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FUNDAMENTOS DE LÓGICA

PARA ADMINISTRAÇÃO
André Luiz Galdino
SUMÁRIO

1. Noções de Lógica Matemática 3


1.1 Cálculo Proposicional 4
1.2 Tabelas Verdade 16
1.3 Contingência, Tautologia e Contra-Tautologia 24
1.4 Implicação e Equivalência Tautológica 27
1. Noções de Lógica Matemática

Da mesma forma que um feirante pode fazer inúmeras e variadas contas


de porcentagem, sem ao menos ter tido contato com a definição formal e
propriedades do que venha ser porcentagem, as vezes usamos um conceito
(palavra) sem ao menos saber de onde, o porque e como ele surgiu. Por
exemplo, quem nunca ouviu uma frase do tipo: Isso não tem lógica!
Será que, na maioria das vezes, quem pronuncia a referida frase sabe o
que significa lógica num sentindo geral ou específico da palavra? Então,
fica a pergunta: o que significa lógica? Se for realizada uma pequena
pesquisa num dicionário você poderá encontrar algo como:

Lógica: 1 Modo de raciocinar tal como de fato se exerce: Lógica


natural. 2 Filos Estudo que tem por objeto determinar quais
as operações que são válidas e quais as que não o são: [...] L.
matemática: o mesmo que lógica simbólica. L. simbólica:
ciência do desenvolvimento e representação de princípios lógicos
mediante símbolos, a de constituir um cânone exato de dedução,
baseado em ideias primitivas, postulados e regras de formação e
transformação; também chamada lógica matemática. (Dicio-
nário Michaelis)

No século IV a.c. Aristóteles sistematizou o estudo das condições


em que podemos afirmar que um dado raciocínio é correto como Lógica.
Em outras palavras, a ógica constituiu-se como uma ciência autônoma
para estudar o pensamento humano e distinguir inferências e argumentos
certos e errados. No entanto, ao longo da história muitas são as definições
dadas à palavra lógica. Uns definem a lógica como sendo a “Ciência das
leis do pensamento”. Porém, outros acreditam que uma definição mais
adequada é: “A lógica é uma ciência do raciocínio”. De um modo geral,
vamos assumir como definição de lógica a ciência que estuda as formas
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ou estruturas do pensamento.
Dentre as muitas contribuições de Aristóteles para a criação e o de-
senvolvimento da lógica, como a conhecemos hoje, citamos a criação de
termos fundamentais para analisar a lógica do discurso. A saber, Válido,
Não Válido, Contraditório, Universal, Particular.
Porém, aquela lógica aristotélica possuía limitações as quais impe-
diam o avanço da ciência, como por exemplo, baseava-se no uso da lin-
guagem natural e, isto por sua vez, levava a confusões que envolvia o
sentido das palavras. Com o intuito de transpor tais limitações Gott-

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fried Wilhelm Leibniz (1646 − 1716) apresentou uma nova lógica base-
ada no princípio de notação universal e artificial, bem como num cálculo
de signos.
E a partir daí, com as diversas contribuições de estudiosos tal como
Gottlob Frege,Giuseppe Peano, Bertrand Russel e George Boole a lógica
foi se transformando até se tornar uma álgebra/cálculo com uma nova
linguagem simbólica, chamada lógica matemática. Em outras palavras,
a lógica tornou-se o que de fato vemos hoje, um sistema completo de
símbolos e regras de combinação desses símbolos para obter conclusões
válidas.

1.1 Cálculo Proposicional

O objetivo da lógica proposicional é modelar o raciocínio, tendo como


base frases declarativas, as quais chamamos de proposições. De outra
forma, a lógica proposicional estuda como raciocinar com afirmações
que podem ser verdadeiras ou falsas. Ou ainda, como construir a partir
de um certo conjunto de hipóteses, verdadeiras num determinado con-
texto, uma demonstração (prova) de que uma determinada conclusão é
verdadeira no mesmo contexto. Sendo um dos exemplos mais simples
de lógica formal, a lógica proposicional considera apenas a forma das
proposições e se elas são verdadeiras ou falsas. Porém, contém prati-
camente todos os conceitos importantes necessários para o estudo de
outras lógicas complexas.
Neste sentido, um cálculo proposicional consiste em: (1) um conjunto
de símbolos primitivos, definidos como fórmulas atômicas, proposições
atômicas, ou variáveis; (2) um conjunto de operadores, interpretados
como operadores lógicos ou conectivos lógicos.
Sendo assim, iniciamos por apresentar o conceito de proposição, que
é usado num sentido técnico.
Definição 1.1. Por uma proposição queremos dizer uma declaração que
é verdadeira ou falsa, mas não ambos.
Definição 1.2. O valor verdade, ou valor lógico, de uma proposição é o
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estado que indica se a proposição é verdadeira ou falsa. Sendo assim o


valor verdade será: Verdadeiro (V), quando se trata de uma proposição
verdadeira ou Falso (F), quando se trata de uma proposição falsa.
De fato, o importante não é o valor verdade, V ou F, que as propo-
sições possam assumir num determinado contexto interpretativo, mas a
possibilidade de que “em princípio” seja possível atribuir um valor ver-
dade a elas, e que seja possível raciocinar com tais proposições. Em
outras palavras, não é necessário que saibamos se a proposição é verda-

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deira ou falsa, a única exigência é que ela deve ser definitivamente uma
coisa ou outra. Sendo assim, assumimos os seguintes princípios:
Princípio da Não-Contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
Princípio do Terceiro Excluído: Uma proposição só pode ter dois
valores verdades (valores lógicos), isto é, é verdadeira (V) ou falsa (F),
não podendo ter outro valor.
Exemplo 1.3. Cada uma das seguintes frases é uma proposição:

1) Goiânia é uma cidade no estado de Goiás.


