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6 A REFORMULAÇÃO
DOSISTEMA cíoila1 I1a revisão constitucional
habitua l
.
de 1951:nada
tã ~
.
estava mais longe da pr àt' 1ca
na , 1do regime do que este tipo de cedências. Em todo O caso, a adoçao-de
a linha rnaís consens~a ' ~uma _ques o tao relevante para as elites portu-
-
& da essência orgânica da Nação Portuguesa desempe nh m larga experiência de direção neste campo _ t b ,
rica de possuir e colonizar domínios ultramarinos e de ciVili:: ª funçã 0h bado, co . d am em elementos
nd
Mª' •dados, nomeadamente. Armm
_ . o Monteiro, Ferreira Bossa e Sarmento
indígenas que neles se compreendaro, ~erce º
també m a in~i°Pub~;- coJl V1
drigues. Os temas em- d1scussao 1am desde a unidade
, , . imperial
econom1ca .
que lhe é adstrita pelo padroado do
__ ..,
Onente.
li
» !leia.~llt IWforrllª de elaboraçao do s orçamentos das colonias à auton.dade a dar ou a
Em nota do punho de SalcUcU , exp cava-se que a redação dO ' e a. araos chefes «indígenas», passando pelo da composição e atn.b mçoes . _ dos
do Ato Colonial era modificada , «sem se alterar a essência , em v·Artio
suscetibilidades que o teXtOprimitivo parece ter ferido, e tamb , lrtude
[
q
entrelinhado •em --:irtllde"] do arobiente intern acional. Pareceuemno
ue se ~""""" e deveria manter no texto ao menos uma vez a 1 en
~•- d .
W. aliás própria paraexprimiro que se eseJa e quer se lhe dê O 5. ~
Paavra
1
lill,
eni11,,_
rQ(l~
sus
-~
reti!selhOSde Governo e o do povoamento
.
. . europeu. Este
collcitou um a ampla troca de 1de1asentr e. os partidários
_
último
da colo
s várias formas, e os da colomzaçao espontânea•º Como s
.
da, . s sublinhou, este era «o tem a mais importante posto à discus -
odngue
R_ só «da pasta das Colónias como ~e toda a Nação»: «o Ultramar» seria «o
:n0damento da própria independência» e a colonização, «um problema vital».
.
, em particular,
ruzaçao d.mgi
· -
~~
. .-
sao>> ,
naci onal podia, na prática, ser diluída ou di ferida para u m futuro lon~ mandante Lopes Alves lembrou as «dificuldades » que as nações coloniais vi-
Antes ainda da Câmara Corporativa se pronunciar, o miniSlro Teófi-l nham encontr ando na ONU, atenuadas para Portugal por a ela não pertencer:
Du arte levou ª questão da «remodelaçã o do Ato Co lonial» ao Co «dentro dela», acresce ntou , «as exigências têm sido de tal ordem que vi os
· ªt raves
Superior do Impéno, , de uma série de quesitos que tocavam osnn>
r· delegados de outros p aíses ( ...), os da França, da Bélgica, da Inglaterra, e no-
ble~ as mais relevantes da política ultrama rina - po d e~ do depreender -se~ ~ eadament e da Ho land a, evitarem muito receosamente o emprego da palavra
• bito
tena, em vista confienr· aos novos preceitos constituci onai s, neSte ãJJl col
. ónias
· "· Algumas vezes me fizeram reparos quando eu a empregava. por
' U9I
caracter programático • 9 mim, renuncio a ela de bom grado desde que continuemos com a autoridade
Nos debates do Co lh0 • rv~lll, f que hOJe
· temo s para fa ze r aceitar a orientação que seguimos
· d e 1·
igar ca d ª
além d . nse , sob a pre sidência do m ini stro, 1nte ,,...11
os respetivos m b
em ros - com destaque pa ra Vi cente ferrei
·ra
e ylP'"
cn ,. ,R A O v Eh •o ~ O IUPi:RIO pORTUGU(S NO APÔS-G
UERRA A REFORMULAÇÃO DO SISTEMA
20 5
204
. . - Pátria os nossos territórios de além •
auva Ern qualquer
. caso, como sublinhava Sarrnen to Ro dr 1gue
.
18 . s a
. fortemente a ~~ae- . acrescia -tna• "·A orFº' ãOcornpleta» sena «o fim a que
vezJl].cUS ta contexto internac10nal , conduzirá a assun
· ilaçao»,
. so, se po-
'
·dade de ter eIIl con O CiJltegraÇ
oecfSSl! _.....a,.,donale_xpressoese 1ormulas malUtnaoUI.ta
- , ,
~ d vir a <<'ie rificar num futuro longmquo» - «por enquanto», era «apenas
-'~"'inardo texto cowu ..- l • . aceit -~
de ~ territórios do ultramar, pe as ideias de posse esPe !qdeflO
9
que se tende' »•
5 1;...-
:t"l'l ite para etiva assuni · ·1ac1oms · · t a encon t rou uma forte oposiçã d .
papulaçõeSde algo1l5 ub"-1-.araIIlsarm ento Rodrigues y 1·e e Uieir .
0 1 sta persp . . o, nos ms
.culavaJll - como s llilil' ra M ~ E :mos seguindo, cabendo a Armmdo Monteiro que art · .
que,·e, __
_..,c...n síntese, nas palavras de Ferreira Bo achad
'
0 teS que V1w , p lClpOu
- - de BettenCOUJ.
Tristaº ;n .l!h,rente~ marcha dos acontec iment
L - • L.UJ ssa, p0 rtun.
,
deba
, apel mais relevante, na defesa das formulações do Ato e 1 . 1
J1lb oS,o P . o oma .
- odiaconservar-se.....,.Ullu os de ãCl efllª . ·stro das Colónia s, de 1931 a 1935, e cultor da «mística imper·a1
ºªº P . doCDlircom as chaves do Impéri o na mã aquéni , J1l.Ull , . 1 »
e de aléro-fronteJia5, ª ,. .
nnPna e por issOfrágila dadela, devemo s estar
o»: «aocon fJlug0 regi.me,na sua primeira fase, procuro u dar corpo, Monteiro rejeita-
.
trário [...] nesta pe'i- atentos ª que O iterações propo stas, que, a seu ver, destruíam «o sistema que
e ocorre e quepos.samteressar ao ultramar, a fim de que ah eao vatodas as. a instituiu», no qual caberiam . . de cooperação,do saber
«maneiras o
par do qu . . h , eran
• ..,es,ganhacom tanto sacn 6 a o e ero1smo, se mant Ça 1
dos nossosmai0 •· . enha· A.t º colonia ens, etc., sem quebra d e um'd ad e d as coisas». . .
E explicava: «Teríamos
A-. .. Para isso, sena
ta~-· melhor fazer faceaos «acont ecrm entos [...) comu in.
.
frentenacional, unidae robusteada [...]14».
. ~~
doshom
de seguir
6 [ · ] 1 · · h d ·
. unicamente s stc pe o camm o a ass1m1ação. Esta política de
._:ia ão não consistiria · · · apenas em t razer o m
·1
· d'igena ate' ao nosso nível;
Para mais (de acordocom Bo~ e os outro s defensores d~ p~opostadere. assuiw . çortaria tamb em , uma mo d.ificaçao • no atual sistema· relativamenteà
visãodo Ato Colonial) as alter~~ nomeadamente a subshtmção da desig- mas rn unp econórnica, ad m1ms · · t ra t 1va,
· fin anceua.
· M m·t os d os princípios do Ato
naçãode ~colónia»pela de «provmaa»,: epr~se~tavam u1;11 :etorno à «organj. orde ·a1teriam então de ser d est rui'd os; nao - cab ena . as' Col'onias o direito
zaçãotradicional,. do ultramarportugues: a ideia de «coloma» estaria ligada a Co 1oni
delançar impostos, etc. Enfim o Conselho (Superior do Império) votou uma
um «modeloimportado, correspondentea mét odos de governo e a orientação revolução. o Ministério das Colónias desapareceria pois não teria mais razão
política estranhos e bem diferentesdos nossos». Desse retorno às «fontes da paraexistir. As colónias passariam a ser adm inistradas, tal qual como as pro-
nossatradição nacionak poderia"brotar um sistema de governo do Ultramar 2
víncia s metropolitanas º .»
perfeitamenteao par dasaspiraçõese necessidades prese ntes e sobretudo,isso No voto que exarou sobre o parecer da Câmara Corporativa, Armindo
[sic] nitidamenteportuguês ».
15 Mo nteiro retomou esta argumentação, ainda com mais ênfase, indo ao ponto
Na realidade, tratava-sede reinventar uma tradição, com base em alguns deacusar a revisão do Ato Colonial de dem issionista, quase de traição (no que
documentos do séculoxv11e dos textos constituci onais do século x1x:a dou- poderemosver, além do m ais, um últim o reflexo do diferendo que o opusera a
trina da assimilação,tão criticada pela corrente colonial dominante desdefi. Salazar,em 1943, sobre a política extern a portuguesa, levando à sua demissão
nais de Oitocentos,voltavaagora à superfície. do cargode embaixador em Lond res): «Sob o aspeto político», escreveu, «acho
Aliás,o retorno a essa pretensa «tradição,>era bem mais fácil no planoda inconvenienteque a Naçã o se dem ita , de repente e sem razão que todos ve-
retórica do que no da efetivaorganização política e admi nistrativa: asdifi jam,da missão que durante vinte ano s proclamou como constituindo um im-
culdades e as hesitaçõescomeçavamquando se pass ava a debater as formas perativoda história. Mentiu a Naçã o durante esse período? Mudou de rumo,
concretas da integraçãonacional.Assim aconteceu, no Cons elho Superior do abandonandoa tarefa coloniza dora ? Ou obrigaram -na a uma abdicação?Tem
Império, ao discutir-se a eventual desintegração dos serviç os do Ministério receiode confessar agora a m issão de que se orgulhava?» Concretamente,
das Colónias' que trans·ta ·
1 nam para os outros m im. .stenos,
, . pon d funao ° criticavaa supressão do term o «colónia » - «o único que com rigor designa
tratamento específicodªd0 as · questoes """'. a
• do ultrama r : aceita ndo, porv,,,., ªposição sentimental , po líti ca, administrativa e económica das populações
contrago~to, a passagemdos serviços militares coloni ais par a o Ministério da eterrasportuguesas não europeia s>>-, bem como a eliminação da designa-
Guerra (Jáefetuada por d
reticência d • ecreto de 949), os interveni entes viam corn,~1.#111
1 uíta5 çãode <'Império Colonia l Portugu ês» que fora «um dos grandes ideais que
s a a oçao da mesma á · . • 16 TaPw--~ o, E~tado Novo apon tou à Naçã o. Dele ' se fez nestes vinte anos», acrescentava,
a passagemdo ar ui él pr tica para a educaçã o ou Justiça • li
1 ªde nas alma s, no dir eito e na economia. Conseguimos
. q P ago de Cabo Verde para a adminis tração 01etroPo •uma• reat·d · que f osse
como ilhas ad· páD e d
teconsen t Jacentes, ao mesmo título da Madeira e dos AçOres, aceite re speitado pelo mu ndo. Entrou na poesia e no cérebro e gent e nova.
. .
so, anto no Conselh Superior do Impéri o 17 como nauu•- ,...~
...iira
O
o •E
~TO • o ,IIP (R IO p o RTU GU E:S NO APÔ S -GU
ERRA
A REFORMULAÇÃO 00 SISTEMA 1 207
.:.o·~
206 1õni as a IIlen
talidade dos funcionários e do
. s se . har a função histórica de possuir e colonizardommios , . ultrama ·
eseJTlP eJl te do Ato Colonial (defendendo que a Nação . .
,Mil JJ3S
.JCJIV" -
co . . 'dica e rooral-Renunciar a ele fu . tviços
fj<1Uf3jufl d · ' gtndo ' q11, oostan . . . - existiaantesn- de
,,_..-in à soa .:, ,..... dianlt d », e ~ deiJ(anade .existir,
~ =.,,.bílid,adeS que ~ -
narta e roesDlº os ns cos que a s
ua defesai te~ J105 • r; e na0 . , se essa funçao. cessasse), o parecerpreco-
~ . - -o:i-,. , .
1
lllp\·
coJofllza
izava
a sua J.11
-~
anutenção: ehmma-lo
...,
a ções que
,
ate aqui
• podena «fazercrer que p ortuga1 desiste
reputara fundamentais» Mas p· . d
.
- ·•-<flllirª~
e ~~nas no~
_ -r.;tho superior do Impeno (onde
, na votação
~
11 de iu•r••· ~ · 1oram a do
t.Ul)Ol- bCOSvotaféllll a favor da designaç~ goraupressa ~ seria a «soluçao adotada» na proposta, porquet·irava«do atual
nO',e IlletJl . ao de Soh.. 3 0
o ArtigO3-•, . r . colónias• e d01spor dar wna desi «provín~rt qoe.as z.º o bastante para . significar
. um abandono
. de posições», pondo-lhe
_.,rinaS' ', ancoPo . d M . gnação c1ai Mllg ...,os» que podiam «ir agora suscitar novas críticase novasre _
-t rrziu-- - · ._..-rt111ilado ni5têl5de J\rIIllil . o onte1ro encontrarane11tr 0
voster••· _ d . açoes».
