Você está na página 1de 84

2.

Lógica proposicional clássica

2.1 Formalização em linguagem


lógica proposicional
•.TESE,
Lógica proposicional
ARGUMENTO, clássica
VALIDADE, VERDADE E SOLIDEZ
Lógica proposicional

Domínio da lógica matemática, lógica simbólica


ou, ainda, lógica clássica criado nos finais
do século XIX por G. Boole e G. Frege.
BOOLE 1815-1864
Estuda as formas proposicionais geradas por cinco Matemático inglês
conectivas, ou operadores verofuncionais
de formação de frases
Estuda os argumentos dedutivos cuja validade depende
exclusivamente da relação entre formas proposicionais
simples ou compostas FREGE 1848-1925
Matemático alemão
Usa uma linguagem própria – linguagem proposicional
O estudo da lógica põe ao
dispor do Homem um
conjunto de padrões de
raciocínio e de técnicas
argumentativas que
tornam mais eficazes as
suas capacidades
intelectuais.
Garantir a correção formal do Clarificar e analisar o
raciocínio e a coerência do discurso pensamento e a linguagem

A utilidade
da lógica

Definir os conceitos, coordenar as


noções, obter conclusões Assegurar a eficácia
formalmente seguras, evitar
sofismas e ambiguidades, detetar
demonstrativa do
erros no desenvolvimento da pensamento
argumentação
Na lógica proposicional ignora-se o conteúdo específico
e atende-se às operações lógicas existentes.

Cada proposição elementar ou simples que constitui


um argumento é representada pelas letras P, Q, R, e
assim sucessivamente, a que se chamam variáveis
proposicionais.

O seu significado é fixado por meio de um dicionário


que estabelece a correspondência entre cada letra ou
variável proposicional e a proposição simples ou
elementar específica que esta representa
PROPOSIÇÃO

Pensamento ou conteúdo expresso por uma frase declarativa, suscetível de


ser considerada verdadeira ou falsa.

As proposições têm valor de verdade.

Simples ou elementares Complexas ou compostas

São proposições em que São proposições em que


não estão presentes está presente um operador
quaisquer operadores. ou mais do que um.

Exemplos Exemplos
As casas são brancas. As casas são amarelas. As casas são brancas ou as casas são amarelas.
Gertrudes é arquiteta. Paulo é engenheiro. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.
Deus existe. O mundo foi criado por Deus. Se Deus existe, então o mundo foi criado por ele.
Eu sou jogador de futebol. Eu não sou jogador de futebol.
Proposições

Simples Complexas

O seu valor de verdade


O seu valor de verdade
depende do valor de
depende do facto de elas
verdade das proposições
estarem ou não de acordo
simples e dos operadores
com a realidade.
utilizados.

Gertrudes é arquiteta. Paulo é engenheiro. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.

verdadeira falsa falsa

Gertrudes é arquiteta ou Paulo é engenheiro.

verdadeira
As proposições simples ou elementares são aquelas
proposições que não têm qualquer conectiva
proposicional (“se… então”, “e”, “ou”, “não”, entre
outras).

Por exemplo, considerando a seguinte condicional:

“Se Deus existe, então não há mal no


mundo”
Podemos construir um dicionário em que
P representa a proposição elementar
“Deus existe”
e Q representa “Há mal no mundo”.

Tendo em conta o dicionário e abstraindo-nos do


conteúdo da proposição, constatámos que a
condicional em consideração tem a seguinte
forma lógica:

“Se P, então não Q”.


•Conectivas proposicionais

Além dessas variáveis proposicionais, nesta lógica


existem também conectivas proposicionais que são
expressões que se adicionam a proposições de
modo a formarem- -se novas proposições.
Na condicional em análise,

“Se Deus existe, então não há mal no mundo.”,


encontramos dois operadores ou conectivas
proposicionais:

o “se… então” (condicional)


e o “não” (negação).
As conectivas proposicionais são verofuncionais quando o
valor de verdade da proposição mais complexa é
determinado apenas pelos valores de verdade das
proposições que a compõem.

