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A REFORMULAÇÃO DO SISTEl,tA 1 199

6 A REFORMULAÇÃO
DOSISTEMA cíoila1 I1a revisão constitucional
habitua l
.
de 1951:nada

tã ~
.
estava mais longe da pr àt' 1ca
na , 1do regime do que este tipo de cedências. Em todo O caso, a adoçao-de
a linha rnaís consens~a ' ~uma _ques o tao relevante para as elites portu-
-

uJl'l orno era a colomal, nao deixava de ter interesse político.


ouesas e d t · d. -
,, , r peso tiveram ecer o as m 1caçoes vindas do próprio ultramar.
Maio d'ê .
ue em 1948, em au l nc1a com Salazar, os vogais eleitos do
sabeJl'lOS q ' ,
ho de Governo de Angola lhe pediram que fizesse desaparecer a de-
Consel . 'd
, ão de vcolómas" - ao que o pres1 ente do Conselho terá respondido
signaç , d . • M . . .
1. DE IMPÉRIO A cNAÇÃO UNA• ser esse tarnb em o, seu eseJO . ais vivas . e matS relevantes eram ainda as
recJaJTlar.ões
T
das elites goesas, que se quetXavam do rebaixamento da condição
Com o 1-á vimos , nos anos finais da Segunda Guerra Mu ndial v' . da fodia Portugu esa resultante, a seu ver, do _AtoColonial (como já referimos:
anasv u ra Capítul o 5.1.). Neste caso, a alteraçao da terminologia podia atenuar
~ de entre os partidários d o Esta do Novo, preco nizand ~ ,.f sP d . . 1
ção das fórmulas jurídicas e institucionai s do Ato Colo nial po; :s,
as tensões, substituin o prov1Sonamente a promu gação de um novo estatuto,
, . dos temp os que se a d'1v1.nh avam: nomeaIras . ído em 1946 e sempre adiado.
concordes com o espmto prornet . . .
Mas O element o dec1S1vo,no sentido de rever a Constituição, consagran-
sugeria-se a utilização do conceito de «proví ncias ultr amarinas», eUdaincit
do a via da integra ção nacional, foi, sem qualquer dúvida, de ordem externa:
os de colónia e de Império. Referimos tamb ém que, na altura, estas : ~
tratava-se de dar respo sta às ameaças que pendiam sobre o Império, num mun-
não tiveram seguimento: a revisão constitu cion al de 1945 limitou-:::: do bipolar, marcado pelo confronto entre duas potências hegemónicas, que,
ções secundárias de três artigos do Ato Coloni al - o 27° e o 28° (sobrear pelo menos em teoria, pro fessavam princípios anticolonialistas. Temia-se, em
tição da competência legislativa entre diver sos órgãos ) e o 40° (sobreaf: particular, a intr omissão da ONU, sob o impulso dos novos Estados asiáticos,
de elaboração dos orçamentos coloniais). Só ano s dep ois, na revisão~ nascidos da desagregação do s sistemas coloniais europeus no Oriente.
tucional de 1951, se fez a alteração de fun do reclamad a por vários~ Esse perigo vinha sendo assinalado pela diplomacia portuguesa, em re-
consagrando-se a ideia de nação una, divi did a em prov íncias, metropolitami gistos de cariz diverso - ma is ideológico, nalgu ns casos, mais profissional,
ou ultramarinas. noutros. De entre os p rim eiros, vale a pena citar por extenso a perspetiva que
Vários fatores contribuíram para este desfec ho. Dev e assinalar-se,empi Teotónio Pereira dava a Salaza r, em agosto de 1947, a part ir do seu posto de
meiro lugar, que a conceção adotada em 1951 esteve sempre presentena embaixador em Washington:
tórica colonial portuguesa, desde o século x1x, com ma ior ou menor~ «Há quinze dias que estou neste paí s e já tenho aprendido mu ita coisa.))
consoante as épocas e as personagens, send o transvers al às várias comil «Vejo, por exemp lo, que na s Nações Unidas cada dia ganham mais força es-
políticas. Na década de 1940, defendem-na, nã o apenas um sectordoEsl)J
tespaíses novos qu e n ecess ariamente nos odeiam. Agora é a Síria que preside
ao Conselho de Seguran ça. E ainda hoje a Holanda (cheia de razão ) se viu ba -
Novo , mas também a oposição ao regime, tal como se exprime nacandô
tida porque, por 8 votos contra 3, o Conselho resolveu chamar os Indonésios .»
tura de Norton de Matos às eleições preside n ciais de fevereiro de 194'-
«Não vejo fenóme no mai s grave que a presença em massa destes novos
respetivo manifesto, afirma-se a necessidade d e «realizar a Unidade Nackd
pseudopaíses. É uma Jacquerie em marcha. »
e consolidá -la», considerando «a Nação» com o «uma só, formada Por
~ «Asvelhas nações coloniai s esfrangalham -se. Do Império Britânico já qua -
tórios situados na Europa e por outros em continentes diversos, provltO
senão resta a so mb ra. Estão isoladas as velhas nações nas UN e são constan-
portuguesas de aquém e de além-mar, que assim lhe chamaram osr-' temente vexadas pela multidão caótica desses recém -chegados que a Rússia
~~ior:S>>; e indi~a -s~ como «missão histórica d e Portuga l, a colonizaÇáD; impele e anima.»
v1hzaçao de terntónos de além -mar», «gran de campo de ação,, para . «Os Estados Unido s, sem suficiente firmeza nem experiência, constante -
os portugueses •. Seria obviamente um erro sup or que Salazar se~ mente se de ixa m aind a leva r pelo seu velho idealismo libertador e o seu ran -
qualquer forma pressionado pela oposição, ao ass umir a ideiadeln
O U,tP(RIO PORTUCU( S NO APÔS,GUERRA
200 1 CONTRAO VCIHO • A REFORMULAÇÃODO SISTEMA 1 201

D"'m do perigo e fuzem 1. .


OIO • . d tr1ca âmbito desse mesmo artigo. com esse ob,·etivO f d
Dr ao
ao 1oaos os oovo m ans1a e ernan . "1en 1 foradO un amental
DO l,ll'l
a, d -se início em começos de 1950 ao estudo das alteraç· .
OQ'O aa aesorn
[]Q oª" astro (embora :P~Çào1.~ e~ ç,10 te eu .• d . oes a m-
. .d ais ,.., 01 eJ'l
ew . 0 A.to ' Colonial, por ocasiao a revisão . antecipada da C . .
onstttu1çao_
o •al), 00 relatóno remeti o meses rnais t 111 atea~. ,odU Zlr n ssa mesma altura pela Assembleia Nacional Sob a sup . _
aa oeiOIJ Oll .d p . ardes b"4 l• ·d por e · erv1sao
ncial de que fora incu.mb 1 o em ans: o re~ cidi a a1 r esse estudo tomo u duas vias: uma, levada a cabo .
a.O connaenaa• o de de s aza , pe1o m1-
culo duma sessão da ONU, quer da Assernbt . reta C Jóni ·as Teófilo Duarte; a outra, protagonizada por Jose' Fe .
0 Slill cDCül . . . eiar di das o ' . . . . rreira
r corois5ão. é desolad or. A pnrneira unp ressão qu \lerij_ ru strº to funcionário desse mesmo mm1sténo , antigo ministro e antigo go-
(JllilJO e ser
. de d
----hleia em que as cores carrega as predom inam p eceht 13
ea uma ~ · retos ossa,ai 1 dia.
s os to ns do
nn-tn _ amare]os- de todas as graças do ovo _ res
r-- " sa1t~
'de veroadord a nnum projeto d este u'l'timo, o pres1'dente do Conselho, em abril
base
todo rm:i..enão se veem os brancos. O após-gue rra" de P<ir com t u à Câmara Corporativa um «primeiro trabalho» sobre O At
tal fiorma que -i-- , u Orige o reme e . . o
. . - duma nn:intidadeconsiderável de novos Estados de co I lll l de 195 • • destinado a publicidade, devendo a proposta definitivaser ela
constitlllÇ30 -i- • 'd . r, e evad 1Onial, nao • -
a direitosde cidadee que.recém-chegados a VI a mterna cional, entr Os Co d ois do parecer dessa mesma Camara!. No pequeno relatório
das 6 ep . .
- ...rnbr ardor de novos ricos da política e diplomacia. [atn] nek bora . di a-se a necessidade de mcorpo rar finalmente o Ato Colonial na
com 0 =~.....,..,_.. ... Esta . to JJl cav
...r- seria ~-.
uy-
nrtnrPS.Ca
y~-- --
se não fosse inquietan te para O velh
o predo. Jcoo Ull '. . _ tal como previsto no diploma que o promulgara, em 1930 (de-
atmo :,iocs st1tu1Ǫº • . .
mínio .da raçabranca {sublinhadoa vermelho desde «fosse»] e para os e . m força de Lei n.º 18 570, de 8 de Julho). A unificação teria «duasvan-
.d . dis - . P ng1 cretoco. de completar a Constltmçao, . . - ~acrescentan d o a• sua estrutura aquilo
da solução .de muitoS problemas submeti os a cussao mternacional_
·· ' dos povos hi storicos ' tageos ». a
exigem inteligénciae tato que so· a expenenaa podeqne . lhefaltava para verdad eiramente ser o diploma orgânico dum Estado com
suír» [ traço ve:rtkal a vermelho à margem do parágrafo] . pos que! e importante projeção ultramarin a));e a de realçar «melhor a unida-
tão arga . .
Mais a.diante.explicavacomo a ONU poderia tom ar-se perigosa:«Ain- de políticada Nação Portugues a, que o texto c~n5?tuaonal se propõe expri-
istência na ofensivaco1onial [síc],por exemplo; as campanhas humanitárias, mire vincularjuridicamente ». Este «mesmo objetivo» levava «a reconhecer a
disfarçandointenções de má-fé [sublinhado a vermelh o] [...] tornam e~as- conveniência de restabelecer a antiga nom enclatura da divisão administrativa
embleía um e.entrode imprevistas repercussões, suscetív el de reyestirama- dos territóriosportugueses de além-m ar [ou seja, a de províncias ultramari-
nhã umaameaçaséria para a direção do mundo"». nas,em substituição da de colónias ], ain da não desaparecida em grande par-
Mais sobriamente, outras informações diplomátic as davam contada tedostextos legais vigentes» . O relatório acrescentava que se aproveitava «o
tendência que se manifestava. no seio da ONU, para confu ndir a situação ensejopara retocar ou completar algumas definições, sistematizar melhor os
dos territórios coloniais,sob a exclusiva soberani a de um a potência, comos assuntos,transferir para outros diplomas alguns preceitos que não precisam
territórios sob tutela, submetidos à autoridade das Naçõ es Unidas, visando de tercarácter constitucional e deixar abertas as vias de uma possível descen-
o •seu desenvolvimentoprogressivo para alcanç ar governo próprio ouin· tralização,tanto nas atribuiçõ es de ordem legislativa como executiva», a fixar
dependência» (nos termos do Artigo 76.º da respetiva Carta)~. Este perigo por«diplomasespeciais».
nunca se concretizou. Em contrapartida, era cer to que as Nações Unidas Noarticulado da proposta de lei envia da à Câmara Corpor ativa, as modifi-
e propunham exigir dos países detentores de territóri os não autónomos caçõesde terminologia concretiza vam -se sobretudo em duas disposições - as
i~formações sobre o respetivo desenvolviment o polític o, económico e so- dosartigos2.º e 3.º. Dizia o Arti go 2.º:
0
cial (como decidido na Resolução 332/IV, de 2 de dez emb ro de 1949)- .«~da essência orgânica da Naç ão Portuguesa desempenhar a função his-
que abriria eventualmente a porta ao exercício de um a fiscalização sobre tóricade colonizar as terras dos Descobrimentos sob a sua soberania e de
a forma como eram · · dos pela respetiva potên cia coloni·at, •~ ndo co~unicar
. , . admmistra
0

e difundir entre as populações ali existentes os benefícios da civili-


.,,ç?
e~ ~onta o_spnn c1p1os e os objetivos definidos no Artig o 73.º da Carta
das zaçaocriStã, exercendo tam b ém a influ ência moral que é adstrita ao padroado
/ açoes Umdas6• doOriente.»
Era cont~aestas possíveisinterferências que o Govern o português preten· .E5te texto destinava-se a sub stituir o do Artigo 2. 0 do Ato Colonial vigente,
dia premumr-se tanto q t , .....,~na· CUJO te
' uan o poss1vel,tran sformando O Império nuw- or era o seguinte:
ai
202 1 CONTRA O VENTO • O INPÊRIO PORTUGU ÊS NO APÔS - GU ERRA
A REFORMULAÇÃO DO SISTEMA 1 203

& da essência orgânica da Nação Portuguesa desempe nh m larga experiência de direção neste campo _ t b ,
rica de possuir e colonizar domínios ultramarinos e de ciVili:: ª funçã 0h bado, co . d am em elementos
nd
Mª' •dados, nomeadamente. Armm
_ . o Monteiro, Ferreira Bossa e Sarmento
indígenas que neles se compreendaro, ~erce º
també m a in~i°Pub~;- coJl V1
drigues. Os temas em- d1scussao 1am desde a unidade
, , . imperial
econom1ca .
que lhe é adstrita pelo padroado do
__ ..,
Onente.
li
» !leia.~llt IWforrllª de elaboraçao do s orçamentos das colonias à auton.dade a dar ou a
Em nota do punho de SalcUcU , exp cava-se que a redação dO ' e a. araos chefes «indígenas», passando pelo da composição e atn.b mçoes . _ dos
do Ato Colonial era modificada , «sem se alterar a essência , em v·Artio
suscetibilidades que o teXtOprimitivo parece ter ferido, e tamb , lrtude

[
q
entrelinhado •em --:irtllde"] do arobiente intern acional. Pareceuemno
ue se ~""""" e deveria manter no texto ao menos uma vez a 1 en
~•- d .
W. aliás própria paraexprimiro que se eseJa e quer se lhe dê O 5. ~
Paavra
1
lill,

eni11,,_
rQ(l~
sus
-~
reti!selhOSde Governo e o do povoamento

.
. . europeu. Este
collcitou um a ampla troca de 1de1asentr e. os partidários
_
último
da colo
s várias formas, e os da colomzaçao espontânea•º Como s
.
da, . s sublinhou, este era «o tem a mais importante posto à discus -
odngue
R_ só «da pasta das Colónias como ~e toda a Nação»: «o Ultramar» seria «o
:n0damento da própria independência» e a colonização, «um problema vital».
.
, em particular,
ruzaçao d.mgi
· -

~~
. .-

sao>> ,

técnico geralmente adotadoquer um sentido . 1Sn1fi~


mais preciso de t ransp)
to tendia a haver consens o; ma s, neste como noutros quesitos 0
e valorização de popuiaçõeS metro politanas nos [entrelinh ado, à _antallo Nesse PºnSuperior
' , . acabava por conclmr. que não se devia impor '
. , . dº mao • selho do Impeno
ritóri o do s"] oescobrim.fII10
Si-Essa sena a umca 1sposição em queap' ter. c on«critério rígido» a• a dmm1s
. . t raçao
- coloma. 111: o mesmo era dizer que se tra-
1
, . fi . ªavr.
«co 1orna,. gurana. urn de questões a dirimir, não em sede con stitucional, mas pela legislação
"o Artig o _.. da proposta. determin ava-se que os territórios de p tava . A •
3 de acordo com as circunstanci as.
no ultramar <( constituemas suasprovíncias ultramar inas [...]». A alter~~ ,orrente,
Restavam, como temas relevantes para a revisão do Ato Colonial, os da
termmol.o<ria. com a efuninaçáo da pa lavra «colónia» , tinha claram çao~
~ ,:,-, • . . entelllil fórmula do Artigo 2. 0 e a transformação das colónias em «províncias ultrama-
sentido assim,ilací.onist equiparando s1mbohcament e todos os terntonlll ., rinas». Foi neste terreno que, tanto no Conselho Superior do Império como
portugueses, qualquerquefossea sua situação geográfic a. Na mesmadire. na Câmara Corporativa , se defrontaram os partidários da proposta e algumas
o
ia ainda parágrafo único do Art igo 34.º, segundo o qual se facilitaria a!: altas personalidades da velha guarda do regime, que resistiam ao abandono da
circulaçã o de produto s, pessoas e capitai s no conjunt o do território nacional. perspetivaimperial, com tanto vigor afirmada nos anos trinta.
Ma s várias outras disposições da me sma propost a reconheciam asdife. Os primeiros invocavam sobretudo razões de ordem política, nos planos
rença s que subsistiam: as «provín cias ultramarinas» teriam «organizaiáo externo e interno. Como Neves da Fontoura referiu no Conselho Superior
polític o -admini strativa adequada à situaç ão geográfic a e às condições do do Império, «após a Guerra Mundial os significados das palavras "colónià'
m eio social ~ (Artigo 3.0 ); era-lhes garant ida «a descentr alização administrati- e "colonização", a que andavam ligadas (sic] a ideia do esforço e sacrifício da
va e a autonomia financeira compatíve is com a Constitui ção, o seu estado& Metrópole pelo progresso e civiliz ação dos territórios de além -mar passaram
d esenvolvimento e recursos próprios» (Arti go 26.º); rege r-se-iam «porvia& a ser deturpada s». Como verificara pessoalmente, «na imprensa do Senegal,
re gra por legislação especial» (Artigo 26.º-A ); e todo um capítulo, o III,vena · Costa do Mar fim , Daomé, Serra Leoa, C osta do Ouro e Nigéria( ...) a palavra
va as ,igarantias especiais para os ind ígenas africanos», em bora <1como re;ic "colonialistà ' tem o significa do de explorador, opressor, desumano, racista,
de ~ransição» (Artigo 15.). Afirmada no pl ano dos prin cípios, a integraçil violento, enfim tudo o que jul gam de mau ( ...1». No mesmo sentido, oco -
0

