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RESUMO – KRASNER

A teoria crítica de segurança (TCS) é necessária para desafiar as suposições


convencionais sobre segurança e para explorar as implicações políticas e éticas de segurança.
Ela é uma abordagem interdisciplinar que envolve a análise de questões de segurança a partir
de uma variedade de perspectivas, incluindo a política, filosofia, sociologia e a psicologia.
Além disso, a TCS pode ajudar a moldar a política de segurança de maneira mais justa e ética,
e que isso é particularmente importante em um mundo cada vez mais complexo e
interconectado.
O próprio conceito de segurança é aberto a múltiplas interpretações e disputas. O autor
examina o discurso que cerca o conceito em relação a três questões que apresentam dilemas
para a política e a análise de segurança: competição econômica, comércio de drogas e a
degradação ambiental.
Ainda que haja as abordagens realista e liberal, a crítica é particularmente importante
para entender as questões de segurança contemporânea, por desafiar as suposições
convencionais sobre segurança e explora as implicações políticas e éticas de segurança.
Os autores respondem às diversas críticas à TCS, incluindo a acusação de que esta é
excessivamente abstrata e que não oferece soluções práticas para questões de segurança,
argumentando que tal teoria é uma abordagem prática que pode ajudar a moldar a política de
segurança de maneira mais justa e ética.
O conceito de segurança não é fixo ou objetivo, mas sim uma construção social que é
moldada por contextos políticos e históricos. Tal conceito é crucial para a compreensão do
significado de segurança e que o Estado soberano moderno desempenha um papel
significativo na definição do que é e onde deve estar o político.
O Estado é tanto a fonte como a solução para as inseguranças generalizadas da vida
moderna. Isto sugere que tal ator tem o poder de proteger seus cidadãos contra ameaças
externas e desordens internas, e que é o principal interveniente responsável por garantir a
segurança. O autor continua que o Estado ou está a tornar-se cada vez mais irrelevante ou já o
tornara como solução aos desafios de segurança. Com isto, ele sugere que este ator é incapaz
de enfrentar os desafios de segurança complexos e interligados do mundo moderno e que são
necessárias novas formas de governança e prestação de segurança.
O monopólio do Estado sobre o uso legítimo da força é um aspecto fundamental do
seu poder para definir e impor a segurança e que este poder está cada vez mais desafiado por
atores não estatais ou transnacionais.
A construção das possibilidades de ordem política pelo realismo produz tanto um
objeto a ser protegido (a comunidade política territorialmente definida) quanto um agente para
perseguir este fim (o Estado).
As abordagens realistas tradicionais aos estudos de segurança reforçam a importância
do poder militar na garantia dos interesses nacionais e baseiam-se numa compreensão estreita
e ultrapassada da segurança que não leva em conta a natureza complexa e interligada dos
desafios de segurança contemporâneos.
Para o autor, é necessária uma abordagem mais crítica aos estudos de segurança, que
reconheça a importância das formas não militares do termo, tais como econômica, ambiental e
humana. Sugere também que isto requer uma vontade de se envolver com perspectivas
alternativas e de desafiar as próprias suposições sobre o mundo. Com isso, há certa
importância na reflexividade dos estudos de segurança. Deve haver disposição ao exame
crítico dos pressupostos e preconceitos, a fim de desenvolver uma compreensão mais
matizada e precisa da segurança.
A definição tradicional de segurança que tem dominado a literatura ocidental sobre o
assunto é inadequada para explicar a natureza multifacetada e multidimensional do problema
de segurança enfrentado pela maioria dos membros do sistema internacional. O alargamento,
muitas vezes, indiscriminado desta definição ameaça tornar o conceito tão elástico que o torna
inútil como ferramenta analítica.
Não fugindo do paradigma realista, o autor busca uma definição alternativa à
segurança, incorporando as principais preocupações do conceito da maioria dos membros do
sistema internacional (aqueles que são fracos e de posição inferior). O foco de segurança
destes Estados é principalmente de caráter interno e são uma função das fases iniciais da
criação do Estado em que se encontram.
Logo no capítulo 6, os autores utilizam o caso da Iugoslávia para aplicar a explicação
com a qual o conflito se baseia centrado no Estado. Esta postula que o conflito foi causado
por tensões étnicas e animosidades históricas na região, espalhando insegurança aos demais
atores da região. Este caso não leva em conta a segurança dos indivíduos na região.
Os discursos formulados pela elite e formadores de opinião foram usados para minar a
interpretação inicial do conflito e substitui-la por uma alternativa que exigia pouca ou