_..ciri>eS ~- , a~ «llº com modificaçoes, evena alterar-se de moldea que se «nao - to-
pu-r- . ..1.~t; da Câmara Corporativa. Aí, o próprio 1 rnum, anter-se _
~ - rillo 00 ~e
1
,,~.-cdloCaetano. manifestou muitas reserv re at or doPrttQ A rri
sena sua
essência», como na
.
redaçao que propunha: «A Nação Port
uguesa
arear
,-
·~- ·k ..., rensao . _J<U g, ~ ental:
· a seu ver, «a mudança d as " em re \ªÇào
Q. cas u direito a prosseguir no desempenho da funçãohistóricad
, . d e colón· 1 , t afirIIlªo se . . e co-
_ • . coroo{ll1l3 espeoe e tremor de terra em to asPara . territórios sob a sua soberania, que importa povoare valorizare d
O ·rrT'\,h d da 1ºd eia do lm do \0111zaros . e
..__.rnci.aS , 5f'11.1
pt., ·- , ~;crra:t:í\"O do País- s15~ca o , . os·tstellta •vi}izar os povos atrasados que neles residam.» (Note-seque,nestaformula-
~ ma>-~ - peno e0 c~ se substituía «indígenas» por «povos atrasados»a «civilizar>>, para além
,~ . ,,,,e ~_.....-mde ser precipitadamente modifi d lon~
.l~ ~ __ ,.,n,n do wipério, da Escola Superior Colonial
--kr-se-ia paí"1- u:;1.......-- ca as :º ;e conservar a referência à colonização - o que ia ao arrepio do propósito
asdesi.
naçõ6 uu ~
~-:-
' etc et ..,..,entalde compaginar o texto constitucional com as novas tendên-
~--t .. c asleisonde aparecesse os termos "colónias" ou «· 1 • e.,as.
wi--> . COOnjaj• governa...
•s-
nw- i.,, de _Montciro. considerava totalm . ente inadequado o te~, cias internacionais.)
Jáquantoao Artigo 3.º e à prevista transformação das «colónias»em «pro-
.,:_.,..;,,,;. 1tl1"a ,.i,.,..m1ar Angola ou Moçambique, elas própri·as nno
.prtJ'w-- » r-- u=~ • constitui vínciasultramarinas», o parecer fazia notar que, sendo certo que aquelapri-
nnr ..mmincia.S " rouitOdiferenc1adas24 • Como solução de com r . ·
.r-· -r - - " p ºmtsso, meira designaçãotinha caído em «desfavor» nos «meiosinternacionais>), não
,unha queseadotaSSt ~ expressao neutr~ - territórios ultramartnOI'
era menos verdade que as «modificações terminológicas» operadas pelos res-
,ouquaiquer outra ciesignaça.D semelhante25» . F01 esta a proposta queobtev,
26
tant e s países e pela ONU correspon diam «ao movimento internacionalmente
vencunento, porsetevotos contra três • desejadono sentido de maior autonomia dos territórios ultramarinost..}).
o parecerfina].menteaprovado na Câmara Cor porativa segue,noessen- Nessesentido,a prop osta não se justificava, obviamente.
cial,as ideiasexpostaspelo respetivo relator. Nele se começa por sefazeu Masa Câmara admitia que «uma outra atitude poderia l---1 explicara alte-
criticade uma política de «assimilação prematura» : nos vários territóri~ raçãoprojetada: em face da desorientação da opinião internacionalem maté-
condiçõesnaturais»eram e permaneceriam «diferentes», bemcomot111 ria de colónias,em face da desintegração dos impérios coloniais,em faceda
maiorpartedelesas condiçõessociais e económicas». Daí a «necessidade11 pressõesque certos Estados exercem no sentido de desencadearou acelerar
especialização do Governo,da administração e das leis». A «assimilação•tem essadesintegração - import a(va) que Portugal afirmlasse1solenementeuma
«deser lenta,acompanhandoa civilização dos nativ os e o desenvolvimtll vez mais a doutrina tan tas vezes proclamada de que a metrópole e colónias
dosnúcleosdepovoamentoeuropeu». Não poderia haver paratodos osi· formam um só territór io, uma só Nação, um só Estado, não havendo mais
ritóriosum4(regime uniforme, antes se devendo prever diferenças,por do que circunscrições administrativas de aquém e de além-mar, com organi-
consideráveis, de estatuto orgânico entre uns e outros, consoanteªestO- zação adequada à situ ação geográfica e às condições de meio social de cada t
sâo,_ ª populaçãoe o adiantamento de cada qual». Por estaSrazóeS. ~ • umadelas». Vendo nesta a «verdadeira razão» que fundamentavaª propoSa,
mclmar-se-ia«para umarevisã o o ma is possív el restrita, de modo ªdei" 0 parecer não lhe negava <<valor »; mas recusava-se a aceitara lógicada assimi-
subsistir
. · l o max1mo
do Ato Coloma • , · s e or..A~
, . de precei to s doutnnario r- bçãoque daí se pretendia extrair. Sobretudoquanto«aosterritóriosafricanos,
''.uados na zona intertropical, com vastas extensõespor desbravar,p~pula-
amdaquecoma nomenclatura substitu ída».
. Destes
. pressupostos resu1tavam as posiçõ es do parecer re iw· lA""' : ". em regimetribal, núcleos europeus constituídospor colono_• emnumero
31nd
"ª,. ~
·""'
ínimo desgarrados das suas famíliase dos meiossociaistrad,oonaise a
prmc1pais
de . . disposiçoes ª proposta governam ental. Sobre o J\fllo-' ~
- d . º,
cnhcar a indicaçao
- de que «éda essência orgânica da N~A,.ainPOfll"'"
S-GUE RRA
A REFORMUL Ã
coi~tR-' o vENTO • O 1r.1P(RIO poRTUGU( S NO APÔ AÇ O DO SI STE MA \ 209
208 . rounidades estáveis)) - ser · 1a «ll}
fill no,ra:s~ v e nunca esteve verdadeiramente no espíriton acmn . al» Para m ·
ão congregados ~.,..,dei'{UI' de lhes atribuir uma organ· éltlifest() esrl'lºqu pulações indígenas» compreendidas nos «d ,· . ais,
n - ~eria ........ n,;ar-se ,;;.u> lZaç- '
J1l . r as Pº , . l omm1os», «sem
y~ -
nao yv- --otntal~
•
ªº
di ,.,. .-c,, da metropolitana» (sem ex:c _ ad .~ ci \
eçaod ltlth
«
TÍ
U za
: .
er d1stl .nção» , era .«um propos1to
. . . 1
... considerado 0c . d
1ens1voas mile-
trati\-a~ ,•erde --,., que
n ne ttal
ah,-e-e ;z pudesse beneficiar de um «regllllo ~Pr·''II-.
q11alqu
Oll,.;
.. O
·vihzaÇ • es do Oriente e. diminutivo da posiçãode igua · ldade que tra-
casode Cabo ainda roais desconcentrado e descentra.li e tra~i~ Pá(iaSalrJ'lent
C1
e temos reconhecido a certos povos do Ultramar, que repudiam
. colll.,Ufll estanü O Zadod 16.
diCºn Í · araçao_ a indígenas».
no•,
a<i"acentes-•
) ()
qllt . Longe de-se atenuarem (como pretend'ia o pare-
o das iib3S I r .;.,,ara corporativa, compree nde ndo a eqlllPCârJlara Corporativa), as reaçoes a _estas expressõesinscritasno Ato
trO )ado, a ~ . . que "
O
Por ou
.
. • . de nesta oporturudade substituir a de .
«C{)llventenoa
,er daial Jll.u
\JQvth.
s1gna- ''lll nni •cestavam-se «agora .com ma1s veemência' porque as lcn'u·cas1
• 1'
sentiS5C ª _,,.ncideraYa que esta não poderia ser a d coton
Çaode rarn a encontrar apo10 nas externas, além de que O fact d . l
• · nnr outra •, i...u....- e <<pro· ~ as passa o eix a-
~ r-- _
• -
.-n,roês• era O de «regioes que dentr o do territó. 'linci i)lteri1a.i. culiar da índia e esta[va) a generalizar-se». Daí a necessi'd d d
de serpe a e e
.,_,- ..sentido
,.,,in Po••"l) a.__ .-.;licos, econorrucos
_.._ , -
e etn ogr áficos que rio. nacio
•~
ral ir ao texto constitucional um novo «espirita», fundado no «princípioda
frreCeID e.ara~..... ceuoi ...... astnd·1 ·
confer e política da Nação Portuguesa».
0 . __ 1.,,-,in de compromisso, propunha que na Co . Vid11a . 1
"· ÚJJilO ~
liza:rD , . d .ó . nstituir;; .dade .mora
1,111
1 . to Bossa minimizava as consequências práticas das modificaço -e
. egasse «a denoJDinaÇáo genenca e temt nos ultr amarinos»,f 't"O11 pito 1s , . . . . _ s
~ ..,...d,inúl ordinária. uma 4( mudança lent a da nome 1 ¾ndo . d . não se tratana de fazer a assumlaçao dos territórios ultramar ·_
dep0t5,na 1~ nc atur uncia as.
en . etrópole, mas de «encontrar um ponto médio de razoávelequilfürio»
1
,Á • mlf"T c:ha.JDaI1do-Ih es províncias quando estive[ssem] resol. ªdai nos a m - em que se tm . h a vlVldo
. . (com a «dualida-
cowruas.-i -- d _ d . l Vid()s"' a «quase inteira separaçao»
problemaS adminiStrativos que a a oçao esse nome 1mp ica[va], querO v, entrde e uma Metrópole possmn . d o um Impeno , . C o1om·a1») e «a completauni-
do par umaorganiza.Çáo variada», que fosse «adequa da às condiçõespe!:: de 'dade administrativa · que re dun d ana . em atraso e confusão» Por isso se
resde cadaterritório,.. ª form1 , ·
dis unha no Artigo 3.º da proposta que as provindas ultramarinas teriam
parecerreagia aindaàs dúvidas sobre o emprego da expressão«in~-
0 or~nizaçãopolítico-administrativa adequada às suas condiçõesespecíficas.
genasafricanOS>t (manifestadas~elo Governo na s «~ot~s explicativas» que
A~vantagemdo regime de provínci as» estava em «constituir um símboloda
acompanhavamO projeto), considerando que elas nao tmham qualquer ra-
igualdadede todos os territórios, dentro da unidade política da Nação, secu-
zão de ser: t1Entendea Câmara que se não deve temer o emprego dotermo
larmenteafirmada e continua da». Mas «colocar esses territórios "em pé de
indíiena:qualificaumarealidadeevidente, que exige uma disciplinajurídica, igualdade"» não significava «necessariamente a uniformidade ou assimilação
em a qual gravesinconvenientesse prod uziriam n a vida e na evolução das
demétodos administra tivos»: «ainda que teoricamente o concebêssemos,as
populaçõesatrasadasdas colónias.» realidades haviam de impo r que fossem tomadas em conta as distânciase as
Finalmente,a Câmara afirmavaainda a sua linh a antiassimilacionista na
condiçõeslocais».
análisedo Artigo29.º, opondo-sea uma eventual desagregação do Ministério A partir destas ideias de base, Bossa fazia uma longa análise crítica das
28
das Colónias(futuroUltramar),pela passagem do s seus serviços paraoutr os indicaçõese soluções do parec er da Câmara Corporativa, artigo por artigo •
ministérios;e do parágrafoúnico do Artigo 34.º , m anifestando-se contraa A proposta de lei para revisão do Ato Colonial que Salazar finalmente
27
livrecirculaçãode pessoas,produtos e capitais nele pre vista • apresentouà Assembleia Na cional, a 18 de janeiro de 1951,seguiu quase por
Remetidoa Salazar,o parecer da Câmara Corporati va foi poresteenviadoi inteiroo projeto primitivo, salvo pequenas alterações de redação, não levan-
00
para análise,a JoséFerreiraBossa,que com ele tra balhara na elaboração do em conta as objeções e as sugestões formuladas no Conselho Superior do
primitivoprojetode revisãodo Ato Colonial. Como era de esperar, Bossa oã, Impérioe na Câmara Corp orativa. Só em três pontos, todos eles menores, se
se mostrou convencid0 pe1a argumentaçao ah desen volvida salvon""'
# •
"'"~
• (
as populay
rões civilizadas não cristãs podenam Julgar-se ating·d Prilllir
, 1 as n I\'~ 30 uoP61 . ~
Oe agora criado, entre a trans1ormação . dos territór'ios do ultramar '
. de liberdade de crença29)
as .; e no do Capítulo III, substitu·tndo.
