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FACULDADE DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

“Intervenção Humanitária na Síria: Uma Análise da Resposta dos Países


Desenvolvidos”

LUCIANA RODRIGUES GURGEL DO AMARAL

Projeto apresentado ao curso de Relações


Internacionais para a obtenção do título de
bacharel.
Área de Concentração: Segurança Internacional
Prof Orientador:

Rio de Janeiro, 2022.


O construtivismo no estudo das relações internacionais de Emanuel Adler (1999)

● Adler inicia o texto comentando um pouco sobre o construtivismo dentro da academia


das Relações Internacionais;

● O construtivismo não é uma luta entre a ciência e a interpretação, mas sim uma
natureza na ciência social. Adler fala brevemente sobre uma diferença entre a ciência
da física e a social;

● Adler argumenta que a realidade internacional é socialmente construída por estruturas


cognitivas que dão sentido ao mundo material. No entanto, a maioria dos fundamentos
epistemológicos, teóricos, empíricos e metodológicos do construtivismo permanecem
confusos. Tampouco são amplamente apreciados suas potenciais contribuições para
uma melhor compreensão das Relações Internacionais;

● Os construtivistas têm características interpretativistas, mesmo concordando de haver


um mundo real, sendo que para eles, esse mundo não é totalmente determinado pela
realidade física das coisas e é socialmente emergente;

● O autor depois fala sobre a intersubjetividade, que é um conceito que seria um


conhecimento que fosse coletivo dos atores e dos quais podem compreender ou fazer
o reconhecimento de uma prática que seja social ou em um conjunto delas. Ou seja,
subjetividade é o saber em comum dos atores sob uma prática social. E a existência da
intersubjetividade é devida a comunicação social;

● Adler comenta sobre uma visão mais ampla da teoria quando se tem mais atores na
análise, tais como as ONG's e os movimentos sociais. Sendo importante ressaltar que,
para Adler, esses outros atores antes de serem atores internacionais, são “veículos de
premissas teóricas, interpretações e significados coletivos”. E podem a chegar a
construir uma realidade social dentro das relações internacionais.
Constructing Norms of Humanitarian Intervention de Martha Finnemore (1996)

● Finnemore argumenta que as teorias realistas e liberais não forneceram boas


explicações para o aumento das intervenções humanitárias desde o fim da Guerra Fria
pelos Estados para proteger outros cidadãos que não os seus;

● Para a autora, o interesse nacional não parece ser o fator determinante. Finnemore
argumenta que é preciso considerar o contexto normativo em mudança em que tais
intervenções ocorrem;

● O interesse nacional não parece ser o fator determinante. Ela comenta que é preciso
considerar o contexto normativo em mudança em que tais intervenções ocorrem;

● A atenção às normas internacionais e à maneira como elas estruturam os interesses de


maneira coordenada em todo o sistema internacional é a tarefa-chave da pesquisa de
Finnemore;

● Finnemore argumenta que, embora a intervenção humanitária tenha persistido ao


longo do tempo (ela analisa casos dos séculos XIX e XX), a justificação normativa
específica mudou (por exemplo, como proteger cristãos brancos para proteger não-
cristãos não-brancos);

● A autora tenta estabelecer uma plausibilidade e uma utilidade das normas como uma
explicação para o comportamento internacional dos atores, como a intervenção estatal
em assuntos domésticos de outros países;

● Para ela, as intervenções humanitárias hoje devem ser multilaterais para serem
consideradas legítimas;

● Finnemore discute a questão da norma em alcançar o nível tomado como certo e ser
legitimado, e consequentemente, como isso poderá ser o fator que afeta o
comportamento do Estado. Finnemore argumenta que "normas [...] moldam interesses
e interesses [.] moldam ações" dessa forma, "a conexão assumida aqui entre as normas
e a ação é aquela em que as normas criam condições permissivas para ação mas não
determinam ações".
The Responsibility to Protect and the Problem of Military Intervention de Alex Bellamy
(2008)