Por exemplo, a negação, habitualmente expressa em


português pela palavra “não”, é uma conetiva verofuncional,
pois o valor de verdade da proposição

“O João não é benfiquista”

é determinado pelo valor de verdade da proposição simples


ou elementar por meio da qual esta é composta, a saber, a
proposição “O João é benfiquista”.
Se esta última for verdadeira, a primeira será falsa, e vice-
versa.
Contudo, o mesmo não se verifica com a
conectiva “Tenho medo que…”, pois o valor de
verdade da proposição “Tenho medo que o João
seja benfiquista” não depende apenas do valor de
verdade da proposição simples ou elementar a
partir da qual esta é composta.

Saber que a proposição “O João é benfiquista” é


verdadeira (ou falsa) não me permite, por si só,
determinar o valor de verdade da proposição
composta apresentada.
OPERADORES VEROFUNCIONAIS

Assim, as conectivas usadas na lógica proposicional são apenas


as seguintes conectivas verofuncionais:

Símbolo Leitura Formas proposicionais


 não Negação
 e Conjunção
Constantes
lógicas  ou Disjunção
→ se..., então Condicional
↔ se, e só se Bicondicional
Âmbito das conectivas

Na lógica proposicional também se utilizam os


parêntesis “(…)”, pois são necessários para agrupar, à
. semelhança do que acontece na matemática.
Assim, cada conectiva proposicional binária terá
parêntesis.

Por exemplo, sendo P a abreviação da proposição


simples “Deus existe” e Q a abreviação de “há mal no
mundo”, a proposição complexa “Deus existe e há mal
no mundo” é traduzida como :

(P Ʌ Q).
A. Se não é verdade que a vida tem sentido, então Deus
existe.

B. .Não é verdade que se a vida tem sentido, então Deus


existe.

Na proposição (A) a negação só afeta a antecedente da


condicional, sendo que a conectiva da condicional opera
sobre toda a proposição; por isso a condicional neste
caso é a conectiva de maior âmbito.

Esta proposição diz-nos que a antecedente da condicional é


falsa e a consequente é verdadeira, por isso a
formulação de (A) é a seguinte:
(¬P → Q)
Enquanto na proposição (B) a conectiva da
negação não opera apenas sobre a
.antecedente mas sobre toda a condicional.

Neste caso o operador com maior âmbito é


a negação.

Esta proposição diz-nos que a condicional é


falsa; assim, tem a seguinte formulação
lógica:

B. ¬ (P → Q)
Do mesmo modo, é diferente afirmar (C)
. e (D):

C. Deus existe, e se a vida tem sentido


então há entrega ativa a projetos com
valor.

D. Se Deus existe e a vida tem sentido,


então há entrega ativa a projetos com
valor.
A proposição (C) afirma que é verdade que Deus
existe,
. e que, caso seja verdade que a vida tem
sentido, então também será verdade que há
entrega ativa a projetos de valor.

A conectiva com maior âmbito é a conjunção.


A formulação lógica é:

C. (P Ʌ (Q → R))
Na proposição (D) já não se afirma que é
verdade que Deus existe, mas sim que se for
.
verdade que Deus existe e a vida tem sentido,
então também será verdade que há entrega
ativa a projetos de valor.

A conectiva com maior âmbito é a condicional.


A formulação lógica é:

D. ((P Ʌ Q) → R)
•Prática de formalização

Para a formalização de argumentos em linguagem


.
lógica, para além dos símbolos e noções básicas que
vimos, pode utilizar-se o símbolo de conclusão ∴ para
substituir o “logo” ou o indicador de conclusão.

Para a prática de formalização em lógica proposicional


clássica considere-se o seguinte argumento:

(1) Se Deus existe, então não há mal no mundo.


(2) Mas há mal no mundo.
(3) Logo, Deus não existe.
Formalização

Para formalizar o argumento começa-se por construir o


seguinte
. dicionário:

P = Deus existe.
Q = Há mal no mundo.

Tendo em conta o dicionário, o argumento tem a forma


lógica que se segue:

(P → ¬Q), Q ∴ ¬P
•Funções de verdade e Tabelas de verdade

Um argumento em que a variável proposicional “P” é uma


tradução para “Deus existe” e “Q” é uma tradução para “Há
mal. no mundo”.

Cada uma destas proposições elementares pode ser


verdadeira ou falsa.
Portanto, verdadeiro ou falso são os valores de verdade de
qualquer proposição.
Por uma questão de simplicidade utilizemos “V” para o
verdadeiro e “F” para o falso.

