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D. João I e D.

Filipa de Lencastre – um par romântico

D. Filipa de Lencastre
Mulher de D. João I e rainha de Portugal entre 1387 e 1415, nasceu em Inglaterra em
1360, filha do duque de Lencastre.
Nada se sabe da sua vida até à altura do casamento com D. João I, que se efetuou
no Porto, a 2 de fevereiro de 1387, e que é considerado ilegítimo até 1391, altura em
que uma bula papal autoriza o casamento do Mestre de Avis, que era eclesiástico. Dessa
união nasceram oito filhos - a "Ínclita Geração", como lhe chamou Camões -, de entre
os quais se destacam D. Duarte, futuro rei; o infante D. Pedro, o das "Sete Partidas"; o
infante D. Henrique, "o Navegador"; e D. Fernando, o "Infante Santo". Ignora-se qual o
papel que teve na educação dos filhos.
Sabe-se apenas que manteve sempre grande ligação com a Inglaterra, vivendo
rodeada, na corte, de súbditos ingleses.
Além do papel que terá desempenhado no estreitar de relações entre Portugal e
a Inglaterra, parece ter exercido alguma influência sobre D. João I, com realce para o
apoio à conquista de Ceuta. Era muito religiosa, por vezes fanática.
Morreu de peste em 18 de julho de 1415, na véspera da partida da expedição a Ceuta,
estando sepultada no Mosteiro da Batalha.

D. João I
Monarca português, filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, dama galega,
nasceu em 1357, em Lisboa.
Décimo rei de Portugal entre 1385 e 1433, foi o fundador da “Dinastia de Avis” ou
“Joanina”, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Memória".
Foi educado por um mestre da Ordem de Cristo, tendo sido nomeado, com apenas seis
anos, “Mestre da Ordem de Avis” por D. Pedro I e armado cavaleiro.
Durante o reinado de D. Fernando, seu meio-irmão, começou a desempenhar papéis
de certo relevo, como o da negociação do casamento de D. Beatriz com o rei de Castela.
A rainha D. Leonor Teles viu no Mestre de Avis um obstáculo e um adversário na sua
influência sobre D. Fernando, sendo D. João considerado o chefe dos que se opõem à
ação de Leonor Teles e do Conde Andeiro. Após a morte de D. Fernando, em 1383,
entrou-se num período de agitação e de crise na sucessão da Coroa, dado não haver
herdeiro varão e D. Beatriz estar casada com o rei de Castela, colocando assim em
causa a independência nacional.

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Formaram-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como rainha
de Portugal, e D. João aceita a chefia do movimento popular que luta contra a hipótese
de Portugal vir a ter um rei estrangeiro, este movimento tem o apoio da burguesia.
Assim, D. João participou no assassínio do Conde Andeiro e é proclamado "regedor e
defensor do Reino". Ao prever a invasão do país por Castela, que quis impor os direitos
de D. Beatriz, começou a preparar a defesa, onde se destacou Nuno Álvares Pereira.
Seguiu-se um período de lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o Cerco
de Lisboa, por terra e mar, em 1384, durante vários meses. Em abril de 1385 reuniu-se
as Cortes em Coimbra, onde, pela ação e grande poder oratório do Dr. João das Regras,
D. João foi eleito rei. A luta contra Castela e seus partidários continuou, e, a 14 de
agosto de 1385, obteve uma grandiosa vitória na Batalha de Aljubarrota, a que se segue
a vitória em Valverde.
Pela vitória em Aljubarrota e em cumprimento de uma promessa, D. João I
mandou construir o Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gótica portuguesa.
A luta com Castela e seus partidários continuou, mas mais esporadicamente, até que
em 1411 se estabeleceu em definitivo a paz.
Entretanto, em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, na sequência do
Tratado de Windsor, celebrado com a Inglaterra. Desta união nasceram a "Ínclita
Geração".
D. João I, que subiu ao trono com o grande apoio que teve das massas populares e da
burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, começou uma política
centralizadora do poder, reduzindo a influência do clero e da nobreza, apropriando-se
dos bens dos que eram apoiantes de Castela, espaçando a reunião das Cortes, e procurou
reaver algumas das terras doadas.
Foi no reinado de D. João I que tiveram início as conquistas no Norte de África e que
começou a gesta dos Descobrimentos, pela ação do Infante D. Henrique. Assim, em
1415 deu-se a expedição a Ceuta, que foi conquistada a 21 de agosto. Após a sua
conquista foram armados cavaleiros, na mesquita daquela praça-forte, os príncipes
D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera
a rainha D. Filipa de Lencastre.
Após o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique deu início à epopeia
dos Descobrimentos. Tendo sido no reinado de D. João I descobertas as ilhas de Porto
Santo em 1418, da Madeira em 1419 e dos Açores em 1427, além de se terem feito
expedições às Canárias.
D. João I era um rei culto, dada a sua formação na Ordem de Avis, e, por isso,
mandou redigir a “Crónica Breve do Arquivo Nacional”, mandou traduzir o “Novo
Testamento” e vidas de santos, e escreveu o “Livro da Montaria”.
Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho D. Duarte, que lhe sucederia.

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D. João I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha, ao lado de
D. Filipa de Lencastre.

Um par romântico
D. João I de Portugal e D. Filipa de Lencastre conheceram-se no Porto no ano de
1386. O casamento de ambos foi um chamado casamento por conveniência uma vez que
servia apenas para favorecer as relações estre Portugal e Inglaterra. Contudo acredita-se
que entre estas duas pessoas existiu amor. Numa entrevista a Maria João Fialho
Gouveia, esta diz que D. Filipa gostou de Portugal, tendo ficado não só encantada pelo
rei como pela terra.

Ambos tinham gostos culturais muito parecido e uma cultura extraordinária, além
disso este par romântico deu origem à “Ínclita Geração”. Foi a própria D. Filipa quem
educou os seus filhos homens da mesma forma que educou a sua filha mulher o que
mostra, desde logo as ideias inovadoras que ambos tinham.

Afonso Pedro Soares Araújo Nº18 TSJ19

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