● Bellamy comenta no começo do texto que o princípio do Responsabilidade de


Proteger permanece fortemente contestado principalmente por causa de sua
associação com a intervenção humanitária e a crença generalizada de que seu
principal objetivo é criar um caminho para a legitimação da intervenção militar
unilateral;

● Este texto do autor expõe o argumento de que o aprofundamento do consenso sobre a


R2P depende de sua dissociação da política de intervenção humanitária e sugere que
uma forma de fazê-lo é abandonando a busca de critérios para a tomada de decisão
sobre o uso da força, uma dos as peças centrais do relatório da Comissão
Internacional sobre Intervenção e Soberania do Estado (2001) que deu origem à frase
R2P;

● Esses critérios, segundo Bellamy, provavelmente nunca ganhariam apoio


internacional e são menos propensos a melhorar a tomada de decisões sobre a melhor
forma de responder a grandes crises humanitárias;

● A R2P pode dar uma importante contribuição para pensar o problema da intervenção
militar ao mitigar potenciais 'riscos morais', superando a tendência dos atores
internacionais de se concentrarem exclusivamente em métodos militares e dando
impulso aos esforços para operacionalizar a proteção no campo;

● Na visão do autor, os receios que poderiam surgir do uso unilateral e indevido da


Responsabilidade de Proteger nos casos mencionados por ele no texto, teriam sido
largamente compensados pela rejeição deste uso por ampla parcela da comunidade
internacional;

● O consenso que atingiu o auge posteriormente com a institucionalização da R2P no


âmbito da ONU foi derivado de quatro fatores, primeiro seria o engajamento do
governo canadense e dos membros da comissão da ICISS; o segundo, a adoção da
R2P pelo HLP; o terceiro, a emergência do citado consenso africano, além por fim, do
quarto, um relatório escrito em nome dos Estados Unidos por George Mitchell e Newt
Gingrich, sobre reforma da ONU;

● Bellamy comenta que mesmo após a institucionalização, os debates iniciais na ONU


demonstram resistências e uma possibilidade de abandono da R2P logo após sua
aceitação. Discussões no âmbito do Conselho de Segurança revelaram posturas
negativas no tocante à norma.
The Purpose of Intervention: changing beliefs about the use of force de Martha
Finnemore

● Finnemore investiga como as mudanças no contexto normativo internacional


moldaram a ação do Estado, mesmo em uma área onde os relatos convencionais sobre
o papel do poder e dos interesses materiais parecem prevalecer;

● Esta obra lança luz sobre as maneiras pelas quais a sociedade internacional e suas
concepções do uso legítimo da força evoluíram historicamente;

● Finnemore visa descrever como as mudanças de crenças influenciaram a disposição


dos Estados de intervir à força em outros Estados e busca gerar um conjunto de
hipóteses sobre os processos pelos quais o propósito social pode evoluir na política
mundial.

● Segundo a autora, historicamente, o valor normativo do uso da força tem se


desgastado constantemente. Não apenas os estados estão mais relutantes em declarar
guerra, mas a intervenção hoje tende a ser multilateral;

● Ela mostra, em uma tendência histórica e global paralela, que o uso da força pelos
Estados tem se tornado cada vez mais legalizado;

● Através de uma abordagem de "política mundial", reforçou o papel do direito e das


organizações internacionais na definição dos interesses do Estado frente à frente ao
uso da força

● Finnemore examina três casos de mudança sistêmica: intervenção para cobrar dívidas
soberanas, intervenção militar humanitária e intervenção para proteger a paz e a
ordem internacionais. O objetivo dela não é examinar episódios individuais de
intervenção em si, mas esclarecer mudanças nos padrões globais de intervenção;

● O significado das ordens internacionais vigentes (por exemplo, equilíbrio de poder,


concerto ou esferas de influência) pode, portanto, mudar ao longo do tempo;

● Ela também afirma que a mudança de crenças sobre o uso da força pode ter um efeito
constitutivo, não meramente regulador, na medida em que reformula os interesses de
um ator. No entanto, para Finnemore, a batalha não é entre normas e crenças de um
lado e poder e interesse de outro. Ela admite que o poder importa, e que pode até ser
necessário mudar a prática do Estado, embora raramente seja suficiente;
Security Studies: An Introduction de Paul Williams (2008)