2) 3 + 4 é 5.

3) A lua e feita de caramelo.


4) Não há vida inteligente em Saturno.
5) Está nevando.
6) -1 é raíz da equação x2 − x + 1 = 0.

7) As pirâmides do Egito são feitas de gelo.


8) Tinha um mosquito na Arca de Noé.
9) Todo gato é um felino.

Claramente, (a) e (i) são verdadeiras, enquanto (b), (c), (f) e (g) são
falsas. Podemos ter dúvidas quanto ao status (verdadeiro ou falso) de
(d) e (h). A veracidade ou falsidade da sentença (e) depende do local e
das condições meteorológicas no instante em que essa declaração é feita.
Exemplo 1.4. As frases seguintes não são proposições, porque não faz
sentido questionar se alguma delas é verdadeira ou falsa.
1) Vamos a praia!

2) Tudo bem com você?


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3) Que horas são?


4) Bom dia!
É fácil notar que as proposições, geralmente, expressam a descrição de
uma realidade e que representa uma informação enunciada por uma ora-
ção e, portanto, pode ser expressa de maneiras diferentes. Por exemplo:

Gabriela é maior que Letícia. ou Letícia é menor que Gabriela.

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Exercícios Propostos

Determine se cada uma das seguintes sentenças é uma proposição.

1. Em 7 de junho de 1442 nevou em algum lugar no Rio Grande


do Sul.
2. Aristóteles tinha pés chatos.
3. O socialismo está errado.

4. O homem mais rico do mundo é o Sr. Astrônio, de Terra


Roxa.
5. O filme “fogo contra fogo” é bom.
6. x2 = −1

7. Joana e Pedro são pessoas boas.


8. Eu estou usando facebook.
9. Quanto vale este carro?
10. Saia da grama.

11. (x + y)2 = x2 + y 2 .
12. Use sempre cinto de segurança.
13. Beethoven escreveu algumas das músicas de Chopin.

14. Não minta!


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15. Existe vida inteligente na lua.


16. Ela não é ciumenta.
17. Dentre as proposições dadas anteriormente, indique aquelas
que você acha que devem ser verdadeiras (V) ou falsas (F),
e aquelas cujo status pode ser difícil determinar.

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Definição 1.5. As proposições universais são aquelas em que o predi-
cado refere-se à totalidade do conjunto.
Exemplo 1.6. Fique atento à estrutura das seguintes proposições uni-
versais.

1) Todos os homens são mentirosos. Esta proposição é universal afir-


mativa.
2) Toda regra é certa. Esta proposição é universal afirmativa.
3) Nenhum homem é mentiroso. Esta proposição é universal negativa.

4) Nenhuma bola é quadrada. Esta proposição é universal negativa.

Na Definição 1.5 incluímos o caso, universal, em que o sujeito é unitário.

5) A vaca berra.
6) O filho tem mãe.
7) Açucar é doce.
8) Peixe nada.

Definição 1.7. As proposições existenciais são aquelas em que o predi-


cado refere-se apenas a uma parte do conjunto.
Exemplo 1.8. Fique atento à estrutura das seguintes proposições exis-
tenciais.

1) Alguns homens são mentirosos. Esta proposição é existencial afirma-


tiva.
2) Alguns homens não são mentirosos. Esta proposição é existencial
negativa.

3) Alguns alunos não são estudiosos. Esta proposição é existencial ne-


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gativa.
4) Alguns professores são bons educadores. Esta proposição é existencial
negativa.
Uma pergunta natural que surge aqui é: Quantos elementos são necessá-
rios para caracterizar “alguns”? Em matemática e, consequentemente,
em lógica “alguns” significa “pelo menos um”.

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Exercícios Propostos

Verifique quais das seguintes são proposições universais, existen-


ciais, afirmativas ou negativas.

1. Todos os homens de bigode são preguiçosos.


2. Nenhum pedreiro é eletricista.
3. Alguns peixes respiram ar.

4. Algum estudante tem uma camisa azul.


5. Todo ser humano é mortal.
6. Todos os quadrados tem quatro lados.
7. Alguns números reais são racionais.

8. Nenhum cachorro mia.


9. Todo número entre 0 e 1 é menor que −1.
10. Alguns homens são criminosos.

11. Nenhuma mulher é ciumenta.


12. Todos os dias são ensolarados.
13. Nenhuma mulher deve apanhar de um homem.
14. Nenhum homem deve bater em uma mulher.

15. Todas as crianças estão brincando.


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16. Algumas palavras ferem.


