
13.1. O ASPECTO RELIGIOSO ..................................................................................................99
13.2. EM ISRAEL................................................................................................................ 100
13.3. NOMES DA FESTA ...................................................................................................... 100
13.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.................................................................... 100
14 - FESTAS DAS LUZES (CHANUKA) ......................................................................... 102
14.1. O ASPECTO RELIGIOSO ............................................................................................... 103
14.2. EM ISRAEL................................................................................................................ 103
14.3. NOMES DA FESTA ...................................................................................................... 104

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14.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.................................................................... 104


14.5. MITZVOT ................................................................................................................. 106
15 - TU BISHVAT ...................................................................................................... 108
15.1. O HOMEM É COMPARADO À ÁRVORE ........................................................................... 108
15.2. EM ISRAEL................................................................................................................ 109
15.3. NOMES DA FESTA ...................................................................................................... 110
15.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.................................................................... 110
15.5. MITZVAT HANETIA..................................................................................................... 112
16 - A FESTA DA ALEGRIA (PURIM) ........................................................................... 114
16.1. O ASPECTO RELIGIOSO ............................................................................................... 114
16.2. EM ISRAEL................................................................................................................ 114
16.3. NOME DA FESTA ....................................................................................................... 115
16.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.................................................................... 115
17 - PÁSCOA (PESSACH) ........................................................................................... 118
17.1. EM ISRAEL................................................................................................................ 118
17.2. NOMES DA FESTA ...................................................................................................... 118
17.3. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.................................................................... 119
18 - DIA DA INDEPENDÊNCIA (IOM HAATZMAUT) .................................................... 122
18.1. O ASPECTO RELIGIOSO ............................................................................................... 122
18.2. EM ISRAEL................................................................................................................ 122
18.3. NOMES DA FESTA ...................................................................................................... 123
18.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS ............................................................................................... 123
18.5. O ASPECTO RELIGIOSO ............................................................................................... 126
18.6. EM ISRAEL................................................................................................................ 126
18.7. NOMES DA FESTA ...................................................................................................... 127
18.8. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.................................................................... 127
19 - FESTA DAS SEMANAS, OU DAS PRIMÍCIAS (SHAVUOT) ...................................... 129
19.1. O ASPECTO RELIGIOSO ............................................................................................... 130
19.2. EM ISRAEL................................................................................................................ 130
19.3. NOMES DA FESTA ...................................................................................................... 131
19.4. SÍMBOLOS E MOTIVOS, USOS E COSTUMES.................................................................... 132
19.5. ASSERET HADIBROT, OS DEZ MANDAMENTOS, E SEU VALOR UNIVERSAL ............................ 133
19.6. MITZVOT ................................................................................................................. 134

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APRESENTAÇÃO

Seja bem-vindo(a), caro(a) aluno(a)!


Parabéns pela sua decisão de transformação, pois isso também
mostra o quanto você está compromissado em contribuir com a
transformação da igreja e da sociedade onde você está inserido.
O Instituto de Teologia Logos estará acompanhando você durante
todo este processo, pois “os homens se educam juntos, na transformação
do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem simples, completa e de
rápida assimilação, contribuindo para o seu desenvolvimento bíblico,
teológico e ministerial, para desenvolver competências e habilidades e
aplicar os conceitos, fundamentos e prática na sua área ministerial,
possibilitando você atuar em favor do Reino de Deus com mais excelência.
Nosso objetivo com este material é levar você a aprofundar-se no
conteúdo, possibilitar o desenvolvimento da sua autonomia em busca de
outros conhecimentos necessários para a sua formação bíblica, teológica
e ministerial.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e
construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize todos os
materiais didáticos e recursos pedagógicos que disponibilizamos para
você. Acesse regularmente a Área do Aluno, participe no grupo online
com o tutor online que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e
auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar
com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.

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AULA
01

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1- O PRINCÍPIO DE TUDO – FORMAÇÃO DO


UNIVERSO E CRIAÇÃO DO HOMEM
Existem várias teorias em relação ao surgimento do Universo. Cada cientista tem o
seu argumento falho e com explicações vinda de suas mentes. Mas todo cientista tem o
mesmo problema para explicar. Em qualquer situação, como a matéria surgiu? Segundo a
teoria do “Big Bang” (A Grande Explosão), o universo se originou através de uma grande
explosão de uma massa de proporções gigantescas de moléculas de hidrogênio (molécula
com 1 próton), dando origem aos vários elementos da tabela periódica e
conseqüentemente, através das ligações químicas, surgindo os planetas, estrelas,
asteróides, galáxias etc. Em 90% do universo encontramos o hidrogênio. A água possui 2
moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio. A matéria orgânica é formada basicamente de
4 moléculas de hidrogênio misturado com o carbono (metano). O hidrogênio é tão
inflamável que já existe estudo sobre o seu uso na linha automotiva. Mas, quem poderia
ter feito essa Grande Explosão? E de onde veio tal matéria. Quem criou o hidrogênio?

1.1. Gênesis 1 – “No princípio criou Deus os céus e a terra”


O verbo criar, aqui, vem do original BARA’, BAW-RAW’, que significa, “criar a partir do
nada”. Antes do princípio, não havia matéria, pois Deus a fez a partir do nada, através de
sua palavra. Essa palavra também é usada em Isaías 40:26.

1.2. Gênesis 2a – “A terra era sem forma e vazia”

Há muitas teorias entre os teólogos em relação a esse versículo. Teorias não são
verdades e não são dignas de aceitação cega, são apenas pensamentos humanos e por
isso, pensamentos falhos.
Alguns dizem que a terra era sem forma e vazia porque ainda não existia vida e assim
era vazia por não estar habitada, não ter nenhum ser e sem forma porque não havia água.
(Imagine a terra sem água. Ela realmente seria uma grande pedra sem forma, pois a água
que cobre a terra a faz redonda por causa da pressão atmosférica, puxando toda a massa
para o centro da terra).
Outra teoria diz que entre o 1º e o 2º versículo se passaram eras, milhões de anos ou
até bilhões de anos e que, Deus não poderia ter feito uma terra sem forma e vazia e
utilizam os versículos de Ezequiel, Isaías e Apocalipse para sugerir que Satanás tenha sido
criado entre esses dois versículos e nesse período tenha se rebelado contra Deus, caindo
na terra e a tornando caótica, pois no original podemos ler: “No princípio criou Elohim os

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céus e a terra e a terra se tornou um caos (chaos) e vazia (bohuw = uma ruína indescritível)
e trevas sobre a face do abismo (mar principal, parte mais profunda das águas) e o Espírito
de Elohim vibrando sobre as superfícies das águas.”

1.3. Gênesis 2b – “e havia trevas sobre a face do abismo”

Abismo, na Bíblia, se refere ao mar e não a um buraco ou grande queda numa


montanha, como estamos acostumados. É um lugar profundíssimo, coberto pelas águas
onde homem algum conseguiu penetrar, o mar principal. Se alguém conseguisse afundar
até o fundo do mar, esse explodiria por causa da pressão.
O versículo 2, parte b, diz que havia alguma coisa de trevas sobre a face do abismo.
Os teólogos crêem que era a presença de Satanás e seus anjos caídos. Mas, se eles estão
no mundo espiritual, estaria Deus aqui mencionando o físico? Ou o espiritual? Abismo
possui vários significados, inclusive no espiritual.
Seria as trevas a falta de vida? Ou simplesmente a falta de luz? É fato que a luz ainda
não havia sido criada e quando Deus a criou fez separação entre a luz e as trevas,
chamando a luz de dia e as treva de noite. Mas Deus, por si só é a luz?
Lembre-se que Jesus é o pai das luzes!
De qualquer forma, o original choshek kho-shek' trevas pode significar miséria,
destruição, morte, fraqueza, obscuridade, ou simplesmente noite.

1.4. Gênesis 2c – “mas o Espírito de Deus pairava sobre a face


das águas”

O verbo pairar, no original rachaph raw-khaf' significa vibrar, mover, chocar, assim
como a galinha choca seus ovos (usado em Deuteronômio 32:11). A linguagem aqui
utilizada foi para que nós humanos pudéssemos entender, assim como Jesus fazia através
das parábolas. Assim, podemos analisar o motivo pelo qual a galinha choca seus ovos.
Choca aquecendo o ovo para gerar vida. Isso mesmo, o Espírito de Deus aqueceu a terra
para prepará-la para gerar vida. Deus tinha um propósito de torná-la habitada. O Espírito
de Deus tem a função de gerar vida. Gerou na terra, gerou em Maria, Jesus, o Filho de
Deus.
Gerou ainda nos discípulos vida espiritual. “e a vós, quando estáveis mortos nos
vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele,
perdoando-nos todos os delitos;” (Colossenses 2:13); “Quem crê em mim, como diz a
Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do
Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado,

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porque Jesus ainda não tinha sido glorificado”.(João 7:38-39); “E havendo dito isso,
assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20:22). Assim como Deus
soprou nas narinas de Adão concedendo-lhe vida, assim também Jesus assoprou sobre os
discípulos tornando a ter a vida espiritual que Adão havia perdido. Jesus nos resgatou.

1.5. A Criação

“Disse Deus: haja luz. E houve luz. Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a
luz e as trevas. E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia
primeiro”. (Gênesis 1:3-5)
Existem duas teorias em relação a esse versículo. O sol só apareceu no quarto dia,
como havia luz, dia e noite? A primeira teoria diz que Moisés estava vendo a visão das
coisas como se ele estivesse na terra e uma grande massa impedia o sol de aparecer, mas a
luz do sol tentava ultrapassar os gases densos da atmosfera da terra. Quando Deus fala
“haja luminares”, significaria “apareçam luminares”, como se já existisse e apenas não
aparecia. Dessa maneira essa teoria teria até consistência, mas existe uma outra teoria que
prova, cientificamente, que mesmo sem o sol existe luz no universo, criado pela fricção das
moléculas, assim como acontece com uma lâmpada incandescente. A palavra luz aqui, no
original, é 'owr ore que se refere às ondas iniciais de energia luminosa atuando sobre a
terra, como acontece ao nascer do sol, ou como a luz de um fogo (Is 18.4, Is 31.9).
O fato é que, na criação, Deus primeiramente colocou ordem nas coisas, criando, nos
quatro primeiros dias, respectivamente, a luz, o firmamento (atmosfera), a terra seca e os
luzeiros (o sol, a lua e as estrelas). Depois, no quinto e sexto dia Deus dá vida à criação,
criando, em sua ordem, os peixes e as aves, os animais e por fim o homem. No sétimo dia
Deus termina a criação e a declara boa. Há uma polêmica quanto à criação do sol no
quarto dia, depois do surgimento das plantas, mas já foi provado pela ciência que existiu
plantações que não precisavam da luz do sol para sobreviver, mas se o dia referido é de 24
horas, uma planta não nasce de um dia para o outro e só faz a fotossíntese após surgir suas
folhas.
A palavra dia vem do hebraico yowm yome, que pode ser tanto um dia de 24 horas
(Gn 7.17, Mt 17.1) como uma era, ou um tempo (Pv 25.13). Sabemos que Deus poderia
simplesmente ter feito tudo em 6 dias normais, mas se ele fez em seis eras, não importa. O
importante é que sabemos que Deus criou todas as coisas, de uma maneira ou de outra.
Para esses que assumem a palavra ERA, dizem que a tarde significava o fim de uma era e a
manhã o início de outra, se for considerado figura de linguagem, concordando até com os
períodos em que a ciência divide a pré-história. Mas se as palavras tarde e manhã forem
consideradas literais, assume-se o dia de 24 horas.

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Outra coisa é certa, Deus preparou a terra para o homem habitar e ainda plantou um
Jardim no meio dela: “Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no
Éden; e pôs ali o homem que tinha formado”. (Gênesis 2:8)

1.6. A Formação do Homem

A maravilha da criação de Deus é que os animais foram produzidos da água e da


terra: “E disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima
da terra no firmamento do céu”. (Gênesis 1:20); “E disse Deus: Produza a terra seres
viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens
segundo as suas espécies. E assim foi”. (Gênesis 1:24) Já o homem foi formado pelas mãos
de Deus. Ele nos fez como lodo: “Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados.
No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus não havia ainda nenhuma planta do
campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus
não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra. Um vapor,
porém, subia da terra, e regava toda a face da terra. E formou o Senhor Deus o homem do
pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”.
(Gênesis 2:4-7); “Lembra-te, pois, de que do barro me formaste; e queres fazer-me tornar
ao pó?” (Jó 10:9).
Traduzido das demais línguas, fica: “Lembra-te, pois, de que como o lodo me
formaste..”. Ou seja, pó com água. Cientificamente, somos formados de 75% de água e
25% de átomos dos mais diversos encontrados na Tabela Periódica.
A mulher, por sua vez, foi feita por Deus a partir da costela de Adão. E o Senhor a fez
para ser companheira e adjuntora do homem Adão, aquela que o auxiliaria e o
completaria.
O homem foi feito do pó da terra. Se analisarmos que o mundo foi feito de pó:
“quando ele ainda não tinha feito a terra com seus campos, nem sequer o princípio do pó
do mundo”. (Provérbios 8:26) podemos entender que o pó aqui se refere aos átomos que,
analisados ao microscópio, parecem pó, na verdade. Cientificamente falando, todas as
matérias possuem átomos. Já foi descoberto que o homem possui todos os elementos da
Tabela Periódica. O homem possui, ouro, prata, fósforo, hidrogênio, Carbono, Oxigênio
etc. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego
da vida; e o homem tornou-se alma vivente”. (Gênesis 2:7) No original `aphar aw-fawr' (pó)
é usado tanto em Pv 8.26 como em Gn 2.7, dando ênfase a essa teoria.
O homem foi feito para adorar o Senhor: “E acontecerá que desde uma lua nova até a
outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o
Senhor”. (Isaías 66:23) Deus fez o homem para ser seu amigo. Prova disso é que o Senhor

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vinha todos os dias para conversar com ele. Ora “Já não vos chamo servos, porque o servo
não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de
meu Pai vos dei a conhecer”. (João 15:15) “E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava
no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus,
entre as árvores do jardim”. (Gênesis 3:8).

1.7. O Homem Imagem e Semelhança de Deus

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;


domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e
sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra”. (Gênesis 1:26)
Deus não fez o homem como fez o animal; Deus fez o homem como seu semelhante.
O primeiro homem, Adão, foi dotado por Deus de qualidades pertencentes a Deus. Deus
ama, pensa, fala, cria, espera etc. O homem, por ter sido feito semelhante, também.
O homem tem a capacidade, doada por Deus, de amar, de pensar, falar, esperar, até
criar. Adão foi dotado de tão grande inteligência que Deus, para aguçar a satisfação de
criação, deu o direito a Adão de colocar nome a todas as coisas. “Da terra formou, pois, o
Senhor Deus todos os animais do campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem,
para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente, isso foi o
seu nome”. (Gênesis 2:19) Somente depois da queda é que o homem passou a receber
influência do pecado. Antes, ele só conhecia o bem e, depois, passou a conhecer o mal e
assim passou a praticar o mal também. É por isso que o homem precisa praticar o bem:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma
virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. (Filipenses 4:8)
A palavra imagem aqui vem do original tselem tseh'-lem, que significa uma figura
representativa, uma sombra, uma imagem. E a palavra semelhança vem da repetição da
palavra imagem anteriormente, que ao pé da letra ficaria “o homem em imagem de ele em
imagem de Elohim (Deus no plural)”. Assim, o homem foi feito uma figura representativa
de Deus aqui na terra, por isso o Senhor colocou no homem a responsabilidade de cuidar
da terra e a de dar nome a todas as coisas. Realmente, somos embaixadores de Cristo,
representantes dEle aqui na terra e por isso precisamos representá-lo bem. As pessoas
precisam ver Cristo em nós. Imagine se uma empresa enviar uma pessoa como
representante a um cliente e esta pessoa for até lá mal vestida e cheirando mal: o que
pensariam dessa empresa? Precisamos exalar o perfume de Cristo! “Graças, porém, a Deus
que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós difunde em todo lugar o
cheiro do seu conhecimento;” (2 Coríntios 2:14) Cheiro aqui é perfume no grego euodia
yoo-o-dee'-ah.

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1.8. A Queda do Homem

“Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer
livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque
no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. (Gênesis 2:16-17)
Há quem diga que o fruto do pecado era a maçã, mas a Bíblia não fala isso. Ela
apenas menciona “o fruto do conhecimento do bem e do mal”. Outra coisa que muitos
ignoram é que o homem já trabalhava no Jardim, mas o pecado trouxe para a terra
abrolhos, ou seja, dificuldade para o plantio. O que era fácil ficou difícil e trabalhoso:
“Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar e
guardar”. (Gênesis 2:15); Com a queda do homem, a terra ficou enferma: “Ela te produzirá
espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu
pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás”.
(Gênesis 3:18-19) A mulher não sentia dores de parto, mas depois da queda ela passou a
sentir: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás
à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”. (Gênesis 3:16) A
árvore da vida já estava lá também. “E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de
árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do
jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. (Gênesis 2:9).
O apontar de dedo “Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o
argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita!
tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho
de teu irmão”. (Lucas 6:42). Adão culpou a Deus e a mulher: “Ao que respondeu o homem:
A mulher que me deste por ompanheira deu-me a árvore, e eu comi”. (Gênesis 3:12). A
mulher, por sua vez, colocou a culpa na serpente: “Perguntou o Senhor Deus à mulher:
Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi”. (Gênesis
3:13).
Não seria mais rápido reconhecer seus pecados, pedir perdão e se corrigir? “O que
encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará
misericórdia”. (Provérbios 28:13).

1.9. A Misericórdia de Deus na Expulsão


Muitos consideram a expulsão do homem como um castigo, mas na verdade foi a
misericórdia de Deus. Imagine se o homem comesse do fruto da árvore da vida e ficasse
eternamente em pecado, sem salvação? Seria como Satanás e seus anjos decaídos. “Então
disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o
bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e

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coma e viva eternamente. O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para
lavrar a terra, de que fora tomado”. (Gênesis 3:22-23).

1.10. O Primeiro Sacrifício


Adão e Eva cozeram folhas de figueira: “Então foram abertos os olhos de ambos, e
conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si
aventais”. (Gênesis 3:7) Ora, folha de figueira não cobre ninguém, não encobre nada. Isso
simboliza o esforço inútil do homem em se livrar do pecado: “Quem pode dizer: Purifiquei
o meu coração, limpo estou de meu pecado?” (Provérbios 20:9).
Quando o Senhor veste os dois com roupas de pele, ele teve que sacrificar um
animal, para encobrir o pecado deles, ensinando assim que era necessário derramamento
de sangue para remissão dos pecados, coisa que no futuro seria concretizado com Jesus
que tira o pecado do mundo. “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse:
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1:29)
Em Gênesis 3:15 ocorreu a 1ª profecia sobre o Plano de Salvação: “Porei inimizade
entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. (Gênesis 3:15) Jesus, o filho da mulher pisaria na
cabeça do diabo, mas a serpente feriria o seu calcanhar, o que aconteceu com a morte de
cruz.

1.11. O Primeiro Homicídio

O primeiro homicídio ocorreu quando Caim provou a influência do pecado. Sentiu


ódio, rancor, inveja, vontade de matar. O Senhor ensinou que caberia a Caim dominar o
pecado e, se não dominasse, ele seria escravo do pecado: “Porventura se procederes bem,
não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e
sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar”. (Gênesis 4:7) Por causa do
pecado, o homem teria que dominar seus sentimentos ruins que eles adquiriram, ao
conhecer o mal. Caim poderia ter se arrependido e tentado agradar a Deus na próxima vez,
e até ficar alegre pelo seu irmão de ter obtido êxito em seu sacrifício. Mas tudo o que
domina o homem é pecado. O pecador é escravo do pecado. “Replicou-lhes Jesus: Em
verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”.
(João 8:34); “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as
coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. (1 Coríntios
6:12) Hoje, conseguimos dominar o pecado, através do Espírito da Graça: “Do mesmo
modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de

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pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis”.
(Romanos 8:26).
Caim recebeu um sinal de modo que todos olhassem para ele não quisessem matá-lo.
Há quem diga que Caim ficou negro. Mas isso é puro pensamento racista. A palavra Adão,
por exemplo, em muitos escritos antigos, era ADAMI, que significa homem de cor da terra.
Seria Adão negro e Eva branca, dando origem às demais raças? Não se sabe. Ainda, a
questão da cor da pele, segundo os cientistas, tem muito haver com fatores geográficos,
como o clima entre outros. Mas que sinal era aquele de Caim? Ora, se observarmos bem
no semblante dos assassinos e dos homens maus, podemos notar um semblante
assustador e feio enquanto que, se observarmos o semblante dos servos de Deus,
podemos ver um brilho diferente. Não sabemos, ao certo, que sinal foi aquele, pois a Bíblia
não relata, por isso, não devemos ficar por aí falando coisas que não convém a santos. Da
linhagem de Caim, podemos notar que veio Lameque, outro homicida e, ainda, o
introdutor do pecado da poligamia, com suas duas mulheres.

1.12. A Mistura Entre Crentes e Não Crentes


“Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes
nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e
tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: O meu
Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carne, mas os seus
dias serão cento e vinte anos. Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também
depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram
filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade.
Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos
pensamentos de seu coração era má continuamente”. (Gênesis 6:1-5).
Há uma corrente de pensamento que diz que os anjos tiveram relações com
mulheres e nasceram gigantes. Mas isso está DETONADO:
1. Jesus nos explicou que os anjos não têm sexo: “mas os que são julgados dignos de
alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam
nem se dão em casamento; porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos
anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lucas 20:35-36).
2. Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de
Deus conheceram as filhas dos homens, Os nefilins (gigantes) estavam na terra
tanto antes como DEPOIS, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos
homens.

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A. Explicação Teológica. Antes do dilúvio, percebe-se que restara apenas a família de


Noé na Terra que falava o nome de Deus. Sete nasceu e passou a adorar ao Senhor. Então
temos 2 linhagens diferentes: uma de crentes, filhos de Deus, e outra de homens naturais.
Aconteceu que os homens servos passaram a se casar também com mulheres da linhagem
de Caim. Se observarmos a desgraça espiritual em que Salomão caíra por casar-se com
mulheres idólatras, podemos entender o porquê de ter sobrado apenas uma família na
terra: a de Noé. O restante não buscava mais a Deus e queriam viver suas vidas a seus
próprios modos. Os homens não respeitavam mais o matrimônio. “Honrado seja entre
todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará”.
(Hebreus 13:4).

1.13. O Homem Antediluviano

O homem antediluviano era inteligente, ao contrário do que os cientistas dizem. Qual


tamanho da inteligência de Adão em atribuir nome a todas as coisas? “... e os trouxe ao
homem, para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente,
isso foi o seu nome”. (Gênesis 2:19); Também, eram inventores. Inventaram a poligamia,
os instrumentos de música, a metalurgia: “Lameque tomou para si duas mulheres: o nome
duma era Ada, e o nome da outra Zila. E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que
habitam em tendas e possuem gado. O nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de
todos os que tocam harpa e flauta. A Zila também nasceu um filho, Tubal-Caim, fabricante
de todo instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de Tubal-Caim foi Naama”.
(Gênesis 4:19-22). Ainda, era um povo de guerra: “... Esses nefilins eram os valentes, os
homens de renome, que houve na antigüidade”. (Gênesis 6:4) Quando Sete nasceu, o
Senhor passou a ser cultuado (Gênesis 4:25,26), mas com o passar do tempo, só restou a
família de Noé para cultuar a Deus.

1.14. A Misericórdia de Deus no Dilúvio

Imagine se o dilúvio não acontecesse. Será que os filhos de Noé iam conseguir mudar
a situação do mundo moralmente caótico daquela época? Se observarmos quão devasso
era Cam, podemos observar que o Dilúvio foi providencial para o novo começo. Deus
limpou a terra para que o homem pudesse ter novamente uma chance. (O verbo destruir
machah maw-khaw' tem o sentido de apagar, lançar fora, varrer. Com isso dá-se a
entender que Deus queria limpar a terra para um novo começo.) Quando Gn 5.6 fala sobre
a palavra arrependimento, no original nacham naw-kham mostra que doeu no coração leb
labe de Deus ter feito o homem e visto que eles caminhavam sempre para a perdição. Essa
é a mesma dor que Deus sente ao ver o ímpio indo para o inferno: “Dize-lhes: Vivo eu, diz
o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se

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converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos;
pois, por que morrereis, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33:11).
Com um novo começo a raça humana teria uma chance para voltar a Deus. “Viu o
Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos
pensamentos de seu coração era má continuamente”. (Gênesis 6:5, qv Gn 6.5-10).
Noé passou grande parte de sua vida construindo a Arca, que era um navio com
medidas suficientes para embarcar todas as espécies de animais da terra e a família de
Noé, combatendo todo cético que diz o contrário. Vejamos as instruções de Deus a Noé:
1. A madeira teria que ser de Gôfer; certamente, uma madeira resistente à água.
2. Teria que ser feito três compartimentos e seria revestido de betume, por dentro e
por fora, para não entrar água e assim não afundar.
3. Cada compartimento seria subdividido em várias partições, onde se encaixariam
as várias espécies de criatura.
4. As dimensões exatas o Senhor lhe transmite.
5. Deveria ter uma janela pequena no topo para deixar entrar a luz.
6. Teria que ter uma porta ao lado para entrar e sair. Todos os animais, segundo a
sua espécie deveria entrar na arca, inclusive tudo que era para mantimento.
As dimensões da arca eram: “Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de
trezentos côvados, a sua largura de cinqüenta e a sua altura de trinta”. (Gênesis 6:15).
Traduzindo para nossa medida atual, teremos 450 pés de comprimento, 75 de largura
e 45 de altura. Em metros temos: 137 metros de comprimento, 23 metros de largura e 14
metros de altura. Era um pouco parecido com um navio cargueiro em suas dimensões,
sendo 7 vezes mais cumprido que a sua largura, fora os compartimentos. Eram 44.114.000
litros de capacidade. Era espaço suficiente para colocar um casal de cada espécie de
animal, incluindo os pássaros e borboletas.
Para acontecer o Dilúvio, as águas não só caíram da chuva mas também subiram da
terra, do abismo, das fontes das águas. Foi um fenômeno que só Deus poderia fazer
acontecer e não somente um simples fato da natureza. “No ano seiscentos da vida de Noé,
no mês segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande
abismo, e as janelas do céu se abriram, e caiu chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta
noites”. (Gênesis 7:11-12).
Quando começou a chover, Noé entrou na arca com sua família e o Senhor lacrou a
porta com betume, por fora, para que não entrasse água dentro da arca. (q.v. Gênesis
7:16) Dessa maneira, quando o povo viu que a profecia de Noé era verdadeira, já era tarde.
Muitos até bateram na porta mas esta já estava fechada e lacrada com betume.

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Noé permaneceu na arca durante 370 dias, porque após chover 40 dias e 40 noites as
águas ainda continuavam a crescer, porque vinham das profundezas da terra, formada
pelos grandes lençóis de água e pela água dos mares que invadiu a terra, mostrando a
totalidade do dilúvio sobre a terra e não somente a parcialidade. Por isso, além dos 40 dias
e noites, foram mais 150 dias crescendo. (Gênesis 7:11;8:13-14) É claro que Noé deve ter
atracado no pico mais alto da terra. Por isso acreditam ser o Arará esse pico, pois mede
5230 metros de altura acima do nível do mar.
Com a descida da água, o pico foi ficando cada vez mais frio e, por isso, os homens
começaram a descer até que eles encontraram o vale, onde se tem este vale como o berço
da nova civilização que futuramente muitos iriam se corromper (Torre de Babel). Mas no
início, a primeira coisa que Noé fez foi cultuar ao Senhor com o sacrifício, ainda
prefigurando o sacrifício de Jesus: “Edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo
animal limpo e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar”. (Gênesis 8:20).
Dessa maneira, o culto ao Senhor ficou restabelecido na terra e toda a família de Noé
adorou ao Senhor.
Nesse momento, o Senhor estabeleceu um Novo Concerto com o homem, ou seja,
uma Nova Aliança: (Gênesis 8:21-22) Sendo assim, nunca mais haverá dilúvio que destrua
todos os seres viventes da terra. E para selar essa aliança, o Senhor colocou sobre a água
uma propriedade que produz o efeito de separar as cores da luz solar -como acontece num
cristal- de maneira que o sol em contato com a chuva produz esse arco colorido (arco íris)
que vemos geralmente quando temos sol e chuva juntos: (Gênesis 9:12-16). Não significa
que Deus se esquece das coisas, não. A Palavra lembrar aqui é usada mais uma vez como
uma forma de entendermos em linguagem humana aquilo que o Senhor quer falar.
Na verdade, somos nós que lembramos desse episódio, quando vemos o arco íris
sobre as nuvens e assim sabemos que nunca mais haverá Dilúvio sobre a terra. A partir
desse novo concerto, o Senhor permitiu ao homem comer carne e a idade do homem
passou a ser na faixa dos 120 anos. “A duração da nossa vida é de setenta anos; e se
alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois
passa rapidamente, e nós voamos”. (Salmos 90:10).

1.15. A Torre de Babel

À medida que as águas iam secando, os homens iam descendo até que chegaram a
um vale. Nesse vale, eles começaram a se estabelecer. Todo o povo era um só povo, pois
todos possuíam a mesma língua: “Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma. E
deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali
habitaram. Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os
tijolos lhes serviram de pedras e o betume de argamassa. Disseram mais: Eia, edifiquemos

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para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para
que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”. (Gênesis 11:1-4).
Nessa época, governava sobre o povo o neto de Cão: Ninrode, filho de Cuche que era
filho de Cão, o amaldiçoado. Ninrode era poderoso caçador na terra e recebeu fama e
edificou cidades: “O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de
Sinar. Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá, e
Résem entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade)”. (Gênesis 10:10-12). Ninrode foi
também responsável a trazer ídolos para adoração e a promover culto a falsos deuses.
Note, também, que depois do episódio em Babel ele foi para a Assíria e edificou Nínive (a
mesma em que Jonas foi enviado para profetizar), que foi um grande inimigo de Israel.
Ninrode levou o povo a edificar uma torre com o propósito de se tornarem grandes,
fortes e poderosos, de maneira que eles não fossem espalhados sobre a face da terra.
Desse jeito, com certeza, o povo ia entrar em um estado de corrupção muito grande, pois
se desviaram da vontade de Deus, estavam se considerando grandes e poderosos e
possuíam uma liderança nociva, como a de Ninrode. O Senhor, conhecedor de todas as
coisas, sabia que se eles permanecessem daquela maneira, a corrupção seria grande. Por
isso, o Senhor tomou uma atitude corretiva, confundindo a língua dos povos e espalhando-
os sobre a face da terra: “Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos
dos homens edificavam; e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o
que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do
outro. Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar
a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a
linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra”.
(Gênesis 11:5-9).
Note que o verbo usado aqui está na primeira pessoa do plural, significando que o
Deus Trino tomou essa atitude. Nesta passagem, podemos notar também que assim como
os homens eram um, simplesmente por pensarem e agirem de comum acordo, assim
também Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo são uma só pessoa. Apesar de terem
funções diferentes, o Senhor Deus opera com um só propósito e um só pensamento. Como
exemplo, o Deus Pai planejou a Salvação para o homem, o Deus Filho Consumou essa
salvação e o Deus Espírito Santo nos regenera, nos preparando para vivermos para sempre
com Cristo.
Muitos se questionam sobre qual teria sido a primeira língua da raça humana. Isso
não importa. De repente essa língua nem exista mais e até mesmo tenha sido extingüida
nesse dia. Muitos acreditam que tenha sido o hebraico, mas é apenas mera especulação.
Os filólogos (cientistas que estudam a flexão das línguas), por mais que estudem, nunca

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chegarão à língua original, pois, no dia em que Deus confundiu as línguas, a original deve
ter sido extingüida e, por mais que eles estudem, eles chegam ao máximo de três grupos
distintos e, depois disso, não encontram mais fundamento. Por isso, as línguas separam-se
em três grupos principais. Desses três grupos principais, outras línguas foram surgindo e
outras se extingüindo. É como o caso do latim, que deu origem às línguas latinas, como o
Português, o Espanhol, o Francês. A língua saxônica deu origem ao Inglês, por exemplo. O
hebraico e as línguas arábicas tiveram outra origem. O Tupi-Guarani, língua dos nativos
brasileiros, perdeu lugar para o Português e foi-se extingüindo. Existem tribos, ainda hoje,
que falam essa língua, principalmente no Paraguai, onde a língua oficial é o Tupi-guarani.
Enfim, as flexões das línguas realmente existem e sua origem se encontra no dia da
confusão das línguas, em Babel (nome que significa confusão). Daí, muitas línguas surgiram
e outras se extingüiram.

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AULA
02

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

2- OS FILHOS DE NOÉ – A ORIGEM DAS


NAÇÕES
2.1. Cam

A. Seus descendentes: Canaã - os que habitavam a Palestina; Pute (Líbia); Mizraim


(Egito); Cuxe (Etiópia).
As práticas cananitas e de seus descendentes, eram totalmente idólatras e imorais.
Os descendentes de Canaã foram os povos expulsos da terra prometida, por sua rebeldia a
Deus. (Gn 10:5,8; Lv 18:19,25; Ex 34:11,12; Dt 7:1,5).

2.2. Sem

"Bendito seja Jeová, Deus de Sem”. "O Senhor = Jeová"- é o nome pessoal de Deus,
que destaca a obra redentora de Deus. Este seria o Deus de Sem. Isto significa que Sem e
seus descendentes seriam portadores especiais da revelação divina. JEOVÁ é o nome de
Deus, Israel é descendente de Sem; a lei e os profetas, como também Cristo na Sua
humanidade, vieram desta linhagem.
Seus descendentes: assírios, babilônicos, árabes, hebreus (estes de Arfaxade). Gn 9:
26 - "Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo”.

2.3. Jafé
"Engrandeça Deus a Jafé, e habite com ele nas tendas de Sem..”. Esta profecia indica
extensão política, e que os de Jafé tomariam parte nas bênçãos dadas a Sem. Hoje, as
nações que vieram de Jafé são as que dominam a política mundial e que também se
beneficiaram do evangelho e mais espalham a Palavra de Deus pelo mundo. O Novo
Testamento foi escrito por semitas, mas em língua jafética (grego).
Seus descendentes: Gogue (citas, russos); Javã (gregos, italianos, franceses,
espanhóis); Tubal (povos da região sul do mar Negro – provavelmente a cidade de Tubolski
preserve o nome da tribo inicial); Gomer (alemães, celtas, eslavos, escandinavos, geters,
teutões, belgas, anglo-saxões, holandeses, suíços); Meseque (russos); Mada (hindus e
persas); Tiras (búlgaros e gregos).