● Williams inicia o livro com o objetivo de apresentar o campo dos Estudos de


Segurança a partir de quatro questões fundamentais: a primeira é "que segurança?"; a
segunda é "segurança de quem?"; a terceira "o que faz de uma questão uma
questão de segurança?"; e a quarta é "como se pode ter segurança?";

● O autor dividiu o livro em quatro partes. A Parte 1 explora as principais abordagens


teóricas do ponto de vista tradicional e crítico. A Parte 2 explica os conceitos centrais
que sustentam os debates contemporâneos. A Parte 3 apresenta uma visão geral da
arquitetura de segurança institucional. A Parte 4 examina alguns dos principais
desafios contemporâneos à segurança global;

● Na parte 1 são apresentados: o Realismo, o Liberalismo, a Teoria dos Jogos, o


Construtivismo, os Estudos de Paz, a Teoria Crítica, Perspectivas Feministas e a
Sociologia Política Internacional;

● A “Parte 2” dedica-se a elencar os conceitos principais que integram o


vocabulário dos acadêmicos e dos estadistas que lidam com a segurança em
múltiplos níveis. Essa seção é feita inteiramente por especialistas em torno dos
seguintes conceitos: incerteza; guerra; terrorismo; genocídio; conflito étnico;
coerção; segurança humana; pobreza ; mudanças climáticas; e saúde;

● Ainda sobre a segunda parte, são apresentados temas de low politics que, sobretudo
a partir de meados da década de 1990, passaram a ser apresentados como
sendo relevantes para a segurança de estados individualmente considerados,
para regiões específicas e para o sistema internacional como um todo;

● Segundo as próprias palavras do autor, a Parte 3 "investiga a arquitetura institucional


atual da política mundial naquilo em que se relaciona com os Estudos de Segurança";

● Essa terceira seção estuda o papel das alianças entre os Estados, as instituições
regionais e as Nações Unidas como agentes atuantes e influentes na política
mundial, especialmente no que diz respeito à segurança regional e internacional;

● Sobre o desenvolvimento do regionalismo e o seu alcance à área da segurança,


podemos perceber que a ênfase da obra é colocada em duas questões: a
contribuição de instituições regionais para a promoção e a manutenção da segurança
no plano global e a avaliação a respeito da maior ou menor efetividade da ação
de instituições regionais em relação às ações da ONU;

● A “Parte 4” apresenta uma lista de dez “desafios contemporâneos”: o comércio


internacional de armamentos; a proliferação nuclear, o contraterrorismo; a
contrainsurgência; as operações de paz; a responsabilidade de proteger; a
segurança privada; o crime organizado transnacional; os movimentos populacionais;
e a segurança energética.

Síntese Comparativa

Os dois textos de Martha Finnemore são bastante didáticos e importantes para o campo das
Relações Internacionais. A corrente construtivista será a linha teórica que irei seguir durante a
minha monografia e principalmente os argumentos estudados por Finnemore servirão como
uma base fundamental para este projeto.
O texto de Emanuel Adler servirá de grande ajuda para me guiar sobre o marco teórico
construtivista, visto que sua obra comenta de forma bastante clara e direta sobre a história e
os principais argumentos da teoria construtivista dentro da academia das Relações
Internacionais.
A obra de Alex Bellamy é de extrema importância, pois o autor, de maneira precisa e
compreensível, explica o conceito de Responsabilidade de Proteger e também traz
argumentos consideráveis à tona sobre intervenções militares e a R2P.
Why has the Syrian war lasted 11 years? (BBC)

● O artigo da BBC tem como introdução o início da guerra síria, onde a grande maioria
da população criticava sobre as altas taxas de desemprego, a falta de liberdade política
sob o governo de Bashar al-Assad;

● Quando os protestos contra o governo começaram, o governo usou a força contra a


sua população civil, e a violência aumentou rapidamente, levando o país à uma guerra
civil;