naci onal podia, na prática, ser diluída ou di ferida para u m futuro lon~ mandante Lopes Alves lembrou as «dificuldades » que as nações coloniais vi-
Antes ainda da Câmara Corporativa se pronunciar, o miniSlro Teófi-l nham encontr ando na ONU, atenuadas para Portugal por a ela não pertencer:
Du arte levou ª questão da «remodelaçã o do Ato Co lonial» ao Co «dentro dela», acresce ntou , «as exigências têm sido de tal ordem que vi os
· ªt raves
Superior do Impéno, , de uma série de quesitos que tocavam osnn>
r· delegados de outros p aíses ( ...), os da França, da Bélgica, da Inglaterra, e no-
ble~ as mais relevantes da política ultrama rina - po d e~ do depreender -se~ ~ eadament e da Ho land a, evitarem muito receosamente o emprego da palavra
• bito
tena, em vista confienr· aos novos preceitos constituci onai s, neSte ãJJl col
. ónias
· "· Algumas vezes me fizeram reparos quando eu a empregava. por
' U9I
caracter programático • 9 mim, renuncio a ela de bom grado desde que continuemos com a autoridade
Nos debates do Co lh0 • rv~lll, f que hOJe
· temo s para fa ze r aceitar a orientação que seguimos
· d e 1·
igar ca d ª
além d . nse , sob a pre sidência do m ini stro, 1nte ,,...11
os respetivos m b
em ros - com destaque pa ra Vi cente ferrei
·ra
e ylP'"
cn ,. ,R A O v Eh •o ~ O IUPi:RIO pORTUGU(S NO APÔS-G
UERRA A REFORMULAÇÃO DO SISTEMA
20 5
204
. . - Pátria os nossos territórios de além •
auva Ern qualquer
. caso, como sublinhava Sarrnen to Ro dr 1gue
.
18 . s a
. fortemente a ~~ae- . acrescia -tna• "·A orFº' ãOcornpleta» sena «o fim a que
vezJl].cUS ta contexto internac10nal , conduzirá a assun
· ilaçao»,
. so, se po-
'
·dade de ter eIIl con O CiJltegraÇ
oecfSSl! _.....a,.,donale_xpressoese 1ormulas malUtnaoUI.ta
- , ,
~ d vir a <<'ie rificar num futuro longmquo» - «por enquanto», era «apenas
-'~"'inardo texto cowu ..- l • . aceit -~
de ~ territórios do ultramar, pe as ideias de posse esPe !qdeflO
9
que se tende' »•
5 1;...-
:t"l'l ite para etiva assuni · ·1ac1oms · · t a encon t rou uma forte oposiçã d .
papulaçõeSde algo1l5 ub"-1-.araIIlsarm ento Rodrigues y 1·e e Uieir .
0 1 sta persp . . o, nos ms
.culavaJll - como s llilil' ra M ~ E :mos seguindo, cabendo a Armmdo Monteiro que art · .
que,·e, __
_..,c...n síntese, nas palavras de Ferreira Bo achad
'
0 teS que V1w , p lClpOu
- - de BettenCOUJ.
Tristaº ;n .l!h,rente~ marcha dos acontec iment
L - • L.UJ ssa, p0 rtun.
,
deba
, apel mais relevante, na defesa das formulações do Ato e 1 . 1
J1lb oS,o P . o oma .
- odiaconservar-se.....,.Ullu os de ãCl efllª . ·stro das Colónia s, de 1931 a 1935, e cultor da «mística imper·a1
ºªº P . doCDlircom as chaves do Impéri o na mã aquéni , J1l.Ull , . 1 »
e de aléro-fronteJia5, ª ,. .
nnPna e por issOfrágila dadela, devemo s estar
o»: «aocon fJlug0 regi.me,na sua primeira fase, procuro u dar corpo, Monteiro rejeita-
.
trário [...] nesta pe'i- atentos ª que O iterações propo stas, que, a seu ver, destruíam «o sistema que
e ocorre e quepos.samteressar ao ultramar, a fim de que ah eao vatodas as. a instituiu», no qual caberiam . . de cooperação,do saber
«maneiras o
par do qu . . h , eran
• ..,es,ganhacom tanto sacn 6 a o e ero1smo, se mant Ça 1
dos nossosmai0 •· . enha· A.t º colonia ens, etc., sem quebra d e um'd ad e d as coisas». . .
E explicava: «Teríamos
A-. .. Para isso, sena

ta~-· melhor fazer faceaos «acont ecrm entos [...) comu in.
.
frentenacional, unidae robusteada [...]14».
. ~~
doshom
de seguir
6 [ · ] 1 · · h d ·
. unicamente s stc pe o camm o a ass1m1ação. Esta política de
._:ia ão não consistiria · · · apenas em t razer o m
·1
· d'igena ate' ao nosso nível;
Para mais (de acordocom Bo~ e os outro s defensores d~ p~opostadere. assuiw . çortaria tamb em , uma mo d.ificaçao • no atual sistema· relativamenteà
visãodo Ato Colonial) as alter~~ nomeadamente a subshtmção da desig- mas rn unp econórnica, ad m1ms · · t ra t 1va,
· fin anceua.
· M m·t os d os princípios do Ato
naçãode ~colónia»pela de «provmaa»,: epr~se~tavam u1;11 :etorno à «organj. orde ·a1teriam então de ser d est rui'd os; nao - cab ena . as' Col'onias o direito
zaçãotradicional,. do ultramarportugues: a ideia de «coloma» estaria ligada a Co 1oni
delançar impostos, etc. Enfim o Conselho (Superior do Império) votou uma
um «modeloimportado, correspondentea mét odos de governo e a orientação revolução. o Ministério das Colónias desapareceria pois não teria mais razão
política estranhos e bem diferentesdos nossos». Desse retorno às «fontes da paraexistir. As colónias passariam a ser adm inistradas, tal qual como as pro-
nossatradição nacionak poderia"brotar um sistema de governo do Ultramar 2
víncia s metropolitanas º .»
perfeitamenteao par dasaspiraçõese necessidades prese ntes e sobretudo,isso No voto que exarou sobre o parecer da Câmara Corporativa, Armindo
[sic] nitidamenteportuguês ».
15 Mo nteiro retomou esta argumentação, ainda com mais ênfase, indo ao ponto
Na realidade, tratava-sede reinventar uma tradição, com base em alguns deacusar a revisão do Ato Colonial de dem issionista, quase de traição (no que
documentos do séculoxv11e dos textos constituci onais do século x1x:a dou- poderemosver, além do m ais, um últim o reflexo do diferendo que o opusera a
trina da assimilação,tão criticada pela corrente colonial dominante desdefi. Salazar,em 1943, sobre a política extern a portuguesa, levando à sua demissão
nais de Oitocentos,voltavaagora à superfície. do cargode embaixador em Lond res): «Sob o aspeto político», escreveu, «acho
Aliás,o retorno a essa pretensa «tradição,>era bem mais fácil no planoda inconvenienteque a Naçã o se dem ita , de repente e sem razão que todos ve-
retórica do que no da efetivaorganização política e admi nistrativa: asdifi jam,da missão que durante vinte ano s proclamou como constituindo um im-
culdades e as hesitaçõescomeçavamquando se pass ava a debater as formas perativoda história. Mentiu a Naçã o durante esse período? Mudou de rumo,
concretas da integraçãonacional.Assim aconteceu, no Cons elho Superior do abandonandoa tarefa coloniza dora ? Ou obrigaram -na a uma abdicação?Tem
Império, ao discutir-se a eventual desintegração dos serviç os do Ministério receiode confessar agora a m issão de que se orgulhava?» Concretamente,
das Colónias' que trans·ta ·
1 nam para os outros m im. .stenos,
, . pon d funao ° criticavaa supressão do term o «colónia » - «o único que com rigor designa
tratamento específicodªd0 as · questoes """'. a
• do ultrama r : aceita ndo, porv,,,., ªposição sentimental , po líti ca, administrativa e económica das populações
contrago~to, a passagemdos serviços militares coloni ais par a o Ministério da eterrasportuguesas não europeia s>>-, bem como a eliminação da designa-
Guerra (Jáefetuada por d
reticência d • ecreto de 949), os interveni entes viam corn,~1.#111
1 uíta5 çãode <'Império Colonia l Portugu ês» que fora «um dos grandes ideais que
s a a oçao da mesma á · . • 16 TaPw--~ o, E~tado Novo apon tou à Naçã o. Dele ' se fez nestes vinte anos», acrescentava,
a passagemdo ar ui él pr tica para a educaçã o ou Justiça • li
1 ªde nas alma s, no dir eito e na economia. Conseguimos
. q P ago de Cabo Verde para a adminis tração 01etroPo •uma• reat·d · que f osse
como ilhas ad· páD e d
teconsen t Jacentes, ao mesmo título da Madeira e dos AçOres, aceite re speitado pelo mu ndo. Entrou na poesia e no cérebro e gent e nova.
. .
so, anto no Conselh Superior do Impéri o 17 como nauu•- ,...~
...iira
O
o •E
~TO • o ,IIP (R IO p o RTU GU E:S NO APÔ S -GU
ERRA
A REFORMULAÇÃO 00 SISTEMA 1 207
.:.o·~
206 1õni as a IIlen
talidade dos funcionários e do
. s se . har a função histórica de possuir e colonizardommios , . ultrama ·
eseJTlP eJl te do Ato Colonial (defendendo que a Nação . .
,Mil JJ3S
.JCJIV" -
co . . 'dica e rooral-Renunciar a ele fu . tviços
fj<1Uf3jufl d · ' gtndo ' q11, oostan . . . - existiaantesn- de
,,_..-in à soa .:, ,..... dianlt d », e ~ deiJ(anade .existir,
~ =.,,.bílid,adeS que ~ -
narta e roesDlº os ns cos que a s
ua defesai te~ J105 • r; e na0 . , se essa funçao. cessasse), o parecerpreco-
~ . - -o:i-,. , .
1
lllp\·
coJofllza
izava
a sua J.11
-~
anutenção: ehmma-lo
...,
a ções que
,
ate aqui
• podena «fazercrer que p ortuga1 desiste
reputara fundamentais» Mas p· . d
.
- ·•-<flllirª~
e ~~nas no~
_ -r.;tho superior do Impeno (onde
, na votação
~
11 de iu•r••· ~ · 1oram a do
t.Ul)Ol- bCOSvotaféllll a favor da designaç~ goraupressa ~ seria a «soluçao adotada» na proposta, porquet·irava«do atual
nO',e IlletJl . ao de Soh.. 3 0
o ArtigO3-•, . r . colónias• e d01spor dar wna desi «provín~rt qoe.as z.º o bastante para . significar
. um abandono
. de posições», pondo-lhe
_.,rinaS' ', ancoPo . d M . gnação c1ai Mllg ...,os» que podiam «ir agora suscitar novas críticase novasre _
-t rrziu-- - · ._..-rt111ilado ni5têl5de J\rIIllil . o onte1ro encontrarane11tr 0
voster••· _ d . açoes».
_..ciri>eS ~- , a~ «llº com modificaçoes, evena alterar-se de moldea que se «nao - to-
pu-r- . ..1.~t; da Câmara Corporativa. Aí, o próprio 1 rnum, anter-se _
~ - rillo 00 ~e
1
,,~.-cdloCaetano. manifestou muitas reserv re at or doPrttQ A rri
sena sua
essência», como na
.
redaçao que propunha: «A Nação Port
uguesa
arear
,-
·~- ·k ..., rensao . _J<U g, ~ ental:
· a seu ver, «a mudança d as " em re \ªÇào
Q. cas u direito a prosseguir no desempenho da funçãohistóricad
, . d e colón· 1 , t afirIIlªo se . . e co-
_ • . coroo{ll1l3 espeoe e tremor de terra em to asPara . territórios sob a sua soberania, que importa povoare valorizare d
O ·rrT'\,h d da 1ºd eia do lm do \0111zaros . e
..__.rnci.aS , 5f'11.1
pt., ·- , ~;crra:t:í\"O do País- s15~ca o , . os·tstellta •vi}izar os povos atrasados que neles residam.» (Note-seque,nestaformula-
~ ma>-~ - peno e0 c~ se substituía «indígenas» por «povos atrasados»a «civilizar>>, para além
,~ . ,,,,e ~_.....-mde ser precipitadamente modifi d lon~
.l~ ~ __ ,.,n,n do wipério, da Escola Superior Colonial
--kr-se-ia paí"1- u:;1.......-- ca as :º ;e conservar a referência à colonização - o que ia ao arrepio do propósito
asdesi.
naçõ6 uu ~
~-:-
' etc et ..,..,entalde compaginar o texto constitucional com as novas tendên-
~--t .. c asleisonde aparecesse os termos "colónias" ou «· 1 • e.,as.
wi--> . COOnjaj• governa...
•s-
nw- i.,, de _Montciro. considerava totalm . ente inadequado o te~, cias internacionais.)
Jáquantoao Artigo 3.º e à prevista transformação das «colónias»em «pro-
.,:_.,..;,,,;. 1tl1"a ,.i,.,..m1ar Angola ou Moçambique, elas própri·as nno
.prtJ'w-- » r-- u=~ • constitui vínciasultramarinas», o parecer fazia notar que, sendo certo que aquelapri-
nnr ..mmincia.S " rouitOdiferenc1adas24 • Como solução de com r . ·
.r-· -r - - " p ºmtsso, meira designaçãotinha caído em «desfavor» nos «meiosinternacionais>), não
,unha queseadotaSSt ~ expressao neutr~ - territórios ultramartnOI'
era menos verdade que as «modificações terminológicas» operadas pelos res-
,ouquaiquer outra ciesignaça.D semelhante25» . F01 esta a proposta queobtev,
26
tant e s países e pela ONU correspon diam «ao movimento internacionalmente
vencunento, porsetevotos contra três • desejadono sentido de maior autonomia dos territórios ultramarinost..}).
o parecerfina].menteaprovado na Câmara Cor porativa segue,noessen- Nessesentido,a prop osta não se justificava, obviamente.
cial,as ideiasexpostaspelo respetivo relator. Nele se começa por sefazeu Masa Câmara admitia que «uma outra atitude poderia l---1 explicara alte-
criticade uma política de «assimilação prematura» : nos vários territóri~ raçãoprojetada: em face da desorientação da opinião internacionalem maté-
condiçõesnaturais»eram e permaneceriam «diferentes», bemcomot111 ria de colónias,em face da desintegração dos impérios coloniais,em faceda
maiorpartedelesas condiçõessociais e económicas». Daí a «necessidade11 pressõesque certos Estados exercem no sentido de desencadearou acelerar
especialização do Governo,da administração e das leis». A «assimilação•tem essadesintegração - import a(va) que Portugal afirmlasse1solenementeuma
«deser lenta,acompanhandoa civilização dos nativ os e o desenvolvimtll vez mais a doutrina tan tas vezes proclamada de que a metrópole e colónias
dosnúcleosdepovoamentoeuropeu». Não poderia haver paratodos osi· formam um só territór io, uma só Nação, um só Estado, não havendo mais
ritóriosum4(regime uniforme, antes se devendo prever diferenças,por do que circunscrições administrativas de aquém e de além-mar, com organi-
consideráveis, de estatuto orgânico entre uns e outros, consoanteªestO- zação adequada à situ ação geográfica e às condições de meio social de cada t
sâo,_ ª populaçãoe o adiantamento de cada qual». Por estaSrazóeS. ~ • umadelas». Vendo nesta a «verdadeira razão» que fundamentavaª propoSa,
mclmar-se-ia«para umarevisã o o ma is possív el restrita, de modo ªdei" 0 parecer não lhe negava <<valor »; mas recusava-se a aceitara lógicada assimi-
subsistir
. · l o max1mo
do Ato Coloma • , · s e or..A~
, . de precei to s doutnnario r- bçãoque daí se pretendia extrair. Sobretudoquanto«aosterritóriosafricanos,
''.uados na zona intertropical, com vastas extensõespor desbravar,p~pula-
amdaquecoma nomenclatura substitu ída».
. Destes
. pressupostos resu1tavam as posiçõ es do parecer re iw· lA""' : ". em regimetribal, núcleos europeus constituídospor colono_• emnumero
31nd
"ª,. ~
·""'
ínimo desgarrados das suas famíliase dos meiossociaistrad,oonaise a
prmc1pais
de . . disposiçoes ª proposta governam ental. Sobre o J\fllo-' ~
- d . º,
cnhcar a indicaçao
- de que «éda essência orgânica da N~A,.ainPOfll"'"
S-GUE RRA
A REFORMUL Ã
coi~tR-' o vENTO • O 1r.1P(RIO poRTUGU( S NO APÔ AÇ O DO SI STE MA \ 209
208 . rounidades estáveis)) - ser · 1a «ll}
fill no,ra:s~ v e nunca esteve verdadeiramente no espíriton acmn . al» Para m ·
ão congregados ~.,..,dei'{UI' de lhes atribuir uma organ· éltlifest() esrl'lºqu pulações indígenas» compreendidas nos «d ,· . ais,
n - ~eria ........ n,;ar-se ,;;.u> lZaç- '
J1l . r as Pº , . l omm1os», «sem
y~ -
nao yv- --otntal~

ªº
di ,.,. .-c,, da metropolitana» (sem ex:c _ ad .~ ci \
eçaod ltlth
«

U za
: .
er d1stl .nção» , era .«um propos1to
. . . 1
... considerado 0c . d
1ens1voas mile-
trati\-a~ ,•erde --,., que
n ne ttal
ah,-e-e ;z pudesse beneficiar de um «regllllo ~Pr·''II-.
q11alqu
Oll,.;
.. O
·vihzaÇ • es do Oriente e. diminutivo da posiçãode igua · ldade que tra-
casode Cabo ainda roais desconcentrado e descentra.li e tra~i~ Pá(iaSalrJ'lent
C1
e temos reconhecido a certos povos do Ultramar, que repudiam
. colll.,Ufll estanü O Zadod 16.
diCºn Í · araçao_ a indígenas».
no•,
a<i"acentes-•
) ()
qllt . Longe de-se atenuarem (como pretend'ia o pare-
o das iib3S I r .;.,,ara corporativa, compree nde ndo a eqlllPCârJlara Corporativa), as reaçoes a _estas expressõesinscritasno Ato
trO )ado, a ~ . . que "
O
Por ou
.
. • . de nesta oporturudade substituir a de .
«C{)llventenoa
,er daial Jll.u
\JQvth.
s1gna- ''lll nni •cestavam-se «agora .com ma1s veemência' porque as lcn'u·cas1
• 1'
sentiS5C ª _,,.ncideraYa que esta não poderia ser a d coton
Çaode rarn a encontrar apo10 nas externas, além de que O fact d . l
• · nnr outra •, i...u....- e <<pro· ~ as passa o eix a-
~ r-- _
• -
.-n,roês• era O de «regioes que dentr o do territó. 'linci i)lteri1a.i. culiar da índia e esta[va) a generalizar-se». Daí a necessi'd d d
de serpe a e e
.,_,- ..sentido
,.,,in Po••"l) a.__ .-.;licos, econorrucos
_.._ , -
e etn ogr áficos que rio. nacio
•~
ral ir ao texto constitucional um novo «espirita», fundado no «princípioda
frreCeID e.ara~..... ceuoi ...... astnd·1 ·
confer e política da Nação Portuguesa».
0 . __ 1.,,-,in de compromisso, propunha que na Co . Vid11a . 1
"· ÚJJilO ~
liza:rD , . d .ó . nstituir;; .dade .mora
1,111
1 . to Bossa minimizava as consequências práticas das modificaço -e
. egasse «a denoJDinaÇáo genenca e temt nos ultr amarinos»,f 't"O11 pito 1s , . . . . _ s
~ ..,...d,inúl ordinária. uma 4( mudança lent a da nome 1 ¾ndo . d . não se tratana de fazer a assumlaçao dos territórios ultramar ·_
dep0t5,na 1~ nc atur uncia as.
en . etrópole, mas de «encontrar um ponto médio de razoávelequilfürio»
1
,Á • mlf"T c:ha.JDaI1do-Ih es províncias quando estive[ssem] resol. ªdai nos a m - em que se tm . h a vlVldo
. . (com a «dualida-
cowruas.-i -- d _ d . l Vid()s"' a «quase inteira separaçao»
problemaS adminiStrativos que a a oçao esse nome 1mp ica[va], querO v, entrde e uma Metrópole possmn . d o um Impeno , . C o1om·a1») e «a completauni-
do par umaorganiza.Çáo variada», que fosse «adequa da às condiçõespe!:: de 'dade administrativa · que re dun d ana . em atraso e confusão» Por isso se
resde cadaterritório,.. ª form1 , ·
dis unha no Artigo 3.º da proposta que as provindas ultramarinas teriam
parecerreagia aindaàs dúvidas sobre o emprego da expressão«in~-
0 or~nizaçãopolítico-administrativa adequada às suas condiçõesespecíficas.
genasafricanOS>t (manifestadas~elo Governo na s «~ot~s explicativas» que
A~vantagemdo regime de provínci as» estava em «constituir um símboloda
acompanhavamO projeto), considerando que elas nao tmham qualquer ra-
igualdadede todos os territórios, dentro da unidade política da Nação, secu-
zão de ser: t1Entendea Câmara que se não deve temer o emprego dotermo
larmenteafirmada e continua da». Mas «colocar esses territórios "em pé de
indíiena:qualificaumarealidadeevidente, que exige uma disciplinajurídica, igualdade"» não significava «necessariamente a uniformidade ou assimilação
em a qual gravesinconvenientesse prod uziriam n a vida e na evolução das
demétodos administra tivos»: «ainda que teoricamente o concebêssemos,as
populaçõesatrasadasdas colónias.» realidades haviam de impo r que fossem tomadas em conta as distânciase as
Finalmente,a Câmara afirmavaainda a sua linh a antiassimilacionista na
condiçõeslocais».
análisedo Artigo29.º, opondo-sea uma eventual desagregação do Ministério A partir destas ideias de base, Bossa fazia uma longa análise crítica das
28
das Colónias(futuroUltramar),pela passagem do s seus serviços paraoutr os indicaçõese soluções do parec er da Câmara Corporativa, artigo por artigo •
ministérios;e do parágrafoúnico do Artigo 34.º , m anifestando-se contraa A proposta de lei para revisão do Ato Colonial que Salazar finalmente
27
livrecirculaçãode pessoas,produtos e capitais nele pre vista • apresentouà Assembleia Na cional, a 18 de janeiro de 1951,seguiu quase por
Remetidoa Salazar,o parecer da Câmara Corporati va foi poresteenviadoi inteiroo projeto primitivo, salvo pequenas alterações de redação, não levan-
00
para análise,a JoséFerreiraBossa,que com ele tra balhara na elaboração do em conta as objeções e as sugestões formuladas no Conselho Superior do
primitivoprojetode revisãodo Ato Colonial. Como era de esperar, Bossa oã, Impérioe na Câmara Corp orativa. Só em três pontos, todos eles menores, se
se mostrou convencid0 pe1a argumentaçao ah desen volvida salvon""'
# •
"'"~
• (

