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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO MESQUITA FILHO” -

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DISCENTE: Ícaro Busch Molon Rigo RA: 201221403


DOCENTE: Prof. Dr. Marcelo Passini Mariano
DISCIPLINA: Metodologia das Relações Internacionais
CURSO: Relações Internacionais - 2°ano (Noturno)

APONTAMENTO - Introdução: a importância do internacional de Fred Halliday

1. Os dois objetivos do capítulo analisado são: analisar o significado e a confusão


existente em torno do termo “internacional” e apontar as considerações acerca do
crescimento da disciplina.
2. As Relações Internacionais abrangem três formas de interação: “as relações entre os
Estados, as relações não-estatais ou relações transnacionais (através das fronteiras) e
as operações do sistema como um todo, dentro do qual os Estados e as sociedades são
os principais componentes” (p. 15, §1).
a. Diversidade teórica derivada das análises das perspectivas acerca desse sistema
de interações.
3. Muitos dos fatores observados na sociedade “internacional” de hoje se iniciam com
processos de séculos atrás; poucos escapam do processo internacional, o que o torna
inevitável (importante).
a. Negação versus Exagero.
b. “Pode-se argumentar que longe do "internacional" nascer do nacional e de uma
expansão gradual dos laços entre entidades distintas, o processo real se deu de
maneira inversa: a história do sistema moderno é a da internacionalização e da
quebra, em partes separadas, dos fluxos preexistentes pessoas, religião e
comércio; a precondição para a formação do estado-nação moderno foi o
desenvolvimento de uma economia e cultura Internacional, dentro da qual eles
se reuniram depois” (p. 16, §3).
c. Por mais que haja a argumentação de que o controle político e a soberania das
nações foram destroçados pelos processos transnacionais, isso se mostra como
um equívoco. Tais influências iniciaram-se, em muitos casos, à séculos antes;
“somente meia dúzia escaparam de ocupação externa nos dois séculos
passados”.
i. Além disso, segundo o autor, até mesmo a Grã-Bretanha, com sua
insularidade, sendo um dos poucos sem ocupação territorial externa
nesse período, não conta com uma história 100% nacional.
d. O sistema político dos Estados Unidos é moldado pelo conflito internacional;
mais um exemplo que embasa o argumento acima.
e. “A disseminação das formas democráticas e a chegada do sufrágio universal
foram processos internacionais, resultado tanto de mudanças nas normas
quanto do impacto nas diferentes sociedades e seus fenômenos”(p. 17, §2);
outro exemplo para sua argumentação.
4. Os processos históricos “nacionais” sofrem influência de formação direta dos
processos “internacionais”.
a. Não há uma história de formação de Estado puramente nacional; da mesma
forma, não é cabível existir uma teoria de relações sociais, de economia ou do
próprio Estado em que negue o “impacto formativo, residual e recente” do
internacional. (p. 18, §1)
i. “Portanto, nenhuma das abordagens convencionais, a negação e o
exagero, faz justiça à questão comum a todos os cientistas sociais e
que, dentro da ótica particular da disciplina das relações internacionais,
é a sua preocupação constitutiva: a interação do nacional e do
internacional,do interno e do externo.” (p. 18, §1)
5. As Relações Internacionais abordam suas preocupações por dois aspectos: analítico
(papel dos Estados, problemas relacionados à ausência de autoridade suprema, relação
entre poder e segurança, etc.) e normativo (quanto e como é legítimo usar a força, as
obrigações ou não dos Estados, moralidade, etc.). (p. 18, §3)
a. A relação de estudo dessa área é moldada pelo cenário histórico ao qual ela
está inserida; as guerras são os fatores mais determinantes e conhecidos.
6. Invisibilidade teórica.
a. Não tem uma definição para a maioria dos atuantes (professores e estudante
universitários são exceção)
b. “Parte disso nasce da confusão diária sobre a palavra “internacional". O
próprio termo, inventado por Jeremy Bentham, em 1780, para indicar os laços
legais entre os Estados, é incorreto, considerado o significado subseqüente do
termo “nação”, já que a menor de suas preocupações era a relação entre as
nações em seu sentido atual.” (p. 20, §1)
i. Remete à ligação entre os governos, não entre as populações.
c. Problema curioso: as demais áreas das ciências sociais e econômicas,
normalmente, têm representantes com grande visibilidade em veículos de
comunicação, ou seja, para as RI, essa menor abordagem, em termos de
população geral, torna-se outro obstáculo, assim, poucos fora da área tem
conhecimento de trabalhos teóricos e questões abordadas.
i. “A preservação de equilíbrio adequado criativo entre estas duas
dimensões das relações internacionais, a acadêmica e a política é,
portanto, muito mais difícil” (p. 20, §2)
7. “O desenvolvimento das RI, como o de todas as ciências sociais, produto de três, e não
de dois, círculos concêntricos de influência: a mudança e o debate dentro da própria
disciplina, o impacto dos desenvolvimentos do mundo e a influência de novas idéias
de outras áreas da ciência social.” (p. 20, §3)
a. O entendimento da matéria se altera dependendo do cenário em que se insere.
b. “Hoje, as Rl abrangem, como subcampos somados à teoria internacional (isto
é, a teorização destes três elementos), os estudos estratégicos, os estudos de
conflito e paz, a análise de política externa, a economia política internacional, a
organização internacional e um grupo de questões normativas pertinentes à
guerra: obrigação, soberania e direitos” (p. 22, §2).
c. Se as RI tivessem uma disciplina materna, esta seria o Direito Internacional.
8. Realismo: “Eles tomam como ponto de partida a busca do poder dos Estados, a
