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PARA ADMINISTRAÇÃO
André Luiz Galdino
SUMÁRIO
ou estruturas do pensamento.
Dentre as muitas contribuições de Aristóteles para a criação e o de-
senvolvimento da lógica, como a conhecemos hoje, citamos a criação de
termos fundamentais para analisar a lógica do discurso. A saber, Válido,
Não Válido, Contraditório, Universal, Particular.
Porém, aquela lógica aristotélica possuía limitações as quais impe-
diam o avanço da ciência, como por exemplo, baseava-se no uso da lin-
guagem natural e, isto por sua vez, levava a confusões que envolvia o
sentido das palavras. Com o intuito de transpor tais limitações Gott-
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fried Wilhelm Leibniz (1646 − 1716) apresentou uma nova lógica base-
ada no princípio de notação universal e artificial, bem como num cálculo
de signos.
E a partir daí, com as diversas contribuições de estudiosos tal como
Gottlob Frege,Giuseppe Peano, Bertrand Russel e George Boole a lógica
foi se transformando até se tornar uma álgebra/cálculo com uma nova
linguagem simbólica, chamada lógica matemática. Em outras palavras,
a lógica tornou-se o que de fato vemos hoje, um sistema completo de
símbolos e regras de combinação desses símbolos para obter conclusões
válidas.
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deira ou falsa, a única exigência é que ela deve ser definitivamente uma
coisa ou outra. Sendo assim, assumimos os seguintes princípios:
Princípio da Não-Contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
Princípio do Terceiro Excluído: Uma proposição só pode ter dois
valores verdades (valores lógicos), isto é, é verdadeira (V) ou falsa (F),
não podendo ter outro valor.
Exemplo 1.3. Cada uma das seguintes frases é uma proposição:
Claramente, (a) e (i) são verdadeiras, enquanto (b), (c), (f) e (g) são
falsas. Podemos ter dúvidas quanto ao status (verdadeiro ou falso) de
(d) e (h). A veracidade ou falsidade da sentença (e) depende do local e
das condições meteorológicas no instante em que essa declaração é feita.
Exemplo 1.4. As frases seguintes não são proposições, porque não faz
sentido questionar se alguma delas é verdadeira ou falsa.
1) Vamos a praia!
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Exercícios Propostos
11. (x + y)2 = x2 + y 2 .
12. Use sempre cinto de segurança.
13. Beethoven escreveu algumas das músicas de Chopin.
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Definição 1.5. As proposições universais são aquelas em que o predi-
cado refere-se à totalidade do conjunto.
Exemplo 1.6. Fique atento à estrutura das seguintes proposições uni-
versais.
5) A vaca berra.
6) O filho tem mãe.
7) Açucar é doce.
8) Peixe nada.
gativa.
4) Alguns professores são bons educadores. Esta proposição é existencial
negativa.
Uma pergunta natural que surge aqui é: Quantos elementos são necessá-
rios para caracterizar “alguns”? Em matemática e, consequentemente,
em lógica “alguns” significa “pelo menos um”.
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Exercícios Propostos
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Como vimos anteriormente, proposição é simplesmente um enunciado
verbal que pode ser verdadeiro ou falso. Além disso, uma proposição
pode ser simples ou composta.
Definição 1.9. Uma proposição simples é toda sentença que contém
apenas uma única frase afirmativa.
Exemplo 1.10. Todas as proposições que vimos até o momento são
simples. Ademais temos:
1) O gato é pequeno.
2) O cachorro é bravo.
3) x2 = 1.
4) O carro é vermelho.
5) Esse exemplo é sobre lógica.
6) |y| = 0
Definição 1.11. Uma proposição composta é toda sentença formada por
duas ou mais proposições.
A pergunta que surge naturalmente é: Tudo bem! Entendi a defi-
nição, mas como vou construir proposições compostas? A resposta a
essa pergunta é simples. Para construir proposições compostas usamos
as palavras “e”, “ou”, “Se ..., então” e “se, e somente se”, chamadas
conectivos.
