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03 de Setembro de 1384: Final do cerco de Lisboa

O segundo cerco de Lisboa foi imposto pelas forças de Castela em 1384 e durou 4 meses e 27


dias.

Do casamento de D. Fernando (1367-1383) com D. Leonor Teles tinha sobrevivido apenas uma
filha, a infanta D. Beatriz, que, por proposta do seu pai, firmada no tratado de Salvaterra
de Magos (1383), seria desposada por D. João I de Castela, o que aconteceu em Maio de
1383. O filho varão que nascesse deste casamento herdaria o trono de Portugal, acaso D.
Fernando I não tivesse descendentes até à sua morte. O monarca faleceu no dia 22 de
Outubro de 1383, sem herdeiros masculinos, tendo-se iniciado uma crise de sucessão. Diante
da revolta popular devido ao receio da perda da independência face aos castelhanos dá-se  a
aclamação do Mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino.

D. João I de Castela entra em Portugal e ocupa a cidade de Santarém. A resistência


portuguesa e o exército castelhano encontram-se pela primeira vez a 6 de Abril de 1384, na
Batalha dos Atoleiros. Nuno Álvares Pereira soma mais uma vitória para a facção de Avis,
mas o confronto nada resolve. 

Depois da derrota na Batalha dos Atoleiros, D. João I de Castela retira para Lisboa, cerca a
capital e com o auxílio da sua marinha bloqueia o porto da cidade e controla o Tejo. O cerco
era uma séria ameaça à causa do Mestre de Avis, uma vez que sem Lisboa, sem o seu
comércio e o dinheiro dele afluente, pouco poderia ser feito contra Castela.  João I de Castela
precisava de Lisboa por motivos de ordem política, uma vez que nem ele, nem a sua mulher
tinham sido coroados e sem esta cerimónia, eram apenas pretendentes à coroa

O cerco é descrito por Fernão Lopes (Crónica de el-rei D. João I, entre os capítulos CXIV e


CL), que refere alguns dados interessantes sobre a cerca da cidade, à época, descrevendo as
medidas defensivas, entre as quais:

 a cerca era amparada por 77 torres, no topo das quais foram


montados caramanchões de madeira, visando optimizar a defesa;
 os muros da cerca eram rasgados por 38 portas. A mais crítica era a
chamada Porta de Santa Catarina, defronte da qual se estabeleceu o arraial
de Castela, e defronte à qual se registrava maior número de escaramuças.
 o lado da Ribeira era defendido por duas grossas estacadas, desde as
águas do rio até ao pé da cerca;
 uma estacada dobrada defendia o Caminho de Santos, por baixo da Torre
da Atalaia;
 uma estacada dobrada, no lado oposto da cidade, estendia-se junto ao
muro dos fornos de cal, na direcção do Mosteiro de Santa Clara;
 encontrava-se em construção, mesmo durante os combates, um troço
da barbacã em face do arraial castelhano, desde a Porta de Santa
Catarina até à Torre de Álvaro Pais, no comprimento de dois tiros de besta.
 a frota vinda do Porto conseguiu romper o cerco, trazendo poucos alimentos à cidade.
No combate naval então travado com os barcos castelhanos foram capturadas três naus
portuguesas e a nau do comandante foi igualmente capturada.
o cerco de Lisboa foi levantado a 3 de Setembro de 1384, devido sobretudo à e pidemia de
Peste Negra que assolou o exército Castelhano, causando-lhe muitas baixas;
houve também ataques na periferia do cerco por parte de forças do exército de
D. João, Mestre de Avis, forças essas chefiadas pelo fronteiro do Alentejo,Nuno
Álvares Pereira. Finalmente o povo de Lisboa encontrava-se seguro e livre de
perigo.

A peleja de 1384 - Super Interessante


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Do casamento de D. Fernando (1367-1383) com D. Leonor Teles tinha sobrevivido apenas
uma filha, a infante D. Beatriz, que, por proposta de seu pai, firmada no tratado de
Salvaterra de Magos (1383), seria desposada por D. João I de Castela, o que acontecera
em Maio de 1383. O filho varão que nascesse deste casamento herdaria o trono de
Portugal, acaso D. Fernando I não tivesse descendentes até à sua morte. O monarca
faleceria em 22 de outubro de 1383, sem herdeiros masculinos, tendo-se iniciado uma
crise de sucessão.
Esta não era, porém, uma solução apoiada pela maioria dos portugueses, uma vez que se
a morte de D. Beatriz ocorresse antes da de seu marido e sem herdeiros, tal resultaria na
perda da independência de Portugal. Outros dois candidatos ao trono emergiram, ambos
de nome João. Acabaria por se destacar D. João, Mestre de Avis, que, após a
proclamação de D. João I de Castela como rei de Portugal, o povo de Lisboa aclamaria,
em meados de dezembro, ‘Regedor e Defensor do Reino’.
Neste contexto, diversas vilas e cidades tomaram voz por D. Leonor Teles, e, depois da
renúncia desta à regência do reino, por D. Beatriz, que o Mestre de Avis e Nuno Álvares
Pereira tentariam tomar entre 1384 e inícios de 1385. Tal sucedeu com a vila de Torres
Vedras, senhorio das rainhas desde D. Afonso III.
Era então alcaide de Torres Vedras Fernão Gonçalves de Meira (1382-1384), que tinha
prestado homenagem ao monarca castelhano quando este se dirigia, em Maio de 1384, de
Santarém para Lisboa para colocar cerco à cidade. Entretanto, outro alcaide lhe sucedera,
de nome João Duque, que ocupava o cargo no momento do assalto das forças
portuguesas ao castelo de Torres Vedras, em inícios de dezembro de 1384. Cerco que
tivera início antes do dia 10, posto por João Fernandes Pacheco, casado com D. Aldonça
Eanes, uma senhora da elite torriense, detentora de um vasto património na vila e termo.
Segundo Fernão Lopes, os castelhanos ocupavam o castelo e a vila,
encontrando-se João Duque bem acompanhado de homens de armas, peões e
besteiros. Por seu turno, os portugueses encontravam-se no arrabalde, a sul do
castelo, instalando-se os seus chefes defronte da entrada da fortaleza, no Paço
‘erguido’ por D. Beatriz de Gusmão, em finais do século XIII. No final do cerco,
entre as tropas de D. João e de Nuno Álvares Pereira, os partidários do Mestre
contavam com cerca de mil e oitocentos homens.
Todavia, dois meses depois, rodeado por forças hostis (Sintra, Alenquer, Óbidos e
Santarém), o Mestre de Avis teve de levantar o cerco e dirigir-se a Coimbra, onde se
reuniria a Corte e na qual seria aclamado rei de Portugal. Os moradores do arrabalde,
pressionados pela fome e pelo receio das retaliações dos Castelhanos, juntaram-se com
mulheres e crianças ao exército português, deixando para trás as suas casas. Um êxodo
urbano, dramaticamente descrito pelo cronista, que ajudará a explicar o acentuado
decréscimo da população da vila, entre finais do século XV e inícios do século XVI.

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