Observações
De acordo com as genealogias de Gn 5,10 e 11:

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23
HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

1. Houve 1656 anos entre Adão e o dilúvio.


2. 427 entre o dilúvio e Abrão.
3. Por 243 anos Adão conviveu com Matusalém.
4. Por 600 anos, Noé conviveu com Matusalém.
5. Por 98 anos, Noé conviveu com Sem.
6. Matusalém morreu no ano do dilúvio.
7. Entre a morte de Adão e o nascimento de Noé, houve só 126 anos.
8. Noé viveu 350 anos após o dilúvio e morreu 2 anos depois de Abraão nascer.
9. Sem viveu 98 anos antes do dilúvio e até 502 após.
10. Sem viveu 75 anos após a entrada de Abraão em Canaã.

2.4. Pelegue

Gn 10: 25 - "Em seus dias se repartiu a terra". Pode ser uma referência ao jugo de
Babel e pode significar uma modificação na geologia da terra. Gn 11: 17,19 - "Viveu Eber,
depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas. Pelegue
viveu trinta anos, e gerou a Reú. Viveu Pelegue, depois que gerou duzentos e nove anos; e
gerou filhos e filhas". Até Heber, a média de idade caiu para 400 anos e ficou assim por
muitas gerações. Mas depois de Pelegue, caiu para 200 anos de uma geração para outra.
Isto pode indicar que uma grande alteração climática causou a queda de longevidade.
Sempre que Deus revela a Sua vontade, os poderes das trevas começam a trabalhar
para que a raça humana não faça a vontade de Deus, nem a entenda.

2.5. Primeiro Império


Ninrod - (neto de Cão) começou a se destacar.
Ninrod vem do hebraico "marad" = "rebelar-se". A tradução literal do seu nome
poderia ser: "vamos nos revoltar". Gn 10: 8,9 - "Cuche também gerou a Ninrod, o qual foi o
primeiro a ser poderoso na terra. Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se
diz: Como Ninrod, poderoso caçador diante do Senhor”.
Dentro do contexto bíblico, expressões como: "valente", "poderoso" não tem boa
conotação. Compare Sl 51:17, Is 57:15, II Co 12:9,10.
Ninrod foi a primeira tentativa de satanás de formar um ditador mundial. Ele foi o
primeiro tipo de Anticristo. Ele fundou um reino EM OPOSIÇÃO ao reino de Deus e chefiou
a construção de uma torre (Babel) para a adoração dos astros, e de uma cidade - Babilônia

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24
HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

- onde se originou todo o sistema anti-Deus. Todas as religiões falsas do mundo têm sua
origem em Babilônia.
Ap 17: 5 - "E na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, a
mãe das prostituições e das abominações da terra”.Gn 10: 10 - "O princípio de seu reino foi
Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar”.Deus havia planejado um reino, um
governo, mas quando lemos Gn 10: 10 vemos claramente que outro reino estava sendo
formado em oposição ao de Deus. Gn 11: 4 - "Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós
uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamos nos um nome, para que não
sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”.
Demonstrando sua profunda rebeldia contra Deus, Ninrode chefiou a construção de
"uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus...”. O sentido literal destas
palavras, revela que era uma torre para a adoração dos astros, a lua, o sol, as estrelas, e a
história também mostra isto. Babel foi o modelo de todos os zigurates - o último degrau de
um zigurate (geralmente havia 7), era considerado a "entrada do céu". Usando betume na
construção da torre de Babel, junto com tijolos (no lugar de pedras) feitos por eles
mesmos (OBRAS) , eles mostraram sua rejeição a Deus, pois o betume era símbolo de
expiação (é a mesma palavra de Lv 17:11 ). Com isto estavam declarando que não
precisavam da salvação de Deus, pois podiam fazer a sua própria salvação. Toda religião
falsa tem seus próprios métodos para chegar a Deus, cometendo portanto o mesmo erro,
e se desviando do "ÚNICO CAMINHO QUE É O SENHOR JESUS CRISTO". ( Jo 14: 6). A
confusão das línguas é uma maldição sobre a raça humana, mas ainda não é o juízo de
Deus; este se dará na tribulação. Desde que foram espalhadas, as nações estão entregues
a seus próprios caminhos, sem se lembrarem que Deus tem o total controle da história e
que um dia se cumprirá o Sl 2:2,4 - "Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos
conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e
sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor
zombará deles”.
Este período termina com a intervenção e a vitória de Deus sobre as trevas, para
continuar o Seu plano redentor para o homem.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

AULA
03

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3- PANORAMA HISTORIOGRÁFICO DE
ABRAÃO
Abraão, de origem Semita, do povo amorreu, nome original Abrão, nasceu em Ur dos
Caldeus em 2160 a.C., região da Babilônia. Ur era uma cidade costeira na época de Abrão,
que aos poucos foi se afastando do Golfo Pérsico devido à deposição de lodo dos rios Tigre
e Eufrates. Ur era consagrada à deusa Lua.
Originalmente, todos eram monoteístas, mas com a dispersão dos povos e mistura
entre eles, foram surgindo deuses inventados. Para cada força da natureza se inventava
um deus responsável àquilo e as pessoas passaram a adorar. Originalmente, deram origem
a 3 deuses:
1. Anu, deus dos céus;
2. Bel, o senhor do mundo invisível;
3. Hea, a deusa dos infernos. Depois, inventaram uma esposa para Bel, de nome
Astarate (Afrodite ou Vênus para os gregos).
Abrão vivia numa terra idólatra, onde sua família possuía uma forma meio católica de
adoração, eles tinham ídolos do lar. “Ora, tendo Labão ido tosquiar as suas ovelhas, Raquel
furtou os ídolos que pertenciam a seu pai”. (Gênesis 31:19). Abrão casou-se com Sarai,
filha de seu pai, Tera: “Além disso ela é realmente minha irmã, filha de meu pai, ainda que
não de minha mãe; e veio a ser minha mulher”. (Gênesis 20:12).
A arqueologia encontrou, em Ur, alguns escritos, onde encontra-se um documento
em cerâmica, de um certo Abrão que arrendava um trato de terra e alugava bois e criados
para a terra. Ainda, encontraram em Ugarite, na Síria, um fragmento de tablete, em que
Teraque é dado como um comandante de um grande exército de mercenários. Em Gn 12
verificamos que Abraão tinha conhecimento de táticas de guerra. Teria ele aprendido de
seu pai? A tradição islâmica diz que Abraão teria sido prefeito de Damasco.
Conta-se no Talmude que Tera era fabricante de ídolos e, certa vez, tendo o seu pai
saído, Abraão quebrou os ídolos do pai e pegou o martelo com o qual fizera a
"quebradeira" e colocou esse martelo na mão de um único ídolo que deixou inteiro. O pai
chegou e ficou furioso e logo acusou Abraão que se defendeu dizendo que não fora ele
mas sim o ídolo que estava com o martelo nas mãos. O pai reagiu dizendo que o ídolo não
andava, nem saia do lugar, não fazia nada, como faria isso? Foi assim que o jovem
conseguiu explicar ao pai que aquele ídolo não podia nem com um martelo, nem se
locomover, nem os demais puderam se defender, como poderiam então as estátuas ajudá-
los?

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3.1. O Chamado de Abraão

Passado alguns anos, depois da confusão das línguas, o Senhor começou a agir em
relação ao Plano da Salvação: Ele escolheu um homem para dar início a uma nação que
guardasse os mandamentos de Deus e rejeitasse toda prática mundana e idólatra dos
outros povos. A razão disso é que nessa nação seriam guardados os oráculos de Deus e
ainda por cima seria o local onde nasceria o Messias Salvador.
Mas, para isso, essa nação teria que ser diferente dos outros povos, pois teria que
adorar um Único e Verdadeiro Deus. Dessa maneira, o Senhor, conhecedor de todo o
futuro da humanidade, escolheu a Abrão, da descendência abençoada de Sem, filho de
Noé, dando continuidade à Sua Promessa de salvar o homem, conforme Gn 3.15.
O Senhor, então, fez uma aliança com Abrão: “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da
tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei
de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção.
Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti
serão benditas todas as famílias da terra”. (Gênesis 12:1-3). Nessa aliança, Abraão, como
prova de sua obediência e propósito divino, teria que sair de sua terra e ir para um lugar
distante onde o Senhor lhe mostraria. Note que Abrão, nesse instante, não sabia para
onde Deus o enviaria, mas mesmo assim ele obedeceu. Ainda, nesta aliança, o Senhor faria
dele uma grande nação, que nos prova que Abraão era homem de fé, pois nesta ocasião
ele já estava com 75 anos e sua mulher ainda não tinha lhe dado filhos e ainda por cima
era estéril. Mas ele não duvidou! Outro aspecto desta aliança é que Abraão seria
abençoado por Deus e o seu nome seria engrandecido. Hoje, todas as nações conhecem o
nome de Abraão, mas em sua época ele morreu somente com a fé e a esperança, através
de seu filho Isaque. Também, podemos ver que o povo Israelita é um povo abençoado,
onde aparecem sempre novas descobertas científicas e tecnológicas, que fazem plantações
no deserto, através do cultivo aéreo etc. Ainda, seriam abençoados os que o abençoasse e
seria amaldiçoado os que o amaldiçoasse. E isso nos mostra também um aspecto
escatológico, pois as nações que forem parceiras de Israel entrarão no Milênio e as nações
que forem contra Israel serão aniquiladas, depois da Grande Tribulação, que já é um
assunto para mais adiante. “Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim,
essas nações serão de todo assoladas”. (Isaías 60:12) Mas, podemos notar que em todos
os tempos as nações que se levantam contra Israel sempre sofrem o dano. Israel é a nação
amada por Deus, embora muitos o rejeitaram.
Quando Abraão entrou na Palestina, pode ver o Mar Morto original, antes da
destruição de Sodoma e Gomorra. Hoje, ao olhar a região do Mar Morto não dá para ver
campinas como Abraão narrava, claro, pois com a destruição de Sodoma e Gomorra até o

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Mar Morto foi afetado e lá não há vida. O Mar Morto tem esse nome devido ao fato de a
quantidade de sal que contém ser seis vezes superior à dos restantes oceanos, o que torna
impossível qualquer forma de vida – flora ou fauna – nas suas águas. Qualquer peixe que
seja transportado pelo Rio Jordão morre imediatamente, assim que desagua neste lago de
água salgada. A sua água é composta por vários tipos de sais, alguns dos quais só se
encontram nesta região do mundo. Em termos de concentração e em comparação com a
concentração média dos restantes oceanos, em que o valor de gramas de sal, por cem
mililitros de água, não passa de três gramas, no Mar Morto essa taxa é de 30 a 35 gramas
de sal por 100 mililitros de água, ou seja, dez vezes superior. A designação de Mar Morto
só passou a ser utilizada a partir do século II, depois de Cristo. Ao longo dos séculos
anteriores, outros e vários foram os nomes com que era conhecido e disso nos dá conta,
entre outras fontes, a Bíblia Sagrada, concretamente alguns dos Livros do Antigo
Testamento. Assim, nos Livros Génesis 14,3 e Josué 3,16 aparece com o nome de mar
Salgado. Com o nome de mar de Arabá aparece em Deuteronómio 3,17 e em II Reis 14,25.
Já em Joel 2,20 e Zacarias 14,8 surge como mar Oriental. Fora da Bíblia Sagrada, Flávio
Josefo chamou-lhe lago de Asfalto e o Talmude designou-o por mar de Sodoma, mar de Lot
entre outros nomes que ele recebeu.
Além de Isaque, é claro, havia Ismael, que Abraão, tomou Agar e teve um filho com
ela, em nome de Sara. Ismael deu origem aos árabes, que deu origem à religião Islâmica,
grande inimiga de Israel. Além de Ismael e Isaque, Abraão ainda teve outros filhos com a
mulher de sua viuvez, Quetura (Gênesis 25:2-6).
Com o passar dos anos, todos esses filhos se multiplicaram e deu origem à povos e
nações e a reis, conforme o Senhor tinha lhe prometido.
A parte mais importante dessa aliança é que “em ti serão benditas todas as famílias
da terra”. Essa chamada declara Israel como um povo sacerdotal que deveria trazer
bênção às nações, que deveria pregar o amor de Deus à todas as criaturas e a convertê-las
ao Senhor. Mas, Israel se contraiu e permaneceu em si, rejeitando pregar para
samaritanos, para pecadores etc. É certo que eles não poderiam se juntar a eles, para que
não se corrompessem também, mas Israel recebeu a missão de trazer os pecadores para
Deus. E isso, embora os Israelitas em si não quisessem, se cumpriu quando o Judeu Jesus
trouxe pecadores para se converterem a Deus e fez com que Nele todas as famílias da
terra fossem benditas. Por isso, o desejo de Deus é que todas as famílias da terra se
convertam e não somente algumas, como os Calvinistas declaram, pois “O Senhor não
retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para
convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-
se”. (2 Pedro 3:9) E, se pelo menos uma pessoa de cada família se convertesse, essa pessoa
pregaria para os demais membros desta família e toda a terra se converteria ao Senhor. É
por isso que Satanás ataca tanto as famílias, fazendo com que muitas se separem e se

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destruam entre si. Sendo assim, como pudemos ver, a Aliança de Deus com Abraão é o
motivo de que Hoje nós somos povo de propriedade peculiar de Deus. E esse detalhe
falaremos mais tarde quando falarmos do período da Graça.
Abraão, em cada pedaço de terra que ele peregrinava, o Senhor lhe dava como
possessão, ainda que haviam habitantes naqueles lugares - e tudo isso pela fé. Durante
esta caminhada de fé, Abraão demarcou o território Israelita (Deuteronômio 11:24). Esse
território ainda não foi completamente ocupado por Israel, nem nos tempos antigos, onde
eles alcançaram, sim, uma grande parte desse território. Mas, no Milênio, o Senhor
colocará Israel em seus termos: “A terra que ainda fica é esta: todas as regiões dos
filisteus, bem como todas as dos gesureus, desde Sior, que está defronte do Egito, até o
termo de Ecrom para o norte, que se tem como pertencente aos cananeus; os cinco chefes
dos filisteus; o gazeu, o asdodeu, o asqueloneu, o giteu, e o ecroneu; também os aveus; no
sul toda a terra, dos cananeus, e Meara, que pertence aos sidônios, até Afeca, até o termo
dos amorreus; como também a terra dos Gebalitas, e todo o Líbano para o nascente do sol,
desde Baal-Gade, ao pé do monte Hermom, até a entrada de Hamate; todos os habitantes
da região montanhosa desde o Líbano até Misrefote-Maim, a saber, todos os sidônios. Eu
os lançarei de diante dos filhos de Israel; tão-somente reparte a terra a Israel por herança,
como já te mandei”. (Josué 13:2-6) Os filisteus são conhecidos hoje pelo nome de
palestinos, simplesmente porque ao longo dos anos a palavra filisteus sofreu flexões até
que chegou ao nome palestinos. No Milênio, Israel tomará posse de todas essas terras,
onde será a capital do Mundo.
Ainda, Abraão, durante a sua peregrinação, se encontra com um personagem muito
importante: Melquisedeque (Gênesis 14:18-20).
É um fato muito interessante que Melquisedeque era chamado de Rei de Salém, ou
seja, Rei da Paz. Ainda, é interessante vermos que ele celebrou a Santa Ceia, trazendo pão
e vinho, que futuramente seria realizado pelo Senhor Jesus, nosso Rei da Paz, na noite em
que Ele havia de ser traído por Judas Iscariotes: (Lucas 22:15-20) Sim, Melquisedeque, o
qual não se conhece a sua genealogia, nem o seu destino, celebrou a Ceia, prefigurando a
morte e o derramamento de sangue de Jesus Cristo, que nos trouxe uma Nova Aliança.
(Aliança, Pacto, Conserto, são palavras sinônimas, pois possuem o mesmo significado.) Na
verdade, esse Servo do Altíssimo foi muito importante, pois fez com que o Senhor Jesus
fosse reconhecido como Sumo Sacerdote: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.(Salmos 110:4).
Veja tamanha importância de Melquisedeque em (Hebreus 7:1-8).
Quando Abrão tinha 99 anos, chegou o tempo de Deus para Isaque nascer e, assim, o
Senhor firmou um pacto com ele, onde, como sinal, o nome dele seria mudado para

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Abraão e todo varão teria que ser circuncidado. Abrão (Pai exaltado) mudou para Abraão
(Pai duma multidão).
Vejamos, com atenção, os termos deste pacto: “Ao que Abrão se prostrou com o
rosto em terra, e Deus falou-lhe, dizendo: Quanto a mim, eis que o meu pacto é contigo, e
serás pai de muitas nações; não mais serás chamado Abrão, mas Abraão será o teu nome;
pois por pai de muitas nações te hei posto; far-te-ei frutificar sobremaneira, e de ti farei
nações, e reis sairão de ti; estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência
depois de ti em suas gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua
descendência depois de ti. Dar-te-ei a ti e à tua descendência depois de ti a terra de tuas
peregrinações, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão; e serei o seu Deus. Disse
mais Deus a Abraão: Ora, quanto a ti, guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência
depois de ti, nas suas gerações. Este é o meu pacto, que guardareis entre mim e vós, e a
tua descendência depois de ti: todo varão dentre vós será circuncidado” (Gênesis 17:3-10).
A circuncisão, então, era sinal entre os israelitas e Deus de um pacto perpétuo. Mas é bom
lembrarmos que ele recebeu sinal de justiça antes mesmo da circuncisão, por causa da fé
(Gênesis 15:5-6).
Durante a época da igreja primitiva, muitas foram as tentativas de incluir no culto a
circuncisão, mas Paulo combateu insensantemente contra isso, pois a verdadeira
circuncisão era aquela feita no coração. E Paulo conhecia as Escrituras, pois mesmo no
Antigo Testamento o Senhor falava sobre isso, mesmo na Época de Moisés: “Circuncidai,
pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”. (Deuteronômio
10:16).
“Ora, Abraão tinha cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho” (Gênesis 21:5).
Sim, foram 25 anos de espera para que nascesse o filho da promessa. Mas não bastava
isso, o Senhor ainda precisava prová-lo, se ele amava mais o abençoador do que a bênção
e também foi provado que ele tinha fé até de que Deus podia ressuscitar seu filho dentre
os mortos. “Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia oferecendo o seu
unigênito aquele que recebera as promessas, e a quem se havia dito: Em Isaque será
chamada a tua descendência, julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o
ressuscitar; e daí também em figura o recobrou”. (Hebreus 11:17-19) E, se pararmos para
meditar, o Senhor Deus, Pai de Jesus, ofereceu seu Filho como sacrifício por nós, que
cremos, e ainda ressuscitou a seu Filho Jesus dentre os mortos. O crente Abraão realmente
estava guardando os preceitos de Deus.
Passado algum tempo, temos outro fato curioso, em que Abraão enviou seu servo
para buscar uma esposa para Isaque: “E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa,
que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa, para
que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho

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mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; mas que irás à minha
terra e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque”. (Gênesis 24:2-4).
Esse fato é mais uma maneira de Deus nos ensinar através dos fatos, pois Ele enviou o
Espírito Santo para buscar uma noiva para seu Filho Jesus. E é por isso que o Espírito Santo
nos conduz à salvação através desse deserto da vida e, em breve, nos encontraremos com
o Noivo Jesus, que receberá a sua igreja (noiva) para morarmos para sempre com Ele.
Aleluia!
Isaque foi o filho da promessa e por isso em Isaque foi chamado a descendência de
Abraão. Ele também recebeu a confirmação da promessa, por parte do Senhor: “Depois
subiu dali a Beer-Seba. E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de
Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua
descendência por amor do meu servo Abraão. Isaque, pois, edificou ali um altar e invocou
o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos cavaram um
poço”.(Gênesis 26:23-25) Isaque recebeu a Rebeca como sua esposa e a amou. Então,
Rebeca, sua esposa, ficou grávida de gêmeos. Abraão teve dois filhos: Ismael, o filho da
escrava, e Isaque, filho de Sara, mas só um, Isaque, era o filho da promessa. Agora, Isaque
estava para ter dois filhos também, mas só um poderia ser o filho da promessa. Dessa
maneira, estava no coração de Isaque abençoar o filho mais velho e, dos gêmeos, o filho
mais velho seria aquele que nascesse primeiro.
Vejamos o que aconteceu: (Gênesis 25:24-27) O mais velho, como vimos, era Esaú e o
mais novo, Jacó. Mas, o filho mais velho serviria ao mais novo e isso o Senhor falou para
Rebeca: “E os filhos lutavam no ventre dela; então ela disse: Por que estou eu assim? E foi
consultar ao Senhor. Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, e dois povos
se dividirão das tuas estranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o mais
velho servirá ao mais moço”. (Gênesis 25:22-23) Por causa dessa Palavra, Rebeca amou
mais a Jacó: “Isaque amava a Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó”.
(Gênesis 25:28).
Jacó era um grande negociante. Ele sabia que o direito de primogenitura estava, pela
lei, sobre Esaú. Por isso, ele arquitetou um plano e o executou: (Gênesis 25:29-34) Assim,
pela lei, Jacó passou a ter direito de primogenitura. É como os judeus: Jesus veio para eles
mas como eles não o reconheceram, o Senhor nos deu o direito de sermos feitos filhos de
Deus. (João 1.11,12) E isso serve-nos de exemplo: “e ninguém seja devasso, ou profano
como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura”.
(Hebreus 12:16) Mas, apesar desse feito, Isaque ia abençoar o primogênito e, por isso, Jacó
teve mais um de seus planos: o de trapacear seu irmão, enganando seu pai, se fazendo de
Esaú para receber a bênção, tendo a ajuda de sua mãe Rebeca (Gênesis 27:27-29). Nesse
ponto já não tinha mais volta, pois Isaque já tinha abençoado a Jacó. Assim, Esaú perdeu,
além da primogenitura, a bênção também: (Gênesis 27:36-40) Esaú e toda a sua geração,

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até os dias de hoje, é um povo de guerra. Esaú viveu na terra de Seir, e formou o povo
edomita. “ Então enviou Jacó mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o
território de Edom,” (Gênesis 32:3); “ Portanto Esaú habitou no monte de Seir; Esaú é
Edom. Estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:” (Gênesis
36:8-9).
Jacó, por precaução, foge da presença de Esaú e vai para a terra de sua mãe, na casa
de Labão, seu tio. Durante o caminho, Jacó adormeceu e teve um encontro com Deus,
recebendo, também, a confirmação da promessa de Deus (Gênesis 28:12-19). Assim, Jacó
recebeu a herança da Aliança que o Senhor fizera a Abraão. E, um fato interessante é que,
assim como Abrão teve o nome mudado para Abraão, Jacó teve seu nome mudado para
Israel, quando este voltara de sua peregrinação na casa de Labão, na sua luta com o Anjo
do Senhor (Gênesis 32:22-30). Assim como Abraão teve em seu caminho Melquisedeque,
Jacó, que agora era Israel, teve em seu caminho um encontro com o Anjo do Senhor.
Muitos, também, apontam tanto a Melquisedeque e o Anjo que lutou com Israel como se
fosse o Senhor Jesus antes de se tornar carne. Isso seria até possível, pois antes que
Abraão existisse, o Senhor Jesus já era Senhor (João 8:58). Na verdade, antes mesmo da
fundação do mundo Jesus já estava com Deus, pois Ele é Deus e é Eterno (João 17:5). Mas
não importa se era Jesus ou um anjo, pois mesmo sendo um anjo ele estava ali em nome
do Senhor, portanto era o Senhor que o abençoara (Oséias 12:2-5).
A partir de Israel, o povo judeu ia ser formado, através de seus doze filhos que ele
tivera com suas esposas: “Os filhos de Léia: Rúben o primogênito de Jacó, depois Simeão,
Levi, Judá, Issacar e Zebulom; os filhos de Raquel: José e Benjamim; os filhos de Bila, serva
de Raquel: Dã e Naftali; os filhos de Zilpa, serva de Léia: Gade e Aser. Estes são os filhos de
Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã”. (Gênesis 35:23-26).
Dos filhos de Jacó nasceu as doze tribos de Israel, o povo escolhido de Deus. Mas,
para essa nação ser formada ela precisava conhecer o Deus que a escolheu. Por isso, era
necessário que eles padecessem em terra alheia, para então serem resgatados por Deus. E
isso o Senhor já havia falado para seu servo Abraão (Gênesis 15:13-14). Por isso, veio a
fome na terra e Jacó e seus filhos foram morar no Egito, por intermédio de José, que tinha
sido vendido por seus irmãos ao Egito. José, antes de tudo acontecer, recebeu de Deus
uma revelação através de sonhos de que ele, um dia, estaria como governante e seus
irmãos e até seu pai como governado: (Gênesis 37:5-11) Por causa da inveja, seus irmãos
prenderam a José e o venderam para mercadores que iam para o Egito. Chegando no
Egito, ele virou servo de Potifar, oficial de Faraó (Gênesis 39:1). E o Senhor, mesmo no
cativeiro, era com José e, por isso, ele prosperava em tudo que fazia e sempre ele estava
em situação de destaque. E, por mais estranho que pareça, o Senhor permitiu que José
fosse preso, pois o Senhor sabia que era na prisão que José seria exaltado. Por isso, a
mulher de Potifar, por não conseguir seduzir a José, porque ele era fiel ao Senhor,

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

cometeu perjúrio dizendo que José tinha tentado tomá-la à força e, por isso, foi preso.
Mas, mesmo na prisão, o Senhor era com ele e ele foi tomado como chefe do cárcere
(Gênesis 39:21-23).
Na prisão, o Senhor lhe deu interpretação de dois sonhos os quais se cumpriram e o
copeiro, por causa desse sonho, conheceu que José era especial, pois o Deus verdadeiro
era com ele. O copeiro, quando libertado, conforme o sonho de José, não se lembrou dele,
mas, em certo dia, Faraó teve um sonho que o atormentou mas ninguém do seu reino
sabia interpretar aquele sonho. E, por isso, o copeiro se lembrou de José e fez menção dele
a Faraó. Faraó, por sua vez, chamou José à sua presença, o qual declarou o sonho que
salvaria todo o Egito: (Gênesis 41:25-32). Foi nesse momento que Faraó o fez governador
de todo o Egito e somente Faraó era acima dele, naquela terra. Quando, porém, veio a
fome sobre a terra, a família de José ficou em grande aperto, o que fez com que eles
fossem ao Egito para comprar alimento.
Chegando lá, José os conheceu mas não declarou-se a seus irmãos, mas traçou um
plano que traria toda a sua família para perto dele. Quando toda a sua família estava à sua
frente e se inclinaram para ele, cumprindo a profecia que José havia sonhado, este se deu
a conhecer à sua família e os acolheu.
Antes de Jacó morrer, ele deixou a bênção do Senhor, tanto para os filhos de José
como para seus próprios filhos. Também, deixou a profecia para os próximos tempos em
Gênesis 49:3-28. Dentre as profecias deixadas, a mais importante para nós é a que foi dada
a Judá. Judá, mesmo não tendo sido primogênito de Jacó, foi considerado como tal. De
Judá sabemos que vieram toda a sucessão de reis em Israel, até chegar em Jesus (Gênesis
49:8-12). Judá é um leãozinho, pois o leão é tido como símbolo de reinado e a vontade de
Deus era que os filhos de Judá fossem reis em Israel. Por isso, Saul era segundo o coração
do povo, mas Davi era segundo o coração de Deus, pois de Davi nasceria o Messias,
cumprindo a profecia do versículo em estudo. Quando falamos em cetro falamos de poder,
governo - e o governo não se apartaria de Judá. Se olharmos a História, veremos que
depois de Davi só reinaram os seus descendentes. Somente quando Herodes morreu é que
essa sucessão foi quebrada, mas isso porque Jesus, o Messias prometido, já tinha nascido
na terra. O bastão de autoridade não se apartou dos pés de Judá e Jesus, o leão da tribo de
Judá, pisou na cabeça da serpente. Veja que o versículo diz “até que venha aquele a quem
pertence”, ou seja, Jesus, que veio para Reinar para sempre e os povos lhe obedecem. E,
um grande sinal disso foi que Jesus desceu à Jerusalém, montado numa jumenta e foi
proclamado Rei (Mateus 21:7-11). E, no final da profecia, Jacó declara que ele seria morto.
(“Os olhos serão escurecidos pelo vinho, e os dentes brancos de leite”.) Na ocasião,
acredito que eles não tinham nenhuma idéia do que tudo isso significasse, mas para nós
tudo isso tem sentido e já aconteceu, ao pé da letra. Durante toda a profecia de Jacó,

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

podemos verificar que tudo se deu cumprimento ao longo dos anos, mas realmente a de
Judá foi para nós a mais importante.
Em alguns anos, a família de Jacó foi se multiplicando no Egito. O Faraó amigo de José
já havia morrido e o que o sucedeu escravizou o povo de Israel, porque estavam ficando
numerosos. Isso fez com que a profecia do Senhor dado à Abraão se cumprisse, que
importava que eles ficassem naquela terra por quatrocentos anos (Gênesis 15:13-14).
Assim, passados os dias de servidão, o povo do Senhor começou a clamar. Nessa ocasião, o
Senhor enviou a Moisés para libertar o povo, de maneira que todo o povo veria que só o
Senhor é Deus. Israel saiu do Egito com muitos bens, cumprindo a profecia acima. Ainda,
nessa ocasião, o povo de Israel passaria a ser povo em todo o seu sentido e, para isso, o
Senhor já tinha reservado a terra que prometera a Abraão. Bastava somente eles tomarem
posse.
Nesse período, deu-se início a mais um período escatológico, chamado de
Dispensação da Lei, que vai desde o Sinai até o Calvário.

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4- A ERA DE MOISÉS
Moisés, a quem Deus escolheu para pastorear a Israel, nasceu numa época difícil.
Faraó estava vendo o povo de Israel crescer e por isso temeu que eles se juntassem com os
inimigos do Egito e lutassem contra eles. Por isso, Faraó aumentou a carga do povo
israelita e, não adiantando, pois eles cresciam mais e mais, ele ordenou às parteiras que
matassem os filhos homens e poupassem as filhas mulheres (Êxodo 1:16). Foi nessa época
que Moisés nasceu e, sua mãe, temendo, colocou-o num cesto, vedado com betume,
dentro do rio Nilo, quando tinha três meses. A filha de Faraó, Hatshepsut, vendo-o, teve
compaixão e o adotou. Porém, ela o entregou a uma hebréia que, por sinal, era a própria
mãe de Moisés, para o criar. Assim, Moisés passou sua infância com seus irmãos e, quando
cresceu, foi entregue à filha de Faraó, quando recebeu o seu nome que, traduzido, significa
“salvo das águas”. A idade dele quando isso aconteceu não podemos estipular, pois a Bíblia
não revela. Apesar disso, sabemos que ele recebeu ensinamentos do palácio, pois mais
tarde veremos ele como um grande escritor e um grande legislador, pois foi ele quem
escreveu o Pentateuco, que compõem o Livro de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio, mediante as instruções e inspirações do Senhor.
A arte e sabedoria dos egípcios continha ensinamentos sobre ciências, geografia, leis
morais etc. Moisés, ainda, aprendeu algumas literaturas, hoje muito conhecidas, como o
código de Hamurabi e o Livro dos Mortos. Muita coisa escrita em Levítico, referente às leis
morais, se parece com o que está escrito nesses livros. Na verdade, o Egito, originalmente
era monoteísta. Com o passar dos anos que a idolatria entrou naquela terra. Numa
pirâmide muito antiga está escrito: “Criei a cada um semelhante aos irmãos, e lhes proibi
de fazerem o mal... Dize a verdade e pratica-a porque ela é grande, é onipotente”.
Assim, muita gente diz que Moisés usou alguns de seus conhecimentos para escrever
o Pentateuco. Porém, sabemos que a precisão histórica com que o Pentateuco está escrito
só poderia ser realizada pela providência divina e que os escritos antigos simplesmente
tiveram influência da civilização primitiva dos ensinos de Noé. Ora, toda religião teve
origem com os ensinos de Noé após o dilúvio.
Quando Moisés estava com quarenta anos, contemplou o sofrimento daqueles que
foram criados com ele e, veja o que aconteceu: (Êxodo 2:11-15); (Atos 7:22-29). O
interessante é que Moisés já possuía dentro do coração o desejo de libertar o povo,
conforme Atos 7:22-29, mesmo antes de ser chamado por Deus. Mas o método e o tempo
pertenciam a Deus e, por isso, aquele ataque não surtiu nenhum efeito direto, apenas
contribuiu para que Moisés fugisse para o deserto, onde ele iria aprender a viver como
servo de Deus e mais tarde receber o Chamado de Deus.