17. Todas as provas de matemática são difíceis.
18. Todo advogado é cruel.

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Como vimos anteriormente, proposição é simplesmente um enunciado
verbal que pode ser verdadeiro ou falso. Além disso, uma proposição
pode ser simples ou composta.
Definição 1.9. Uma proposição simples é toda sentença que contém
apenas uma única frase afirmativa.
Exemplo 1.10. Todas as proposições que vimos até o momento são
simples. Ademais temos:
1) O gato é pequeno.
2) O cachorro é bravo.
3) x2 = 1.
4) O carro é vermelho.
5) Esse exemplo é sobre lógica.
6) |y| = 0
Definição 1.11. Uma proposição composta é toda sentença formada por
duas ou mais proposições.
A pergunta que surge naturalmente é: Tudo bem! Entendi a defi-
nição, mas como vou construir proposições compostas? A resposta a
essa pergunta é simples. Para construir proposições compostas usamos
as palavras “e”, “ou”, “Se ..., então” e “se, e somente se”, chamadas
conectivos.
Sabemos ainda que existem palavras que modificam o sentido de uma
frase. Por exemplo, a palavra “não”. Quando usamos a palavra “não” o
resultado é a negação da frase original. Por exemplo, se temos a frase:
“A terra é um planeta”. Com a palavra “não” teremos a negação desta
frase, que é, “A terra não é um planeta”.
Exemplo 1.12. Considerando as proposições simples dadas no Exemplo
1.10, dentre outras, podemos construir as seguintes proposições compos-
tas:
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1) O gato é pequeno e o cachorro é bravo.


2) O gato é pequeno ou o cachorro não é bravo.
3) Se esse exemplo é sobre lógica, então meu carro é vermelho e o gato
não é pequeno.
4) Se o gato é pequeno, então o cachorro é bravo.
5) O gato é pequeno se, e somente se, o cachorro não é bravo.

9
6) Se x2 = 1 , então x = 1 ou x = −1.
7) |y| = 0 se, e somente se, y = 0.
8) Se você está com fome, então coma um sanduíche.

9) Se você não está entendendo, então deve se esforçar mais.


10) Você não tem nada a dizer ou está mentindo.
11) Eu queria um bolo e algo menos calórico.
Exemplo 1.13. Observe as seguintes proposições compostas e extraia
delas as proposições simples.
1) A lua é quadrada ou a neve é branca.
(a) A lua é quadrada. (simples)
(b) A neve é branca. (simples)

2) Se o inferno ficar frio então eu me caso com você.


(a) O inferno fica frio. (simples)
(b) Eu me caso com você. (simples)
3) Se o meu carro pifar e o meu amigo for a festa, então eu fico em casa.

(a) O meu carro pifa. (simples)


(b) Meu amigo vai a festa. (simples)
(c) Eu fico em casa. (simples)
4) Aplico a prova se, e somente se, os alunos aparecerem e estivem todos
de branco.
(a) Aplico a prova. (simples)
(b) Os alunos aparecem. (simples)
(c) Todos estão de branco. (simples)
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5) Eu vou casar ou comprar uma bicicleta.


(a) Eu vou casar. (simples)
(b) Eu vou comprar uma bicicleta. (simples)
6) Vou viajar se, e somente se, o meu gato latir.

(a) Vou viajar. (simples)


(b) Meu gato late. (simples)

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Exercícios Propostos

Extraia das proposições compostas dadas, as proposições simples.


Na seqüência, com essas mesmas proposições simples, construa
novas proposições compostas, diferentes das já dadas.
1. 3 é maior que 1 se, e somente se, 1 for menor que 3.
2. Se Maria for ao cinema, então João fica em casa e Letícia
joga video game.

3. π é um número irracional e a raiz quadrada de 4 é 2.


4. Trabalho durante o jogo ou vou dormir.
5. O gato é pequeno e o cachorro é bravo.
6. O gato é pequeno ou o cachorro não é bravo.

7. Se esse exemplo é sobre lógica, então meu carro é vermelho


e o gato não é pequeno.
8. Se o gato é pequeno, então o cachorro é bravo.
9. O gato é pequeno se, e somente se, o cachorro não é bravo.

10. Se x2 = 1, então x = 1 ou x = −1.


11. |y| = 0 se, e somente se, y = 0.
12. Não é verdade que não esta chovendo.

13. Se eu estudar, então passo em lógica ou ficarei chateado.


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14. Se eu ganhar na mega-sena ou receber uma herança milio-


nária, então fico milionário.
15. Se você está com fome, então coma um sanduíche.

16. Se você não está entendendo, então deve se esforçar mais.


17. Você não tem nada a dizer ou está mentindo.
18. Eu queria um bolo e algo menos calórico.

11
Na lógica proposicional não trabalhamos realmente com frases, mas
sim com variáveis proposicionais que representam as proposições. Sendo
assim, a menos que digamos o contrário, usaremos letras minúsculas, tais
como p, q, r, ... para representar proposições simples, e letras maiúsculas
P , Q, R, ... para representar proposições compostas. Por exemplo,
p: A lua é quadrada. (simples)
Q: Se o meu carro não funcionar, então vou ficar em casa. (composta)
Da mesma forma que usamos letras maiúsculas e minúsculas para
representar uma proposição, usamos alguns símbolos especiais, chamados
de conectivos lógicos ou operadores lógicos, para representar os conectivos
“e”, “ou”, “não”, “Se ..., então” e “se, e somente se”, os quais são
apresentados na sequência.
Definição 1.14. O conectivo “não” é representado pelo símbolo ∼.
Sendo assim, a negação de uma proposição p é a proposição ∼ p (lê-
se: não p).
Exemplo 1.15. Observe que o conectivo lógico ∼ age apenas sobre uma
única proposição.

p: A terra é um planeta.
∼ p: A terra não é um planeta.

