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Até 1383, D. Fernando I, filho de D. Pedro I, era o rei de Portugal.

No
entanto, este rei não era não era muito popular aos olhos do povo português,
devido ao seu casamento com D. Leonor Teles, que já tinha sido casada. O
casamento provocou uma rutura entre membros da nobreza, rivais dos Teles
de Menezes, que fugiram para Castela, conspirando contra D. Fernando. Desta
união, nasceu a princesa Beatriz, que foi oferecida em casamento a João I de
Castela, o rei do Reino de Castela, para apaziguar e celebrar o final das
guerras entre Portugal e Castela. 
D. Fernando I morreu em 1383 e, como não tinha um herdeiro do sexo
masculino, a lei portuguesa definia que Portugal seria governado pela sua
esposa, D. Leonor Teles, até que a filha de ambos tivesse um herdeiro do sexo
masculino e este completasse 14 anos. D. Leonor de Teles, herdou um reino
com uma situação económica instável, principalmente pelas guerras de
Castela.
A pedido do seu genro, D. João I de Castela, D. Leonor enviou cartas em
que determinava que se aclamassem como reis de Portugal a sua filha, D.
Beatriz, e D. João I de Castela. Este pedido foi visto como potencialmente
perigoso pela burguesia portuguesa pois, se João I de Castela assumisse o
trono, o território de Portugal perderia a sua independência e unificava-se com
os territórios de Castela. Rapidamente, existiram conspirações e rebeliões
contra si.
Assim sendo, Portugal ficou dividido em duas fações: uma que apoiava
João I de Castela, D. Leonor Teles e D. Beatriz (alta nobreza e clero – pela lei,
e em sinal de respeito aos princípios da lealdade e da vassalagem); e outra
que apoiava João, Mestre de Avis – irmão bastardo de D. Fernando I
(burguesia, baixa nobreza e povo – consideravam que a independência de
Portugal estava em perigo pois, no dia em que D. Beatriz morresse, o seu
herdeiro podia ser rei, simultaneamente, de Portugal e de Castela).
Em dezembro de 1383, João, Mestre de Avis, filho bastardo do rei Pedro I
e, portanto, irmão bastardo do falecido D. Fernando I, foi escolhido pela
burguesia portuguesa para Regedor, a fim de liderar a defesa de Portugal
contra as supostas pretensões castelhanas, terminando, assim, a regência de
D. Leonor de Teles. Portugal entrou num período chamado de Interregno - não
tem nenhum rei nem nenhuma autoridade governativa.
Nesta altura, vivia-se muita revolta e instabilidade em Portugal.
Percebendo tudo o que se passava à sua volta, D. Leonor fugiu
para Alenquer e pediu ajuda a João I de Castela para que este invadisse
Portugal, convencida que daria continuidade como regente do reino.
Esta crise dinástica começou em 1383 e alongou-se até 1385. Neste
período, Portugal não tinha rei a governar.
Nuno Álvares Pereira – ilustre cavaleiro português - foi enviado para o
Alentejo para controlar a fronteira. No entanto, os castelhanos já tinham
ocupado o Crato.
Em maio de 1384, D. João de Castela invadiu Portugal com o seu exército
para cercarem a cidade de Lisboa, por terra e por mar, mas em setembro foi
obrigado a levantar o cerco, devido à peste. Até esse momento, os castelhanos
propuseram a Mestre de Avis assinar um acordo de paz – ele ficaria com a
regência de Portugal, partilhando-a com um enviado de Castela - mas este
acordo foi recusado, pois Mestre de Avis e o seu povo nunca aceitariam não
serem governados por portugueses.
Em abril de 1384, dá-se a Batalha dos Atoleiros e quem liderava as tropas
portuguesas era Nuno Álvares Pereira. As suas tropas saíram vencedoras pois,
apesar de numericamente inferiores, conseguiram derrotar as tropas
castelhanas, que fugiram do território português.
Após derrotar os castelhanos, as cortes reuniram-se em Coimbra para a
aclamação do rei, o mestre de Avis, tornando-se, então, D. João I de Portugal.
Neste momento, foi iniciada uma nova dinastia, a de Avis ou Joanina, que
esteve no trono de Portugal até 1580.

Após a sua subida ao trono, D. João I enfrentou uma batalha contra o rei,
D. João I de Castela, que invadiu Portugal pela segunda vez. Deu-se, então, a
batalha de Aljubarrota, no dia 14 de agosto de 1385. Nesse dia, o exército
português acampou no norte de Aljubarrota, Leiria, de modo a opor-se à
chegada do exército de Castela.
Mais uma vez, Nuno Álvares Pereira, usou uma tática militar (do
“quadrado”) e comandou ao seu exército de besteiros e arqueiros que se
colocassem, estrategicamente, em pé ao longo da estrada, para derrubar os
castelhanos, e dispôs as suas forças em três alas diferentes, escondidos, que
iriam atirar flechas. Quando as tropas castelhanas viram os soldados
portugueses a pé, julgaram que seria fácil a vitória. Esta tática militar, que ficou
conhecida como a "tática do quadrado", foi a chave para a vitória dos
portugueses, pois cercaram as tropas castelhanas de surpresa.
A batalha de Aljubarrota foi responsável pela Consolidação da
Independência de Portugal e, consequentemente, fez Portugal entrar numa
nova fase pois, nessa altura, era um país pobre devido às consequências da
peste, guerras e fome.
Assim sendo, a crise de 1383 a 1385 integra uma revolução política e,
também, social. Permitiu que se formasse uma nova sociedade e uma nova
geração. Foi esta geração que encaminhou Portugal aos grandes feitos do
povo português no início do séc. XV: a expansão marítima.

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