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Moisés fugiu e permaneceu mais quarenta anos no deserto: “E passados mais


quarenta anos, apareceu-lhe um anjo no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no
meio de uma sarça”. (Atos 7:30) Ele fugiu para Mídia (filho de Quetura), também
conhecido como a terra de Edom (irmão de Jacó), terra de seus antepassados. Acredita-se
também que Moisés fugiu para aquelas terras porque eram terras dominadas por
Hatshepsut. Ali, foi hospedado por Jetro, o qual se tornou seu sogro quando se casou com
Zípora. Naquela terra estava o Sinai, terra onde os mineiros egípcios trabalhavam. Os
mineiros egípcios daquele lugar praticavam um culto a uma deusa de nome Hatora. Jetro,
por sua vez, era sacerdote em Midiã, com o nome de Reuel, um nome composto de “Reu”
e “El”. “El”=nome de Deus.
Durante este período, em que Moisés casou e teve dois filhos, Moisés aprendeu a
apascentar e, quando estava com seus oitenta anos, o Senhor apareceu para ele e o
chamou para ser instrumento de libertação e para conduzir o povo de Israel até Canaã, por
mais quarenta anos (Atos 7:36). Daí vem aquele dito popular entre os pregadores dizendo:
Moisés passou quarenta anos no Egito achando que era alguma coisa, mais quarenta anos
no deserto para descobrir que não era nada e mais quarenta anos para ver o que Deus
pode fazer com o que não é nada. E, depois de tudo isso, Moisés não entrou em Canaã,
somente viu com seus olhos para então morrer, o qual teve o seu corpo escondido por
Deus (Judas 1:9). Acredita-se que o maior motivo do Senhor ter escondido o corpo de
Moisés foi porque os israelitas o embalsamariam para o adorar, já que eles eram um povo
que havia se contaminado com a idolatria do Egito. Durante esse período em que Moisés
viveu, foi instituído o período da Lei, que nada mais era um símbolo do que havia de vir.
Mas vamos percorrer um pouco sobre como Israel foi libertado e veremos o ritual mais
importante desse período: a Páscoa.
Dez pragas vieram sobre o Egito a fim de que o povo de Israel fosse libertado. As
pragas tanto serviram para demonstrar a Israel o amor de Deus sobre eles como para
mostrar aos egípcios que o SENHOR é Soberano. Também serviram para mostrar o Seu
juízo contra a idolatria, pois cada praga combatia a idolatria predominante daquele lugar.
A primeira praga foi a das águas se tornaram em sangue. Os Egípcios tinham o Rio Nilo
como fonte de vida e riqueza, mas o Senhor feriu a água e essa se tornou em sangue.
Imagine o cheiro de podridão que ficou naquele lugar! A segunda praga foi a das rãs. As rãs
eram consideradas deuses e por isso eram sagradas, mas o Senhor tirou as rãs do Rio Nilo
e colocou-as sobre a terra, trazendo espanto e pavor a todos daquela região. A terceira foi
a dos piolhos, onde acredita-se que foi a partir dessa época que os egípcios começaram a
raspar o cabelo. A quarta foi a das moscas, onde o Senhor enviou vários enxames de
moscas somente nas terras dos egípcios, livrando a terra de Gósen, onde habitavam os
hebreus. A quinta foi a praga das pestes nos animais. O gado dos egípcios eram adorados
pois acreditavam que os deuses se manifestavam através desses animais. Eles até

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acreditavam que o gado protegia os egípcios. Mas que deus é esse que morre! E todo o
gado dos egípcios morreu, exceto o gado dos hebreus, que permaneceram vivos, pois Deus
estava guardando-os a fim de proporciona-lhes mantimento para o deserto, durante um
certo período, antes do maná cair do céu, e para o sacrifício.A sexta foi a praga das úlceras.
Dessa nem os magos egípcios escaparam e sofreram bastante. Mas a cada praga que vinha
sobre o Egito o coração de Faraó era endurecido. A sétima foi a praga da saraiva, onde
choveu fogo na terra do Egito, matando os animais, as plantações e os homens no campo,
somente a terra dos hebreus estava ilesa. A oitava foi a praga dos gafanhotos. A nuvem de
gafanhoto era tão grande que o céu se escureceu e todo o campo foi coberto e não sobrou
nenhuma folha, nem erva em toda a terra do Egito. A nona foi a praga das trevas onde
ficaram por três dias sem conseguirem ver ninguém, tão densa eram aquelas trevas, mas
somente os hebreus tinham luz. Mas, mesmo assim, o coração de Faraó foi endurecido.
Mas a décima e última praga foi a da morte dos primogênitos. Eles criam que Faraó era
deus e, por isso, o primogênito de Faraó, sucessor do trono, morreu, o que fez com que
Faraó libertasse a Israel. É claro que o Senhor podia ter tirado a Israel do Egito, mesmo
sem as pragas, pois o Senhor é poderoso para isso, mas aprouve a Deus fazer dessa
maneira para mostrar ao povo de Israel o seu poder e ao povo do Egito o seu juízo.
A última praga foi também muito importante para os israelitas, pois foi ali que
aconteceu a passagem do anjo que trouxe justiça ao povo de Israel. E, para que os hebreus
não fossem afetados por essa praga, eles teriam que sacrificar um cordeiro e passar o
sangue sobre as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o cordeiro fosse comido.
E, a partir dali seria instituído o Calendário Judaico: “Este mês será para vós o princípio dos
meses; este vos será o primeiro dos meses do ano”. (Êxodo 12:2). A Páscoa tem um
significado muito profundo em relação ao Senhor Jesus Cristo, o cordeiro imaculado.
Quem lava as suas vestes no sangue do Cordeiro Jesus tem a sua vida protegida da morte.
Depois que Faraó liberou os israelitas para saírem da terra do Egito, este ainda teve
seu coração endurecido, pois o Senhor ainda tinha um grande milagre para deixar como
testemunho a todas as nações. Testemunho este que até hoje fala para todos nós. O povo
de Israel estava diante do Mar Vermelho e dos seus dois lados também estavam cercados
das águas e atrás estava o exército de Faraó pronto para tragar os hebreus. Eram cerca de
3 milhões de hebreus, considerando os 600 mil homens preparados para guerra e uma
proporção de mais 4 indivíduos para cada família. Mas, o Senhor colocou uma coluna de
nuvem na frente dos egípcios para que eles não enxergassem e uma coluna de fogo
clareando o caminho dos israelitas e, ainda por cima, o Anjo do Senhor se pôs atrás do
exército israelita para pelejar por eles. O Mar Vermelho se abriu e os seus lados foram
como paredes. Os egípcios até que seguiram a Israel, mas o Senhor quebrou os carros dos
Egípcios, carros esses que eram a glória e a força do Egito, e fez com que eles andassem
com dificuldade. Quando os israelitas chegaram ao outro lado, o Senhor fez com que o

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Mar tragasse a todo o exército de Faraó. Assim, o Senhor derrubou até mesmo o exército
que era considerado o mais poderoso daquela época. Mas quem poderá lutar contra
Deus? Ninguém, pois Ele é o Grande Eu Sou.
Alguns cientistas alegam que a travessia teria sido numa região bem rasa do Mar
Vermelho, onde daria para passar a pé, mas se assim fosse, o milagre foi maior, pois o
exército de faraó morreu afogado. Ainda, existem achados na região da possível travessia
que mostram artefatos da 18ª dinastia, que datava aquela época. Entre esses achados está
uma roda de carruagem egípcia daquela dinastia que foi preservada pelo coral formado.
A partir desse momento, o Senhor ia mostrar a Israel que Ele cuida desse povo
amado. O pão de cada dia desceria do céu, as águas amargas se tornariam doces, as rochas
no meio do deserto jorrariam águas, as nuvens guiariam e protegeriam a Israel do calor do
dia no deserto e à noite, a coluna de fogo os aqueceria protejendo-os do frio da
madrugada no deserto, iluminando também o caminho. (No deserto o dia é muito quente
e a noite muito gelada. Se não fosse a provisão de Deus Israel não teria conseguido
sobreviver um só dia.) Com Grande amor o Senhor resgatou a Israel! E, ainda, o Senhor
entregaria a todo o povo na terra de Canaã nas mãos dos israelitas. Mas, quando eles
chegaram em Canaã, espiaram a terra durante quarenta dias, mas quando os espias junto
com Josué e Calebe voltaram e trouxeram a notícia de como eles eram, ainda que os dois
tiveram fé de que o Senhor podia entregar a todo aquele povo em suas mãos, o povo de
Israel, por causa da incredulidade, teve que passar mais quarenta anos no deserto, de
maneira que nenhuma daquela geração entrasse em Canaã, somente Josué e Calebe.
(Números 14:28-35).
Durante a peregrinação de Israel no deserto, o Senhor enviou ao povo mandamentos
e leis. As leis dadas por Moisés abrangiam tanto leis morais, como os dez mandamentos,
leis cíveis e leis sacerdotais.
Os tristes episódios durante a peregrinação foram:
1. A rebelião de Core, que queria usurpar os direitos conferidos divinamente a Arão;
2. O ciúme de Miriã e a sua morte;
3. A morte de Arão, por causa da sua transgressão;
4. A rocha que Moisés feriu, zangado, motivo por que, como punição, não entrou em
Canaã.

4.1. Conquistando Território

Moisés iniciou a conquista da terra. Impedido pelo rei de Edom de passarem por suas
terras e impedido por Deus de guerrear contra eles, Moisés teve que contornar as terras

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de Seir pelo sul. De encontro com os amorreus, esses não permitiram Israel passar, mas
Israel pelejou e venceu a cidade fortificada dos Amorreus (Números 21:21-31). Depois,
Ogue, rei de Basã, veio à peleja contra Israel. Israel venceu: (Números 21:33,34). Depois
foram para Moabe, filhos de Ló. Aqui surge Balaão e a festa de Baal-Peor que ensina que
aqueles que estão debaixo da proteção de Deus tem segurança(Salmo 91), mas quando
abandonamos ao Senhor, somos derrotados. Não vale encantamento contra Israel, mas a
apostasia o derruba (Nm 25.9). Até os midianitas se associaram aos Moabitas contra Israel,
mas Moisés levantou um exército de 12 mil homens e os derrotou, inclusive Balaão que
morreu na batalha.
Faltava apenas atravessar o Jordão para entrarem em Canaã. E nessa conjuntura é
que Deus anuncia a Moisés a sua morte, permitindo a ele ver a terra de Canaã de cima do
Monte Nebo (Deuteronômio 32:49-51).

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5- A FORMAÇÃO DA NAÇÃO ISRAELITA


5.1. Josué e a Conquista da Terra

Depois que Moisés morreu, Josué passou a liderar o povo de Israel e foi grande
guerreador e vencedor de muitas batalhas, vencendo os inimigos e conquistando a Terra
Prometida para o povo de Israel. Ao ler sobre essas conquistas, muitos se assustam
quando lêem que o Senhor mandava que nem às crianças se poupassem, de certos povos.
“Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o que tiver; não o
poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas,
camelos e jumentos”. (1 Samuel 15:3) Mas, por que isso? Ora “Tens tu olhos de carne? Ou
vês tu como vê o homem?” (Jó 10:4) O Senhor não vê as coisas como nós vemos, mas Ele
vê com Sua Eterna Sabedoria. Na Bíblia de Estudo Pentecostal o comentarista desse
versículo diz: “O grau de iniqüidade, crueldade e permanente rebelião dos amalequitas era
tão grande, que a saída daquelas crianças inocentes da face da terra era um ato de
misericórdia..”. Wesley, em seu comentário nesse versículo, concorda com esse
pensamento, onde ele diz que seria melhor que as crianças morressem naquele estado de
inocência do que crescessem na iniqüidade e depois fossem condenadas. Bom, se alguém
tiver dúvida do motivo pelo qual o Senhor determinou tal sentença, é melhor esperarmos
aquele dia onde todas as coisas serão reveladas: “Portanto, não os temais; porque nada há
encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido”.
(Mateus 10:26).
A terra que Deus havia delimitado para Israel era: “Todo lugar que pisar a planta do
vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a Moisés. Desde o deserto e este Líbano, até o grande
rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o
vosso termo.” (Josué 1:3-4) Josué, então, iniciou sua campanha na Palestina.
A primeira batalha de Josué era a de Jericó. Jericó era o portão de entrada para a
Palestina. Assim, enviaram 2 espias para espiar Jericó. Esses espias foram acolhidos por
Raabe, uma prostituta muito importante em Jericó. Raabe creu que Deus havia entregado
Jericó nas mãos de Israel e fez um acordo com os espias (Js 2.9). Esses, por sua vez,
concordou com ela e disse que ela deveria deixar uma fita vermelha na janela da casa dela,
para que ela fosse salva. O interessante é que Raabe se converteu ao Senhor, ela cria no
Senhor como o Deus em cima no céu e embaixo da terra (Js 2.11) e por isso Deus usou
tanto de misericórdia para com ela que até participou da linhagem do Senhor Jesus (Mt
1.5). Ela foi mãe de Boaz, que casou com a moabita Rute, dos quais nasceu Obede, avô do
Rei Davi. Raabe cria no Poder de Deus. A cidade de Jericó era extremamente fortificada.
Seu muro possuía dez metros de altura e era formada por duas colunas de parede, sendo a
parede exterior com 2 metros, separado da parede interior por um espaço de 5 metros, e

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um muro interior de quatro metros. Em cima dos muros ficavam as casas das pessoas mais
importantes da cidade, entre elas estava Raabe.
Mas, para entrar em Jericó era necessário passar o Jordão. E Deus, para mostrar ao
povo que era com Josué assim como era com Moisés, fez o povo passar o Jordão a seco. (Js
3.7; Js 3.13-17) Foi aí que Josué fez um concerto com o povo, colocando as pedras que
estavam no fundo do Jordão como testemunho de que Deus fê-los passar o Jordão à seco.
(Josué 4:4-7).
Jericó, então, foi destruída e Josué prosseguiu nas conquistas das terras. Naquela
época, a Palestina era dominada por Faraó, mas uma pergunta fica no ar, quando
percebemos que o Egito não fez nada. Alguns tijolos escritos encontrados no Egito, mostra
que não foi falta de aviso. O rei de Jerusalém, de nome Abdikika (Josué o chamava de
Adonisedeque, que significa “Senhor de Justiça”), diz numas cartas: “... agora os habiris
ocupam as cidades do rei. O rei, meu Senhor, não tem mais um príncipe; tudo está
arruinado.” Os palestinos pediram socorro ao Egito e esses nada fizeram. Por quê? Será
que os Egípcios reconheceram o Poder de Deus, por causa do que acontecera quarenta
anos antes? Alguns atribuem que o Faraó da época era Amenofis IV, o Akenaton (herege).
Akenaton, estaria ocupado com sua esposa tentando implantar no Egito uma religião
monoteísta, de adoração a um único deus, talvez até pela experiência de que Israel servia
a um único Deus. O problema que o único deus que ele queria implantar era o deus sol,
através do disco solar. Os motivos certos, históricos, não sabemos, mas sabemos que Deus
fez com que a época fosse propícia para os hebreus tomarem Canaã para si, como
possessão.
Conquistado o oriente, Josué partiu para o Sul e conquistou Ai, hebrom. Jerusalém
parece que continuou nas mãos dos Jebuseus, pois só quando Davi conquistou Jerusalém é
que Jerusalém ficou sob domínio judeu. No capítulo 11 de Josué observamos as vitórias de
Josué sob vários reis. A batalha de Merom foi muito importante para as conquistas do
norte. Calebe, por ter obedecido a Deus, ficou com a terra dos gigantes, porque ele creu
no Senhor (Js 14.11-15). Ele tinha a mesma força de quarenta e cinco anos antes. O
tabernáculo foi edificado em Siló (Js 18.11) e ali permaneceu até que Davi, mais tarde, a
levasse para Jerusalém.
Quando Josué morreu, algumas terras ficaram sem conquista até os dias de hoje,
mas, no Milênio, toda a Terra Prometida pertencerá à Israel. Isso veremos mais tarde,
quando falarmos das profecias do AT. Mas, vejamos quais terras ficaram sem conquista: “A
terra que ainda fica é esta: todas as regiões dos filisteus, bem como todas as dos gesureus,
desde Sior, que está defronte do Egito, até o termo de Ecrom para o norte, que se tem
como pertencente aos cananeus; os cinco chefes dos filisteus; o gazeu, o asdodeu, o
asqueloneu, o giteu, e o ecroneu; também os aveus; no sul toda a terra, dos cananeus, e

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Meara, que pertence aos sidônios, até Afeca, até o termo dos amorreus; como também a
terra dos Gebalitas, e todo o Líbano para o nascente do sol, desde Baal-Gade, ao pé do
monte Hermom, até a entrada de Hamate; todos os habitantes da região montanhosa
desde o Líbano até Misrefote-Maim, a saber, todos os sidônios. Eu os lançarei de diante
dos filhos de Israel; tão-somente reparte a terra a Israel por herança, como já te mandei”.
(Josué 13:2-6) E, para quem não sabe, os atuais Palestinos, nada mais são que os antigos
Filisteus e até hoje eles brigam pela terra contra o povo de Israel.

5.2. O Período dos Juízes


Quando Josué morreu a terra estava meio conquistada. Houve a divisão de terras,
mas havia terras a serem conquistadas. Na verdade, Josué conquistou as maiores cidades e
mais fortes, cercando os limites de Israel, porém os hebreus precisavam conquistar as
demais terras. O problema é que o povo se acomodou com a paz e ainda começaram a
realizar casamentos mistos e até a celebrar festas a deuses da região Jz 2.11-23. O mundo
ao redor estava em paz. O Egito tinha entrado em decadência, a Assíria só iniciou sua
carreira política em 1000 a.C. e a Babilônio há muito estava caída. Israel não tinha uma
liderança definida e cada um fazia o que lhe aprazia. Quando o grau de contaminação de
Israel estava crescendo, o Senhor permitia que outros povos viessem transtorná-los e logo
o Senhor levantava juízes para os salvar e depois, passava algum tempo e o povo voltava a
pecar contra o Senhor. Foi assim até a época de Samuel.
Os principais juízes foram quinze:
1. Otniel (Jz 3.9) – De Judá, livrou a Israel do rei da mesopotâmia;
2. Eúde (Jz 3.15) – Expulsou os amonitas e os moabitas;
3. Sangar (Jz 3.31) – Matou 600 filisteus e salvou a Israel;
4. Débora (Jz 4.5) – Associada a Baraque, guiando a Naftali e Zebulom à vitória
contra os cananeus;
5. Gideão (Jz 6.36) – Expulsou os midianitas do território de Israel;
6. Abimeleque (Jz 9.1) – Pseudo libertador sem autoridade divina;
7. Tola (Jz 10.1) – Subjugou os amonitas;
8. Jair (Jz 10.3) – Subjugou os amonitas;
9. Jefté (Jz 11.11) – Subjugou os amonitas;
10. Ibsã (Jz 12.8) – Perseguiu os filisteus;
11. Elom (Jz 12.11) – Perseguiu os filisteus;

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12. Abdom (Jz 12.13) – Perseguiu os filisteus;


13. Sansão (jz 16.30) – Perseguiu os filisteus;
14. Eli (1Sm 4.18) – Julgou a Israel como sumo sacerdote;
15. Samuel (1Sm 7.15) – Agiu principalmente como profeta.
Esse período durou 350 anos.

5.3. Eli – Sacerdote e Juiz em Israel

Deus havia escolhido Eli para ser sacerdote, mas os seus filhos eram maus aos olhos
de Deus e Eli nada fazia a respeito disso. Eli não amava a Deus acima de todas as coisas
pois ele preferia fazer vista grossa a respeito do pecado de seus filhos. (1 Samuel 2:27-30,
1 Samuel 3:13, qv Mateus 10:37). A profecia de Deus se cumpriu e Samuel ficou no lugar
de Eli.(1 Samuel 4:4-18).

5.4. Samuel

Ana, mulher de Elcana, era estéril e certo dia clamou ao Senhor por um filho. A
súplica foi tanta que Eli pensara que ela estava bêbada. Porém, quando ela explicou que
estava orando ao Senhor ele orou a favor dela e a abençoou dizendo que lhe fosse feito
conforme o que desejava o seu coração.
Logo depois disso ela ficou grávida e nasceu Samuel (1 Sm 1.7) Quando o menino
Samuel estava crescido Ana o entregou ao Senhor na casa de Eli. Certa vez, quando Samuel
estava dormindo o Senhor lhe falou e assim Samuel passou a ser conhecido como o
profeta de Deus. (1 Samuel 3:9-15)

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6- FORMAÇÃO, RUPTURA E QUEDA DO


REINO EM ISRAEL
6.1. O Povo Pede Um Rei

O Senhor, em Dt 17.14-20, pela Sua Onisciência, determinou os direitos e deveres do


rei. Se observarmos bem, todo o erro apontado aqui para o rei foi o que Salomão cometeu
e fio justamente isso que, mais tarde, dividiria o reino.
Quando Samuel já estava velho os seus filhos também não andaram de acordo com a
Palavra e isso foi o estopim para o povo de Israel pedir um rei, para ficar igual aos outros
povos que tinham reis para ir às batalhas. Samuel, por sua vez, ficou chateado com isso,
mas o Senhor lhe falou que o povo não tinha rejeitado a ele mas ao próprio Senhor, pois
até essa época o Senhor ia às Batalhas com Israel, pois era um governo Teocrático, ou seja,
governado por Deus. (1 Samuel 8:3-5,7-8) Assim, Deus mandou Samuel escolher a Saul
para rei, pois Saul era segundo o coração do povo. Saul foi ungido e até recebeu o Espírito
sobre ele, profetizando com os profetas, mudando em um novo homem. Saul tinha tudo
para ser um bom rei e o povo se agradou de Saul.

6.2. As Guerras de Saul

A. Primeira Guerra. Os isrealitas eram vassalos dos amonitas. Assim, Saul entrou em
guerra contra eles, proclamando a Independência de Israel. Essa guerra fez com que o
povo consagrasse Saul como rei e ficaram alegres.
B. Segunda Guerra. Os filisteus, ao Sul, se levantaram contra Israel. Foi nessa batalha
que Jônatas se destacou como grande guerreiro. Com a vitória o Sul e o Oeste ficaram
livres para Israel.
C. Terceira Guerra. Os povos do leste, moabitas, edomitas e os reis de Zoba, se
levantaram contra Israel. Com a vitória de Saul, Israel conquistou o leste além do Jordão.
D. Quarta Guerra. Deus ordenou a Saul que destruísse os amalequitas, ao Sul de
Israel. Saul deveria destruir tudo, matar a todos e queimar tudo. Deus ordenou que não
ficasse vivo nenhum boi da tribo dos amalequitas. Saul, entretanto, escolheu os melhores
bois para ficar para ele e ainda por cima ofereceu sacrifício a Deus, achando que o Senhor
ia aceitar suborno. (1 Samuel 15:6-22). Com isso o Senhor mandou Samuel escolher outro
rei, só que agora o rei seria segundo o coração de Deus: Davi, filho de Jessé, filho de
Obede, filho de Boaz com a moabita Rute, Boaz filho de Salmom com Raabe. (Mateus 1:5)
Quando Samuel foi à casa de Jessé, Samuel escolheu a Davi. Este estava a apascentar as

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ovelhas malhadas. (as malhadas são aquelas que tinham menos valor). Embora nem a sua
família acreditava em Davi, este sempre defendeu as ovelhas, mesmo as malhadas. Davi
era um bom pastor que dava a sua vida pelas ovelhas, pois ele não temia a morte e lutava
contra urso e leão.
E. Quinta Guerra. Nova guerra contra os filisteus. Foi aí que Davi se destacou
matando o Gigante Golias, sem espada e sem escudo, somente com uma pedra e uma
funda. Assim Davi se tornou o ídolo do povo. Certa vez, Davi foi aclamado pelas mulheres
do reino: “E as mulheres, dançando, cantavam umas para as outras, dizendo: Saul feriu os
seus milhares, porém Davi os seus dez milhares. Então Saul se indignou muito, pois aquela
palavra pareceu mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares atribuíram a Davi, e a mim
somente milhares; que lhe falta, senão só o reino?” (1 Samuel 18:7-8).
F. Sexta Guerra. O ciúme de Saul iniciou a sexta guerra, de Saul contra Davi. Saul
planejou tirar a vida de Davi mas sempre sem sucesso. Saul pediu, como dote de
casamento para sua filha Mical, 100 prepúcios de filisteus, achando que Davi iria morrer,
mas Davi lhe trouxe 200 prepúcios. (1 Samuel 18:25-27). Com isso, Saul planejou tirar a sua
vida, mas Davi fugiu para a região Sul de Israel, na fortaleza de Adulão. Foi aí que Davi
recrutou o seu exército (1 Samuel 22:2). Assim, Davi virou bandoleiro, chefe de um bando,
de um exército não reconhecido pelo governo, considerado rebelde ao governo de Saul,
mas Davi em nada lutou contra Saul, apenas defendia as terras do extremo Sul de Israel e
recebia alimentos e provisões do povo. Em 1 Sm 24 vemos a lealdade de Davi para com
Saul que, tendo Saul dormindo numa caverna, Davi apenas cortou a orla do vestido de
Saul, paa prová-lo que ele não queria o seu mal. Com isso, Saul deixou de perseguir a Davi
e seguiu seu caminho. Davi, porém, foi para a terra dos filisteus e patrulhava em Ziclague.
E fez bem, pois logo depois Saul voltou a perseguí-lo e Davi novamente poupou a vida de
Saul.
G. Sétima Guerra. Os filisteus se levantaram contra Saul mais uma vez. Samuel já era
morto e Saul não tinha mais a quem consultar. Daí Saul procurou uma pitonisa para ter
comunicação com Samuel. O diabo subiu e enganou Saul, se fazendo de Samuel, que lhe
disse que em breve este estaria com ele lá embaixo. A pitonisa deu um bocado para Saul
comer e daí Saul foi marcado para a morte e, na batalha de Gilboa Saul fora ferido e num
ato de tamanha covardia, se matou. (1 Samuel 31:3-5).

6.3. Davi vira Rei

Morto Saul, Davi torna-se, naturalmente o rei do Sul de Israel, escolhendo como
capital a cidade de Hebrom. Com isso, começou uma guerra civil entre o povo do norte
com o povo do sul. Abner proclamou Isbosete, filho de Saul, como rei, com capital em

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Maanaim de Gileade, cidade do extremo norte. Depois, Abner cometeu o grande erro de
colocar a capital em Gibeom, no território de Benjamim, cidade onde Davi era bem visto.
Assim, com a guerra civil, Davi foi vencedor e, após algumas tentativas fracassadas, Abner
faz as pazes com Davi e entrega o reino para ele. Mas, Davi impôs a condição de que a sua
primeira mulher devia lhe ser devolvido. Abner, então trouxe de volta a Mical, deixando
seu segundo esposo descasado. Assim, Davi se tornou rei de todo o Israel.
Joabe, a contra-gosto de Davi, matou a Abner. Isbosete também foi assassinado,
deixando o reino totalmente livre para Davi. Como Davi assumiu todo o reino, os filisteus
lutaram contra ele em diversos confrontos.

6.4. O Reino Unido

O Reino de Israel, unido, durou de Davi até Salomão. Davi precisava então de uma
nova capital que ficasse mais ao centro de todo o Israel. Escolheu Jerusalém e por isso teve
que lutar por ela. Davi cercou a cidade e, depois de descobrir a entrada misteriosa, a
tomou para o Reino. Jerusalém era uma cidade fortificada com muros e ficava num platô
cercado de vales que tornava difícil o acesso de invasores. Com o estabelecimento da nova
capital, Davi ordena que a arca fosse transportada para a nova capital. Com isso houve um
elo político-religioso em Israel.
Nessa época, o Egito estava enfraquecido, tentando se reestabelecer. A Assíria não
era perigo pois não tinham iniciado o tempo das conquistas. A Babilônia estava em
decadência. No Oeste estavam as tribos gregas e latinas, que não ofereciam ainda algum
perigo. Assim, Davi só tinha que estender seus domínios para leste e cumprir a vontade de
Deus (Gn15.18) em tomar possa de toda a terra prometida por Deus.
Davi, então, lutou contra os amonitas e os moabitas e foi vencedor. Uma das maiores
conquistas de Davi foi a Cidade Água, que ficava no vale de Jaboque. No final de tudo, Davi
estava com um vigoroso império que se estendia desde a península do Sinai, no Mar
Vermelho.
Após essas vitórias Davi se sentiu como se pudesse descansar no seu Palácio e deixou
Joabe com o exército para manter as fronteiras. Nessa época, porém, Davi cobiçou Bate-
Seba, mulher de Urias. Davi, então, coabitou com ela e assim ela concebeu um filho. Para
esconder o pecado, Davi chamou Urias e mandou que ele descansasse em casa mas este
rejeitou por achar-se egoísta de ir em casa e deixar seu exército no campo de batalha.
Assim, Davi escreveu um ofício ordenando que colocasse Urias na frente da Batalha, pois
esperava que ele morresse. Assim, Urias morreu e Davi foi culpado do crime. Ele até se
arrependeu e o Senhor o perdoou, (Veja Salmo 51 e veja o desespero de Davi), mas a
conseqüência do pecado teve que permanecer. O filho de Davi com Bate-Seba morreu

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ainda bebê, Amnon envergonhou a Tamar sexualmente, Absalão se rebelou contra o seu
próprio pai, Davi foi deportado de Jerusalém e depois ainda teve a notícia da morte de seu
filho Absalão. Davi, porém, era segundo o coração de Deus pois ele reconhecia o seu
pecado e buscava sempre o perdão de Deus, vivia sempre no templo falando com Deus,
era um rei justo e amava os seus súditos como um pastor ama suas ovelhas. Sempre
obedecia a voz do profeta de Deus e amava a lei do Senhor e nela meditava todos os dias.
Nasceu, porém, Salomão, filho de Davi com Bate-Seba. Quando Davi estava velho, no
final de sua vida, Adonias usurpou o trono, mas avisado pelo profeta Natã e sua mulher,
logo apossou Salomão no trono.

6.5. Salomão

A. O Templo de Salomão. O reino de Salomão foi um reino de paz. A sua estratégia


era a de formar acordos de paz e de comércio entre as nações. Para isso, Salomão casou-se
com 700 mulheres e teve 300 concubinas.
A nação fenícia foi a nação que mais fez acordos comerciais com Salomão. Foram os
fenícios que receberam a incumbência de fornecer os materiais do Templo. Os
arqueólogos encontraram bastante evidências da presença fenícia no Brasil, uma delas
está a inscrição na Pedra da Gávea. Há quem diga até que o rio Solimões foi dado esse
nome por causa de Salomão.
O Templo de Salomão foi erguido onde hoje encontra-se a Mesquita de Omar, a
Cúpula da Rocha. Esse templo consolidou a união do povo de Israel. Salomão foi o homem
mais sábio e mais rico da terra. O ouro era tanto que a prata tinha pouco valor. O escudo
do exército de Salomão era todo feito em ouro. Salomão foi poeta, zoologista, botânico,
astrônomo, filósofo; reuniu, na sua pessoa, os conhecimentos antigos de todos os povos.
Os cavalos vinham do Egito a altos preços. Os banquetes eram dados a 25.000 pessoas (1
Rs 10.5,6). Tudo isso custou ao povo altas somas de impostos.
O maior erro de Salomão foi descumprir o dever do rei (Deuteronômio 17:16-17).
Salomão aumentou os impostos do Reino para a construção do Templo. Mas, quando o
Templo fora construído, o imposto não diminuiu e serviu para enriquecer a casa de
Salomão e suprir os seus luxos. O Reino que ficava ao norte era a parte mais rica, por ser
local de trânsito entre as várias nações. Existia uma estrada que parava na China.
Ainda hoje existe e os cristãos chineses desejam usá-la para pregar o evangelho. Já
houve chineses no passado que usaram essa estrada para pregar o Evangelho, no século
passado. A maioria morreu martirizado.
No sul, entretanto, era montanhoso e propício apenas à criação de gado. Porém,
Salomão investia a maior parte da arrecadação de impostos para o Sul, se esquecendo do

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norte. No norte, era raro quando o rei passava por lá, enquanto no sul o rei era bem
conhecido. Há muito questionamento se Salomão foi ou não para o Seio de Abraão quando
ele morreu. Mas isso só saberemos naquele dia. A tradição judaica diz que Salomão
escreveu o Livro de Cantares na sua mocidade, o livro de Provérbios na sua meia idade e o
livro de Eclesiastes quando se tornou velho. O fato é que Salomão, no final da carreira, se
rendeu aos apelos de suas mulheres e lhes permitiu erigir seus ídolos nas terras de Israel.
Para espanto nosso, ele permitiu que fosse erigido a estátua de Moloque perto do templo.
Moloque era aquela estátua com o peito oco destinado a colocar brasa viva. Daí era
oferecido crianças para Moloque e esta morria queimada viva aos braços dessa imagem.
Ele infrigiu a lei de Deus (Levítico 18:21). Com isso, Deus rasgou o reino de Salomão (1
Reis 11:11-13).

6.6. A Ruptura do Reino

Quando Salomão morreu, Jeroboão se aproveitou do momento e conhecedor que a


vontade de Deus era que ele reinasse no norte, veio ter com Roboão, filho de Salomão,
para questioná-lo acerca dos impostos, pedindo-lhe que os reduzisse. Roboão tomou
conselho com os anciãos e com os jovens e preferiu o conselho dos jovens (1 Reis 12:10).
Com isso Jeroboão declarou que o povo do norte não tinha mais nada haver com a casa de
Davi. Com essa ruptura iniciou-se uma guerra interna entre os dois governos. Mas logo o
Senhor advertiu pelos profetas que a guerra deveria acabar pois a ruptura havia sido da
vontade de Deus.
Assim, a tribo de Judá ficou responsável pelo Reino de Judá, ou Reino do Sul(Judá e
Benjamim). No norte ficou responsável a tribo de Efraim pelo Bloco das dez tribos de
Israel, chamado de Reino de Israel ou Reino do Norte. Para consolidar o Reino do Norte,
Jeroboão, com medo do povo voltar o seu coração para Judá, por causa do Templo e que
todo ano todas as tribos deveriam vir à Jerusalém, colocou dois bezerros de ouro para o
povo adorar, um no extremo Sul, em Betel e outro no extremo norte, em Dã. A idéia dele
era a que o povo não fosse mais a Jerusalém sacrificar. Com isso, Jeroboão desrespeitou
totalmente ao Senhor e por isso foi decretado que a casa dele seria aniquilada. Jeroboão
era extremamente político e nada religioso.
Uma peculiaridade dos dois reinos era que o Reino do Sul era passado de pai para
filho, por sucessão e o do Norte, muitas vezes, era tomado à força. Jeroboão mesmo não
tinha nada haver com a casa de Davi. Zimri, aventureiro, matou a Ela e tomou o reino. Logo
depois Onri o matou e reinou em seu lugar. Onri foi o governante que mais trouxe riqueza
para Israel do Norte. O filho de Onri foi Acabe, que casou com a fenícia Jezabel. Jezabel
instituiu o culto a Baal e edificou altares e nomeou profetas a Baal. Foi nessa época que
aparece Elias, “a pedra no sapato” de Acabe e Jezabel. O maior momento histórico foi a

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luta no Monte Carmelo. Outro ponto importante foi a usurpação de Jezabel na vinha de
Nabote. Foi nessa época que Elias unge Hazael como rei da Síria e Jeú como rei de Israel,
ambos com o propósito de exterminar com a casa de Acabe. Com a morte de Acabe, Israel
do Norte iniciou um período contínuo de decadência.
O segundo período, ou o período da decadência do Reino do Norte, iniciou-se com a
revolução de Jeú. Jezabel foi jogada da janela ao chão e o seu sangue salpicou a parede e
os cavalos de Jeú, e os cães comeram-lhe as carnes (2 Rs 9.34,35). Setenta filhos de Acabe
foram destruídos, os sacerdotes de Baal fecharam-se no templo em Samária, mas foram
mortos. Ninguém da casa de Acabe escapou e o culto que Jezabel tinha instituído em
Samária e todo o Israel foi erradicado de uma vez.
Os reis que se seguiram foi Jeú, Jeocaz, Jeoás, Jeoboão II, Zacarias, Salum, Menaém,
Pecaías, Peca e Oséias. Os profetas do Reino do norte foram Aija, Jeú, Elias, Miquéias,
Eliseu, Jonas, Oséias e Amós, Obede.
Os assírios foram, aos poucos, minando a força de Israel do Norte. No tempo de Jeú,
Salmanasar II, impôs pesado tributo ao rei e fê-lo reconhecer a suserania da Assíria. No
reino de Menaém aparece Pul, suposto ser Tiglate-Pileser IV (2 Rs 15.19), que estabeleceu
seu reino na Babilônia. No reinado de Peca (2 Rs 15.29) Tutruluti-pal tomou os habitantes
de Gileade, Galiléia e algumas da tribo de Naftali, dando início à Diáspora. Entrou Oséias
como rei e Salmanazar V marchou contra Samária e cercou-a durante três anos. Em 722
aC, o povo foi vencido pela fome e pestes e se entregaram para Sargão II. O povo foi
levado para a Assíria e Babilônia, marcando o fim do Reino do Norte.
A estratégia da Assíria era a de aniquilar com a nacionalidade do país. Eles levavam o
povo de um país para outros e outros para o mesmo país. Com isso a Samaria ficou repleto
de uma mistura de povos e é por isso que os judeus não gostavam dos samaritanos.

