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Biografia de D.

Filipa de Lencastre

Filipa de Lencastre foi uma princesa inglesa da Casa de Lencastre, filha de João


de Gante, 1.º Duque de Lencastre, com sua mulher Branca de Lencastre. Quando
tinha dezoito anos, foi-lhe atribuída a distinção inglesa da Ordem da Jarreteira, o
que, anos mais tarde, contribuiria para sua imagem de rainha santa. Tornou-se
rainha consorte de Portugal através do casamento com o rei D. João I, celebrado
em 1387 na cidade do Porto, e acordado no âmbito da Aliança Luso-
Inglesa contra o eixo França-Castela.
As rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens
adquiridos na sua grande maioria por doação. D. Filipa de Lencastre recebeu de
D. João I conhecido por Mestre de Avis as rendas da alfândega de Lisboa e das
vilas e Torres Vedras. A Crónica de rei D. João I, de Fernão Lopes, retrata a
rainha como generosa e amada pelo povo. Os seus filhos que chegaram à idade
adulta seriam lembrados como a ínclita geração, de príncipes cultos e respeitados
em toda a Europa. Filipa morreu de peste bubónica nos arredores de Lisboa,
poucos dias antes da partida da expedição a Ceuta. Atualmente, a tese mais aceite
ressalta que ela faleceu no convento de Odivelas, conforme é possível constatar
nos trabalhos de Francisco Benevides, Manuela Santos Silva. E Ana
Rodrigues está sepultada na Capela do Fundador.
Ascendência

Filipa de Lencastre proveio de duas nobres famílias: a casa régia


dos Plantagenetas e a dos Lencastre. Seu pai, João de Gante, ao casar-se com sua
mãe, Branca de Lencastre, herdou o ducado do seu sogro, juntamente com
domínios e castelos por toda a Inglaterra e o Principado de Gales, conquistando,
assim, maior poder e prestígio para a sua família. Filipa foi a primeira filha do
casal, nascendo em março do ano posterior ao casamento. Recebeu o nome da
sua avó paterna, a rainha, que também foi sua madrinha.

Vida na Inglaterra
No que se refere ao estudo das línguas, Filipa de Lencastre foi educada à maneira
nobre e aristocrática, isto é, aprendeu latim suficientemente para ler
livros litúrgicos, além de francês e inglês para ler romances ou livros de
instruções. Foi ensinada a agir de acordo com as virtudes femininas apreciadas na
época, tais como modéstia, humildade e pureza espiritual. Os registos de
despesas de seu pai mostram que ele era generoso tanto com os seus filhos
legítimos como para os membros da sua corte. Essa característica influenciaria a
vida de Filipa, que também viveu sob o clima literário da corte de seu pai.
Considerado um mecenas, ele foi seu principal exemplo, inspirando-a a criar o
seu próprio círculo de poetas através de um grupo cortesão de leitura conhecido
como "A flor e a folha". O poeta Eustache Deschamps, membro desse grupo,
dedicou a Filipa um poema no qual a comparava a uma flor. Tratava-se de um
reconhecimento por seu notável papel no incentivo à literatura inglesa.

Casamento
O pai de Filipa via em Portugal, conduzido por D. João I a partir de 1385, um
importante aliado para os seus interesses castelhanos. O duque acreditava que, ao
se casar com Constança em 1372, herdeira do rei Pedro I de Castela,
eventualmente tomaria posse do trono. Contudo, o lugar estava ocupado
até 1379 por Henrique II, meio-irmão de Pedro I, e, posteriormente, por seu
filho, João I de Castela. A aliança também era favorável ao rei D. João I, pois
garantia apoio à independência portuguesa face a Castela. Essa conjuntura
de união luso-inglesa frente ao inimigo comum, portanto, ocorria desde o reinado
de Fernando I de Portugal, anterior ao de D. João I, mas ganhou maior
estabilidade após o estabelecimento do Tratado de Windsor, em 1386, que vigora
até os dias atuais. O casamento entre Filipa e D. João I em fevereiro de 1387
selou a aliança.

Reinado
Apesar da imagem recatada da rainha que domina o imaginário dos portugueses,
D. Filipa parecia ter momentos descontraídos com as donzelas de sua corte,
gostando de conversar. Era uma mulher culta, que se correspondia com seus
parentes na Inglaterra, estabelecendo a prática de registar documentos que
haviam sido enviados por ela ou pelo rei.

Descendência
D. Filipa correspondeu ao papel esperado da rainha medieval em assegurar a
continuidade da linhagem e do património. Tal como seu pai, ela incitou a
apreciação pela cultura nos seus filhos, os futuros monarcas. Consequentemente,
eles foram figuras que funcionaram como modelos a serem seguidos pela
sociedade. Os romances de cavalaria medieval agradavam à rainha. A ênfase em
aventuras, virtudes cavaleirescas e valores da espiritualidade cristã contribuíram
para moldar a educação dos príncipes pelos ideais expressos nos códigos de
cavalaria: justiça e retidão.

Morte
Desde o início de 1415, a peste bubónica invadia Lisboa e Porto. Os reis
refugiaram-se em Sacavém, mas os longos e frequentes jejuns, orações e vigílias
da rainha enfraqueciam e debilitavam o seu corpo. Ela dedicava-se
espiritualmente ao sucesso na Tomada de Ceuta, empreendimento em que seu
marido e seus filhos Henrique, Pedro e Duarte participaram. Contudo, com as
constantes entradas e saídas de mensageiros e contactos, a peste acabou por
chegar a Sacavém. O rei abrigou-se em Odivelas, mas a rainha preferiu ir depois.
Quando chegou, em julho do mesmo ano, já estava doente.
De acordo com a Crónica da Tomada de Ceuta, de Gomes Eanes de Zurara,
D. Filipa sentiu a morte aproximar-se, preparando-se para a viagem eterna ao
cumprir os ritos da boa morte. Confessou-se, comungou e recebeu a extrema-
unção. Quando os clérigos acabaram de rezar, no dia 19 de julho, ela faleceu,
no Mosteiro de Odivelas. Inicialmente foi sepultada em Odivelas, onde havia
falecido. No ano seguinte, os seus restos mortais seguiram para o Mosteiro de
Santa Maria da Vitória, por ordem de seu marido. Mais tarde, o local abrigou
túmulos de outros membros da dinastia de Avis, tais como os de seus filhos. Com
exceção de D. Duarte, que construiu o seu próprio panteão, a "Ínclita Geração"
está sepultada na Capela do Fundador do Mosteiro da Batalha, primeiro panteão
régio a ser construído em Portugal.

Tiago Costa Nº:19 Turma:8ºA

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