, tituloafri as&aran. "º
•· reg1fllefll«p rovincíaS . » e a negaçao da cidadania. à esmagadora . .
ma1onada
ti antias especiais para os IDdígenas canos» por «Das gar . se~n -'ricao _
0 ulaçao, subrnetida a um. estatuto
. - especial,
. o dos «indígenas>). Como
gar l . din ' . d anuas as aJ·
.mdígenas» { que tran5feria para a e1or ana a eterminaçã o dae· Para~ sllª poP tava « 1d' stinguir na Constitmçao.
dois blocos
, .
ou castas de portu gueses,
0
ou não de indígenas nos territórios não africanos). l<is~"<4 salieíl . cí'dad~aos e indígenas». .sena. <<contra rio aos preceitos da fraterm.dade
menosprezo pelo parecer da Câmara Corporati . va constitu1a, um a saber· s tradições esp1ntua1s»,e presentemente, «àprópria tar f
. • às nossa . . e a>>, em
0
vo para esta últiIJ}a e sobretudo para o respetiv o relator, Marcell agra . cri s ta, Assembleia se empregavam, «de umfi.caçãoao máximo d
"d P · h' d °
Caet que
Goveroo e
do hurnano, entre a Metrópole e o Ultramar)).Além do .
, entro
"' era tambémo seu prest.
"e . ente. -ara mais, a em to o o processoumano ' ossive e , .
1. di'gena» prestava-se tanto como a de «coloma))a <<exploraç-
mais,
q
-entendido (ou, noutra mterpretaçao, uma m anobra maquiavélica)· llla\. doP
aiavra«1n . .. . oes
to, no inÍÓO dos trâmiteS para a revisão do Ato Colonial, Salazar· com efei. aP rriscando-se a concitar a hostilidade mternacional. Razõesd
anun.
!Il,1é>'olas
·d•,de
a e razões de Justiça
. . JUStificanam
. . . portanto a concessãoi'urídica e
a Caetano o envio. dos ct:rabalhos»
- . a ela relativos, de modo a que sobreciou e\ 1
oportun1
. dania a a todos os portugu eses. Para Mendes Correia, . .sso não significa-
se fizesseuma «di.scussao di.screta30 »; em respo sta, Caetano propôs-sefazer es
da cida . fi - 1·
. e se caíssena «perigo sa cçao roman 1ca que sena a total equiparação
A .
um parecer «para mero uso particular do Governo », pelo que «nãoh
riaqu . , ntre portugueses c1 ·v1·uza d os e nao - c1v · u·1zados», em especialquanto
ria inronveniente em exprimir francamente» a opinião da Câmara q •~-
como ele próprio, não se indinavll «paraa orientação fortemente m1. ~:~.talla des de lª edireitospolíticos - o que se ev1tana
a certos . . pela aplicaçãode «estatutoses-
da independência aos territórios ultramarinos sob a soberania rov1,1c1.a' a decretar .posteriormente pelo minist ro do Ultramar(d
1
que prenunciava a política de resistência à descolonização se ~ºrtugues e cada P
ern ge ral' com o. Artigo- 134.º, fida Constituição)
, ' de modo a que esse e
. . . al imil. . . gu1dan-. • ª ' o
1 d rdo, d uasse à s1tuaçao geogra ca e as condiçõesdo m . .
1
. o plano mst1tuc1on , o ass ac1omsmo
_ . assumido na revis·
·• a1statd, aC0 e a eq e10soc a13s
ªº re girlle s havia acordo (pelo menos aparentemente) sobre . ..
d d colonial Portug cons :.
tuc1onal de 1951influenciou a evoluçao do sistema bérn . . . _ o prmc1pal
. limi. 11 fafll . dor da proposta - a mst1tmçao,nas província d G
anos. sub sequentes, mas de forma mais ta a o que os seus Pressu
Uês, n
Ili
to inova 1 . s e overno
elerllello eha,..
....,ado«Estado. da. nd1a», Angola . e Moçambique) de conse1hos
A sua consequenaa mais re1evante, de ord
A • •
neralidade dos preceitos e em várias das soluções concre tas nela apresentadaSi
,. e t noque
dos conselhos é exercida sob a superintendência e fiscalizaçãoda metrópole,
o parecer da eamara orporativa concordava com ela, no entan o, .
·t ' . -
respe1 ava a onenta çao geral. Nomeadamente, ambos os docurnen , .
toS3SS
U ~ue, portanto, se lhes pode inclusivamentesubstituir;na províncianãohá um
vernocolegial,
• constituí do de acordo com as correntes de opmiao · ·- repre-
miam que a Lei Orgânica fixaria apenas as bases gerais do regirne politlCo'to 10
4drn · · · d 0 esta
ttl
· IntS t ratlvo as província ultramarinas, ficando o resto para
· GUER RA
coNTRA o VENTO • o tMPtRIO PORTUGU[S NO APÔS A R EFORMU
L AÇll.O DO SIS TEM A 1 215
214
elho e dependente dos seus votos: h á, ant rão «indígena» qualquer forma de represe t _
sentadasno. cons d das funções executivas,. represent ando nel es, um gover a a poPU1a,, n açao nos organis-
com a plenitu e a a aut 1\arl. pa! .
r :.-boae só dele dependente.» ºlidad"llt . ,.,, 1o ca15· na Assembleia Nacional, a proposta do Go,ve
Governode uJ.Jisteroa é pois, uma construçao - e~ - w 05 d bate rno e o contra •
on• gmal,
•
com 1. "ll ~o e da Câmara Corporativa foram considerado . proie-
«O nosso s • . ._ , . a v rt lll'ecer . .d d e s a par, na d1scussão
. .. ressese à opllllao publica local, sem compro Uded todo Perah·dade· Na espec1ah a- e, 1ez-se sobre as bases do co t .
relevoaos 101.e . , . • tneter e~ d n raproJetocom
. de todo terntono portugues. Trata-se de um regun· a u11id dage Jls rnod'ficarões de redaçao e d e pormenor da Comissão do Ul tramar
e de 1 ~ . '
polinca O . 1 ,, •
~- ;'7,,da(com um antecedente no antigo regime, qua t egis\ar~ fíllllt a elo seu presidente, o eputado Sousa Pinto. Mas d 1 .'
escenu~1 . . . . n o ao E 0"l'l(j . 1.11 adaS P uma e as 1a
d . ) que =rime mera necessidade admlillstrativa (lato se ) stad ~_ veic. 1 nge, cocando um ponto fundamental: tratava-se da com . _
pos1çaodos
1a , --r _ nsu e • "q 1
' _
fnd
promete a unidadepolíticada NaçaoPortugue.5•" .» nao">, JJJals 0 legislativos, que, na nova versao, passava de totalmenteel u·
elhOS . e va, a
A proposta do Governo e o parecer. da Camara convergiam igu . l ,on5 aior1 . lei·ta como Teófilo Duarte refenu , a proposta do Go~
ae · . . _ . , ,
,erno .
twera
sistemade administfação ª51lllen~ deJlltra si. o V oto unânime da Com1ssao e fora vista «com seriasapreensoes - por
. local preVIStopara . o ultr amar, de cariz . as. , • , •
00
donista. já que estabeleaa como regra um sistema municipal sernelhlll1k. con se totalidade» dos s1gnatanos da Câmara Corporati'"a ( b
rte da qua . • em ora
da metrópole, com base em concelhos e freguesias. Mas, como no anteao Pª . parecer não as refletisse). Alegava-se que o sistema vigente t· h
respeuvo com a sua ma1ona . . de vogais . ofic1a1. .s, enquadrando os rep m a_
sublinhava.isso não queria dizer que fosse «possível realizar em curto parecer Se 0
rovado bem
assiIIlilaçãomunicipalista de todos os territórios ultr amarinos portuprazoa P das ,populações locais. Se algum destes se tentava a fazerobstruçã re
sentante
. s - - . .
em situaçao falsa «e nao tardava a arrepiar cammho». Não se sabia o,
«O sistemamunicipal só se compreende», explicava -se, «para áreasgueses total0,. sentia-se eria acontecer com conselhos eletivos, . formados por «políticosim-
predommantemente habitadas por brancos ou equipar ados, 0 que está1 u 0 que po d
. dos» por obterem o sufrágio da massa eleitoral4'.
de suceder em todas as de Angola, Moçambiqu e, Guiné ou Timor E tonge prov1sa , _ assentara-se em quehaveria
·- d , . - d b diz , . x ensas Nacomissão, pondo-se de parte essa soluçao,
regioes estas provmaas sao povoa as, a em er, so por indígenas, cu·a
vogaisnomeados e vogais eleitos, discut indo -se apenas se estes deviamser a
vida municipal não poderia ser senão fictícia . A nossa política, nestestjr-
minoriaou a maioria. Vencera esta última opinião, e nesse sentidoSousaPinto
ritórios, tem de continuar a ser a tradicional [...] : deixar que os concelhos 42
apresentouuma prop osta de emenda , que a Assembleia aprovou . Segundoa
correspondam a autênticas realidades sociais e económicas, a aglomerados Base XXVda Lei n.º 2066 , de 27 de junho de 1953, nas provínciasde Governo
de brancos e de civilizados em povoações de categoria semelhante àsdasvi- Geralfuncionaria um Conselho Legislativo, com atribuições legislativas,de
las e cidades da metrópole». Já «no territóri o habitado pelo gentio»teriade maioriaeleita.O núme ro de vogais nomeados e eleitos seria fixadopelo esta-
continuar o sistema vigente <<c omo form a de ocupação administrativa», que tutoa promulgar posteriormente para cada uma dessas províncias, no qual se
era o «das circunscrições civis ou adm inistra tivas, na área das quais umaau- regulariatambém o modo de eleição, de form a a garantir «adequada repre-
toridade admini strativa suba lterna concentra na sua mão a generalidade das sentação»a vários sectores: aos cont ribuintes recenseados com um mínimo
atribuições executivas do governador da prov íncia ». Essas «populações» (ou decontribuição direta; aos organismos corporativos e às associações econó-
seja, «o gentio ») iriam sendo sucessivamente assim iladas e, por outrolado,a micas, culturais e de interesse espiritual e moral, tradicionalmente reconheci-
população metropolitana iria «povoando essas regiõe s». O «desenvolvimento das;aos corpos adminis tr ativos; e aos colégios de eleitores do recenseamento
económico» modificaria «a feição dessas terr as sert anejas: nessa medidaaCU· geraldos círculos em que o terr itório da província fosse dividido. Tratava-se,
cun scrição irá sendo substituída pelo concelho 40».Na realidade, isto signín• portanto,de um mist o de sufr ágio censitário e de representação corporativa,
cavaque, no futuro previsível,se instauravamsistemas de administraçãolo<II ªquesó muito acessoriamente se juntava um mínimo de eleiçãodireta e geral
0
diferentes para «civilizados» e para «indígena s», aproxi mad o do metropcli
· (eSt a mesma forteme nt e condicionada e manipulada, como sempre durante
tano para os prime iros (mas com as presidências d as câmara s atribuídas,pct EstadoNovo).
via de regra, aos administradoresdos concelhos), especial para os,egu•~ Juntode cada governador -geral funcionaria igualmente um Conselho de
com circunscriçõ~sadministrativas,divididas em postos (onde os ~Só 1 ~=';"º•
com atribuições consultivas,compostoporseis membrosnatos(to-
posto concentrariam todo s os poderes) e agrupa das em inte ndêncíaS· . e es altos funcion ários) e dois nomeados pelo governador (BaseXXVlllda
· 1 · ãoba~
mmto ongo prazo se previa a alteração do sistema : de mome nto, n
216 1 CONTRA O VENTO + O IMPí'.RIO PORTUGU(S NO APÔS-GU ERRA
A REFORMULAÇÃO
DO SISTEMA 1 217
mesma lei). Era esse Conselho que «elegia» os representantes d .. eia . de que a mudança de terminologia fora recente, cobnndo . ap
co JlsoeJl s anos do Estado Novo. Do mesmo passo' retoroaram-se dand0 enas \h
indígena» nos conselhos legislativos de ':11gola e Moçambiqu: «pºPtt4 ,
III, d). Neste ponto, nada se alt~va na atitude p~tei:nalistada a:ª~e1 ~ o S
{lltiJllº
re ev 0 , os elementos de uma
J1lJ1º"º 1 e lhe retirava toda a 1de1ade ocupaçãoe de
. narrativa
. sobrea presença' de Portu - es
_ colonial
g
al
colonial portuguesa em relação a esmagadora ti é .mar qu . ~ . . . opressao
, . maiona da popuiaçao _ lltstra
af ç~ ,•
al Jll b signo da m1ssao c1vil1zadorae evangelizad 46 '
remetida para o indigenato, sem voz p~pn _a. ric~ 1)0 do-a so O . . . ora .