6.7. Reino do Sul

O reino do Sul, também chamado Reino de Judá, tinha o privilégio de guardar a Arca
da Aliança no Templo de Salomão. Enquanto o Reino do Norte era forte financeiramente e
fraco espiritualmente, o do sul era fraco financeiramente, cuja cultura principal era a de
criar gado, mas era mais forte espiritualmente do que o Reino do Norte, apesar de em
alguns momentos a idolatria entrar no meio do povo. Os seguintes reis passaram pelo
reino: Roboão, filho de Salomão, Abias, Asa (um dos mais longos reinados, houve
destruição de ídolos e restauração do culto), Josafá (três anos depois de Acabe assumir,
houve reforma do culto, mas no final fez aliança com Acabe), Jeorão (casou-se com Atalia,
filha de Jezabel, nesse período Judá entrou na idolatria; Atalia foi pior do que Jezabel),
Acazias, Joás, Amasias, Uzias (quando ele morreu, Isaías iniciou seu ministério), Jotão, Acaz

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(nessa época os Sírios estavam com toda a força e Acaz virou vassalo de Tiglate-Pileser IV),
Ezequias (o poder Assírio cresce e Isaías adverte a não fazer aliança com Sargão II; em 722
Israel do Norte é levado cativo), Manassés (idólatra, aparece Jeremias), Amom, Josias
(nessa época a Assíria é derrotada pelos Babilônios, Josias reforma o templo, no final o
Egito domina a Palestina, pelo Faraó Neco), Jeoacaz (vassalo do Egito), Jeoiaquim (foi
colocado no trono pelo Faraó; nessa época a Babilônia vence o Egito e Nabucodonozor
aparece e leva cativo os nobres, inclusive Daniel, Sadraque, Mesaque e Abdnego, e o
própirio rei ), Jeoiaquim II (é colocado no trono por Nabucodonozor, mas logo tenta aliança
com o Egito) , Zedequias (colocado no trono por Nabucodonozor, mas pela desobediência,
é levado cativo para a Babilônia; nessa época o Templo é destruído, saqueado e o muro
também).

6.8. O Cativeiro

Foi no cativeiro que Deus mostrou para Daniel o que ia acontecer ao longo dos
tempos. A visão da Estátua mostrava o tipo de reinos que viria e mostra Jesus vencendo
todos eles. A visão dos animais mostra o modo como esses reinos viria. As setentas
semanas de ano mostra o tempo de todas as coisas até o fim.
O profeta do cativeiro foi Ezequiel. Jeremias foi levado à força para o Egito.
Todos os utensílios do Templo foram levados e retornaram (Ed 7.11), seguindo um
inventário completo; somente não se faz menção da Arca. No livro apócrifo dos Macabeus,
é dito que Jeremias escondera a Arca. Acredita-se que foi à caminho do Egito que Jeremias
escondeu a Arca da Aliança. Se foi Jeremias que escondeu ou o próprio Deus não sabemos,
mas temos convicção de que Deus é poderoso para esconder. Judas relata a guerra do
arcanjo Miguel para esconder o corpo de Moisés (Jd v.9). O fato é que o próprio Jeremias
profetiza que nunca mais se veria a Arca (Jeremias 3:16-17). Pode-se entender que esse
versículo seja uma alusão ao tempo do Milênio, no Reinado do Messias, mas também não
há versículo algum dizendo que a Arca seria encontrada. Mas se isso acontecesse seria um
bom motivo para reconstruir o Templo. Existem boatos de que a Arca fora achada, mas são
apenas boatos e quem disse isso já vendeu inúmeros DVDs sobre essa descoberta e já
ganhou muito lucro.
Os benefícios do Cativeiro foi a aniquilação total da idolatria entre os povo hebreu e o
surgimento das Sinagogas que foram muito importantes na época dos apóstolos. O
Talmude foi escrito e era uma combinação entre a Mishna (lições orais, estórias passadas
de gerações) e a Gemara (os comentários dessas lições).
No cativeiro os hebreus foram convertidos em comerciantes e muitos ocupavam
lugares de destaque público, alguns até como governantes. Daniel era estadista junto com

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seus compatriotas Sadraque, Mesaque e Abdnego. Ester mesmo foi uma rainha do Império
Persa. Neemias era copeiro do rei, um cargo de extrema confiança e intimidade com o rei,
fora os outros que a Bíblia não menciona. Os hebreus do Norte foram espalhados e se
organizaram em colônias, criando as famosas Sinagogas. Até na Índia houve a presença de
israelitas. Mesmo na época do Pentecostes observamos vários israelitas que vieram visitar
Jerusalém.

6.9. A Restauração dos Judeus

O período Persa foi o marco para a restauração dos judeus. Dario, o medo, tomou o
trono de Nabucodonozor (Dn 5.31), mas ele reinou por pouco tempo, pois no ano 536 ele
morreu, dando lugar para Ciro, o persa, ao trono. Foi aí que Ciro redigiu o edito para a
libertação dos Judeus, permitindo-lhes voltar e reconstruir Jerusalém (2 Crônicas 36:22-23,
q.v. Is 44.28-45.3).
A primeira volta a Jerusalém foi liderada por Zorobabel, terminando setenta anos de
Cativeiro (606–536 a.C). Os utensílios do templo voltaram (Ed 7.11), 42.360 judeus
retornaram a Jerusalém e os fundamentos do Templo foram reconstruídos. Mas com a
morte de Ciro, Cambises entra no trono e por causa das intrigas dos Samaritanos a obra foi
embargada. Com isso, o povo judeu desistiu da obra e começaram a edificar suas próprias
casas, o que lhes trouxe maldições de que Ageu trata com o povo. Nesse tempo Zacarias
profetizava a vinda do Messias e a necessidade de Santidade ao Senhor.
Houve também a dificuldade de pessoas tramarem contra o povo judeu,
demonstrada no livro de Ester, onde também mostra o livramento do povo Judeu.
A segunda volta foi com Esdras, o sacerdote. Ele foi usado para restaurar o culto ao
Senhor. Já havia passado 80 anos desde o primeiro retorno. A língua hebraica já havia
caído em esquecimento.
Quando Esdras leu a Torah na língua dos caldeus e os judeus tiveram um momento
de avivamento jamais visto entre eles. Muitos haviam casado com mulheres de outros
povos e tiveram que despedi-las.
Houve um choro tão alto que se ouvia de longe as lamentações. Foi momentos de
arrependimentos e concerto entre eles (Nm 8). Foi Esdras que instituiu as sinagogas,
traduziu a Torah para a língua caldaica. Foi nessa época também que houve a organização
da Mishna e Gemara e transformado no Talmude.
A terceira volta e última foi com a Reforma e Restauração de Neemias. Artaxerxes
não só permitiu que Neemias fosse à Jerusalém reconstruí-la como também enviou
recursos. Em Jerusalém ele encontrou inimigos como Sambalá, o heronita, Tobias, que se
casou numa família de sacerdotes em Jerusalém e Gesém, árabe, todos samaritanos.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Mesmo assim, Neemias conseguiu reconstruir os muros com 52 dias apenas. Ele usou a
estratégia de levantar trabalhadores e guardas e a obra foi tocada. Ele não só reedificou os
muros como também as torres. Os arqueólogos encontraram indícios da pressa em
reconstruir o muro. Foi usado pedras e colocadas sem muito detalhes, foi um trabalho de
rapidez.
Os judeus influenciaram e muito a cultura de vários povos. Zoroastro foi
contemporâneo de Dario e o sistema que ele inventou com certeza tinha suas raízes no
judaísmo. Ormuz era a luz e Arimã as trevas, que representavam remotamente o Deus
criador e o diabo destruidor. O Bramanismo antecedeu o Budismo, que foi o Bramanismo
reformado. Eles acreditavam na salvação da alma e na destruição do elemento mau, de
maneira errada, mas dá para notar a semelhança. Ainda, os judeus semearam por todo o
mundo o conhecimento de Deus o que, com certeza, contribuiu na época dos apóstolos.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

AULA
07

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

7- O PERÍODO INTERBÍBLICO
O período interbíblico corresponde ao período desde a volta do Cativeiro até o
nascimento de Jesus. Foram cerca de quatrocentos anos em que Deus não falou mais pelos
profetas até que João Batista iniciou seu ministério. Entretanto, a presença de Deus se
mostrou viva na época dos Macabeus, quando o Senhor proporcionou vitórias milagrosas
contra os Selêucidas. Nesse período vários livros não inspirados foram escritos, muitas
invenções foram escritas e muitos desses livros estão na Bíblia Católica. Foram escritos:
Adão, Enoque, Lameque, Os Doze Patriarcas, A Oração de José, Eldade de Medade, O
Testamento de Moisés, Ascenção de Moisés, Os Salmos de Salomão, Apocalipse de Elias,
Ascensão de Isaías, Apocalipse de Sofonias, Apocalipse de Esdras, História de João Hircano,
Apocalipse de Baruque, O Livro de Lenda e Magias, Epístola de Jeremias, Os Livros
Sibilinos, Apocalipse de Zacarias, Os quatro livros dos Macabeus, e muitos outros livros.
A Igreja Católica, por decisão do Concílio de Trento em 1545dC, incluiu na sagrada
lista os seguintes livros apócrifos: Judite, Tobias, Livro da Sabedoria, Eclesiástico, Baruque,
e I e II Macabeus.

7.1. Alexandre, o Grande

Alexandre, chamado pela história de o Grande, era macedônio, naturalizado grego e


foi educado pelo famoso filósofo Aristótoles. Ele tinha bastante simpatia pelo povo judeu.
Uma das coisas mais importantes que o domínio grego fez (claro, pela soberania de Deus)
foi obrigar todos os povos a falar o grego e a de construir várias estradas, pois isso
contribui e muito para a divulgação do evangelho na época dos apóstolos. Os judeus
ficaram sob domínio de Alexandre do ano 333 a.C. até 323 a.C. Quando Alexandre morreu,
no ano 323aC, os seus quatro generais decidiram dividir o reino em quatro partes. O Egito
ficou para Ptolomeu, a Síria ficou com Seleuco, a Macedônia com Cassandro e a Trácia com
Lisímaco. Podemos verificar a influência desse período para Israel em Decápoles, que era
um conjunto de 10 cidades de cultura e costumes gregos no meio da palestina.

7.2. O Período Tolemaico

Quando Ptolomeu assumiu o Egito ele anexou a Palestina ao Império. Daí surgiram
várias lutas e guerras entre os Ptolomeus com os Selêucidas. Os Selêucidas estavam ao
norte de Israel, na Síria, e os Ptolomeus estavam ao sul de Israel, no Egito. Ou seja, Israel
estava no meio de uma grande disputa territorial entre os dois generais. O Período
Tolemaico foi do ano 323 até 200 aC.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

A. O primeiro Ptolomeu foi o Soter, que iniciou seu império maltratando os judeus,
mas logo depois ele honrou os judeus e deu-lhes cargos de grande importância em seu
império, inclusive faziam o comércio exterior, bancos etc.
B. O segundo Ptolomeu foi o Filadelfo, que tinha um espírito de justiça e um pendor
para as letras. Ele honrou os judeus e lhes deu grandes oportunidades. Ele criou a
Universidade de Alexandria e ordenou que 70 anciãos judeus traduzissem a VT para o
Grego, a Septuaginta, o que foi de grande valia para a Época dos Apóstolos, ou seja, o
Senhor estava preparando o caminho para o Salvador vir à Terra.
Foi nesse período que se iniciou as desavenssas entre os Ptolomeus e os Selêucidas.
C. O terceiro Ptolomeu foi Evergetes, que invadiu a Síria e lutou contra Antíoco II, o
Selêucida, o derrotando. Foi á Babilônia e tomou Susã. Morreu em 222 a.C.
D. O quarto Ptolomeu foi o Filopator, que perdeu duas batalhas contra Antíoco.
Quando ele voltou derrotado, passou por Jerusalém, quis entrar no templo mas os judeus
não deixaram. Voltou zangado e trouxe alguns judeus para o hipódromo. Quando ele
soltou os elefantes esses se voltaram contra os Egípcios. Depois disso o Ptolomeu IV
desistiu de se vingar contra os judeus. Ele morreu em 205 a.C.
E. O quinto Ptolomeu foi Epifanes, que reinou somente por cinco anos. Lutou contra
Antíoco na Palestina e foi derrotado. Ele se zangou com os judeus por não terem o
ajudado, mas recebido Antíoco como o Libertador. Para aplacar a ira do Ptolomeu Antíoco
deu a mão de Cleópatra em casamento. Na verdade, Antíoco pensava em invadir o Egito e
ficar com um grande império, mas Roma já estava assediando o Egito e o advertiu a não
tentar tal coisa. Ele foi mesmo assim e foi derrotado pelos Romanos. Ptolomeu V, marido
de Cleópatra morre e seu filho Filometor, Ptolomeu VI assume o poder.
Instigado por Cleópatra, sua mãe, ele invadiu a Palestina, tentando retomá-la para o
Egito.

7.3. O Período Selêucida

No ano 204, com a derrota dos Ptolomeus, os judeus passaram para a mão dos
Selêucidas, que eles tinham considerado como o libertador. Apenas trocaram um domínio
pelo outro. Antíoco III tentou atacar o reino de sua própria filha Cleópatra, mas foi
derrotado.
Antíoco IV, o Epifânio (175-163 a.C.) foi o pior imperador para o povo judeu. Saqueou
o Templo de Jerusalém, saqueou a Cidade Santa, os judeus foram tiranizados, mulheres
foram levadas cativas e filhos também, no templo colocou a estátua de Zeus Olímpio, as
Escrituras foram perseguidas e destruídas, de casa em casa. Ele foi um verdadeiro Tipo do

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Anticristo que até os judeus acreditaram que ele era o Iníquo que Daniel profetizara que
viria antes do fim. Com isso, o sentimento messiânico cresceu e originou a Revolta dos
Macabeus.

7.4. A Revolta dos Macabeus (163 – 63 a.C.)

Essa revolta iniciou-se contra Antíoco IV sobre o desejo de Extermínio do judaísmo. A


família dos Aesmônios ou os Macabeus, iniciou a revolta com Matatias que matou tanto o
judeu como o Sírio que trouxeram a lei contra o judaísmo, derrubou o altar, a estátua de
Júpiter Olimpo, destruiu toda a heresia e fugiu para as montanhas com seus filhos. Os
outros judeus fiéis se uniram a ele, matando todos os altares pagãos e mataram os judeus
apóstatas. Matatias morre e seu filho Judas entra no lugar dele.
Judas fez emboscada aos Sírios (Apolônio) e derrota-os ficando com suas armas.
Serom vem contra Judas mas ele vence esse exército, trazendo ânimo para os outros
judeus lutarem. Depois disso, Antíoco IV vai à Pérsia e leva bastante exército para a
felicidade dos judeus. Antíoco IV entregou o reino a Lísias antes de ir para a Pérsia. Ficaram
três generais: Ptolomeu, Nicanor e Górgias. Lísias enviou Górgias para lutar contra Judas.
Nessa luta, um fato interessante é que Górgias quis emboscar Judas mas ele se antecipou e
deu a volta e emboscou o exército que tinha ficado no acampamento. Muitos foram
mortos e muitos fugiram. Quando Górgias chegou ao local onde Judas ficava e não o
encontrou, ele retornou com seu exército e encontrou seu acampamento destruído, o que
causou espanto e fugiram para a terra dos filisteus, deixando em poder dos judeus um rico
espólio. Deus estava a favor dos judeus. No ano seguinte, Lísias em pessoa foi para lutar
contra Judas, levando sessenta mil homens de infantaria e cinco mil de cavalaria. Judas foi
à batalha reunindo apenas dez mil homens e ganhou sobre ele uma tremenda vitória. Com
isso, deu tempo para a reconstrução do Templo e destruição dos altares pagãos. Quando
Antíoco IV recebeu a notícia dos desastres dos seus generais, ele mesmo foi para guerrear
contra Judas mas antes de chegar à Cidade Santa, caiu do carro, quebrou o pescoço e
morreu no meio de sofrimentos e vergonha. Deus é maior!
Por morte de Antíoco IV, o Epifânio, subiu ao trono o Antíoco V, o Eupator (164-162
a.C.).
Esse, por temor dos judeus, enviou um exército de cem mil soldados de infantaria,
vinte mil de cavalaria, juntamente com trinta e dois elefantes. Judas até ofereceu
resistência mas teve que recuar para Jerusalém. Por provisão divina as condições da capital
Síria obrigaram o general Lísias a retirar-se dos arredores de Jerusalém e por isso fez um
tratado com os judeus de permitir Liberdade de Religião, contanto que reconhecessem a
soberania do Estado sírio.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Com a vitória da liberdade religiosa formou-se um partido político-religioso,


conhecido pelo nome de Hesideanos, considerados fundadores do partido farisaico dos
tempos de Jesus. O partido tinha o lema “aceitar a paz a qualquer preço” e isso fez com
que Judas perdesse muitos de seus fiéis guerreiros. O povo já estava cansado da guerra e
uma promessa de paz lhes veio a calhar. Mas ainda restou os fiéis que se dispuseram a
lutar pela liberdade da pátria. Com a notícia do exército de Judas não ter desistido da luta
pela independência judaica, os sírios enviaram a Nicanor que luta e é derrotado.
Depois, Nicanor recebe um outro exército e luta novamente, mas é morto. Com isso,
Judas vence a batalha e envia uma embaixada à Roma, pedindo auxílio. Antes de receber a
notícia o notável guerreiro Judas morre numa batalha.
Jonas, irmão de Judas, assumiu o comando do exército em condições bem precárias.
Ainda por cima, chegou a notícia de Roma de que não viria auxiliar. Jonas até ofereceu
resistência e com isso conseguiu dos sírios um acordo de paz onde Jonas seria chefe em
Micmás, ao norte da fronteira de Judá com a condição de ele não mais atacar os sírios
entricheirados. O acordo foi aceito e com o tempo Jonas virou chefe também da Judéia e
Samária. Depois Jonas até estende seu domínio para o norte, pelo poder da espada,
tomando Jope, Azoto, onde derrotou o exército sírio às portas da cidade. O famoso templo
de Dagom foi queimado e a cidade grandemente destruída.
Depois de Eupator, seguiu-se Demétrio II, o Soter, filho de Seleuco Filopator (162-150
a.C.).
Assim que Demétrio subiu ao poder Jonas correu para aliar-se a ele, tanto para
conseguir a paz como para satisfazer o seu ego. Com isso, Jonas organizou uma força
expedicionária para ajudar o novo monarca conta a Antioquia, que se rebelara contra a
Síria. Logo depois Alexandre Bala, um usurpador se dizendo ser filho de Antíoco Epifânio
(naquela época não tinha teste de DNA), assume o poder da Síria e Jonas se alia a ele. Até
os romanos reconheceram o seu governo (152-146 a.C.). Jonas conseguiu aumentar suas
fronteiras desde a escada de Tiro até a fronteira do Egito, incluindo a terra dos filisteus.
Alexandre Balas morreu e um general sírio colocou seu filho, Antíoco VII (146-140
a.C). Jonas foi atraído à cidade de Tolemais, por este mesmo general, que lhe deu a
entender que seria reforçada a aliança, mas Jonas foi preso e morto. Com a morte de
Jonas, Simão assume o controle e reforçou as fronteiras do Estado judaico, fortificou
diversos pontos estratégicos, tomou Gazara e destruiu os seus habitantes, transportando
para lá elementos judaicos. Ele capturou a cidade de Jerusalém e ficou sob o poder dos
judeus. Finalmente os judeus tiveram sua independência tão sonhada de Jerusalém.
Porém, ele apelou para Roma, pedindo auxílio, mas ainda dessa vez os romanos recusaram
a ajuda. Os sírios foram à luta contra Jerusalém mas os irmãos de Simão, Judas e João,
travaram a batalha e foram vencedores, pondo o exército sírio em fuga. Por causa deste

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prestígio elegeram Simão Sumo Sacerdote e general em chefe. Mas a cobiça de seu próprio
sobrinho matou a Simão na fortaleza de Dor, no vale do Jordão, ficando em seu lugar seu
filho João Hircano. Afinal, os judeus tinham conseguido estabelecer um reino
independente, que bem poderia ter sido de longa duração, se a cobiça e a falta de
dignidade não fossem qualidades da época.
Ao lado das lutas políticas, apareceu as lutas religiosas. Os saduceus eram ricos e
gananciosos e não se importavam quem estivesse no poder, contanto que eles tivessem a
sua parte. Os fariseus se diziam ser o partido do povo e eram os extremados campeões da
lei e do direito. Eles se tornaram intransigentes contra o derramamento de sangue e
reclamavam que um guerreiro como João Hircano conservasse o poder de Sumo
Sacerdote. Hircano, assim, procurou agradar os dos partidos; ora ficava a favor de um e ora
de outro. Mas isso só lhe deu um pouco de tempo.

7.5. O Reino de Judá

O filho de João Hircano, era um judeu helenisado e procurava uma harmonia entre a
filosofia grega e a religião de Israel. Ele era um rei cruel, matou sua própria mãe de fome
na prisão e matou o irmão, devorado por loucos ciúmes. Por morte de Aristóbulo subiu ao
trono de Judá seu irmão Alexandre Janeu, conhecido entre os judeus como o Traciano,
talvez devido ao seu espírito vagabundo e desgovernado.
Alexandre Janeu era tão cruel com os próprios judeus que eles chamaram o rei de
Damasco para se libertarem do desumano monstro. Depois, se arrependeram e foram
buscá-lo nas montanhas, para onde tinha fugido e o restauraram no trono. Em lugar de ser
grato pelo ato, mandou crucificar 800 fariseus, mas antes ainda mandou matar as suas
esposas e filhos. Depois de Alexandre Janeu, sucedeu sua esposa Alexandra.
Alexandra e Atália foram as únicas mulheres que se assentaram no trono de Judá. Ela
inverteu a política do marido, colocando os fariseus no poder, que aproveitaram o
momento para se vingarem dos saduceus. Os saduceus se uniram a Aristóbulo, o filho mais
novo de Alexandra e ao partido militar. Já os fariseus sustentavam a candidatura de
Hircano ao trono, o filho mais velho. Por morte de Alexandra, Hircano foi proclamado
sumo sacerdote, enquanto Aristóbulo II subia ao trono acalmando o ego dos dois, trazendo
paz ao reino.
Enquanto isso, um ambicioso estrangeiro, por nome Antípater, pai de Hedores, o
grande, foi o gênio do mal para o reino de Judá. Ele aconselhou Hircano a fugir para o reino
de Aratas, prometendo que tomaria Jerusalém e o colocaria no poder. Hircano,
ambiciosamente, fez como o esperto Antípater sugeriu. Antípater cercou Jerusalém e
Hircano refugiou-se no Templo, aguardando a possibilidade de escapar ou vencer. Com

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essa ameaça Aristóbulo II e Hircano pediram ajuda à Roma. Dessa vez Roma veio rápido
para “ajudá-los”. O General Pompeu, mau intencionado vai à Jerusalém. Destruiu boa
parte do muro e entrou no Templo, no Santo dos Santos, cometendo profanação grave aos
olhos dos judeus.
Pompeu condenou Aristóbulo II a fazer parte de seu grupo de cativos que seguiu a
sua carruagem triunfal quando entrou em Roma como vencedor e Hircano foi destituído
de todo poder real, sendo apenas confirmado no cargo de sumo sacerdote. A Galiléia, a
Judéia e a Iduméia foram anexadas ao Império Romano, mas governadas como
subprovinciais. Antípater torna-se Procurador Geral da Judéia.
Antípater tinha quatro filhos: Fasael, José, Ferobraz, Herodes e uma filha por nome
Salomé. Antípater proclamou Fasael para o trono da Judéia e Herodes para o governo da
Galiléia. Herodes tinha apenas 15 anos quando começou a reinar.
Em 44 a.C. morreram Antípater e Júlio César. Herodes foi nomeado Rei da Judéia e
conseguiu formar a sede do governo em Jerusalém, dando fim ao curto reinado dos
Asmoneanos, da linhagem real de Davi.
Em 31 a.C. Marco Antônio morre e Otávio assume o Império Romano. Herodes, o
grande, rendeu honras à Otávio e este entregou a ele as terras que eram de Marco
Antônio e Cleópatra. O seu reino passou a compreender, além de todas as regiões da
Palestina, Hermom e parte da Fenícia, Peréia ao leste, Traconites e Haurã, até o oriente do
Mar da Galiléia. Era um monarca poderoso, com suas ambições relativamente satisfeitas.
Depois de mandar matar sua esposa, a inocente Mariana, ficou doente físico e
mentalmente e, para aplacar tamanho remorso, entregou-se a grandes obras. Ele
reformou o Templo, o colocando todo de mármore, num estilo grego-romano, para
agradar aos seus amos romanos. Foi esse o templo que ainda estava por acabar quando
Jesus começou o seu ministério. A reforma iniciou-se em 17 a.C e findou-se em 65 a.D.,
cinco anos antes da destruição pelo General Tito. Foi esse templo que o Senhor Jesus disse
que não ficaria pedra sobre pedra.
Herodes, coberto de chagas e torturado por toda sorte de sofrimento, mandiu
encarcerar todos os membros do Sinédrio, para que fossem mortos ao ser declarado sua
morte, dizia ele, para não morrer sem ser chorado. No ano 5 a.C. nasce JESUS. No ano 4
a.C. Herodes sucumbia por terrores mentais e sofrimentos físicos. Pouco antes de morrer
ele foi visitado por três magos vindos do oriente para adorar um menino que havia nascido
rei dos judeus. Herodes pede aos magos para irem dizê-lo onde o menino estava, mas
avisados por Deus voltaram por outro caminho, o que produziu no louco Herodes uma
fúria tão grande que mandou matar todas as crianças de dois anos para baixo (Mateus
2:16).
Herodes morreu e assumiu ao trono o rei Herodes, o filho, aquele ao qual Jesus foi
levado para julgamento a mando de Pôncio Pilatos.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

AULA
08

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

8- OS JUDEUS NOS SÉCULOS I AO XX A.D.


Nos tempos contemporâneos, divulga-se a idéia de que o atual Estado de Israel foi
fundado apenas pelos judeus vindos de fora para “usurpar” terras árabes ou palestinas. O
que é um terrível engano do ponto de vista histórico.
Cumpre lembrar que a região chamada Palestina – nome dado pelos invasores
romanos – abrangia a Terra de Israel, e os palestinos eram, portanto, os judeus que
nasciam e moravam na região; 1700 anos mais tarde, vieram os muçulmanos, ou seja 700
anos após o nascimento de Jesus, que era judeu, e do advento do Cristianismo.
A cidade de Jerusalém nunca foi, durante todos esses séculos, a capital de outro povo
que não dos judeus, desde o reino de David, há 3 mil anos.
O século 1 d.C. foi dos últimos períodos, alternados, de autonomia judaica em um
país cada vez mais dominado por Roma. Lutas internas, resistência, injustiças e revoltas
sucederam-se até eclodir, em 66 d.C., a guerra que terminou em 70 d.C. com a destruição
do Segundo Templo, ordenada por Tito. O Templo fora construído em 536 a.C., e ampliado
por Herodes, (N.T.: rei da Judéia, primeiro a ser nomeado pelos romanos) em 20 d.C.
Houve uma grande revolta contra os romanos, que durou mais de quatro anos,
convulsionou todo o país e fez incontáveis vítimas.
Na Galiléia o comando estava a cargo de Joseph Ben Mattatia, mais tarde conhecido
pelo nome de Flávio Josefo. Devido ao avanço dos romanos, os defensores se retiraram
para a fortaleza de Iodfat, que foi conquistada depois de dois meses. Flávio Josefo
conseguiu se salvar e se aliou aos romanos, (N.T.: tornando-se o maior historiador da
época).
Na primavera do ano 70 d.C.; Tito chega aos muros de Jerusalém. A Cidade Alta e a
Montanha do Templo resistiram durante meses. Em 9 de Av – no mesmo dia em que
houvera a destruição babilônica – o Templo foi conquistado e incendiado. A Cidade Alta
resistiu ainda mais alguns meses e depois caiu em mãos dos romanos.
O último bastião da resistência foi a fortaleza de Massada, onde mil soldados com
suas famílias, sob a liderança do zelote Eleazar, sobreviveram por três anos, até que em 73
d.C. foi tomada pelos romanos. Os judeus preferiram o suícidio a caírem prisioneiros.
Durante o período do Segundo Templo, o Sinédrio era a autoridade judiciária do povo
judeu, e seu Conselho, composto de 71 membros, ficava em Jerusalém.
Depois da destruição do Segundo Templo, símbolo da independência da nação, as
instituições políticas, econômicas e espirituais da comunidade judaica continuaram a
existir.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

O Sinédrio transferiu-se de Jerusalém para Yavne e sua autoridade foi reconhecida


pelos romanos.
Yavne torna-se, então, o ponto de atração de todos os judeus da Diáspora, dispersos
pela Mesopotâmia, Cirenaica, pelo Egito, Chipre e Ásia Menor até quando, sob o
imperador Trajano, (98-117d.C), muitas comunidades do Levante (países do Mediterrâneo
oriental) e da África, que se sublevaram ao mesmo tempo, foram ferozmente destruídas.
Sob a dominação grega e romana foram feitas tentativas de impor aos judeus outras
religiões e costumes, como o culto a César (N.T.: imperador de Roma).
Nesse esforço para helenizar o país, os ocupantes – durante o reinado de Adriano
(117-138) (N.T.: que decidira construir um santuário para Júpiter nas ruínas do Templo) –
provocaram a desesperada e heróica revolta de Bar Kochba (132-135), que foi inicialmente
bem-sucedida, com a conquista de Jerusalém e uma tentativa de reconstrução do Templo.
Depois de três anos, a revolta foi sufocada com sangue, o arado foi passado sobre
tudo o que restava de Jerusalém, e se formou uma nova cidade, chamada “Aelia
Capitolina”. Nela os judeus tinham direito de entrar somente uma vez por ano no lugar
onde antes se erguia o Templo.
A Mishná foi escrita nesse século. A forma definitiva dessa coletânea das antigas
tradições e costumes judaicos ficou a cargo do Rabbi Jehuda Ha-Nassi.
A função do Nassi (N.T.: título dado aos herdeiros diretos do Rei David e
descendentes do Rei Iehoiahim, de Judá, levado como prisioneiro para a Babilônia) na
condução da população judaica começou após a destruição do Templo e se manteve até
429, ano em que o imperador Teodósio priva os judeus de qualquer autoridade, de
recolher impostos e possuir grandes propriedades de terras.
O Nassi (príncipe) era o chefe do Sinédrio, órgão judiciário supremo, e exercia uma
dupla função, que cobria tanto os assuntos espirituais quanto laicos da vida do povo.
Seja na Terra Santa seja no exílio, os judeus mantiveram os Nassi como seus chefes
naturais. Sua influência era tão grande que os próprios romanos conheciam e reconheciam
sua autoridade.
Depois da revolta de Bar Kochba, o centro espiritual se transferiu de Yavne para
Usha, Beit-Shearim e Seffori (Sepphoris, Zppori, hoje Tzipori), na Galiléia, onde havia uma
importante comunidade judaica. Na metade do século III, o centro se transferiu, mais uma
vez, para Tiberíades (Tibérias).
Naquela época a força de Roma estava temporariamente enfraquecida devido ao
conflito com a Pérsia e Palmira, que foi solucionado somente dois séculos mais tarde. É um
período intenso e próspero para os judeus da Galiléia, onde numerosas sinagogas foram

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

construídas, com arquitetura de alto nível artístico. Os judeus formavam um grupo


compacto que tinha em alta conta a sua própria cultura, desenvolvera um sistema
educacional de altíssimo nível e conservara pelo menos a sua autonomia jurídica.
O historiador Eusébio, bispo de Cesaréia, deixou observações detalhadas sobre a
comunidade judaica da época. Sobre Lidda escreveu: “Na Terra Santa há uma grande
cidade habitada somente pelos judeus, chamada Lod, em ara-maico, e Diacaesarea, em
grego”.
No ano 351 houve uma revolta local, reprimida com rigor, e barba-ramente, pelo
general Gallus, ocasião em que os famosos centros de ensino de Seffori e Lidda foram
destruídos.
Houve um último raio de sol: Juliano, o Apóstata (362-363), em sua reação contra o
cristianismo, demons-trou benevolência em relação aos judeus e anunciou a intenção de
reconstruir o Templo de Jerusalém, assim que retornasse de uma campanha contra os
persas, da qual, porém, nunca voltou.
A partir de então as condições pioraram cada vez mais rapidamente. No ano 380,
Teodósio proclamou o cristianismo como religião do Estado; em 395, o Império Romano
divide-se e a Judéia torna-se parte do Império do Oriente.
Em 399, o imperador Honório, com receio de que o ouro saísse de suas possessões
para entrar nas terras do imperador rival, do Oriente, proíbe o recolhimento, na Itália, da
taxa voluntária que cada judeu enviava anualmente para o Sinédrio. Esse duro golpe
também foi vivamente sentido pela pequena corte de Tiberíades.
A Palestina torna-se cada vez mais um local de peregrinação de monges, que
empreendem nessa região uma intensa ação missionária.
O incêndio de sinagogas passa a ser um fato corriqueiro.
O imperador Teodósio II (408-450) submete-se inteiramente aos pedidos da Igreja: os
judeus são privados de sua relativa autonomia e do direito de ocuparem cargos públicos;
surge a proibição de construir novas sinagogas.
Enfim, no ano 425, o imperador abole o Grande Sinédrio e leva os impostos
recolhidos para o seu próprio tesouro. Desaparece, assim, o último vestígio de
independência judaica.
Os cristãos passam a ser maioria na região e os judeus são proibidos de morar em
Jerusalém, onde podiam entrar somente um dia por ano, como acontecera logo depois do
ano 70 d.C., para chorar pela destruição do Templo.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Até o final desse século, talvez em decorrência do controle não muito rígido das leis,
é retomada a construção de sinagogas em Tiberíades, Beit Shean, Nirim e da belíssima
Sinagoga de Beit Alfa.
A atividade literária dos judeus nunca diminuiu.
Nesse século, o Talmud Palestinense foi completado e muitas obras escritas ou
terminadas, entre elas o Midrash Rabbá e o Midrash Tanhumá – coletânea de homilias
sobre ensinamentos acerca do Shabat, extraídos do Pentateuco.
Tiberíades torna-se o principal centro de estudo e da vida espiritual da região. A
personalidade que mais se destacava era Zeutta, que fugira para a Terra de Israel vindo da
Pérsia. Seu pai, que também se chamava Zeutta, tinha, aproveitando a situação política,
conseguido proclamar na Babilônia um Estado judaico independente, que durou sete anos
(495-502). Depois foi crucificado por ordem de Karad, rei da Pérsia.
Nesse século, muitos cristãos e entre estes, pessoas extremamente ricas e influentes,
foram para a Palestina; a situação econômica do país melhorou de modo geral, como
demonstra a ampliação e a construção de muitas sinagogas bonitas. (Beit Alfa, Havat,
Jericó, Ashkelon, Gaza, etc.). Também no Negev foram fundados diversos centros em áreas
até aquele momento desabitadas
Justiniano, que reinou de 527 a 565, fortificou as fronteiras, proveu as cidades de
água e construiu igrejas magníficas. Mas, por outro lado, seu reinado assinalou o início de
duras normas legislativas contra os judeus, que – com as modificações introduzidas por ele
no Codex Theodosianus – perderam os poucos direitos que tinham até então.
Em seu famoso código, mais tarde base da jurisprudência européia, Justiniano
incorporou todas as concessões e ordens que prevaleciam naquela época. É assim que elas
figurariam implicitamente na bagagem jurídica do mundo medieval que estava surgindo.
No ano 603 os persas atacaram novamente o Império Bizantino e em 614 chegaram a
Israel. Foram recebidos pelos judeus como salvadores, pois tinham conseguido manter sua
independência contra Roma e contra Bizâncio. Assim, eles ajudaram na conquista de Akko
e de Jerusalém, onde puderam voltar a morar, durante três anos.
Em 617, para obter apoio decisivo dos cristãos, os persas retiram a permissão,
suscitando forte reação dos judeus, que passaram a ser perseguidos, de tal forma que
acolheram com alívio o retorno do imperador de Bizâncio, Heraclius, em 629.
No começo, Heraclius assinou um pacto de proteção com os judeus, que pouco a
pouco romperia, devido às pressões da Igreja. Os judeus foram expulsos de Jerusalém, e
muitos processados ou mortos. A conquista da região pelos árabes e de Jerusalém, cerca
de dez anos mais tarde, pelo califa Omar, trouxe, portanto, alívio aos judeus.