regiStamdiscrepâncias com algum significado: na designação do Título Vll da


noutro ponto. de p .
ormenor, muito secundári os), que se lhe afigurava aíJMh
. ConStituição, onde no pro jeto estava «Das províncias ultramarinas))passavaª
presaà.lógica , . da «doutrma . assente «na poss e de domuuos
• co1omal», --'-re,-
, . IIUL'
figurar «Do imp ério ultramar ino português)) (uma flutuação de linguagemem
me de 1mpeno colonial, para os colonizar . e para civilizar as suaspop_,._...,111dld 2 nd
:. que se podia ver uma cedência ao velho espírito imperial); no Artigo ·º' º e
dígenas» - o que a s dofllÍO' se retenam
ul - d ' eu ver, eStava «fora do espírit o do tempo, que ~ · «os benefícios da civilizaçã o cristã)), dizia-se agora «os benef'icios ·
uçao os acontecimentos no mundo, que r quei ramos quer J.- -i"'- e
A REFORMULAÇÃO DO SISTEMA \ 211
UERRA
coNTRA o VENTO • o IMPÉRIO PORTUGUÊ S NO APÔS -G

rJlO fllªis longe, solicitando o seu aprofundamento, no sentido


• de Portugal) civilização)) (cedendo -se aqui , ,10ratrl111es Tal aconteceu com o deputado Mendes Correia . (conhecid as-0
da sua [ou ,-.
seJa, . segundo o qual , com a formu} as obsetvaçõ , oista,
~...,araCorporativa,
parecerda ~
,..,,ilac10
51w go), q ue chegou mesmo a tocar um ponto capital· .
· a contradição
. . ação esdo e

as populay
rões civilizadas não cristãs podenam Julgar-se ating·d Prilllir
, 1 as n I\'~ 30 uoP61 . ~
Oe agora criado, entre a trans1ormação . dos territór'ios do ultramar '
. de liberdade de crença29)
as .; e no do Capítulo III, substitu·tndo.
, tituloafri as&aran. "º
•· reg1fllefll«p rovincíaS . » e a negaçao da cidadania. à esmagadora . .
ma1onada
ti antias especiais para os IDdígenas canos» por «Das gar . se~n -'ricao _
0 ulaçao, subrnetida a um. estatuto
. - especial,
. o dos «indígenas>). Como
gar l . din ' . d anuas as aJ·
.mdígenas» { que tran5feria para a e1or ana a eterminaçã o dae· Para~ sllª poP tava « 1d' stinguir na Constitmçao.
dois blocos
, .
ou castas de portu gueses,
0
ou não de indígenas nos territórios não africanos). l<is~"<4 salieíl . cí'dad~aos e indígenas». .sena. <<contra rio aos preceitos da fraterm.dade
menosprezo pelo parecer da Câmara Corporati . va constitu1a, um a saber· s tradições esp1ntua1s»,e presentemente, «àprópria tar f
. • às nossa . . e a>>, em
0
vo para esta últiIJ}a e sobretudo para o respetiv o relator, Marcell agra . cri s ta, Assembleia se empregavam, «de umfi.caçãoao máximo d
"d P · h' d °
Caet que
Goveroo e
do hurnano, entre a Metrópole e o Ultramar)).Além do .
, entro
"' era tambémo seu prest.
"e . ente. -ara mais, a em to o o processoumano ' ossive e , .
1. di'gena» prestava-se tanto como a de «coloma))a <<exploraç-
mais,
q
-entendido (ou, noutra mterpretaçao, uma m anobra maquiavélica)· llla\. doP
aiavra«1n . .. . oes
to, no inÍÓO dos trâmiteS para a revisão do Ato Colonial, Salazar· com efei. aP rriscando-se a concitar a hostilidade mternacional. Razõesd
anun.
!Il,1é>'olas
·d•,de
a e razões de Justiça
. . JUStificanam
. . . portanto a concessãoi'urídica e
a Caetano o envio. dos ct:rabalhos»
- . a ela relativos, de modo a que sobreciou e\ 1
oportun1
. dania a a todos os portugu eses. Para Mendes Correia, . .sso não significa-
se fizesseuma «di.scussao di.screta30 »; em respo sta, Caetano propôs-sefazer es
da cida . fi - 1·
. e se caíssena «perigo sa cçao roman 1ca que sena a total equiparação
A .
um parecer «para mero uso particular do Governo », pelo que «nãoh
riaqu . , ntre portugueses c1 ·v1·uza d os e nao - c1v · u·1zados», em especialquanto
ria inronveniente em exprimir francamente» a opinião da Câmara q •~-
como ele próprio, não se indinavll «paraa orientação fortemente m1. ~:~.talla des de lª edireitospolíticos - o que se ev1tana
a certos . . pela aplicaçãode «estatutoses-

dora do projetoll». Afinal a proposta primi tiva do Governo e o parecerue


peciais, a , grupos circunscritos, bem determinados, segundoas necessida-
desdecadacaso (...)34 ». Mas estas sugestões não deixaram rasto no texto por
lhe era contrário foram publicadossimultaneamente no Diário dasSessõ:da
funaprovado(Lei n.º 2048, de 11 de junho de 1951), que segue fielmente o
Assembleia Nacional 32 - desautorizando a Câmara e, em particular, osprocu-
pensamento goVernamental,a que se procurou dar, no entanto,uma formu-
radores inrervenientes. lação maisprecisa. De assinalar apenas a alteração da designaçãodo Título
Para Armindo Monteiro, foi a derradeir a gota de água: demitiu-se deilne-
Vllda Constituição, que passou a ser «Do Ultram ar Português)),em vez de
diato desse que era o seu último cargo público. A Caetano, Salazar explicou
«Do ImpérioUltramarino Português» (o que dava maior coerência à lingua-
que remetera à Assembleia Nacional a propost a «no s mes mos termos>)emque
a enviara à Câmara Corporativa «para evitar qualqu er dúvi da sobre se a rnes· gemempregue).
A revisão constitucional de 1951 é um marco importante na política co-
ma devia ou não baixar outra vez a esta última». Isto não significavaquenão
lonial portuguesa. Como vimos, trat ava-se sobretudo de criar uma linha de
desse atenção ao parecer, quando o assunto fosse con siderado na Assembleia:
defe sa contra as ameaças que impen diam sobre os impérios coloniais - defesa
então «o Governo» poderia «ainda mostrar as suas prefe rências por talou
essaquepassava pela «integração cada vez mais perfeita e completa de todas
tal fórmula ». Mas Caetano não se deixou iludir e, depois de, na sua réplica.
asprovínciasdispersas na uni dade da Nação Portuguesa» (nas palavras de
fazer notar que de facto o texto não era o mesmo (dadas as modificaçõesde
Salazar,ao referir-se à próxima revi são do Ato Colonial, em discurso profe-
redação), concluiu: «Daqui resultou a crença do Dr. Armindo, minha '~
O
ridoª ') . Longe de ceder à tendênciadominanteno
de dezembro de 195<>'
procuradores em geral, que do parecer da Câmara já fora aproveitado q1ll 12
Sistemainternac1ona
· 1- qu e, de momento , impunha, se nao
- am
· depend'ene1
·a'
tinha de ser. A mim não me chocou, porque já de há muito estou nestaseoi~
com uma filosofiaamena: mas o Armindo (como agora O Pedro 'Ihe0t6n~
l ~'1º.menosa autonomia progr essiva dos territórios coloniais- , a linha adota-
entraram para a Câmara convictos de que iam influir nos destino s daNaçãO· v·atinha em VlS · t a criar como que uma fortaleza, imune às pressoes
- externas.
/ hta a esta luz, a transformaçã o das «colónias» em «provínciasultramarinas»
Daí as desilusões34 .»
n a mais peso
r, . d que desprevenidamente se podena . supor: e1a signu,cava
· ·e. a
Por seu lado, os deputados da Assembleia Nacional viram claramentedt O
ladosopravaO vento: nenhum se atreveu a discutir' todos sufragarafll
queila ,etO cusade qua1quer solução gradualista, na via da concessão da autonomia . ou
·dOS•
. r a proposta governamental. Alguns, com o zelo dos recém -converti
212 1 CONTRA O VENTO + O I MPÉR IO PORTUGUÊS NO APÔS - GUER RA A REFORMULA ÇÃO DO S ISTEM A 1 213

da independência aos territórios ultramarinos sob a soberania rov1,1c1.a' a decretar .posteriormente pelo minist ro do Ultramar(d
1
que prenunciava a política de resistência à descolonização se ~ºrtugues e cada P
ern ge ral' com o. Artigo- 134.º, fida Constituição)
, ' de modo a que esse e
. . . al imil. . . gu1dan-. • ª ' o
1 d rdo, d uasse à s1tuaçao geogra ca e as condiçõesdo m . .
1
. o plano mst1tuc1on , o ass ac1omsmo
_ . assumido na revis·
·• a1statd, aC0 e a eq e10soc a13s
ªº re girlle s havia acordo (pelo menos aparentemente) sobre . ..
d d colonial Portug cons :.
tuc1onal de 1951influenciou a evoluçao do sistema bérn . . . _ o prmc1pal
. limi. 11 fafll . dor da proposta - a mst1tmçao,nas província d G
anos. sub sequentes, mas de forma mais ta a o que os seus Pressu
Uês, n
Ili
to inova 1 . s e overno
elerllello eha,..
....,ado«Estado. da. nd1a», Angola . e Moçambique) de conse1hos
A sua consequenaa mais re1evante, de ord
A • •

eixavam antever. Posio, .


d Gera l (
. tivose1e ti·vos e dehberat1vo . s no âmbito
. . da legislação local . Tratar-se-1a,.
foi a substituição da Carta Orgânica do Império Colonial Port:rn legislati~
.O d A • guêsV' ~ )eglsla ecer de «dar crescida aud1 ênc1a aos interesses e à opi· . - 1 al
esde 1933,por um novo diploma, a Lei rgaruca o Ultramar (Le1 ' ºtgen~
.n do par , mao oc
d 1 egllll
és de
O d quada representação nos órgãos de Governode cadaterr·t , . '
a e . _ 1ono)).
5
de 27 de junho de 1953). · 066 atra" ....., mais perto da leg1slaçaopromulgada na 1a Repu ' bl.
a sua origem estava uma proposta do Govern o, apresentada· ~~~ ~~
ficava · ' Esta inversão não deixaria de provocar fortes resistênciasno .
Assembleia Nacional a 12 de novembro de 1952,acompan hada deu na e 9zo. . . seio
1914 1 _ dirigentes do regime. Prevenmdo-as, o mesmo pareceresclarecia
do diretor-geral da Administraç.âoPolítica e Civil do Ministério d rnrelatório os órgaos ue dá bem conta d os ob.Jet1vos . visa . dos com as alteraçõespropo '
, . d d o Ultrani d passoq s-
Jose Ferreira Bossa (que fora o autor o texto a pro posta), e por um ar, nurJl or isso,vale a pena tr anscrever por extenso:
da Câmara Corporativa. a que estava junto um contr aprojetoJ6. Parecer tase qoe, _ Pse tema que seJamos· · 1ançados no plano inclinadoque con-
assim
A publicação de uma nova Lei Orgânica tomava-s e necessária p «E nao
à autonomia,ao selj-government colonial, . o passo que lógicae historica-
· li · cl · · a1· 1 .al ' C t· · araadap. dUZ
tar o regime po tico-a mm1str 1vo co oru a ons 1tu1ção,tal comot cede a in epen enc1a po 1ca mt egra1, a pl ena "descolonização"
d d'" . lit· .
mente ante
configurada pela revisão de 195LMas havia também razões de «oportuor~ Nãosetema que, sem darmos por isso, vamos alinhar as nossasterras ultra-.
dade política» que a recomendavam - como se dizia no parecer da ca·mara nt- marinas na procissão constitucional em que as colónias estrangeiras,inglesas
Corporativa. no qual se referia (tcerto mal-estar polític o subsistentenuma sobretudo, vão caminhando para a met a da independência, conduzidaspela
ou noutra» das «províncias ultramarinas», provocado por um «sistema de mãotutelantedas metrópoles europ eias. A autonomia, em sentidorigorosoe
Governo e de administração talhado uniformemente para todos, o qual,se próprio,exprimea estrutura constituci onal daqueles territórios coloniaisem
quadra com as condições de algumas, é mais ou menos inadequado paraes- quejá se vislumbram, com maior ou menor nitidez, um parlamento e um
sas outras [...]». Não sendo nomeada. estava em causa a índia Portuguesa . Governo próprios, que detêm, a bem dizer, a plenitude das atribuiçõeslegis-
que, como vimos, de há muito exigia um Estatuto especial, não aceitando a lativas (ordinárias) e executivas, conservan do a metrópole apenas,quanto às
condição de colónia. Para a Câmara, a orientação do Governo era a correta, prime iras,o direito de veto e, quanto às segun das, a chefia do Governo,por
em nome da «ideia da igualdade»: não devia haver províncias ultramarinas intermédiode um governador por ela nomeado . Este Governo é designado
que vivessem «à sombra de um estatuto excecional»: que «vivam, sim,simul · deacordocom o predomínio relativo das várias correntes de opinião repre-
0
taneamente de acordo com o regime geral de Governo de todas elase com sentadasno parlamento da colónia e está na dependência da sua confiança.
seu próprio estatuto». Assim, para além do mais, se evitaria que «quantofosse Estamos perante um Estado in fieri, um embrião de Estado independente, do
excecionalmente concedido só a uma viesse sucessivamen te a ser reclama · modelodemocrático-parlamentar . A autonomia vem a ser a exportação para
do ou exigido por qualquer das restantes províncias de além-mar». Ouseja: ascolóniasdas instituições parlamentares metropolitanas.))
.d , 1· ·t ,i,,, con
·
con t ava-se com uma 1e1 e caracter geral para estabelecer os 1m1 es uo-, «Nadadisto cabe no sistema do projeto, nem expressa nem implicitamen-
te· o
. 8 conselhos de que se está falando não detêm a plenitude da competencia
A •

cessões a fazer às reivindicações das elites goesas37.


Divergind o da proposta do Governo na sistemati zação, na redaçãodage· l~gislativapara o territóri o con siderado. Parte da legislação a vigorar no ter-
ritórioemana de órgãos legislativo s metropolitanos; a competencialegis · 1ªfiva A •

neralidade dos preceitos e em várias das soluções concre tas nela apresentadaSi
,. e t noque
dos conselhos é exercida sob a superintendência e fiscalizaçãoda metrópole,
o parecer da eamara orporativa concordava com ela, no entan o, .
·t ' . -
respe1 ava a onenta çao geral. Nomeadamente, ambos os docurnen , .
toS3SS
U ~ue, portanto, se lhes pode inclusivamentesubstituir;na províncianãohá um
vernocolegial,
• constituí do de acordo com as correntes de opmiao · ·- repre-
miam que a Lei Orgânica fixaria apenas as bases gerais do regirne politlCo'to 10
4drn · · · d 0 esta
ttl
· IntS t ratlvo as província ultramarinas, ficando o resto para
· GUER RA
coNTRA o VENTO • o tMPtRIO PORTUGU[S NO APÔS A R EFORMU
L AÇll.O DO SIS TEM A 1 215
214
elho e dependente dos seus votos: h á, ant rão «indígena» qualquer forma de represe t _
sentadasno. cons d das funções executivas,. represent ando nel es, um gover a a poPU1a,, n açao nos organis-
com a plenitu e a a aut 1\arl. pa! .
r :.-boae só dele dependente.» ºlidad"llt . ,.,, 1o ca15· na Assembleia Nacional, a proposta do Go,ve
Governode uJ.Jisteroa é pois, uma construçao - e~ - w 05 d bate rno e o contra •
on• gmal,