● Centenas de grupos rebeldes surgiram e não demorou muito para que o conflito se
tornasse mais do que uma guerra entre sírios a favor ou contra Assad. Potências
estrangeiras começaram a entrar no conflito, como enviando dinheiro, armas e
soldados, e à medida que o caos piorava, organizações jihadistas extremistas com seus
próprios objetivos, como o grupo Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda, se envolveram.
Isso aprofundou a preocupação da comunidade internacional, que os via como uma
grande ameaça;

● O artigo aborda também a questão sobre quantos óbitos e pessoas torturadas. Segue
comentando sobre os atores envolvidos no conflito, onde os principais apoiadores do
governo da Síria foram a Rússia e o Irã, enquanto a Turquia, as potências ocidentais e
vários países do Golfo Árabe apoiaram a oposição em graus variados durante o
conflito;

● O texto tem um cuidado ao tratar de como o país foi afetado por essa guerra durante
esses 11 anos. Comenta também sobre o altíssimo número de refugiados sírios dentro
e fora do país, onde que os sírios são a maior população que busca refúgio no mundo
inteiro e também que precisam de uma grande ajuda humanitária;

● Investigadores de crimes de guerra da ONU acusaram todas as partes de perpetrar "as


violações mais hediondas". O relatório de fevereiro de 2021 diz que "syrians have
suffered vast aerial bombardments of densely populated areas; they have endured
chemical weapons attacks and modern day sieges in which perpetrators deliberately
starved the population along medieval scripts and indefensible and shameful
restrictions on humanitarian aid";
● O artigo comenta sobre quem está atualmente no comando do país onde diz que o
governo recuperou o controle das maiores cidades da Síria, mas grande parte do país
ainda está sob controle de rebeldes, jihadistas e das FDS lideradas pelos curdos. Não
havendo mudanças por dois anos;

Syria's War and the Descent Into Horror (Council on Foreign Relations)

● O artigo do CFR faz uma análise acentuada desde a década de 1970, comentando
sobre o antecessor de Bashar al-Assad, pai de Bashar, Hafez al-Assad. Hafez veio de
uma minoria Alawi, uma seita xiita heterodoxa que há muito era perseguida na Síria;

● Os Assads presidiram um sistema que não era apenas autocrático, mas cleptocrata,
distribuindo patronato para vincular os sírios ao regime. Quando os protestos na Síria
de 2011 se transformou em guerra civil, muitos membros de grupos minoritários
permaneceram leais ao regime, mas também alguns sunitas, temendo vingança se as
forças da oposição tomassem a capital síria, Damasco;

● Bashar al-Assad sucedeu seu pai em 2000 prometendo reformas, como deixar os
mercados tomarem o lugar do “socialismo árabe". Ele desmantelou e privatizou os
monopólios estatais, mas os benefícios se concentraram entre os bem ligados ao
regime, enquanto o fim dos subsídios e dos tetos de preços prejudicou os camponeses
e trabalhadores urbanos. Além disso, houve também uma seca recorde de 2006 a 2010
onde piorou ainda mais os problemas socioeconômicos. Os agricultores migraram
para as cidades em números cada vez maiores, fazendo com que a taxa de desemprego
aumentasse;

● O artigo comenta sobre a Primavera Árabe e a reação de Bashar, que respondeu aos
manifestantes imediatamente, oferecendo apenas reformas simbólicas enquanto
orientava os serviços de segurança a reprimir os protestos com força;

● É falado também sobre a alta violência do governo contra a sua população civil, onde
o exército sírio disparou contra manifestantes desarmados e realizou prisões em
massa, tanto prendendo protestantes quanto prendendo pessoas que não estavam
fazendo parte do movimento. Torturas e execuções extrajudiciais foram
frequentemente relatadas em centros de detenção;

● O artigo encerra dando atualizações sobre o cenário atual da Síria. Por mais que a
violência tenha diminuído, os civis estão agora sofrendo uma crise econômica. Mais
de 80% da população vive na pobreza. Os sírios têm sido as principais vítimas de
sanções internacionais, incluindo o Ato César dos EUA, que visa pressionar o regime
a se reformar. Embora tenham pouco efeito aparente sobre Assad, as sanções
desencorajaram estados como os Emirados Árabes Unidos de normalizar as relações
com a Síria.