Definição 1.16. O conectivo “e” é representado pelo símbolo ∧. Com


o conectivo lógico ∧ obtemos a partir de duas proposições p e q, uma
nova proposição p ∧ q (lê-se: p e q) chamada conjunção.

Exemplo 1.17. Observe que ao contrário do conectivo lógico ∼, o co-


nectivo lógico ∧ age sobre duas proposições.

p: A terra é uma estrela.


q: O gato é um animal.
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p ∧ q: A terra é uma estrela e o gato é um animal.

Definição 1.18. O conectivo “ou” é representado pelo símbolo ∨. Com


o conectivo lógico ∨ obtemos a partir de duas proposições p e q, uma
nova proposição p ∨ q (lê-se: p ou q) chamada disjunção.

Exemplo 1.19. Observe que, assim como o conectivo ∧, o conectivo ∨


age sobre duas proposições.

p: A terra é uma estrela.

12
q: O gato é um animal.
p ∨ q: A terra é uma estrela ou o gato é um animal.

Definição 1.20. O conectivo “se..., então” é representado pelo símbolo


→, Com o conectivo lógico → obtemos a partir de duas proposições p e
q, uma nova proposição p → q (lê-se: Se p , então q) chamada implicação
ou condicional.
Exemplo 1.21. Observe que este conectivo também age sobre duas
proposições.
p: A terra é uma estrela.
q: O gato é um animal.
p → q: Se a terra é uma estrela, então o gato é um animal.
Definição 1.22. O conectivo “se, e somente se” é representado pelo
símbolo ↔. Com o conectivo lógico ↔ obtemos a partir de duas pro-
posições p e q, uma nova proposição p ↔ q (lê-se: p se, e somente se, q)
chamada dupla implicação ou bicondicional.
Exemplo 1.23. Observe que este conectivo também age sobre duas
proposições.
p: A terra é uma estrela.
q: O gato é um animal.
p ↔ q: A terra é uma estrela se, e somente se, o gato é um animal.
Além das variáveis proposicionais e dos conectivos lógicos, usamos um
símbolo auxiliar, a saber os parênteses “( )”, para evitar ambiguidades e
delimitar o “alcance” de cada conectivo. Considere a proposição:
p ∧ q ∨ r.
Sem uma regra definida, podemos colocar os parênteses nesta proposição
de duas formas diferentes. Vejamos:
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(p ∧ q) ∨ r ou p ∧ (q ∨ r)
Note que estas duas proposições são distintas e que a colocação de
parênteses, sem uma regra de uso definida, delimita o “alcance” de cada
conectivo, porém, pode não eliminar a ambiguidade. Sendo assim, para
uma melhor organização e evitar ambiguidades, os parênteses serão usa-
dos seguindo a seguinte ordem dos conectivos:
∼ ∨ ∧ → ↔

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Temos ainda a possibilidade de haver mais de uma ocorrência, conse-
cutivas, do mesmo conectivo, e neste caso adotaremos a convenção pela
direita, ou seja, se temos a proposição
p→q→r→t→h

colocamos primeiro os parênteses no último conectivo → a direita, depois


no penúltimo e assim por diante, ou seja, a proposição acima deve ser
entendida como
(p → (q → (r → (t → h))))

Exemplo 1.24. Se temos a proposição


p ∨ q∧ ∼ r → p →∼ q
colocamos os parênteses obedecendo a order dos conectivos apresentada
anteriormente e, dessa forma, obtemos:

(((p ∨ q) ∧ (∼ r)) → (p → (∼ q)))


Exemplo 1.25. Escreva as seguintes proposições em linguagem simbó-
lica, colocando apropriadamente os parênteses.
1) Se o cachorro latir e o gato miar, então a lua é uma estrela.
Sendo p: o cachorro late, q: o gato mia e r: a lua é uma estrela, vem
que:

(p ∧ q) → r

2) O cachorro late e se o gato miar, então a lua é uma estrela.


Sendo p, q e r representando as proposições como no item anterior,
vem que:

p ∧ (q → r)

3) Se o cachorro não late ou o gato mia, então a lua não é uma estrela.
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Sendo p, q e r como antes, vem que:

((∼ p) ∧ q) → (∼ r)

4) O cachorro late ou o gato mia se, e somente se, a lua é uma estrela.
Em linguagem proposicional temos:

(p ∨ q) ↔ r

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Exercícios Propostos

1. Coloque apropriadamente os parênteses nas proposições a


seguir.
(a) p ∨ q ∧ q ∨ r
(b) p ∧ q → h → r → s
(c) g ↔ f ∨ ∼ q ∧ h ∧ r ∧ s
(d) p → r ∧ q → r
(e) ∼ q ∧ p → q
(f) p ∨ q∧ ∼ p
(g) p → q ∨ r
(h) p ∨ q → r
2. Escreva em linguagem simbólica as seguintes proposições.
(a) 3 é maior que 1 se, e somente se, 1 for menor que 3.
(b) Se Maria for ao cinema, então João fica em casa e Le-
tícia joga video game.
(c) π é um número irracional e a raiz quadrada de 4 é 2.
(d) Não é verdade que não esta chovendo.
(e) Se eu estudar, então passo em lógica ou ficarei chate-
ado.
(f) Se eu ganhar na mega-sena ou receber uma herança,
então fico milionário.
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(g) Se não sei dirigir, então não tenho CNH.


