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Portugal Futurista

Nos «Bailados Russos em Lisboa». O autor chama à atenção pela energia do português
desperdiçada inutilmente por culpa da «ignorância».

Pezámos bem esse quasi-impossível de fazer de ti um Europeu». Evidencia o atraso do país


face a outras Nações europeias.

António Ferro – A Idade do Jazz Band

Palavras de Carlos Malheiro Dias (30 de julho de 1922) no Teatro Lírico

 «Mas a presença, a vosso lado, dos meus cabelos brancos não


significa somente a homenagem da minha geração, mas
testemunha o élo que nos prende- porque eu me revejo em vós
rejuvenescido» (7)
 «Nas vossas mãos de artista arvorais uma bandeira agitada pelo
vento que sopra, não do quieto passado, mas dos quadrantes do
futuro» (7)
 «As pátrias são corpos vivos, palpitantes e incorruptiveis: almas
que as gerações vão reincarnando e perpetuando» (8)

Palavras de Guilherme de Almeida (12 de setembro de 1922) no Teatro Municipal de São Paulo

 «Mas um grito gutural, rascante, rouco louco, regouga e


rola no hall, onde o jazz se desarticula, se desconjunta, se
desengonça: é a ‘Teoria da Indiferença’, a buzina do
automóvel, o klaxon atropelador que abre alas na turba»
(21)
 «’. Tenho bailes russos na alma!’ – ruge a corneta
americana. Ruge e fonfonando escândalos roda o torpedo,
roda atemorizador, respeitável, brilhante e rico de metais
e vernizes. Porque a prosa de António Ferro ‘é um
automóvel de carrosserie vermelha que passa a buzinar,
atropelando tudo, senhores de calva e pança, míopes, óculos, lunetas, monóculos,
jornalistas de artigos de fundo, mais propriamente jornaleiros de fundilhos’».
 «Eu trago no meu rosto os olhos da minha pátria». António Ferro (citada por Almeida)
(23)

Palavras de Ronald de Carvalho (21 de junho de 1922) Trianon do Rio de Janeiro

 «Devemos, antes do mais, apurar até onde vai, na obra


de arte, a influência do passado, o que representa esse
valor no esforço da creação […] A tradição, pois, não é
uma regra de conduta, um dogma fechado, um
imperativo categórico inevitável» (30)
 «António Ferro, cuja palavra de flama ides ouvir dentro em pouco, é um
homem que não acredita no passado» (34)

A Idade do Jazz Band por António Ferro

 «Eu vivo na minha Epoca como vivo na minha Pátria, como vivo dentro de mim. A
minha Epoca sou eu, somos todos nós, os minutos da hora dansada, desta Hora-
Ballet-Russe […]» (41)
 «A Arte moderna revolucionou a Vida, proclamou a Humanidade em tudo quanto
existe e em tudo quanto não existe.» (44)
 «A violência era necessária para que a creação se desse. A serenidade é necessária
para que a creação se explique…» (51)
 «O Jazz-Band, frenético, diabólico, destrambelhado e ardente, é a grande fornalha
da nova humanidade». (61)
 No Jazz-Band, como num écran, cabem todas as imagens da vida moderna. Cabem
as ruas barbáricas das grandes cidades, ruas doidas com olhos inconstantes nos
placards luminosos e fugidios, ruas electricas, ruas possessas de automóveis e
carros, ruas onde os cinemas maquilhados de cartazes têm atitudes felinas de
mundanas, convidando-nos a entrar, ruas ferozes, ruas-panteras, ruas listradas nas
taboletas, nos vestidos e nos gritos…» (61)
 «A influência da arte negra sobre a arte moderna torna-se indiscutível. A arte
moderna é a síntese. Os negros tiveram sempre o instinto da síntese» (71)

Hollywood – Capital das Imagens (António Ferro)

A Amadora dos Fenómenos (António Ferro)

 ‘Mercedes, uma loira incandescente, peça de fogo prêso, era uma estrela caída de
revistas caídas. Filha duma senhora rica e dum chauffeur, tinha nascido com modos de
automóvel: rápida, com olhos alanternados e com uma terrível vocação para atropelar
os ingénuos…’ (p.9)
 ‘levas-me à mulher eléctrica, à vaca com braço de homem, ao homem mais pequeno
do mundo e ao maior, à aranha com cabeça de mulher, às feras domesticadas… (p.12)
 ‘Como se ela fosse a mulher elétrica, ao dar-lhe um beijo recebeu um choque’.(p.13)
 ‘a sua expressão feliz, o seu embevecimento, são de quem está tomando banho, um
banho de eletricidade…’ (p.14)

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