Sabemos ainda que existem palavras que modificam o sentido de uma
frase. Por exemplo, a palavra “não”. Quando usamos a palavra “não” o
resultado é a negação da frase original. Por exemplo, se temos a frase:
“A terra é um planeta”. Com a palavra “não” teremos a negação desta
frase, que é, “A terra não é um planeta”.
Exemplo 1.12. Considerando as proposições simples dadas no Exemplo
1.10, dentre outras, podemos construir as seguintes proposições compos-
tas:
Fundamentos de Lógica para Administração
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6) Se x2 = 1 , então x = 1 ou x = −1.
7) |y| = 0 se, e somente se, y = 0.
8) Se você está com fome, então coma um sanduíche.
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Exercícios Propostos
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Na lógica proposicional não trabalhamos realmente com frases, mas
sim com variáveis proposicionais que representam as proposições. Sendo
assim, a menos que digamos o contrário, usaremos letras minúsculas, tais
como p, q, r, ... para representar proposições simples, e letras maiúsculas
P , Q, R, ... para representar proposições compostas. Por exemplo,
p: A lua é quadrada. (simples)
Q: Se o meu carro não funcionar, então vou ficar em casa. (composta)
Da mesma forma que usamos letras maiúsculas e minúsculas para
representar uma proposição, usamos alguns símbolos especiais, chamados
de conectivos lógicos ou operadores lógicos, para representar os conectivos
“e”, “ou”, “não”, “Se ..., então” e “se, e somente se”, os quais são
apresentados na sequência.
Definição 1.14. O conectivo “não” é representado pelo símbolo ∼.
Sendo assim, a negação de uma proposição p é a proposição ∼ p (lê-
se: não p).
Exemplo 1.15. Observe que o conectivo lógico ∼ age apenas sobre uma
única proposição.
p: A terra é um planeta.
∼ p: A terra não é um planeta.
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q: O gato é um animal.
p ∨ q: A terra é uma estrela ou o gato é um animal.
(p ∧ q) ∨ r ou p ∧ (q ∨ r)
Note que estas duas proposições são distintas e que a colocação de
parênteses, sem uma regra de uso definida, delimita o “alcance” de cada
conectivo, porém, pode não eliminar a ambiguidade. Sendo assim, para
uma melhor organização e evitar ambiguidades, os parênteses serão usa-
dos seguindo a seguinte ordem dos conectivos:
∼ ∨ ∧ → ↔
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Temos ainda a possibilidade de haver mais de uma ocorrência, conse-
cutivas, do mesmo conectivo, e neste caso adotaremos a convenção pela
direita, ou seja, se temos a proposição
p→q→r→t→h
(p ∧ q) → r
p ∧ (q → r)
3) Se o cachorro não late ou o gato mia, então a lua não é uma estrela.
Fundamentos de Lógica para Administração
((∼ p) ∧ q) → (∼ r)
4) O cachorro late ou o gato mia se, e somente se, a lua é uma estrela.
Em linguagem proposicional temos:
(p ∨ q) ↔ r
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Exercícios Propostos
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1.2 Tabelas Verdade
∼ ((p ∧ q) → r)
Solução. Na proposição dada temos que o conectivo ∧ precede o conec-
tivo →, que por sua vez precede o conectivo ∼. Ou seja, para determinar
os possíveis valores verdade de ∼ ((p ∧ q) → r) antes precisamos deter-
minar os possíveis valores verdade de (p ∧ q) → r. E para determinar os
possíveis valores verdade de (p ∧ q) → r, primeiro precisamos determi-
nar os possíveis valores verdade de p ∧ q. No entanto, antes de tudo, é
necessário apresentar os possíveis valores verdade de p, q e r. Portanto,
concluímos que a proposição ∼ ((p ∧ q) → r) possui o seguinte conjunto
de subproposições:
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Tabela 1.1: Primeira linha da Tabela Verdade.
p q r p∧q (p ∧ q) → r ∼ ((p∧q) → r)
p q r p∧q (p ∧ q) → r ∼ ((p∧q) → r)
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
Fundamentos de Lógica para Administração
F F V
F F F
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lunas. Por exemplo, na quarta coluna o principal conectivo lógico é a
conjunção ∧, cujos valores verdade dependem dos valores verdade das
proposições simples p e q. Agora na quinta coluna, o principal conectivo
lógico é a implicação →, pois este é precedido pelo conectivo lógico ∧.