(h) O gato é pequeno e o cachorro é bravo.
(i) O gato é pequeno ou o cachorro não é bravo.
(j) Se o gato é pequeno, então o cachorro é bravo.
(k) Se x2 = 1, então x = 1 ou x = −1.
(l) |y| = 0 se, e somente se, y = 0.

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1.2 Tabelas Verdade

A Tabela Verdade é um instrumento eficiente usado em lógica para de-


terminar se uma expressão é verdadeira ou falsa, válida ou invalida.
Definição 1.26. Por subproposições entendemos o conjunto formado
por todas as proposições que ocorrem na proposição P , observando a
precedência entre os conectivos.
Exemplo 1.27. Determine o conjunto de subproposições da proposição

∼ ((p ∧ q) → r)
Solução. Na proposição dada temos que o conectivo ∧ precede o conec-
tivo →, que por sua vez precede o conectivo ∼. Ou seja, para determinar
os possíveis valores verdade de ∼ ((p ∧ q) → r) antes precisamos deter-
minar os possíveis valores verdade de (p ∧ q) → r. E para determinar os
possíveis valores verdade de (p ∧ q) → r, primeiro precisamos determi-
nar os possíveis valores verdade de p ∧ q. No entanto, antes de tudo, é
necessário apresentar os possíveis valores verdade de p, q e r. Portanto,
concluímos que a proposição ∼ ((p ∧ q) → r) possui o seguinte conjunto
de subproposições:

{p, q, r, p ∧ q, (p ∧ q) → r, ∼ ((p ∧ q) → r)}.


Definição 1.28. Tabela Verdade é o conjunto de todas as possibilidades
combinatórias entre valores verdade de diversas variáveis lógicas, as quais
se encontram em apenas duas situações, verdadeiro (V) ou Falso (F), e
um conjunto de conectivos lógicos.
A Definição 1.28 nós diz que a Tabela Verdade de uma proposição
P determina quais são os possíveis valores verdade da proposição P ,
considerando os possíveis valores verdade das subproposições contidas
na proposição P .
Neste sentido, a Tabela Verdade de uma proposição P é formada por
linhas e colunas, onde o número de linhas é determinado pelo número
de proposições simples contidas na proposição P , e o número de colunas
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é determinado pelo número de subproposições da proposição P . Em


outras palavras, a Tabela Verdade da proposição P consiste:

1. De uma linha em que estão contidas todas as proposições simples


e demais subproposições da proposição P . Por exemplo, suponha
que a proposição P seja ∼ ((p ∧ q) → r). Como vimos no Exemplo
1.27, o conjunto de subproposições desta proposição é:

{p, q, r, p ∧ q, (p ∧ q) → r, ∼ ((p ∧ q) → r)}.

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Tabela 1.1: Primeira linha da Tabela Verdade.

p q r p∧q (p ∧ q) → r ∼ ((p∧q) → r)

Consequentemente, como a proposição dada possui 6 subproposi-


ções, a sua Tabela Verdade possui 6 colunas e a primeira linha
desta tabela é dada por:

2. De L linhas em que estão todos os possíveis valores verdade, V


ou F, que as proposições simples contidas em P possam assu-
mir. O número destas linhas é L = 2n , sendo n o número de
proposições simples contidas em P . No exemplo acima, a fórmula
∼ ((p ∧ q) → r) contém 3 proposições simples p, q e r e, portanto,
a Tabela Verdade dessa proposição vai conter L = 23 = 8 linhas,
que representam as possibilidades combinatórias entre os valores
verdade de p, q e r. A saber:

Tabela 1.2: Possibilidades combinatórias entre os valores verdade de p, q e r.

p q r p∧q (p ∧ q) → r ∼ ((p∧q) → r)

V V V

V V F

V F V

V F F

F V V

F V F
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F F V

F F F

Observe que na Tabela Verdade 1.2 existem algumas colunas não


preenchidas. Tais colunas serão preenchidas de acordo com a Tabela
Verdade do principal conectivo lógico envolvido em cada uma das co-

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lunas. Por exemplo, na quarta coluna o principal conectivo lógico é a
conjunção ∧, cujos valores verdade dependem dos valores verdade das
proposições simples p e q. Agora na quinta coluna, o principal conectivo
lógico é a implicação →, pois este é precedido pelo conectivo lógico ∧.
Note ainda que os possíveis valores verdade desta coluna dependem dos
possíveis valores verdade da proposição simples r e dos possíveis valores
verdade da proposição p ∧ q, os quais neste momento já foram deter-
minados na quarta coluna. Finalmente, na última coluna o principal
conectivo lógico é a negação ∼, pois este é precedido pelos conectivos
lógicos ∧ e →, e os valores verdade desta última coluna depende unica-
mente dos valores verdade de (p ∧ q) → r, os quais, neste momento, já
foram determinados na quinta coluna.
Na seqüência apresentaremos as definições das Tabelas Verdade de
cada um dos conectivos lógicos apresentados anteriormente. Fique atento
às referidas definições e as estude com calma, pois, elas formam a base
para a construção da Tabela Verdade de qualquer proposição composta.
Definição 1.29. A proposição ∼ p é a negação da proposição p, de
maneira que se p é verdadeira então ∼ p é falsa, e vice-versa.