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Os primeiros califas, seguindo até as últimas conseqüências o caminho de Maomé,


haviam subjugado de maneira impiedosa os judeus que viviam na Arábia. As florescentes e
importantes comunidades judaicas, bem como as tribos judaicas inde-pendentes foram
expulsas, exterminadas ou obrigadas a abraçar o islamismo.
Mas os árabes desde que começaram a surpreendente série de conquistas que, em
pouco tempo, iria levá-los a ocupar quase a metade do mundo conhecido na época,
perceberam que, para não despovoar as novas possessões, deveriam neces-sariamente ser
mais tolerantes com os seguidores de outras religiões.
Os judeus da Terra de Israel foram submetidos a muitas medidas vexatórias e a várias
restrições, como as de não poder ocupar cargos públicos, portar armas, andar a cavalo,
mas sua existência era, de resto, tolerada e tinham liberdade de culto. Com o tempo, as
limitações tenderam a cair em desuso, mas de vez em quando reapareciam com
desconcertante presteza. Assim, a tolerância, que em geral o Islã mostrava, ficaria como
um dos fatores mais importantes na história judaica por muitos séculos vindouros.
Uma carta do século VII, encontrada no século XIX, mostra que setenta famílias de
Tiberíades obtiveram permissão para se estabelecer em Jerusalém e que os judeus foram
nomeados guardiões do Monte do Templo devido à ajuda fornecida à armada dos
conquistadores.
Também em Hebron, os judeus, em reconhecimento ao auxílio que haviam dado,
tiveram permissão para construir uma sinagoga em frente à Gruta de Mahpelah – onde,
segundo as tradições judaica e muçulmana, estão enterrados os Patriarcas e suas esposas.
Outras comunidades judaicas viviam no sul do país. Em Eilat, o Califa assinou um tratado
com os judeus a exemplo do que fizera com outros grupos não-muçulmanos.
O período dos omíadas (a primeira dinastia de califas árabes) foi, como já dissemos,
uma época de paz para os judeus da Terra de Israel. As condições dos judeus nos outros
países árabes, no entanto, não melhoraram realmente. Expulsos de Khaibar e de Fadak,
foram enviados em direção à Terra de Israel e se estabeleceram nas duas margens do rio
Jordão e em Jericó.
O primeiro califado dos omíadas (661-750), cujo centro era Damasco, foi seguido pelo
dos abássidas (750-1258), que fizeram de Bagdá a sua capital.
A Yeshivá (N.T.: escola talmúdica), ponto central da comunidade judaica da Terra de
Israel, em seguida ao terremoto de 748 na Galiléia, transferiu-se de Tiberíades para
Jerusalém; Michel, o Sírio, em suas crônicas, fala de trinta sinagogas destruídas.
A comunidade de Jerusalém continuava a florescer. Em troca de seu encargo de
guardiões do Muro e da Cúpula da Rocha (Mesquita de Omar), os judeus foram isentos do
pagamento de impostos pessoais. Há também teste-munhos de que a principal ocupação

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dos judeus fosse então o tingimento de tecidos, a fabricação de vidros e de pavios para
lâmpadas a óleo.
No final do século, sob o domínio dos abássidas, as relações com os não-muçulmanos
(fossem judeus ou cristãos) se deterioraram, sendo, inclusive, obri-gados a usar um sinal
especial.
Discriminações sociais e econômicas fizeram com que muitos judeus deixassem a
Terra de Israel indo para Fustat (Cairo antigo), onde fundaram uma nova comunidade.
Os abássidas, que reinaram em Bagdá até 1258, preocupados em reforçar suas
posições no Iraque, descuidaram das províncias ocidentais.
Aproveitando da fraqueza do governo, tribos de beduínos começaram a entrar na
Palestina para ocupar as terras cultivadas. A população foge dos pequenos centros, que
foram rapida-mente ocupados pelos beduínos, para procurar refúgio nas cidades.
Esse século vê também o início do estabelecimento dos caraítas, que deixa-ram o
Iraque e a Pérsia e se instalaram em Jerusalém.
Os caraítas eram membros de uma seita formada no século VIII que rejeitava o
hebraísmo rabínico e aceitava somente as Sagradas Escrituras.
A luta dos judeus da Terra Santa para se libertar da tutela espiritual e cultural da
Babilônia se expressou por meio do debate acerca do direito de estabelecer as datas das
festividades. Esse direito foi reivindicado pelo chefe da Yeshivá mais importante do país, e
a comunidade da Babilônia acabou por reconhecer a jurisdição, nesse assunto, dos judeus
que viviam naquela região.
De uma carta enviada pelo caraíta Sahk Ben Mazliach para a comunidade caraíta do
Cairo, no final do séc. X: “Jerusalém é um santuário para os que buscam refúgio e dá alento
aqueles que se lamentam e conforto aos pobres e necessitados. E todos os servos de Deus
vêm aqui de várias cidades e entre eles mulheres que choram e se lamentam na língua
santa e na língua persa e na língua de Ismael. E todos sobem o Monte das Oliveiras, todos
os que têm o coração pesado e dolorido.”
Em 969 os fatímidas, guerreiros árabes, conquistaram o poder no Egito. Ocuparam
também a Terra de Israel e reinaram até a Primeira Cruzada, em 1099.
Numerosos conselheiros de origem judaica serviram na corte, instalada no Cairo, a
capital. Na Palestina, os pesados impostos para os não-maometanos obrigaram os judeus a
trocar suas comunidades rurais pelas cidades maiores, onde, no entanto, sua situação
melhorou muito pouco. Havia também comunidades no sul.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

O historiador Yahya ibn Said Atantaki fala sobre uma comunidade judaica em
Ashkelon, enquanto o geógrafo árabe Muqaddasi menciona a existência de comunidades
em Gush-Halav, Akko e sobre o lago de Hule.
Em Tiberíades, prosseguiam o estudo e a interpretação das Sagradas Escrituras. Há
documentos que provam que diversas gerações da família Ben Asher viveram ali. O mais
famoso foi Aharon Ben Moshé Ben Asher, autor do texto massorético “Dikdukei
Hateamin”.
A Massorá, exame minucioso e completo das Sagradas Escrituras na época talmúdica,
para evitar incorreções, foi uma das realizações culturais mais importantes desse século
por sua profunda influência sobre a cultura e o pensamento judaico posterior.
No início do século, reinou o Califa Al-Kakim, da dinastia dos fatímidas. Era um
fanático que destruiu sinagogas e igrejas. A comunidade judaica, expulsa por ele de
Jerusalém, transferiu-se para Ramle. Nesse período, numerosos imi-grantes chegaram à
Palestina provenientes do Iraque e se estabeleceram em Tiberíades e Ramle, onde, devido
à passagem das caravanas, o comércio florescia.
Em 1071, os seldjúcidas – um povo turco que havia estabelecido um império no
Iraque e na Pérsia – entraram na Palestina e colocaram um fim ao domínio árabe na Terra
de Israel. Em 1099, o país sofreria uma outra invasão, a dos cruzados. Essas hordas dos
assim chamados libertadores, deixaram um rastro de perseguições e massacres, através da
longa viagem da Europa à Palestina.
Uma vez tendo alcançado a Terra de Israel, eles destruíram as comunidades de
Hebron e de Haifa e, conquistando Jeru-salém depois de dois meses de cerco,
massacraram ou escravizaram tanto os muçulmanos quanto os judeus. Muitos destes
prisioneiros, que acabaram como escravos na Europa, foram depois resga-tados pela
comunidade judaica.
Algumas crônicas relatam atos de heroísmo realizados pelos judeus de Haifa contra
os cruzados. O conhecido historiador das primeiras Cruzadas, Al-berto de Aache, em seu
“Livro de Via-gem”, escreveu: “E a cidade de Haifa... foi corajosamente defendida pelos
judeus contra os cruzados, apesar de todas as dificuldades”.
As comunidades mais distantes do palco da guerra, como aquelas da costa
meridional, Rafah, Gaza e Ashkelon e as do Sinai setentrional floresceram e mantiveram
relações culturais e comerciais com o Egito.
O domínio dos cruzados pode ser dividido em dois períodos: o primeiro foi aquele da
conquista militar, da destruição de cidades e aldeias e do massacre de comunidades
inteiras. Os judeus sobreviventes buscaram refúgio na cidade fortificada de Ashkelon, em
Rafah e El Arish, e nas regiões mais remotas do norte da Galiléia.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

No segundo, os cruzados, mais interessados em possuir cidades habitadas do que


ruínas, asseguravam-se de seu domínio com acordos e tratados com as comunidades não-
cristãs, incluindo os judeus, mas somente esses últimos eram proibidos de viver em
Jerusalém.
Por outro lado, os cruzados abriram uma nova rota comercial e de passagem para
viajantes durante o Levante. Milhares e milhares de peregrinos chegavam a cada ano em
Jerusalém. Muitos permaneciam nela; assim, a cidade prosperava e crescia.
Muitos foram os viajantes e entre eles diversos judeus, dos quais o mais conhe-cido é
Benjamim de Tudela, que visitou a Terra de Israel entre os anos de 1167 e 1173.
Apesar da proibição dos cruzados, Benjamim de Tudela viu judeus que moravam
próximo da Torre de David e comunidades em Akko, Tiberíades, Cesaréia, Jaffa, Ramle,
Ashkelon, como também várias comunidades rurais na Galiléia. Em Ashkelon _ que caíra,
nas mãos dos Cruzados em 1153 _, ele encon-trou duzentos rabbanim, quarenta caraítas e
trinta samaritanos. Mas de todo modo seu número era extremamente exíguo, não havia
em todo o país mais de 2,5 mil judeus.
Em 1165, Maimônides (Rambam), o grande médico, jurista, filósofo e talmu-dista,
emigrou da Espanha para a Pales-tina, com sua família, estabelecendo-se em Akko. Em
seguida, devido à invasão dos cruzados, foi para o Egito, onde escreveu a maior parte de
suas obras mais importantes e se tornou, poste-riormente, médico da corte de Saladino.
Depois de sua morte, de acordo com o desejo expresso por ele, foi sepultado em
Tiberíades. De lá para cá seu túmulo passou a ser um centro de peregrinação para os
judeus.
Jerusalém, desde o momento de sua conquista, em 1099, foi objeto de rivalidade
entre príncipes e cavaleiros, nem sempre interessados ou inspirados naqueles ideais que
formalmente haviam dado origem às Cruzadas.
De estirpe curda, da dinastia adjubita, Saladino aproveitou-se desse estado de coisas
e, em 1191, recon-quistou a cidade.
O Islã torna-se novamente uma força dominante no país e os judeus recuperaram
uma certa liberdade. Seu número em Jerusalém aumenta con-sideravelmente e muitos
chegam de comunidades judaicas da Inglaterra, França e do Norte da África.
Em 1211, trezentos rabinos chega-ram da França e da Inglaterra com suas famílias.
Também sob o domínio dos mamelucos – uma milícia de origem turca que subiu ao
poder no Egito, na Síria na Palestina, em 1250 – os judeus puderam manter a sua
comunidade.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Muitos daqueles que se estabe-leceram na região nesse século, especial-mente os


expulsos da França, eram pessoas de cultura elevada. Alguns se fixaram em Jerusalém,
outros em Akko, Cesaréia e Tiro. Mais tarde, foram forçados a entrar para o interior,
devido à política dos mamelucos de destruir as cidades costeiras para prevenir uma
invasão dos cruzados.
A comunidade mais importante era a de Akko, onde o Rav Yehiel, de Paris, fundou em
1257 uma importante Yeshivá.
O famoso comentarista bíblico Nahmânides “Ramban” chegou à região em 1267,
proveniente também da Espanha. Antes de se estabelecer em Akko, permaneceu por um
certo tempo em Jerusalém.
As comunidades da Galiléia conti-nuavam a manter as suas tradições.
Rav Yechiel descreveu a forma como se dava a peregrinação de Safed até Meron, no
túmulo de Rav Shimou Bar Yochai, um dos mestres do século II, discípulo de Rabbi Akiva:
“Os israelitas e os árabes reuniram-se no dia da festividade de Pessach Shení (14 de Iyar)
para rezar e cantar... freqüentemente não há água e, enquanto rezam, a água jorra
imediatamente”.
Autores árabes da época, como Dimashki, também falam dos hábitos daqueles que
faziam a peregrinação a Meron. Em seu livro, “Conhecimento das maravilhas da terra e do
mar”, ele escreve: “Em Meron há uma gruta com fontes secas durante todo o ano. Num
determinado dia do ano, judeus das redondezas e também das aldeias mais distantes vêm
aqui, entram e param na gruta. Dali a pouco, durante um par de horas, a água começa a
jorrar em abundância. Pegam-na e a levam para muitos lugares, inclusive para além-mar e
chamam-na de ‘Água de Meron’.”.
Embora os mamelucos – que conservaram o poder até 1517 – não perseguissem os
judeus e não colocassem obstáculos ao estabelecimento de novos centros judaicos, a vida
para os habitantes do país era miserável, além de ser agravada por desastres naturais
como terremotos, estiagens, e suas consequências, como epidemias e a carestia.
Em seu livro “Liber Peregrinationis”, Giacomo de Verona, um monge que visitou a
região em 1335, afirma que existia uma comunidade consolidada, vivendo há bastante
tempo ao pé do Monte Sinai. Ele, referindo-se à ajuda que recebera dos judeus em sua
viagem pelo país, escreveu: “Um peregrino que deseja visitar os antigos fortes e cidades da
Terra Santa deve procurar um bom guia. Os judeus têm a capacidade de relembrar a
história desses lugares dado que esse conhecimento é transmitido de geração em geração
pelos mais sábios entre eles. Assim eu pedi e obtive muitas vezes um excelente guia entre
os judeus que lá vivem.”

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Outros peregrinos da época, como Ogier d’Anglure, ou o florentino Giordio Gucci,


citaram várias comunidades judai-cas que haviam visitado.
Nesse século, os judeus começam a se deslocar dos vilarejos da Galiléia para o centro
urbano de Safed. Há documentos da época que relatam as reclamações dos muçulmanos
por causa das inúmeras casas que foram construídas pelos judeus na cidade.
A imigração proveniente dos países europeus continua, até aumenta, mas os judeus
encontram grandes dificuldades para se estabelecer em Jerusalém.
Algumas décadas antes, os frades franciscanos haviam fundado um monastério sobre
o Monte Sion e desde então a posse daquela área tornara-se objeto de contestação.
Em 1428, quando os judeus procuram adquirir algumas casas sobre o Monte Sion, os
monges apelam ao Papa, que solicita às Repúblicas Marítimas para não acolher mais, a
bordo de seus navios, judeus que desejassem voltar para a Terra Santa.
Por outro lado, os mamelucos impõem pesados impostos sobre os judeus que viviam
em Jerusalém, e, como a maior parte era de pobres artesãos ou de pequenos
comerciantes, muitos foram obrigados a abandonar a cidade.
Em 1438 um rabino italiano, Elia da Ferrara, passou a residir em Jerusalém e se
tornou o chefe espiritual da comunidade. Na época, viviam na cidade cerca de cento e
cinqüenta famílias de judeus.
Até o final do século o governo irá abolir os pesados impostos, e os navios das
Repúblicas Marítimas a acolher novamente os judeus. Segundo um discípulo do Rav
Ovadia, mais de trezentas famílias vivem nessa época em Jerusalém.
Meshoullam da Volterra, que visitou a Terra de Israel em 1481, refere-se a judeus
proprietários de casas e de terras em Gaza, Hebron e em Jerusalém.
Martin Kabtanik, um peregrino da Boêmia, comenta em seu livro, “Viagem a
Jerusalém”: “Os cristãos e os judeus vivem, em Jerusalém, em grande pobreza e usam
vestimentas de mendigos. Não há muitos cristãos, mas há muitos judeus, os quais são
perseguidos pelos muçulmanos de várias formas. Estes últimos sabem que os judeus
pensam e dizem que esta é a Terra Santa que lhes fora prometida, e que os judeus que
aqui vivem são considerados santos pelos dos outros países porque, não obstante todas as
misérias que lhes são infligidas, se recusam a deixar a Terra”.
Em 1517, o país foi conquistado pelos turcos otomanos, cujo regime duraria
exatamente quatrocentos anos. No começo parecia que um certo renascimento seria
tolerado, quase incentivado pelo governo. Havia então quatro centros judaicos
importantes na Terra de Israel: Jerusalém, Safed, Tiberíades e Hebron.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

De acordo com os recenseamentos da primeira metade do século moravam em


Jerusalém entre mil e 1,5 mil judeus. Foi o sultão Solimão, em 1537, que reconstruiu os
muros das cidades, assim como se vê hoje.
A maior comunidade, com quinze mil judeus, encontrava-se em Safed e redondezas.
Muitos eram os refugiados expulsos da Espanha em 1492. A maior parte comercializava
especiarias, óleo, queijo e frutas, e diversos eram tecelões.
Mas havia também um grande número de judeus que, uma vez chegados à região,
consideravam quase um pecado se ocuparem de outra coisa que não fosse o estudo da
Torá. Confiavam, portanto, as suas necessi-dades materiais às comunidades judaicas da
Diáspora que, ao ajudá-los, poderiam, assim, tornarem-se meritórias.
Todos os anos, os assim chamados “Enviados do Misericordioso” eram mandados aos
quatro cantos da Terra para recolher fundos para as “Quatro Cidades Santas” da Palestina
e que, durante séculos, constituíram um importante elemento da vida do povo judeu.
Enquanto difundiam as novas correntes do pensamento judaico nas comunidades mais
distantes – da Índia ao Novo Mundo –, vivificavam a lembrança da Terra Santa e
mantinham contatos pessoais.
De Safed, Rav Josef Caro, o autor do “Shulchan Arukh“, naquele período bastante
próspero, chegou a escrever assim: ”Depois de cerca de 1500 anos de exílio e de
perseguições, o Eterno se lembrou do pacto da Aliança com os Patriarcas do nosso Povo e
reconduziu os judeus da escravidão, de todos os cantos da Terra, ao país da glória: eles se
estabeleceram na cidade de Safed”.
Safed foi o centro do misticismo judaico e ali viveu inclusive o famoso cabalista Isaac
Luria.
Não pode ser esquecida, nesse século, a grande empreitada idealizada por Josef Nasi,
duque de Naxos, que – nascido em Portugal – assumiu impor-tantes funções na corte do
sultão Solimão. Ele apresentou ao sultão um projeto com o objetivo de dar guarida aos
muitos judeus que viviam como marranos, sob o contínuo perigo da Inquisição. Obteve do
sultão a completa jurisdição sobre a região de Tiberíades, onde introduziu o cultivo do
bicho-da-seda para dar trabalho aos imigrantes. Organiza também uma frota de navios
para o transporte dos refugiados a partir dos portos italianos. Infelizmente, a guerra que
irrompeu entre Veneza e a Turquia fez com que o projeto falisse.
Assim, a situação era tal que Pierre Belon, um médico francês, que visitou a Galiléia
em 1547, escreveu: “Se olharmos em torno do Lago de Tiberíades veremos as aldeias de
Beit Saída e Korazim. Hoje os judeus vivem nestas aldeias e reconstruíram todas as
localidades em volta do lago, iniciaram um comércio de peixes e devolveram a fertilidade à
terra que estava abandonada.”

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Ainda nos últimos anos do século, um padre inglês que visitou a Palestina escreveu
em seu diário de viagens: ”Tiberíades, a cidade que Solimão deu a Graziola (Dona Gracia,
sogra de Josef Nasi), uma grande dama judia, é totalmente habitada por judeus.”
Nesse século, o domínio turco, confiado praticamente à vontade despótica de seus
funcionários é, como os anteriores, danoso para a Palestina, espoliada e oprimida por
impostos e contribuições de todo o tipo e deixada fenecer na mais preocupante ruína.
Moradias, centros agrícolas, centrais para o fornecimento hídrico, bosques, tudo
aquilo que aqui e ali tendia de tempos em tempos a ressurgir ca-minhava, ao contrário,
inexoravelmente e pouco a pouco para a mais completa destruição. A isso se juntaram
desastres naturais, como secas e epidemias, que dizimaram a população.
Um escritor cristão, Eugene Roger, relata que lá pelos idos de 1630 havia em todo o
país somente cerca de quinze mil judeus. Muitos deixavam agora a Galiléia para se
estabelecer em Jerusalém, onde os judeus ganhavam a vida como vendedores ambulantes,
alfaiates e sapateiros.
Em 1700, um influente hassid, Judah o Piedoso, chegou da Polônia com um grupo de
discípulos e suas famílias. Quando pouco depois ele veio a falecer, a comunidade de
Jerusalém ficou novamente sem um guia espiritual.
Tiberíades também é abandonada em 1670, devido à brutalidade dos turcos.
Numerosos são os testemunhos dos viajantes da época sobre as duras condições de
vida dos judeus. Como o de George Dandys, filho do arcebispo de York, que assim
escreveu: “Na sua terra os judeus vivem como estrangeiros, odiados pelos outros que ali
também residem, expostos a todas as opressões e privações, que suportam com uma
paciência inacreditável.”
E Ignazio von Rheifender, um monge franciscano da Alemanha, que em 1656 notara a
presença de judeus nessa região: “Também em Jerusalém vivem muitos judeus que vieram
de todas as partes do mundo para esperar a vinda do Messias...”
A mais famosa aspiração à redenção messiânica é expressa pelo movimento guiado
por Shabbatai Zvi, em 1660. Os seus seguidores se desiludiram, quando, para fugir da
morte, ele se converteu ao islamismo.
Continua o processo de decadência econômica e cultural do Império Otomano e das
suas províncias, mas a imigração para a Terra Santa não pára, ao contrário, apesar de a
vida ficar cada vez mais difícil, as comunidades judaicas começam a se organizar sozinhas.
Dois eventos merecem ser lembrados – no contexto da renovação da Galiléia – no
decorrer da primeira metade desse século: a fundação da nova vila agrícola de Kfar Yassif,
onde os judeus começam a trabalhar a terra, e o convite do Xeque Dahir Al-Umar a Rav

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Haim Abulafia, nascido em Hebron e nomeado, depois, rabino em Smirna, para vir a
Tiberíades: ”para tomar posse da terra que foi dos vossos Patriacas”. Rav Abulafia se
estabeleceu em Tiberíades e assim começou uma nova fase de vida para essa comunidade.
Frederik Hasselquist, um médico sueco, que visitou o país em 1751, estimou que
cerca de quatro mil judeus haviam emigrado para Israel somente naquele ano.
Em 1777, mais quatrocentos judeus vieram a se estabelecer em Safed, e as sinagogas,
que eram em número de sete, passaram para trinta.
A rápida e veloz incursão de Napoleão, em 1799, não mudou substancialmente as
coisas, mesmo tendo, no decorrer dessa breve aventura, dirigido um convite aberto aos
judeus da Ásia e da África, exortando-os a retornar à Terra de Israel e a reconstruir o
Estado e a antiga Jerusalém.
Com o crescente empobrecimento do Império Otomano, o fardo dos impostos se
torna cada vez mais pesado. O exército turco tem de rechaçar continuamente os ataques
das tribos beduínas, obrigando os habitantes das vilas a se refugiar nas cidades e tudo isso,
somado a vários desastres naturais, conduz a um decréscimo da população.
Calcula-se que durante a primeira metade do século em toda a Terra de Israel não
vivessem mais do que duzentas e cinquenta mil pessoas. William Turner, diplomata e
escritor inglês que visitou a Palestina em 1815, observou: ”A população de Akko é de cerca
de sete mil pessoas, das quais um terço são de turcos, cerca de quinhentos são católicos
maronitas e judeus, e o restante, Gregos.”
Mais tarde, relata: ”somente no ano passado, entre os judeus que para aqui vieram
provenientes da Espanha, morreram três mil devido à peste”. Em Safed há entre mil e 1,5
mil casas das quais trezentas e cinquenta são habitadas por judeus e o restante, pelos
turcos”.
“Em Tiberíades vivem cerca de quatro mil pessoas, das quais mais de 2,5 mil são
judeus.”
De acordo com outras estimativas da época, havia entre cinco mil e sete mil judeus
em Jerusalém, duzentos em Nablus e em Haifa, dois mil em Akko e cerca de quinhentos
nas diversas aldeias da Galiléia.
Felix Bovet, um teólogo protestante que visitou a Terra de Israel em 1858, escreveu:
“Os cristãos que conquistaram a Terra Santa não souberam mantê-la, e, para eles, o local
não teria sido mais do que um campo de batalha e um cemitério. Os sarracenos, que a
tomaram deles, por sua vez a perderam para os otomanos, que até agora detêm o poder.
Estes fizeram da terra um deserto, que não se pode percorrer sem medo. Também os
árabes que permaneceram mais tempo por aqui não podem ser considerados mais do que
acampados. Armam tendas onde há pastos e encontram refúgio nas ruínas das cidades. O

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

espírito do deserto que os trouxe aqui, do mesmo modo os levará embora, sem que
permaneça o menor traço de sua passagem. Deus, que deu a Terra Santa assim a tantos
povos, não permitiu que nenhum deles se estabelecesse e criasse raízes. Sem dúvida,
preservou-a para o Povo de Israel.”
A partir da segunda metade de 1800 abre-se uma nova era na vida da Terra de Israel.
A crescente segurança no Oriente Médio e, sobretudo, o benévolo interesse demonstrado
pelas potências européias acerca das populações na Palestina, tornaram possível o
desenvolvimento de uma colonização mais sistemática e mais independente.
Filantropos, como o inglês Sir Moses Montefiore e o sul-americano Judah Tauro,
elaboraram planos para atrair a população judaica pobre de Jerusalém e das outras
cidades por meio do trabalho produtivo da terra.
A “Aliance Israelite Universelle” abriu a escola agrícola de Mikvé Israel próximo a
Jaffa, da qual se seguiu, quase que imediatamente, a fundação da aldeia de Motza, vizinha
a Jerusalém, e depois, em 1878, de Petah Tikva.
Os pogroms de 1880 na Rússia trouxeram uma nova onda de imigração.
Pouco a pouco, começaram a surgir em toda a região colônias agrícolas e, com
trabalho árduo e grandes sacrifícios, se começou a trabalhar a terra, desolada e
abandonada por séculos.
Alguns rabinos, de indiscutível ortodoxia, começaram a ensinar que a libertação
messiânica não seria o prelúdio, mas a conseqüência de um renascimento na Palestina
judaica.
No final do século, Theodor Herzl, em seu livro “O Estado Judeu”, assim escreveu:
“Ninguém é bastante forte ou rico para transplantar um povo de uma moradia para outra.
Isso pode ser feito apenas por uma idéia. A idéia do Estado judaico possui bem essa força.
Durante toda a noite da sua história, os judeus nunca pararam de sonhar com este sonho
real. ‘No próximo ano em Jeru-salém’. É a palavra mais antiga. Agora é o caso de mostrar
que do sonho pode nascer um pensamento claro como o dia.”
Assim nasce o sionismo, para assegurar ao povo judeu um lar na Palestina, garantido
pelo direito público.
Como escreveu Dante Lattes, “A história do Ressurgimento Judaico, que assumiu no
fim do século XIX o nome de sionismo, deve-se limitar à época na qual o movimento de
Retorno à Terra de Israel assumiu formas concretas, organizado de modo político e
colonizador; senão seria preciso mencionar todos os muitos retornos esporádicos dos
pequenos núcleos, que aconteceram século a século na história de Israel e dos quais se
encontram exemplos e traços nos estratos que formam a população judaica da Terra de
Israel. Um legado contínuo que uniu o povo a terra”.

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78
HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Vimos como, durante vinte séculos a ligação que o povo judeu manteve com a Terra
de Israel, nunca foi estática e mesmo se a chama da vida nacional judaica tenha se tornado
tênue, esta nunca se apagou em torno das quatro cidades santas: Jerusalém, Safed,
Tiberíades e Hebron.
Vimos como, a partir do século XIX, com o aumento da imigração, o início do cultivo
da terra e o surgimento do sionismo, começou uma nova era na Terra de Israel. Em 1905
teve início a “Segunda Aliá”, uma imigração motivada ideologicamente, fundamentada
sobre os princípios do trabalho judaico, de colônias agrícolas independentes, de
fraternidade e igualdade entre os homens. É então que surge a forma pioneira de aldeias
que hoje são bem conhecidas: o kibutz (coletiva) e o moshav (cooperativa). O idioma
hebraico, há muito relegado ao uso litúrgico ou literário, renasce como uma língua viva.
A Organização Sionista Mundial começa a criar os instrumentos necessários ao
renascimento da nação, primeiramente o Keren Kayemet Leisrael (N.T.: a primeira
instituição ecológica do mundo), cuja tarefa foi a de comprar a terra, como propriedade
inalienável do povo judeu, de beneficiá-la e de reflorestá-la, para a transformação do
deserto em campos férteis, cultivados, e das colinas nuas em florestas exuberantes.
A Declaração Balfour, feita pela Grã-Bretanha em 1917, reconhecendo o direito dos
judeus a um lar nacional na Terra de Israel, e o Mandato sobre a Palestina, conferido com
esse objetivo em 1922 pela Liga das Nações, precursora da ONU, constituíram a base do
reconhecimento internacional daquele que deveria se tornar, em 1948, o Estado de Israel.
O Mandato Britânico na Palestina perdurou até que a Organização das Nações Unidas
– ONU aprovasse a Resolução 181, de 20 de novembro de 1947, em uma Assembléia Geral
presidida pelo Exmo. embaixador brasileiro Osvaldo Aranha, por 33 votos a 13,
estabelecendo na região dois Estados, um judeu e um árabe.
Os judeus aceitaram a Resolução e os árabes rejeitaram-na. Para que não fosse
implementada, cinco países iniciaram uma guerra ainda antes da retirada dos britânicos. Já
no curso dessa guerra, no dia em que terminava o Mandato, David Ben Gurion proclamou
o estabelecimento do Estado de Israel (do qual se tornou primeiro-ministro). O novo país
recebeu milhares de refugiados judeus que tiveram de fugir dos países árabes, integrando-
os à nova nação.
Israel surgiu com o sacrifício e o trabalho de todos aqueles que lá viviam e dos que,
saídos dos campos de concentração, da Resistência e dos países livres de todo o mundo,
vieram para reconstruir a antiga terra como um porto seguro para todos os judeus, na
esperança de criar um oásis de paz para as novas gerações. Mas foi necessário construir e
defender este porto, porque – como disse Chaim Weizmann (N.T.: Presidente do Estado de
Israel – 1949 a 1952) – decerto não foi oferecido ao povo judeu sobre uma bandeja de
prata. O que vem depois é a história do moderno Estado de Israel.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

AULA
09

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

9- COMPREENDENDO A CULTURA JUDAICA


A construção da identidade judaica inclui a transmissão de valores, tradições,
costumes e atitudes, aceitos pelo povo judeu e passados de geração para geração.
O Estado de Israel representa uma referência fundamental para a identidade judaica
e para o conhecimento da ligação espiritual entre os judeus de diversos lugares do mundo
e aqueles que vivem em Israel.
As festividades judaicas representam um dos sinais que reunificam o povo judeu,
transmitindo para todos, ao mesmo tempo, os mesmos valores, conteúdos e tradições,
fazendo com que todos sintam, juntos, momentos únicos de espiritualidade e pertinência.

9.1. Premissas Básicas das Festividades Judaicas

1. O Shabat e as festividades fortalecem a crença em D’us e na sua Tora.


2. O Shabat e as festividades alimentam e enriquecem a vida emocional da criança e
variam sua rotina diária.
3. A periodicidade do Shabat e da festividade fortalece na criança a segurança e
desenvolve nela o ritmo do calendário judaico.
4. Cada festividade possui conteúdo e característica próprios, expressados nas
mitzvot, costumes e tradições.
5. As festividades fortalecem a ligação com a natureza do país e com sua paisagem.
6. Absorver a vivência da festa através de três instâncias: da emocional – através da
vivência religiosa e familiar; da concreta – através do cumprimento das mitzvot;
do conhecimento – através do esclarecimento das mitzvot.

9.2. O Que é Um Chag?

“As festividades elevam o homem do plano superficial do dia-a-dia, da mesma forma


que as montanhas se elevam do nível da superfície da Terra”. Esta é a visão do grande
poeta Chaim Nachman Bialik, um dos primeiros autores que escreveram em língua
hebraica moderna para crianças na idade infantil, valendo-se de grande sensibilidade para
tal. “Quem chega ao alto de uma montanha, seu horizonte fica maior e mais amplo,
oferecendo novas proporções à sua vida”. Como acontece com quem se encontra no alto
de uma montanha e respira um ar mais puro, segundo Bialik, o homem que celebra uma
festa, um pico no tempo, eleva-se da rotina do dia-a-dia.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Os chaguim, demarcados para o homem organizar seu calendário, valorizam o ciclo


das estações e as mudanças que ocorrem na natureza. Festejando dias sagrados, em meio
a dias normais, revela-se, no homem, a aspiração a se elevar a picos comemorativos,
voltando no dia seguinte à rotina corriqueira. Para assinalar este pico no tempo usa-se, em
hebraico, a palavra chag, cujo radical semita (de três consoantes) pode ser tanto chet
guimel guimel como chet vav guimel. Se considerarmos esta última, poderemos notar que
transmite, também, a noção de chug, ou seja, um círculo, em torno do qual cada
participante se situa em um ponto eqüidistante, possuindo todos a mesma importância em
todos os pontos, e, assim, aumentando, a sensação de pertinência, segurança emocional e
consolidando sua identidade cultural.
Outra forma de explicar é considerar o radical chet guimel guimel, que deriva o verbo
lachgog, cujo significado é festejar. Ou seja, por meio do chag, podemos festejar os
fechamentos de alguns ciclos/círculos na vida do homem, e a abertura de outros novos.