Mediation in Syria: initiatives, strategies and obstacles, 2011 - 2016. Contemporary


Security Policy

● Este artigo investiga os esforços de mediação na Síria desde a eclosão da guerra civil
em 2011 até a primavera de 2016;

● Descrevendo as principais iniciativas, analisando as diferenças e semelhanças entre os


mediadores e identificando os obstáculos estratégicos que impediram o progresso
substantivo;

● O artigo se concentra nas iniciativas de mediação empreendidas pela Liga Árabe e


pelas Nações Unidas, constatando que há uma dependência considerável entre os
esforços e que a maioria das conquistas limitadas, principalmente os cessar-fogos em
2012 e 2016, resultaram da aplicação de alavancagem externa.

● Esta obra contribui com a primeira revisão da mediação na Síria que compreende o
conflito em sua totalidade, sistematiza dados para pesquisas sobre gestão de conflitos
e avalia a política de mediação existente na Síria com um olhar para o futuro.

The Consequences of Chaos: Syria's Humanitarian Crisis and the Failure to Protect

● O mundo experimentou uma crescente interdependência global caracterizada em


grande parte pela ausência de competição geopolítica e pela liderança dos Estados
Unidos;

● Hoje existem vários desafios a essa ordem. Como, na Ásia, há uma rápida ascensão da
China, que está interrompendo os relacionamentos em toda a região; na Europa, onde
a Rússia busca desfazer o acordo pós-Guerra Fria por meio da agressão; e no Oriente
Médio, onde o próprio sistema estatal regional está se desintegrando e entramos em
uma fase de sangrenta competição regional e uma guerra geopolítica por procuração;

● No primeiro capítulo, fala como a crise de refugiados sírios saiu do controle e hoje
eles são a maior população buscando refúgio, sendo a crise humanitária mais
assustadora do nosso tempo;

● Ainda no primeiro capítulo, o autor também fala sobre a causa e as consequências do


deslocamento sírio;
● No segundo capítulo, é falado exclusivamente sobre os refugiados sírios, quais são os
principais desafios para os países que os recebem e a comunidade internacional;

● É mencionado como um ano inteiro após os primeiros distúrbios na Síria, o número


de refugiados sírios registrados nos países vizinhos era de pouco mais de 26.000, e
quase quatro anos depois, no final de dezembro de 2015, esse total era de pouco
menos de 4,6 milhões. Nenhum dos governos que receberam os refugiados,
esperavam que o deslocamento atingisse tal escala ou durasse tanto tempo;

● O terceiro capítulo argumenta como há grupos de minoria internamente em perigo no


país, seja sendo cercados, deslocados, perseguidos e/ou presos;

● Como a maior parte da atenção mundial vai para o êxodo dos refugiados, menos
atenção tem sido dada aos deslocados dentro do país e menos ainda àqueles que não
podem deixar suas comunidades;

● Este capítulo analisa a dinâmica do deslocamento interno na Síria e a situação


daqueles que, por várias razões, não conseguem se mover. Em seguida, o autor volta
para a questão extremamente complicada de como ajudar e proteger os civis dentro
das fronteiras de seu próprio país. Em particular, este capítulo aborda questões de
assistência transfronteiriça para áreas que não estão sob o controle do governo e para
o potencial de áreas seguras;

● E, por fim, o capítulo quatro aborda a questão do deslocamento sírio e a ordem


internacional;

● A guerra da Síria não foi causada pela comunidade internacional, mas sim o produto
de fatores políticos e econômicos profundamente enraizados na região e ações
específicas tomadas pelo regime de Bashar al-Assad e vários grupos insurgentes.
Embora a guerra tenha sido auxiliada por atores internacionais que forneceram armas
e combatentes a todos os lados do conflito, o texto ressalta que é importante ter em
mente que as raízes do conflito são principalmente internas.

