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A crise de 1383-1385

O século XIV é, para a Europa, uma época de crise devido às alterações


climáticas,  à fome, à Peste Negra e às guerras constantes. Tudo isto leva a uma
significativa diminuição da população e a um aumento dos problemas políticos e
sociais.
Com a morte de D. Fernando, em 1383, sem deixar nenhum filho varão, abre-se
um problema de sucessão ao trono de Portugal. A sua filha, D. Beatriz, é casada com o
rei de Castela e o Tratado de Salvaterra de Magos estabelece que no caso de não haver
netos, Portugal seria governado por D. Leonor Teles até que D. Beatriz tivesse um
herdeiro e este completasse 14 anos. Então, D. Leonor torna-se a regente de Portugal.
Revoltados, os seus opositores planeiam assassinar o Conde Andeiro, que é o seu
suposto amante.  Como D. Leonor percebe que a sua posição é ameaçada, solicita o
auxílio do rei de Castela, João I. Este apoio é visto, pela burguesia portuguesa, como
uma ameaça à independência portuguesa, pois, se João I de Castela assumisse o trono,
poderia unificar os territórios de Portugal com os territórios de Castela.
         Assim, formam-se três partidos e o reino divide-se: D. Beatriz e o rei de Castela,
com o apoio da alta nobreza e do alto clero; os infantes D. João e D. Dinis (filhos de D.
Pedro I e de D. Inês de Castro), apoiados por alguns nobres; e D. João I, que tem o
apoio da grande maioria do povo, da burguesia, da média e da pequena nobreza e de
uma parte significativa do clero.
Neste cenário de disputa pelo trono, defrontam-se os apoiantes do rei de Castela e
do Mestre de Avis. Nas Cortes, em  6 de abril de 1385, D. João é aclamado Rei de
Portugal, dando-se início à 2.ª Dinastia.
A batalha de Aljubarrota é um acontecimento muito importante para a
consolidação da independência de Portugal. A vitória permite a D. João I assinar um
tratado de amizade com Inglaterra, em 1386, e afirmar a Dinastia de Avis. Estabelece
ainda as bases de uma nova sociedade que, após a assinatura do tratado de paz com
Castela, em 1411, se lança nos Descobrimentos.
Pode-se concluir que o final do século XIV é uma época agitada ao nível social,
económico e político, mas marca também o início de uma fase gloriosa da história de
Portugal.

Bibliografia:

- PEREIRA, Maria João e DELINDRO, Fernanda Bela. 2021 “Conhece a contextualização histórico-
literária da Crónica de D. João I”. In Págin@s 10, Porto. pp 70-71.

http://www.mosteirobatalha.gov.pt/pt/index.php?s=white&pid=203&identificador=bt1411_pt

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_I_de_Portugal

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cortes_de_Coimbra_de_1385

https://escolakids.uol.com.br/historia/revolucao-avis.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_din%C3%A1stica_de_1383%E2%80%931385

https://ensina.rtp.pt/artigo/a-crise-de-1383-1385/

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$crise-de-1383-1385

https://apontamentos-da-escola.blogs.sapo.pt/1805.html
Fernão Lopes
Fernão Lopes é escrivão e cronista oficial do reino de Portugal e o 4.° guarda-mor
da Torre do Tombo. Não há documentos oficiais acerca da sua data de nascimento, mas
supõe-se que tenha nascido entre 1380 e 1390. Também não se sabe ao certo o seu local
de nascimento, mas segundo alguns historiadores, pensa-se que não nasceu no campo,
mas sim numa cidade marítima, em Lisboa. Mas segundo outras teorias, acha-se que
nasceu no Alandroal, uma cidade alentejana, onde é possível encontrar, atualmente, uma
pedra tumular com o seu nome.
Muitas das suas crónicas perderam-se no tempo, mas salvaram-se as de D. Pedro,
D. Fernando e D. João I. O primeiro registo que se tem a seu respeito é em 1418 quando
foi nomeado guarda do arquivo da Torre do Tombo,  em Lisboa. Ainda não era rei, D.
Duarte quis os feitos do seu pai, D. João I, imortalizados e, que a segunda dinastia fosse
legitimada também pela narrativa histórica. Então, chama o guardião das escrituras da
Torre do Tombo, Fernão Lopes, e entrega-lhe a tarefa de redigir as crónicas de todos os
reis da primeira dinastia e a do décimo rei de Portugal, cognominado o da Boa
Memória. Fernão Lopes, escrivão de ofício, aceita em 1434 o cargo de cronista do reino,
pelo seu trabalho, receberia uma tença anual de 14000 reais. Tinha a função de
pesquisar documentos, de consultar narrativas, registos, arquivos, atas das cortes...
A Crónica de D. João I foi escrita por volta de 1450 e constitui, após as crónicas
de D. Pedro e de D. Fernando, a terceira e mais perfeita das três grandes crónicas
escritas por Fernão Lopes. As suas crónicas são feitas com uma linguagem viva e
acessível, um relato quase reportagem dos acontecimentos, como o retrato que faz da
revolução de 1383-1385, do levantamento do povo de Lisboa que rejeita ver o país
perder a independência e escolhe para seu novo rei, o mestre de Avis.
Esta crónica, impressa pela primeira vez em Lisboa, em 1644, foi deixada
incompleta por Fernão Lopes, divide-se em três partes. A primeira parte da crónica
descreve a revolução de Lisboa na narração célere dos episódios quase simultâneos do
assassinato do conde Andeiro, do alvoroço da multidão que acorre a defender o Mestre
e da morte do bispo de Lisboa (capítulo 11). Na segunda parte, o ritmo narrativo
diminui, tratando-se agora de reconhecer o rei saído das cortes, e é de novo pela ação do
povo que a glorificação do monarca é transmitida, como, por exemplo, no modo como o
acolhe a cidade do Porto. Outro momento de maior relevo é consagrado, nesta parte, à
narrativa da Batalha de Aljubarrota, embora aí não ecoe o mesmo tom de exaltação com
que, na primeira parte, colocara em cena o movimento da massa popular.  Pensa-se que
a terceira parte, não foi escrita por Fernão Lopes, mas sim por Gomes Eanes de Zurara,
pois em 1454, Afonso IV dispensa-o da função de cronista.
Fernão Lopes terá morrido em Lisboa, em 1460.
Fernão Lopes testemunhou várias alterações políticas e sociais durante o seu
longo período de atividade, o que, certamente, foi muito útil para a elaboração das suas
crónicas. É considerado, por muitos, o pai da história portuguesa.

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