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FILOSOFIA 10º ANO

LÓGICA
PROPOSICIONAL
CLÁSSICA
O QUE É A LÓGICA?
A lógica é a área da filosofia que se dedica ao estudo dos
aspetos relevantes para a argumentação correta.

A LÓGICA PROPOSICIONAL CLÁSSICA


A lógica proposicional clássica é uma linguagem formal – composta por
símbolos e não por palavras – que serve para detetar e avaliar a forma
lógica dos argumentos.

Para analisar a validade de argumentos com lógica proposicional terás de


traduzir proposições e argumentos da nossa linguagem natural ou
corrente – o Português – para linguagem da lógica proposicional e vice-
versa.
A LINGUAGEM DA LÓGICA PROPOSICIONAL

Para traduzir uma proposição ou argumento da linguagem natural para a


linguagem da lógica proposicional clássica vais precisar de:

Variáveis proposicionais: são letras maiúsculas como P, Q, R e assim


sucessivamente, que servem para representar proposições simples ou
elementares que constituem os argumentos.
Na lógica proposicional ignora-se o conteúdo específico e atende-se às
operações lógicas existentes.

Operadores proposicionais: são expressões (como “e”, “ou”, “se…então”) que


se adicionam a proposições de modo a formar novas proposições, ou seja,
servem para construir novas proposições a partir de outras proposições.
A LINGUAGEM DA LÓGICA PROPOSICIONAL
Símbolos para os operadores lógicos: ¬, ⋀, ⋁, ⋁, →, ↔, para representar respetivamente
a negação, a conjunção, a disjunção inclusiva, a disjunção exclusiva, a condicional e a
bicondicional.
Os operadores proposicionais são verofuncionais quando o valor de verdade da
proposição mais complexa (com esses operadores proposicionais) é determinado apenas
pelos valores de verdade da(s) proposição(ões) mais simples que a compõem.
Forma lógica Exemplos
P Não P. Deus não existe.
PQ P e Q. Deus existe e a vida tem sentido.
PQ P ou Q. Deus existe ou a vida tem sentido.
PQ Ou P ou Q. Ou Deus existe ou a vida tem sentido.
P→Q Se P, então Q. Se Deus existe, então a vida tem sentido.
P↔Q P se, e só se, Q. Deus existe se, e só se, a vida tiver sentido.
A LINGUAGEM DA LÓGICA PROPOSICIONAL
Parênteses: parênteses esquerdo (e parênteses direito), para
delimitar o âmbito dos operadores proposicionais binários. Cada
operador proposicional binário terá parênteses. Apenas a negação
não terá parênteses, pois é um operador unário.
Operador proposicional unário: aplica-se apenas a uma proposição.
Operador proposicional binário: aplica-se a duas proposições.
Os parênteses são necessários para evitar ambiguidades e para
sabermos qual é o operador com maior âmbito.

Âmbito de um operador: é a parte da fórmula proposicional a que


este se aplica.
O operador principal, ou com maior âmbito, é aquele que se aplica
e abrange toda a fórmula lógica.
Âmbito dos operadores P: Eu sonho.
Q: Eu estudo.

Operador principal:  Eu sonho e não estudo. PQ

Uma conjunção e uma negação que incide sobre a proposição Q.

Operador principal:  É falso afirmar que eu sonho e não estudo.  (P   Q)

Uma negação que incide sobre a conjunção de P e de  Q.

Âmbito de um operador: refere-se à proposição (ou proposições)


sobre a qual (ou sobre as quais) esse operador incide.

No segundo exemplo, o operador da negação (enquanto operador principal) apresenta


um âmbito diferente do do outro operador da negação.
A LINGUAGEM DA LÓGICA PROPOSICIONAL
Funções de verdade das proposições: indicam-nos as circunstâncias em que essas
proposições são verdadeiras ou falsas.
Essas funções de verdade dependem dos operadores lógicos que elas têm.
Por isso, temos de conhecer as funções de verdade de cada um desses operadores.
A LINGUAGEM DA LÓGICA PROPOSICIONAL
Cada proposição simples ou elementar tem apenas duas
possibilidades: ser verdadeira (V), ou falsa (F).
Esses valores vão determinar o valor de proposições compostas
por essas proposições através de operadores verofuncionais.