coloca .11
neste con texto que,
. nos meios
. ofi.c1a1s portugueses
. . , selan _
çoumao,como
Quanto à função dos conselhos legislativos, em geral, não d . foi de JUS . t'.i::cação
- · · Castilh0 N · nh elJCava 111 1deológ1
•
ca, do lusotrop1cahsmo
•
do sociólogobrasile1ro
. .
razão o deputado pela India, conego . _oro a, quando ar deter recllrs0to f reyre _ uma teoria que reconhecia nos Portuguesesuma capac1 .dade
ue regun· e -t,::ioora pronnc:to
y ~ - em pouco divergia do anterior , sendo gulllenta
·1
1 ~a G ilb er se instalarem nas zonas tropicais, misturando-se co
q O íal para . . . . m os povos
os poderes conferidos aos novos órgãos, uma vez· que · o governador-ger llsóri0s espec . do sociedades multtrrac
1
. e crian , . 1a1s harmoniosamente
. integradas,berço
caso de divergência, podia levar o assunto ao IlllillStro do Ultr a.,etn \ocat5 a c..v1 .1z ação com caractensticas próprias. Essa capacidadeexpl·1car-se-
•
cabia semprea d,cisão final•'. Como a regulamentação conc:"'tar,ªquetn de llJ1l 1 1um provável fundo africano da população indígenapeninsul
- ,1 e a ficav
metida para os estatutos. a questao manter-se- a atente, nos an
- . ~~
a re. -1.a qllerbportudo pelo longo contacto d e portugueses com árabes e berbere ar,
no que à 1ndiaPortuguesa respeitaVª (como verem os na Parte II)· Porllltes, qll er so re . ....,ensinado a conhecer e a adotar noçoes e atitudesignorads,
-
e lhe teria...
lado, nas provínciasde Governosimples - que eram tod as as outras outro qll . t europeus: «nas terras quentes do ultramar, os Portuguesesen- as
· d da tnd· - 'Paraa1· 111 5
de Angola, Moçambiquee do Esta o . 1a -. nao ,havia sequer estearr e Pe\os ouro exageradas ou mtens1fica . . d as, cores, formas de mulher,paisagens
medo de represem.açãolocal no campo leg:islatiVo.Aí, haveria conselh e. contr a rarn, dores, sensaçoes, qualidades do solo, valores de cultura,que J. á co-,
_ .
Governo, compostospor vogaisnão oficiais, eleitos ou nomeados , e porvogais osde sabore s, o
. rn de forma menos mtensa, . menos viva, . menos crua, nas regiõespor-
oficiais,natos ou nomeados.que o governador deveria ouvir, para O exercíc' nhec1 a ofundamente marcadas pela presença moura47)). Sendo pelassuas
tugtieSas, Pr . . _ '
da sua competêncialegislativa- caindo,portanto, a exigência da maioria,.;: ró rias origens,o resultado de um a m1sc1genaçaocom as «gentesdas terras
(Base XXXIe Base XXXIVda Lei n.º 2066). Resta acrescentar que seabriaa pquente p
s»,0 Portugues recusar-se-ia a associar aiºdeia
A • • . de povo branco a uma
possibilidade de, nos futuros estatutos, se instituir «um regime de administra- «cultura superior» e a de povo negro a uma «cultura inferion).Daí a sua ap-
ção semelhanteao das ilhasadjacentes»(Base V, II, da mesma lei). Tinha-se em tidãopara travar com as populaçõe s não-eu ropeias relações «não somentede
44
vista o caso de Cabo Verde;mas não foi essa nunca a via seguida • reciproci dade, mas também de interpe netração amplamente cultural e livre-
mentebiológica, liberta do terror anglo-saxónico acerca do que se apelida de
"mongreliza ção" - a mestiçagem 48 ». Finalmente , a presença portuguesa nos
Muito limitadas no âmbito político-administrativ o, como acabámosdever, trópicosestaria ainda marcada pelo seu carácter «cristocêntrico)) - ou seja,
as consequências de viragem de começos da déca da, sinalizada pela revisão pelasuapreocupação em transmitir aos povos não-cristãos <mm conjunto de
constitucional de 1951,foram bem mais relevantes no plan o da ideologiaeda valores independentes da raça ou mesm o da civilização de quem os propaga))
retórica pela qual se exprimia - caracterizada pelo reforço da noção daespe · -, emcontraposição à índo le etnocê ntr ica do esforço colonizador de outras
cificidade do caso português, inassimilável, pela sua própri a natureza.aodas naçõe s europeias. Por to das estas razões, a tendência dominante do sistema
potências imperiais europeias. Não apenas dos docu mentos oficiais,mas de derelaçõesraciais estabelecido pelos Portugueses nos trópicos seria, não a
toda a expressão pública, procurou banir-se o term o «colóni as» ou aparenta· «subjugação)) nem mesmo a «assimilaç ão», mas a «integração))- a criaçãopor
dos para referir o «ultramar português», fazendo deles expre ssões subversh~ fusão ,ª partir de eleme ntos de origens diferentes , de uma nova socie
· · dªde e
ou mesmo de lesa-pátria. Num país muito controla do, sob uma censurafer· mesmode uma nova civilização, a «lusotropical ».
. do25de 2
rea, .ªmanobra teve um certo êxito: demonstra-o o facto de, já depois ·da· Promovida por Sarmento Rodrigues ministro das Colónias desde de
a ,
Abnl de 1974, a utilização da palavra <<colónias»por Mário Soares, na quali g~sto de 195° (depois da revisão constitucional de 1951,do Ultramar) ª «apro-
de de ministro dos Negócios Estrangeiros, aludin do aos ter ritórios ultrarna· priação
. , » d0 lusotropicalismo pelo Estado Novo teve como marco sim · b O'li co
rinos p~rtugueses:te: tid,o um •impacto negativo e sabor pecaminoso n::,
a v1s1taa portugal de Gilberto Freyre , no ano seguinte, e a sua viagem
· pelas
p ande area da opm1aopublica portuguesa"s».Ao que parece , perdera-se
218 CONTRA O VENTO • O IYP(IUO PORTUGU(S NO APô S-GUER!ll,
A REFORMULAÇÃ.O DO SISTEMA \ 2 19
colónias portuguesas (excluindo Macau e Trmor). a comi te d tra 1.cionais. Neste ponto. - .como em muitosoutros que ao ult
tu d faz o Go"
A •
mas 1arga1Ilffiteaceite na metrópole, a ideia de inte . apendp trangeiros, entre os missionários cat6licos>•
ero e es . . -
lll A recusa do poder central de ace1t~r a cnaçao de mstituiçõesde nível
. .
imíção de umanação una, indo do Minh o a Timorgr(açàQ
'tàf
' - no ultramar - recusa reiterada, por exemplo pelo ministr
dizer-se - era Wll ..J:t:cilm · t
en e con cili.ave
' l com as realidades
corn
o univers1 10 . . , o
SarJilento Rodrigues em nota enviada ~ Salazar ~ 27 de Junho de 195354 _ res-
· ~. todaa ev~r;jn
u ......,.....,.aí conh ecida a partir de finaisdo ,
secuJ
o . ·a a uns poucos o acesso ao ensmo superior. Mas mesmo essespou-
XIX a contrafiava. Mwto inf}nenteS até então, em todas as parcelas do Impéri o, tnngt ' d e mqwe
· · t açao
- para o regune,
·
cosse tornaram uma 1onte a partir de finais
as elites locais tinham ,indo progressivamente a perder posições, do ponto dadécada de quarenta. Era o tempo da «geração de lAmílcar1Cabrah>,na
de vista económico. .iOCial e político,face ao novo aparelh o do Estadocolo- expressãode Mário Pinto de Andrade, que dela fez parte, juntamentecom
nia l em consuução, .de cujosquadrossuperiores e intermé dios foramafasta- AgostinhoNeto, Humberto Machado, Noémia de Sousa, Alda do Espírito
colonoseuropeuss:. Do mesmo passo, introduziu-se na Santoe Francisco José Tenreiro, entre outro s. Um dos seus pontos de apoio
· .ção rígida entre «indígenas+ e 4(assimila dos» ou cciviliza . eraa Casados Estudantes do Império (CEI) - uma «associaçãoque agrupava
.i.çõesesparsas de ordem local e depois peloDm todosos originários dos países do Impér io l...1e que permitia uma ação as-
.embrode 192.6,que pôs em vigor o Estatuto Políi \OCiativa, de tempos livres, mas igualm ente uma ação cultural, porque havia
ivil e Criminal oos:Indígenasde Angola e Moçambique (alargado à umarevista,a revista Mensagem,e conferências>> , com um «públicolargo» de
pe lo Decreto n.º 13968, de 30 de maio de 1927,e reformula do em pont, estudantesafricanos de diversas origens raciais», para além de «gente)>de
po rmenor pelo .Decreton.º 16 473,de 6 de fevereiro de 1929). Na base Goae de Macau55• Forma da em 1944, por impulso do ministro das Colónia.,,
Est atuto, estava a conceçãodos «indígenas• - defini dos como os «indi VieuaMachado,a CEI «cedo subverteu as expectativas do regime», como re-
de raça negra ou deladescendentes que, pela sua ilustração e costumes.se ereCláudiaCastelo: «impôs-se como um espaço de oposição ao salazarismo
0
distin gam do comum daquela raça» (Artigo 30. ) - enquanto aocolonialismo,de (re)descoberta da cultura africana, de formação polí-
de um a ~mentalidade de primitivos,., de «civilização rudimen tar.;;, e par ticade muitos dos fut uros dirigentes e ativistas dos movimentos de liber-
neces sitados de tutela, a exercer pelas autoridades portuguesas (nos te tação(Amílcar Cabral, Agostinho Neto , Marcelino dos Santos, Mário Pinto
preâm bulo do citado decreto de 1926). Aos «indígenas» seria m aplicáV~ deAndrade, Fernan do Ganhão, David Bernardino, Tomás Medeiros e mui-
usos e costumeslocais, tanto em matérias de direito privado como ded1 . m,outros)».A 30 de maio de 1952, alertado pela PIDE, o Governo impos · • '
ª
6
público (com negação dos direitos políticos «em relação a instituiçõeSdtª _,Eluma comissão admini strativa, que a irá dirigir até 195]5• No final desse
rácter europeu», segundo O Artigo 9.º) . mdesmoano, minis tro do Ultramar Sarmento Rodrigues, deu contaª Salazar
0
Em boa parte, esta evolução resultava do tem or do poder colonial por a,uªpreocupação com a CEI, a par' da Liga Nacional Africana em Luandª «e
, sempre frágil, de perder o controlo sobre as elites locais, focsel11
220 CONTRA o VENTO • o IMPtRIO PORTUGur.s NO APÔS -GUERRA.
A REFORMULAÇI\.Q DO SISTEMA \ 221
ainda outras manifestações de isolamento e separaçã o, que d e 195o) , 0 Gover no assegurava aos «i·nd'igenas l 1 l .
l···1» · «A minha ideia,. • acrescentava, «foi sempre aca bar com.
r de lá c11,
,-.er~ a JéCª ª d lherem
o d esco
o trab alho qu e melhor lhes convi·e . ··· Pena liber-
. . . n>, mas rese
que segrega os estudantes e os lança num campo públi co ad UmOtg . ~ ade e te «o direito de os in citar a trabalhar d rvava-se
, . . . al É fru Verso ~~ earrien e conta própf l 1
no fu turo a propna umdade naaon . o - dto que dali sai.. Mas ~
'ªrneaÇan~
d
siJllultafl
uzar e
tut elar b eneficamente o seu trabalho em
, . b lh f
. ia ··· e
regime de contrato>>
b ar?» A seu ver., a resposta estaria na cnaçao . e uma casa para com -~
º¼ de fisca
·go 4· .º) Em prin cipio, o tra a o orçado passava a s
, bl' d ' . . .
er proibido, salvo
em geral , na qual a _Mocidade PortugUesa tena um pap el dom.· os esttt· · (AfU rv .ços de int eresse . .pu_ 1co e carac ter inadiável. _ ' com d.ueito. a remu-
tre não teve seguimento. Aliás.acredit~ que a Mocida de Por:::ante». o¾ elll seãO1 ou em sub st1tu1çao de penas de pn sao (como se esfipu1ara )ª . , no
0 •. eraÇto' dos Indígenas de Angola e Moça mbique, aprovado p 1 D
ter uma influência marcante junto da Juventude univ ersitá na, nad 'p ~~lê
. guesa 0
. e o ecreto
E,statll de de outubro de 1926, artigos 5.0 e 11.º), a que se acresc t ,
1950, era nada perceber do espírito do te~po. ecada
~ o 2 533, 23 - fi . en ara o
íl· 1 riJllento de obrigaçoes sca1s, segun do o Artigo 20 ·º do Ato Co1omal .