Ora, como “P” e “Q” representam duas proposições


elementares, temos quatro possíveis combinações dos seus
respetivos valores de verdade:
P Q

V V Ambas são verdadeiras

V F Só P é verdadeira

F V Só Q é verdadeira

F F Ambas são falsas


Fazer estas várias combinações possíveis de valores de
verdade é o primeiro passo para construir tabelas de
verdade.
.
Estas tabelas são diagramas lógicos que listam todas as
possíveis combinações de valores de verdade para cada
variável proposicional presente numa determinada
fórmula proposicional mostrando-nos, além disso, se
essas fórmulas proposicionais são verdadeiras ou falsas
em cada uma das possíveis combinações de valores de
verdade.
Para facilitar a construção das tabelas de verdade é
importante sabermos as funções de verdade de cada
uma das conectivas proposicionais.
Conectivas proposicionais Funções de verdade

Negação Inverte o valor de verdade.

Conjunção Só é verdadeira se as proposições


. elementares que a compõem forem
ambas verdadeiras.

Disjunção inclusiva Só é falsa se as proposições elementares que a


compõem forem ambas falsas.
Disjunção exclusiva Só é verdadeira quando uma proposição
elementar é verdadeira e a outra falsa e
vice-versa.
Condicional Só é falsa se a antecedente for verdadeira e a
consequente for falsa.

Bicondicional Só é verdadeira se os seus dois lados


tiverem o mesmo valor de verdade.
Negação
Com estes princípios já conseguimos formar as tabelas de verdade que
representam as várias conectivas proposicionais:

Regra: A negação de uma frase tem o valor de verdade oposto ao da


frase de partida.
Dupla negação
P ¬P ¬¬P

V F V
F V F
Conjunção
Regra: A conjunção é verdadeira se, e apenas se, as
proposições que a compõem forem ambas verdadeiras.

P Q (P Ʌ Q)
V V V
V F F
F V F
F F F
Disjunção inclusiva
Regra: A disjunção inclusiva só é falsa se, e apenas se, as
proposições que a compõem forem ambas falsas.

P Q (P V Q)
V V V
V F V
F V V
F F F
Disjunção exclusiva
Regra: A disjunção exclusiva só é falsa se, e apenas se, as duas
proposições que a compõem tiverem o mesmo valor de verdade.

P Q (P V Q)
V V F
V F V
F V V
F F F
•Funções de verdade e Tabelas de verdade

Disjunção exclusiva
Uma disjunção exclusiva é verdadeira se, e só se, apenas uma
das suas frases disjuntas for verdadeira.
•Funções de verdade e Tabelas de verdade

Disjunção exclusiva
Uma disjunção exclusiva é verdadeira se, e só se, apenas uma
das suas frases disjuntas for verdadeira.
Regra: Uma proposição condicional é falsa se, e apenas se, a
antecedente (condição) for verdadeira e a consequente falsa.

P Q (P → Q)
V V V
V F F
F V V
F F V
O que são condições
suficientes? E condições
necessárias?
P→Q

Condição suficiente Condição necessária

Tudo o que é P é Q,
Tudo o que é P é Q mas nem tudo o que é
Q é P.
P→Q

Condição Condição
suficiente necessária

Estou em
Estou em Portugal.
Santarém.
Bicondicional ↔

Regra: Uma proposição bicondicional é verdadeira quando P e Q tiverem


os mesmos valores de verdade e falsa nos demais casos.

P Q (P ↔Q)
V V V
V F F
F V F
F F V
P↔Q

Condição suficiente Condição suficiente


e necessária e necessária

P e Q coincidem Tudo o que é P é Q


exatamente. tudo o que é Q é P.
P↔Q

Condição suficiente Condição suficiente


e necessária e necessária

É H2O. É água.
Depois na penúltima variável alterna “V” e “F” em grupos de dois,
seguidamente para a antepenúltima em grupos de quatro e assim por
diante até completar as combinações de valores de verdade das
variáveis. Como nos seguintes exemplos:
OPERADORES VEROFUNCIONAIS

.
Símbolo Leitura Formas proposicionais
 não Negação
 e Conjunção
Constantes
lógicas  ou Disjunção
→ se..., então Condicional
↔ se, e só se Bicondicional
Forma lógica Exemplos
P Não P. Deus não existe.
PQ P e Q. Deus existe e a vida tem sentido.
.
PQ P ou Q. Deus existe ou a vida tem sentido.
P→Q Se P, então Q. Se Deus existe, então a vida tem sentido.
P↔Q P se, e só se, Q. Deus existe se, e só se, a vida tiver sentido.