Note ainda que os possíveis valores verdade desta coluna dependem dos
possíveis valores verdade da proposição simples r e dos possíveis valores
verdade da proposição p ∧ q, os quais neste momento já foram deter-
minados na quarta coluna. Finalmente, na última coluna o principal
conectivo lógico é a negação ∼, pois este é precedido pelos conectivos
lógicos ∧ e →, e os valores verdade desta última coluna depende unica-
mente dos valores verdade de (p ∧ q) → r, os quais, neste momento, já
foram determinados na quinta coluna.
Na seqüência apresentaremos as definições das Tabelas Verdade de
cada um dos conectivos lógicos apresentados anteriormente. Fique atento
às referidas definições e as estude com calma, pois, elas formam a base
para a construção da Tabela Verdade de qualquer proposição composta.
Definição 1.29. A proposição ∼ p é a negação da proposição p, de
maneira que se p é verdadeira então ∼ p é falsa, e vice-versa.
p ∼p
V F
F V
p q p∧q
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F F F
V F F
F V F
V V V
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Definição 1.31. A disjunção p ∨ q será verdadeira quando pelo menos
uma das proposições p e q for verdadeira, isto é, ela só será falsa quando
as duas proposições p e q forem falsas.
p q p∨q
V V V
V F V
F V V
F F F
p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V
ou ambas falsas.
Exemplo 1.34. Determine os possíveis valores verdade das proposições
a seguir, ou seja, construa sua Tabela Verdade.
1. (p ∧ q) → r
Temos que a proposição em questão possui três proposições sim-
ples, p, q e r, e o seu conjunto de subproposições é
{p, q, r, p ∧ q, (p ∧ q) → r}
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Tabela 1.7: Tabela Verdade da Dupla Implicação.
p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
p q r p∧q (p ∧ q) → r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F
Fundamentos de Lógica para Administração
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Tabela 1.9: Tabela Verdade da proposição (p ∧ q) → r.
p q r p∧q (p ∧ q) → r
V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V
2. ∼ q →∼ p
Neste caso a proposição possui duas proposições simples, p e q, e
o seu conjunto de subproposições é
{p, q, ∼ p, ∼ q, ∼ q →∼ p}
p q ∼q ∼p ∼ q →∼ p
V V F F V
V F V F F
F V F V V
F F V V V
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Nesta tabela, o principal conectivo na terceira e na quarta co-
luna é a negação ∼, portanto, são construídas com base na Tabela
Verdade da negação (Definição 1.29), observando a segunda e a
primeira coluna, respectivamente. Já na última coluna, o princi-
pal conectivo é →, e é construída com base na Tabela Verdade
da implicação (Definição 1.32), observando a terceira e a quarta
coluna.
3. ∼ p ∨ q
A proposição possui o seguinte conjunto de subproposições:
{p, q, ∼ p, ∼ p ∨ q}
p q ∼p ∼p∨q
V V F V
V F F F
F V V V
F F V V
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Exercícios Propostos
1. (p → r) ∧ (q → r)
2. p ∧ (p → q)
3. ∼ q ∧ (p → q)
4. (p ∨ q) ∧ (∼ p)
5. p → (q ∨ r)
6. p ∧ (p → q) → q
7. ∼ q ∧ (p → q) →∼ p
8. (p → q) ∧ (q → r) → (p → r)
9. (p ∨ q)∧ ∼ p → q
10. p ∧ q → p
11. p → p ∨ q
12. (p → (q ∨ r))∧ ∼ q → p → r
13. (p → r) ∧ (q → r) → (p ∨ q) → r
14. (p ↔ q) ↔ (p → q) ∧ (q → p)
15. p ∧ (q ∨ r) ↔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
Fundamentos de Lógica para Administração
16. p → (q ∧ r) ↔ (p → q) ∧ (p → r)
17. p ∨ (q ∧ r) ↔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
18. p → (q ∨ r) ↔ (p → q) ∨ (p → r)
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1.3 Contingência, Tautologia e Contra-Tautologia
p ∼p p∨ ∼ p
V F V
F V V
p q p→q p ∧ (p → q) p ∧ (p → q) → q
Fundamentos de Lógica para Administração
V V V V V
V F F F V
F V V F V
F F V F V
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Tabela 1.14: Tabela Verdade da proposição ∼ q ∧ (p → q) →∼ p.