com 1. "ll ~o e da Câmara Corporativa foram considerado . proie-
«O nosso s • . ._ , . a v rt lll'ecer . .d d e s a par, na d1scussão
. .. ressese à opllllao publica local, sem compro Uded todo Perah·dade· Na espec1ah a- e, 1ez-se sobre as bases do co t .
relevoaos 101.e . , . • tneter e~ d n raproJetocom
. de todo terntono portugues. Trata-se de um regun· a u11id dage Jls rnod'ficarões de redaçao e d e pormenor da Comissão do Ul tramar
e de 1 ~ . '
polinca O . 1 ,, •
~- ;'7,,da(com um antecedente no antigo regime, qua t egis\ar~ fíllllt a elo seu presidente, o eputado Sousa Pinto. Mas d 1 .'
escenu~1 . . . . n o ao E 0"l'l(j . 1.11 adaS P uma e as 1a
d . ) que =rime mera necessidade admlillstrativa (lato se ) stad ~_ veic. 1 nge, cocando um ponto fundamental: tratava-se da com . _
pos1çaodos
1a , --r _ nsu e • "q 1
' _
fnd
promete a unidadepolíticada NaçaoPortugue.5•" .» nao">, JJJals 0 legislativos, que, na nova versao, passava de totalmenteel u·
elhOS . e va, a
A proposta do Governo e o parecer. da Camara convergiam igu . l ,on5 aior1 . lei·ta como Teófilo Duarte refenu , a proposta do Go~
ae · . . _ . , ,
,erno .
twera
sistemade administfação ª51lllen~ deJlltra si. o V oto unânime da Com1ssao e fora vista «com seriasapreensoes - por
. local preVIStopara . o ultr amar, de cariz . as. , • , •
00
donista. já que estabeleaa como regra um sistema municipal sernelhlll1k. con se totalidade» dos s1gnatanos da Câmara Corporati'"a ( b
rte da qua . • em ora
da metrópole, com base em concelhos e freguesias. Mas, como no anteao Pª . parecer não as refletisse). Alegava-se que o sistema vigente t· h
respeuvo com a sua ma1ona . . de vogais . ofic1a1. .s, enquadrando os rep m a_
sublinhava.isso não queria dizer que fosse «possível realizar em curto parecer Se 0
rovado bem
assiIIlilaçãomunicipalista de todos os territórios ultr amarinos portuprazoa P das ,populações locais. Se algum destes se tentava a fazerobstruçã re
sentante
. s - - . .
em situaçao falsa «e nao tardava a arrepiar cammho». Não se sabia o,
«O sistemamunicipal só se compreende», explicava -se, «para áreasgueses total0,. sentia-se eria acontecer com conselhos eletivos, . formados por «políticosim-
predommantemente habitadas por brancos ou equipar ados, 0 que está1 u 0 que po d
. dos» por obterem o sufrágio da massa eleitoral4'.
de suceder em todas as de Angola, Moçambiqu e, Guiné ou Timor E tonge prov1sa , _ assentara-se em quehaveria
·- d , . - d b diz , . x ensas Nacomissão, pondo-se de parte essa soluçao,
regioes estas provmaas sao povoa as, a em er, so por indígenas, cu·a
vogaisnomeados e vogais eleitos, discut indo -se apenas se estes deviamser a
vida municipal não poderia ser senão fictícia . A nossa política, nestestjr-
minoriaou a maioria. Vencera esta última opinião, e nesse sentidoSousaPinto
ritórios, tem de continuar a ser a tradicional [...] : deixar que os concelhos 42
apresentouuma prop osta de emenda , que a Assembleia aprovou . Segundoa
correspondam a autênticas realidades sociais e económicas, a aglomerados Base XXVda Lei n.º 2066 , de 27 de junho de 1953, nas provínciasde Governo
de brancos e de civilizados em povoações de categoria semelhante àsdasvi- Geralfuncionaria um Conselho Legislativo, com atribuições legislativas,de
las e cidades da metrópole». Já «no territóri o habitado pelo gentio»teriade maioriaeleita.O núme ro de vogais nomeados e eleitos seria fixadopelo esta-
continuar o sistema vigente <<c omo form a de ocupação administrativa», que tutoa promulgar posteriormente para cada uma dessas províncias, no qual se
era o «das circunscrições civis ou adm inistra tivas, na área das quais umaau- regulariatambém o modo de eleição, de form a a garantir «adequada repre-
toridade admini strativa suba lterna concentra na sua mão a generalidade das sentação»a vários sectores: aos cont ribuintes recenseados com um mínimo
atribuições executivas do governador da prov íncia ». Essas «populações» (ou decontribuição direta; aos organismos corporativos e às associações econó-
seja, «o gentio ») iriam sendo sucessivamente assim iladas e, por outrolado,a micas, culturais e de interesse espiritual e moral, tradicionalmente reconheci-
população metropolitana iria «povoando essas regiõe s». O «desenvolvimento das;aos corpos adminis tr ativos; e aos colégios de eleitores do recenseamento
económico» modificaria «a feição dessas terr as sert anejas: nessa medidaaCU· geraldos círculos em que o terr itório da província fosse dividido. Tratava-se,
cun scrição irá sendo substituída pelo concelho 40».Na realidade, isto signín• portanto,de um mist o de sufr ágio censitário e de representação corporativa,
cavaque, no futuro previsível,se instauravamsistemas de administraçãolo<II ªquesó muito acessoriamente se juntava um mínimo de eleiçãodireta e geral
0
diferentes para «civilizados» e para «indígena s», aproxi mad o do metropcli
· (eSt a mesma forteme nt e condicionada e manipulada, como sempre durante
tano para os prime iros (mas com as presidências d as câmara s atribuídas,pct EstadoNovo).
via de regra, aos administradoresdos concelhos), especial para os,egu•~ Juntode cada governador -geral funcionaria igualmente um Conselho de
com circunscriçõ~sadministrativas,divididas em postos (onde os ~Só 1 ~=';"º•
com atribuições consultivas,compostoporseis membrosnatos(to-
posto concentrariam todo s os poderes) e agrupa das em inte ndêncíaS· . e es altos funcion ários) e dois nomeados pelo governador (BaseXXVlllda
· 1 · ãoba~
mmto ongo prazo se previa a alteração do sistema : de mome nto, n
216 1 CONTRA O VENTO + O IMPí'.RIO PORTUGU(S NO APÔS-GU ERRA
A REFORMULAÇÃO
DO SISTEMA 1 217

mesma lei). Era esse Conselho que «elegia» os representantes d .. eia . de que a mudança de terminologia fora recente, cobnndo . ap
co JlsoeJl s anos do Estado Novo. Do mesmo passo' retoroaram-se dand0 enas \h
indígena» nos conselhos legislativos de ':11gola e Moçambiqu: «pºPtt4 ,
III, d). Neste ponto, nada se alt~va na atitude p~tei:nalistada a:ª~e1 ~ o S
{lltiJllº
re ev 0 , os elementos de uma
J1lJ1º"º 1 e lhe retirava toda a 1de1ade ocupaçãoe de
. narrativa
. sobrea presença' de Portu - es
_ colonial
g
al
colonial portuguesa em relação a esmagadora ti é .mar qu . ~ . . . opressao
, . maiona da popuiaçao _ lltstra
af ç~ ,•
al Jll b signo da m1ssao c1vil1zadorae evangelizad 46 '

remetida para o indigenato, sem voz p~pn _a. ric~ 1)0 do-a so O . . . ora .
coloca .11
neste con texto que,
. nos meios
. ofi.c1a1s portugueses
. . , selan _
çoumao,como
Quanto à função dos conselhos legislativos, em geral, não d . foi de JUS . t'.i::cação
- · · Castilh0 N · nh elJCava 111 1deológ1

ca, do lusotrop1cahsmo

do sociólogobrasile1ro
. .
razão o deputado pela India, conego . _oro a, quando ar deter recllrs0to f reyre _ uma teoria que reconhecia nos Portuguesesuma capac1 .dade
ue regun· e -t,::ioora pronnc:to
y ~ - em pouco divergia do anterior , sendo gulllenta
·1
1 ~a G ilb er se instalarem nas zonas tropicais, misturando-se co
q O íal para . . . . m os povos
os poderes conferidos aos novos órgãos, uma vez· que · o governador-ger llsóri0s espec . do sociedades multtrrac
1
. e crian , . 1a1s harmoniosamente
. integradas,berço
caso de divergência, podia levar o assunto ao IlllillStro do Ultr a.,etn \ocat5 a c..v1 .1z ação com caractensticas próprias. Essa capacidadeexpl·1car-se-

cabia semprea d,cisão final•'. Como a regulamentação conc:"'tar,ªquetn de llJ1l 1 1um provável fundo africano da população indígenapeninsul
- ,1 e a ficav
metida para os estatutos. a questao manter-se- a atente, nos an
- . ~~
a re. -1.a qllerbportudo pelo longo contacto d e portugueses com árabes e berbere ar,
no que à 1ndiaPortuguesa respeitaVª (como verem os na Parte II)· Porllltes, qll er so re . ....,ensinado a conhecer e a adotar noçoes e atitudesignorads,
-
e lhe teria...
lado, nas provínciasde Governosimples - que eram tod as as outras outro qll . t europeus: «nas terras quentes do ultramar, os Portuguesesen- as
· d da tnd· - 'Paraa1· 111 5
de Angola, Moçambiquee do Esta o . 1a -. nao ,havia sequer estearr e Pe\os ouro exageradas ou mtens1fica . . d as, cores, formas de mulher,paisagens
medo de represem.açãolocal no campo leg:islatiVo.Aí, haveria conselh e. contr a rarn, dores, sensaçoes, qualidades do solo, valores de cultura,que J. á co-,
_ .
Governo, compostospor vogaisnão oficiais, eleitos ou nomeados , e porvogais osde sabore s, o
. rn de forma menos mtensa, . menos viva, . menos crua, nas regiõespor-
oficiais,natos ou nomeados.que o governador deveria ouvir, para O exercíc' nhec1 a ofundamente marcadas pela presença moura47)). Sendo pelassuas
tugtieSas, Pr . . _ '
da sua competêncialegislativa- caindo,portanto, a exigência da maioria,.;: ró rias origens,o resultado de um a m1sc1genaçaocom as «gentesdas terras
(Base XXXIe Base XXXIVda Lei n.º 2066). Resta acrescentar que seabriaa pquente p
s»,0 Portugues recusar-se-ia a associar aiºdeia
A • • . de povo branco a uma
possibilidade de, nos futuros estatutos, se instituir «um regime de administra- «cultura superior» e a de povo negro a uma «cultura inferion).Daí a sua ap-
ção semelhanteao das ilhasadjacentes»(Base V, II, da mesma lei). Tinha-se em tidãopara travar com as populaçõe s não-eu ropeias relações «não somentede
44
vista o caso de Cabo Verde;mas não foi essa nunca a via seguida • reciproci dade, mas também de interpe netração amplamente cultural e livre-
mentebiológica, liberta do terror anglo-saxónico acerca do que se apelida de
"mongreliza ção" - a mestiçagem 48 ». Finalmente , a presença portuguesa nos
Muito limitadas no âmbito político-administrativ o, como acabámosdever, trópicosestaria ainda marcada pelo seu carácter «cristocêntrico)) - ou seja,
as consequências de viragem de começos da déca da, sinalizada pela revisão pelasuapreocupação em transmitir aos povos não-cristãos <mm conjunto de
constitucional de 1951,foram bem mais relevantes no plan o da ideologiaeda valores independentes da raça ou mesm o da civilização de quem os propaga))
retórica pela qual se exprimia - caracterizada pelo reforço da noção daespe · -, emcontraposição à índo le etnocê ntr ica do esforço colonizador de outras
cificidade do caso português, inassimilável, pela sua própri a natureza.aodas naçõe s europeias. Por to das estas razões, a tendência dominante do sistema
potências imperiais europeias. Não apenas dos docu mentos oficiais,mas de derelaçõesraciais estabelecido pelos Portugueses nos trópicos seria, não a
toda a expressão pública, procurou banir-se o term o «colóni as» ou aparenta· «subjugação)) nem mesmo a «assimilaç ão», mas a «integração))- a criaçãopor
dos para referir o «ultramar português», fazendo deles expre ssões subversh~ fusão ,ª partir de eleme ntos de origens diferentes , de uma nova socie
· · dªde e
ou mesmo de lesa-pátria. Num país muito controla do, sob uma censurafer· mesmode uma nova civilização, a «lusotropical ».
. do25de 2
rea, .ªmanobra teve um certo êxito: demonstra-o o facto de, já depois ·da· Promovida por Sarmento Rodrigues ministro das Colónias desde de
a ,
Abnl de 1974, a utilização da palavra <<colónias»por Mário Soares, na quali g~sto de 195° (depois da revisão constitucional de 1951,do Ultramar) ª «apro-
de de ministro dos Negócios Estrangeiros, aludin do aos ter ritórios ultrarna· priação
. , » d0 lusotropicalismo pelo Estado Novo teve como marco sim · b O'li co
rinos p~rtugueses:te: tid,o um •impacto negativo e sabor pecaminoso n::,
a v1s1taa portugal de Gilberto Freyre , no ano seguinte, e a sua viagem
· pelas
p ande area da opm1aopublica portuguesa"s».Ao que parece , perdera-se
218 CONTRA O VENTO • O IYP(IUO PORTUGU(S NO APô S-GUER!ll,
A REFORMULAÇÃ.O DO SISTEMA \ 2 19

colónias portuguesas (excluindo Macau e Trmor). a comi te d tra 1.cionais. Neste ponto. - .como em muitosoutros que ao ult
tu d faz o Go"
A •

g_u~s, q~e a orgaruzou e enquadrou , procuran °.


er dela 'llnla _ e_fllci
lllit o\Tlls
11
oll d
espet·to - o Estado Novo limitou-se . a reforçartend·enc1a . s quevinhramar
legitimaçao da presença de p fora do continente euro \'iage"' · ~afl'l r do-se de uma melhor implantação administrat· am
, 0 rtu.Qal.
;::, . Peu~ ''ldt
deu-as
, , "ª1en férrea. Ja, margina . . d
11za as, as elitescrioula t
1vae da prár
. ica
fere Claudia Castel~ ' - Aproveitando-se do •renome mtemacio . al ' colllo
n de e· te. a censura af s oram silenciadas
Freyre como sociólogo, 0 regime ,-ai brandir a. sua teona como batide-UI deufllváftOS . casos' fisicamente . astadas do centro das cap·t . .
I ais e dispersas
defesa das teses ponuguesas. nas décadas segwntes, invocando-a tra, e' efJleiOde urbanizações agressivas (processo que' em relação as , 1uandenses'
gos internaci onais e instruindo a diplomacia nacional no sentido ::st~ P"c. porrl1 . de Andrade descreveu de forma muito sugestiva,1). '
Má!l, ·o píJltO
uantoa l '
, 'ormação de novas elites, nomeadamente nas col' . afr•
oruas ica-
cer e dela fazer - collht • , -
Q , :.,.,oque se pode dizer e que nao contava entre as prioridad d
o rnlJlu•• ' . - . es o
nas,emº de Lisboa:entregue as,nussoes,. o ensmo da grande massada popu-
Go"• ao _ dev.a passar de um mvel rudrmentar, , . para além de contribmr . para
OPICALISMO: laça . 1
alização».Mas mesmo esta ultrma função suscitava dúvid -
2. 0 11
sua «nac1on . _ as, nao
a as ela presença das m1ssoes protestantes, mas também pelo grandenú-
3

mas 1arga1Ilffiteaceite na metrópole, a ideia de inte . apendp trangeiros, entre os missionários cat6licos>•
ero e es . . -
lll A recusa do poder central de ace1t~r a cnaçao de mstituiçõesde nível
. .
imíção de umanação una, indo do Minh o a Timorgr(açàQ
'tàf
' - no ultramar - recusa reiterada, por exemplo pelo ministr
dizer-se - era Wll ..J:t:cilm · t
en e con cili.ave
' l com as realidades
corn
o univers1 10 . . , o
SarJilento Rodrigues em nota enviada ~ Salazar ~ 27 de Junho de 195354 _ res-
· ~. todaa ev~r;jn
u ......,.....,.aí conh ecida a partir de finaisdo ,
secuJ
o . ·a a uns poucos o acesso ao ensmo superior. Mas mesmo essespou-
XIX a contrafiava. Mwto inf}nenteS até então, em todas as parcelas do Impéri o, tnngt ' d e mqwe
· · t açao
- para o regune,
·
cosse tornaram uma 1onte a partir de finais
as elites locais tinham ,indo progressivamente a perder posições, do ponto dadécada de quarenta. Era o tempo da «geração de lAmílcar1Cabrah>,na
de vista económico. .iOCial e político,face ao novo aparelh o do Estadocolo- expressãode Mário Pinto de Andrade, que dela fez parte, juntamentecom
nia l em consuução, .de cujosquadrossuperiores e intermé dios foramafasta- AgostinhoNeto, Humberto Machado, Noémia de Sousa, Alda do Espírito
colonoseuropeuss:. Do mesmo passo, introduziu-se na Santoe Francisco José Tenreiro, entre outro s. Um dos seus pontos de apoio
· .ção rígida entre «indígenas+ e 4(assimila dos» ou cciviliza . eraa Casados Estudantes do Império (CEI) - uma «associaçãoque agrupava
.i.çõesesparsas de ordem local e depois peloDm todosos originários dos países do Impér io l...1e que permitia uma ação as-
.embrode 192.6,que pôs em vigor o Estatuto Políi \OCiativa, de tempos livres, mas igualm ente uma ação cultural, porque havia
ivil e Criminal oos:Indígenasde Angola e Moçambique (alargado à umarevista,a revista Mensagem,e conferências>> , com um «públicolargo» de
pe lo Decreto n.º 13968, de 30 de maio de 1927,e reformula do em pont, estudantesafricanos de diversas origens raciais», para além de «gente)>de
po rmenor pelo .Decreton.º 16 473,de 6 de fevereiro de 1929). Na base Goae de Macau55• Forma da em 1944, por impulso do ministro das Colónia.,,
Est atuto, estava a conceçãodos «indígenas• - defini dos como os «indi VieuaMachado,a CEI «cedo subverteu as expectativas do regime», como re-
de raça negra ou deladescendentes que, pela sua ilustração e costumes.se ereCláudiaCastelo: «impôs-se como um espaço de oposição ao salazarismo
0
distin gam do comum daquela raça» (Artigo 30. ) - enquanto aocolonialismo,de (re)descoberta da cultura africana, de formação polí-
de um a ~mentalidade de primitivos,., de «civilização rudimen tar.;;, e par ticade muitos dos fut uros dirigentes e ativistas dos movimentos de liber-
neces sitados de tutela, a exercer pelas autoridades portuguesas (nos te tação(Amílcar Cabral, Agostinho Neto , Marcelino dos Santos, Mário Pinto
preâm bulo do citado decreto de 1926). Aos «indígenas» seria m aplicáV~ deAndrade, Fernan do Ganhão, David Bernardino, Tomás Medeiros e mui-
usos e costumeslocais, tanto em matérias de direito privado como ded1 . m,outros)».A 30 de maio de 1952, alertado pela PIDE, o Governo impos · • '
ª
6
público (com negação dos direitos políticos «em relação a instituiçõeSdtª _,Eluma comissão admini strativa, que a irá dirigir até 195]5• No final desse
rácter europeu», segundo O Artigo 9.º) . mdesmoano, minis tro do Ultramar Sarmento Rodrigues, deu contaª Salazar
0
Em boa parte, esta evolução resultava do tem or do poder colonial por a,uªpreocupação com a CEI, a par' da Liga Nacional Africana em Luandª «e
, sempre frágil, de perder o controlo sobre as elites locais, focsel11
220 CONTRA o VENTO • o IMPtRIO PORTUGur.s NO APÔS -GUERRA.
A REFORMULAÇI\.Q DO SISTEMA \ 221

ainda outras manifestações de isolamento e separaçã o, que d e 195o) , 0 Gover no assegurava aos «i·nd'igenas l 1 l .
l···1» · «A minha ideia,. • acrescentava, «foi sempre aca bar com.
r de lá c11,
,-.er~ a JéCª ª d lherem
o d esco
o trab alho qu e melhor lhes convi·e . ··· Pena liber-
. . . n>, mas rese
que segrega os estudantes e os lança num campo públi co ad UmOtg . ~ ade e te «o direito de os in citar a trabalhar d rvava-se
, . . . al É fru Verso ~~ earrien e conta própf l 1
no fu turo a propna umdade naaon . o - dto que dali sai.. Mas ~
'ªrneaÇan~
d
siJllultafl
uzar e
tut elar b eneficamente o seu trabalho em
, . b lh f
. ia ··· e
regime de contrato>>
b ar?» A seu ver., a resposta estaria na cnaçao . e uma casa para com -~
º¼ de fisca
·go 4· .º) Em prin cipio, o tra a o orçado passava a s
, bl' d ' . . .
er proibido, salvo
em geral , na qual a _Mocidade PortugUesa tena um pap el dom.· os esttt· · (AfU rv .ços de int eresse . .pu_ 1co e carac ter inadiável. _ ' com d.ueito. a remu-
tre não teve seguimento. Aliás.acredit~ que a Mocida de Por:::ante». o¾ elll seãO1 ou em sub st1tu1çao de penas de pn sao (como se esfipu1ara )ª . , no
0 •. eraÇto' dos Indígenas de Angola e Moça mbique, aprovado p 1 D
ter uma influência marcante junto da Juventude univ ersitá na, nad 'p ~~lê
. guesa 0
. e o ecreto
E,statll de de outubro de 1926, artigos 5.0 e 11.º), a que se acresc t ,
1950, era nada perceber do espírito do te~po. ecada
~ o 2 533, 23 - fi . en ara o
íl· 1 riJllento de obrigaçoes sca1s, segun do o Artigo 20 ·º do Ato Co1omal .
Por seu lado, o grupode estudantes africanos mais po litizado
.b Afri . s forrn cllfllP E
30 s a
t s normas procuravam adequar-se às da convenção d e 25 de
IS oa o Centro de Estud os can os_- «~~ co~a mui to pequena ílrael!\
L de 19 · d 6 sobre a escravatura e o tráfico de escravos (que
talvez grandes repercussões ·,, com o diz Mário Pmto de Andrad 'quetev, eteillbro e 192. ' . . , no seu
s . proibir a O trabalho forçado em proveito de mteresses particula-
define os .seusfundament.OSe os seus objetivos: «Er a pre ciso dar e, que¾ini 0
, , . p p a conhece. Art1go , 5·ual Portu gal a d enra,. v1san . d o por-se ao ab ngo
A . das campanhas inter-
ca , conhecenru>- nDSa nos propnos. ara os ortu gueses n, , r 1a
res ), ª ·t · d' d
:-:1~d ] [ ]
Afri . q . neste do ,
min10,· mm o vivas nas eca as anteriores.
Afri' • , ..,!_ 1..,...,., • os erarnos,
,
Sulllld! os ... De ca nos ~ os a VIVenaa, a Vl.ven cia material .....
A • • A '