Operador singular,
Aplica-se apenas a uma proposição. «Não».
unário ou monádico

Operador binário ou «E», «ou», «se...,


Aplica-se a duas proposições.
diádico então», «se, e só se».
As tabelas de verdade
As tabelas de verdade constituem diagramas lógicos, com as
condições de verdade, que permitem avaliar formas
proposicionais compostas ou complexas.
.
Temos uma tautologia ou verdade lógica quando a fórmula
proposicional tem o valor “V” em todas as possíveis combinações de
valores de verdade.
Portanto, as tautologias são fórmulas proposicionais verdadeiras em
todas as possíveis circunstâncias.
Por outro lado, temos uma contradição ou falsidade lógica quando
a fórmula proposicional tem o valor “F” em todas as possíveis
combinações de valores de verdade.
Assim, as contradições são fórmulas proposicionais falsas em todas
as possíveis circunstâncias.

Caso a fórmula proposicional tenha o valor “V” nalgumas


circunstâncias e o valor “F” nas outras circunstâncias, então é
classificada como contingente.
•Valor de verdade de proposições compostas

Tautologias ou
verdades lógicas

. Fórmulas proposicionais que são sempre verdadeiras, qualquer que seja o


valor de verdade das proposições simples que as constituem.

Exemplo Forma lógica

Se acendo e apago a luz,


(P  Q) → P
então acendo a luz.

P Q (P  Q) → P
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V
•Valor de verdade de proposições compostas

Contradições ou
falsidades lógicas

Fórmulas
. proposicionais que são sempre falsas, independentemente do valor
de verdade das proposições simples que as compõem.

Exemplo Forma lógica

Não penso ou não sonho se, e


( P   Q) ↔ (P  Q)
só se, penso e sonho.

P Q ( P   Q) ↔ (P  Q)
V V F F F F V
V F F V V F F
F V V V F F F
F F V V V F F
•Valor de verdade de proposições compostas
Contingências ou proposições indeterminadas

Fórmulas proposicionais que tanto podem ser verdadeiras como falsas,


consoante os valores lógicos das proposições simples que as compõem.

. Exemplo Forma lógica

Se passeio ou corro, então


(P  Q) → R
mantenho a saúde.

P Q R (P  Q) → R

V V V V V
V V F V F
V F V V V
V F F V F
F V V V V
F V F V F
F F V F V
F F F F V
Denominam-se contingentes as
fórmulas que tenham o valor V em
pelo menos uma circunstância e,
simultaneamente, o valor F em pelo
menos uma circunstância.
Operações Lógicas e Tabelas de Verdade

P Q R
[ (P V ( Q ^ R )]  (¬ R  P)
V V V V V V F V
V V F V F V V V
V F V V F V F V
V F F V F V V V
F V V V V V F V
F V F F F V V F
F F V F F V F V
F F F F F V V F
(2) (1) (5) (3) (4)
.
•Funções de verdade e Tabelas de verdade

Negação Tabela de verdade

P: Portugal é um país asiático. Tabela que apresenta as diversas condições


de verdade de uma forma proposicional
específica, permitindo determinar de modo
 P (Não
. P) mecânico a sua verdade ou falsidade.
Portugal não é um país asiático.
A tabela de verdade exibe os valores de
Expressões verdade possíveis da(s) proposição(ões) e os
alternativas valores de verdade resultantes das operações
efetuadas.
Não é verdade que Portugal é um país asiático.
É falso que Portugal seja um país asiático.
É errado afirmar que Portugal é um país asiático. Tabela de verdade da
negação

A negação é uma proposição com a


P P
forma «Não P», representando-se por
« P». Se P é verdadeira,  P é falsa;
V F
Coluna de referência
se P é falsa,  P é verdadeira. F V
A negação de uma negação (ou dupla Primeira parte Segunda parte
negação) – que se representa por «  P» Sendo o operador da negação o único operador
– equivale a uma afirmação. unário, só haverá duas filas na tabela.
•Funções de verdade e Tabelas de verdade
Tabela de verdade da conjunção
Conjunção
P Q PQ
P: A vida é enigmática.
Q: A morte é enigmática. V V V
. V F F
P  Q (P e Q) F V F
A vida é enigmática e a morte é F F F
enigmática.
Sendo o operador da conjunção, à semelhança dos
que estudaremos a seguir, um operador binário,
Expressões haverá na tabela quatro condições de verdade.
alternativas
A vida é enigmática e a morte também o é. A conjunção é uma proposição com a
A vida e a morte são enigmáticas. forma «P e Q», simbolizando-se por
A vida é enigmática, mas a morte é-o igualmente. «P  Q», a qual é verdadeira se as
Quer a vida quer a morte são enigmáticas.. proposições conectadas – que
também se chamam «proposições
conjuntas» – forem verdadeiras e é
falsa desde que pelo menos uma
dessas proposições seja falsa.
•Funções de verdade e Tabelas de verdade
P: Descartes era racionalista. Tabela de verdade da