9.3. Para Que Precisamos de Chaguim?

O chag é um dia especial e diferente de outros dias, que retorna a cada ano
respeitando o calendário. Nestes dias, são realizadas cerimônias ou comemorações, atos
simbólicos, designados a demarcar acontecimentos que tiveram sua origem na história, na
religião ou na natureza. Sejam as origens do chag fontes históricas (guerras, conquistas,
vitórias), fontes religiosas (a gênese do mundo, a Lei de Moisés), fontes ligadas ao homem
e à sociedade ou fontes ligadas à natureza, o que transformará um dia normal em dia de
chag será a importância que o homem e o povo lhe atribuírem. Cada povo cultiva suas
festividades e comemorações, tecendo laços por entre suas fontes religiosas e históricas, e
suprindo necessidades sociais, econômicas e culturais. Assim, cada festividade estará
conectada diretamente à cultura de um povo, aos costumes, tradições, folclore e crenças.
Cada chag é baseado numa idéia central, num eixo. É a própria realização deste chag,
no entanto, que tem a função de trazê-lo à nossa consciência, por meio do uso de
símbolos, motivos, sensações espirituais, além das cerimônias tradicionais e religiosas.
Alguns elementos fundamentais que caracterizam um chag são: uma data demarcada
ou convencionada no calendário (sugerindo a possibilidade da comemoração conjunta,
cultivando a sensação de pertinência ao povo), os conteúdos e símbolos específicos
(típicos para cada chag), a função deste chag na comunidade (uma oportunidade para nos
reunirmos e nos sentirmos parte de um todo, com um objetivo comum), as preparações
espirituais e materiais e a criação de um ambiente especial (a partir, p. ex., do uso de luzes
– cada chag com sua luz, comidas especiais, roupas, enfeites e decoração, seguindo seus
costumes), além da parte litúrgica (rezas, canções e versos, entre outros).

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AULA
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10 - O ANO NOVO JUDAICO (ROSH


HASHANA)
“E, no sétimo mês, no primeiro dia do mês, convocação de Santidade haverá para
vocês: Nenhuma obra servil farão; dia de toque do shofar será para vocês.” (Números
23:1).
Rosh Hashana (cabeça do ano) é o Ano Novo Judaico, cuja comemoração oferece aos
indivíduos a chance de refletirem, viabilizando-lhes eventuais modificações pessoais.
Parece tratar-se de um sonho que se quer atingir - o sonho de um mundo melhor,
destituído de maldade, onde viver com as respectivas famílias e amigos torna-se algo
verdadeiramente bom e agradável. Denominado tishrei, o primeiro mês do ano judaico
coincide, na maioria das vezes, com os meses de setembro ou outubro, em Israel, período
de colheita, no qual o toque do shofar denota seu início.

10.1. O Aspecto Religioso


A partir do primeiro dia de tishrei, começam os Iamim Noraim (Dias Temíveis),
denominação atribuída aos dias entre Rosh Hashana e Iom Kipur, que acontecem nos dois
primeiros e décimo dias deste mês, respectivamente.
Devido à antiga dificuldade de identificar o início dos meses, ou do ano, por meio de
reconhecimento visual da lua nova, rabinos determinaram que Rosh Hashana seria
celebrado por dois dias, tanto em Israel como na diáspora.
Ao contrário de outras festividades, Rosh Hashana não tem caráter agrícola. Sua
comemoração destaca a relação do homem com D’us ou, mais especificamente, a
aceitação do Reino do Divino, Que conhece e julga cada um de Seus servos.
Trata-se de uma celebração voltada ao regozijo, durante a qual os homens recordam,
com receio, seus feitos do ano, pois parte-se do princípio de que todos os atos exigem
prestação de contas. O motivo da comemoração de Rosh Hashana compreende três
momentos: passado, presente e futuro. O passado remete à Criação (Gênese) do primeiro
homem (Adão) e, sendo assim, ao Criador cabe reinar e julgar todos os homens
(aniversário da Criação). O presente refere-se à nossa expectativa, frente ao ‘Dia do
Julgamento’, e o futuro visa à continuidade da crença e do Reinado de D’us. No ‘Dia do
Julgamento’, as pessoas fazem seus inventários e acredita-se que o
Eterno julga e decide o que irá acontecer com cada um, no ano que começa.

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O livro de rezas utilizado pelos judeus, durante todo este período, é chamado
Machzor, que é uma criação coletiva de sábios judeus, que seguiram o mandamento
talmúdico de Iiun Tfila, realizando, assim, uma imensa coletânea de seleções e paráfrases
da Bíblia, da Mishna, da Gmara, dos Midrashim e do Zohar. Seu acervo litúrgico conserva o
espírito do monoteísmo, expresso em suas orações e é direcionado à penitência e ao
arrependimento.
Tshuva significa, tradicionalmente, ‘retorno’: retorno aos valores e às práticas do
Judaísmo. Ocorre quando os indivíduos deixam de cometer pecados e determinam, em seu
íntimo, que mais não os farão, sendo que esta não se limita às más ações mas, também,
aos maus pensamentos. As pessoas se reúnem para dar boas vindas a um novo ano,
celebrar suas promessas, ponderar sobre suas responsabilidades e agradecer por novas
oportunidades. No entanto, a decisão Divina, tomada em Rosh Hashana, não é, ainda, a
decisão definitiva. Dispomos de dez dias para a introspecção, para o arrependimento das
más ações, para nos comprometermos com objetivos importantes e rezarmos pela
misericórdia de D’us. Se Rosh Hashana é o ‘Dia do Julgamento’, o Iom Kipur (Dia do
Perdão) é o ‘Dia da Sentença’. O período de dez dias entre os dois marcos, incluindo-os,
são os Iamim Noraim, considerados os ‘Dez Dias do Arrependimento’.
O estatuto que rege estes dias: Fale aos filhos de Israel, dizendo: No sétimo mês, o
primeiro dia do mês será para vocês descanso solene, memorial de toque de shofar,
convocação de Santidade. Nenhuma obra servil farão; e oferecerão sacrifício queimado ao
Eterno. E falou o Eterno a Moisés, dizendo: ‘O décimo dia deste sétimo mês é o ‘Dia das
Expiações’; convocação de Santidade será para vocês, e afligirão suas almas e oferecerão
sacrifício queimado ao Eterno”. E nenhuma obra farão neste mesmo dia, porque é ‘Dia das
Expiações’, para expiar por vocês diante do Eterno, seu D’us. Porque toda alma que não se
afligir neste mesmo dia será banida de seu povo.
E toda alma que fizer alguma obra neste mesmo dia, destruirei aquela alma do meio
do seu povo. Nenhuma obra farão; estatuto perpétuo será para suas gerações, em todas as
suas habitações. Dia de descanso solene é para vocês, e afligirei suas almas; aos nove dias
do mês, à tarde, de uma tarde a outra, celebrarão seu dia de descanso (Levítico 23:24- 31).
Os principais temas das preces de Rosh Hashana e Iom Kipur são: a Majestade de
D’us, Criador do universo; a fragilidade do homem e sua dependência da piedade Divina; a
tshuva e as boas ações: sua importância na absolvição no julgamento; o sofrimento do
povo judeu; o perdão e a confissão dos pecados (Machzor).
Em Iom Kipur, o último desses ‘Dias Temíveis’, quando o sol se põe, o toque do shofar
ecoa pelos cantos de todo o universo, anunciando o término do julgamento.
Portanto, a sorte dos homens para o ano que se inicia já está selada. Na religião
judaica, o arrependimento, nesse dia, dá-se entre o homem e seu Criador e, de acordo

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com a Lei Judaica, visa ao futuro. Não existe nenhuma forma de confissão perante um ser
humano. Confissão é o sussurro de toda uma congregação, feita em uníssono; não é o
desabafo dos males de cada um, é a expressão de uma responsabilidade coletiva. O judeu
não reza unicamente por seu bem-estar individual, mas por todo o povo, pois sabe que os
filhos de Israel são fiadores uns dos outros.

10.2. Em Israel

A festividade se dá no início do outono, no mês de tishrei. Coincide com o início do


ano letivo e, portanto, o início de um novo ciclo. Apesar disso, é uma festa com uma certa
dualidade: marca o fim de um ano e início de outro. Esse tema é bastante explorado, pois
Rosh Hashana, além de ser a primeira festa do calendário judaico, é, também, o momento
em que podemos parar para fazer nossas reflexões sobre esse novo período que se inicia e
sobre aquele que se encerrou.

10.3. Nomes da Festa

 Rosh Hashana. É o dia em que o Ano Novo Judaico se inicia, ou seja, a ‘cabeça do
ano’. Assim como a cabeça do homem é a parte do corpo que comanda todo o
resto, Rosh Hashana é o momento crucial, que comandará o resto do ano de cada
um. À idéia do tempo, unem-se conceitos de responsabilidade e de julgamento.
 Iom Trua (Dia do Soar). O dia em que se deve fazer soar o shofar.
 Iom Hadin (Dia do Juízo). Nesse dia, cada um comparece ao Tribunal (celestial),
para um julgamento perante o Criador.
 Iom Hazikaron (Dia da recordação). Os sábios acreditavam que o toque do
shofar, em Rosh Hashana, despertaria a recordação de arrependimento em cada
pessoa.

10.4. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

 Shofar. O shofar é um chifre de carneiro, utilizado como instrumento de sopro por


homens e considerado um dos mais antigos, dado que já era conhecido e tocado
na época de Moisés. Não se pode atribuir grande importância no campo musical
ao shofar, pois não produz notas suaves ou delicadas. Entretanto, apresenta
especial significado espiritual, uma vez que seu som induz à reflexão e ao
arrependimento. Uma de suas principais funções é alertar para tanto o início como
o término dos ‘Dias Temíveis’. Sua característica mais marcante é inspirar

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reverência por meio de seu ecoar, irradiando sentimentos de arrependimento e


humildade.
O motivo de ser confeccionado com um chifre de carneiro remete à época do
patriarca Abrahão, mais especificamente, à passagem que trata do sacrifício de seu filho
Isaac. A recordação de Akedat Itzchak (O Sacrifício de Isaac), em Rosh Hashana, serve como
fonte de inspiração em relação ao auto-sacrifício e à entrega dos homens a serviço de D’us.
No decorrer destes dias, são três os tipos de toque que escutamos:
1. tkia: som longo e uniforme;
2. shvarim: som entrecortado em três notas médias
3. trua: som entrecortado em nove sons mais curtos.
Um dos maiores sábios judeus, Saadia Gaon (824-943), descreve mais alguns motivos,
bastante significativos, para o toque do shofar, durante a celebração. Em Rosh Hashana,
aniversário da Criação, suas funções são:
 proclamar a soberania do Criador;
 advertir o povo sobre o destino de sua vida;
 lembrar a Revelação no Monte Sinai;
 trazer a advertência e a exortação dos profetas;
 lembrar o alarme da batalha, na Judéia, no decorrer da destruição do Templo;
 inspirar reverência e temor;
 lembrar o Dia do Juízo;
 proclamar a redenção vindoura e breve restauração de Israel e
 simbolizar a esperança pela redenção final e pela ressurreição.
Rambam sustenta que a única razão para o toque do shofar, na sinagoga, é estimular
o arrependimento, conforme aparece no Machzor: Acordem, vocês que dormem, e
reflitam sobre suas ações; retornem e recordem a seu Criador. Aqueles que esquecem a
verdade, com as necessidades da época, e perdem os anos, em busca por coisas banais e
vazias que não beneficiam nem salvam; fixem-nos em suas almas e melhorem seu caminho
e ações? Que cada um abandone seu mau caminho e seu mau pensamento e regresse a
D’us, para que Ele possa ter misericórdia de vocês.
O shofar, literalmente ‘chifre’. Foi tocado em várias ocasiões: pela primeira vez, no
Har Sinai (Monte Sinai), quando da entrega das Tábuas da Lei, contendo os Dez
Mandamentos; ou, p. ex., na chegada da Lua Nova, no Beit Hamikdash, junto com as
cornetas. Também em 1967, quando Israel reconquistou o Muro Ocidental (Kotel

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Hamaaravi ou Muro das Lamentações, como nos é conhecido), em Ierushalaim, ele foi
tocado. Reza a tradição, ainda, que o Profeta Elias tocará o shofar, para anunciar a chegada
do Messias.
Em Rosh Hashana, o shofar é tocado em mussaf (serviço religioso, depois do almoço).
A Tora ordena que toquemos o shofar no primeiro dia da festa, mas os sábios estenderam
o costume, para que escutemos o toque do shofar também no segundo dia.
Este instrumento representa a misericórdia de D’us para com os homens. Não é
tocado no Shabat, apesar do toque ser considerado arte, e não trabalho. Seu toque
representa a aliança entre D’us e o povo de Israel.
 Tapuach bidvash (maçã com mel). Na noite de Rosh Hashana , durante a
refeição, costumamos comer alimentos que simbolizem a esperança de um ano
bom e doce; por isso, comemos tapuach bidvash.
 Chala agula (pão trançado redondo). Simboliza a continuidade e o cíclico. E,
especificamente em Rosh Hashana, simboliza o ano que está começando.
 Kartissei bracha (cartões de votos, bênçãos e congratulações). Cartões
enviados entre familiares e amigos, nos meses de elul e tishrei (último e primeiro
meses do ano judaico, respectivamente) até depois de Sukot, com desejos para um
ano novo e doce. A origem deste costume é da metade do século XIX.
Aparentemente, foi na Inglaterra que os cristãos começaram a imprimir e enviar
mensagens de Natal e de Ano Novo.
Este costume chegou aos Estados Unidos e, de lá, espalhou-se por todo o Ocidente,
atingindo também os judeus. Os primeiros cartões que se destacaram por sua beleza
foram os da Alemanha, E.U.A. e Polônia. Os temas variam de motivos religiosos, passando
por ideais, até desejos pessoais.
O costume de elaborar votos de Shana tova (Bom Ano!) aparece, anteriormente, no
livro Shulchan Aruch (‘Mesa Posta’, onde se expõem leis sobre os mais variados assuntos).
 Rosh shel dag (cabeça de peixe). Na véspera de Rosh Hashana, famílias judaicas
tradicionais colocam sobre a mesa, a cabeça de um peixe, concretizando a idéia de
início de ano. Há pessoas que costumam cozer guefilte fish (bolinhos de peixe),
justamente por ter um formato redondo.
 Rimon (romã). Costuma-se comer rimon, em Rosh Hashana, pois há o desejo de
que, no ano que está para começar, os direitos do ser humano se multipliquem,
assim como a quantidade enorme de caroços/ sementes que existem dentro do
rimon.

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 Machzor (livro de rezas, usado em Rosh Hashana e em Iom Kipur). Em


hebraico, tal título significa ‘ciclo’. Nele, estão contidas orações, passagens
bíblicas, talmúdicas e poemas religiosos. As orações apresentam três temas
fundamentais da fé judaica: D’us é Rei, Juiz e Legislador.
 Tashlich (lançamento). É um costume realizado pouco antes do pôr-do-sol, na
tarde do primeiro dia de Rosh Hashana, às margens de um rio, lago, mar, ou água
corrente qualquer, onde quer que haja peixes. Preces são recitadas, seguidas pelo
ato simbólico de agitar os cantos de nossas roupas e invertermos os bolsos em
direção às águas, ‘lançando’ e, assim, ‘livrando-nos’ de nossos pecados. As preces
despertam-nos pensamentos de arrependimento, dado que a situação nos remete
à insegurança da vida do peixe e ao perigo de ele ser atraído pela isca, ou
apanhado na rede do pescador. Nossa vida, também, está repleta de ciladas e
tentações.
Os três últimos versos do profeta Micha, recitados durante o tashlich, contêm a
explicação para este costume: Quem é D’us como o Senhor, perdoando a iniqüidade e
perdoando a transgressão aos herdeiros de Seu legado. Ele não reteve Sua ira para
sempre, porque Ele Se regozija na bondade. Mais uma vez, Ele terá misericórdia de nós. Ele
suprimirá nossas iniqüidades; sim, vocês jogarão seus pecados às profundezas do mar.
O Maharil (Rabi Moshe Halevi) nos fornece uma explicação mais completa sobre o
tashlich. O midrash diz que, quando Avraham e Itzchak foram ao Har Moria (Monte Moriá),
para a akeda (sacrifício), precisaram cruzar um rio, uma das formas que satan (o ‘espírito’
do mal) usou para impedi-los de cumprirem as ordens de D’us. A correnteza ameaçava
levá-los, mas Avraham rezou: Salve-nos, D’us, pois a água atingiu nossas próprias vidas, e
foram salvos da correnteza. Assim, diz Maharil, nenhum obstáculo deveria impedir-nos de
obedecer às ordens de D’us. Aquele que puder mostrar o amor abnegado de Avraham, sua
prontidão para morrer pela palavra Divina, pode estar certo de que seus pecados ‘serão
jogados ao mar’.
A única mitzva concreta de Rosh Hashana é a de ouvir o shofar, no período diurno.

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11 - DIA DO PERDÃO (IOM KIPUR)


“E o Eterno falou a Moisés, dizendo: Aos dez dias deste sétimo mês, celebra-se o dia
das expiações, santa convocação será para vocês, e afligirão as suas almas... e nenhuma
obra farão neste mesmo dia, porque é dia de expiações... porque toda alma que não se
afligir neste mesmo dia será cortada de seu povo. E toda alma que fizer alguma obra neste
mesmo dia, destruirei aquela alma do meio de seu povo. Nenhuma obra farão, estatuto
perpétuo será para suas gerações, em todas as suas habitações. Dia de descanso total será
para vocês, e afligirão as suas almas. Aos nove dias do mês, à tarde, de uma tarde a outra,
descansarão em seu Shabat.” (Levítico 23;26-32).

11.1. O Aspecto Religioso

O dia de Iom Kipur culmina no décimo dia de asseret iemei tshuva (os dez dias de
arrependimento), os dez dias de preparação para a chegada do dia de Iom Kipur, 10 de
tishrei. E, nesses dias, procuramos fazer o bem! D’us espera que nos conscientizemos da
necessidade de praticar bons atos. E, dessa forma, que sejamos abençoados com um ano
bom. Faz parte dessa preparação, a avaliação pessoal do próprio comportamento… E
descobrir dentro de si o que se deve melhorar.
Chegou o dia para perdoarmos o próximo e também para pedirmos desculpas por
atitudes passadas. É o tempo de resolvermos as mágoas guardadas! É a chance de
recomeçar, de deixar para trás as atitudes negativas e modificá-las. Essa é a tshuva
(arrependimento).
Esse é o sincero arrependimento oportuno desses dez dias. E, quando chega Iom
Kipur, rogamos e esperamos pelo julgamento divino positivo. Durante os dez dias,
concentramo-nos em nossas relações pessoais. Devemos dar ênfase ao respeito que
devemos ter pelas pessoas.

11.2. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

Em Rosh Hashana, acredita-se que D’us nos inscreve no Livro dos Justos, e, em Iom
Kipur, carimba-nos. Por isso, é costume desejar: Gmar chatima tova! (Que tenha um bom
selo, ao final do veredicto).
Antes de ir para a sinagoga, é costume o pai abençoar os seus filhos. O uso de roupa
branca é uma antiga e consagrada praxe, que tem, por objetivo, recordar as mortalhas
brancas (com as quais enterram os mortos) e tornar o coração mais humilde. A cor branca
também representa pureza e simboliza a promessa profética: “Ainda que seus pecados

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sejam como a escarlata, tornar-se-ão brancos como a neve.” (Isaías 1, 18). Imediatamente
depois de Iom Kipur, os preparativos para a festa de Sukot devem começar.

11.3. Mitzvat

A. Kaparot Erev (a véspera de). Iom Kipur é saudado pelo antigo costume de kaparot,
realizado antes do raiar do dia. O homem, ou menino, apanha um galo; a mulher, ou
menina, uma galinha. Seguram-nos nas mãos, recitando a bracha bnei adam e giram a ave
nove vezes sobre a cabeça. A prece continua: “Seja esta a minha expiação...”.
Isto é feito, com o intuito de evocar um arrependimento sincero, para que não
tenhamos destino semelhante ao da ave, graças à mercê de D’us, Que nos perdoa após o
arrependimento verdadeiro. Em seguida, a ave é solta e enviada ao shochet (profissional
religioso que abate animais para fins de uso), e o valor correspondente à ave é dado aos
pobres. Este costume também pode ser feito com dinheiro.
B. Tzom e Toalete, num dia sagrado. Em Erev Iom Kipur, costuma-se oferecer uma
ceia e comer mais do que o habitual. Esta é realizada, para contrastar com o tzom (jejum)
que mulheres e homens deverão realizar, a partir dos doze e treze anos de idade,
respectivamente. O tzom dura vinte e cinco horas. É proibido comer ou beber, assim como
lavar-se, passar cremes, óleos ou maquiagem, calçar sapatos de couro ou manter relações
conjugais.

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12 - FESTAS DAS CABANAS (SUKOT)


“A festa das cabanas fará para você sete dias, quando tiver recolhido os produtos de
sua eira e de sua vindima. E alegrar-se-á, em sua festa, você, seu filho, e sua filha... e será
tão feliz” (Deuteronômio 16:13,14).
“E falou o Eterno a Moisés: Fale aos filhos de Israel, dizendo: aos quinze dias deste
sétimo mês, festa das cabanas será, por sete dias, ao Eterno... Para que as suas gerações
saibam que, nas cabanas, fiz habitar os filhos de Israel, quando os tirei da terra do Egito...”
(Levítico 23: 33,44).
A festa de Sukot, é festejada no mês de tishei, o primeiro mês do ano judaico. Este
chag, que ocorre no dia 15 deste mês, é festejado durante sete dias, e é uma das três
festas chamadas de shalosh regalim (as três festas), juntamente com Pessach e Shavuot,
pois o povo de Israel subia “a pé”, isto é, peregrinava até o Beit Hamikdash (Grande
Templo), em Jerusalém.
Sukot é caracterizada por ser uma festa alegre - alegria geral do povo e alegria
interna da família, que ocupa um lugar especial entre as festividades. Em Sukot, costuma-
se visitar ou mesmo habitar a suka, durante sete dias, como recordação da época em que
bnei (o povo de) Israel, vagou pelo deserto, ao sair do Egito.
Com o passar dos anos, a suka recebeu um significado mais espiritual, e tornou-se o
símbolo da PAZ, da esperança de paz em todo o mundo. Shmini Atzeret (oitavo dia de
reunião solene do povo) era, na Antigüidade, o último dia dos dias de sacrifício de Sukot,
dia em que o povo de Israel se permitia fazer pedidos pessoais a D’us.

12.1. O Aspecto Religioso


Nos dias de hoje, em Shmini Atzeret, vamos à sinagoga, onde ouvimos a prece das
chuvas. Neste dia, também rezamos o Izkor (reza de recordação dos entes falecidos). Esta
oração é feita em quatro ocasiões: Iom Kipur, no último dia de Pessach, no segundo dia de
Shavuot e em Shmini Atzeret.
A ligação do povo de Israel com sua terra e a ligação entre o povo judeu e seu
passado histórico revelam o aspecto religioso da festividade. Relembra a época em que os
judeus vagavam pelo deserto do Sinai, e tinham a proteção de D’us, por meio de ananei
hakavod (nuvens de glória), que os cercavam e pairavam sobre eles, protegendo-os dos
perigos e desconfortos do deserto.

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12.2. Em Israel

Assim como Pessach, em Israel, comemora-se Sukot durante 7 dias (fora de Israel,
por 8 dias). O motivo se deve ao fato de que, na época do Beit Hamikdash, o calendário
não era pré- fixado como hoje, mas eram os Sanhedrin (Tribunal Judaico) que decretavam
o início do mês judaico (e, consequentemente, as festividades que incidiam naquele mês).
Após decreto, os Sanhedrin enviavam mensageiros para avisarem os judeus, de todos os
cantos de Israel, sobre o dia em que o mês começaria, para que cada um se preparasse
para as festas. Como esses mensageiros demoravam a chegar à gola (Diáspora), na dúvida,
os judeus consideravam 2 dias para o Rosh Chodesh (início do mês). Esta dúvida era levada
até o dia das festividades, de forma que isto provocou termos, hoje, 2 dias a considerar
como chag.
O Estado de Israel, sendo um país pobre de fontes de águas naturais, depende
sobremaneira das águas da chuva para sua sobrevivência. A chuva é vital não somente
para a colheita da produção dos campos, mas também como fonte principal da água
potável. Os agricultores ficam na expectativa das primeiras chuvas, que começam a chegar
nesta época, e esperam que estas sejam chuvas abençoadas, ou seja, chuvas que cheguem
no momento certo e na quantidade certa para a agricultura. Por tudo isso, chuvas e águas
ocupam um lugar importante em Sukot, em seus costumes e tradições.

12.3. Nomes da Festa

 Chag HaSukot. Festa das cabanas, devido ao costume de sentarmos na suka


durante os sete dias de festividade.
 Chag Haassif. Festa da Colheita, pois, em Israel, esta é a época da colheita,
festejando o término de mais um período agrícola. É em Sukot, que termina a
preocupação do agricultor, por estar feliz e satisfeito com os frutos esperados e
trazidos por seu árduo trabalho, como está escrito na Tora: “vessamachta
bechaguecha vehaita ach sameach!” (que você festeje esta ocasião, e que seja
feliz).
 Chag Zman Simchatenu. (Festa do Tempo de Nossa Alegria), pois celebra-se a
mitzva da alegria.
 Hoshana Raba. (A Grande Saudação), último dia da festa de Sukot, tem um
destaque especial, ao qual os cabalistas imprimiram cunho e conteúdo especiais
de santidade.

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12.4. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

Os principais símbolos característicos deste chag são a suka e os arbaat haminim.


 Suka. A suka está ligada ao costume e tradição de sentar-se na cabana,
comemorando a saída do povo de Israel do Egito, rememorando a época em que
eram nômades no deserto.
 Suka Kshera. É a suka que preenche todos os requisitos religiosos necessários
para tornar-se kshera: deve ter, no mínimo, três lados, deve ser erguida baixo a
céu aberto, sua cobertura deve ser de folhagem natural, podendo ser usado seu
caule ou folha colhido especialmente para fazer o schach. A suka deve ser coberta
de forma que os raios do sol que penetrem não sejam maiores do que a sombra
que a cobertura oferece, mas, de tal modo que, à noite, possamos ver as estrelas.
 Arbaat Haminim - As quatro espécies (etrog, lulav, hadas e arava). O etrog é
uma fruta cítrica, cidra, com cheiro agradável e gosto; o lulav, a folha da tamareira,
com gosto mas sem cheiro; o hadas, mirto (3 galhos desta folhagem), com cheiro
mas sem gosto e a arava, salgueiro (2 galhos desta folhagem), sem cheiro nem
gosto - todos juntos são os arbaat haminim.
Acredita-se que estes símbolos, juntos, representam o povo de Israel unificado. Cada
símbolo, separadamente, simboliza uma das características do povo judeu: o lulav,
representa o que cresce no coração da tamareira, cujo fruto, a tâmara, é “doce como mel”,
simbolizando, também, as pessoas que possuem a sabedoria da Tora. É uma árvore muito
útil, suas palmas oferecem sombra, material para fazer cestos e cordas e, de seu tronco, é
possível construir colunas e vigas para o teto. O etrog simboliza pessoas que fazem boas
ações; a arava, simboliza pessoas do povo judeu que nem têm o conhecimento da Tora,
nem fazem boas ações. O hadas simboliza aqueles que, além de terem o conhecimento da
Tora, também fazem boas ações.
Em suma, o povo de Israel compreende pessoas muito diferentes; parte delas fazem
boas ações, parte não; parte delas tem a sabedoria da Tora e outra, não. Há, ainda,
aqueles que nem conhecem a Tora nem fazem boas ações, mas Deus não abre mão de
nenhum, pois há lugar para todos. No entanto, somente todos unidos formam um povo
verdadeiro.
 Sukat shalom (A Suka da Paz). É costume começar a construir a suka logo após o
Iom Kipur, para começarmos o ano já fazendo mitzvot. A suka é o símbolo de paz,
na esperança de paz para o mundo. Nos tempos em que ainda existia o Beit
Hamikdash, sacrificavam-se bois para se expiar dos pecados de todos os povos do
mundo, rezavam para que não houvessem mais guerras, que reinasse a paz entre

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os povos em suas terras, que pudessem cultivá-las sem que sofressem


necessidades.
As mitzvot incluem as brachot dos arbaat haminim, juntos, bem como sentar-se na
suka, um lar frágil e temporário, onde o povo judeu demonstra toda sua confiança em
D’us. É uma festa, cuja característica é a união do povo, ocasião em que se costuma
convidar ushpizin (visitas) para participarem da mitzva de comer na suka.
De acordo com a Tora, a festa de Sukot é uma festa de 7 - 8 dias, sendo o 1° e último
dias chamados de Mikra Kodesh. Os dias intermediários, também alegres, são chamados
de chol hamoed, e implicam algumas restrições de trabalho.
Muitos seguem o costume de ficar acordados durante a noite inteira, estudando a
Tora, recitando orações e lendo o quinto livro da Tora, Dvarim, também conhecido por
Mishnei Tora (repetição da Tora), pois contém a recordação de grande parte dos
Mandamentos da Tora. Durante as orações da manhã, recitam-se grande número de
hoshanot e dão-se sete voltas. No final do serviço, cumpre-se o costume instituído pelos
profetas – bater com um feixe de aravot no chão algumas vezes, em expressão de alegria e
júbilo. Segundo tradição de várias fontes, especialmente nos ensinamentos chassídicos,
este dia é considerado como a continuação dos “Dias Temíveis”, como um Dia de
Julgamento, quando se costuma cumprimentar com votos de “gmar chatima tova”.
 A Expectativa da Chuva. O tema ‘água’ perpassa todas as festividades no
Judaísmo e se expressa em diferentes cerimônias e costumes. De acordo com a
tradição judaica, é em Sukot que D’us decide se o ano seguinte será de chuvas ou
de seca.
Em Shmini Atzeret, reza-se a tfilat hagueshem (prece da chuva), para a chegada das
chuvas e, pela importância que lhe é conferida, esta tfila é proferida em frente ao Aron
Hakodesh (A Arca Sagrada) aberto. Nesta tfila, rememoram-se as boas ações de Avraham,
Itzchak, Iaakov, Moshe e Aharon, que remetem à água e à chuva.
 Simchat Beit Hashoeva. Nossos sábios, de abençoada memória, diziam: “Aquele
que nunca viu esta alegria (Simchat Beit Hashoeva), jamais testemunhou júbilo em
sua vida.” Como era esta celebração? Na segunda noite da festa de Sukot, todo o
povo ia ao Beit Hamikdash. Os jovens cohanim (uma das três tribos remanescentes
de Israel – cohanim, leviim e israelim; sacerdotes, levitas e israelitas) subiam as
escadas até onde estavam os candelabros de ouro, enchiam os bocais com azeite e
os acendiam. Tão ofuscante era essa luz, que todos os pátios de Ierushalaim
ficavam iluminados pela luz do Beit Hamikdash. Enquanto isso, os leviim tocavam
seus instrumentos musicais e entoavam cânticos de louvor a HaShem
(literalmente, o Nome – numa referência a D‘us, evitando dizer Seu Nome).

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13 - ALEGRIA DA TORA (SIMCHAT TORA)


A festa de Simchat Tora não é citada diretamente na Tora ou no Talmud. Esta festa
teve início na Galut2, na Babilônia, por volta do ano 1000, e está ligada ao costume local
dos judeus de, a cada ano, terminar, nesta época, a leitura da Tora - o Pentateuco de
Moisés. Naqueles dias, terminava-se de ler a Tora a cada três anos, ou três anos e meio.
Somente depois que o costume de se ler a Tora espalhou-se pela Babilônia e foi aceito
pelas comunidades judaicas em Israel e fora dela, a festa de Simchat Tora foi aceita por
todo o povo de Israel.
O oitavo dia de Sukot é conhecido pelo nome de Simchat Tora (comemorada no dia
23 de tishrei). Já não pertence à festa de Sukot, porém é uma continuação desta. Já não
vigora a determinação de morar na suka; porém, esta continua armada, pois é
determinado na Bíblia como dia de repouso e, portanto, não se pode desarmá-la já que
isto seria trabalho.

13.1. O Aspecto Religioso


Desde tempos muito antigos, é costume ler, a cada sábado nas sinagogas pela
manhã, uma parte da Tora, texto este que é chamado de parashat hashavua (parábola da
semana). A Tora começa em Bereshit, cap.1, com o relato da criação do mundo. Termina,
em Dvarim cap. 34, no qual se relata a morte de Moisés. Pois é na festa de Simchat Tora
que se completa toda a leitura da Tora e, imediatamente, inicia-se de novo a leitura desta.
É considerada uma grande honra entre os judeus acabar a leitura da Tora ou iniciá-la.
O chatan Tora - noivo da Tora - é quem conclui a leitura em “vezot habracha” e o
chatan Bereshit é quem inicia a leitura, em Bereshit. Em Simchat Tora, os rolos sagrados
são retirados do Aron Hakodesh, são dadas sete voltas, as hakafot, pela sinagoga e, com
muita emoção, as Torot são carregadas em meio a cantos e danças. No dia de Simchat
Tora, todos são igualados, os mais sábios e os menos sábios, tendo todos a possibilidade
de segurar e dançar com a Tora.
Só homens a partir do Bar Mitzva são chamados para fazer a bracha da Tora. No dia
de Simchat Tora, todas as crianças se unem em volta da bima (púlpito onde se fica de pé, e
se reza, no centro da sinagoga), bem próximas do local onde se faz a leitura da Tora, são
cobertas com um grande talit e, juntas, fazem a bracha da última parasha da Tora.
Em Simchat Tora, lêem-se as últimas palavras da Tora. Sem parar, volta-se ao começo
e lê-se as primeiras palavras da Tora. Essa continuidade é uma forma de demonstrar que
os judeus nunca param de estudá-la. A última palavra da Tora é Israel e a primeira,

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Bereshit, que significa “no princípio”. Se unirmos a última letra de Israel e a primeira letra
da palavra Bereshit, formaremos a palavra Lev, que significa coração.