nenhuma intervenção ativa. Tais discursos se basearam numa concepção de segurança
ocidental centrada no Estafo e que foram utilizados para justificar uma política de não-
intervenção no conflito. Há uma perspectiva crítica sobre as formas como a segurança é
construída e compreendida no contexto do conflito, e como as forças políticas no Ocidente
desempenharam um papel na definição da explicação predominante para o conflito na ex-
Iugoslávia.
Na sequência, o autor argumenta que as metáforas dominantes da proliferação –
equilíbrio e estabilidade – privilegiam soluções políticas que se concentram em estratégias de
negação tecnológica, mas que, portanto, minimizam a importância de tecnologia de dupla
utilização para o desenvolvimento econômico e interesses políticos. Tais metáforas se baseiam
numa concepção de segurança centrada no Estado, que enfatiza o equilíbrio de poder entre
estes atores, em vez de uma que tem em conta a segurança individual e comunitária.
Argumenta-se que um discurso ou linguagem de segurança partilhada ajudou a
construir as identidades e ações da OTAN e Pacto de Varsóvia durante a Guerra Fria, e que
discursos semelhantes continuam a moldar as ações dos Estados e das organizações
internacionais no período pós-1991.
A abordagem tradicional aos estudos de segurança, que se centra nas ameaças
militares de forma estatocêntrica, já não é mais suficiente para enfrentar os complexos
desafios de segurança do mundo contemporâneo. A nova ordem mundial levou a uma
mudança na natureza das ameaças à segurança, com questões não militares, como problemas
econômicos, ambientais e sociais.
O autor enfatiza a necessidade de uma abordagem mais ampla e inclusiva à segurança
que tenha em conta estas ameaças não militares e reconheça a interligação das questões
globais. Para ele, segurança não se trata apenas de proteger o território físico, mas também de
proteger a identidade e os valores culturais. Sugere, por fim, uma abordagem mais matizada à
segurança, envolvendo o reconhecimento da diversidade de identidades e culturas dentro e
entre os Estados.
No capítulo 9, o autor entende que as abordagens tradicionais baseadas no poder não
podem explicar completamente as evolução das atividades da ONU, propondo algo que
enfatizem a evolução gradual dos princípios do multilateralismo e da intervenção humanitária.
O CSNU tornou-se um ator significativo na política mundial devido ao surgimento de novas
normas de comportamento internacional, que foram moldadas por uma variedade de atores,
incluindo Estados ONGs e OIs.
Embora o internacionalismo liberal enfatize a importância dos direitos humanos e da
democracia, também depende do uso da força para fazer cumprir estes valores, o que pode
levar a tensões entre os princípios da soberania e da intervenção. Na parte empírica há a
avaliação de três proposições relacionadas com a emergência do CSNU:
 Este se tornou mais ativo nos últimos anos devido ao surgimento de novas
normas de comportamento internacional;
 Tornou-se mais eficaz graças a mudanças nos seus procedimentos de tomadas
de decisão;
 Tornou-se mais legítimo devido a mudanças na sua composição e ao crescente
envolvimento de atores não estatais.
A compreensão tradicional de segurança, que está enraizada na tradição realista, foi
desafiada pelas experiencias do Terceiro Mundo, de modo que estiveram e estão em complexa
mudança, ainda que seja um conceito limitado à segurança dos Estados e seus territórios. Tal
compreensão segue desafiada por mostrar que a real segurança envolve também os indivíduos
e a comunidade, isto é, humana, econômica e ambiental, mais uma pauta trazida por atores da
periferia global.
Contudo, o Terceiro Mundo tem sido marginalizado no campo de estudos da
segurança, que tem disso dominado por estudiosos e teorias ocidentais. Sugere-se que este
grupo de atores possa contribuir com o campo fornecendo novas perspectivas sobre segurança
e desafiando as teorias e discursos dominantes.
Agora com foco nos casos da África Austral, os estudos críticos de segurança podem
fornecer novas perspectivas sobre a insegurança regional, centrando-se nos contextos sociais e
políticos em que a segurança é construída, e examinando as relações de poder que moldam as
práticas de segurança. Tais desafios enfrentados na região são complexos e multifacetados, e
não podem ser entendidos apenas em termos de preocupações de segurança tradicionais, tais
como ameaças militares e integridade territorial.
Por fim, as abordagens tradicionais têm sido desafiadas pelas experiências do mundo
pós-Guerra Fria, que apresentaram o conceito não apenas atrelado aos Estados, mas também
aos indivíduos e às comunidades. Os Estudos Críticos de Segurança podem fornecer novas
perspectivas sobre o assunto, examinando os contextos sociais e políticos em que a segurança
é construída e analisando as relações de poder que moldam as práticas de segurança.

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