Tabela 1.3: Tabela Verdade da Negação.

p ∼p

V F

F V

Definição 1.30. A conjunção p ∧ q será verdadeira somente quando as


duas proposições p e q forem verdadeiras.

Tabela 1.4: Tabela Verdade da Conjunção.

p q p∧q
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F F F

V F F

F V F

V V V

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Definição 1.31. A disjunção p ∨ q será verdadeira quando pelo menos
uma das proposições p e q for verdadeira, isto é, ela só será falsa quando
as duas proposições p e q forem falsas.

Tabela 1.5: Tabela Verdade da Disjunção.

p q p∨q

V V V

V F V

F V V

F F F

Definição 1.32. A implicação p → q será falsa somente quando a pro-


posição p for verdadeira e a proposição q for falsa.

Tabela 1.6: Tabela Verdade da Implicação.

p q p→q

V V V

V F F

F V V

F F V

Definição 1.33. A dupla implicação p ↔ q será verdadeira se as propo-


sições p e q tiverem o mesmo valor verdade, isto é, ou ambas verdadeiras,
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ou ambas falsas.
Exemplo 1.34. Determine os possíveis valores verdade das proposições
a seguir, ou seja, construa sua Tabela Verdade.

1. (p ∧ q) → r
Temos que a proposição em questão possui três proposições sim-
ples, p, q e r, e o seu conjunto de subproposições é

{p, q, r, p ∧ q, (p ∧ q) → r}

19
Tabela 1.7: Tabela Verdade da Dupla Implicação.

p q p↔q

V V V

V F F

F V F

F F V

Logo, a Tabela Verdade da proposição possui 5 colunas e 23 = 8


linhas, a saber:

Tabela 1.8: Tabela Verdade da proposição (p ∧ q) → r.

p q r p∧q (p ∧ q) → r

V V V

V V F

V F V

V F F

F V V

F V F

F F V

F F F
Fundamentos de Lógica para Administração

Observe que na quarta coluna da Tabela 1.8 o principal conectivo


lógico é a conjunção ∧, cujos valores verdade dependem dos valores
verdade das proposições simples p e q.
Assim, a quarta coluna da tabela é construída com base na Tabela
Verdade da conjunção (Definição 1.30), observando a primeira e
a segunda coluna da mesma tabela. Na quinta coluna o principal
conectivo lógico é a implicação →, pois este é precedido pelo conec-
tivo lógico ∧. Esta quinta coluna da tabela é construída com base
na Tabela Verdade da implicação (Definição 1.32), observando a

20
Tabela 1.9: Tabela Verdade da proposição (p ∧ q) → r.

p q r p∧q (p ∧ q) → r

V V V V V

V V F V F

V F V F V

V F F F V

F V V F V

F V F F V

F F V F V

F F F F V

quarta e a terceira coluna, pois os possíveis valores verdade desta


coluna dependem dos possíveis valores verdade da proposição sim-
ples r e dos possíveis valores verdade da proposição p ∧ q.

2. ∼ q →∼ p
Neste caso a proposição possui duas proposições simples, p e q, e
o seu conjunto de subproposições é

{p, q, ∼ p, ∼ q, ∼ q →∼ p}

Portanto, a Tabela Verdade da proposição possui 5 colunas e 22 = 4


linhas, a saber:

Tabela 1.10: Tabela Verdade da proposição ∼ q →∼ p.


Fundamentos de Lógica para Administração

p q ∼q ∼p ∼ q →∼ p

V V F F V

V F V F F

F V F V V

F F V V V

21
Nesta tabela, o principal conectivo na terceira e na quarta co-
luna é a negação ∼, portanto, são construídas com base na Tabela
Verdade da negação (Definição 1.29), observando a segunda e a
primeira coluna, respectivamente. Já na última coluna, o princi-
pal conectivo é →, e é construída com base na Tabela Verdade
da implicação (Definição 1.32), observando a terceira e a quarta
coluna.
3. ∼ p ∨ q
A proposição possui o seguinte conjunto de subproposições:

{p, q, ∼ p, ∼ p ∨ q}

Portanto, sua Tabela Verdade é dada por:

Tabela 1.11: Tabela Verdade da proposição ∼ p ∨ q.

p q ∼p ∼p∨q

V V F V

V F F F

F V V V

F F V V

Note que a terceira e a quarta coluna da tabela são construídas


com base nas Tabela Verdade da negação e disjunção (Definições
1.29 e 1.31), respectivamente.
Fundamentos de Lógica para Administração

22
Exercícios Propostos

Quando achar necessário coloque apropriadamente os parênteses


e construa as Tabelas Verdade das seguintes proposições:

1. (p → r) ∧ (q → r)
2. p ∧ (p → q)

3. ∼ q ∧ (p → q)
4. (p ∨ q) ∧ (∼ p)
5. p → (q ∨ r)

6. p ∧ (p → q) → q
7. ∼ q ∧ (p → q) →∼ p
8. (p → q) ∧ (q → r) → (p → r)
9. (p ∨ q)∧ ∼ p → q