nacionai s
Noentanto, Governo portugues
A
recusara-s e a ratificar a convenção de
0
eia social mas não tínhamosrefletido sobr e a noss a cultura[ ...]: et~vên. d ·unho de 0 , qu e previa a abolição do trabalho forçado sob todas as
. u1a , , •dA . . naoera 193
veic da nas nossaslínguaS - e uma evi enaa -, m m tos de nós não fal ::asef~rmas, incluindo p ara fins p~blicos. ~ar~ Lis~oa , a proibição total era
mesmo a língua ou uma das linguaS do país [...] Era necessário tomar:vam 0 inaceitável, por duas orde ns de razoes: «Pn me1ro nao estaria de acordo com
ciência dis so: era uma autoconscien~ ção d a cul tura africana na sua; a dignidadee os direitos do s Esta do s. Com efeito, trata-se de um género de
balidade, da civilização africanae das diver sas cul turas no quadro continental, trabalhoque só o Estado pode empr egar e cuja natureza de utilidade pública
e do mund o negro e para lá do mund o n egr o 58». O Ce ntro elaborou e levou à torna muito especial. Além di sso, deve considerar-se que as condições e as
0
prática, entre 1951e 1954,um plano de estud os e de con ferências: «eraumfer - necessidades de aplicação deste género de trab alh o são próprias das obras de
vilhar , era wn quadro de reflexão, de tr oca de id eias, de tomada de consciên - colonização e que estas se realizam em circunstâncias tão diferentes que toda
59 61
ci a: tom ada de consciência cultural, aberta à polítí ca » . Paralelamente, osati- a generalização não tem efeitos úteis .»
v istas afr icanos militavamem organiza çõ es próxim as do Partido Comun ista Esta situação mantinha-se ainda apó s a Segund a Guerra Mundial, quan-
Português. nomeadamente o MUD (Mov ime nto de Unidade Democrática do a questão voltou a ganhar peso , su scitada pela Organ ização Int ernacional
Juvenil . onde aprenderam toda uma «técn ica de clan destinidade» quelhõ do Trabalho e pelo Conse lho Económico e Social da ONU. Desde 1948,
se rvirá mais tarde • Tudo isto se passava num u ni ve rso restrito; masestavam
60 Portugal foi receb endo vári o s pedidos de informação sobre a eventual prá-
aqui as sementes de muita da ação futura na s colónias. tica de traba lho forçado nas suas colónias, solicitadas por uma ou outra
daquelas insti tui çõ es, no âmb ito de inquéritos gerais. A essa pressão, ainda
difusa,veio em 1952 a acresc entar -se uma outra: por vias não oficiais, o em-
- d •tóriospc
rtn baixador da Inglaterra, N igel Ronald, chamou a atenção do Governo por-
Entr etanto, a esmagadora maioria da popu laçao os tern ad ínistra·
gu ese s de África vivia num outro mundo, sujei ta à «t ute la» da ; levar tuguêspara os problemas que poderiam advir das atividades de um Comité
O ~.special par a o Trabalho Fo rçado recentemente formado, com o encargo de
ção p ortugu esa. Um dos objetivos centrais d ess a «tute la>>era _. 1.11
. ou porfat,U'" ' · e Socia
elaborar um relatório sobr e o assunto para o Conselho Economico · l·
«indíg ena» - natu ra lmente preguiçoso, por r azões naturai s n.ldt nd
. ó . b . ça- o moral e 1e~
N:
- . Sabia-se que havia acusações contra Portugal - e que elas tinham um fu o
h 1st nc as, consoant e as versoes - a cumprir a sua o nga urfllOI
de verdade - relativas ao recrutamento de mão de obra «indígena)), sobre-
trabalhar , em prol de si pr ópr io, da sociedade e da «ci viliza çã o». Af ri'l
do Código de Trabalho dos Ind ígen as nas colón ias portug uesas essenc
iaL tudo em Angola, temendo a Inglaterra que se desencadeasse uma campa-

(Decreto n .º 16 199, de 6 de dezembro de 1928, ain da em vigor , no


S- GUtRRA A REFORMULAÇÃO 00 SISTEMA \ 223
co NTR" o VENTO • o IMPÉRIO PORTUGUE:S N O APô

222 1
. por atingir todos os países colonia• assim, quanto à convençãoem caus
ue acabana . is. Par t ,i l'.~ - 66 a, o procedimento da
n aq siderava que se deveriam reunir elem ª a enr ~ c.oi-.Africana ».
h baitador con , d entos d e inrrei\la1 vri1aoS·J11se ,,oitava
.
à argumentaçao
_ . .
utilizada já em 193o, def endend
ettl s de a des.,..,entir
J"
- para alem e, no terreno '
se d
ar '()r 'º v • • •
capaz< ,nediado. En> qualquer caso, parecia lh ''lllédi ~'I; J\S51 ·d de e a legitimidade da intervenção do Estad0 o-se 0
s1 a . . d . para coagir
pudesse ser re" e •necessi n ,,,q' a oece trabalhar e reJc1t an o-se a interferência exte
5
lgena>> ª . à d . rna em matérias
• depressa
muito •·
português reagiu placidamente a estes . t,o ªndai
• ~ifld ja1 .,..,total opos1çao . ten ênc1a
.s --e,.. 4

. . seguida nos territónos . af ncanos


.
o Governosemelhantes, procurou contestar as acusaç4 avisos
· Corno coloflutras Potências, nos. quais . o .d1re1to laboral se modermzava . .
rap1da-
uso ettlcasos ocs for era•· dasote por aplicação dos prindpios das convenções ínternac,·o .
·t , _ não apenas sobre Angola, ma s também . b 0rnulad. "' ,,,,É na1se da
todoConue . . da Un· re recruta'º ••1 mell ' • das próprias metrópoles . provável que a razão determmante .
hadores de Moçambique para as mmas
~~ •s)açao .
4

to e tra - , iao Sul 1eg1 sa da ratificação est ivesse na consciência que Salazart ' h d
d bal
condirõesde uabalho em Sao Tome - pela invocaç ·Afr
i can
4
a a recu , m a e
so r ,. ao d ••tt par dições de trabalho prevalecentes nas colónia!>não podiam
e as ue regiam o assunto , pro curando mostra r q asleí~, ue as con
·d ao escrutín io externo sem desdouro para o pais ao contráser
.
g b..,,en q ue se d . " q
bmetl a5 . ,
.
no
tos
_ a for"' os «indígenas•. mas
ul
nao r . l . la protegê-los''·
_ Nesta e noutraess t,%,.-.., su firmava (escrutinío a que a convenção abriria a porta, por obrigar
s en tava-se a ex.ce
lênc1 a da eg1s açao portuguesa
_ . neste d .'
omlnioocasiõ..-.., do queío a à OIT de relatórios . anuais . sob re a e1orma como estavaa ser aplí-
ali sidoultral'assa
teria da pelas convenço~• m~ernacionais,podend;qu,n;. ao envEssa consciência . provm . h a d a .101oe rmaçao
- que circulavanos meio
gu aspetos• considerar-se mais favoravel , . as populações nativa. s64 em
_ G\. cada)• -entai s portu gueses, sub'm do ao pr pno 6 . presidente do Conselho
basens nestaideia.ganhou peso em vanos _ departamentos ofic1a1 , .s a '·O •••
1
gsob
overn
re asau•formas de recrutamento de mao -
de obra nas colónias,em parti-,
.
ue defendiaa ratificaçãoda Convençao sobr e o Trabalho Forçado dei Pn1e1
9 68

as m stancias cular
Se em Ango1a o. trabalho penal (que podia atingir algumadimensão,dado
excluirmos
qA partirde 19,il!,foramsucessIVamentedando a sua anuência . , ~
consultadasdos ministé extensolequede infrações que com ele eram punidas, desdeas violaçõesao
•· rios das de Colónias/Ult
• d ramar) (dcom despachofavora ..
0Códigode Trabalho, à falta de pagamento do imposto, entre outras~), esse
vel do respetivominIStro a 1 e 1ever_e1ro e 1952 , as Corporaçõe sedos
recrutatt1entoera em princípio livre, realizado medianteum contrato.Na prá-
NegóciosEstrangeíros65• Mas, em maio de 1955, o processo acaboupor1e1
tica, porém,a coerção desempenhava um largo papel. tornando essecontra-
travado pelo próprio Salazar, que, através do mi nistro das Corpor açótl,
O
Soaresda Fonseca,indicou ao do Ultrama r a «conv eniência» de «exami- tofictício.
Asuaforma mais gravosa, mais próxima do trabalho escravopuro e sim-
nar de novo,à luz das sugestões seguintes»: send o certo que a «le~sl~
ples,estavano recrutamento para o Estado, o qual, nos termos do Artigo20.º
ultramarina»se poderia considerar «mod elar no aspeto social»;e queelaen
doAto Colonial,depois transcrito no Artigo 146 .º da Constituição revistaem
observada«pela generalidade das empres as priv adas » (ainda quecomie1-
1951,podia«compelir os indígenas ao trabalho em obras públicasde interesse
se «diligenciar por maior perfeição dos contra tos de trabalhoindígena, • geralda coletividade».Apanhados em rusgas, todos os «indígenas» encontra-
quantoaosserviçospúblicos,eliminar «uma ou outra condiçãoefeti - dos semdocumentos de identificação, ou em falta no pagamentodo imposto
te maisdurade trabalho»)- o que permiti a fazer a ratificaçãodacon,tD\" percapita , ou sem trabalh o certo, eram considerados como «vagabundos» e
-, devia,no entanto,«ponderar-se que em muitos casos ser[ia]imP"' levadospara servir na construção de estradas, vias-férreas,barragens,edifí-
trazero indígenaao trabalho,e, através deste, ao desejávelníveldeci1ilir> cios públicos,situados em zonas distantes dos seus lugaresde origem,sendo
t
çãosemalgumconstrangimentoinicial», sendo «duvidoso• que~tol"'1" malpagose mal alimentados , sob uma disciplina rigorosa.À sua cuSa se fize-
se «fazer-seem plenatranquilidade de consciência jurídico-politica ~ ramasobras de fomento que, em particular na década de 1950,se executaram
da c - · · d'genasdo~
onvençao_- a menos que se renunciasse a tirar mnitos lll '. , , oU1,111 nas colónias7º.
estadopnm,tivo de não civilização».Daí duas soluções poss1"e~:iJ!II' Jâno recrutamento para as empresas particulareso Estadodeviaintervir
quese cometia«a "audácia"de afirmar esta verdade• nas reun'°" v/11 a~enasno exercício da sua função fiscalizadora, com o objetivode protegeros
nacionais,«dizendoem voz alta o que decerto ninguém
• ndígen
1 i~~~1~ d
as». Neste caso, as empres as recorriam a recruta ores pro
fissionais
'
apa'.entamdesconhecen,;ou bem que se considerava «~ J
~ ···mitir,ouanto nossQ oaís, a interv.e11ca.Q
a<i.oer · ·
ªº •
da -
Ol~ -·' _,
,.no • o 1MPl:RIO poRTUGUl:S NO APÔS -GU[RR A REFO RMULAÇÃO 00 SI STEMA \ 225
224 co!'ITRA o v
[ ,.
1
. d ,.., que «protegidos ou ajudados p elas auto .d to aos l•nd ígenas «contr atados)},a sua condiç-ao nao
_ seria a lh
os angana
, or.....,.
,.~ai . Mas, segund o indican º ade:;11,obr
do de, trabalhadores 11> au an ntigos escravos, nas palavras, porventura al me or
"º nú.Jilero.-.D- qenr · ll)h,
a dos a - d go exagerada d
·1 b e relatório que ern1947 apresen tou na Assem bleia N .0iquee;:"Ili\ o qlle. de tJp enriqu e Galvao aprese nt a o na Assembleia N ac1.ona\1;. s, o
no ce e r
cu ·do ern sessão secreta, tornara-s alhe co
aq
d rrente, por parte d a adnaJ,
a~-
. onder•. ~
d,elatór10 . rnos ser realistas, a situação é pelo menos tão d
, quiser · co
esumana
st ~
tI a política ,de recrutar trab
i5e da completa escravatu ra. Contudo, nesse t mo
dis' blica,
pu
a ores, através dos s
eus a
lll1ni
r% os ternPº 5 . ld b lh . empo, o negro
era orado corno um anima e tra. a .o, contmuava a ser u ma peça da pro-,
. divíduos e empresasparticulares 11> . Em Angola, o Gover gentes,
:':,.'"' e ddiberadaJJlente recrutador e distr ibuidor de trab~~
. . - d G ador ~ fizer,
_~;"
co!JlPde pessoal que O seu dono tinha interesse em manter saud ave
priedª i corn O seu boi ou seu cavalo.»
, 1e vigoro
.
-
víduos e empresas ,. iam - as repartiçoes o overno» e pre enchia . es qlle. in. fllº faz a te negro nao- é ven dº1d o mas simplesmente
.
a, coAtuatrnen , . alugado G
ao overno
di . ento para fornecimento
qu . de
. tra balh adores, tão im pr ud enteniIli ~uni0te 5
d
11 er er o
rótulo de homem livre. O pat rão importa -se pouco que o h o-
erun
_,...,vessea pedir um forneam ent o de mercadoria s>> E ent ec ,,,
se =u , . · m Mo ·••u se!JlP °''ª ou rnorra , desde que trabalhe enq uanto puder; pois O patrão pode
s=•;a-se
"b-
,quaseo mesmo metodo, mas mais sub- reptici amente» 1'11lb s l iqo ~ Jlle!Jl" 1 lhe forn eçam outro trabalhador, se o primeiro ficar incapacitad
-se «a fachada». «Com a continuação e o aumento d este métod ' ª"andu. pedirque o ou
· d ti. ul o», con·
Galvão,«cresce entre os co 1oruza ores - par c ares a ideia de que o G tin\!a !11
se LT, 0 rrer.»
atrões que deixam morrer até 35 por cento dos trabalhadores que re-
tem obrigação de os abastecer. de- mao .de obra e o Gove rno pa receteovernu «r1adosP agentes governamentais. durante aq uil o a que se chama período do
nheddo facilmente essa obngaçao, pois fornece me smo a mão d r reco. cebefll e trabalho . Mas nao · d e que a a1gum deles tenham sid
- h a' no t'ic1as
. - sufi . e obra
colonos e, para ter uma pr(JVl.SaO aente, com ete , atravé s dos s ªO\ contrato d
s novos trabalh adores para trabalh arem nas mesmas condições )> o
ultrajesque levariam à prisãoum recrutador particular".» eus'i'nl!\ recus a dº .
Assim descrita em 194 7, a s1tuaçao _ nao_ m elhorou nos anos seguintes,· com
Esses «agentes ,. eram, na primeira linha,
. os administ
. radores de p
ainda segundo Galvão - viam bem os mco nvementes do sistema , nomead a-
-~,
~ aprocUra
crescente de m ão de ob ra trazi da pelo desenvolvimento económico
., , . 0
e!llparticular em Angola. Alias, no s come ços da decada seguinte, arcebispo
,
0
mente nas circunscrições onde a população não era já bastante para satis
fa. de Luanda fez-se involuntariamente eco das palavras de Galvão, ao criticar
zer as requisições: t<
mas as ordens são termin antes e ao s funcionários cumpr
e iicinismo» das autoridades , que chega va «ao ponto de dizerem que repudiam
76
O
obedecer-lhes: tantos trabalhadores para a empresa t al, tantos para patrão a acusação de venderem pretos , porque só os alugam » .
fulano, tanto {sic] para sicrane>72».Pression ados pelos administradores,,
01 Em Moçambique , a administração terá ficad o mais próxima das disposi-
sobas, ou comet{iam] ou sofr[iam] violênci as», tudo dependendo da «massa ções legais,após 1945, compelindo os Africanos a trabalh ar e recorrendo tam-
bémaos chefes gentílicos para o exercício dessa compuls ão, mas concedendo-
recrutável» de que dispunham: -lhes, pelo menos em teoria, a liberda de de escolher a empresa em que se
,fa.
«Se o número não lhes falha escolhem quem muit o bem lhes apetece
vore cem os que lhe [sic] pagam para se isent arem e co n sumem [sic]pequen
as empregariam. Por outro lado, parece te r ha vido uma melhoria das condições
77
vingan ças . Se não têm gente bastante para sat isfazer a requisição do chef
ede detrabalho e de alimentação dos «in dígenas >>recrutados •
À pressão das autoridades as p opula ções respondiam pela fuga, em qual-
posto - levam palmatoadas na secretaria!»
quer dos terri tóri os, procurando ocu ltar -se ou , nas regiões mais próximas da
«As autoridades castigam os chefes indíge nas que não lhes apresentamº
0 fronteira,transi tando para as colónia s vizinhas, onde, além do mais, o nível
número exigido, tornam os sobas responsáve is pelos fugitivos - ou, ~ue .e
de vida dos «nativos» era considerave lmente mais alto. No citado relatório de
normal tamb ém, resolvem o caso mais dras ti camente enviando os sipaios1as
47de Galvão, ind icavam -se como áreas «a caminho de um rápido e comple-
povoações prender a torto e a direito até à satisfação da quantidade·Osdo 19
. d jXall todespovoamento >>,devido à emigraçã o provocada pelo trabalho compelido,
pa1os, por sua vez, fazem negócio com a m issão que tê m a cumprir, e
"Uma zona com mai s de cem quilóme tros de largura ao longo de quase todaª

~~;
escapar os que os gratific am n.» extensãodas front eira s de Angola»; um a outra com idêntica largura ((aolongo
O sistemacontribuíapara deslegitimar os chefes gentilicos,que dafronteua ·- ao lon-
· de Moçambique e a nor t e do rio Save>>; e ((vastas regioes
fun c10nar, nesta e noutras mat érias, como simples age ntes de transmiSSáO·.
adm' - - f t11r"
b goda fronteira
. da Guiné Portuguesa 78
m15traçao portuguesa, a nível local (sendo que as grand~ cheªn .,) ».