Por seu lado, o grupode estudantes africanos mais po litizado
.b Afri . s forrn cllfllP E
30 s a
t s normas procuravam adequar-se às da convenção d e 25 de
IS oa o Centro de Estud os can os_- «~~ co~a mui to pequena ílrael!\
L de 19 · d 6 sobre a escravatura e o tráfico de escravos (que
talvez grandes repercussões ·,, com o diz Mário Pmto de Andrad 'quetev, eteillbro e 192. ' . . , no seu
s . proibir a O trabalho forçado em proveito de mteresses particula-
define os .seusfundament.OSe os seus objetivos: «Er a pre ciso dar e, que¾ini 0
, , . p p a conhece. Art1go , 5·ual Portu gal a d enra,. v1san . d o por-se ao ab ngo
A . das campanhas inter-
ca , conhecenru>- nDSa nos propnos. ara os ortu gueses n, , r 1a
res ), ª ·t · d' d
:-:1~d ] [ ]
Afri . q . neste do ,
min10,· mm o vivas nas eca as anteriores.
Afri' • , ..,!_ 1..,...,., • os erarnos,
,
Sulllld! os ... De ca nos ~ os a VIVenaa, a Vl.ven cia material .....
A • • A '
nacionai s
Noentanto, Governo portugues
A
recusara-s e a ratificar a convenção de
0
eia social mas não tínhamosrefletido sobr e a noss a cultura[ ...]: et~vên. d ·unho de 0 , qu e previa a abolição do trabalho forçado sob todas as
. u1a , , •dA . . naoera 193
veic da nas nossaslínguaS - e uma evi enaa -, m m tos de nós não fal ::asef~rmas, incluindo p ara fins p~blicos. ~ar~ Lis~oa , a proibição total era
mesmo a língua ou uma das linguaS do país [...] Era necessário tomar:vam 0 inaceitável, por duas orde ns de razoes: «Pn me1ro nao estaria de acordo com
ciência dis so: era uma autoconscien~ ção d a cul tura africana na sua; a dignidadee os direitos do s Esta do s. Com efeito, trata-se de um género de
balidade, da civilização africanae das diver sas cul turas no quadro continental, trabalhoque só o Estado pode empr egar e cuja natureza de utilidade pública
e do mund o negro e para lá do mund o n egr o 58». O Ce ntro elaborou e levou à torna muito especial. Além di sso, deve considerar-se que as condições e as
0
prática, entre 1951e 1954,um plano de estud os e de con ferências: «eraumfer - necessidades de aplicação deste género de trab alh o são próprias das obras de
vilhar , era wn quadro de reflexão, de tr oca de id eias, de tomada de consciên - colonização e que estas se realizam em circunstâncias tão diferentes que toda
59 61
ci a: tom ada de consciência cultural, aberta à polítí ca » . Paralelamente, osati- a generalização não tem efeitos úteis .»
v istas afr icanos militavamem organiza çõ es próxim as do Partido Comun ista Esta situação mantinha-se ainda apó s a Segund a Guerra Mundial, quan-
Português. nomeadamente o MUD (Mov ime nto de Unidade Democrática do a questão voltou a ganhar peso , su scitada pela Organ ização Int ernacional
Juvenil . onde aprenderam toda uma «técn ica de clan destinidade» quelhõ do Trabalho e pelo Conse lho Económico e Social da ONU. Desde 1948,
se rvirá mais tarde • Tudo isto se passava num u ni ve rso restrito; masestavam
60 Portugal foi receb endo vári o s pedidos de informação sobre a eventual prá-
aqui as sementes de muita da ação futura na s colónias. tica de traba lho forçado nas suas colónias, solicitadas por uma ou outra
daquelas insti tui çõ es, no âmb ito de inquéritos gerais. A essa pressão, ainda
difusa,veio em 1952 a acresc entar -se uma outra: por vias não oficiais, o em-
- d •tóriospc
rtn baixador da Inglaterra, N igel Ronald, chamou a atenção do Governo por-
Entr etanto, a esmagadora maioria da popu laçao os tern ad ínistra·
gu ese s de África vivia num outro mundo, sujei ta à «t ute la» da ; levar tuguêspara os problemas que poderiam advir das atividades de um Comité
O ~.special par a o Trabalho Fo rçado recentemente formado, com o encargo de
ção p ortugu esa. Um dos objetivos centrais d ess a «tute la>>era _. 1.11
. ou porfat,U'" ' · e Socia
elaborar um relatório sobr e o assunto para o Conselho Economico · l·
«indíg ena» - natu ra lmente preguiçoso, por r azões naturai s n.ldt nd
. ó . b . ça- o moral e 1e~
N:
- . Sabia-se que havia acusações contra Portugal - e que elas tinham um fu o
h 1st nc as, consoant e as versoes - a cumprir a sua o nga urfllOI
de verdade - relativas ao recrutamento de mão de obra «indígena)), sobre-
trabalhar , em prol de si pr ópr io, da sociedade e da «ci viliza çã o». Af ri'l
do Código de Trabalho dos Ind ígen as nas colón ias portug uesas essenc
iaL tudo em Angola, temendo a Inglaterra que se desencadeasse uma campa-
222 1
. por atingir todos os países colonia• assim, quanto à convençãoem caus
ue acabana . is. Par t ,i l'.~ - 66 a, o procedimento da
n aq siderava que se deveriam reunir elem ª a enr ~ c.oi-.Africana ».
h baitador con , d entos d e inrrei\la1 vri1aoS·J11se ,,oitava
.
à argumentaçao
_ . .
utilizada já em 193o, def endend
ettl s de a des.,..,entir
J"
- para alem e, no terreno '
se d
ar '()r 'º v • • •
capaz< ,nediado. En> qualquer caso, parecia lh ''lllédi ~'I; J\S51 ·d de e a legitimidade da intervenção do Estad0 o-se 0
s1 a . . d . para coagir
pudesse ser re" e •necessi n ,,,q' a oece trabalhar e reJc1t an o-se a interferência exte
5
lgena>> ª . à d . rna em matérias
• depressa
muito •·
português reagiu placidamente a estes . t,o ªndai
• ~ifld ja1 .,..,total opos1çao . ten ênc1a
.s --e,.. 4
to e tra - , iao Sul 1eg1 sa da ratificação est ivesse na consciência que Salazart ' h d
d bal
condirõesde uabalho em Sao Tome - pela invocaç ·Afr
i can
4
a a recu , m a e
so r ,. ao d ••tt par dições de trabalho prevalecentes nas colónia!>não podiam
e as ue regiam o assunto , pro curando mostra r q asleí~, ue as con
·d ao escrutín io externo sem desdouro para o pais ao contráser
.
g b..,,en q ue se d . " q
bmetl a5 . ,
.
no
tos
_ a for"' os «indígenas•. mas
ul
nao r . l . la protegê-los''·
_ Nesta e noutraess t,%,.-.., su firmava (escrutinío a que a convenção abriria a porta, por obrigar
s en tava-se a ex.ce
lênc1 a da eg1s açao portuguesa
_ . neste d .'
omlnioocasiõ..-.., do queío a à OIT de relatórios . anuais . sob re a e1orma como estavaa ser aplí-
ali sidoultral'assa
teria da pelas convenço~• m~ernacionais,podend;qu,n;. ao envEssa consciência . provm . h a d a .101oe rmaçao
- que circulavanos meio
gu aspetos• considerar-se mais favoravel , . as populações nativa. s64 em
_ G\. cada)• -entai s portu gueses, sub'm do ao pr pno 6 . presidente do Conselho
basens nestaideia.ganhou peso em vanos _ departamentos ofic1a1 , .s a '·O •••
1
gsob
overn
re asau•formas de recrutamento de mao -
de obra nas colónias,em parti-,
.
ue defendiaa ratificaçãoda Convençao sobr e o Trabalho Forçado dei Pn1e1
9 68
as m stancias cular
Se em Ango1a o. trabalho penal (que podia atingir algumadimensão,dado
excluirmos
qA partirde 19,il!,foramsucessIVamentedando a sua anuência . , ~
consultadasdos ministé extensolequede infrações que com ele eram punidas, desdeas violaçõesao
•· rios das de Colónias/Ult
• d ramar) (dcom despachofavora ..
0Códigode Trabalho, à falta de pagamento do imposto, entre outras~), esse
vel do respetivominIStro a 1 e 1ever_e1ro e 1952 , as Corporaçõe sedos
recrutatt1entoera em princípio livre, realizado medianteum contrato.Na prá-
NegóciosEstrangeíros65• Mas, em maio de 1955, o processo acaboupor1e1
tica, porém,a coerção desempenhava um largo papel. tornando essecontra-
travado pelo próprio Salazar, que, através do mi nistro das Corpor açótl,
O
Soaresda Fonseca,indicou ao do Ultrama r a «conv eniência» de «exami- tofictício.
Asuaforma mais gravosa, mais próxima do trabalho escravopuro e sim-
nar de novo,à luz das sugestões seguintes»: send o certo que a «le~sl~
ples,estavano recrutamento para o Estado, o qual, nos termos do Artigo20.º
ultramarina»se poderia considerar «mod elar no aspeto social»;e queelaen
doAto Colonial,depois transcrito no Artigo 146 .º da Constituição revistaem
observada«pela generalidade das empres as priv adas » (ainda quecomie1-
1951,podia«compelir os indígenas ao trabalho em obras públicasde interesse
se «diligenciar por maior perfeição dos contra tos de trabalhoindígena, • geralda coletividade».Apanhados em rusgas, todos os «indígenas» encontra-
quantoaosserviçospúblicos,eliminar «uma ou outra condiçãoefeti - dos semdocumentos de identificação, ou em falta no pagamentodo imposto
te maisdurade trabalho»)- o que permiti a fazer a ratificaçãodacon,tD\" percapita , ou sem trabalh o certo, eram considerados como «vagabundos» e
-, devia,no entanto,«ponderar-se que em muitos casos ser[ia]imP"' levadospara servir na construção de estradas, vias-férreas,barragens,edifí-
trazero indígenaao trabalho,e, através deste, ao desejávelníveldeci1ilir> cios públicos,situados em zonas distantes dos seus lugaresde origem,sendo
t
çãosemalgumconstrangimentoinicial», sendo «duvidoso• que~tol"'1" malpagose mal alimentados , sob uma disciplina rigorosa.À sua cuSa se fize-
se «fazer-seem plenatranquilidade de consciência jurídico-politica ~ ramasobras de fomento que, em particular na década de 1950,se executaram
da c - · · d'genasdo~
onvençao_- a menos que se renunciasse a tirar mnitos lll '. , , oU1,111 nas colónias7º.
estadopnm,tivo de não civilização».Daí duas soluções poss1"e~:iJ!II' Jâno recrutamento para as empresas particulareso Estadodeviaintervir
quese cometia«a "audácia"de afirmar esta verdade• nas reun'°" v/11 a~enasno exercício da sua função fiscalizadora, com o objetivode protegeros
nacionais,«dizendoem voz alta o que decerto ninguém
• ndígen
1 i~~~1~ d
as». Neste caso, as empres as recorriam a recruta ores pro
fissionais
'
apa'.entamdesconhecen,;ou bem que se considerava «~ J
~ ···mitir,ouanto nossQ oaís, a interv.e11ca.Q
a<i.oer · ·
ªº •
da -
Ol~ -·' _,
,.no • o 1MPl:RIO poRTUGUl:S NO APÔS -GU[RR A REFO RMULAÇÃO 00 SI STEMA \ 225
224 co!'ITRA o v
[ ,.
1
. d ,.., que «protegidos ou ajudados p elas auto .d to aos l•nd ígenas «contr atados)},a sua condiç-ao nao
_ seria a lh
os angana
, or.....,.
,.~ai . Mas, segund o indican º ade:;11,obr
do de, trabalhadores 11> au an ntigos escravos, nas palavras, porventura al me or
"º nú.Jilero.-.D- qenr · ll)h,
a dos a - d go exagerada d
·1 b e relatório que ern1947 apresen tou na Assem bleia N .0iquee;:"Ili\ o qlle. de tJp enriqu e Galvao aprese nt a o na Assembleia N ac1.ona\1;. s, o
no ce e r
cu ·do ern sessão secreta, tornara-s alhe co
aq
d rrente, por parte d a adnaJ,
a~-
. onder•. ~
d,elatór10 . rnos ser realistas, a situação é pelo menos tão d
, quiser · co
esumana
st ~
tI a política ,de recrutar trab
i5e da completa escravatu ra. Contudo, nesse t mo
dis' blica,
pu
a ores, através dos s
eus a
lll1ni
r% os ternPº 5 . ld b lh . empo, o negro
era orado corno um anima e tra. a .o, contmuava a ser u ma peça da pro-,
. divíduos e empresasparticulares 11> . Em Angola, o Gover gentes,
:':,.'"' e ddiberadaJJlente recrutador e distr ibuidor de trab~~
. . - d G ador ~ fizer,
_~;"
co!JlPde pessoal que O seu dono tinha interesse em manter saud ave
priedª i corn O seu boi ou seu cavalo.»