10. p ∧ q → p
11. p → p ∨ q
12. (p → (q ∨ r))∧ ∼ q → p → r

13. (p → r) ∧ (q → r) → (p ∨ q) → r
14. (p ↔ q) ↔ (p → q) ∧ (q → p)
15. p ∧ (q ∨ r) ↔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
Fundamentos de Lógica para Administração

16. p → (q ∧ r) ↔ (p → q) ∧ (p → r)

17. p ∨ (q ∧ r) ↔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
18. p → (q ∨ r) ↔ (p → q) ∨ (p → r)

23
1.3 Contingência, Tautologia e Contra-Tautologia

Definição 1.35. Dizemos que uma proposição composta é uma contin-


gência quando seus possíveis valores verdade são verdadeiros e falsos,
independentemente dos valores verdade das proposições simples que a
compõe. Ou seja, a última coluna da sua Tabela Verdade, a qual deter-
mina seus possíveis valores verdade, tem os valores verdade V e F.
Exemplo 1.36. As proposições compostas apresentadas no Exemplo
1.34 são todas uma contingência. De fato, observe que a última coluna
de cada uma das respectivas Tabelas Verdade tem os valores verdade V
e F.
Definição 1.37. Dizemos que uma proposição composta é uma tau-
tologia quando seus possíveis valores verdade são sempre verdadeiros,
independentemente dos valores verdade das proposições simples que a
compõe. Em outras palavras, a última coluna da sua Tabela Verdade,
só tem o valor verdade V.
Exemplo 1.38. As proposições p∨ ∼ p, p ∧ (p → q) → q, ∼ q ∧ (p →
q) →∼ p e ∼ (p ∧ q) →∼ p∨ ∼ q são tautologias. De fato, basta
observar que a última coluna de cada uma das Tabelas Verdade das
proposições, apresentadas a seguir, só tem o valor verdade V.

Tabela 1.12: Tabela Verdade da proposição p∨ ∼ p.

p ∼p p∨ ∼ p

V F V

F V V

Tabela 1.13: Tabela Verdade da proposição p ∧ (p → q) → q.

p q p→q p ∧ (p → q) p ∧ (p → q) → q
Fundamentos de Lógica para Administração

V V V V V

V F F F V

F V V F V

F F V F V

24
Tabela 1.14: Tabela Verdade da proposição ∼ q ∧ (p → q) →∼ p.

p q ∼p ∼q p→q ∼ q ∧ (p → q) ∼ q∧(p → q) →∼ p

V V F F V F V

V F F V F F V

F V V F V F V

F F V V V V V

Tabela 1.15: Tabela Verdade da proposição ∼ (p ∧ q) →∼ p∨ ∼ q.

p q ∼p ∼q p∧q ∼ (p ∧ q) ∼ p∨ ∼ q ∼ (p ∧ q) →∼ p∨ ∼ q

V V F F V F F V

V F F V F V V V

F V V F F V V V

F F V V F V V V

25
Fundamentos de Lógica para Administração
Definição 1.39 (Contra-Tautologia). Dizemos que uma proposição
composta é uma contra-tautologia quando seus possíveis valores verdade
são sempre falsos, independentemente dos valores verdade das proposi-
ções simples que a compõe. Em outras palavras, a última coluna da sua
Tabela Verdade, só tem o valor verdade F.
Exemplo 1.40. As proposições p∧ ∼ p, ∼ (p ∨ q) ∧ p, ∼ (p ∧ q) ↔ (q ∧ p)
são contra-tautologia. De fato, observe que a última coluna de cada uma
das respectivas Tabelas Verdade, a qual determina seus possíveis valores
verdade, só tem o valor verdade F.

Tabela 1.16: Tabela Verdade da proposição p∧ ∼ p.

p ∼p p∧ ∼ p

V F F

F V F

Tabela 1.17: Tabela Verdade da proposição ∼ (p ∨ q) ∧ p.

p q p∨q ∼ (p ∨ q) ∼ (p ∨ q) ∧ p

V V V F F

V F V F F

F V V F F

F F F V F

Tabela 1.18: Tabela Verdade da proposição ∼ (p ∧ q) ↔ (q ∧ p).


Fundamentos de Lógica para Administração

p q p∧q q∧p ∼ (p∧q) ∼ (p∧q) ↔ (q∧p)

V V V V F F

V F F F V F

F V F F V F

F F F F V F

26
1.4 Implicação e Equivalência Tautológica

Definição 1.41. A proposição P implica tautologicamente a proposição


Q, e indicamos por P ⇒ Q se, e somente se, a fórmula P → Q é uma
tautologia.
Exemplo 1.42. 1. Dadas as proposições P : p ∧ (p → q) e Q : q,
vimos no Exemplo 1.38 que P → Q é uma tautologia, ou seja,
P ⇒ Q. Logo, P implica tautologicamente a proposição Q.

2. No mesmo Exemplo 1.38 temos que ∼ q∧(p → q) →∼ p é uma tau-


tologia, o que nos leva a concluir que P implica tautologicamente
a proposição Q, sendo P :∼ q ∧ (p → q) e Q :∼ p.
3. Considere as proposições P : (p ∨ q)∧ ∼ p e Q : q e verifiquemos se
P ⇒ Q. Para isto basta verificar, com o uso da Tabela Verdade,
se P → Q é uma tautologia. Veja Tabela 1.20.
Definição 1.43. Duas proposições P e Q são tautologicamente equiva-
lentes, e indicamos por P ⇔ Q, se, e somente se, a proposição P ↔ Q é
uma tautologia.