Disjuntas
Disjunção
Q: Locke era empirista. disjunção inclusiva
inclusiva
P Q PQ
P  Q (P ou Q) V V V
. Descartes era racionalista ou V F V
Locke era empirista. F V V
F F F
A disjunção inclusiva é uma proposição com a forma «P ou Q», simbolizando-se por «P  Q», a qual será
sempre verdadeira, exceto quando P e Q forem simultaneamente falsas.

Tabela de verdade da
Disjunção P: Vou ao cinema. disjunção exclusiva
exclusiva Q: Fico em casa. P Q PQ
V V F
P  Q (Ou P ou Q)
V F V
Ou vou ao cinema ou fico em F V V
casa. F F F
A disjunção exclusiva é uma proposição com a forma «Ou P ou Q», simbolizando-se por «P  Q», a qual é
verdadeira se P e Q possuem valores lógicos distintos e falsa se P e Q possuem o mesmo valor lógico.
•Funções de verdade e Tabelas de verdade
Tabela de verdade da
Condicional P: Marco golos. condicional
(implicação Q: Sou desportista.
P Q P→Q
material)
P → Q (Se P, então Q) V V V
. Se marco golos, então sou V F F
desportista. F V V
F F V
Expressões
Antecedente É uma condição suficiente
alternativas
(P) para o consequente.
Sou desportista, se marco golos.
Sou desportista, caso marque golos. Consequente É uma condição necessária
Desde que eu marque golos, sou desportista. (Q) para o antecedente.
Ser desportista é condição necessária para eu
A condicional é uma proposição
marcar golos.
composta com a forma «Se P, então
Marcar golos é condição suficiente para eu ser
Q», simbolizando-se por «P → Q», a
desportista.
qual só é falsa se P – o antecedente –
Se marco golos, sou desportista.
é verdadeira e Q – o consequente – é
Não sou desportista, a menos que marque golos.
falsa. Em todas as restantes
 
situações, a nova proposição é
verdadeira.
•Funções de verdade e Tabelas de verdade

Tabela de verdade da
Bicondicional P: Sou escritor. bicondicional
(equivalência Q: Publico livros.
material) P Q P↔Q
.
P ↔ Q (Se, e só se) V V V
Sou escritor se, e só se, publico V F F
livros. F V F
F F V

Expressões
alternativas
Sou escritor se, e somente se, publico livros. A bicondicional é uma proposição
Sou escritor se, e apenas se, publico livros. composta com a forma «P se, e só se,
Publicar livros é condição necessária e suficiente Q», simbolizando-se por «P ↔ Q», a
para eu ser escritor. qual é verdadeira se ambas as
Se sou escritor, publico livros e vice-versa. proposições tiverem o mesmo valor
lógico e falsa se as proposições
  tiverem valores lógicos distintos.
Operadores Verofuncionais

Formas proposicionais e operadores verofuncionais


Proposições
.
simples
Disjunção
Negação Conjunção Condicional Bicondicional
inclusiva exclusiva

P Q P Q PQ PQ PQ P→Q P↔Q


V V F F V V F V V
V F F V F V V F F
F V V F F V V V F
F F V V F F F V V
•Teste da validade: Inspetor de circunstâncias

Até aqui temos feito tabelas de verdade para fórmulas


proposicionais isoladas.
Contudo, um argumento tem sempre pelo menos duas
fórmulas – uma premissa e uma conclusão.

Assim, para determinar a validade de formas argumentativas


recorremos a um inspetor de circunstâncias que consiste num
dispositivo gráfico com uma sequência de tabelas de verdade
justapostas, exibindo o valor de verdade de cada uma das
premissas e da conclusão em todas as circunstâncias possíveis.