, 1e vigoro
.
-
víduos e empresas ,. iam - as repartiçoes o overno» e pre enchia . es qlle. in. fllº faz a te negro nao- é ven dº1d o mas simplesmente
.
a, coAtuatrnen , . alugado G
ao overno
di . ento para fornecimento
qu . de
. tra balh adores, tão im pr ud enteniIli ~uni0te 5
d
11 er er o
rótulo de homem livre. O pat rão importa -se pouco que o h o-
erun
_,...,vessea pedir um forneam ent o de mercadoria s>> E ent ec ,,,
se =u , . · m Mo ·••u se!JlP °''ª ou rnorra , desde que trabalhe enq uanto puder; pois O patrão pode
s=•;a-se
"b-
,quaseo mesmo metodo, mas mais sub- reptici amente» 1'11lb s l iqo ~ Jlle!Jl" 1 lhe forn eçam outro trabalhador, se o primeiro ficar incapacitad
-se «a fachada». «Com a continuação e o aumento d este métod ' ª"andu. pedirque o ou
· d ti. ul o», con·
Galvão,«cresce entre os co 1oruza ores - par c ares a ideia de que o G tin\!a !11
se LT, 0 rrer.»
atrões que deixam morrer até 35 por cento dos trabalhadores que re-
tem obrigação de os abastecer. de- mao .de obra e o Gove rno pa receteovernu «r1adosP agentes governamentais. durante aq uil o a que se chama período do
nheddo facilmente essa obngaçao, pois fornece me smo a mão d r reco. cebefll e trabalho . Mas nao · d e que a a1gum deles tenham sid
- h a' no t'ic1as
. - sufi . e obra
colonos e, para ter uma pr(JVl.SaO aente, com ete , atravé s dos s ªO\ contrato d
s novos trabalh adores para trabalh arem nas mesmas condições )> o
ultrajesque levariam à prisãoum recrutador particular".» eus'i'nl!\ recus a dº .
Assim descrita em 194 7, a s1tuaçao _ nao_ m elhorou nos anos seguintes,· com
Esses «agentes ,. eram, na primeira linha,
. os administ
. radores de p
ainda segundo Galvão - viam bem os mco nvementes do sistema , nomead a-
-~,
~ aprocUra
crescente de m ão de ob ra trazi da pelo desenvolvimento económico
., , . 0
e!llparticular em Angola. Alias, no s come ços da decada seguinte, arcebispo
,
0
mente nas circunscrições onde a população não era já bastante para satis
fa. de Luanda fez-se involuntariamente eco das palavras de Galvão, ao criticar
zer as requisições: t<
mas as ordens são termin antes e ao s funcionários cumpr
e iicinismo» das autoridades , que chega va «ao ponto de dizerem que repudiam
76
O
obedecer-lhes: tantos trabalhadores para a empresa t al, tantos para patrão a acusação de venderem pretos , porque só os alugam » .
fulano, tanto {sic] para sicrane>72».Pression ados pelos administradores,,
01 Em Moçambique , a administração terá ficad o mais próxima das disposi-
sobas, ou comet{iam] ou sofr[iam] violênci as», tudo dependendo da «massa ções legais,após 1945, compelindo os Africanos a trabalh ar e recorrendo tam-
bémaos chefes gentílicos para o exercício dessa compuls ão, mas concedendo-
recrutável» de que dispunham: -lhes, pelo menos em teoria, a liberda de de escolher a empresa em que se
,fa.
«Se o número não lhes falha escolhem quem muit o bem lhes apetece
vore cem os que lhe [sic] pagam para se isent arem e co n sumem [sic]pequen
as empregariam. Por outro lado, parece te r ha vido uma melhoria das condições
77
vingan ças . Se não têm gente bastante para sat isfazer a requisição do chef
ede detrabalho e de alimentação dos «in dígenas >>recrutados •
À pressão das autoridades as p opula ções respondiam pela fuga, em qual-
posto - levam palmatoadas na secretaria!»
quer dos terri tóri os, procurando ocu ltar -se ou , nas regiões mais próximas da
«As autoridades castigam os chefes indíge nas que não lhes apresentamº
0 fronteira,transi tando para as colónia s vizinhas, onde, além do mais, o nível
número exigido, tornam os sobas responsáve is pelos fugitivos - ou, ~ue .e
de vida dos «nativos» era considerave lmente mais alto. No citado relatório de
normal tamb ém, resolvem o caso mais dras ti camente enviando os sipaios1as
47de Galvão, ind icavam -se como áreas «a caminho de um rápido e comple-
povoações prender a torto e a direito até à satisfação da quantidade·Osdo 19
. d jXall todespovoamento >>,devido à emigraçã o provocada pelo trabalho compelido,
pa1os, por sua vez, fazem negócio com a m issão que tê m a cumprir, e
"Uma zona com mai s de cem quilóme tros de largura ao longo de quase todaª
~~;
escapar os que os gratific am n.» extensãodas front eira s de Angola»; um a outra com idêntica largura ((aolongo
O sistemacontribuíapara deslegitimar os chefes gentilicos,que dafronteua ·- ao lon-
· de Moçambique e a nor t e do rio Save>>; e ((vastas regioes
fun c10nar, nesta e noutras mat érias, como simples age ntes de transmiSSáO·.
adm' - - f t11r"
b goda fronteira
. da Guiné Portuguesa 78
m15traçao portuguesa, a nível local (sendo que as grand~ cheªn .,) ».
denam ento social das roças», como refere Au gu sto NascimentoAnosmais taxas• a irnputar sobre os roceir os º .
Estapolíticaficouplasmada no Decreto n.º 36 888, de 28 de maio de 1948,
do aumento dos custos de mãodeobr.
tarde, o Centro ColonialqueixOu•se
elaborado porTeófiloDuarte «em estreito contacto» com a direçãodo Centro
resultante dasmedidasentãotomadas sobre os salários, alimentação.assistln• Colon
88 ial - o que, na opinião do ministro, deveria assegurar que as coisas
eia sa nitária e depósito de garantia do rep atr íamen to
• corressem «sem grandes atrito s» com os proprietários das roças, pelo me·
Nesta políticareformista- que não punha em causa o essencialdosis nosde início. No essencial, o novo diploma determinava que, «na medida
tema das roças-, Gorgulhocontinuou a contar com o apoio do poder an- dassuasdisponibilidades»,o Governo da colónia fosse construindo «aldeias
tral, quando,emfevereirode 1947,Marcello Caetano foi substituidono<"l' paratrabalhadores», de onde no futuro sairia «a mão de obra necessáriaàs
de ministro das Colóniaspor TeófiloDuarte. Meses mais tarde, esteúllímO propriedadesmais próximas, evitando -se assim a residênciaobrigatórianes-
afirmou a propósitode integraras medidas de reforma num objetiVO llllll tas»(Artigo11. Povoariam tais aldeias «casais de serviçais))das roças,
). ou
0 12
ambicioso - o de «conseguirque SãoTomé, daqui a anos, tenha ,não de"'1 •recrutadosfora da colónia)) ou ainda «trabalhadores nativos)>(Artigo ·º).
própria suficiente,não precisandopois de recorrer periodicam<llt<• ()ldJll ,,C adafamíliamoradora nas aldeias)) teria direito a ((habitaçãogratuita e ª
colómas: usando-sedos tradicionaisprocessos compulsivos, COfl1 P"1 ,ma glebade terra» (Artigo 16.º) . À medida em que se fossemconstruindo
dos m~igenas que fogemao recrutamento,dos governos coloniail• 'l"" aldeias' ma · · sendo <ffeduz1do
. o fornecimento de serviçais
· · com h abºitaçao
- ndnas
este nao convém, e dos roceirosque em épocas de dificuldades ,nalpOlk" "'las, de modo que, com o decorrer do tempo», nelas só ficasse«residi o
4
c~m _despesas da repatriação,. O «problema»devia ser abordado .CAJlll- r rmanenteme nte o pessoal empregado em serviços especiais»(Artigo , .•).
gen cia», .atendendo à «necesSt"dade de prevenir campanhas e,dtfD""_.,111.,,
· Pat1
previa-se que o Governolocal promul-
.1.
O mrelaçãoaos «nativos))
. ,
da colonia,
consegm r esse .obJ'etivo, havia • «processos»: tentar fixar «pel -,005
· tres ~ _.,~ vis.
gasse«asmed"das conducentes ao melhoramento do seu atual mve , l de vi.dª)),
guns» dos serviçaisque eSt avamnas ilhas «há muitos anos»; recru tar.cv-·
..tt,~ 1
230
ofl a os 2 8 mil serviçais (número que deve compreende
firo de o }evara lcomparticiP~ mais intensamente na athidad
. •) (urna formula arobigua. qu e, no conte..xtodo d e ecoti•
~
etl
948, r .d Vªs» de São Tomé que nelas trabalhavampor r cerca
1 o <<fla uvo d d 4894) , venturaem tarefas
{Artigo 30 . . • b ecret0 ll
e40° .•ndo da os e 19
· tt·\-o de obnº'1I'os . nattYOS"' ao tra alho n as r , dei~- •
tre,-er o ob 1e ~
,.,..,.. Governo a fundar uma escola agncola e
oças)• ""<l\'a
' e auto-·
Jrotlwa1·s,gra.fl
seg=de· parte dos novos recruta ·d d dos vinha de CaboVerde, SUJe1to . . sà
-se esseOlic;::.;uu 0 outra d úlllª _ da forne e das auton a es portuguesas:em m d
. ..-a:1r is JllisSôeS
• • •
catolicas.«destinadas pnncipalm e artes oerçao _ ea os de 1948
aos. a enu~c- . ent el'IC! dllPla e
_1 "a-se a
remessa de 6738 para Sao
. Tomé (tendo ido O t
u ros 620 para'
de preparar os capatazes agncolas e operári os e e aostia:"li,
mo . .d speci..,1, assiflílJª para Moçambique, «destmados aos plantadores» para al' d
essanosfunàs plantaçõeS e às out:raSatiVl ades da colónia,. (Arr <lllla, l e 777 . ' em os
A,tlgo aue a Cornpanhia de Cabinda tomara . no ano anterior)9s. 0 s restantes
. o~-~º""' objeto de wna-..execução .gra dual »: só depois de ,ie1tos. ~go32.Q)•..,,
,1 :z,ooq ·d ern Angola e em Moçambique, segundo práticasmui·to .
expenenó~
ist se mu,granam as medidas do decreto num regu1 ••n 1 obtl os enrai -
efcll11 . das ,•ádo século x1x, apesar das «enormes dificuldades de recru-
v-ifl
Na realidade.o processo congeminado por Teófilo ou.,:'entog, ~' zadas, pto» evantadas pelas respetivas autoridades . e pelos «chefesind'1gena s,
tuir sistema das roças . tinha uma litlha que, logo à partida P•ra
,emgrad o,i, tartl 1
e ' á tradição de São Tomé, colóma para onde se ia, mas dondese n-
te OiD\iabi.lizava:connnuava a contar , _para ob~er o pessoal das ro n ePar . ·doà m w
1 deVl
a inStalarnas aldeiaS,
O
. com. a sua . arregunentaçao compulsiva,soretd bças,ago • volta\l'a [...)».