centralidade da força militar dentro deste poder e a inevitabilidade duradoura do
conflito em um mundo de múltipla soberania” (p. 24, §1).
a. Surge em contrapartida ao Idealismo.
b. Paradigma dominante por muitos anos.
c. Foco principal na força militar como instrumento de manutenção da paz.
i. Equilíbrio de Poder.
d. Sistema Internacional anárquico.
e. Negação da influência de fatores internos. (p. 27, §2)
9. Behaviorismo: desafiou o domínio do Realismo, por volta de 1960. “Buscou afastar-se
dos usos tradicionalistas da história e de termos políticos ortodoxos como "Estado”,
em direção a um novo estudo quantificado e do que podia ser observado, isto é, do
comportamento que, neste caso, eram os processos e os relacionamentos
internacionais” (p. 25, §2); rejeição de termos “institucionais”.
a. Continha limitações.
i. Falou em três aspectos: “Primeiro, o realismo e a sua posterior
variação, o ‘neo-realismo’, mantém-se como a abordagem dominante
dentro do estudo acadêmico e de políticas das relações internacionais.
Segundo, o próprio desafio teórico colocado pelo behaviorismo para
suplantar o estudo pré-científico do “Estado” e de outros conceitos
históricos convencionais com uma nova teorização científica não foi
longe o bastante, principalmente porque falhou em fornecer uma
teorização alternativa do próprio Estado. Terceiro, sua promessa de
teorização, e angariamento de fundos, para chegar a grandes novas
conclusões sustentada pela força da coleta de dados, nunca foi
cumprida” (p. 26, §2)
10. Apesar da falha, possibilitou a ascensão de novos subcampos: Interdependência,
economia política internacional e análise de política externa.
a. Os “realismos” não tinham mais o monopólio intelectual da disciplina.
b. “O que a análise de política externa procurou mostrar foi não somente que sua
abordagem, incorporando fatores domésticos, poderia fornecer uma
consideração mais persuasiva da formulação da política externa, e de suas
irracionalidades, mas também que era necessário identificar a formas pelas
quais os ambientes domésticos e os processos dos países eram afetados ,ou
fatores externos, estivesse o Estado envolvido ou não nesta interação” (p. 27,
§3)
c. Interdependência: Keohane e Nye.
i. horizontalização do Estado no estudo das RI, com relação a outros
atores “não-estatais”.
● Ganho de influência das multinacionais.
ii. Fim da hierarquização sobre questões internacionais, militares e
estratégicas, por exemplo.
iii. Houve uma mudança no cenário de análise: perda da importância do
poder militar.
iv. Perdeu importância nas décadas de 70 e 80 → voltou a visar os Estados
→ A reafirmação do realismo: o neorrealismo.
11. A visão de Burton acerca das RI:
a. Também se distancia do Realismo.
b. Baseada nas necessidades individuais e nas consequências geradas por elas.
c. “O sistema internacional era, portanto, uma teia de interações definidas por
questões, dentro das quais estruturas específicas do poder militar e estatal
desempenhavam um papel distinto, mas não exclusivo ou predominante”. (p.
31, §1)
12. Marxismo nas RI:
a. Instigado pelas questões ligadas ao subdesenvolvimento.
b. Estruturas internacionais de exploração.
c. Propõe uma nova agenda.
d. Realismo versus Marxismo nas RI.
13. Feminismo nas RI:
a. “Em uma área bastante diferente, os escritos feministas começaram a discutir
alguns conceitos centrais da teoria das RI, questionando sua neutralidade de
gênero” (p. 33, §1)
i. Conceitos abordados: interesse nacional, segurança, poder e direitos
humanos.
b. Questiona o valor supremo da soberania.
14. Conclusão do autor:
a. “Discutiu que o 'internacional' não é um componente adicional, ou recente, da
realidade social e política, mas um de seus fundamentos duradouros e
constitutivos” (p. 34, §2)
b. Debateu sobre o lugar das RI no contexto histórico, material e intelectual.
c. Mostrou que a união entre RI e outras disciplinas pode oferecer abordagens
diferenciadas acerca de determinados temas “domésticos e internacionais”
d. 3 grupos de tópicos inter-relacionados se apresentaram:
i. “O primeiro foi no sentido mais tradicional e normativo do termo: de
obrigação, seja para com a família, o Estado ou a sociedade
cosmopolita; de justiça, de sua implementação nos níveis nacional e
internacional e de seu conflito com valores rivais, especialmente a
segurança; da legitimidade da força e da coerção, dentro e entre os
Estados; do direito de resistir a Estados soberanos.
ii. Em segundo lugar: existe um conjunto de questões teóricas no sentido
analítico mais contemporâneo: a análise do poder; a relação entre as
estruturas políticas, econômicas e ideológicas; a relevância dos
modelos de escolha racional para a ação social e a política, para os
Estados, as instituições e os indivíduos dentro deles.” ((p. 34, §1)
iii. O terceiro se mostra como o foco principal do livro: a explicação de
sistemas políticos e sociais à luz dos determinantes domésticos e
internacionais.
● Ambas as divisões têm sua autonomia.
● Não é viável explicar a política dos Estados individuais do
sistema sem retomar diversos fatores internacionais antigos e
contemporâneos.
e. “O ‘internacional’ não é algo ‘lá fora’, uma área da política que pode ser
convencionalmente ignorada e que ocasionalmente se intromete com bombas
ou preços mais altos de petróleo. O internacional antecede, desempenha um
papel informativo na constituição e na emergência do Estado e do sistema
político. Os Estados funcionam simultaneamente nos níveis doméstico e
internacional e buscam maximizar seus benefícios em um domínio 3 r a. a
melhorar suas posições no outro” (p. 34, §2)

REFERÊNCIAS

HALLIDAY, Fred. Introdução: a importância do internacional. IN: Repensando as


Relações Internacionais. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1999.

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