Tabela de verdade: tabela que apresenta as diversas condições de


verdade de uma forma proposicional específica, permitindo
determinar de modo mecânico a sua verdade ou falsidade.
A tabela de verdade exibe os valores de verdade possíveis da(s)
proposição(ões) e os valores de verdade resultantes das
operações efetuadas.
PROPOSIÇÃO

Pensamento ou conteúdo expresso por uma frase declarativa, suscetível de


ser considerada verdadeira ou falsa.

Simples Complexas

São proposições em que São proposições em que


não estão presentes está presente um operador
quaisquer operadores. ou mais do que um.

Exemplos Exemplos
As casas são brancas. As casas são belas. As casas são brancas ou as casas são belas.
Gertrudes é arquiteta. Paulo é engenheiro. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.
Deus existe. O mundo foi criado por Deus. Se Deus existe, então o mundo foi criado por Deus.
Eu sou jogador de futebol. Eu não sou jogador de futebol.
Proposições

Simples Complexas

O seu valor de verdade


O seu valor de verdade
depende do valor de
depende do facto de elas
verdade das proposições
estarem ou não de acordo
simples e dos operadores
com a realidade.
utilizados.

Gertrudes é arquiteta. Paulo é engenheiro. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.

verdadeira falsa falsa

Gertrudes é arquiteta ou Paulo é engenheiro.

verdadeira
FORMALIZAÇÕES SIMPLES Tabela de verdade da
negação

P P

V F
Coluna de referência
F V
Primeira parte Segunda parte
Sendo o operador da negação o único operador
unário, só haverá duas filas na tabela.

A negação é uma proposição com a forma


“Não P”, representando-se por “ P”. Se P é
verdadeira,  P é falsa; se P é falsa,  P é
verdadeira.

A negação de uma negação (ou dupla negação) –


que se representa por “  P” – equivale a uma
afirmação.
FORMALIZAÇÕES SIMPLES Tabela de verdade da conjunção
P Q PQ
V V V
V F F
F V F
F F F

Sendo o operador da conjunção, à semelhança dos


que estudaremos a seguir, um operador binário,
haverá na tabela quatro condições de verdade.

A conjunção é uma proposição com a


forma “P e Q”, simbolizando-se por “P 
Q”, a qual é verdadeira se as proposições
conectadas forem ambas verdadeiras e é
falsa desde que pelo menos uma dessas
proposições seja falsa.
Tabela de verdade da
FORMALIZAÇÕES SIMPLES disjunção inclusiva
P Q PQ
V V V
V F V
F V V
F F F

A disjunção inclusiva é uma


proposição com a forma “P ou Q”,
simbolizando-se por “P  Q”, a qual é
sempre verdadeira, exceto quando P e
Q forem simultaneamente falsas.
FORMALIZAÇÕES SIMPLES

A disjunção exclusiva é uma proposição com a forma Tabela de verdade da


“Ou P ou Q”, simbolizando-se por “P  Q”, a qual é disjunção exclusiva
verdadeira se P e Q possuem valores lógicos distintos e
falsa se P e Q possuem o mesmo valor lógico. P Q PQ
V V F
V F V
F V V
F F F
Observação sobre
a disjunção
exclusiva

Pode suceder que o próprio contexto nos permita saber qual a disjunção que
está a ser usada. Por exemplo, a seguinte disjunção, aparentemente inclusiva,
na realidade é exclusiva:

António tem cinco anos ou António tem sete anos.

A impossibilidade de as duas proposições serem verdadeiras em simultâneo


justifica que estejamos perante um caso de disjunção exclusiva.
Tabela de verdade da
FORMALIZAÇÕES SIMPLES condicional
P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V

Antecedente É uma condição suficiente


(P) para o consequente.
Consequente É uma condição necessária
(Q) para o antecedente.

A condicional é uma proposição com


a forma “Se P, então Q”,
simbolizando-se por “P → Q”, a qual
só é falsa se P – o antecedente – é
verdadeira e Q – o consequente – é
falsa. Em todas as restantes
situações, a nova proposição é
verdadeira.
FORMALIZAÇÕES SIMPLES
Tabela de verdade da
bicondicional
P Q P↔Q
V V V
V F F
F V F
F F V

A bicondicional é uma proposição


com a forma “P se, e só se, Q”,
simbolizando-se por “P ↔ Q” a
qual é verdadeira se ambas as
proposições tiverem o mesmo
valor lógico e falsa se as
proposições tiverem valores
lógicos distintos.
FORMALIZAÇÕES SIMPLES
Formas proposicionais e operadores verofuncionais
Proposições
Disjunção
simples
Negação Conjunção Condicional Bicondicional
inclusiva exclusiva

P Q P Q PQ PQ PQ P→Q P↔Q


V V F F V V F V V
V F F V F V V F F
F V V F F V V V F
F F V V F F F V V
FORMALIZAÇÕES COMPLEXAS
Por “formalizações complexas” entende-se a formalização de fórmulas proposicionais com mais do
que duas variáveis proposicionais.

