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Técnico de Restauração-TR13

Mensagem, Fernando Pessoa

As ilhas Afortunadas

Trabalho realizado: no âmbito da disciplina de Português


Jorge Ramos Nº28
Introdução

A obra Mensagem, de Fernando Pessoa, publicada em 1934 é de espírito épico-lírico,


constituído por 44 poemas, dividido em três partes, nomeadamente “Brasão”, a primeira parte
constituída por 19 poemas que remete para um estudo do escudo ou brasão português, irá
corresponder ao plano narrativo da História de Portugal, n’Os Lusíadas.

Na segunda parte, temos o “Mar Português”, composto por 12 poemas e simboliza a


essência do ser português, estar destinado para o mar e o sonho, tendo como principal objetivo
as Descobertas/conquistas dessa aventura.

Por fim, e última parte, é-nos apresentado “O Encoberto” que integra 13 poemas e que
nos mostra Sebastião que traz glória e ânsia pela morte das energias de Portugal.

A Mensagem é um poema onde Fernando Pessoa exprimiu o seu ideal patriótico,


sebastianista e regenerador.

Retrata a decadência em Portugal, visível a níveis de valores e de identidade, mas


também é um livro esperançoso que tem como objetivo a recuperação de energias, apelando
assim ao recomeço ao império espiritual – o “Quinto Império”.

O poema que mais me chamou atenção foi “As ilhas afortunadas”, pois na obra diz que
na ilha é onde esperam o regresso de D. Sebastião, concluído, assim, que todo o drama
ocorrido ficou para trás e estão num momento de reflexão, o que se assemelha à obra de Os
Lusíadas, de Camões, com a ilha dos Amores, pois era um paraíso na terra, que servia como
prémio perante o esforço dos heróis.

As Ilhas Afortunadas fazem parte da tradição clássica. Já em autores gregos aparecem


referidas como paraísos, local de repouso dos deuses e dos heróis míticos
Análise do poema

O poema “As ilhas afortunadas” situam-se na terceira parte, “O Encoberto”, e está


situado na primeira subparte intitulada como os “Os Símbolos” e é o quarto poema desta
mesma secção onde é apresentado um país moribundo e incompleto previsto por símbolos e
avisos. São as ilhas que farão que haja um renascimento, capaz de provocar o nascimento de
um Império espiritual e civilizacional – o Quinto Império.

O assunto da Mensagem é a essência de Portugal e a missão que tem para cumprir. Nos seus
poemas os reis são apresentados como heróis, mas como símbolos de diferentes significados.

Fernando Pessoa acreditava que através dos seus textos, conseguia despertar as consciências
e fazê-las acreditar e desejar a grande que noutra altura viveram.

Quarto

As ilhas afortunadas

Que voz se ouve na distância

Que não é o som mar

É a voz de um homem

Mas incompreensível

Porque não a entendemos agora

Só se meio a dormir estivermos,

Sem a atenção completa

Sem estarmos conscientes de que estamos a ouvir

Ouvimos então a voz da esperança

Que surge como a uma criança

Uma criança que dorme e sorrir, mas sempre sem ouvir

São ilhas mágicas

Terras que não existem

Onde D. Sebastião espera

Mas se formos a ver na realidade

Não há nada, só mar

Na primeira estrofe é feita a pergunta (“Que voz vem no som das ondas/ Que não é a voz do
mar?”) que remete para um mistério que tentará ser resolvido no restante do poema. Esta voz é
uma voz incompreensível e apenas se ouve em certos momentos (“É a voz de alguém que nos
fala,/ Mas que, se escutamos, cala,/ Por ter havido escutar”).

Na segunda estrofe, diz-nos que esta voz só se consegue ouvir num período de alguma
inconsciência, no momento em que está quase a adormecer (“E só se, meio dormindo, / Sem
saber de ouvir ouvimos”). E essa voz diz para a nação portuguesa acreditar que Portugal
voltará a ser um reino de grandes feitos (“Que ela nos diz a esperança/ A que, como uma
criança/ Dormente, a dormir sorrimos”).

Por fim e última estrofe, esta voz misteriosa pretende apelar á nação portuguesa que mantenha
viva a crença na grandiosidade, que irá renascer com o Quinto Império (aqui representado
como sendo as “ilhas afortunadas”) onde o Rei se encontra. No entanto, este regresso à
grandeza é meramente simbólico, como se comprova nos versos, “Mas, se vamos
despertando, / Cala a voz, e há só o mar.”), o que significa que a voz nada mais faz do que
levar a Nação a manter vivos nos seus pensamentos todos os feitos e conquistas de Portugal.

O esquema rimático deste poema é abccd, com rima emparelhada nos 3º e 4º versos e
interpolada no 2º e nos 4º versos. É constituído por três quintilhas e apresenta versos
heptassílabos.

Conclusão
Após a análise e estudo deste poema, é possível compreender o que se sucede após a toda a
batalha acontecida no Mar Português e que apenas se aguarda a esperança e crença que um
dia Sebastião regressará e trará glória a todos os que antes sofreram.

Como vimos as ilhas afortunadas representam um lugar perfeito, imaginário e idílico onde os
heróis eram recebidos pelos deuses.

Na minha opinião o poema serve de consolo para o que antes aconteceu, e o facto de as ilhas
serem um lugar sereno assim como as Ilhas dos Amores, retratado em Os Lusíadas sendo um
paraíso que não existe pecados e apenas são glorificados pelos seus feitos, no poema
Mensagem D. Sebastião aguarda num limbo, o dia do seu regresso para a implantação do
Quinto Império.

Bibliografia

https://www.infopedia.pt/$ilhas-afortunadas

https://prezi.com/l5o8qhas-c_7/as-ilhas-afortunadas/

https://pt.slideshare.net/MariaJooOliveira19/as-ilhas-afortunadas-anlise

esqm.pt/documentos/BE/MwnsagemFP.pdf
prezi.com/wgsqptr9ale/mensagem-fernando-pessoa/

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