13.2. Em Israel
Em Israel, a festa de Simchat Tora é comemorada em Shmini Atzeret. Milhares de
judeus vão ao Kotel Hamaaravi, o Muro das Lamentações5, para seguir cantando e
dançando com os rolos da Tora nos braços, o mesmo acontecendo em todas as sinagogas
do mundo.

13.3. Nomes da Festa

Simchat Tora. A alegria da Tora; onde simcha é alegria e Tora, Bíblia Judaica.

13.4. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes


A Tora é composta por cinco livros: Bereshit, Shmot, Vaikra, Bamidbar, Dvarim. É
escrita em pergaminho por um sofer stam (escriba). Possui alguns adornos, como keter
Tora - coroa da Tora, iad - um ponteiro de prata em forma de mão que serve para ajudar
na leitura, e meil - capa para a Tora.
Em Simchat Tora, costumam-se distribuir bandeirolas, Torot pequenas e doces para
as crianças. Em algumas sinagogas, costuma-se colocar uma maçã na ponta da bandeira e,
em cima desta, uma vela acesa.

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14 - FESTAS DAS LUZES (CHANUKA)


“E Iehuda Hamakabi e seus irmãos, com toda a comunidade de Israel, resolveram que
a data de re-inauguração do altar deveria ser celebrada, ano após ano, durante oito dias, a
partir do dia vinte e cinco do mês de kislev, com alegria e regozijo.” (I Macabeus 1:4,57).
“O Macabeu com seus companheiros, guiados pelo Senhor, reconquistaram o Templo
e a cidade de Jerusalém. Demoliram os altares construídos pelos estrangeiros na praça
pública e seus templos. Depois de purificar o santuário, construíram novo altar para os
holocaustos. Tiraram fogo das pedras e ofereceram sacrifícios, após uma interrupção de
dois anos. Acenderam também o fogo do altar de incenso e as lâmpadas, e apresentaram
os pães. Em seguida se prostraram por terra e suplicaram ao Senhor que nunca mais os
deixasse cair em tais desgraças. Caso voltassem a pecar, que ele os corrigisse com
moderação, sem que fossem entregues em mãos de bárbaros e blasfemadores. A
purificação do Templo aconteceu na mesma data em que tinha sido profanado pelos
estrangeiros, isto é, no dia vinte e cinco do mês de kislev.” (2 Macabeus 10:6).
A fonte histórica desta festa aparece no Livro dos Makabim, que conta sobre a
iniciativa tomada por Matitiahu e seus filhos: “Lutaremos por nosso espírito e por nossa
Tora, e ele (Rei grego, Antiochos) fará com que estes guiem nosso caminho,” disse Iehuda
Hamakabi, “não mais seremos passivos às leis que nos obrigam a praticar.” Acreditavam
que, se lutassem e se sacrificassem para defender seu povo e sua religião, D’us os salvaria.
Nas rezas recitadas nos dias de Chanuka, ao se acenderem as velas, e na bracha de
agradecimento pela comida, são lembrados fatos históricos resumidos, enfatizando que os
inimigos queriam que o povo de Israel esquecesse a Tora, mas D’us evitou que isto
ocorresse. A reza de Chanuka não destaca propriamente esta iniciativa dos chashmonaim,
mas sim o agradecimento e a exaltação a D’us pela salvação realizada.
Já no Talmud, aparece o trecho que descreve “Um jarro de azeite...cujo conteúdo
seria suficiente para iluminar por um dia apenas, mas aconteceu um milagre e o jarro
durou por oito dias...”. O motivo da luz, como símbolo central desta festividade, deixa
transparecer o caráter “pelo espírito e através do milagre”, enfatizando a liberdade
espiritual alcançada por judeus, como se a luz dos céus tivesse sido irradiada sobre eles.
As velas de Chanuka, acesas todo ano nas casas de judeus em Israel e em todo o
mundo, tornaram-se símbolo de um acontecimento muito importante na história do povo
judeu, combinando mensagens de fé, heroísmo e milagre, cada qual enfatizando a
mensagem e os valores que lhe forem mais adequados.
A festa de Chanuka é rica em conteúdos, símbolos, jogos e brincadeiras para a criança
e para toda a família. Ao pesquisarmos as origens da festa de Chanuka, a Festa das Luzes é

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comemorada de acordo com o calendário judaico, no final do mês, em 25 de kislev,


quando escurece mais cedo (em Israel) e não aparece a luz da Lua. No calendário judaico, é
o dia em que a noite é a mais longa do ano, e o dia, mais curto.
A Festa de Chanuka ressalta dois conteúdos importantes: a luta de uma minoria - os
judeus liderados pelos Makabim, contra os gregos, uma maioria dominante e poderosa - e
a vitória espiritual da fé judaica contra a cultura helenista, por meio do milagre do jarro de
azeite que durou oito dias, daí o costume de acender a chanukia durante oito dias. O
principal aspecto desta festa é a cerimônia de acender as velas toda noite – uma na
primeira noite, duas na segunda, e assim por diante, para recordar o milagre no Beit
Hamikdash, o Templo Sagrado.

14.1. O Aspecto Religioso

A santidade da festa deriva do aspecto espiritual da vitória, e do milagre “do jarro de


azeite”, quando uma pequena quantidade de óleo de oliva consagrado, que bastava para
manter o candelabro aceso por um dia, durou oito dias.

14.2. Em Israel
Como nas comunidades judaicas no mundo, a festa de Chanuka é celebrada, em
Israel, durante oito dias. A mensagem de Chanuka, focalizada na restauração da soberania
do povo judeu, é festejada em Israel, desde seu estabelecimento. O movimento sionista
escolheu os Chashmonaim, heróis da festa de Chanuka, para simbolizar a luta de poucos
contra muitos, representando a luta nacional-sionista, que se projeta em poemas, obras de
literatura e canções do início do século 20, e na época de edificação do Estado de Israel.
Valores como a responsabilidade do povo por seu próprio destino, ao invés de esperar
somente pela salvação divina, foram realçados.
Gradativamente, foram distanciando-se das idéias de fé e espiritualidade, embutidas
nos feitos dos Chashmonaim, e enfatizando outros aspectos desta festa.
Theodor Herzl, o pai do Sionismo moderno, escreveu em seu livro O Estado Judeu, de
1896: “Ali, acredito, uma maravilhosa geração de judeus ressurgirá. Os Makabim
renascerão! Os judeus que ansiarem por um Estado terão o seu! Viveremos enfim como
homens livres em nossa própria terra, e morreremos pacificamente em nossas próprias
casas. O mundo será libertado por nossa liberdade – e tudo o que for conseguido ali, para
nosso próprio bem-estar, contribuirá poderosa e beneficamente para o bem de toda a
humanidade.”

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14.3. Nomes da Festa

 Chag HaChanuka. A origem do nome Chanuka está ligada à inauguração


(chanuka) do local designado para o sacrifício (chanukat hamizbeach), quando os
judeus purificavam o Beit Hamikdash, e re-inauguravam o trabalho dos Cohanim.
Durante oito dias, consertavam, renovavam e purificavam todos os instrumentos
sagrados do templo.
 Chag Urim. Um nome adicional, Chag Urim (Festa das Luzes), foi designado em
homenagem ao milagre do jarro de azeite, que deveria durar somente um dia, mas
durou oito, espalhando luz à sua volta.

14.4. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

 Chanukia. Candelabro com oito receptáculos para lamparinas, além do shamash,


a vela zeladora responsável pelo acendimento das demais e sempre a primeira a
ser acesa, kad (jarro ou ânfora) em que se conservava o azeite de oliva, shemen
zait – outro símbolo importante, para o acendimento das lamparinas e, por fim, as
próprias velas, nerot (singular, ner), que usamos hoje, em substituição às
lamparinas.
 Sufganiot e Levivot. Costuma-se comer bolinhos como as sufganiot (sonhos), e
levivot (em iídiche, latkes) - bolinhos de batata fritos em óleo, para rememorar o
milagre do jarro de óleo.
 Dmei Chanuka (dinheiro de Chanuka). É costume dar presentes ou moedas
para as crianças, para simbolizar o fato histórico de que, caso não tivessem os
Chashmonaim vencido os gregos, não poderiam as crianças do povo de Israel
continuar a estudar a Tora. Este costume se concretizou diferentemente nas
diversas comunidades judaicas em todo o mundo, adaptando-se de acordo com os
costumes locais.
Nessa época, também enfatizamos a mitzva de tzdaka e incentivamos as crianças a
darem parte de seu dmei Chanuka para a tzdaka. O sevivon é um objeto adequado às
crianças, que gostam de fazê-lo rodar, cantam as canções ligadas ao seu movimento e
imitam-no, tanto no jogo simbólico, rodando e caindo “como o sevivon”, como em jogos
didáticos cuja temática são os símbolos da festividade ou as letras do sevivon. De acordo
com a tradição, o uso do sevivon, em Chanuka, remonta à época anterior a revolta
macabéia.
O sevivon é um pião composto por três partes: um pino, cuja função é impulsionar o
pião para rodar; uma parte central – geralmente, um cubo; e um bico, onde o pião se

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apóia, quando roda. Na parte central, em geral, aparecem quatro letras hebraicas: N G H P,
gravadas, desenhadas ou coladas.
Estas letras formam as iniciais da frase nes gadol haia po, um grande milagre
aconteceu aqui. No Brasil, ou em quaisquer países que não Israel, a letra pei inicial da
palavra po/aqui é substituída por shin – inicial da palavra sham/lá, referindo-se à distante
Israel e aludindo ao milagre que ocorreu no Templo Sagrado de Jerusalém, onde uma
lamparina, que seria suficiente para iluminar apenas durante um dia, durou oito dias.
Por seu formato, o sevivon simboliza a forma como D’us salvou os judeus
milagrosamente, fazendo uma comparação com a festa de Purim, em que o milagre foi
oculto:
O sevivon é segurado por cima, pois a salvação veio visualmente de cima, por meio
de milagres. Já o raashan (reco-reco) é segurado por baixo, já que a salvação veio por
milagres ocultos.
Em Chanuka, os gregos desejavam matar os judeus espiritualmente, proibindo o
cumprimento da Tora. Já, em Purim, Haman queria mata-los fsicamente, decretando o dia
do extermínio. Os Rabinos observaram um fato curioso, em relação às quatro letras
hebraicas usadas na diáspora: o valor numérico destas letras equivale a 358 (nun = 50,
guimel = 3, hei = 5 letras, shin = 300), coincidindo com o total da soma das letras da
palavra Mashiach5 (mem = 40, shin = 300, iud = 10 e chet = 8).
 O Deidel. Ao buscar novas estratégias para eternizar a cultura judaica, nossos
estudiosos perceberam a relação existente entre o brincar e o aprender, elegendo
o dreidel como brinquedo tradicional judaico e incumbindo-lhe sua principal
função: a de revelar dados significativos para a compreensão e a transmissão da
importância da “Luz”, por meio de um midrash, baseado na passagem histórica
relembrada durante a comemoração de Chanuka. Não foi encontrada nenhuma
referência da origem exata deste brinquedo, inicialmente criado para adultos
como jogo de azar. Sabe-se apenas que já era conhecido na Babilônia, Grécia
Antiga e Roma, o que sugere a possibilidade de os Chashmonaim o conhecerem
como um simples jogo, utilizado pelos gregos selêucidas durante a invasão.
Durante a Idade Média, foi adotado pelos franceses e, finalmente, foi vinculado à
cultura judaica na Alemanha.
No século 19, os rabinos alemães decidiram relacionar as iniciais às regras do jogo,
com o acróstico nes gadol haia sham, associando-o ao midrash e, finalmente, inserindo o
dreidel no universo infantil.
Seu formato é único e marcante, caracterizando-se por um pino que se encontra na
parte superior, diferenciando-o dos demais piões. Deve ser de tamanho reduzido e

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confeccionado com madeira, seguindo preceitos bíblicos específicos. O movimento de


rotação e o impulso proporcionam emoções ricas em significações, como jogar com o
próprio destino, pois tudo emana de uma mesma raiz. Existem vários estudos, de difícil
acesso, voltados aos aspectos místicos na Cabala.
 Brincadeiras. É costume antigo brincar com diferentes jogos durante Chanuka,
sendo o mais conhecido entre eles, o sevivon. Brinquedo difundido entre os povos
da antiguidade, o sevivon foi encontrado em forma de cubos, nas ruínas dos
babilônios, nos túmulos egípcios, nas escavações gregas e romanas, parecidos em
seu formato com o sevivon atual. Os sírios, no esforço de eliminar o judaísmo,
proibiram reuniões de estudo da Tora: os infratores seriam punidos com a pena de
morte. Para poderem continuar os estudos da Tora, os judeus resolveram fingir
que essas reuniões eram apenas lazer. Assim sendo, cada vez que um fiscal se
aproximava, eles se punham a girar o pião.

14.5. Mitzvot

Hadlakat nerot (acendimento das velas). Outro costume da festa de Chanuka é o


acendimento das velas na chanukia durante oito dias, e a recitação das brachot e entoação
de canções, que acompanham o ato de acendê-las.
A hadlakat nerot é realizada para rememorar o acendimento da menora do Beit
Hamikdash. A santificação das velas, como recordação do milagre do jarro, penetrou a
tradição religiosa do povo judeu de tal maneira que, logo após a hadlakat nerot,
acrescentamos a frase: “Estas velas são sagradas, e não temos a permissão para usá-las, e
sim somente para observá-las...”, descrevendo o acendimento das velas com o intuito de
propagar o milagre.
Outro motivo para o acendimento das velas é que sua luz simboliza a vitória do
espírito e a fé judaicas sobre os ídolos gregos.
Na realização da mitzva de hadlakat nerot, deve-se escolher um lugar próximo a um
local público, para a divulgação do milagre, tanto próximo à janela quanto à entrada da
casa, do lado esquerdo da porta. A chanukia deve ser posta no lado esquerdo da porta já
que a mezuza está no lado direito. Assim ambos os lados ficam envolvidos de mitzvot.
Na chanukia kshera, as velas deverão estar à altura dos olhos, nem muito altas, nem
muito baixas, deverão estar em uma fileira reta, e não em alturas diferentes. As velas
também deverão ter uma certa distância entre si, para que a chama de uma não se
aproxime demasiadamente à da outra. A hadlakat nerot deve iniciar-se depois do pôr-do-
sol, com o aparecimento das primeiras estrelas. As velas devem ser colocadas da direita
para a esquerda de quem olha para a chanukia. Acendemos o shamash e, com ele aceso na
mão direita, recitamos as brachot e iniciamos a hadlakat nerot, sempre da esquerda para a
direita, para que sempre acendamos, primeiro, a vela do dia.

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15 - TU BISHVAT
(A árvore na religião judaica).
Um laço baseado em um carinho e apreço especiais se reflete no conteúdo das fontes
literárias religiosas: na Bíblia, assim como no Talmud e nos midrashim. As Escrituras
proíbem expressamente o abate de árvores frutíferas, inclusive em tempos de sítio ou de
guerra, nos tempos que, baixo à tensão do perigo, nem sempre se é meticuloso no cuidado
de hábitos ou maneiras culturais e no controle dos instintos. Não somente a vida do
homem é importante no Judaísmo, como também a das árvores, especialmente aquelas
que dão frutos, já que servem à sobrevivência humana. A exceção reside em que, em
tempos de emergência, fica permitido o abate de árvores que não dão frutos. Podemos ver
que há um trato especial para as árvores, que foram especialmente contempladas na
legislação bíblica.

15.1. O Homem é Comparado à Árvore

Árvores frutíferas, sobre as quais a Tora tem tanto cuidado, têm sua comparação ao
homem frutífero, ou seja, aquele que não vive só para si, mas sim produz e providencia
alimento e sustentação para o próximo. O melhor protótipo deste é o professor, que tem o
mérito e a responsabilidade de ser uma árvore frutífera, de produzir frutos doces,
saudáveis, belos, e, principalmente, que contenham a semente que levará adiante esta
cadeia do conhecimento e conduta.
Tu Bishvat é, em Israel, o “aniversário” oficial das árvores, comemorado no décimo
quinto dia do mês de shvat. A data do ano novo das árvores foi designada por chachamenu
(nossos sábios) de Israel em Tu Bishvat, seguindo sua observação à natureza. Após
observar o clima e sua influência sobre a natureza, repararam que, em Israel, no mês de
shvat, chovia o maior volume, comparando à quantidade do ano inteiro, e que, nesta
época, as árvores, tendo absorvido a água das chuvas do ano anterior, começariam
novamente a florescer e a dar frutos.
Tu Bishvat é considerado o início do ano das árvores, pois é o ponto médio do
inverno em Israel: a força do frio diminui, a maioria das chuvas do ano já caiu e a seiva das
árvores começa a subir. Como resultado, os frutos começam a se formar. A fruta que já
estava madura antes de Tu Bishvat foi nutrida na estação chuvosa anterior.
O cálculo dos anos de uma árvore é necessário para a realização das diversas mitzvot
da Tora:
 maasrot – o dízimo dos frutos de cada ano;

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

 orlo – proibição de comer frutas de árvores nos três primeiros anos;


 revai – redenção dos frutos no quarto ano;
 shmita – o ano sabático.
Este dia possui um significado especial, pois o ser humano é comparado à árvore,
conforme escrito na Tora: “Pois o homem é como uma árvore no campo”.
A árvore está constantemente crescendo e, assim, devemos nós também crescer; a
árvore produz frutos e, assim, devemos também produzir frutos. Em Tu Bishvat, devemos
renovar nosso crescimento pessoal, assim como as árvores que começam a retirar
umidade da terra:
 raiz = em conexão à
 fonte = fé
 tronco, corpo principal = estudo e cumprimento da Tora
 fruto, o resultado = influência positiva.

15.2. Em Israel

Atualmente, no dia quinze do mês de shvat, celebra-se Tu Bishvat, o ano novo das
árvores, plantando árvores e comendo frutas típicas e tradicionais de Israel, evidenciando
a ligação íntima do povo judeu com a sua terra e seu profundo amor às árvores.
Com o começo do re-assentamento em Israel, esta festividade tornou-se a festa do
plantio da árvore, que simboliza a vontade do povo de se enraizar em sua terra.
Daí por diante, o plantio de árvores ficou sendo o motivo central desta festividade.
Como o plantio de árvores, em volta da maioria das escolas, já se completou, esta
festividade recebeu um significado adicional, comemorando, também, o Dia da
Preservação à Natureza, realizando o costume de sair e passear na natureza. Israel é um
dos poucos países que, neste começo do século 21, tem mais árvores do que no princípio
do século passado. Desde que foi plantada a primeira árvore no Bosque Ben Shemen, em
1908, os bosques cumpriram muitas funções na história de Israel. Primeiro, e sobretudo,
cuidar das terras nacionais, proporcionando ocupação a milhares de novos imigrantes que
trabalharam em obras de reflorestamento. Consequentemente, o bosque e a árvore,
passaram a simbolizar a volta à Terra de Israel.
A partir de 1949, após o surgimento do Estado de Israel, a Knesset - Parlamento de
Israel também comemora seu aniversário neste dia.

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15.3. Nomes da Festa

O significado do nome Tu Bishvat, na junção das letras (tet) e (vav), que têm valor
numérico 9 e 6, respectivamente, totalizando 15, e (Bishvat), que significa, “no mês de
shvat”. Daí, a comemoração acontecer no dia 15 do mês de shvat.
Rosh Hashana lailanot (Ano Novo das Árvores). Ano novo do dízimo de frutas das
árvores, e contagem de sua idade. Pelas diferentes maneiras de praticarem a festa,
atualmente, apresenta novos nomes, como:
 Chag Netiat Hailanot (Festa do Plantio da Árvore)
 ou Chag Hanetiot (Festa do Plantio).
 Chag Hashkedia (Festa da Amendoeira)
A origem deste nome vem da árvore da amêndoa (shaked, shkedia), e foi escolhido
por sua característica especial de ter frutos que se mostram esforçados e persistentes,
florescendo a cada ano com flores rosas ou brancas, até mesmo antes da época que as
outras árvores dão suas flores. Seu florescimento dura 10-14 dias apenas, mas seus frutos
amadurecem cinco meses mais tarde, no final do verão.
Iom Shmurat Hateva (Dia da Preservação à Natureza).

15.4. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

Tu Bishvat é celebrada, saboreando frutos. Costuma-se apreciar várias espécies de


frutas, algumas da nova estação, para poder recitar a bracha de shehechianu. É costume
comer, especificamente, dos frutos pelos quais Eretz Israel é enaltecida: os shivat
haminim.
A celebração cabalística de Tu Bishvat, originária de Tzfat, toma a forma de um seder,
similar ao seder de Pessach.
Certas frutas são ingeridas numa dada ordem. Segue abaixo a proposta de um guia
para o seder de Tu Bishvat:
1. Prepare uma mesa festiva com toalha, velas e flores;
2. Comece servindo bolo ou outro alimento saboroso que leve farinha, recitando a
bracha “bore minei mezonot”;
3. Sirva vinho ou suco de uva, após o bolo, com a “bracha bore pri hagafen”;

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4. Recite, em seguida, a bracha da fruta, “bore pri haetz”, saboreando, em primeiro


lugar, as frutas pelas quais Eretz Israel é enaltecida, ou o fruto de sua preferência,
seguidas pelos frutos, conforme a ordem dos 12 primeiros frutos, abaixo:
 chita (trigo) é a base de sustento, mas demanda trabalho para crescer, ser
colhido e processado. (seora, cevada, embora não incluída neste seder, é
uma das sete espécies pelas quais Israel é abençoada. Usada com
freqüência para alimentar animais, sua designação para o omer2 inspira
nossos esforços para subjugar os instintos animalescos).
 zait (azeitona) fornece o melhor shemen (óleo) quando o fruto é esmagado.
O azeite flutua sobre outros líquidos.
 tamar (tâmara) é freqüentemente uma metáfora para a retidão, pois a
tamareira é alta e frutífera. Ademais, a tamareira é resistível à mudança de
ventos, assim como o povo judeu.
 guefen (uva) pode ser transformada em diferentes tipos de alimentos
(passas) e bebidas (vinho); assim, também, cada judeu tem o potencial de
êxito em algum aspecto de Tora e cumprimento das mitzvot, e pode ser
especial à sua maneira.
 teena (figo) deve ser colhido assim que amadurece, pois logo estraga. Do
mesmo modo, devemos ser rápidos nas mitzvot à mão, antes que a
oportunidade se vá.
 rimon (romã) tem 613 sementes, coincidente ao número de mitzvot da
Tora. Tente contar! Mesmo o judeu menos cumpridor de mitzvot está
repleto de méritos, assim como uma romã cheia de sementes.
 etrog (fruta cítrica) é considerado extremamente belo e é importante à
época de Sukot. O etrog permanece na árvore durante todo o ano,
beneficiando-se de todas as estações, ensinando que o judeu deve ser
judeu durante o ano todo.
 tapuach (maçã) leva 50 dias para amadurecer. Também os judeus
amadureceram durante os 50 dias entre Pessach e Shavuot. Assim como a
macieira produz frutos antes das folhas, assim os judeus cumprem mitzvot,
sem o pré-requisito da compreensão, como disseram na outorga da Tora:
naasse venishma (“faremos” e, depois, “entenderemos, escutaremos”).
 egoz (noz) divide-se em quatro partes, correspondentes às letras do
tetragrama (do nome de D’us) e às quatro “rodas da Carruagem Divina”3.

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Como as nozes têm duas cascas, uma dura, outra mole, que devem ser
removidas, assim também devemos sofrer a circuncisão física e espiritual.
 shaked/shkedia (amêndoa) significa entusiasmo em servir a D’us, pois a
amendoeira é sempre a primeira a florescer. É por isso que o cajado de
Aharon fez brotar especificamente amêndoas.
 charuv/im (alfarroba) demora mais para crescer do que qualquer outra
fruta. Lembra-nos da necessidade de investirmos muitos anos no estudo da
Tora, para alcançarmos entendimento claro e valioso.
 agas/sim (pera(s)) de diferentes cepas ainda mantêm muita afinidade.
Ensinanos a importância da união.

15.5. Mitzvat Hanetia


O plantio de árvores, mitzvat hanetia, é a primeira mitzva ordenada a bnei Israel, ao
chegarem a Eretz Cnaan.
 Shmira al pri. A mitzva de proteger o fruto, shmira al pri, ao mesmo tempo que
proíbe arrancar ou destruir árvores, também proíbe abandoná-las até que
sequem.
 Mitzva lo taase. O mandamento proibitivo, mitzva lo taasse, nº 529 estabelece
que “Não destruirá árvores frutíferas”, em parashat Shoftim, cap. 20, versículos
19-20, sobre preservação da natureza. A Tora proíbe que se cortem árvores,
mesmo no intuito de sitiar uma cidade.
 Mitzva bal tashchit. A proibição de destruir, bal tashchit se estende, inclusive a
rasgar, queimar roupas, quebrar qualquer objeto sem necessidade, com a intenção
de evitar o desperdício. Essa mitzva tem, por finalidade, refinar nossa alma, no
sentido de valorizar o que é bom e útil e, assim, afastar a maldade e o estrago. É
este o caminho dos justos: amar, conseguir a paz, usufruir tudo o que Hashem
criou. Entristecem-se com a perda de algo mínimo, empregam todos os seus
esforços para salvá-lo do desperdício.

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16 - A FESTA DA ALEGRIA (PURIM)


“Também os judeus das cidades abertas, que habitavam as cidades sem muralhas,
fizeram do dia catorze do mês de adar, dia de alegria e de banquetes, e dia de festa e de
mandarem presentes de alimentos uns aos outros. Mordechai escreveu isto e enviou
cartas a todos os judeus que se encontravam em todas as províncias do Melech
Achashverosh, aos de perto e aos de longe. Ordenou-lhes que comemorassem o dia
catorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo, todos os anos.” (Meguilat Esther 9:19-
21).
A história de Purim encontra-se na Meguilat Esther, o livro de Esther, no Tanach. A
leitura desta faz parte da tradição da festa de Purim e pode ser ouvida, em cerimônia
festiva, na sinagoga e em demais comemorações coletivas. Esta festa é celebrada no
décimo quarto dia do mês de adar. Não se sabe exatamente a data dos fatos descritos na
Meguila. Há, ainda, a hipótese de ser uma história narrada com elementos típicos do
século 5 a E.C. na Pérsia.

16.1. O Aspecto Religioso


Precede a festa, um dia de jejum, chamado Taanit Esther (Jejum de Esther), como
recordação do perigo de vida que correram os judeus. O traço distintivo do ofício religioso
de Purim é a leitura de Meguilat Esther e a oração de agradecimento de Purim, pela
milagrosa derrota de Haman. Lê-se, também, o capítulo do Êxodo, que relata a luta contra
os amalequitas, pois Haman é citado como descendente daqueles inimigos de Israel.
Na sinagoga, desenrolamos a Meguila e a dobramos em quatro, imitando a carta que
Mordechai enviou a todas as províncias proclamando, pela primeira vez, a festa de Purim,
na Pérsia (Meguilat Esther – cap. 9, 28, vers. 9, 29). A partir do terceiro capítulo, sempre
que se anuncia o nome de Haman, as crianças tocam o raashan em sinal de indignação.
Mordechai convidou os judeus a darem esmola aos pobres e, hoje em dia, na véspera
de Purim, isto ainda este costume ainda é preservado.

16.2. Em Israel

Comemora-se esta festa, realçando a alegria de Purim. As crianças se fantasiam tanto


como as personagens da Meguilat Esther, como outras personagens cômicas, palhaços e
personagens de histórias atuais do universo infantil. Promove-se os costumes de enviar
mishloach manot entre as famílias e nas escolas, e de presentear pessoas carentes.

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No jardim-de-infância costuma-se realizar desfiles de fantasia – a Adloiada, e cada


cidade organiza este tipo de evento em sua rua principal que se veste de maneira festiva
especialmente para a comemoração.

16.3. Nome da Festa

 Chag Purim. Vem da palavra pur, do hebraico, que significa “sorteio”, pois, por
sorteio, Haman escolheu o dia em que o povo judeu seria aniquilado.

16.4. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

 Raashan. É um instrumento sonoro (reco-reco) utilizado na Sinagoga durante a


leitura da Meguilat Esther. Toda vez que o leitor pronuncia o nome de Haman,
aquele que tramou contra os judeus, o instrumento é tocado. A idéia deste
costume é a de apagar simbolicamente Haman da nossa memória, através do
barulho dos raashanim.
 Mishloach Manot. É um dos costumes de Purim e está baseado no texto da
Meguilat Ester.
Uma das mitzvot de Purim, quando enviam-se manot (porções) de alimentos como
presente aos amigos no decorrer do dia de Purim, enfatizando o mérito da união e
amizade judaica.
 Meguilat Esther. O rolo de Esther, com a história de Purim.
 Kriat Hameguila. É costume/mitzva ler e/ou ouvir a leitura da Meguilat Esther,
contando a história de Purim. Deve-se ouvir atentamente a leitura da Meguila na
noite de Purim, e uma vez mais no decorrer do dia de Purim. O leitor recita três
bênçãos e os ouvintes respondem amen para cada uma.
 Oznei Haman. Preparar, comer e enviar - oznei Haman - doce feito no formato de
um triângulo (“a orelha de Haman”) recheada com geléia.
 Matanot laevionim. “Presentes aos pobres”. Uma vez que todos, ricos e pobres
igualmente, foram salvos do perigo mortal, Mordechai desejava assegurar que
mesmo o pobre tivesse os meios para fazer uma comemoração nessa festa.
Portanto, ele ordenou que fosse dada caridade, de modo que todos os judeus,
independente de sua posição financeira, pudessem celebrar Purim com alegria.
 Seudat Purim – Mishte. Participar de uma ceia festiva. Faz-se uma refeição que
deve conter pão e carne (sem recitar o Kidush), para celebrar o espírito da festa de
Purim, com familiares e amigos reunidos. Inicia-se a refeição ainda durante o dia.

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Como parte das comemorações, bebe-se vinho para comemorar a vitória da


sobrevivência do povo judeu. Este costume aparece em alguns momentos na
Meguila, como quando Esther foi coroada rainha e houve uma festa regada a
vinho.
 Usar fantasias. Faz parte do espírito da festa usar fantasias, máscaras ou
simplesmente um adereço engraçado, como nariz ou dentes postiços. Em Purim,
vale tudo em termos de fantasias. É costume fantasiar-se em lembrança à
transformação da aniquilação em salvamento. Atualmente, muitas crianças
fantasiam-se de palhaços para simbolizar a alegria da festa.
A história de Purim nos transporta para um mundo de reis e rainhas. Usar coroas e
cetros faz com que possamos nos sentir como o “Melech Achashverosh” (o Rei) a “Malka
Vashti” ou “Esther” (a Rainha).
 Adloiada. Costume atual de realizar um desfile com fantasias, baseado no
costume de beber vinho ad lo iada ou seja, estar em tal estado de êxtase após
beber o vinho, que já nem se lembre de mais nada.
 Taanit Esther (jejum de Esther). Tal qual nos relata a Meguilat Esther, no dia em
que o Povo de Israel deveria ser aniquilado pelos seus inimigos, isto é, no dia 13 do
mês de adar, os judeus conseguiram sua salvação vencendo o adversário. É por
isso que o dia 13 de adar foi declarado como sendo o dia do jejum, em memória da
petição que a Rainha Esther conseguiu para o povo.

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17 - PÁSCOA (PESSACH)
Pessach, vem de passach – saltar, pular, lembrando a passagem de D’us sobre as
casas dos judeus no Egito, poupandoos das pragas que lançou sobre os egípcios. Pessach é
uma festa ligada à formação do povo de Israel - de “bnei Israel”, tornamo-nos “am Israel”,
tendo à frente o líder Moisés. Um dos valores característicos de Pessach, importante
ressaltar, é o valor da liberdade para um grupo de pessoas que vivia sob o jugo do Faraó no
Egito, e que continua sendo atual, valor tanto particular como universal.
A festa de Pessach – celebrada por 8 dias, quando fora de Israel, e 7, em Israel –
possui, como ponto central, a realização do seder, jantar especial que, pela simbologia,
conta toda a história da escravidão e da conquista da liberdade. A realização do seder; que
significa ordem, é um jantar que segue uma ordem determinada, contando a história da
saída do povo judeu do Egito, atende à máxima da hagada, “vehigadeta levincha” – “e
contarás ao seu filho”. As crianças têm papel importante e cabe a elas a realização das
kushiot, as perguntas que constam da Hagada.
Apesar do seder ser geralmente longo, se comparado a outras refeições familiares,
vários costumes realizados neste fazem com que as crianças fiquem atentas e não
durmam: mostrando e abençoando os alimentos simbólicos da keara de Pessach, bebendo
os quatro copos de vinho, separando mais um para Eliahu Hanavi, entoando canções
alegres, procurando o afikoman, escondido durante o seder e lendo nas hagadot,
geralmente ilustradas e coloridas.

17.1. Em Israel
Pessach em Israel, acontece na estação da primavera, já que a festa é comemorada
no mês de nissan. Saímos do Egito, em nissan - é esta a estação do ano, que traz a
renovação e o renascimento das flores, combinando com o renascimento de um povo, que
sai da escravidão para a liberdade. Este é o mês que abre a temporada agrícola em Israel,
acentuando a ligação do homem com a terra, do povo judeu com a terra de Israel e do
povo judeu com D’us.

17.2. Nomes da Festa

 Chag HaPessach. Nome principal, usual e freqüente, vem do hebraico e quer


dizer ‘pulou, passou’, pois D’us “passou” pelas casas dos judeus no Egito, para que
não morressem seus primogênitos, uma das dez pragas do Egito (Shmot, capítulo
XII, versículo 23).

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 Chag Haaviv. A festa da primavera.


 Chag Hamatzot. A festa das matzot, ou pães ázimos, único alimento dos judeus,
ao saírem do Egito.
 Chag Hacherut. A festa da liberdade.