oJwnsido sistematicamente eliminadas, com a exceçã o do «reidoCOg


-GU ERRA
coNTRA o VENTO • o IM PÊR IO PORTU GU ÊS NO APÔS
A REFORMU LAÇ1,.o DO SISTEMA 1 227
226
-..+icularde trabalho força do era o que re ul Governo relatórios sobre a falta de repatria _
Um caso p;u... - s tava
·po aterrador» (nas palavras de Henn qu e Galvã 0 79) do ~~ 1
-~,a ao sell . . s, çao e os maus-tratos
to» d e «ll , . Para ~on
vw os serv1ça1s .
ilhas de São Tomé e pnnape. , asroças
dados a de Jªnt,. . eiro desse mesmo ano, o Decreto n.º 34 386pusera Já . fim
Consti tuído a partir de meados do sec ulo x1x, em torno do e A. zl•qi11
\ ·d des mais gritantes, ao revogar o Artigo 3-° dO D
a
ª uma
ecreto n º 20
epois do cacau, o sistema das roças do arq uipéla afé,Pr-
das1.11 1 bro de 1931,pelo qual se reduzira a metade O s 1, . d · 457,
ro, e, d , - d b
o fundo naroento da mao e o ra arreb anh d
go est
evese ·
''¾
de oi1tll a ano os servi .
de 31 arquipélago , após o fim dos seus contratos T t çais
epen den te d , . . a a no ficassern 110
Ili . . ra ava-se, nesta
d ob formasi"nndicas diversas (escravos propri arn contin
ue ·çao Pt• de de reforçar os apoios dados à ((
a gricultura t d
cano, S J- - ente d·
q elltt 1931' >>,a en endo '
afri ,, ..,. .,;e tarde. «servi çais• sob contra to, uns e out ros v· itos,~!ih
disp0 . . que então se atrave ssava. - à custa dos trabalhadores, que nao
51crise» _ tiª-
s», ....~ . 1ndosd uq. ve
to
e, posteriorm ente, também de Moçambiq ue·tu «gra
e, em- me nor med·idaedAng r.1.
Jtl eque r a hipótese de se despedirem,
, . . e em benefício dos pat -
roes, que, de
. ,... 1,
Verde) ' que, no fun do, se re d UZiaID a uma s1 açao co mpuls"
ohª a 1945•
, 5
assim embol saram vanos
. . milhares de contos. Para mais, a c ausula
. alh d tva Pró . 1..
e C:a
~
, . durna ve z inte gradosXtnia~
escravatura: levados a força. os trab a ores, 1932 . .dtamente os admini stradores das roças a evitar os re t .
·tava1rnP11 pa namen-
verso da roça. ficavam entregu es ao ar b itno o resp etivo ad . _no wct ao bal){auni.
. r custo do trabalho
. do s serviçais
. . . Há. indícios' aliás, n·
,.ue, durante
O
,_1 d . m1n1st
to5' . d anos trinta, muito s do s serv1ça1shaviam sido abandonados· .
por vezes indefinidam ent e ( por 1aita e re p atriament o no fim dos rad crise os o~ . assun
contratos, em principio de quatro anos), sen d o a autoridade dOPreten
ªse e){JJlica que, de 5s9 angolanoss recrutados na zona de Camaxilo em 1929, Jª
SOi
.,
4
encarregado da sua tutela. pou.co mais d o que- virtual • o pont o culmi
80
curado ~ rnorrido 206 em 1934 •
tiveumasse[J1outra med ida de Marcello Caetano, na Portaria n.º 11 335, de 7 de maio
te do sistema. do ponto de VISta da - dpro duçao, estev
. . e na segu d
nadecada ,nan.
elevou salário mínimo (que, desde 1937, era de 27 escudos mensais
de Novecentos, quando a export açao e cacau atm gm as 33 424 tonelad e 194
dtllll 6, O
'
ª quantia irrisó ria, menos de um escu~o diário, sendo que as mulheresre-
anuais - número que baixou para as 18 726 . em 1920-1929, 10 547em1930 ai.
cebiaIUrnetade85) par a 60 escudos mensais, vencendo as mulheres dois terços
-1939 e 7 571 em 1940-1949, por caus as d ivers as, ent re as quais avultavam e os menores de dezoi to anos metade dess a importância. Finalmente, a s de
0
3
desgaste dos solos e as doenças das planta s '. N o começo do séculoxX,lll maio, Decreto n.º 35 631 dava um pr ime iro passo para enfrentar um dos
proprietários das roças, geralmente abs ente ísta s, constituíam o maisimpor
- 0
problemas centrais da questão são-tome nse - o repatriamento dos serviçais
tante núcleo de capitalistas coloniais em Lisbo a, co m grande peso politic
o, com contratos de há muito acabados, que então constituíam a grande maio-
exercido através da associação em que se agru p av am, o Centro Colonit ria dos trabalhadores das roças. No Art igo 7.º desse diploma, estabelecia-se
Decrescendo depois, com a diminuição da importâ ncia relativa do arqui~- que os serviçais nessas condi ções se consideravam recontratados pelos mes-
lago no conjunto da economia do ultram ar portu gu ês, o poder dos roceiros mos patrões, por períodos anu ais, «sem embargo do direito de repatriação
manteve sempre a força suficiente para se sobrepo r à lei e aos regulamento~ a todo o tempo , dependente un icamente das possibilidades de transporte».
no recrutamento de mão de obra, no t ratamento dado aos trabalhadorese No Artigo 10.º, determinava-se que o Governo de São Tomé e Príncipe to-
n a recusa do seu repatriamento. maria (<asprovidências necessári as para efetivar uma repatriação sempre
Durante os anos da Segunda Guerra M undial , a situação ter-se-áainda crescente dos indígenas de Ango la )} que trabalhavam em São Tomé, come-
degradado. De visita às ilhas, em 1945, o min istro das Colónias, Marce
llo çando por 50% dos «indígenas)} que de novo fossem contratados - percenta-
Caeta no, constatou o «triste grau [de] abandono » a que a «anterioradnU gem que iria «subindo progressiva mente)) até à repatriação de todos os que a
nistra ção» chegara, sobretudo na questã o dos repa triamentos, totalmentt isso tinham direito , por havere m terminado os seus contratos. Para facilitar
abandon ados na fase mais recente, com o pretexto da guerra. Naaltura.re ~ repatriamento , o Artigo 11.º obrigava os patrões a fazer o depósito de uma
ferindo os «insistentes e dramáticos p ed idos [de] repatriação [de}alguns
_ importância igual a 10% d a totalidade dos salários mensais, como garantia das
velhos servi çais», pr omoveu o regresso d e duzentos t rabalhadores a An&º~
respetivas
· despesas. Eram di sposições frouxas, que nao ~ fixavam prazos preci·-
mas excluiu novas part idas, enquant o não fosse res olvido o problemadi sose condicionavam a saí da de trabalhadores à entrada de novos contratados.
Fosse como fosse, a reform a , mesmo limitada, do sistema das roças de-
m ão de obra 82•
~ d e1 s entre a ad-
. Mas a questão urgia: segundo um relatório de 1945, o assunto
vias de passar a fronteira, havendo notícia de que o v ice -cônsul
esi::
britàJl
pendia m d ,
eno s as clau sul as legais do que da relaçao e orça
A REFOR M UL AÇM DO SIST EMA \ 229
RRA
228 CONTRA O VENTO • O tMPtRIO PORTUGU ÊS NO APÔS - GUE

. o Jlla10 . r nÚJllero de. nativos da colónia . >> , levand o-os «a procurar


d
ª
ministração e os proprietários das [az.ell as. Para 0alterar, Marc ~\ltihZar lo aurnento do unposto e pela obngação de «reconstruíre h
contava com o governadorque nomearaem ,945 - major e •UoC e baJ>'o
'" > pe e d atu ais>>.
. O exito
• m a-
tfll - >,coJll car a'cter dilere. nt e as . desta pol'tI ica
· dependia
um «homem enérgico• capaz.a seu ver, de enfrentar a situa;lo,
a esta apreciaçãO,em junho de 1946o governado_,_dirigiu aos: F,,.,<lo
e,:;;,.
~
·taçoes ans1or,..
1
. .
e -a ção do sistema . devia-se «suavizar
. . .
O
atual reg·ime de meia.
b lll11ª _ tr trª duz1 .do na residência obng . atóna nas roças ' com tod as as suas
. - que eraUIIlyerdadeuo reqwsitóri o n- a.grlC\iltl1ll
s rvidªº'
de • a qua terá porém de contin uar durante anos ' para a m a1ona . . dos
u ma «comuntcaç.ao • , ao tant 0 or, 1 não se transfo rma uma or ganizaç ão velha de muitos
... ~... na sua maioria , ausentes na metró pole . cont e triçoe5'
res pois
propne- .os - que. • tgno, '•~
~
-'" dores, out ro A amphaçao
,r.lbaJJ'ª . _ d o sistema
. de empreitadas n-ue3., anos, .
de «sórdido e cruel• sePª""'"" nas suas,roças - como sobretud:Vani o~ •· di• par• o · O a =t•
15
administr.WoresiocaiS,tidoSPo' responsave pelo •grande núrn C0111t, de lll11 a liberdade dos serviçais sairem das roças após trabalh
r1oscasos,
eJllce . • d glebaS para eles e familias cultivarem , a promessa de vire
o, a
lidades>tque se arrasta""' .há deUDas
, . dde anoS>
balh• noddomínio dosero ~•.i"il,
sala . ·bu1
distíl çao d s prop riedade s, e ate serem cu tiva ores independentes r 1
e ' l . d . m
-" -- ~,.; o.· do horW-0 • e tra
vestuário, da auiu~ "'V
º•• ª assistêneia· Illéd· ljl)
a res
·dif for• a
- ento com mulheres que se ma ndem em grande quantidade
t·· · e
assistência,oáal. daspenruidades (castigoscorporais, cárcere privado'<a.~ . da1
alfl .o aca5ª1te
,.,,.de Cab o Verde » - «tudo isso»
. . . . «possivelmente•
contnbuma
d e tr abalho pem,an,nte, semqualquer
- .
temPº de .descanso), dos acide
. •"i\,,
priJ1c1palrnen
der rnuita gent e à terra em que vive . h a, d ez e qumze. anos». No novo,
tr abalho- Este estidode coisa5naopodia «contmuar ., s- ª permitir-se»""'• sem
parapren t abalhado res passariam a (<Viverem aldeias fora das roças>) aon-
cair «em futuros ....,.; oos
y-~ - i,xteIJlOS
• . COJJlOos que Jª ao Tomé sofre lli.P~· • regune
d' os rariarn diari ame nte para trabalhar . Pa ra financiar este processo
' de
mesmo , mi.niStfO das Colonias resolvera «dar ao p roblema da m·ao deob isso
O ra 1cah dese, es1ocça· contava -se com 10 mil contos do ((Cofre do trabalho, nue de-0
um a nova vida e uroa novaera,, oper ando um a «tr ansformação d' ra, trans1orrna 0, . s as, famílias
. dos serviçais
. . mortos e foragidos»,
. ter sido distribu1do --i
«vida ,ari
--o- -cola, do tenitório.
. Nesseesforço,. o governador. dizia contarcom •o _ fazia
venarn, rnais de cinq uenta ano s» se nao . , e agora Jª
. . nao
_ era possível fazer
. fora-lhe
ap oio do Centr o Colonial: • • do que «a
gar anti _ 86 só deseiava
, agncultura» . que,uea . . . , . . .
• empo, hdciJ<ava esse dinheiro dispomvel (ou seia: era amda a espoliação dos•
ser -lh e «útil ,, e não cnar('quaisquer dificul dade s a sua açao » «Aot - ) . So' supl et1vamente
.
oq que suportaria
serviÇOÍ' · as mutaçoes se l ançana
· mão de
o governador Gorgolhoarrancou para mudanças, mesmo se tímidas,87
noo- 9

denam ento social das roças», como refere Au gu sto NascimentoAnosmais taxas• a irnputar sobre os roceir os º .
Estapolíticaficouplasmada no Decreto n.º 36 888, de 28 de maio de 1948,
do aumento dos custos de mãodeobr.
tarde, o Centro ColonialqueixOu•se
elaborado porTeófiloDuarte «em estreito contacto» com a direçãodo Centro
resultante dasmedidasentãotomadas sobre os salários, alimentação.assistln• Colon
88 ial - o que, na opinião do ministro, deveria assegurar que as coisas
eia sa nitária e depósito de garantia do rep atr íamen to
• corressem «sem grandes atrito s» com os proprietários das roças, pelo me·
Nesta políticareformista- que não punha em causa o essencialdosis nosde início. No essencial, o novo diploma determinava que, «na medida
tema das roças-, Gorgulhocontinuou a contar com o apoio do poder an- dassuasdisponibilidades»,o Governo da colónia fosse construindo «aldeias
tral, quando,emfevereirode 1947,Marcello Caetano foi substituidono<"l' paratrabalhadores», de onde no futuro sairia «a mão de obra necessáriaàs
de ministro das Colóniaspor TeófiloDuarte. Meses mais tarde, esteúllímO propriedadesmais próximas, evitando -se assim a residênciaobrigatórianes-
afirmou a propósitode integraras medidas de reforma num objetiVO llllll tas»(Artigo11. Povoariam tais aldeias «casais de serviçais))das roças,
). ou
0 12
ambicioso - o de «conseguirque SãoTomé, daqui a anos, tenha ,não de"'1 •recrutadosfora da colónia)) ou ainda «trabalhadores nativos)>(Artigo ·º).
própria suficiente,não precisandopois de recorrer periodicam<llt<• ()ldJll ,,C adafamíliamoradora nas aldeias)) teria direito a ((habitaçãogratuita e ª
colómas: usando-sedos tradicionaisprocessos compulsivos, COfl1 P"1 ,ma glebade terra» (Artigo 16.º) . À medida em que se fossemconstruindo
dos m~igenas que fogemao recrutamento,dos governos coloniail• 'l"" aldeias' ma · · sendo <ffeduz1do
. o fornecimento de serviçais
· · com h abºitaçao
- ndnas
este nao convém, e dos roceirosque em épocas de dificuldades ,nalpOlk" "'las, de modo que, com o decorrer do tempo», nelas só ficasse«residi o
4
c~m _despesas da repatriação,. O «problema»devia ser abordado .CAJlll- r rmanenteme nte o pessoal empregado em serviços especiais»(Artigo , .•).
gen cia», .atendendo à «necesSt"dade de prevenir campanhas e,dtfD""_.,111.,,
· Pat1
previa-se que o Governolocal promul-
.1.
O mrelaçãoaos «nativos))
. ,
da colonia,
consegm r esse .obJ'etivo, havia • «processos»: tentar fixar «pel -,005
· tres ~ _.,~ vis.
gasse«asmed"das conducentes ao melhoramento do seu atual mve , l de vi.dª)),
guns» dos serviçaisque eSt avamnas ilhas «há muitos anos»; recru tar.cv-·
..tt,~ 1

. uro, «emlugar de simp1es mdlVlduos


no fut . ., masculinos», co111° ~
.,....CPll,t""
- GUERR A REFORMULAÇÃO 00 SISTEMA \ 23 1
cn,.,RA O vE-tTO • O 111P(RIO PORTUGU (S NO APÔS

230
ofl a os 2 8 mil serviçais (número que deve compreende
firo de o }evara lcomparticiP~ mais intensamente na athidad
. •) (urna formula arobigua. qu e, no conte..xtodo d e ecoti•
~
etl
948, r .d Vªs» de São Tomé que nelas trabalhavampor r cerca
1 o <<fla uvo d d 4894) , venturaem tarefas
{Artigo 30 . . • b ecret0 ll
e40° .•ndo da os e 19
· tt·\-o de obnº'1I'os . nattYOS"' ao tra alho n as r , dei~- •
tre,-er o ob 1e ~
,.,..,.. Governo a fundar uma escola agncola e
oças)• ""<l\'a
' e auto-·
Jrotlwa1·s,gra.fl
seg=de· parte dos novos recruta ·d d dos vinha de CaboVerde, SUJe1to . . sà
-se esseOlic;::.;uu 0 outra d úlllª _ da forne e das auton a es portuguesas:em m d
. ..-a:1r is JllisSôeS
• • •
catolicas.«destinadas pnncipalm e artes oerçao _ ea os de 1948
aos. a enu~c- . ent el'IC! dllPla e
_1 "a-se a
remessa de 6738 para Sao
. Tomé (tendo ido O t
u ros 620 para'
de preparar os capatazes agncolas e operári os e e aostia:"li,
mo . .d speci..,1, assiflílJª para Moçambique, «destmados aos plantadores» para al' d
essanosfunàs plantaçõeS e às out:raSatiVl ades da colónia,. (Arr <lllla, l e 777 . ' em os
A,tlgo aue a Cornpanhia de Cabinda tomara . no ano anterior)9s. 0 s restantes
. o~-~º""' objeto de wna-..execução .gra dual »: só depois de ,ie1tos. ~go32.Q)•..,,
,1 :z,ooq ·d ern Angola e em Moçambique, segundo práticasmui·to .
expenenó~
ist se mu,granam as medidas do decreto num regu1 ••n 1 obtl os enrai -
efcll11 . das ,•ádo século x1x, apesar das «enormes dificuldades de recru-
v-ifl
Na realidade.o processo congeminado por Teófilo ou.,:'entog, ~' zadas, pto» evantadas pelas respetivas autoridades . e pelos «chefesind'1gena s,
tuir sistema das roças . tinha uma litlha que, logo à partida P•ra
,emgrad o,i, tartl 1
e ' á tradição de São Tomé, colóma para onde se ia, mas dondese n-
te OiD\iabi.lizava:connnuava a contar , _para ob~er o pessoal das ro n ePar . ·doà m w
1 deVl
a inStalarnas aldeiaS,
O
. com. a sua . arregunentaçao compulsiva,soretd bças,ago • volta\l'a [...)».
DeMoçambiq O
ue, o e~carregado de Governo aler~arapara perigode sub-
Angolae Mo,;amln<!W'- Difió)mente os • contratados• à força se .u o" - referiruma circular do governador do N1assa, na qualse ordenava
a estabelecer-se em definjlh-oem São .Tomé e Príncipe, de forma volun dispo°" .. \evaçao,aose «rnaior numero , possive, 1 ld e1pregmçosos . e indesejadoscom
O
mesmo se parcialmente cionário duro~% se recru tas
etivas famílias quando ,
poss1vel tudo com .
mtervenção direta das au-
. libertOSdo uruverso concentra
, [as
) re p . M . . t . . .
o dado de facto mais relevante, no final da decada . de 1940, esteve,nao _· ·d d s adrninistrat1vas». as o mm1s ro ms1stia: sem recrutamentonão
5
tonae
haviarepatriação,«o que sob o p~nto de ~s...ta mternac1onaltinha gravesin-
eventualconstituiçãodas aldeias.mas na repatnação dos antigossem . •
roças então levada a cabo.O êxito, neste pon to, foi em grande partepçais.~ rop1aa. con venientes».Entre duas «soluçoes defeituosas>>- a falta de repatriaçãoou
do por umfator fortuito:a ocorrência, por essa altura, de um dos episódios de «recrutamento segundo as normas habituais de compulsão»-, decidira-se
0
seca e de fome que de tempos a tempos flagelava Cabo Verde. Jáa 17 desetem- porestaúltima ' 96
• contrário do que Teófilo Duarte parecia supor, estas práti-
Noentanto,ao
bro de 1947,em carta a Salazar,Teófilo Duarte referia a falta de chuvas neste
arquipélago, para que se buscava uma solução: <<entre t anto, continuamo
sa cas nãoescapavamtotalmente ao escrutínio externo: na Áfricado Sul dava-se
facilmenteconta do que se passava em Moçambique. No jornal Forward,de
mandar gente para SãoTomé. e como o número de mulh eres é muitosuperi oi
Joanesburgo, de 24 de dezembro de 1947,noticiava-se, de forma muito crítica,
ao dos homens, a medida contribuirá para soluci onar um dos aspetosdamão
91 a«deportação»de «3000 indígenas» para a «Ilha dos Diabos»portuguesa,na
de obra local, aliviando ao mesmo tempo Cabo Verde » . Pouco maisded Oll
qual«aúnica diferença» entre o trabalho forçado e a escravaturaera a de que
anos depois, em relatório datado de 18 de fevereiro de 1950,o ministrojápo-
«os[antigos}escravos tinham valor comercial». E acrescentava:
dia indicar que a repatriação de São Tomé e Prí ncipe de angolanosem~·
(<Comofruta silvestre que se apanha nas árvores, os indígenas de
bicanos estavapraticamenteconcluída: dos 19 912 serviçais com diJeito aill
01 Moçambique são apanhados nas suas aldeias onde vivem quase semproteção.»
«desde 10, 15e até 20 anos», existiam agora apenas 845, que deviamsair «Sãoencarcerados na fortaleza da ilha de Moçambique prontos para se-
mesmo mês. Desses 19912,tinham-se repatriado 15 764, havendo-sefilado remdeportadospara São Tomé como escravos (...1-Nas roças - como se cha-
colónia 3303,a título definitivo,instalados nas aldeias construídas nos mameSas propriedades capitalista s - os trabalhadores são recrutados pelos
do Decreto n.• 36 888''· Se atendermos a que em 31 de c1e zembtod, 1946 métodots mais primitivos o que exige árduo esforço físico. (...1Assim que os
registavam2 4 555serviçaisno arquipélago", podem os concluír que era
_, nd
trabalhadoreschegam à ilha são mandados para as plantações do e lhes não
elevado(cercade 80%) o número dos que nele se encontravalll retid"', dl!"" epermi·r d sair• a não ser qu e estejam reduzidos a tal estado de fraqueza f'i-
de findo o p~aw do respetivo «contrato». Sendo em si um ê,dtD,
de repatnaçao de finais da década de 1940 não alterou subs~
~.r.:::
1 0
tcaque t rab alho de que são capazes nem sequer pague o custo da sua a1·-
0
dill" mentação· l..·1Três mil h om en s estão sendo transportados, de Moçamb"ique,
1

m~, antes contribuiu para o prolongar, renovan do a mão deol,II -"'