p q ∼p ∼q p→q ∼ q ∧ (p → q) ∼ q∧(p → q) →∼ p
V V F F V F V
V F F V F F V
F V V F V F V
F F V V V V V
p q ∼p ∼q p∧q ∼ (p ∧ q) ∼ p∨ ∼ q ∼ (p ∧ q) →∼ p∨ ∼ q
V V F F V F F V
V F F V F V V V
F V V F F V V V
F F V V F V V V
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Fundamentos de Lógica para Administração
Definição 1.39 (Contra-Tautologia). Dizemos que uma proposição
composta é uma contra-tautologia quando seus possíveis valores verdade
são sempre falsos, independentemente dos valores verdade das proposi-
ções simples que a compõe. Em outras palavras, a última coluna da sua
Tabela Verdade, só tem o valor verdade F.
Exemplo 1.40. As proposições p∧ ∼ p, ∼ (p ∨ q) ∧ p, ∼ (p ∧ q) ↔ (q ∧ p)
são contra-tautologia. De fato, observe que a última coluna de cada uma
das respectivas Tabelas Verdade, a qual determina seus possíveis valores
verdade, só tem o valor verdade F.
p ∼p p∧ ∼ p
V F F
F V F
p q p∨q ∼ (p ∨ q) ∼ (p ∨ q) ∧ p
V V V F F
V F V F F
F V V F F
F F F V F
V V V V F F
V F F F V F
F V F F V F
F F F F V F
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1.4 Implicação e Equivalência Tautológica
V V F V V V
Fundamentos de Lógica para Administração
V F F F F V
F V V V V V
F F V V V V
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Fundamentos de Lógica para Administração
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Tabela 1.20: Tabela Verdade da proposição (p ∨ q)∧ ∼ p → q.
V V V F V F V
V F V F V F V
F V V V V V V
F F F V F F V
p→
p q ∼q ∼p ∼ q →∼ p p → q ↔ ∼ q →∼ p
q
V V V F F V V
V F F V F F V
F V V F V V V
F F V V V V V
Exercícios Propostos
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2. Verifique as seguintes equivalências tautológicas:
(a) Comutativa para ∧: p∧q ⇔q∧p
(b) Comutativa para ∨: p∨q ⇔q∨p
(c) Associativa para ∧: (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r)
(d) Associativa para ∨: (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r)
(e) Idempotente para ∧: p∧p⇔p
(f) Idempotente para ∨: p∨p⇔p
(g) Absorção: p ∧ (p ∨ r) ⇔ p
(h) Absorção: p ∨ (p ∧ r) ⇔ p
(i) Distributivas para ∧: p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
(j) Distributivas para ∨: p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
(k) Distributivas para →: p → (q ∧ r) ⇔ (p → q) ∧ (p → r)
(l) Distributivas para →: p → (q ∨ r) ⇔ (p → q) ∨ (p → r)
(m) Lei de De Morgan: ∼ (p ∧ q) ⇔∼ p∨ ∼ q
(n) Lei de De Morgan: ∼ (p ∨ q) ⇔∼ p∧ ∼ q
(o) Definição Implicação: p → q ⇔∼ p ∨ q
(p) Definição Implicação: p → q ⇔∼ (p∧ ∼ q)
(q) Definição Bicondicional: p ↔ q ⇔ (p → q) ∧ (q → p)
(r) Definição Bicondicional: p ↔ q ⇔ (∼ p ∨ q) ∧ (∼ q ∨ p)
(s) Negação: ∼ (∼ p) ⇔ p
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(t) Contraposição: p → q ⇔∼ q →∼ p
(u) Troca de Premissas: p → (q → r) ⇔ q → (p → r)
(v) Exportação (⇒) e Importação (⇐):
(p ∧ q) → r ⇔ p → (q → r)
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