17.3. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

 Matza/ot. Pão ázimo, confeccionado sem levedura, que se come durante a


semana na qual se comemora a festa de Pessach, como lembrança à massa que
não fermentou quando os judeus saíram, com pressa, do Egito.
 Hagada shel Pessach. O livro que conta a história da saída do Egito, pelos mais
velhos às crianças, durante o seder de Pessach, com recitações em coro, canções e
trechos para serem declamados por crianças e adultos.
 Leil hasseder (noite a celebração de Pessach). Ponto culminante da celebração
de Pessach, inclui a leitura da Hagada, que se traduz na narração da escravidão e
do Êxodo de Egito, contada pelos membros da família e pelos convidados ao redor
da mesa festiva. Neste seder, realizado na primeira noite de Pessach em Israel e
nas duas primeiras noites de Pessach fora de Israel, a família se reúne para
saborear os alimentos tradicionais da festa, adequados ao trecho da história que
está sendo contado. É mitzva recitar no seder as três palavras: Pessach, matza e
maror.
 Kearat haPessach. Bandeja, prato especial, com lugares designados para os
alimentos simbólicos de Pessach, que a compõem: charosset, maror, zroa, beitza,
karpas, chazeret, cada qual com seu significado e ligação a Pessach. Kearat
haPessach tornou-se, com o passar dos anos, um objeto onde a arte judaica se
pode manifestar, expressando o encontro entre os motivos judaicos típicos da
festa com a expressão artística do artesão/ artista, que usou materiais e
instrumentos que se achavam à sua volta.
 Afikoman. O maior pedaço da matza, que fica no meio das três matzot colocadas
juntas, e que representam a junção das tribos do povo judeu: Cohen, Levi e Israel.
Outra explicação para as três matzot lembra os patriarcas Avraham, Itzchak e
Iaakov, aludindo às mitzvot de hospitalidade (hachnassat orchim), como está
descrito no episódio de Avraham, com os três visitantes que vieram anunciar a
gravidez de sua esposa (Bereshit, 18:6).
É costume esconder o afikoman, para as crianças o procurarem, fazendo-as ficarem
acordadas durante o longo seder. Ao final, costuma-se também presenteá-las. É

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costume/mitzva não comermos mais nada após o afikoman, para ficarmos com o gosto
deste na boca.
 Arba kossot. São os quatro copos de vinho, bebidos durante o seder. Muitas são
as explicações para os arba kossot, entre elas, as quatro expressões de “redenção”,
mencionadas na Tora, com relação à saída do povo judeu de Egito, ou os méritos
de bnei Israel no Egito, que mantiveram seus nomes hebraicos, permaneceram
leais a D’us, falaram a língua hebraica e levaram uma vida moral.
 Kos Eliahu Hanavi. É costume tradicional de Pessach, num determinado
momento do seder, encher um copo de vinho para o profeta Eliahu. Abre-se a
porta, para que ele possa entrar, simbolizando, com este costume, a chegada de
uma nova era de paz e compreensão entre os povos.
 Kushiot. São as perguntas feitas na canção Ma nishtana, que consta da Hagada,
constituída de perguntas retóricas, cantadas pelas crianças e respondidas, em
coro, pelos participantes no seder de Pessach, cumprindo, assim, o costume de
contar, para as crianças, a história da saída de Egito.
 Egozim. Brincar com egozim (nozes) é um costume antigo, que remonta aos
tempos de Rabi Akiva.
 Bdikat e biur chametz. É a verificação do chametz por toda a casa e pertences
pessoais, buscando por todo produto fermentado, na noite anterior a Pessach
(salvo se for Shabat, quando é antecipada para a noite anterior), pois este tipo de
alimento (cujos ingredientes sejam grãos de trigo, centeio, cevada e aveia e,
portanto, sujeitos a um processo de fermentação ao entrarem em contato com a
água) é proibido durante a festa.
É costume espalhar dez pedaços de pão seco, embrulhados, em diferentes lugares da
casa para serem achados durante a vistoria, à luz de vela. Na manhã anterior a Pessach,
após às 9h30, não mais é permitido comer chametz, e sua posse é proibida após às 10h30.
O que for encontrado deve ser embrulhado e isolado para ser queimado na manhã
seguinte. Alimentos usados durante o ano e não kasherizados devem ser guardados em
armários trancados e, por procuração entregue a um Rabino, devem ser vendidos a um
não judeu, caso não tenham sido queimados. Antes da busca recita-se a bracha: Baruch
Ata Ad-nai Elokenu melech haolam, asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al biur chametz.
Quando a busca estiver terminada recita-se: “Todo fermento ou qualquer produto
fermentado em meu poder que não vi ou removi, e de que não tenho consciência, seja
considerado sem valor e sem dono, como o pó da terra.”
Durante a semana de Pessach, troca-se o pão, que é chametz pela matza, que é
kasher lePessach, e apenas comem-se alimentos kasher lePessach.
 Maot chitim. Antigo costume de contribuir com dinheiro para, posteriormente,
ser distribuído entre os pobres, para que pudessem comprar matzot e outros
alimentos necessários para Pessach.

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18 - DIA DA INDEPENDÊNCIA (IOM


HAATZMAUT)
“Alce agora seus olhos, e olhe desde o lugar onde você está, para o norte, e para o
sul, oriente e ocidente; porque toda a terra que vê, a você darei e à sua semente, para
sempre.” (Bereshit 13:14,15).
“E dar-lhe-ei, e à sua semente depois de você, a terra das suas peregrinações, toda a
terra de Canaã para possessão perpétua; e serei para ela (sua semente) o seu D’us.”
(Bereshit 17:8).
“E agora, levante-se, atravesse este Jordão, você e todo este povo, para ir à terra que
Eu lhes dou, aos bnei Israel. Todo o lugar que pisar a planta do seu pé, vô-lo tenha dado,
como disse a Moshe. Desde o deserto e este Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda
a terra dos hititas, e até o grande mar, do lado do poente do sol, será seu termo.”
(Iehoshua 1: 2-4).
Iom Haatzmaut, ou Dia da Independência, ocorrido no dia 5 de iar de 1948, é a festa
nacional do povo judeu. É o dia, no qual foi declarado o estabelecimento de Medinat
Israel, o Estado de Israel. Por isso, é a mais jovem das festas.

18.1. O Aspecto Religioso

A oração pela paz em Israel.


Nos primeiros dias da fundação do Estado de Israel, alguns rabinos importantes da
época se reuniram e, juntos, elaboraram uma versão de reza para a paz no país. Várias
sugestões foram dadas por intelectuais, entre eles, o escritor Shai Agnon. A versão
escolhida foi incluída nas rezas contidas no Sidur “Rinat Israel” e é usada em algumas
comunidades.

18.2. Em Israel

Iom Haatzmaut tem significado muito especial para todo o povo judeu, mas,
principalmente, para os israelenses. Por esta razão, este é o único feriado nacional em
Israel. Nos primeiros anos da fundação do Estado, a principal atração era a parada militar e
o desfile das diversas divisões de Tzahal (acróstico hebraico para Tzva Hagana LeIsrael,
Exército de Defesa de Israel), realizada nas grandes cidades, para exibição dos novos
equipamentos militares.

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122
HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Atualmente, apenas apresentam-se a aeronáutica, em exibição aérea festiva nos céus


de Israel, e a marinha, em demonstração ao longo da costa israelense. Também estão
abertas todas as bases do Tzahal para visitação.
Iom Haatzmaut inicia-se na noite de 5 de iar, com a cerimônia de encerramento de
Iom Hazikaron (Dia da Recordação). Esta é realizada no pátio do túmulo do Biniamin Zeev
Herzl, o visionário do Estado de Israel, em Har Herzl, o Monte Herzl em Jerusalém. São
acesas 12 tochas, para expressar as conquistas do Estado e de seus cidadãos, nos diversos
campos de cultura. A bandeira é hasteada no topo do mastro e uma demonstração de
fogos de artifício encerra este evento.
Na noite de Iom Haatzmaut, os israelenses costumam festejar nas ruas. Nos centros
das grandes cidades, são montados palcos para apresentações artísticas de canções e
danças israelenses. Durante o dia, são realizados vários eventos importantes, como o
Concurso Mundial de Tanach, a distribuição de prêmios para os soldados que se
destacaram, realizada pelo Presidente do Estado, e a comemoração de reconhecimento
aos cidadãos que mais se destacaram, em conquistas nas áreas social, cultural e das
ciências. A maioria dos israelenses aproveita este dia para passeios, piqueniques e
churrascos ao ar livre.

18.3. Nomes da Festa


A origem do nome Iom Haatzmaut está ligada à independência. Iom, significa dia. Já,
atzmaut vem do shoresh (radical de três letras, típico em línguas semitas). que, em
português significa pessoa independente, autônoma, livre e que não depende da ajuda dos
outros. Daí, temos a idéia de país independente, que não está politicamente subordinado a
outro. A independência surge da força interna e externa do povo e da capacidade de se
manter autônomo.

18.4. Símbolos e Motivos

 Deguel Israel. O grande líder, Biniamin Zeev Herzl, inspirou o povo judeu para a
criação de um deguel, a bandeira nacional, como qualquer nação livre possui.
Sugeriu que fosse branca, representando uma vida nova e limpa, livre de
perseguições e, sobre ela, sete estrelas douradas, que representariam as sete
horas de trabalho diário, pois acreditava que, somente pelo trabalho,
conquistaríamos novamente a nossa pátria.
Já seu parceiro, David Wolfsohn, sugeriu que o deguel fosse branco com duas faixas
azuis, inspiradas no desenho do talit (tipo de xale retangular que envolve os ombros dos
homens durante as rezas na sinagoga), que protegeria a nova nação judaica. No centro,

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

propôs um maguen David (literalmente, o Escudo de David, mas que traduzimos por
Estrela de David), na cor azul. Na Cabala, o maguen David tem um significado muito forte e
profundo, sobre a ligação entre D’us e Seu povo.
Algumas fontes dizem que este símbolo aparecia gravado no escudo do Rei David. É
interessante notar que a letra grega delta (equivalente ao dalet, em hebraico) se parece
com um triângulo Δ e o nome de David apresenta tal letra duas vezes. Ficou, então,
estabelecido que tal maguen integraria o deguel, por simbolizar a vitória de David sobre
Golias, o “fraco” contra o “forte”, ou de poucos contra muitos. A partir do século 19, o
maguen David aparece como símbolo judaico principal, em batei knesset, cemitérios e
locais públicos judaicos.
O deguel simboliza a união do povo. O fundo branco simboliza a vida nova e pura, o
shalom e a harmonia em Israel. As duas listras azuis podem também simbolizar os dois
lados do Iam Suf, o Mar Vermelho.
É o símbolo oficial principal do país, sendo hasteado em edifícios governamentais em
Israel, representações de Israel no exterior, embarcações marítimas e aéreas que
atravessam as fronteiras de Israel, nas cidades, em eventos e festas e em cerimônias
oficiais. A bandeira é hasteado no topo do mastro diariamente, exceto em dias de
recordação e luto, nos quais é baixado a meio mastro.
 Semel hamedina. O semel hamedina, emblema oficial do Estado de Israel é uma
menora (candelabro de 7 braços), ladeada por dois anfei zait (ramos de oliveira).
Sob eles, está escrito “Israel”. Aparece em todos os documentos governamentais
oficiais, tais como carteira de identidade ou passaporte.
A menora do símbolo nacional nos remete à menora de ouro do mishkan
(tabernáculo) e, mais tarde, do Beit Hamikdash que foi, por muitas gerações, o símbolo da
existência do povo judeu. A menora do Segundo Grande Templo, ou mais provavelmente
uma de suas réplicas, foi levada por Tito, imperador romano, para sua capital, Roma. Lá,
esta cena está gravada na pedra superior das ruínas do “Arco de Tito”.
Segundo a Cabala, a menora é comparada à árvore da vida. Seus sete braços
simbolizam os sete dias da criação e as sete emoções do nosso coração, a saber, amor e
benevolência, justiça e disciplina, harmonia e bom senso, durabilidade e constância,
humildade e esplendor, união e fundamento, liderança. A menora de sete braços tem a
sua forma muito parecida com uma planta, conhecida na antigüidade pelo nome moria.
O profeta Zacarias, em sua 5a visão, descreve a menora veanfei zait: “Vejo um
candelabro de ouro e, em cima dele, um vaso para azeite; há sete lamparinas no
candelabro, e há sete tubos por onde o azeite chega até as lamparinas. Perto do
candelabro, vejo duas oliveiras, uma de cada lado.

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Perguntei, então, ao anjo: - Meu senhor, o que quer dizer isto?


- Você não sabe? – ele perguntou. Então, explicou: - As sete lamparinas representam
os sete olhos do D’us Eterno, que tudo vêem, tudo o que se passa no mundo. E os dois
ramos de oliveira representam os dois homens que foram escolhidos e ungidos para
servirem o Senhor no mundo inteiro”.
Os anfei zait (galhos de oliveira) são lembrados na Tora (Bereshit 8, 11), na história do
dilúvio, onde está escrito que a pomba retornou para o Aron Hakodesh trazendo, em seu
bico, um anaf zait, representando que as águas haviam baixado e que a paz reinava
novamente sobre a terra. Desde então, a oliveira representa o anseio de Israel pela paz. O
óleo era utilizado para acender as lamparinas da menora no mishkan e no Beit Hamikdash.
Posteriormente, foi também utilizado para ungir os reis de Israel e seus sacerdotes.
 Hachrazat Haatzmaut e Meguilat Haatzmaut. Numa sexta feira, 5 de iar de
1948, no dia em que expiraria o mandato britânico sobre a Palestina, reuniram-se,
no Museu de Tel Aviv, os representantes do conselho nacional e representantes do
movimento sionista e declararam o estabelecimento de Medinat Israel em Eretz
Israel (Terra de Israel). Este texto é conhecido como Hachrazat Haatzmaut, a
Declaração da Independência, escrita na meguilat haatzmaut (rolo).
 Himnon. O hino nacional de Israel, o Hatikva (a esperança), foi escrito pelo poeta
Naftali Hertz Imber, em 1878, na Romênia. Há quem afirme que foi alguns anos
depois, quando ele já morava em Israel. O himnon foi escrito, originalmente, como
himnon do movimento sionista com várias estrofes, mas só duas foram aceitas
como hino nacional. A melodia teve influência do hino polonês. Hatikva representa
o anseio e a esperança do povo judeu por sua volta a Tzion (Sião, outro nome
atribuído a Jerusalém).
O vocábulo hino, de origem grega, significa canção de cunho nacionalista ou religioso.
É geralmente entoado em ocasiões solenes, como ao hastear o deguel, representando a
fidelidade das pessoas a uma causa comum.
 Lag Baomer. Lag Baomer é o trigésimo terceiro dia da contagem do omer. A
contagem dos quarenta e nove dias, que começa no 2º dia de Pessach e termina
em Shavuot, é denominada sfirat haomer, ou seja, a contagem do omer. A
primeira contagem realizada por nosso povo ocorreu na saída do Egito, sendo
motivada pela forte ansiedade com que esperavam para receber a Tora.
 Bar Kochva. A revolta de Bar Kochva, que comandando um grupo de jovens
judeus, conseguiu libertar Jerusalém do jugo do imperador Adriano. Os romanos
porém acabaram derrotando o líder judeu e seus homens.

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18.5. O Aspecto Religioso

Atualmente, contamos estes dias como preparação para recebermos, ‘novamente’, a


Tora. Por que o trigésimo terceiro dia (Lag) do omer foi ressaltado? Na época após a
destruição do 2o Beit Hamikdash, aconteceu algo trágico em meio à sfira, associado ao
Rabi Akiva e seus discípulos. O famoso Rabi Akiva contava com 24.000 alunos. Por uma
série de razões, discutiam e não viviam em harmonia, não se respeitando mutuamente.
Então, uma praga espalhou-se durante os dias da sfira e muitos deles morreram. Bnei
Israel lamentaram a perda de tantos sábios, mas, no trigésimo terceiro dia do omer (aos 18
de iar), a praga se dissipou. Este dia, portanto, tornou-se festivo. Nas sete semanas de
sfirat haomer, são proibidas atividades alegres, tais como casamentos, escutar música,
entre outras, exceto em Lag Baomer, quando voltam a ser permitidas.
Neste dia, lembramos também de Rabi Shimon Bar Iochai, um dos discípulos de Rabi
Akiva, que ficou escondido dos romanos numa caverna, por treze anos, estudando Tora.
Autor da obra sagrada denominada Zohar, que nos revela muitos segredos da Tora, este
Rabi faleceu em Lag Baomer. Sabendo que sua missão neste mundo já estava terminada,
pediu que este dia fosse celebrado com muita alegria. Muitas velas são acesas nas
sinagogas e costuma-se acender uma grande fogueira, em sua homenagem. As crianças
são levadas a passeios pelos bosques e campos, para brincarem com arcos e flechas de
madeira, lembrando a época em que os alunos do Rabi Akiva saíam aos campos,
aparentemente para jogos e brincadeiras, para poderem estudar a Tora em paz, longe dos
romanos. Desta maneira, Lag Baomer tornouse um dia em memória de Rabi Shimon Bar
Iochai.

18.6. Em Israel

Atualmente, costumam-se fazer passeios por bosques, florestas ou campo e brincar


com arco e flecha, festejando-se em volta da fogueira.
Em Meron (que fica na Galiléia, ao norte de Israel), local onde Rabi Shimon Bar Iochai
foi sepultado junto a seu filho Rabi Elazar, milhares de pessoas alegram-se ali com
extraordinário entusiasmo no estudo da Tora, nas rezas, na dança e no canto, que se
elevam aos céus, e com acender de tochas cujas chamas são visíveis à grande distância. Os
pais trazem seus filhos, que na proximidade desta data completam três anos de idade,
para cortarem seus cabelos pela primeira vez ali, iniciando-os assim, na educação judaica
formal.

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18.7. Nomes da Festa

O nome do chag Lag Baomer explica-se pela contagem do omer são os quarenta e
nove dias contados, a partir do 2º dia de Pessach, quando se trazia a oferenda do omer ao
Beit Hamikdash, até Shavuot, quando da entrega da Tora.

18.8. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

 Medura. Costumamos acender uma grande medura (fogueira), em lembrança ao


Rabi Shimon Bar Iochai, por ter sido um grande rabino, que iluminou o mundo com
suas explicações sobre a Tora.
 Chetz vakeshet. Para despistar os romanos, a criança saía com seu chetz
vakeshet, arco e flecha, como se fosse brincar na floresta, ao invés de estudar
Tora, assim como os discípulos de Rabi Akiva.
 Meara. Devido ao fato do grande discípulo de Rabi Akiva, Rabi Shimon Bar Iochai e
seu filho Rabi Elazar terem ficado estudando a Tora, escondidos dos romanos,
numa meara, caverna, por 13 anos, esta permanece como um símbolo do chag.
 Charuvim e Maaian. D’us operou um milagre colocando uma árvore de charuvim
(alfarroba) e um maaian (fonte) d’água, diante da caverna, para que Rabi Shimon
Bar Iochai e seu filho saciassem sua fome e sede, durante os anos em que
permaneceram ali.
 Ahavat Israel. Conforme mencionado anteriormente, os alunos de Rabi Akiva não
viviam em harmonia, não se respeitando mutuamente. Para relembrar a peste que
sofreram, e explicar a importância de vivermos em harmonia, enfatizase o valor,
tão pregado por Rabi Akiva, de Ahavat Israel, ou seja, o amor ao próximo.
 Valorização da Tora. Podemos aprender, da história de Rabi Akiva e de Rachel,
sua esposa, o quão importante é abdicar de valores materiais para estudarmos a
Tora. Aprendemos de Rabi Akiva, que mesmo com quarenta anos de idade, não se
inibiu de aprender Tora com crianças pequenas.

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AULA
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19 - FESTA DAS SEMANAS, OU DAS


PRIMÍCIAS (SHAVUOT)
“Sete semanas contará para você; desde que a foice cortar o omer, começará a
contar sete semanas. E fará a festa das semanas ao Eterno, seu D’us; o que puder dar de
sua mão, dará, como o houver abençoado o Eterno, seu D’us. E alegrarse-á diante do
Eterno, seu D’us, você e seu filho, e sua filha, e seu servo, e sua serva, e o Levita que está
nas suas cidades, e o peregrino, e o órfão, e a viúva, que está no meio de si, no lugar que
escolher o Eterno, seu D’us, para ali fazer habitar o Seu Nome. E recordar-se-á que servo
foi no Egito; e guardará e fará estes estatutos” (Deuteronômio 16:9 -12).
Chag HaShavuot surgiu como uma celebração da colheita da chita (trigo); os pães
eram levados como sacrifício ao Beit Hamikdash, simbolizando o início da colheita.
A importância dada ao alimento cotidiano é universal em todos os credos, o povo
judeu destaca este acontecimento com muita ênfase. O povo de Israel recebeu a
imposição de celebrar o Chag HaShavuot quando ainda estava no deserto, em terras
estranhas, quando ainda sentiam em suas bocas o gosto amargo da escravidão.
E, no Har Sinai (Monte Sinai), ao receber as Leis, escuta como deverá se comportar na
colheita dos cereais em sua Terra, após nela estabelecer-se. Como antes, terá que
sacrificar-se e, somente depois, começar a colheita. Ao plantar e ao colher, lembrar-se-á
dos anos de escravidão, para que as gerações vindouras saibam e sintam por si próprias a
pobreza e o exílio, pois assim vivia o povo judeu no passado.
A alegria do chag provém, antes de tudo, da ajuda e de Ahavat Israel. Tanto o pobre
como o rico têm direito ao pri haadama, o fruto da terra. A bendição da terra é natural e se
estende tanto sobre aqueles que possuem mais, como aqueles que são obrigados a colher
no campo dos outros. O conteúdo de Meguilat Ruth, o Livro de Ruth, que é lido nos Batei
Knesset em Shavuot, refere-se ao período das colheitas e destaca Ahavat Israel, conforme
a conduta de Boaz com Ruth, pobre e estrangeira.
Shavuot e a colheita do trigo estão relacionadas a Eretz Israel e ao Beit Hamikdash.
Mesmo depois da destruição do Beit Hamikdash e impossibilitados de realizar sacrifícios, a
festividade segue sendo celebrada com alegria e devoção. Em Shavuot, 50 dias após o
êxodo do Egito, bnei Israel encontram-se junto ao har Sinai e recebem o texto da Tora das
mãos de Moshe Rabenu.
Atualmente, os ornamentos colocados no Beit Haknesset, durante os festejos,
acrescentam ao lugar uma nota de alegria e satisfação. As flores e o verde agregam beleza
e colorido à alegria dos participantes nas tfilot.

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19.1. O Aspecto Religioso

Shavuot é observada pelos ortodoxos com estudos religiosos e, em Ierushalaim, por


uma concentração maciça de fiéis no Kotel Hamaaravi.
Nas sinagogas, na véspera do primeiro dia, são lidos trechos da Tora e de outros
livros do Tanach. Na manhã seguinte, a leitura do poema Akdamot transmite a idéia da
revelação do har Sinai. Na manhã do segundo dia, é lida a Meguilat Ruth, sendo a história
de Ruth, de Moav, uma das mais bonitas de toda a literatura do Tanach.
Descreve a amizade, o amor e a dedicação de duas mulheres – Ruth e Naomi. Exalta a
lealdade - lealdade à própria família, que planta, nos seres humanos, a semente da
confiança, da fé e da lealdade que uns têm nos outros, crescendo, assim, a sólida lealdade
do homem para com D’us. Enquanto viverem, os homens vibrarão com as palavras de
Ruth, a viúva do filho de Naomi:
Não me instes para que a deixe, e volte e não a siga; Porque aonde quer que vá, irei
eu; Onde quer que pouses, pousarei eu; O seu povo será o meu povo, E o seu D’us, o meu
D’us.
A história de Ruth é ainda mais encantadora, porque apresenta vivo contraste com os
tempestuosos tempos dos Shoftim, Juízes, durante os quais se passa – tempos tão
obscurecidos com guerras e feitos cruéis. Houve anos, porém, naquele período, em que os
judeus não estavam empenhados em guerras, quando colhiam (segavam) nos campos e
trabalhavam em suas aldeias. O povo simples muitas vezes passava fome e aflição, e sofria
com a separação das famílias, e até com a morte. Sem fé ou lealdade mútuas que os
sustentassem, a vida lhes teria sido muito mais difícil. Além disso, os ricos auxiliavam aos
pobres. deixando os cantos dos campos e tudo o que caía das mãos dos segadores, para os
pobres, isto é, para que eles respigassem (o direito de respigar era ditado por lei bíblica).
A história de Ruth, repleta de paz e de beleza, se passa em Eretz Israel. Há nela o
doce calor da terra, podemos “ver” o trigo e os cereais em campos ondulantes, e ouvir o
canto dos respigadores que manejavam as foices. Meguilat Ruth relembra os velhos
tempos do nosso povo e alguns de seus costumes. No final, conta como David, o rei maior
de Israel, descende da adorável Ruth, a moabita.

19.2. Em Israel
A colheita em Eretz Israel começava com a da seora (cevada), no segundo dia de
Pessach e, findos os 49 dias da contagem do omer, entre Pessach e Shavuot, a chita (trigo)
já está madura para a colheita, e é chegado Chag haShavuot.

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

Com a volta dos judeus à Eretz Israel, reiniciou-se a tradição de que crianças de todos
os cantos de Israel ofereciam os bikurim, primícias de frutas e verduras do solo, à KKL1, em
Ierushalaim. As crianças chegavam com seus cestos repletos de frutos da terra, como
símbolo dos bikurim e como identificação do povo com as tradições antigas e o desejo de
mantê-las vivas. Em muitos países fora de Medinat Israel, este desejo de continuar a
tradição dos bikurim também acontece, e os frutos são distribuídos entre os mais
necessitados.
Em Israel atualmente, a festa de Shavuot readquiriu seu caráter de festa campestre.
Como nos tempos bíblicos, muitas crianças chegam com seus cestos repletos de frutos,
como símbolo dos bikurim levados a Ierushalaim, e como identificação do povo com as
tradições antigas e o desejo de mantê-las vivas. Em Ierushalaim, oferecem-nas ao KKL.
Nos kibutzim, Shavuot marca o auge da colheita de cereais e o amadurecimento das
primeiras frutas nos campos, inclusive dos shivat haminim mencionados no Tanach (chita,
seora, guefen, teena, rimon, zait, tamar).
Em muitos kibutzim, realizam-se grandes cerimônias de bikurim, que incluem
exposições de máquinas agrícolas, e amostras da colheita do campo e, inclusive, os pais
apresentam as crianças que nasceram no último ano.
Em muitos jardins-de-infância, atualmente, trocam-se cestos de bikurim, além de
realizarem o costume de oferecer cestos a alguma instituição para idosos.

19.3. Nomes da Festa

 Chag HaShavuot. Festa das semanas, que conclui o período de sete semanas
desde o segundo dia de Pessach, a partir do qual procedemos com sfirat haomer.
Assinala o começo da colheita do trigo.
 Chag HaBikurim. O vocábulo bikur(im) compartilha seu radical com bechor, que,
como vimos em Pessach, significa primogênito. É a festa da oferenda das primícias,
ou primeiras frutas que, na Antiguidade, eram levados de todos os cantos da Terra
Prometida, ao Beit Hamikdash, com grande pompa e alegria.
 Zman Matan Toratenu ou Chag Matan Tora. Festa da entrega das leis (Tora),
relembrando a entrega solene dos Dez Mandamentos a Moshe e o pacto feito com
bnei Israel.
 Chag HaKatzir. Este nome nos faz entender este chag como a festa da colheita
(da chita). O início da colheita era assinalado por este chag, que representava o
agradecimento pela dádiva da terra e, portanto, é também a festa do pão.

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 Pentecostes. Palavra grega que, significando qüinquagésimo, e adequa-se para


Shavuot, pois, então, celebramos o 50º dia após o início de sfirat haomer, já
mencionado na primeira noite de Pessach.

19.4. Símbolos e Motivos, Usos e Costumes

Shivat haminim. Costuma-se dizer que a Terra Prometida foi abençoada com os
shivat haminim de frutas do campo e das vinhas, que representam a base da alimentação
do homem, a saber:
 chita - trigo, cereal, cujo cultivo é antiqüíssimo, serve como elemento básico da
alimentação humana. Afirma-se que é originário do Oriente Médio. Seu plantio foi
intenso na Antiguidade, assim como o é na Israel moderna.
 seora - a cevada, assim como o trigo, também pode ser considerada um dos
cereais mais antigos conhecidos pelo homem. Na Antiguidade, como nos dias de
hoje, era plantada em todos as regiões de Eretz Israel.
 guefen - uva, encontrada na Antiguidade e descrita na literatura, junto com seu
produto primeiro, o vinho. A cultura da uva praticada antes da conquista de Cnaan,
foi uma das bases agrícolas daquela época. Os membros da 1ª alia, imigração para
Israel, renovaram sua cultura em Eretz Israel.
 teena - figo, fruta antiqüíssima, encontrada na Arábia Meridional, trazida por
tribos nômades até o Mediterrâneo e, de lá, levada ao ocidente pelos fenícios.
Nossos antepassados encontraram o figo como cultura mantida nos tempos da
dispersão e foi retomada com a volta do povo a Eretz Israel.
 rimon - romã, fruto de origem persa, antiqüíssima, encontrada pelos hebreus
como cultura, em Cnaan. Muitas regiões e localidades da Antiguidade receberam o
nome de romã.
 zait - azeitona, quando os hebreus chegaram a Cnaan a encontraram em larga
escala. O rico óleo dela extraído foi uma das bases alimentares daquela época.
Como referência a ela, Eretz Israel denominou-se Eretz shemen zait, a terra do
óleo de oliva.
 tamar - tâmara, fruta encontrada nas regiões do Mediterrâneo assim como nas
regiões desérticas, onde serve, até hoje, como base alimentar. Na Israel moderna,
a tâmara está sendo plantada em maior escala.

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19.5. Asseret Hadibrot, os Dez Mandamentos, e Seu Valor


Universal

As Leis Divinas não existem apenas para os judeus, depositários da Tora, mas para
muitos povos, nas escolas, nos templos e igrejas onde se lê a Bíblia e se cantam os Tehilim,
Salmos, em louvor a D’us. As Leis estão vivas nas grandes constituições fundadas sobre os
pilares da justiça e da igualdade proclamados no har Sinai e adotados pela humanidade
civilizada; vivem na literatura universal e nas mais famosas obras de arte. Em todo o
mundo, os Dez Mandamentos têm encontrado ressonância e se têm imposto como
fundamento moral. Bnei Israel festejam Shavuot com orgulho, porque se sentem
mensageiros dos sábios Ensinamentos Divinos e herdeiro dos Livro Sagrado, a Tora.
As palavras “Asher bachar banu mikol haamim venatan lanu et Torato” significam que
D’us nos escolheu entre todos os povos e nos deu a Tora. Estas palavras, pronunciadas na
bendição da Tora no Beit Haknesset, não representam expressão de vaidade, mas sim uma
recordação, renovada anualmente, de sua missão espiritual: a de salvaguardar, pelos
séculos, esse tesouro de ética e sabedoria, que foi confiado ao povo judeu, ao pé do Har
Sinai.
 Comer derivados de leite. Este costume é realizado, para enfatizar o que foi
descrito no Shir Hashirim, Cântico dos Cânticos, escrito pelo melech Shlomo, onde
diz que Tora é tão doce como o mel e tão nutritiva como o leite, em “mel e leite há
sob sua língua”. Portanto, na celebração do dia do recebimento da Tora, nos lares,
costuma-se preparar comidas especiais à base de leite e adoçadas com mel. Outra
razão deste cardápio lácteo é que se supõe que, no dia da entrega da Tora, bnei
Israel voltaram extremamente cansados ao acampamento e, incapazes de
preparar uma refeição formal, tomaram de qualquer prato de leite e queijo,
comida típica entre pastores, e dele se alimentaram.
Acredita-se ainda que foi neste dia que bnei Israel ouviram, pela primeira vez, as leis
da kashrut e, como não tiveram tempo de preparar comidas kasher de carne, prepararam
comidas de leite, cujo preparo é mais fácil e rápido. É costume, também, comer os shivat
haminim, além de usá-los para receitas culinárias, típicas do chag, como pão, bolos,
levivot, biscoitos, salada-de-frutas, pudins e mingaus.
 Cestos. Em muitas escolas judaicas do mundo todo, as crianças preparam cestos
com frutas e legumes, coroas de flores e relembram, por meio de canções, danças
e dramatizações a alia bareguel, peregrinação, e a entrega de bikurim, assim como
nossos antepassados traziam para Jerusalém, ao Beit Hamikdash.

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19.6. Mitzvot

 Kriat Meguilat Ruth. É costume ler quatro capítulos da Meguilat Ruth, em


Shavuot, antes mesmo de ler a Tora, pois acredita-se que esta data marca também
o dia da morte do rei David. No começo da Meguila, é contada a história dos
antepassados de David, que pertence à família da qual, acredita-se, descenderá o
Mashiach, o ungido (escolhido) ou Messias.
 Tikun leil Shavuot. No recebimento da Tora, conta-se que Moshe deve ter
conduzido bnei Israel por três dias, antes do dia em que isto realmente aconteceu.
Após grandes preparativos para o importante evento, como Moshe não aparecia, o
povo ficou indiferente. Para “consertar”, simbolicamente, a indiferença mostrada
por bnei Israel, que ficou esperando pela volta de Moshe portando a Tora,
costuma-se ficar acordado, durante toda a noite anterior e a noite de Shavuot,
para estudar a Tora, lendo o Tikun leil Shavuot, que é uma compilação do Tanach,
da Mishna e do Talmud.
 Espirrar água. Este costume é realizado em comunidades que vieram ao Oriente
Médio, quando as pessoas espirram água umas às outras, relembrando que a Tora
é comparada à água: maim chaim - água que representa a vida.
 Introdução da Criança no Estudo da Tora. Em comunidades originárias da
Europa Oriental, realiza-se tal costume em forma de cerimônia: quando o menino
completa cinco anos, seu pai o leva para o Beit Haknesset, em Chag Matan Tora, e
o entrega ao rabino, que lhe mostra um pergaminho com as primeiras letras do
alfabeto, alef-beit. O rabino lê para a criança as letras de frente para trás e de trás
para a frente, espalhando mel por sobre as letras, para a criança provar e sentir
que as palavras da Tora são doces como o mel. Para encerrar, é também costume
comer o bolo do har Sinai, bolo de mel com amêndoas e passas. As crianças que
aprenderam a ler começam, neste dia, a estudar o chumash, Pentateuco, ou os 5
primeiros livros do Tanach.
 Ouvir a Leitura das Asseret Hadibrot. A Revelação no har Sinai foi uma
experiência profunda que inspirou reverência. Todo o Universo, dizem nossos
sábios, tremeu com o forte som do toque do shofar. Trovões e relâmpagos
cruzaram os céus. De repente, o silêncio. Para que se torne concreta para as
crianças a importância deste acontecimento, a escolha do povo, a escolha do local
e do tempo, sendo que nosso objetivo é que a criança sinta a ligação e a
pertinência a bnei Israel e sua cultura, podemos usar alguns comentários que
foram escritos por nossos sábios, z” (zichronam livracha, de abençoada memória):
a situação era tão emocionante que o mundo todo: seres vivos, o mar, o vento e os

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HISTÓRIA E CULTURA JUDAICA

anjos ficaram estagnados, paralisados. E, no meio do silêncio absoluto, ouviram-se


vozes e raios e um som de shofar muito alto. Naquele instante, foram entregues
por Moshe Rabenu, que havia escalado a montanha, as Asseret Hadibrot, que são
os princípios da nossa religião.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BRIGHT, John. História de Israel. 3ª EDIÇÃO. São Paulo: Edições Paulinas, 1978.

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

DONNER, Herbert. História de Israel e dos Países Vizinhos. VOLUME 1. Rio Grandes
do Sul: SINODAL, 2010.

DONNER, Herbert. História de Israel e dos Países Vizinhos. VOLUME 2. Rio Grandes
do Sul: SINODAL, 2014.

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