2.º Isolar as proposições


simples que as constituem e
1.º Colocar as proposições na atribuir variáveis
forma canónica, identificando proposicionais a cada uma. A 3.º Simbolizar ou formalizar a
os operadores verofuncionais isto se chama “construir o proposição complexa.
envolvidos. dicionário” dessas
proposições ou proceder à
sua “interpretação”.

Exemplo: As normas morais não têm sentido, a não ser que o dizer-se que o mal não
existe e o bem é ilusório constitua uma falsidade.

Expressão Canónica Dicionário Formalização

Se é falso afirmar que o mal P: O mal existe.


não existe e o bem é ilusório, Q: O bem é ilusório.
 ( P  Q) → R
então as normas morais têm R: As normas morais têm
sentido. sentido.
O método das tabelas de verdade

Expressão canónica Dicionário Formalização

Não é verdade que se está sol P: Está sol.


 (P → Q))
então está bom tempo. Q: Está bom tempo.

1. P Q  (P → Q) 2. P Q  (P → Q)
Desenhar a tabela, Colocar na tabela
colocando aí as os valores de V V
verdade das
letras
proposições
V F
proposicionais e a
proposição simples, esgotando F V
complexa. as possibilidades.
F F

3. P Q  (P → Q) 4. P Q  (P → Q)
Calcular os valores
de verdade das V V V Calcular os valores V V F V
proposições, de verdade da
excetuando os
V F F proposição relativa
V F V F
daquela que é F V V ao operador F V F V
relativa ao principal.
operador principal. F F V F F F V
Para duas variáveis, são necessárias quatro filas; para
três, oito; para quatro, dezasseis, etc.

P Q R [R  (P  Q)] ↔ (R  Q)
Determinamos primeiro os valores
V V V V V V V de verdade da conjunção “P  Q” e
V V F V V V V da disjunção “R  Q” (a ordem neste
V F V V F V V caso é irrelevante). De seguida,
V F F F F V F determinamos os valores da
F V V V F V V disjunção “R  (P  Q)”. Por fim,
determinamos os valores da
F V F F F F V
bicondicional a partir dos valores
F F V V F V V obtidos para as duas disjunções.
F F F F F V F
Classificação de proposições
Com base nas suas condições de verdade, as fórmulas proposicionais podem ser
classificadas como tautologias, contradições ou contingências.

Tautologias - Uma proposição é uma tautologia (ou verdade lógica)


quando a fórmula proposicional tem o valor “V” em todas as situações
possíveis.

Contradições - Uma proposição é uma contradição (ou falsidade lógica)


quando a fórmula proposicional tem o valor “F” em todas as situações
possíveis.

Contingências - Uma proposição é uma contingência quando a fórmula


proposicional tem o valor “V” em alguma circunstância possível e o
valor “F” noutra.
Tautologias ou verdades lógicas

Exemplo Forma lógica

Se observo o céu e escuto o


(P  Q) → P
vento, então observo o céu.

P Q (P  Q) → P
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V
Tautologias ou verdades lógicas

As tautologias correspondem a proposições


necessariamente verdadeiras, isto é, verdadeiras
em todas as interpretações possíveis.
Contradições ou falsidades lógicas

Exemplo Forma lógica

Não penso ou não sonho se, e


( P   Q) ↔ (P  Q)
só se, penso e sonho.

P Q ( P   Q) ↔ (P  Q)
V V F F F F V
V F F V V F F
F V V V F F F
F F V V V F F
Contradições ou falsidades lógicas

As contradições são necessariamente falsas, isto é,


falsas em todas as interpretações possíveis.
Contingências ou proposições indeterminadas

Exemplo Forma lógica

Se passeio ou corro, então


(P  Q) → P
passeio.

P Q (P  Q) → P
V V V V
V F V V
F V V F
F F F V
Contingências ou proposições indeterminadas

As contingências são possivelmente verdadeiras e


possivelmente falsas, isto é, são verdadeiras numas
interpretações e falsas noutras.

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