Se existir pelo menos uma circunstância em que todas as


premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, então o
argumento é inválido.
Indicadores de Premissas e de Conclusão
Alguns indicadores de premissa Alguns indicadores de conclusão
Porque… Logo…
Pois… Então…
Admitindo que… Por conseguinte…
Pressupondo que… Portanto…
Considerando que… Por isso…
Partindo do princípio de que… Consequentemente…
Sabendo que… Segue-se que…
Dado que… Infere-se que…
Uma vez que… Conclui-se que…
Devido a… É por essa razão que…
Como… Daí que…
Ora… Assim…
Em virtude de… Isso prova que…
Tradução e avaliação de argumentos

Argumento 2
Se há pobreza extrema, então não há dignidade
humana. Há dignidade humana. Logo, não há
pobreza extrema.
Tradução e avaliação de argumentos
Tradução e avaliação de argumentos
P
Q
P∧Q
V
P Q P → ¬Q Q ∴ ¬P
V
V V V F
V
F
F
V F V
F
V F V F
F
F
F
F F V
F
Tradução e avaliação de argumentos

P Q P → ¬Q Q ∴ ¬P
P
Q
P∧Q
V
V V F F
V F V V
V
V
V
F
F

F V V F
F
V
F
F
F
F
F F V V
Tradução e avaliação de argumentos
P
Q
P∧Q
V
P Q P → ¬Q Q ∴ ¬P
V
V V V F F V F
V
F
F
V F V V F F
F
V F V V F V V
F
F
F
F F V V F V
F
Tradução e avaliação de argumentos
P
Q
P∧Q P Q P → ¬Q Q ∴ ¬P
V
V
V V V F F V F
V
F
F
V F V V F F
F
V F V V F V V
F
F
F
F F V V F V
F
Trata-se de um argumento válido, pois
na única circunstância em que as
premissas são todas verdadeiras, a
conclusão também o é.
•Inspetores de circunstâncias
Inspetores de
Argumento Interpretação Formalização
circunstâncias
Se sou português,
então sou conhecedor
Num inspetor de P: Sou português. P→Q
de Camões.
.
circunstâncias, um Sou português.
Q: Sou conhecedor de P
argumento válido será Camões. Q
Logo, sou conhecedor
aquele no qual não de Camões.
existe nenhuma linha
que torne todas as Nota: Em vez do símbolo , também poderemos usar o símbolo ,
premissas verdadeiras que se designa por «martelo semântico». Ambos se leem «Logo»,
e a conclusão falsa. um indicador de conclusão.

Premissa 1 Premissa 2 Conclusão

P Q P → Q, P Q A primeira linha exprime a única


circunstância em que ambas as
V V V V V premissas são verdadeiras.
Ora, dado que tal circunstância
V F F V F também torna a conclusão
F V V F V verdadeira, o argumento é
F F V F F considerado válido.
•AVALIAR a validade dos ARGUMENTOS
Argumento Interpretação Formalização

(P) (Q)
Se corro, então sinto-
P→Q
. me bem. P: Corro.
Q
Sinto-me bem. (Q) Q: Sinto-me bem.
P
Logo, corro.(P)

Premissa 1 Premissa 2 Conclusão


A primeira e a terceira linhas
P Q P → Q, Q P exprimem as únicas
circunstâncias em que ambas as
premissas são verdadeiras.
V V V V V Contudo, se na primeira linha a
V F F F V circunstância torna a conclusão
F V V V F verdadeira, já na terceira linha a
F F V F F circunstância em causa torna a
conclusão falsa.
O argumento é, por isso,
inválido.
Argumento Interpretação Formalização
Se leio, aumento a minha
P: Leio.
inteligência.
Q: Aumento a minha P→Q
Se aumento a minha inteligência,
inteligência. Q→R
aumento a minha autoestima.
. se leio, aumento R: Aumento a minha P→R
Logo,
autoestima.
a minha autoestima.

Premissa 1 Premissa 2 Conclusão

P Q R P → Q, Q→R P→R

V V V V V V Estamos perante um
V V F V F F argumento válido, pois nas
V F V F V V circunstâncias em que
V F F F V F ambas as premissas são
F V V V V V verdadeiras, a conclusão
F V F V F V também o é.
F F V V V V
F F F V V V
•Aplicação da lógica para avaliar argumentos filosóficos

Em filosofia as várias teorias que procuram dar resposta aos


problemas filosóficos existentes são sustentadas por
argumentos. Se a teoria for fundamentada com bons
.
argumentos, então torna-se plausível aceitá-la.