··l· --• dairur
· as 15 764 sai'das corresponderam 21 131 entra das. O pe51"'""
corHRA O VENTO • O 11.tP(R IO poRTUGU tS NO APÔS
- GUERRA
A R EFORMULAÇÃO DO SISTEMA 1 233
232
. . . s para esta vida de privações e de miséria A 1.
. élago, euJ·os estratos superiores
, 1 nele haviam der1do uma situaçã0
cornopns1oneiro _ cessa todo O contacto com o mund o exterior · ss rnquee" arqtllP é meados do secu o x1x, face a uma soberama . portugues
na p1antaça0 _ , [ ·
O se ·•lta,_ !lo .ca at . d
_ 1. .. r pobre afunentaçao ate que a morte os atmJ·a] u desr~11 oeinóll
pei, e e-vanes 1 ' cente. Marginaliza a economicamente. . , ar ir da segunda
a p t· ª
trab<ill
1 ...., corn . d ' ou at, 'tto J;5 ta11t e . centos, com o progresso de constituição das roç
._,.....nte exaustos,fiquem mcapazes e manejar e e que, e o> de oito . lê . r
as , que levou
ca e rnem.auue suar elll 'f11
1.
Jll etade ríaçao ~ das suas terras, pe1a v10 nc1aou por meioslega·is) e coma rea-
seuspa~ •- . . Pro1dll\
, . deste te0r eram potencialmente
ottoas . mais. danos as do a. eJC l'roP
-o do poder de Lisboa. (.que lhe, fez perder posições , na admm1straçao
. . _
corno potência colonial, do que a própn a permanê . noltled i:r JllªÇª opulação resistm tenazmente, nas decadas seguinte d
)) . ) essa P . s, a to as
ortug ,
P. . al sao
, d d nc1ad t óbli'ª ,õeSpara se incorporarem nas roças como trabalhadoresagnco , 1as - 0
viçais ern - Tomé para alem o termo os
. seus «contrat os\•
os». Re ,r. P
as in jullÇ . ria aos serviçais, com a correspondente perda de status'ºº J,
T :.-boa a esperança de que, veiculada por J.orn . stava ,. uipara . 'lh . a no
verno de w., . ais de "'I
ue a eq rnador Gorgulho, muitos i éus foram integrados atr , de
Go
. -· '"· - nao- ultrapassassem árculos restritos ( como pare do gove , . , aves
ctrLwo.çao , - . . ce serPequen.
0 -~
q
teJll Pº as bn.gadas de Obras Publicas, empregues na modernizaçãoda c·d
t,,,r a .1,&. ... ;;n da iofonnaçao, o m1mstro das Colónias
...... . caso) 1 a-
ara t; Yu.ou Clll~ • • • proibi · ru sgas, 11
P
trada nas colóniaSafricanas de dois Jorn alistas hol andeses _ a Caboy u aen .
e
dede.são rorné. conte:xto que, em começos de 1953, começaram a circularrumores
- convinha .-de maneira nenhuma » que 1ossem, «dada a cris erde fo1neste ·vos» inam .
n
ao
, . e» quevin ser ob nga
. d os ao «contrato» - 1de1a . . expressaa 8 d
rovocando «muitas mortes•; "nem - as restantes,
, em virtude
. . - do recrutarne ha ueos «nati . . , . e
deq_ urninspetor dos negócios md1genas em artigo de um jornallocale
P
to que se esta[va] fazendo para Sao Tom e, em subst1tu1çao . , dos serv1ça1s . _n.
J·ane1ro port rnbém, ao que parece , por membros do clero católico'º'. A tensão
did

-~
repatriar~-Como, na altura, ponderou um .alto _ fun
. c1onario do Min'tster , 10ª defenada ª porª estes rumores fez despertar um «fermento de rebeldia>> nos «na-
dos NegóciosEstrangeiros. esta era um a po s1çao ms ustentável: nãose . pr
. o voc ~resso em «alguns atos d e .
m d'
1sc1.plin a contra a Po 1,
1cia» e a uma «greve
·d d . d ., . d podia
estabelecer «uma regra cons1 eran o m eseJave1s to os os profissi·o. uvos»,e~r ·ços públicos» - segundo o governador Gorgulho, que, numa tentativa
.
imprensa»• Para mais, '<Semelhante atitu de de pouco nos valeria na pr't· a 1ca» nos servl a situação, emitiu a 2 de fevereiro um aviso oficialem que negava
de controlar
atendendo à existênciano ultramar de «cônsule s de carreira de variados pai'. os «boatostendenciosos no sentido de que os filhos de São Tomé»iriam «ser
sesi;, obrigados a informar os seus governo s, e de centenas de estrangeiroi obrigados a contratar-se como serviçais para trabalhos nas roças»,imputando-
que aí exerciam as suas atividades. «Se este esta do de coisas chegaralgum -osa «indivíduosdesafetos à atual situação política, conhecidos como comu-
dia ao conhecimento de alguém que tenha inte ress e em levantar acusações nistas».Aos«filhos da terra », acrescentava, pedia-se «apenas» que ajudassem
contra Portugal,., concluía, «por certo ouviremo s o seu eco avolumado na' Governona «grande obra de Fom ento» que procurava levar a cabo,acorren-
imprensa, ou em qualquer reunião intern acional e com repercussões,pelo 0do «às obrasdo Estado». A m ensagem não era totalmente tranquilizadora;e,
menos, inconvenientes, isto não falando já do aspeto humano e colonizador emqualquercaso, não apaziguo u os ânimos, tendo o aviso sido arrancado em
que o caso reveste e não pode ser por nó s ignorado 98 .» Ocasiões destasnão VilaTrindade. Seguiram -se confrontos com a Polícia, cujo comissariadofoi
faltarão num futuro próximo, como verem os. assaltado por cerca de duzentos manifestantes, na mesma povoação, a 4 de
Entretanto, em começos dos anos cinqu enta há indícios de dificuldades fevereiro. O incidente provocou várias vítimas mortais, entre elas um oficial
crescentes no recrutamento de serviçais, para sub stituir os recebidosemSão eumsoldado das forças enviadas em socorro do comissariado. A «repulsão
Tomé e Príncipe em finais da década anterior. Ang ola, muito carentedem~ g~ral» suscitada por este facto na «opinião pública» terá facilitado a mobiliza-
de obra para o seu próprio desenvolvimento interno , proibiu a sua expo~ çao em massa da população branca, como voluntários civis, que, juntamente
ª partir de 195º • Quanto aos obtidos em Moçambique e em Cabo Verde,oseu comserviçais das roças, comanda dos pelos respetivos capatazes,perseguiram
número, em 1952 e 1953, não atingia 50% do contin gente autorizado anual· os amot' mados. A 5, o governa dor transmitiu para Lisboa que dera Jª · ' imcio
· ' ·
99
mente, que era de 3000 a 4500, para cada um daque les territórios , a «operaçoes • d e limpeza»,
• depois extensivas a toda a ilha. . Da repressao, • vio-·
A escassez de «braços» provenientes do exterio r fazia naturalmenteau· 1dentae ind'iscnmmada, · · continua da na s semanas seguintes, res taram vanas ul ' ·
mentar a pressão sobre os «nativos» de São Tomé e Príncipe para sesediSPo" ezenas de mortos entre os nativ os segundo o governador (quarenta e dms,
~
·
· ao trabalho nas ro ças, a par d os serv1ça1s . . . Esses «nativos»
. compunhaJII
1
•· •niS paraalém dos enterrados no mat o) , ou quase quinhentos, a acreditar . em tra-
opulação negra ou m est·iça d e cu 1tura afro -euro peia, . com r~ _,,..,., aJlUb'"
A REFORMULA ÇÃ O DO SI STEMA \ 235
· GUERRA
coNTR~ o vENiO • o yp(RIO poRTUGurs NO APÔ S
. , ambiente O
234 Jllotlfl . que daí resultou' pro·pno
. estado d .
. :..tose aescentava roais de um milhar de pr rlíº d l 51,·0 rnas a.ah zou a forma como este d . e esp,rito do
..-nRStocais-.t\~~b··"=3 de pretensasmanobras comunistas esos, lll.uit r 05ador ... ,
ó verfl
. ommara a << bl
, , j\ssirll se fez: Gorgulho foi levado a de . . su evação})
eJJl ~ ' ,,,., · m>tir-se e '
'r"' - -
di .. -Aos.
lestof0.11""'
.
~ipar.'io do governador foi a de apre
, e as ou
sassinad 'li!, ~••'
0 ' . do Jl<ército , recebeu uma condecoração
01 'por proposta
I,isboa.a pr~--: r- . sentar o~
para .....,.ciiode uIDª rebelião generalizada, de caráct osillci.i .,,,jplstro ·
tes
coIJlO a .eXP'._.,.,... -- =h -
___;rt:i. com rawu1caçoes entre os funcio . .
er separatis
"'n. do1•v
i.nfluênoacolllllW"~ . nanos e \a.t .,.,pelidO ou forçado não era o único ónus oue reca' b
. do comocabecilhao engenheiro agrónomo Sal .ossolda
de
dos~ ~n .. de uJD3 roça) e os 4< proprietár ios branc UstinoCr · o trabalhº'º "' . . • ia so re
. não assiJnilada das colómas portuguesas.Também
(n.atim propnetanº
\"
. os co ~d,
. l.iDJa, CarlosS<,areS> (que tinham ap oiado Norton"' ah,,,
ão pauva
ap
0pulaÇ
e a posse
a pro-
da terra por parte dos «indígenas>>
.
estavaem causa b
- em o-
~'--'~ ~
1,paraa)érn de outro s • pro priet ários negros"• de .. riedade
pra p..to
colon1a1
. previsse a sua defesa, no Artigo 17.º, depois transcrito a .
. . _
no Artigo 142.º da Constitmçao, segundo O qual seria «ga-
, pos
nas~•r-- r..~- 1949 · ·
IO'-a de mtronussoes
- extemas e • d
, re1enn o a int e 1
». 'I'arnb
·
e111 O 1•
procurou...,...._,. P er erê • are"1sa . - 0 de 195 iedade e posse dos seus terrenos e culturas, devendoser respei-
. _ da rádio de São Tomé de «batuques, música gentílica» ncianas
do vano
, . sm . divi 'duos, da Nige·r· emprove ran ti
·da a .
propr 'pio ern - e1e1•tas pe1o Estado)).Entendia-se
todas as concessoes
. de B _ _..n....-e acusan
el]].LSS()eS .
niénOâ r.azl.4 ~ =e , ia e do tad~esteue principreceito se referia apenas a• ?ro~ riedade
. coletiva,familiarou,
frailás, de ser>irelll deagentesde ligação ou dese mbarcarem annas••Congo
porern,q O do a legislação corrente a «criaçao de reservas))em que << seria
Trata\"'3-se de puras especulações,de carácter . autojustificativo.
d Defacto
· 1
tri·bal»' preven
. d'genas ocupar quaisquer parce as, sem que, no entanto, daí lhes
• 1...,..;"' da r..nressão,daraDlente d esproporc1ona a, explica-se 1 ,a
VlO.u1 au..... ~r . . pea con · , ito. aoslI1) direitos
\íc l de propriedade
. ou posse». Fora de tais . reservas,os «indí-
""'do de ,....,~ lm1er coisa de muito antigo e de algo de muito novo·d _Ju-
trr· '-!~-- . · e antig adv[1essem deriaIIlocupar as terras devolutas, mas essa ocupaçao _ conservaria
---r- do podercolonial
a r'""r~n . a qualquer tentativa, real . ou
. imaginária
. , desub.o, genas» Pºácterprecario _ se cons1.d eran do me10
, . nao . de aqms1çao
. . _ de proprieda-
versãoda ordeIDracial (no caso concreto, . para .mais, unphcando a mortede «oseucar nto ao acesso a, propried. ade mdiv1
. .. dual de terra, não estavaprevisto
umoficialbranco); de novo,o conteXto mtern ac1onal, que fazia nascerosfan- de».Qua
o,o ,asleisde ordem geral; e era extremamente dificultado na prática '°' . Todo este
tasmasda conspiraçãoCOJI}]l1lÍSt3e do separati smo. Por este últimoaspet
sistemalegal, com as suas ressalvas em nome do interesse público, que aca-
episódiode SãoTomé,em 1953,é o precursor de outros incidentes domesmo
bavamporpermitir a expropriação das comunidades camponesas, contribuía
género, no ImpérioPortuguês.Localmente, ficou na consciência dosilheus ,
paraconferirum carácter precário à propriedade agrária «indígena)) - para
marcandoum pontode rutura. alémdos esbulhos ilegais, não reprimidos, que se tornavam mais comuns nas
Em Lisboa,no seio do Governo Central, a ação de Gorgulho nãoobteve
fase s em que a pressão capitalista sobre a terra crescia, impulsionada pela alta
um aplausounânime.A 12 de maio de 1953, em carta a Salazar,o governa-
dacotação de certos produtos coloniais. Desta mistura de expropriação legal
dor queixou-se de ter sido chamado à metrópole pelo ministro do Ultramar ,
eilegalnasceu o sistema de ro ças de São Tomé e Príncipe, a que já aludimos.
que o submeteua um <(cerradointerrogatório, sobre pretensas violências co-
Oprocessorepetiu-se noutra s colónias , sobretudo após a Segunda Guerra
metidasem SãoTomé, durante os acontecimento s de 3 de fevereiro,baseado
Mundial.O caso mais relevante é o do Noroeste de Angola, com o aumento da
certamenteem informaçõesde indivíduos presos e outras pessoasdefraca
produçãoe da exportação de café, a par t ir de finais dos anos de 1940 (embora
idoneidademoral> •• Negando as suas responsabilidades, Gorgulho invocava
ªpopulaçãonativa mantivesse nas suas mãos uma parte importante dessa
ª seu favora fidelidadeindefetívela Salazar, desde 1926 [sic] e o (ilseu bno
10 9
militar> (formade lembrara sua pertença a um corpo que era um dosdpila produção,

durante a década seguinte ) •
A precariedade da condição dos camponeses e dos pastores «indígenas))
res do regime).Na realidade,o governador contava com o apoio incooiciO· 15
nal do mmis · · t ro d Exercito,
, • Abranches Pinto, contra a pos ição do rnm · · tro era ainda acrescida pela possibilidade de virem a ser vítimas do «contrato))
O O
para o Estad ou para as empresas privada s. Mais uma vez, e' mui·t t'enue,
do Ultramar
. °
' Sarment Rodngues, . que enviara a São Tomé uma corn~ :.,~o .a 0 1
. . e adm.-
. - essa que contribuíra para a solturadevartoS .
nesteponto' ª relaçao - entre as imposiçõ es legais e as praticas
, . soc1a1s
avenguar os factos _ comissao
presosiob. Reunido . para apreciar a questã o, o e0 nselhº dt ntstrativas ·Nª ord em jurídica estava gara ntida aos «indígenas))a 1·b 1 erdade de
. . d . . a 12 e 13 de maio
escolha do trabalho, por conta' própria ou alheia º - o que s1gmficava
11 . . que os
mstros ec1dmque O governador não tinha condi ções poHti caBPara retO' .
o cargo,«dadosos factos 1amentáveis que sucede ram depoiS . dasufoCJ
A REFORMULAÇ~O DO SISTEMA \ 237
236 CONTRA O VENTO • O IMPtRIO PORTUGUtS NO APÔS -GUE RRA

. .ocrernento da cultura .do algodão, . confiada, no essencial,. aos


que trabalhassem por conta propria não podiam
.. - d ser obrigado
- d .
s ao~ i\areS · 0d'1 nas» ,·unto dos quais se devena fazer uma intensa
5 rs , ige ' «propa-
a realidade, para satisfazer as .reqw- içoes e mao e obra, eram contra t ê.J. P
rancand to, rvPrios «10 trando as suas vantagens, . fornecendo sementes' aconselhando,
recrutados, em muitas circunscriçoes,ar . d o-se <<esses homen ta.ll\1u.
""lll· Pgílfld11111 01d0 5e ut1 ·i·zando «outros quaisquer processos>)que se achass
355 alana os em condi ~
t _ em con-
trabalhos para os fazer trabalharcomo · d al s
Çoesded ~1a.os n lizal'l O • º do decreto); a concessao às fábricas de descaro
6S" (Mugo · • çamen-
nidade e de falta de sentido coloniza or que - armam os menos se es1.1h,. ..... ~ell ·enteS em de13algodão de «zonas de açao», com mais do que cmquenta .
munho de Henrique Galvao, que acrescentava var' . 10nsíve-
1 ' l
s. to
rel'lsagna sua ,.. ....,aíor extensão, nas quais teriam. o exclusivoda compra
. de Angola, que verificara duras e~e llt.
· qui elóll'l
P et:~5 roduzído pelos «indígenas» (Capitulo 111do decreto);0 controlo
inspeção: na pro,incia de Malan1e,onde se recrutavam . trabalh adoresnteaSh, -c a1go da ~ • pública dos mercados, nomeadamente pela fixarãoa al
d 0ela adrl1 inistraça0 _ . . , ,. nu
conta própria. -canha\'aJD três e quatro vezes mais ' do que aufe riame0 ror
. que,"' · quais algodao sena pago aos <nnd1genas) >e pela fi.sca\izaçã
pe os O o
alariados; em Sanza Pombo.onde, como noutros pontos da colón• tnoas. P 1
- · l t lti. ia,seob dospreÇ05 - (artigos 19.º, 22.º e 23.º ) .
gavam os •indígenas por meios VIO en os a cu varem o arroz» e de ti. dastransaçoes bl' hou um dos mais . con h ec1.d os d e1ensores
e da política co-
levavam para .-contrato , quando as terras careciam «de todos oscuida.d Poiso
1
corn o su in
ado Novo, Silva Cunha, nada nestas disposições impunha a
O
·al do Est
. dade da cultura d l d-
o a go ao : nos termos expressos do diplo-
nos Gambos. onde . eram . .reguiannente recrutados para trabalhos pore0os,; 1011 113
. . . 1
alheia com salários mwto infenores, aos rendimentos que teriam nta o rigatorie de persuadir , e nao • de coagir, · os «m · d'1genas>). Mas é pouco
b
terras.·indígenas criadores de gado• suas ma, , tratava-se . . .
e nos meios coloniais portugueses se ignorasse que O sistema
. - o que . - levava a «fugas mac·iças», nastant 0
de homens como de gado; e nas orcun scnço es produtoras de cafédoC Provave. l quto no Congo Belga, como na Afnca · Equatonal · Francesa, em que
nas quais aistial11 «numerosasfaundas indígenas», mas onde só esca:'" se guido tafl º se inspirava,
. . estava b asea do em ,
metodos de coerrão
. ,. d . . d Pvam o oecreto n. 11 994
!ll recurso a um «pequeno exército de boys-cotton (instrutores) encar-
,. ,
ao ,,contrato» os propnetànOSque pro uz1am mais e uma toneladadecat ·
A utilização destes métodos tinha efeitos nefasto s na economia: «Emmuit: co ado O de forçar a cultu ra do produto""». Nesse sentido ia, aliás, a norma
re g , . d . , .
regiões da colónia, mais flagelada,os comerciantes já se queixam amargamen- quetransformavaos tecn1cos as empresas concess1onanasem «agentesde
te. Diminui o .númerode agricultores indígenas, baixa a produção, escasseiam autoridade», encarregad os das ações de «propaganda e ensino» junto dos
por consequência os produtos negociáveis. E até contra o que se esperava tam- ~indígenas»(Artigo 13.º §1º).
bém, a massa recrutável diminui pois as fugas aumentam.>>Ainda segundo Fossecomo fosse, o Decreto n.º n 994 ficou durante anos letra-morta,
alvão, o governador-geral de Angola, alerta do sobre os inconvenientes do por faltade requisitos de ba se para a sua aplicação. O principal obstáculo foi
recrutamento de trabalhadores por conta própria po r um dos administrado- a alteraçãodas condições do m ercado internacional do algodão, cuja cota-
res de circunscrição, repondera que «trabalha dores de conta própria nãoeram çãoatingiuo seu ponto mais alto precisamen te no ano do decreto, baixando
estes ou aqueles mas só quem o administrado r quis esse que fossemm». depois- o que tornava pouco atr ativa a cultura para as possíveis empresa
Os (<indígenas»que trabalhavam por conta própria na agricultura estavam concessionárias, para as quais a simp les isenção de direitos concedida pelo
aind a sujeitos à apropriação, por via mercantil, de grande parte do valor da decreto não bastava 115• Até 1932, não há qu alqu er aumento da importação de
6

ua produção111• Um dos processos mais extrem os por que se fazia essaapro- algodão colonial na metrópo le, tanto em valor como em quantidaden •
pr iação estava na imposição da cultura obrigató ria de vários géneros- avul Porestaaltura, dois out ros diplomas modificaram as condições do regime
tando entre eles o algodão, um artigo de gran de relevância para a economia algodoeiro, procurando to rn á-lo mais atrati vo para os detentores das conces-
metropolitana, dado o peso que nesta tinha a indúst ria têxt il. ões,queviram a sua exte nsão m áxima aumentada de cinquenta para cento
Muitas vezes promovido pelos governos de Lisboa, ao longo século do x: e vintequ'ló 1 metros (Decret o n .º 2 0 881, de 13 de fevereiro · de 1932) e, soure-
i.