DeMoçambiq O
ue, o e~carregado de Governo aler~arapara perigode sub-
Angolae Mo,;amln<!W'- Difió)mente os • contratados• à força se .u o" - referiruma circular do governador do N1assa, na qualse ordenava
a estabelecer-se em definjlh-oem São .Tomé e Príncipe, de forma volun dispo°" .. \evaçao,aose «rnaior numero , possive, 1 ld e1pregmçosos . e indesejadoscom
O
mesmo se parcialmente cionário duro~% se recru tas
etivas famílias quando ,
poss1vel tudo com .
mtervenção direta das au-
. libertOSdo uruverso concentra
, [as
) re p . M . . t . . .
o dado de facto mais relevante, no final da decada . de 1940, esteve,nao _· ·d d s adrninistrat1vas». as o mm1s ro ms1stia: sem recrutamentonão
5
tonae
haviarepatriação,«o que sob o p~nto de ~s...ta mternac1onaltinha gravesin-
eventualconstituiçãodas aldeias.mas na repatnação dos antigossem . •
roças então levada a cabo.O êxito, neste pon to, foi em grande partepçais.~ rop1aa. con venientes».Entre duas «soluçoes defeituosas>>- a falta de repatriaçãoou
do por umfator fortuito:a ocorrência, por essa altura, de um dos episódios de «recrutamento segundo as normas habituais de compulsão»-, decidira-se
0
seca e de fome que de tempos a tempos flagelava Cabo Verde. Jáa 17 desetem- porestaúltima ' 96
• contrário do que Teófilo Duarte parecia supor, estas práti-
Noentanto,ao
bro de 1947,em carta a Salazar,Teófilo Duarte referia a falta de chuvas neste
arquipélago, para que se buscava uma solução: <<entre t anto, continuamo
sa cas nãoescapavamtotalmente ao escrutínio externo: na Áfricado Sul dava-se
facilmenteconta do que se passava em Moçambique. No jornal Forward,de
mandar gente para SãoTomé. e como o número de mulh eres é muitosuperi oi
Joanesburgo, de 24 de dezembro de 1947,noticiava-se, de forma muito crítica,
ao dos homens, a medida contribuirá para soluci onar um dos aspetosdamão
91 a«deportação»de «3000 indígenas» para a «Ilha dos Diabos»portuguesa,na
de obra local, aliviando ao mesmo tempo Cabo Verde » . Pouco maisded Oll
qual«aúnica diferença» entre o trabalho forçado e a escravaturaera a de que
anos depois, em relatório datado de 18 de fevereiro de 1950,o ministrojápo-
«os[antigos}escravos tinham valor comercial». E acrescentava:
dia indicar que a repatriação de São Tomé e Prí ncipe de angolanosem~·
(<Comofruta silvestre que se apanha nas árvores, os indígenas de
bicanos estavapraticamenteconcluída: dos 19 912 serviçais com diJeito aill
01 Moçambique são apanhados nas suas aldeias onde vivem quase semproteção.»
«desde 10, 15e até 20 anos», existiam agora apenas 845, que deviamsair «Sãoencarcerados na fortaleza da ilha de Moçambique prontos para se-
mesmo mês. Desses 19912,tinham-se repatriado 15 764, havendo-sefilado remdeportadospara São Tomé como escravos (...1-Nas roças - como se cha-
colónia 3303,a título definitivo,instalados nas aldeias construídas nos mameSas propriedades capitalista s - os trabalhadores são recrutados pelos
do Decreto n.• 36 888''· Se atendermos a que em 31 de c1e zembtod, 1946 métodots mais primitivos o que exige árduo esforço físico. (...1Assim que os
registavam2 4 555serviçaisno arquipélago", podem os concluír que era
_, nd
trabalhadoreschegam à ilha são mandados para as plantações do e lhes não
elevado(cercade 80%) o número dos que nele se encontravalll retid"', dl!"" epermi·r d sair• a não ser qu e estejam reduzidos a tal estado de fraqueza f'i-
de findo o p~aw do respetivo «contrato». Sendo em si um ê,dtD,
de repatnaçao de finais da década de 1940 não alterou subs~
~.r.:::
1 0
tcaque t rab alho de que são capazes nem sequer pague o custo da sua a1·-
0
dill" mentação· l..·1Três mil h om en s estão sendo transportados, de Moçamb"ique,
1
-~
repatriar~-Como, na altura, ponderou um .alto _ fun
. c1onario do Min'tster , 10ª defenada ª porª estes rumores fez despertar um «fermento de rebeldia>> nos «na-
dos NegóciosEstrangeiros. esta era um a po s1çao ms ustentável: nãose . pr
. o voc ~resso em «alguns atos d e .
m d'
1sc1.plin a contra a Po 1,
1cia» e a uma «greve
·d d . d ., . d podia
estabelecer «uma regra cons1 eran o m eseJave1s to os os profissi·o. uvos»,e~r ·ços públicos» - segundo o governador Gorgulho, que, numa tentativa
.
imprensa»• Para mais, '<Semelhante atitu de de pouco nos valeria na pr't· a 1ca» nos servl a situação, emitiu a 2 de fevereiro um aviso oficialem que negava
de controlar
atendendo à existênciano ultramar de «cônsule s de carreira de variados pai'. os «boatostendenciosos no sentido de que os filhos de São Tomé»iriam «ser
sesi;, obrigados a informar os seus governo s, e de centenas de estrangeiroi obrigados a contratar-se como serviçais para trabalhos nas roças»,imputando-
que aí exerciam as suas atividades. «Se este esta do de coisas chegaralgum -osa «indivíduosdesafetos à atual situação política, conhecidos como comu-
dia ao conhecimento de alguém que tenha inte ress e em levantar acusações nistas».Aos«filhos da terra », acrescentava, pedia-se «apenas» que ajudassem
contra Portugal,., concluía, «por certo ouviremo s o seu eco avolumado na' Governona «grande obra de Fom ento» que procurava levar a cabo,acorren-
imprensa, ou em qualquer reunião intern acional e com repercussões,pelo 0do «às obrasdo Estado». A m ensagem não era totalmente tranquilizadora;e,
menos, inconvenientes, isto não falando já do aspeto humano e colonizador emqualquercaso, não apaziguo u os ânimos, tendo o aviso sido arrancado em
que o caso reveste e não pode ser por nó s ignorado 98 .» Ocasiões destasnão VilaTrindade. Seguiram -se confrontos com a Polícia, cujo comissariadofoi
faltarão num futuro próximo, como verem os. assaltado por cerca de duzentos manifestantes, na mesma povoação, a 4 de
Entretanto, em começos dos anos cinqu enta há indícios de dificuldades fevereiro. O incidente provocou várias vítimas mortais, entre elas um oficial
crescentes no recrutamento de serviçais, para sub stituir os recebidosemSão eumsoldado das forças enviadas em socorro do comissariado. A «repulsão
Tomé e Príncipe em finais da década anterior. Ang ola, muito carentedem~ g~ral» suscitada por este facto na «opinião pública» terá facilitado a mobiliza-
de obra para o seu próprio desenvolvimento interno , proibiu a sua expo~ çao em massa da população branca, como voluntários civis, que, juntamente
ª partir de 195º • Quanto aos obtidos em Moçambique e em Cabo Verde,oseu comserviçais das roças, comanda dos pelos respetivos capatazes,perseguiram
número, em 1952 e 1953, não atingia 50% do contin gente autorizado anual· os amot' mados. A 5, o governa dor transmitiu para Lisboa que dera Jª · ' imcio
· ' ·
99
mente, que era de 3000 a 4500, para cada um daque les territórios , a «operaçoes • d e limpeza»,
• depois extensivas a toda a ilha. . Da repressao, • vio-·
A escassez de «braços» provenientes do exterio r fazia naturalmenteau· 1dentae ind'iscnmmada, · · continua da na s semanas seguintes, res taram vanas ul ' ·
mentar a pressão sobre os «nativos» de São Tomé e Príncipe para sesediSPo" ezenas de mortos entre os nativ os segundo o governador (quarenta e dms,
~
·
· ao trabalho nas ro ças, a par d os serv1ça1s . . . Esses «nativos»
. compunhaJII
1
•· •niS paraalém dos enterrados no mat o) , ou quase quinhentos, a acreditar . em tra-
opulação negra ou m est·iça d e cu 1tura afro -euro peia, . com r~ _,,..,., aJlUb'"
A REFORMULA ÇÃ O DO SI STEMA \ 235
· GUERRA
coNTR~ o vENiO • o yp(RIO poRTUGurs NO APÔ S
. , ambiente O
234 Jllotlfl . que daí resultou' pro·pno
. estado d .
. :..tose aescentava roais de um milhar de pr rlíº d l 51,·0 rnas a.ah zou a forma como este d . e esp,rito do
..-nRStocais-.t\~~b··"=3 de pretensasmanobras comunistas esos, lll.uit r 05ador ... ,
ó verfl
. ommara a << bl
, , j\ssirll se fez: Gorgulho foi levado a de . . su evação})
eJJl ~ ' ,,,., · m>tir-se e '
'r"' - -
di .. -Aos.
lestof0.11""'
.
~ipar.'io do governador foi a de apre
, e as ou
sassinad 'li!, ~••'
0 ' . do Jl<ército , recebeu uma condecoração
01 'por proposta
I,isboa.a pr~--: r- . sentar o~
para .....,.ciiode uIDª rebelião generalizada, de caráct osillci.i .,,,jplstro ·
tes
coIJlO a .eXP'._.,.,... -- =h -
___;rt:i. com rawu1caçoes entre os funcio . .
er separatis
"'n. do1•v
i.nfluênoacolllllW"~ . nanos e \a.t .,.,pelidO ou forçado não era o único ónus oue reca' b
. do comocabecilhao engenheiro agrónomo Sal .ossolda
de
dos~ ~n .. de uJD3 roça) e os 4< proprietár ios branc UstinoCr · o trabalhº'º "' . . • ia so re
. não assiJnilada das colómas portuguesas.Também
(n.atim propnetanº
\"
. os co ~d,
. l.iDJa, CarlosS<,areS> (que tinham ap oiado Norton"' ah,,,
ão pauva
ap
0pulaÇ
e a posse
a pro-
da terra por parte dos «indígenas>>
.
estavaem causa b
- em o-
~'--'~ ~
1,paraa)érn de outro s • pro priet ários negros"• de .. riedade
pra p..to
colon1a1
. previsse a sua defesa, no Artigo 17.º, depois transcrito a .
. . _
no Artigo 142.º da Constitmçao, segundo O qual seria «ga-
, pos
nas~•r-- r..~- 1949 · ·
IO'-a de mtronussoes
- extemas e • d
, re1enn o a int e 1
». 'I'arnb
·
e111 O 1•
procurou...,...._,. P er erê • are"1sa . - 0 de 195 iedade e posse dos seus terrenos e culturas, devendoser respei-
. _ da rádio de São Tomé de «batuques, música gentílica» ncianas
do vano
, . sm . divi 'duos, da Nige·r· emprove ran ti
·da a .
propr 'pio ern - e1e1•tas pe1o Estado)).Entendia-se
todas as concessoes
. de B _ _..n....-e acusan
el]].LSS()eS .
niénOâ r.azl.4 ~ =e , ia e do tad~esteue principreceito se referia apenas a• ?ro~ riedade
. coletiva,familiarou,
frailás, de ser>irelll deagentesde ligação ou dese mbarcarem annas••Congo
porern,q O do a legislação corrente a «criaçao de reservas))em que << seria
Trata\"'3-se de puras especulações,de carácter . autojustificativo.
d Defacto
· 1
tri·bal»' preven
. d'genas ocupar quaisquer parce as, sem que, no entanto, daí lhes
• 1...,..;"' da r..nressão,daraDlente d esproporc1ona a, explica-se 1 ,a
VlO.u1 au..... ~r . . pea con · , ito. aoslI1) direitos
\íc l de propriedade
. ou posse». Fora de tais . reservas,os «indí-
""'do de ,....,~ lm1er coisa de muito antigo e de algo de muito novo·d _Ju-
trr· '-!~-- . · e antig adv[1essem deriaIIlocupar as terras devolutas, mas essa ocupaçao _ conservaria
---r- do podercolonial
a r'""r~n . a qualquer tentativa, real . ou
. imaginária
. , desub.o, genas» Pºácterprecario _ se cons1.d eran do me10
, . nao . de aqms1çao
. . _ de proprieda-
versãoda ordeIDracial (no caso concreto, . para .mais, unphcando a mortede «oseucar nto ao acesso a, propried. ade mdiv1
. .. dual de terra, não estavaprevisto
umoficialbranco); de novo,o conteXto mtern ac1onal, que fazia nascerosfan- de».Qua
o,o ,asleisde ordem geral; e era extremamente dificultado na prática '°' . Todo este
tasmasda conspiraçãoCOJI}]l1lÍSt3e do separati smo. Por este últimoaspet
sistemalegal, com as suas ressalvas em nome do interesse público, que aca-
episódiode SãoTomé,em 1953,é o precursor de outros incidentes domesmo
bavamporpermitir a expropriação das comunidades camponesas, contribuía
género, no ImpérioPortuguês.Localmente, ficou na consciência dosilheus ,
paraconferirum carácter precário à propriedade agrária «indígena)) - para
marcandoum pontode rutura. alémdos esbulhos ilegais, não reprimidos, que se tornavam mais comuns nas
Em Lisboa,no seio do Governo Central, a ação de Gorgulho nãoobteve
fase s em que a pressão capitalista sobre a terra crescia, impulsionada pela alta
um aplausounânime.A 12 de maio de 1953, em carta a Salazar,o governa-
dacotação de certos produtos coloniais. Desta mistura de expropriação legal
dor queixou-se de ter sido chamado à metrópole pelo ministro do Ultramar ,
eilegalnasceu o sistema de ro ças de São Tomé e Príncipe, a que já aludimos.