Mas como é que sabemos se um certo argumento é bom ou


mau? No caso de estarmos perante um argumento dedutivo
(isto é, um argumento em que se pretende que a verdade
da(s) premissa(s) seja suficiente para garantir ou estabelecer
a verdade da conclusão), o primeiro passo é analisar se ele é
dedutivamente válido, ou seja, procura-se examinar se a
estrutura ou forma do argumento é correta, se a conclusão
do argumento é uma consequência lógica das premissas.
Por isso é importante saber avaliar os argumentos.
Nas Meditações e depois de tentar provar que
existia (“eu penso, logo existo”), Descartes tenta
argumentar
.
que Deus existe.

O argumento de Descartes pode ser resumido


desta forma:

Se a existência é uma perfeição e Deus por


definição tem todas as perfeições, então Deus por
definição tem de existir. Ora, a existência é uma
perfeição. Além disso, é verdade que Deus tem por
definição todas as perfeições. Portanto, Deus por
definição tem de existir.
Primeiro, é necessário representar canonicamente o
argumento, deixando claro quais são as premissas e
qual
.
é a conclusão:

(1) Se a existência é uma perfeição e Deus por definição


tem todas as perfeições então Deus por definição tem
de existir.
(2) A existência é uma perfeição.
(3) Deus tem por definição todas as perfeições.
(4) Logo, Deus por definição tem de existir.
Segundo, é preciso fazer a interpretação ou construir o
dicionário que capte de modo adequado as proposições
elementares
.
presentes no argumento:

P = A existência é uma perfeição.


Q = Deus por definição tem todas as perfeições.
R = Deus por definição tem de existir.
Terceiro, com este dicionário já é possível
. formalizar o argumento na linguagem da
lógica proposicional clássica:

(P Ʌ Q) → R), P, Q ∴ R
Quarto, o passo seguinte é construir um inspetor de
circunstâncias:
.
(P Ʌ Q) → R), P, Q ∴ R
Quinto, por último resta fazer a análise do inspetor de
circunstância para determinar se o argumento é válido ou
inválido.
.
O argumento que se está a examinar é válido, pois
não existe qualquer circunstância (linha) em que todas as
premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.

O argumento de Descartes é válido, ou seja, caso as


premissas sejam verdadeiras, a conclusão será verdadeira.
Mas serão as premissas de facto verdadeiras?

Analisar isso é uma tarefa fundamental que se deve fazer a


seguir, através da discussão crítica da filosofia, para
determinar se o argumento é sólido.
•Formas de inferência válidas

Existem algumas fórmulas argumentativas válidas que


consistem
.
em formas muito básicas e bastante
frequentes de raciocinar.

Ao construir-se inspetores de circunstâncias podemos


constatar facilmente que estas fórmulas são
logicamente corretas.

No entanto, se conhecermos estas formas de inferência


já nem precisamos de recorrer a um inspetor para
determinar se são válidas.
Formas de Inferência válidas
Modus ponens: Exemplo Formalização
Algumas afirmação do
formas de antecedente na
segunda premissa Se está sol, então vou à praia. P→Q
inferência e do Está sol. P
válida consequente na Logo, vou à praia. Q
. conclusão.

Modus tollens: Exemplo Formalização


negação do
consequente na Se está sol, então vou à praia. P→Q
segunda premissa Não vou à praia. Q
e do antecedente Logo, não está sol.  P
na conclusão.

Exemplo Formalização

Se Deus existe, então o mundo é finito.


P→Q
Logo, se o mundo não é finito, então
 Q →  P
Deus não existe.
Contraposição
Exemplo Formalização
Se o mundo não é finito, então Deus
não existe. Q→P
Logo, se Deus existe, então o mundo é P → Q
finito.
Exemplo Formalização

Canto ou assobio. PQ


Silogismo
Não canto. P
disjuntivo
Logo, assobio. Q
(disjunção
.
inclusiva) ou Exemplo Formalização
modus tollendo
ponens Canto ou assobio. PQ
Não assobio. Q
Logo, canto. P