A Guerra Civil Síria, o Oriente Médio e o Sistema Internacional

● O artigo começa dando um contexto interessante dos motivos para o começo da


guerra civil síria, cita também que os motivos por trás da guerra civil estão enraizados
de forma muito profunda em sua história, desde a antiguidade;

● É importante ressaltar este trecho presente no texto: "No conflito é possível observar
a influência e interferência de vários grupos em diferentes formas. A guerra civil
tomou uma proporção que torna difícil determinar todos os envolvidos, porém, o
conflito reviveu antigas tensões entre o Ocidente e o Oriente";

● O artigo explora bem o cenário que estava se passando na ONU desde o começo do
confronto, menciona os relatórios sobre os crimes cometidos pelo governo sírio, as
primeiras sanções, uma possível intervenção militar, o começo da ajuda humanitária e
auxílio básico à população;

● Desde o início do conflito, a ONU tem realizado esforços condenando o governo de


Bashar Al-Assad. Porém apenas em 2012 ações práticas ocorreram;

● Muito importante que o texto citou que a Síria é um dos poucos países que não fazem
parte do tratado internacional que proíbe armas químicas, o que fez as nações
ocidentais ficarem receosas que o país tivesse reservas não declaradas dessas armas,
portanto o Conselho de Segurança da ONU começou a discutir novamente uma
possível intervenção militar no país;

● O artigo segue falando sobre os importantes atores internacionais que de alguma


forma estão envolvidos no conflito. Menciona que os EUA desde o início da guerra se
limitou a ajudar e fornecer apoio humanitário. Cita também a Rússia, sendo a maior
fonte bélica para o governo sírio. Os países vizinhos Turquia, Catar e Arábia Saudita
são acusados de armar e dar treinamento militar aos oposicionistas de Assad.
Enquanto isso, Irã, Iraque e Líbano gastam bilhões de dólares amparando o governo e
oferecendo equipes de elite para trabalhos de inteligência e de treinamento militar;

● É mencionado também os atores internos, os rebeldes sendo eles: militares desertores,


grupos islamitas e outros grupos radicais. O texto menciona com essa junção de
grupos com interesses diversos acaba desviando a causa principal de derrubar o atual
ditador Bashar Al-Assad, uma vez que não há uma unidade entre eles;

● O interesse desses grupos radicais de assumir o poder e governar de forma autoritária,


anti-EUA e sob leis islâmicas, com intenções e posturas diferentes dificultam a união
da oposição e a organização de objetivos comuns e permitem que vários grupos
permaneçam apoiando Assad, o que prolonga o conflito;

● Ao final do texto, os autores concluem que todos esses motivos reforçam o impasse
na negociação da resolução do conflito, e que precisa haver uma sintonia tanto na
esfera doméstica quanto na global para enfim a Síria se tornar um país pacífico.
Síntese Comparativa

● O texto da BBC 'Why has the Syrian war lasted 11 years?' faz um ótimo estudo de
caso acerca do conflito na Síria, trazendo dados, fontes e tocando em todos os pontos
importantes desse assunto. Única questão que poderia ser melhor aprofundado é o
aspecto da política internacional, acredito que tenha faltado uma maior análise sobre
as decisões tomadas pelo Conselho de Segurança da ONU;
● O artigo 'Syria's War and the Descent Into Horror' do Council on Foreign Relations é
muito bem escrito e detalhado. Traz vários acontecimentos históricos, começando a
analisar desde o antecessor de Bashar al-Assad até os tempos atuais. Uma ótima fonte
de pesquisa;
● 'Mediation in Syria: initiatives, strategies and obstacles' do Contemporary Security
Policy é interessante a leitura pois há uma exploração da mediação feita em todo o
conflito sírio pela Liga Árabe e pelas Nações Unidas. Contudo, não há muito a ser
explorado nesse artigo para servir de apoio para o meu projeto;
● Nos quatro capítulos do 'The Consequences of Chaos: Syria's Humanitarian Crisis
and the Failure to Protect' , o autor aborda diferentes ângulos da guerra na Síria. O
primeiro falando sobre a causa e as consequências do deslocamento sírio, o segundo
sobre os refugiados sírios, o terceiro sobre os desafios que as minorias existentes
dentro do país enfrentam e o quarto finaliza falando sobre o deslocamento sírio e a
ordem internacional;