Exemplo 1.44. 1. É fácil ver que as implicações p → q e ∼ q →∼ p


são equivalentes, ou seja, p → q ⇔ ∼ q →∼ p. Certamente,
construindo a sua Tabela Verdade vemos que a proposição p →
q ↔ ∼ q →∼ p é uma tautologia, como se vê na Tabela 1.21.
2. Verifiquemos que proposição p → q é equivalente a proposição
∼ p ∨ q. Para isto basta verificar que a proposição p → q ↔∼ p ∨ q
é uma tautologia. O que de fato acontece como mostra a Tabela
Verdade a seguir.

Tabela 1.19: Tabela Verdade da proposição p → q ↔∼ p ∨ q.

p q ∼p p→p ∼ p∨q p → q ↔∼ p∨q

V V F V V V
Fundamentos de Lógica para Administração

V F F F F V

F V V V V V

F F V V V V

27
Fundamentos de Lógica para Administração

28
Tabela 1.20: Tabela Verdade da proposição (p ∨ q)∧ ∼ p → q.

p q p∨q ∼p p∨q (p ∨ q)∧ ∼ p (p ∨ q)∧ ∼ p → q

V V V F V F V

V F V F V F V

F V V V V V V

F F F V F F V

Tabela 1.21: Tabela Verdade da proposição p → q ↔ ∼ q →∼ p.

p→
p q ∼q ∼p ∼ q →∼ p p → q ↔ ∼ q →∼ p
q

V V V F F V V

V F F V F F V

F V V F V V V

F F V V V V V
Exercícios Propostos

1. Verifique as seguintes implicações tautológicas:


(a) Modus Ponens: p ∧ (p → q) ⇒ q
(b) Modus Tollens: ∼ q ∧ (p → q) ⇒∼ p
(c) Silogismo Hipotético: (p → q) ∧ (q → r) ⇒ (p → r)
(d) Silogismo Disjuntivo: (p ∨ q)∧ ∼ p ⇒ q
(e) Simplificação: p∧q ⇒p
(f) Adição: p⇒p∨q
(g) Eliminação: (p → (q ∨ r))∧ ∼ q ⇒ p → r
(h) Prova por Casos: (p → r) ∧ (q → r) ⇒ (p ∨ q) → r
(i) Negação: ∼ (∼ p) ⇒ p
(j) Contraposição: p → q ⇒∼ q →∼ p
(k) Troca de Premissas: p → (q → r) ⇒ q → (p → r)
(l) Idempotente para ∧:: p∧p⇒p
(m) Idempotente para ∨: p∨p⇒p
(n) Associativa para ∧: (p ∧ q) ∧ r ⇒ p ∧ (q ∧ r)
(o) Associativa para ∨: (p ∨ q) ∨ r ⇒ p ∨ (q ∨ r)
(p) Lei de De Morgan: ∼ (p ∧ q) ⇒∼ p∨ ∼ q
(q) Lei de De Morgan: ∼ (p ∨ q) ⇒∼ p∧ ∼ q
(r) Definição Implicação: p → q ⇒∼ p ∨ q
Fundamentos de Lógica para Administração

(s) Comutativa para ∧: p∧q ⇒q∧p


(t) Comutativa para ∨: p∨q ⇒q∨p

29
2. Verifique as seguintes equivalências tautológicas:
(a) Comutativa para ∧: p∧q ⇔q∧p
(b) Comutativa para ∨: p∨q ⇔q∨p
(c) Associativa para ∧: (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r)
(d) Associativa para ∨: (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r)
(e) Idempotente para ∧: p∧p⇔p
(f) Idempotente para ∨: p∨p⇔p
(g) Absorção: p ∧ (p ∨ r) ⇔ p
(h) Absorção: p ∨ (p ∧ r) ⇔ p
(i) Distributivas para ∧: p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
(j) Distributivas para ∨: p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
(k) Distributivas para →: p → (q ∧ r) ⇔ (p → q) ∧ (p → r)
(l) Distributivas para →: p → (q ∨ r) ⇔ (p → q) ∨ (p → r)
(m) Lei de De Morgan: ∼ (p ∧ q) ⇔∼ p∨ ∼ q
(n) Lei de De Morgan: ∼ (p ∨ q) ⇔∼ p∧ ∼ q
(o) Definição Implicação: p → q ⇔∼ p ∨ q
(p) Definição Implicação: p → q ⇔∼ (p∧ ∼ q)
(q) Definição Bicondicional: p ↔ q ⇔ (p → q) ∧ (q → p)
(r) Definição Bicondicional: p ↔ q ⇔ (∼ p ∨ q) ∧ (∼ q ∨ p)
(s) Negação: ∼ (∼ p) ⇔ p
Fundamentos de Lógica para Administração

(t) Contraposição: p → q ⇔∼ q →∼ p
(u) Troca de Premissas: p → (q → r) ⇔ q → (p → r)
(v) Exportação (⇒) e Importação (⇐):
(p ∧ q) → r ⇔ p → (q → r)

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