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KUHN
Benedito F. Oliveira,
UFRJ, Doutorando/HCTE
beneditoliveira@uol.com.br
INTRODUÇÃO E RESUMO
A filosofia e a história da Ciência foram e ainda são fortemente influenciadas pelo
pensamento de Popper e Kuhn. Esse brevíssimo trabalho tenta tatear nos tipos de
investigações que poderemos fazer para detectar o que une e o que separa o pensamento de
Popper e Kuhn, quais as influências históricas e pessoais que eles tiveram na vida e de que
maneira essas influências explicam seus posicionamentos bem como as polêmicas e
antagonismos que cada um produziu até os tempos atuais.
A Lógica da Refutação/Falseabilidade/Falseacionismo
A ciência não precisa da indução. As inferências que interessam para a ciência são refutações,
que tomam uma previsão que falhou como premissa e concluem que a teoria que está por
detrás da previsão é falsa. Só a falsidade de uma teoria pode ser inferida da evidência
empírica, inferência que é puramente dedutiva.4
Um único exemplo contrário é suficiente para uma refutação conclusiva, mas nenhum número
de exemplos favoráveis constituirá uma prova conclusiva.
Ciência Normal8
É uma etapa do processo de pesquisa em que o cientista opera buscando testar uma teoria ou
uma hipótese na tentativa de resolver um enigma, uma charada, um problema. Esse tipo de
6 Wikpedia (2) e Stanford (10)
7 Ostermann (5), pag. 184 e 185.
8 Kuhn (3), pag. 9
teste não é dirigido à teoria corrente, pois não é ela que se põe à prova e, sim, o cientista, seu
talento para resolver o enigma, a charada, o problema. Se a teoria não passar pelo teste de
resolver o enigma quem é impugnada é a capacidade do cientista e não a teoria corrente.
Paradigma9
Em um sentido mais amplo esse termo designa todo o conjunto de compromissos de pesquisas
de uma comunidade científica, ou seja, todas as crenças, valores e técnicas compartilhadas
pelos membros dessa comunidade. Em um sentido restrito, paradigma refere-se às soluções
de problemas encontrados nos laboratórios, nos exames, nos manuais científicos, que ensinam
aos estudantes através de exemplos como encarar um novo problema como se fosse um
problema antigo e já resolvido.
Incomensurabilidade
Na transição de um paradigma para outro cada um deles apresenta concepções diferentes do
mundo, assim o novo paradigma deve possibilitar predições, padrões científicos e definições
diferentes daquelas derivadas do seu predecessor. Essas diferenças não deveriam existir se os
dois paradigmas fossem logicamente compatíveis. A essas diferenças Kunh se refere como
incomensurabilidade.
Ciência Extraordinária
Há períodos nos quais a ciência normal fracassa em resolver os enigmas, as charadas e os
problemas gerando os resultados esperados pela teoria. Esses enigmas, charadas e problemas
passam a ser considerados anomalias gerando um estado de crise na área de pesquisa. Esses
períodos são chamados de ciência extraordinária.
Revolução Científica10
É a transição de um paradigma vigente para um novo que o substitui. Decidir rejeitar um
paradigma é sempre decidir simultaneamente aceitar outro.
UM MOMENTO DE EMBATE
No seu artigo “Lógica da Descoberta ou Psicologia da Pesquisa ?”11 Kuhn questiona alguns
dos mais importantes conceitos da teoria de Popper.
9 Osterman (5), pag. 186,187
10 Osterman (5), pag 190 e 191
11 Kuhn (3), pag. 5 a 32
Qual é o melhor critério de demarcação12 ?
Nem a ciência nem o desenvolvimento do conhecimento têm probabilidades de serem
compreendidos se a pesquisa for vista apenas através das revoluções que produz de vez em
quando. É para a prática normal e não para a prática extraordinária que se treinam
profissionais.
É a “ciência normal” e não a “ciência extraordinária” que distingue a ciência de outras
atividades criativas. A existir um critério de demarcação, ele só pode estar na parte que
Popper ignora.
CONCLUSÃO
O debate sobre as teses de Popper e Kuhn prossegue influenciando os caminhos da ciência, da
tecnologia e dos sistemas de ensino em cada país. O papel da comunidade científica ganha
especial relevo nesse debate bem como das políticas de Ciência e Tecnologia adotadas pelos
estados nacionais. Parece-me que esse é o contexto ideal dentro do qual o pensamento de
Popper e Kuhn deve se discutido e aproveitado.
BIBLIOGRAFIA
http://en.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper
Marcondes, Danilo. Iniciação à História da Filosofia, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor,
2004.
Pinguelli Rosa, Luiz. Tecnociências e Humanidades, Vol. 1 e 2, São Paulo, Paz e Terra, 2005
Popper, Karl R., Conjecturas e Refutações, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1982