● O último texto 'A Guerra Civil Síria, o Oriente Médio e o Sistema Internacional'
assim como os anteriores, traz também o lado histórico da guerra da Síria, mas a
diferença dele para os outros é que ele se aprofunda nas tomadas de decisões das
Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança. Também faz uma importante análise
sobre os atores internos e externos que de alguma maneira estão envolvidos no
conflito.

A Responsabilidade de Proteger e o Conselho de Segurança das Nações Unidas de David


El Carpio
● O estudo nos dá uma introdução sobre as intervenções humanitárias e qual é, de fato,
a sua natureza nesse trecho "Porém, não é por qualquer razão que ocorre a
intervenção militar, sendo que no decorrer do tempo os Estados procuraram
estabelecer limites ao uso da força, dando origem ao conceito de guerra justa, que
depois dará origem à intervenção humanitária. Contudo, as intervenções
humanitárias podem ser abusivas e serem utilizadas pelos governos para legitimar a
intervenção armada em outro Estado, além de representar uma aberta violação à
soberania do Estado intervindo";

● Menciona também como com a criação da ONU, houve o estabelecimento da


igualdade soberana como princípio sobre o qual deveriam ser estabelecidas as
relações entre todos os Estados do globo, mas mesmo assim, as intervenções
humanitárias continuaram acontecendo, e assim, violando a Carta de São Francisco;

● O estudo aborda de forma muito interessante o cenário onde havia a Guerra Fria e o
seu fim, e logo em seguida, nos anos 90, os vários casos de genocídio que ocorreram
no mundo;

● A reação dos atores internacionais foi em criar a Comissão Internacional sobre


Soberania e Intervenção Estatal (ICISS, na sigla em inglês) cujo objetivo era
estabelecer justificativas e os passos a seguir para desenvolver as intervenções
militares dentro da ONU, a partir de uma interpretação da Carta de São Francisco e do
direito à autodeterminação dos povos. Os esforços da ICISS produziram a doutrina de
―Responsabilidade de Proteger (R2P).

● O texto comenta então em seguida sobre a incorporação do R2P em casos existentes,


como na Líbia;

● Essa dissertação tem como objetivo a verificação e comparação dos argumentos


apresentados nos debates dentro do CSNU, no período de 2011 a 2012, para justificar
a aplicação da R2P no território líbio e a negação deste mesmo princípio no território
sírio;

Segurança Humana e Responsabilidade de Proteger: A consolidação de um regime


internacional de proteção em contexto de intervenção humanitária? de Fábio Reis
● Essa pesquisa é interessante para o meu projeto pois foca em responder a pergunta:
"em que medida pode a Responsabilidade de Proteger ser entendida como a
operacionalização da agenda de segurança humana, ao assegurar a proteção dos
indivíduos em contexto de intervenção humanitária?";

● O argumento do estudo se desenvolve ao redor dessa ideia: "por um lado, a


Organização das Nações Unidas tem apoiado regularmente um aprofundamento
normativo da Responsabilidade de Proteger – conducente à alteração do
comportamento dos Estados e à materialização da agenda de segurança humana –,
por outro lado, verifica-se uma marginalização institucional da doutrina, uma vez
que, na prática, esta é sistematicamente menosprezada pelo Conselho de Segurança
das Nações Unidas – o que compromete o potencial da agenda de segurança humana
e inviabiliza a proteção dos indivíduos em contexto intervencionista"

● Depois de abordar os ângulos teóricos, o texto aborda como a Responsabilidade de


Proteger ou permitiu unificar na prática os ideais de segurança humana ou se dados os
constrangimentos envoltos na aplicação dessa doutrina, a R2P corre o risco de se
tornar apenas um elemento de retórica;

● Depois são explorados os entendimentos académico e políticos de segurança humana,


de modo a analisar a relevância da agenda em contexto de intervenção humanitária;

