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A.
Lê atentamente o seguinte poema.
XXIII
O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo,
Porque não interroga nem se espanta...
1. Explica de que modo o recurso expressivo com que abre o poema reflete a filosofia de
vida defendida pelo sujeito poético.
2. Explicita o significado dos três versos iniciais da segunda estrofe.
3. Comenta a conclusão do eu poético, contida nos três versos finais do poema.
1
Palavras 12
B (40 pontos)
Lê, com atenção, o texto a seguir transcrito.
Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os
peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem, e não falam. Uma só cousa pudera
desconsolar ao Pregador, que é serem gente os peixes, que se não há de converter. Mas esta
dor é tão ordinária que já pelo costume quase se não sente. Por esta causa não falarei hoje
5 em Céu, nem Inferno; e assim será menos triste este Sermão, do que os meus parecem aos
homens, pelos encaminhar sempre à lembrança destes dois fins.
Vos estis sal terrae. Haveis de saber, irmãos peixes, que o sal, filho do mar como vós,
tem duas propriedades, as quais em vós mesmos se experimentam: conservar o são, e
preservá-lo, para que se não corrompa. Estas mesmas propriedades tinham as pregações do
10 vosso Pregador S. António, como também as devem ter as de todos os Pregadores. Uma é
louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o bem para o conservar, e repreender o mal,
para preservar dele. Nem cuideis, que isto pertence só aos homens, porque também nos
peixes tem seu lugar. Assim o diz o grande Doutor da Igreja São Basílio: Non carpere
solum, reprehendereque possumus pisoes, sed sunt in illis, et quae prosequenda sunt
15 imitatione. Não só há que notar, diz o Santo, e que repreender nos peixes, senão também
que imitar, e louvar. Quando Cristo comparou a sua Igreja à rede de pescar, Sagenae missae
in mare, diz que os pescadores recolheram os peixes bons, e lançaram fora os maus:
Colegerunt bonos in vasa, malos autem foras miserunt. E onde há bons, e maus, há que
louvar, e que repreender. Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes,
20 o vosso Sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas virtudes, no segundo
repreender-vos-ei os vossos vícios. E desta maneira satisfaremos às obrigações do sal, que
melhor vos está ouvi-las vivos, que experimentá-las depois de mortos. (…)
Começando pois pelos vossos louvores, irmãos peixes, bem vos pudera eu dizer, que
entre todas as criaturas viventes, e sensitivas, vós fostes as primeiras que Deus criou. ( ... )
Padre António Vieira, Sermões, II (Obras Escolhidas, vol. XI), 2.ª ed., Lisboa: Sá da Costa, 1997.
[“Sermão de Santo António aos Peixes”, cap. II, pp.161-166.]
4. Padre António Vieira critica, de forma indireta, os seres humanos. Indica, explicitando, o
referente utilizado pelo pregador para atingir os criticados.
5. O pregador apresenta neste excerto a divisão do sermão. Mostra como procedeu a essa
divisão.
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Palavras 12
Leitura | Gramática
3. As obras em análise
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Palavras 12
6. O texto apresenta
(A) uma breve descrição do objeto em análise e comentário crítico.
(B) caráter persuasivo, informação seletiva e dimensão ética e social.
(C) caráter demonstrativo, concisão e objetividade.
(D) título, subtítulo, notas de rodapé, epígrafe e bibliografia.
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Palavras 12
Grupo I
Educação Literária
A.
1. O poema abre com uma dupla comparação muito expressiva.
Efetivamente, o “olhar” do sujeito poético é comparado ao “céu” e à “água ao sol”,
realçando-se, no primeiro caso, a cor azul como elemento comum, no segundo a serenidade.
Esta comparação reflete de forma evidente uma filosofia de vida que representa o modo natural
e claro como o sujeito contempla a Natureza que o rodeia, através das sensações, sem qualquer
interferência do pensamento, como se os seus olhos fossem um espelho da realidade.
Em conclusão, esta comparação reflete a simplicidade e a naturalidade do olhar do sujeito.
2. Nos três versos iniciais da segunda estrofe, o “eu” explica a razão pela qual não procura refletir
sobre a essência da realidade.
Na verdade, segundo ele, pensar sobre a Natureza, questioná-la, não contribuiria para a mudar,
renovar ou tornar mais bela, enfraquece o deslumbramento que se tem ao contemplá-la (“eu sentiria
menos flores no prado/E achava mais feio o sol…”).
Em suma, o sujeito poético tal como a Natureza não pensa, não se interroga, não se espanta,
apenas existe.
3. Nos três versos finais, o sujeito poético justifica a sua atitude de total aceitação da Natureza,
independente de qualquer questionamento.
Afirma que não agradece nem a existência nem a beleza do mundo natural porque estaria
subjacente a esse ato um estado de espírito reflexivo, precisamente o que ele quer evitar. Limita-se a
aceitar de forma pacífica a realidade, tal qual ela é, para não parecer que pensa.
Em conclusão, o seu objetivismo permite-lhe recusar um envolvimento emocional.
B.
4. O pregador utiliza os peixes como estratégia discursiva, retirada de Santo António, para poder
criticar ironicamente os homens, já que estes “se não aproveitam”.
O auditório humano continua, assim, a ser visado nas fortes críticas do orador, quer por contraste
com os louvores que vai fazer aos peixes, quer por semelhança, através das críticas.
Enfim, a alegoria encontrada vai permitir ao orador expor, de forma concreta, os defeitos humanos.
5. Neste excerto, o pregador apresenta de forma evidente a organização do seu sermão.
De facto, começa por antecipar a forma como vai estruturar o seu raciocínio, referindo que as
pregações têm duas propriedades: “Uma é louvar o bem, outra repreender o mal”. De seguida,
querendo proceder com clareza, explicita aos peixes que o seu sermão apresentará duas partes
distintas: “(…) dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas
atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios”.
Conclui-se que o pregador aplicará as duas propriedades do sal ao seu sermão.
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Palavras 12
Grupo II
Leitura | Gramática
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
A A C C B A B Complemento Oração “o quarto centenário
do nome. subordinada da segunda parte do
substantiva D. Quixote”
completiva.
Grupo III
Escrita
Tópicos de resposta:
Momentos de lazer:
conjunto de ocupações às quais o indivíduo se entrega de livre vontade para repousar,
para se divertir, para desenvolver a sua formação, a sua participação social voluntária ou
a sua capacidade criadora;
forma de libertação das ocupações e obrigações diárias;
benefícios físicos e psicológicos, através da libertação do stress físico e psicológico;
sentimentos de serenidade e de plenitude, trazendo também atitudes positivas para as
obrigações diárias;
consolidação de laços familiares;
…