e começos do seguinte, mas sempre sem êxito, o velho proj eto defornen tudo' garant'mdo ao algodão colonial português exportado para a metropo , le
a produ ção algodoeira nas colónias fora relançado, em novos rnoldes, pelo u m preço s upen ·or ao da cot ação internacional , sendo a ·e
d11erença couer
i. tª
Decreto n.'. 11 994, publicado pelo ministro João Belo a 30 de juJhode'
nos pnm erros tempos da Ditadura Militar. Inspira da na legislaçáO
t 9

segu1
por
ti, um fund
a1godaoestrangeiro
.
• 0 cuiasreceitasprovinham de taxas de impostosna unportaçao
. em Portugal e na de fios e tecidos estrangeiros
. em
. -

ngo Belga desde 1917, a regulamentaç ão agor a adotada assentava


elll
A REFOR MUL AÇÃO DO SISTEMA
,EN .,..
0 • O yp(R I O poRTUGU(S ~o APÔ S -G U ERRA \ 239
cnN-; ?,_
il
238
OÇ3-0Wique.
-paraalém disso, proibia-se o «recru o por tuguês chegou , mandou para formarem grupos. Depois
\lafldo tern de fazer uma machamba para cultivar alg0 d-
Angolae ~l .1n., onas de ação das fábricas de descaro çam ta.mentad . gruPº d •d al - ao. Esse
.....nas na à[ea
s-
= z
_fora del~ ~-
ento e p elllllj
rens . disS
«Q
e
. cada
· . pepois
. de terem pr o uz1 o o godao foram pagos
. . , mas
1, . ,
a )ª vão
. illíct0· . _ porque o dinhe iro é quente\ Chiça! Como , d d. .
para t:r.J>alho ..- e s, foram criados dois org a.nis ag ~ fot o ad1çoes. l e o mhe1-
fj_nahnente.an i 9;;, 193 rnos d contr . que aceitamo s. Reso veram que cada pret O 1 .
deraIIl ao Estado novos meios de interv e coord doas fes ~1rafll cu tivasse a
- económica
çao que
a ~o
,
Reguladora do Comercio de Al O ~ªºenç e de~· Co1·
os che .,.1 rnearam um encarrega do branco e um capata.,
ba. !"º "preto, para
tt0lo no sector= di - d ab t .
. _ de regular as con çoes e as eamento da
g dao etn n.a_~-
. ,oaw raquee1 s que não tratavam bem a machamba . l...1 o tr ab a1ho do
..,acbafll
comaDJiSSaO ~ - metrópO1 · aJld
ara ve . aque e que não acabou a sua machamba .
levava porrad Q
a. uem
_ dicionaI"a soa imp<>rtaçao, tendo em vist a a d e e elll 1
~:in e de c:on _ .. etesa da ij. ca
ataZ era,
é porra
da
·
o chefe também era castigado; se chegar atras d
a o no
5.....- ~ _,.;,, ...,,.rtn_anesa e ca proteçao devtda ao algodão na . h..L P sacha
ça C(JIIIC.__... 1 r--"' . c1ona1das- ~- ·o marrado e castigado l..-1Não podia s responder nadas -
nia51 ·:xaero n.. 2.;;o2. de 15de ma 10 de 1937); e a Junta de Ex colõ. ll
ª tra balhº era a enao
,_;., 1 :TE..\C ), destinada a coordenar nas coló nias P~nªÇà ºdo se0
~
• ,,.,.,.:i:in -
~ . . algodã cab a açaod ieva"ªsPorrada!...»testemunho - este, do lado das empre sas concessionárias _
1
_..1_..t_, .1~ ...........-lncão e comeroo do . o, endo-lhe prom as au. do utro , . ,
~~w:;t"'..,........-- • overa segw1 0 e algodão so se obtmha «com urna pressão extrema po
. egáve1» qu O r
. da _\:Ãn~P e o aumento da qu antidade cultivad a. À J lllelho. era«1n .dad es», não pa ssando, «numa palavra (...1de um esquema
na sua ~ . . unta coin
ainda~ aos~ coloru ais o pr eço de compra do ai •Petia partedas. auton . . , ·1 .
.,.1 sta perspetiva, sena mutl tentar o mcremento do cultivo
r-r-- e.--~~ godao uls1vo». !"e
: -A ; t'IPTl~ e reJarparque essacomp ra se =e
~~- nas
. condições 1 . ªIli
egruse"" L co JllP do preço pago ao produtor. . vendo-s e com mais . dmheiro
. «sem
nn-ro esta!>el,eádo (DecrdDn.º 28 697, de 25 de m aio de 1938). Por l'º l\l
pe1O aUIJlento .
·bilidade de o aplicar adequadam ente », os «nativos» teriam ,
r~--,-- a,ncedeu-se a• u,nns.sao . - .Nn egulad ora, d e acor d o com a Jun llill Outr o
diploma, qualq,uer.poss1 ara cultivar m enos algodao, - a nao - ser que aumentasse a pressão
· · b 1 rt d ta,ªfa.
__ , .1~A .. de fixaroprero mnnmo a rece er pe os expo a ores de cada 1 ,tendenc1a p
~ · • 00~
.-l n ..t~odãocolocadona metrópole,sendo a dif erença entre esse mm · dasautoridades[•··1u•»· . ,
r,-<Mf:I . . . lllloea ta ideia estereotipada de que os «m d1gen as» africanos não respon-
~ do algodão amenc,ano de quali dade eqmv alent e pago pela Comissão Es respondiam de forma contra ditória , aos estímulos mercantis era
Reguladoraao comprador(Decreto-Lei n.º 28 698 , de 25 de maio de 1938 diaIIl, ou .
obviaIIl ente falsa: para a de sm entir, bas ta lem b rar que , quando as condições
modo,ao longoda décadade 1930 foram sendo estabelecidasascon- propiciavam, muitas dessas pop ul ações emi gravam , em busca de melhor
diçõesi,nstitudonaísnecessárias ao aum ent o sus tentad o do fornecimentode 0
tratamentoe melhor paga. N a re ali dade , os «n ativos» resistiam à cultura do
algodãocolonialâ indústriatéxti1 metropoli tana, em subst ituição do estrang ei- algodão,porque esta não compensa v a, tendo em conta, para além dos baixos
ro. A partirde 1933, a suapercentagem n a importação do produto foisubindo preços,a intensidade de trabalho que exigia, ao longo do ano, prejudicando as
paulatinamente, chegando aos 57%em 1939 e at in gindo, durante a Segu n<b culturasalimentares. Vencer essa resistência exigia uma pressão permanen-
Guerra Mundial.números superiores a 80%, de 1942 em diante - parao te sobrea população africana, exercida pelo s capatazes das concessionárias,
decerto contribuíram as perturbações do co mérci o intern acional provocadas como apoio dos técnicos da JEAC, cuja função princi pal era o fomento da
pelo conflito,dificultandoo abastecimento n o exterior . A maior partedestt produção.Mesmo quando adotavam uma posição paternalis ta em relação à
algodão colonial provinha de Moçambique, com Angola em segundo p! população africana que administravam, as autori da des coloniais locais viam-
e rápido acréscimo da produção não se devia aos esforços de «pr opa· -seobrigadas,em geral, a executar est a polític a, punin do os recalcitrante s,
ganda,.do cultivo entre a população africana,mas à sua im posição pura esim· emnomedos interesses superiores do E stado 122 • Ao long o da década de 1940,
ples, se necessário com recurso à violência física. Reconhe ce -o o próprioSíh'a acoo<liçãodos «nativos» a que era impo sta a cultura do algodão foi-se ainda
·unha, ·ªdm1·rmdo que, embora na lei não se prescrevess e a obngatone · · dade agravaº•pelo contraste entre a estabi lidad e do s pr eços pagos ao produtor ,
nd
1
.....,.,suced.ia ,,.frequente mente que as auton~,.1_..1. ' parzelo fidx.ados
da cultura • t(napra't1·r.,~
admm, · ·strahvamente
• a um nível muito ba ixo, e o aumento dos preços
(ou excesso de zelo)·· » por vezes ultrapassass em os <,limites legaJJ,, • procedtn ~i·
123

• 1_,1. de,111
º\bensde consumo, que tiveram um ac réscimo de 300 a 4ooo/o •
do «de, facto como se O regime •
estabeleci do fosse o da obriga toneoauo- ,i "' d ,0goapós O fim da Segunda Guerra M undial, o Governo de Lisboa (sen -
». Do lado africano , sao - muitos . os teste munhos d as v10. lê-,..ª'
1 50Ííl
"" O
"'- o Marcello Caetano m1mstro
. . das Co lónia s) promoveu a reforma d regime .
,0 este,muito vivo re Ih·d . mhíq1
I _ _ ..
' co 1 o por Gerhard Liesegan g em ~- -
-GUE R RA
A REFORMULAÇÃO DO SISTEMA \ 24 1
, o "VE"-0 • O 1,1p(RIO PORTUGU (S NO APÔS

co
240 ta dos povos bantos».Também se contrariavaa ºd . d
_ irodoeifO.pelo Decreto n.º 35 844, de 31 de agosto fataUs . . 1 d l eia e que
colonialoalgentanto.a,,..... ~.,, característica fundamental - a co . de 19,
eote e . fosse a pnn c1pa causa a escassezde mão d b
, nstitu· - "'6, iJl do l lgodoe1r 0
1. h e o ra pela
aJter.U' ,n ,dadas «zonas economicas de ex 1 içaode Seiti o regj1lle
. ra _.....J •a a que 1evava.Na mesma . , m a de argumentação, eh egava-se' mes-
nc.essiona,das, ago ay-- P ora - Zo ·graçao de afirrnar que o «md1gena»estava,.«em relaçãoao concessioná . -
co . damente, «zonas algodoeiras», com atribui _ ç,ªº algollai ef!ll
rv ou. abreoa ex:cfusi\"O d ai clã .
da compra o go o «m gena». M . tesPedí çao as ~r· !llº
aopontO
elhoresc
ondições que o produtor de tngo, por exemplo
- .
1 _
, em re açao
ellll'resasdo • d - antinh 1vq no . eJ11 J'Jl
. ou o produtor de algodao americano em relação ao . d .
m ustnal
..-rime fiscal. de proteção a pro uçao e comércio>> d ª·sei~,.,
menteO ,.~ . · o Prod "~- ageir0 ' d scaroçamento e prensagem do algodão».
do mercado01etropalitano. regune esse prorrogado Uto,en... aocar 1110 do do e
a reser:'3 . Por cin ••q rega da década de 1940para a de 1950,quandoas cotações mund· .
__ ntlo--senn e. findo esse prazo, o sector tena essa posi _ coan e11 . agelll d uus
Çaocon 1 O\, ~avir bº ,..,fortemente, os preços e compra do produto aos cultº
eID ta1Jl05que ~ a «competiçao com os algodões estr SOí¾
õ}'O.....-- '1 - · . -
dáO su 1a,.. . 1
va-
oalgo nhecerarn aumentos pontuais em 1947,1949 e sobretud
,J_,...~"'"'""-- decreto visava aperfeiçoar «cada vez . angeir \lti ddores ri . .can os co o em
I)entrO~'i ........ ~ 0 . - . mais os . af do acréscimo de 1947, de 30 centavos por quilo, a JEAC. _
O
coltnr3e sistemade ex:ploraçao comeraal e industrial ern Proc . es. 51,,6· Jusufican.dade de mcrementar
. a produçao - e de mvelar
. O preçocom m
O
__ _ ,1-tt11ent:e. pela promoção. nas zonas algodoeiras, da «co vigori _ 19
cav a a necess
. . 1·nhas (Congo Belga, Rodes1a , . e N1a . ssalandia)
• , tendo tambe 'o
~ .. . ncentra• .,,
~ de c:ultnrV, de modo a penrutir a «realização
,~ - . .
de rotaç· Çao
oeseat0
de 0
dasco1O , nias v1z1 127
usto dos restantes géneros agrícolas coloniais • Em reaçãoaos m
~--nc..,e O uso de gado de trabalho e de maquman a agrícola, a eiornec \ha. ernconta o c rnpresasconcess1onanas . , . pressionaram
. o GovernoCentral em
~--nnn.ário •- Esta mutação deveria elevar «gradualmente 0 . erPelo aUJll , as e
entoscompensa ções, utilizando, nomeadamente, os bons ofíciosde,José
. .
~ , • . , » «mdi
[CO
...n] a uma fase mais prospera da atm dade agncola», caminhando-sepgena busca .de. ( e recordemo-1o, era amigo · m ' t·rmo de Sa1azar e tinha interesses
~to indígenaJt,com a eventual construção . , . de novos aldeamentos ara~
-Nod 1•
Nosolin 1 qu ' "ª· Dando-lhes satls1açao,. e - o Decreto n.º 37 523,de 15de agosto
lom.aprevia-seain da que os concess1 naCotonan g) _ do preço de venda do algodao _ na metropole
,
. onanos prestassem assistênciasanitária . reviaa revisao (o que
P
e socialaos "indígenas» com a aJuda de um «fundo especial»administrad 0 de.1949
, . •P mas em termos muito . mode rados, ficando longe da cotaçãointerna-
pelaJEAC.A estaúltima competiria orientar as concessionáriasna forma . fo.i 1e1to
l) ,Poroutro lado, ampliava-se . par a dez anos o prazo em quevigorariam
das concentraçõese demarcar as regiões, dentro de cada zona algodoeira çao c1
,em o n
a .
asisençõesde impostos e taxas concedidas em 1946 pelo Decreton.º 35844à
114
quese poderia cultivar o algodão • produção e ao comércio do algodão colonial - afastando-se assim a perspe-
Os termos do Decreto n.0 35 844 fazem dele um bom exemplodeuma ti-;a,expressaneste último diploma, de pôr fim ao regime de proteçãoa estas
perspetiva de cariz tecnocrático que marcará muita da legislaçãoeconómica atividades no termo de cinco anos . O decreto abolia também todas as de-
do EstadoNovo,após a Segunda Guerra Mundial - caracterizada pelaadoção duçõeseventualmente estabelecidas pelos governos de cada colónia sobre o
de medidasdestinadas a fomentar e a racionalizar a produção, semsubverter preçodecompra aos «indígenas 129 ».
o sistema de relações sociais subjacentes, antes buscando viabilizá-lo. Neste Comesta última disposição, o Governo de Lisboa dava razão à JEAC,que,
caso concreto,a racionalização passaria pelo reforço das funções técnicas da contráriaàs deduções, se queixava de que o governador de Moçambiqueutili-
JEAC.Mas,no essencial, a condição dos <<i ndígenas>>nas zonas algodoeir as zavao fundode melhoramento da vida dos «indígenas>> (por elesalimentado)
continuava sujeita à sua relação, profundame nte desigual, com asempresas ' emfinsque nada tinham a ver com o sector algodoeiro'3º. Dois anos depois,
concessionárias,a que as autoridades adminis trativas estavam obrigadas adar no entanto,um novo ministro, Sarmento Rodrigues, restabeleceu as dedu-
«assistência»,sob a forma de «uma persistente ação junto dos indígenas com ções'1'• Isto significava que os pr odutores africanos nem sequer recebiam a
0
objetivo de se conseguir o maior desenvolviment o agrícola dentro daárei totalidadedo preço fixado, já de si reduzido.
da sua jurisdição125». ~m_termosgerais, o regime algodoeiro fixado no após-guerra deu um pri-
s·igm•ficativamente,
· d ,
no relatório do mesmo decreto fazia-se a eiesa
dosíS- meiroimpulso à racionalização da produção de algodão colonial,pela maior
O
tema em vigor, no que à situação dos «indígenas» dizia respeito, procurandotntervençã 0 dos serviços técnicos da JEAC (designadamente pelo estud dos
fut '· u1
re ar as criticas que se lhe poderiam dirigir. Aí se negava que a e turª
do~· terrenos ~ d
d , e etua a em Moçambiq ue de 1947 a 1949, com o subsequente ab an-
godão provocasse O abandono das culturas alimen tares com osconsequenteSonodosmenos próprio . s para este cult ivo) , maior investimento
. em eierramen-
episódios de fome,. e imputavam-se
· ' ..,,a}Jnente
. naµµ
estes últimos à «psicologia
242 1 CONTRA O VENTO • O IUP(RIO PORTUGUtS NO APÔS-GUERRA

ao Do
ao Q P VIGO
O% os ae 19 b,0

ono 0 0 0 do
OíC!
ºªº O"
oaoelJcl!> nao
oresas concessioo
110
W4s
iiiii
resca1do da descolonização. orlando
- .
Ribeiro, lusot rop·ica1ist
to , \iu-se obrigado a esta constataçao desencanta da: <<Exis tiu em a conv~.
0
mundo dos pretos e o mundo dos brancos e, por mais que a retó/n go\a
o contestas:se. eles \;viam separados, cada vez m ais quanto nos aprox.un
0
ica fic\~
íl
D
• D
D(J
dos nossos dias e do longo tempo da Guerra Colo nial. Os sociólo ªtnoi
, . Bal di h 1h gostêmdad
vanos.nomes
• a esta separação. an er c amo
. u - e cru amente . _
filfilaca o
oro (:19"54-1955)
loma1
--=
. » A conclusão deve tornar-se extensiva aos outros terri·to' .
134 . . _ ,
~
nos po
gueses do contmente africanO, bem como a Sao Tom e e Príncipe_ 00 n,.
an se que
,
amos 1azercon fir ma, marc an d o a dº1stancia
de 1:. • moa
abissal .1
áli
· acab
d a 4Cll3.Ç30
- una»as · d uras re alid a d es d o mun d o colonial. queª
a IIDagem
d

.,

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