Exemplo Formalização
Se viajar , então aprendo novas coisas.
Silogismo Se aprendo novas coisas, então torno- P→Q
hipotético me melhor pessoa. Q→R
Logo, se viajar, então torno-me melhor P → R
pessoa.
Leis de De Exemplo Formalização
Morgan:
Não é verdade que fumo e que tenho
indicam-nos  (P  Q)
saúde.
que de uma  P   Q
Negação Logo, não fumo ou não tenho saúde.
conjunção da
negativa conjunção Exemplo Formalização
podemos
Não fumo ou não tenho saúde.
inferir uma PQ
Logo, não é verdade que fumo e que
disjunção  (P  Q)
tenho saúde..
de
negações; Exemplo Formalização
----------------
E que de Não é verdade que há sol ou chuva.  (P  Q)
uma Logo, não há sol e não há chuva.  P   Q
Negação
disjunção
da
negativa disjunção Exemplo Formalização
podemos
inferir uma Não há sol e não há chuva.
PQ
conjunção Logo, não é verdade que há sol ou
  (P  Q)
chuva.
de
negações.
•Formas de inferência inválidas – falácias formais

Temos uma falácia formal quando a estrutura de um


argumento não garante uma conclusão verdadeira a
partir de premissas verdadeiras. Ou seja, o argumento
parece ter uma forma válida, mas na realidade é
inválida.

Assim, as premissas podem ser verdadeiras sem que a


conclusão seja verdadeira.

Considere-se duas falácias formais comuns que se


assemelham ao modus ponens e ao modus tollens, mas
que na verdade são inválidas.
O primeiro exemplo é o seguinte:
•Formas de inferência inválidas – falácias formais

(1) Se estou em Lisboa, estou em Portugal.


(2) Estou em Portugal.
(3) Logo, estou em Lisboa.

Este argumento comete uma falácia da afirmação da


consequente, pois mesmo que as premissas sejam
verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Do facto de estar em
Portugal não se segue que estou em Lisboa, pois poderei, por
exemplo, estar no Porto.
•Formas de inferência inválidas – falácias formais

Do mesmo modo, este argumento comete uma falácia da


negação do antecedente, pois do facto de eu não estar em
Lisboa não se pode concluir que não estou em Portugal; posso
estar, por exemplo, no Porto ou noutro lugar que, não sendo
Lisboa, continua igualmente a pertencer a Portugal.
Em suma, a estrutura inválida destas duas falácias é a
seguinte:
Formas argumentativas inválidas
Exemplo Formalização

Falácia da
afirmação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
consequente Dizes-me sempre a verdade. Q
Logo, és meu amigo. P

Comete-se quando, a partir de uma proposição condicional, se afirma o consequente na


segunda premissa, concluindo-se com a afirmação do antecedente.

Exemplo Formalização

Falácia da
negação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
antecedente Não és meu amigo. P
Logo, não me dizes sempre a verdade. Q

Comete-se quando, a partir de uma proposição condicional, se nega o antecedente na


segunda premissa, concluindo-se com a negação do consequente.
Variáveis de fórmula
Representam qualquer tipo de proposição (simples ou complexas). Usam-se
as letras iniciais do alfabeto: A, B, C, etc.

. Exemplo 1 Formalização

Se tenho livros, então estudo. P→Q


Não estudo. Q
Logo, não tenho livros.  P

Exemplo 2 Formalização
P: Tenho livros. Se tenho livros, então estudo e sou feliz. P → (Q  R)
Q: Estudo. Não é verdade que estudo e que sou feliz.  (Q  R)
R: Sou feliz. Logo, não tenho livros.  P

Exemplo 2 Formalização

Se tenho livros, então estudo e sou feliz. A→B


Não é verdade que estudo e que sou feliz. B
Logo, não tenho livros.  A
Modus ponens Modus tollens
A→B A→B
A B
B  A
Silogismo disjuntivo Silogismo hipotético
AB AB A→B
A B B→C
B A A → C
FORMAS DE
INFERÊNCIA
Contraposição Leis de De Morgan
VÁLIDA
A→B B→A  (A  B) AB
 B →  A A→B
  A   B   (A  B))
O
OU A→BB→A  (A  B)   A   B
U

Nota: o símbolo  significa, no presente  (A  B) AB


  A   B   (A  B)
contexto, que tanto se pode inferir validamente
num como noutro sentido.
OU  (A  B)   A   B
Afirmação do consequente Negação do antecedente
FORMAS A→B A→B
FALACIOSAS B A
A B

Você também pode gostar