que o submeteua um <(cerradointerrogatório, sobre pretensas violências co-
Oprocessorepetiu-se noutra s colónias , sobretudo após a Segunda Guerra
metidasem SãoTomé, durante os acontecimento s de 3 de fevereiro,baseado
Mundial.O caso mais relevante é o do Noroeste de Angola, com o aumento da
certamenteem informaçõesde indivíduos presos e outras pessoasdefraca
produçãoe da exportação de café, a par t ir de finais dos anos de 1940 (embora
idoneidademoral> •• Negando as suas responsabilidades, Gorgulho invocava
ªpopulaçãonativa mantivesse nas suas mãos uma parte importante dessa
ª seu favora fidelidadeindefetívela Salazar, desde 1926 [sic] e o (ilseu bno
10 9
militar> (formade lembrara sua pertença a um corpo que era um dosdpila produção,
•
durante a década seguinte ) •
A precariedade da condição dos camponeses e dos pastores «indígenas))
res do regime).Na realidade,o governador contava com o apoio incooiciO· 15
nal do mmis · · t ro d Exercito,
, • Abranches Pinto, contra a pos ição do rnm · · tro era ainda acrescida pela possibilidade de virem a ser vítimas do «contrato))
O O
para o Estad ou para as empresas privada s. Mais uma vez, e' mui·t t'enue,
do Ultramar
. °
' Sarment Rodngues, . que enviara a São Tomé uma corn~ :.,~o .a 0 1
. . e adm.-
. - essa que contribuíra para a solturadevartoS .
nesteponto' ª relaçao - entre as imposiçõ es legais e as praticas
, . soc1a1s
avenguar os factos _ comissao
presosiob. Reunido . para apreciar a questã o, o e0 nselhº dt ntstrativas ·Nª ord em jurídica estava gara ntida aos «indígenas))a 1·b 1 erdade de
. . d . . a 12 e 13 de maio
escolha do trabalho, por conta' própria ou alheia º - o que s1gmficava
11 . . que os
mstros ec1dmque O governador não tinha condi ções poHti caBPara retO' .
o cargo,«dadosos factos 1amentáveis que sucede ram depoiS . dasufoCJ
A REFORMULAÇ~O DO SISTEMA \ 237
236 CONTRA O VENTO • O IMPtRIO PORTUGUtS NO APÔS -GUE RRA
ua produção111• Um dos processos mais extrem os por que se fazia essaapro- algodão colonial na metrópo le, tanto em valor como em quantidaden •
pr iação estava na imposição da cultura obrigató ria de vários géneros- avul Porestaaltura, dois out ros diplomas modificaram as condições do regime
tando entre eles o algodão, um artigo de gran de relevância para a economia algodoeiro, procurando to rn á-lo mais atrati vo para os detentores das conces-
metropolitana, dado o peso que nesta tinha a indúst ria têxt il. ões,queviram a sua exte nsão m áxima aumentada de cinquenta para cento
Muitas vezes promovido pelos governos de Lisboa, ao longo século do x: e vintequ'ló 1 metros (Decret o n .º 2 0 881, de 13 de fevereiro · de 1932) e, soure-
i.
e começos do seguinte, mas sempre sem êxito, o velho proj eto defornen tudo' garant'mdo ao algodão colonial português exportado para a metropo , le
a produ ção algodoeira nas colónias fora relançado, em novos rnoldes, pelo u m preço s upen ·or ao da cot ação internacional , sendo a ·e
d11erença couer
i. tª
Decreto n.'. 11 994, publicado pelo ministro João Belo a 30 de juJhode'
nos pnm erros tempos da Ditadura Militar. Inspira da na legislaçáO
t 9
segu1
por
ti, um fund
a1godaoestrangeiro
.
• 0 cuiasreceitasprovinham de taxas de impostosna unportaçao
. em Portugal e na de fios e tecidos estrangeiros
. em
. -
• 1_,1. de,111
º\bensde consumo, que tiveram um ac réscimo de 300 a 4ooo/o •
do «de, facto como se O regime •
estabeleci do fosse o da obriga toneoauo- ,i "' d ,0goapós O fim da Segunda Guerra M undial, o Governo de Lisboa (sen -
». Do lado africano , sao - muitos . os teste munhos d as v10. lê-,..ª'
1 50Ííl
"" O
"'- o Marcello Caetano m1mstro
. . das Co lónia s) promoveu a reforma d regime .
,0 este,muito vivo re Ih·d . mhíq1
I _ _ ..
' co 1 o por Gerhard Liesegan g em ~- -
-GUE R RA
A REFORMULAÇÃO DO SISTEMA \ 24 1
, o "VE"-0 • O 1,1p(RIO PORTUGU (S NO APÔS
co
240 ta dos povos bantos».Também se contrariavaa ºd . d
_ irodoeifO.pelo Decreto n.º 35 844, de 31 de agosto fataUs . . 1 d l eia e que
colonialoalgentanto.a,,..... ~.,, característica fundamental - a co . de 19,
eote e . fosse a pnn c1pa causa a escassezde mão d b
, nstitu· - "'6, iJl do l lgodoe1r 0
1. h e o ra pela
aJter.U' ,n ,dadas «zonas economicas de ex 1 içaode Seiti o regj1lle
. ra _.....J •a a que 1evava.Na mesma . , m a de argumentação, eh egava-se' mes-
nc.essiona,das, ago ay-- P ora - Zo ·graçao de afirrnar que o «md1gena»estava,.«em relaçãoao concessioná . -
co . damente, «zonas algodoeiras», com atribui _ ç,ªº algollai ef!ll
rv ou. abreoa ex:cfusi\"O d ai clã .
da compra o go o «m gena». M . tesPedí çao as ~r· !llº
aopontO
elhoresc
ondições que o produtor de tngo, por exemplo
- .
1 _
, em re açao
ellll'resasdo • d - antinh 1vq no . eJ11 J'Jl
. ou o produtor de algodao americano em relação ao . d .
m ustnal
..-rime fiscal. de proteção a pro uçao e comércio>> d ª·sei~,.,
menteO ,.~ . · o Prod "~- ageir0 ' d scaroçamento e prensagem do algodão».
do mercado01etropalitano. regune esse prorrogado Uto,en... aocar 1110 do do e
a reser:'3 . Por cin ••q rega da década de 1940para a de 1950,quandoas cotações mund· .
__ ntlo--senn e. findo esse prazo, o sector tena essa posi _ coan e11 . agelll d uus
Çaocon 1 O\, ~avir bº ,..,fortemente, os preços e compra do produto aos cultº
eID ta1Jl05que ~ a «competiçao com os algodões estr SOí¾
õ}'O.....-- '1 - · . -
dáO su 1a,.. . 1
va-
oalgo nhecerarn aumentos pontuais em 1947,1949 e sobretud
,J_,...~"'"'""-- decreto visava aperfeiçoar «cada vez . angeir \lti ddores ri . .can os co o em
I)entrO~'i ........ ~ 0 . - . mais os . af do acréscimo de 1947, de 30 centavos por quilo, a JEAC. _
O
coltnr3e sistemade ex:ploraçao comeraal e industrial ern Proc . es. 51,,6· Jusufican.dade de mcrementar
. a produçao - e de mvelar
. O preçocom m
O
__ _ ,1-tt11ent:e. pela promoção. nas zonas algodoeiras, da «co vigori _ 19
cav a a necess
. . 1·nhas (Congo Belga, Rodes1a , . e N1a . ssalandia)
• , tendo tambe 'o
~ .. . ncentra• .,,
~ de c:ultnrV, de modo a penrutir a «realização
,~ - . .
de rotaç· Çao
oeseat0
de 0
dasco1O , nias v1z1 127
usto dos restantes géneros agrícolas coloniais • Em reaçãoaos m
~--nc..,e O uso de gado de trabalho e de maquman a agrícola, a eiornec \ha. ernconta o c rnpresasconcess1onanas . , . pressionaram
. o GovernoCentral em
~--nnn.ário •- Esta mutação deveria elevar «gradualmente 0 . erPelo aUJll , as e
entoscompensa ções, utilizando, nomeadamente, os bons ofíciosde,José
. .
~ , • . , » «mdi
[CO
...n] a uma fase mais prospera da atm dade agncola», caminhando-sepgena busca .de. ( e recordemo-1o, era amigo · m ' t·rmo de Sa1azar e tinha interesses
~to indígenaJt,com a eventual construção . , . de novos aldeamentos ara~
-Nod 1•
Nosolin 1 qu ' "ª· Dando-lhes satls1açao,. e - o Decreto n.º 37 523,de 15de agosto
lom.aprevia-seain da que os concess1 naCotonan g) _ do preço de venda do algodao _ na metropole
,
. onanos prestassem assistênciasanitária . reviaa revisao (o que
P
e socialaos "indígenas» com a aJuda de um «fundo especial»administrad 0 de.1949
, . •P mas em termos muito . mode rados, ficando longe da cotaçãointerna-
pelaJEAC.A estaúltima competiria orientar as concessionáriasna forma . fo.i 1e1to
l) ,Poroutro lado, ampliava-se . par a dez anos o prazo em quevigorariam
das concentraçõese demarcar as regiões, dentro de cada zona algodoeira çao c1
,em o n
a .
asisençõesde impostos e taxas concedidas em 1946 pelo Decreton.º 35844à
114
quese poderia cultivar o algodão • produção e ao comércio do algodão colonial - afastando-se assim a perspe-
Os termos do Decreto n.0 35 844 fazem dele um bom exemplodeuma ti-;a,expressaneste último diploma, de pôr fim ao regime de proteçãoa estas
perspetiva de cariz tecnocrático que marcará muita da legislaçãoeconómica atividades no termo de cinco anos . O decreto abolia também todas as de-
do EstadoNovo,após a Segunda Guerra Mundial - caracterizada pelaadoção duçõeseventualmente estabelecidas pelos governos de cada colónia sobre o
de medidasdestinadas a fomentar e a racionalizar a produção, semsubverter preçodecompra aos «indígenas 129 ».
o sistema de relações sociais subjacentes, antes buscando viabilizá-lo. Neste Comesta última disposição, o Governo de Lisboa dava razão à JEAC,que,
caso concreto,a racionalização passaria pelo reforço das funções técnicas da contráriaàs deduções, se queixava de que o governador de Moçambiqueutili-
JEAC.Mas,no essencial, a condição dos <<i ndígenas>>nas zonas algodoeir as zavao fundode melhoramento da vida dos «indígenas>> (por elesalimentado)
continuava sujeita à sua relação, profundame nte desigual, com asempresas ' emfinsque nada tinham a ver com o sector algodoeiro'3º. Dois anos depois,
concessionárias,a que as autoridades adminis trativas estavam obrigadas adar no entanto,um novo ministro, Sarmento Rodrigues, restabeleceu as dedu-
«assistência»,sob a forma de «uma persistente ação junto dos indígenas com ções'1'• Isto significava que os pr odutores africanos nem sequer recebiam a
0
objetivo de se conseguir o maior desenvolviment o agrícola dentro daárei totalidadedo preço fixado, já de si reduzido.
da sua jurisdição125». ~m_termosgerais, o regime algodoeiro fixado no após-guerra deu um pri-
s·igm•ficativamente,
· d ,
no relatório do mesmo decreto fazia-se a eiesa
dosíS- meiroimpulso à racionalização da produção de algodão colonial,pela maior
O
tema em vigor, no que à situação dos «indígenas» dizia respeito, procurandotntervençã 0 dos serviços técnicos da JEAC (designadamente pelo estud dos
fut '· u1
re ar as criticas que se lhe poderiam dirigir. Aí se negava que a e turª
do~· terrenos ~ d
d , e etua a em Moçambiq ue de 1947 a 1949, com o subsequente ab an-
godão provocasse O abandono das culturas alimen tares com osconsequenteSonodosmenos próprio . s para este cult ivo) , maior investimento
. em eierramen-
episódios de fome,. e imputavam-se
· ' ..,,a}Jnente
. naµµ
estes últimos à «psicologia
242 1 CONTRA O VENTO • O IUP(RIO PORTUGUtS NO APÔS-GUERRA
ao Do
ao Q P VIGO
O% os ae 19 b,0
•
ono 0 0 0 do
OíC!
ºªº O"
oaoelJcl!> nao
oresas concessioo
110
W4s
iiiii
resca1do da descolonização. orlando
- .
Ribeiro, lusot rop·ica1ist
to , \iu-se obrigado a esta constataçao desencanta da: <<Exis tiu em a conv~.
0
mundo dos pretos e o mundo dos brancos e, por mais que a retó/n go\a
o contestas:se. eles \;viam separados, cada vez m ais quanto nos aprox.un
0
ica fic\~
íl
D
• D
D(J
dos nossos dias e do longo tempo da Guerra Colo nial. Os sociólo ªtnoi
, . Bal di h 1h gostêmdad
vanos.nomes
• a esta separação. an er c amo
. u - e cru amente . _
filfilaca o
oro (:19"54-1955)
loma1
--=
. » A conclusão deve tornar-se extensiva aos outros terri·to' .
134 . . _ ,
~
nos po
gueses do contmente africanO, bem como a Sao Tom e e Príncipe_ 00 n,.
an se que
,
amos 1azercon fir ma, marc an d o a dº1stancia
de 1:. • moa
abissal .1
áli
· acab
d a 4Cll3.Ç30
- una»as · d uras re alid a d es d o mun d o colonial. queª
a IIDagem
d
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