● Em seguida é presentada a evolução normativa da Responsabilidade de Proteger, com


enfoque no seu progresso institucional;

Avanços Normativos sobre a Proteção de Civis em Conflitos Armados de Conor Foley

● Muito importante a análise e os detalhes falados sobre a origem do Responsabilidade


de Proteger;

● Um detalhe bastante importante mencionado no texto é de que "muitos observaram


que a R2P não cria direitos ou obrigações novos e que o Documento Final das
Nações Unidas declara, no final das contas, que o Conselho de Segurança deve
continuar a autorizar, de maneira ad hoc, o tipo de intervenção que tem autorizado
há anos";

● É mencionado que há 5 conceitos normativos que geralmente são ignorados: o


primeiro é que todos os países têm a responsabilidade primordial de proteger suas
populações; o segundo é que os Estados que “fracassarem manifestamente” na
proteção de suas populações têm uma frágil defesa de soberania; o terceiro é que
outros países, agindo por meio da ONU, têm legitimidade para adotar medidas não
coercitivas para proteger os cidadãos de outro Estado em outro território; o quarto é
que o CSNU, agindo de acordo com os poderes outorgados pelo Capítulo VII, tem
autorização legal para empreender medidas coercitivas para proteger cidadãos de
outro Estado em outro território; e o quinto é que existe a obrigação legal de proteger
cidadãos contra grandes violações dos direitos humanos e, se o CSNU não cumprir
sua responsabilidade, esta recai, portanto, sobre outras entidades;
● É muito discutido como o conceito de R2P pode criar bastante confusão com a
proteção de civis (PoC). Sendo que a principal diferença é que a R2P só tem o
objetivo de proteger a população contra grandes violações de direitos humanos,
quando o Estado onde esses crimes ocorrem “fracassa manifestamente” na proteção
de civis.

Síntese Comparativa

● Todos os textos abordam a questão da Responsabilidade de Proteger, mas cada um à


sua maneira. Sendo o primeiro de David El Carpio, dá uma introdução sobre as
intervenções humanitárias e análises sobre a Carta de São Francisco, o que é bastante
interessante porém não será abordado nesta pesquisa a Carta;
● Ter a pesquisa 'Segurança Humana e Responsabilidade de Proteger: A consolidação
de um regime internacional de proteção em contexto de intervenção humanitária?'
como uma das bases para este estudo será mais enriquecedor pois o autor tenta
responder até onde pode a Responsabilidade de Proteger pode ser levada como
pertencente à área de segurança humana, com o objetivo de assegurar a proteção das
pessoas em um caso de intervenção humanitária;
● Em 'Avanços Normativos sobre a Proteção de Civis em Conflitos Armados' de Conor
Foley dá uma profunda análise com vários detalhes sobre a origem do
Responsabilidade de Proteger. Também é feita uma leitura sobre as Nações Unidas, e
mais especificamente, o Conselho de Segurança.

Referências Bibliográficas
ADLER, Emanuel. O construtivismo no estudo das Relações Internacionais. Lua Nova, n.
47, p. 201-246, 1999.

FINNEMORE, Martha. Constructing Norms of Humanitarian Intervention. 1996.


Disponível em: <http://users.metu.edu.tr/utuba/Finnemore.pdf>. Acesso em: 21/03/2022.

BELLAMY, J. Alex. The Responsibility to Protect and the Problem of Military


Intervention. Oxford: University of Oxford, 2008.

FINNEMORE, Martha. The Purpose of Intervention. 2003. Disponível em:


<https://www.fb03.uni-frankfurt.de/45431166/FINNEMORE_2003_The_purpose_of_Interve
ntion.pdf>. Acesso em: 23/03/2022.

WILLIAMS, D. Paul. Security Studies An Introduction. 2008. Disponível em:


<https://www.academia.edu/25723482/Paul_D_Williams_Security_Studies_An_Introduction
> Acesso em: 23/03/2022.

BBC (2021). Why has the Syrian war lasted 11 years? Disponível em:
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